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0103 (ROPS)
Redator: MANUEL CID JARDON
Órgão julgador: 1ª Turma
Data: 09/08/2018
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO
Identificação
PROCESSO nº 0020248-06.2018.5.04.0103 (ROPS)
RECORRENTE: EDILEUSA DE JESUS MOURA
RECORRIDO: EMPRESA BRASILEIRA DE SERVICOS HOSPITALARES - EBSERH
RELATOR: MANUEL CID JARDON
EMENTA
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
ACÓRDÃO
Intime-se.
RELATÓRIO
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
Examina-se.
"Capítulo XVII
Da Transferência e Remoção
I - alteração regimental;
IV - desligamentos; e
V - cessões ou requisições.
e,
Vigora no processo do trabalho o princípio da melhor aptidão para prova, de modo que
cabia à reclamada comprovar que a reclamante não preenchia os requisitos necessários
para obter a transferência solicitada, ônus do qual não se desincumbiu.
A aplicação analógica das disposições sobre remoção previstas na Lei 8.112/90 justifica-
se pela ausência na CLT e nas normas internas da reclamada da modalidade de
transferência pretendida pela reclamante, em razão de doença em pessoa da família que
seja dependente de seus cuidados e recursos financeiros. Ademais, deve ser atribuída
uma interpretação ampliativa ao conceito de servidor público para alcançar não apenas
os que se vinculam à Administração Direta, como também os que exercem suas
atividades nas entidades da Administração Indireta, caso da reclamante, em consonância
com as normas e valores nos quais a Constituição fundamenta-se, especialmente em seu
artigo 226. Nesse sentido, o Poder Público deve velar pela proteção à unidade familiar.
Assim, deve ser ressaltada a ampliação do conceito de servidor público realizada pelo
STJ:
Diante disso, considerando que a reclamante faz jus à aplicação da regras da Lei
8.112/90, exsurge a necessidade de verificar se a situação se amolda à hipótese de
incidência da norma em questão.
Para que a reclamada tenha direito à remoção para a filial do Hospital Universitário do
Piauí (HU/UFPI/EBSERH) no mesmo cargo, independentemente de interesse da
Administração, faz-se necessária a comprovação de que possui pessoa dependente em
situação de doença, a tornar imprescindível a sua proximidade para prestar assistência.
No caso, em que pese a mãe e o irmão da reclamante não tenham sido submetidos à
junta médica oficial da reclamada, foram anexados atestados médicos, declarações e
receituários que revelam o seu precário estado de saúde. De acordo com o laudo médico
de Id 8abcef1 - Pág. 12, o irmão da reclamante possui retardo mental, síndrome epilética,
de modo que precisa de acompanhamento contínuo para necessidades diárias. Em razão
disso, ele recebe benefício assistencial à pessoal com deficiência (LOAS). Quanto à mãe
da reclamante, na declaração médica de Id 8abcef1 - Pág. 13 consta que possui doença
inflamatória crônica progressiva, com comprometimento principalmente de mãos e
punhos e de doença degenerativa crônica que afeta principalmente joelhos e tornozelos,
apresentando ainda limitação funcional. Além disso, também consta nos autos laudo
psiquiátrico no sentido de que a mãe da reclamante é portadora da enfermidade
especializada F33.3 da CID - 10, com quadro de humor deprimido, tristeza vital, anedonia
e, por conseguinte, está sem condições de tratar atos da vida civil (Id d3518a7 - Pág. 13).
Verifica-se ainda que no processo administrativo anexado aos autos (Id 4930929) a
reclamante explicou que depende de seus tios, também idosos, para auxiliar sua mãe
nos cuidados de seu irmão. E para agravar o quadro, o pai da reclamante faleceu em
novembro de 2016 após o ingresso da reclamante na empresa pública reclamada
(certidão de óbito de Id 8abcef1 - Pág. 15), o que complicou os cuidados da sua genitora
em relação ao seu irmão com deficiência.
Constata-se que embora algumas patologias, especialmente a deficiência do irmão da
reclamante, já existissem anteriormente ao contrato de trabalho da demandante, após o
falecimento de seu pai o quadro de saúde da genitora se agravou, que também passou a
cuidar sozinha de seu filho com deficiência. Assim, o fato de a mãe da reclamante ser
pessoa com diversos problemas de saúde, o que ficou comprovado pelos diversos
atestados, laudos e receituários anexados aos autos, e ainda prestar cuidados ao irmão
da reclamante de forma isolada, em razão do falecimento de seu marido, evidencia a
extrema gravidade do quadro e a necessidade de a reclamante estar próxima para
prestar auxílio ao seu núcleo familiar.
Consigna-se que o direito do servidor à sua remoção para cuidar de familiar enfermo e,
no caso, como deficiência, não tutela apenas interesse do servidor, mas também da
própria Administração Pública, que passa a ter seus serviços desempenhados de forma
mais eficiente.
Relator
VOTOS
PARTICIPARAM DO JULGAMENTO: