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UNIDADE

01

LINGUAGEM,
INTERAÇÃO SOCIAL E
ADEQUAÇÃO

LEITURA E PRODUÇÃO DE
TEXTOS

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


LINGUAGEM, INTERAÇÃO SOCIAL E
ADEQUAÇÃO

Nesta unidade vamos discutir o que é linguagem, o seu uso


como ação interativa capaz de possibilitar aos sujeitos as mais diver-
sas práticas comunicativas e a sua adequação aos diferentes grupos e
esferas sociais.
Inicialmente, é importante destacarmos que a linguagem está
presente, de maneira geral, em toda nossa vida. Assim, nos constituí-
mos como sujeitos na linguagem e pela linguagem.
Nesse sentido, pode-se definir a linguagem como a forma de
representação utilizada nas situações de interação social. Confere-se,
assim, que a linguagem é vista como processo de interação, a língua
é usada não apenas para a comunicação, mas também, para estabele-
cer a interação social (agir sobre, agir entre). O indivíduo realiza ações,
atua sobre o interlocutor, considerando os contextos social, histórico
e ideológico.
Conforme Travaglia afirma:
A linguagem é, pois, um lugar de interação humana, de in-
teração comunicativa pela produção de efeito de sentido
entre interlocutores, em uma dada situação de comunica-
ção e um contexto sócio-histórico e ideológico. (TRAVA-
GLIA, 2002, p.23)

Logo, a língua não deixa de ser a expressão de comunicação,


mas, além disso, passa a ser uma atividade sociointerativa. A sua fun-
ção é realizar ações, agir sobre o outro e, dessa forma, o predomínio
está nas interações verbais sociais.
Desta forma, ler é relacionar o texto com os diversos contextos
que o cercam, assim, nenhum texto tem um único sentido possível, ao
contrário, os sentidos são coproduzidos pelos leitores em cada situa-
ção de leitura, considerando os contextos sociais, históricos e ideoló-
gicos.
Nesse sentido, também importa destacar que a linguagem é

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um fenômeno ao mesmo tempo conservador e dinâmico que nos
difere dos demais seres. É conservador porque precisa manter uma
uniformidade para permitir a comunicação em uma dada comunida-
de linguística e é dinâmica porque se modifica com o tempo e está
sujeita às influências regionais, sociais e estilísticas, responsáveis pe-
los processos de variação linguística. Para Faraco (2008, p. 31), “uma
língua é constituída por um conjunto de variedades”, sendo assim,
“não se pode definir uma língua como sendo apenas uma unidade da
linguagem, pois ela é mais do que isso, ela é também uma entidade
cultural e política”.
Assim, o domínio da linguagem verbal, escrita ou falada, viabi-
liza a construção de novos saberes, conceitos, paradigmas, os quais
aperfeiçoam a ação humana e tornam o homem um sujeito esclareci-
do.
Convém observar que a linguagem é um sistema de signos que
possibilita ao homem significar o mundo e a realidade, não só com
as palavras, mas os seus significados culturais e, com eles, os modos
pelos quais as pessoas no seu meio social entendem e interpretam a
realidade e a si mesmas.
Ressalta-se, ainda, que a linguagem é considerada uma produ-
ção da humanidade e constituída, portanto, como uma prática social,
para além de sua dimensão comunicativa, pois os sujeitos se consti-
tuem como meio das interações sociais. Sendo assim, a linguagem
é uma atividade humana, histórica e social e deve ser considerada
como um mecanismo de ação dos indivíduos.
Vimos que a língua possui um caráter ao mesmo tempo con-
servador e dinâmico e é uma importante ferramenta para a comuni-
cação, que deve estar sempre à disposição dos falantes, porém, não
podemos desconsiderar que possuímos uma Gramática.
A Gramática é um ramo da linguística fundamental para o es-
tudo da língua e seus diversos fenômenos. Ela tem como finalidade
orientar e regular o uso da língua, estabelecendo um padrão de escrita
e de fala baseado em diversos critérios, como: lógica, tradição e bom
senso. Em se tratando de Gramática, tem-se como matéria-prima um
sistema de normas, o qual dá estrutura à língua. Tais normas definem
a língua padrão. Muitas pessoas empregam indiferentemente os ter-
mos “norma culta” e “norma padrão”, como se fossem sinônimos. A
situação se complica quando se fala em “padrão culto” da língua no
sentido de norma, registro ou nível de linguagem. O fato é que existe
uma distinção entre a norma padrão e a norma culta. A primeira é a

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coleção de regras impostas pela gramática normativa que, salvo por
alguma divergência pontual entre os gramáticos, tende a ser homo-
gênea e consensual, até porque está codificada nas gramáticas. Já
a norma culta representa o conjunto das práticas linguísticas e dos
modelos de uso encontrados em textos formais, especialmente na
modalidade escrita, e que, justamente por pertencerem à esfera do
uso, variam de um autor para outro.
É claro que pessoas cujo ofício é escrever textos formais tendem
a obedecer à norma padrão.
Vale ressaltar que a norma culta segue prescrições represen-
tadas na gramática, mas é marcada pela língua produzida em certo
momento da história e em uma determinada sociedade. Como a lín-
gua está em constante mudança, diferentes formas de linguagem que
hoje não são consideradas pela norma-padrão, com o tempo, podem
vir a se legitimar. Por fim, a norma culta é a que resulta da prática da
língua em um meio social considerado culto - tomando-se como base
pessoas de nível superior completo e moradores de centros urbanos.
Cobucci (2011), em seus estudos, chama a atenção para a uti-
lização da língua culta, chamando-a de “língua real”, por ser prática
e realizada no dia a dia pelos falantes. Enfatiza que o falante deve
se conscientizar de que essa “língua real” não é homogênea, como o
proposto pelas gramáticas normativas; ao contrário, ela varia em fun-
ção de diversos fatores sociais, como nível social, escolaridade, idade,
sexo, região, profissão, intenção do falante, dentre outros e reconhece
a “língua real”
não apenas como reflexo da sociedade, mas como parte
da sociedade. E, como outros elementos constituintes da
sociedade, reconhecemos que a língua é objeto de poder,
dominação e exclusão social. É essa a realidade que espe-
ramos que os professores reconheçam e trabalhem em sala
de aula. (COBUCCI, 2011, p.36)

Neste sentido, é preciso ver a língua portuguesa como um or-


ganismo vivo, heterogêneo, passível de variação e mudança, que sofre
a influência de vários fatores linguísticos e sócio-históricos. É preciso
que o conhecimento que vem sendo acumulado, ao longo de mais de
quarenta anos de pesquisa sobre a variação linguística seja de fato,
socializado entre todos os falantes da língua portuguesa, para que
estes utilizem tal conhecimento em benefício à facilitação do ensino/

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aprendizagem de língua materna. O que se percebe é que há tensão
entre a norma padrão e a norma culta. De um lado, quem escreve
textos formais deveria seguir o padrão, mas nem sempre o faz. De
outro, a gramática normativa deveria marcar a produção escrita culta
contemporânea, mas isso só ocorre muito lentamente.
Vale lembrar que há vários tipos de Gramática:
1. Gramática Normativa
É aquela que busca a padronização da língua, estabelecendo as
normas do falar e escrever corretamente. Costuma ser utilizada em
sala de aula e em livros didáticos.
2. Gramática Descritiva
Ocupa-se da descrição dos fatos da língua, com o objetivo de
investigá-los e não de estabelecer o que é certo ou errado. Enfatiza o
uso oral da língua e suas variações.
3. Gramática Histórica
Estuda a origem e a evolução histórica de uma língua.
4. Gramática Comparativa
Dedica-se ao estudo comparado de uma família de línguas. O
Português, por exemplo, faz parte da Gramática Comparativa das lín-
guas românicas.

DIVISÃO DA GRAMÁTICA

Sabe-se que a língua é um sistema tríplice: compreende um sis-


tema de formas (mórfico), um sistema de frases (sintático) e um sis-
tema de sons (fônico). Por essa razão, a Gramática tradicionalmente
divide-se em:
Morfologia - abrange o sistema mórfico;
Sintaxe - enfoca o sistema sintático;
Fonologia/Fonética - focaliza o sistema fônico.

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Alguns gramáticos incluem nessa visão uma quarta parte, a Se-
mântica, que se ocupa dos significados dos componentes de uma
língua.

LINGUAGEM FORMAL E INFORMAL

Ainda, em relação à linguagem, destacam-se os níveis da fala,


que são basicamente dois: o nível de formalidade e informalidade.
O formal está diretamente ligado à linguagem escrita, restringindo-
se às normas gramaticais de um modo geral. Razão pela qual nunca
escrevemos da mesma maneira que falamos. Este fator foi determi-
nante para que a língua formal pudesse exercer total soberania sobre
as demais. Sobre o nível informal, ele representa a linguagem do dia
a dia, das conversas com familiares e amigos e, muitas vezes, sendo
considerado um estilo “de menor prestígio”, suscitando controvérsias
entre os estudiosos da língua, uma vez que para a sociedade, uma
pessoa que fala ou escreve de maneira “errada” é considerada uma
pessoa “inculta”.
Mesmo que a linguagem informal não apresente o mesmo pres-
tígio social no Brasil, não devemos fazer da língua um mecanismo de
segregação cultural, corroborando a ideia da teoria do “preconceito
linguístico”, ao julgarmos determinada manifestação linguística supe-
rior à outra, sobretudo superior às manifestações linguísticas de clas-
ses sociais ou regiões menos favorecidas.

Como diferenciar a linguagem formal da informal?

Fig.01

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Conhecer estes dois tipos de linguagem é essencial para que
possamos ter boa desenvoltura no meio profissional ou acadêmico.
Veja alguns exemplos:
1. “Caramba! To perdido, não sei como chegar na praia. ” – Este
trecho está escrito na linguagem informal, visto que faz uso de
gírias cotidianas como “caramba” e de expressões utilizadas oral-
mente com bastante frequência como o “to”. “Chegar na praia”
também se encontra escrito de maneira informal, o trecho é uma
transcrição fiel da fala.
2. Estou perdido, não sei como chegar à praia. ” – Desta vez, o
mesmo trecho, sem a gíria, está escrito de maneira formal. Observe
o uso da palavra “Estou” e não “to”, abreviada e informal, como no
trecho anterior e a preposição “a + a” em “Não sei como chegar à
praia” está empregada corretamente em lugar do “na” do trecho
anterior.
3. “E aí, como é que cê anda? ” – Nesta frase há o uso da expressão
“cê”, que dá ideia de “você” o que caracteriza a linguagem informal.
4. “Como é que você está? ” – Neste caso já vemos o uso da lin-
guagem formal sem que o “você” seja substituído por uma expres-
são ou abreviação mais informal.

Para entendermos melhor o padrão informal da linguagem, es-


tudaremos as chamadas variações linguísticas que representam as
modificações que a língua sofre de acordo com as condições sociais,
culturais, regionais e históricas em que é utilizada.

Sugestão de leitura de livros


BAGNO, Marcos. A língua de Eulália: novela sociolinguística.
16.ed. São Paulo: Contexto, 2008.
“Quantas línguas se fala no Brasil? ”: esta é uma das perguntas
lançadas por Irene, personagem do livro: A língua de Eulália, de Mar-
cos Bagno, no qual também se pode ler a frase usada como epígrafe
da sugestão de leitura de hoje. Irene é uma linguista que, ao receber
em sua casa três universitárias que estão em férias, percebe uma im-

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portante falha em suas formações: todas julgam que o único saber
linguístico aceitável é aquele ditado pelas gramáticas e chamado de
língua-padrão, o que é percebido pelos comentários que tecem a res-
peito do falar de Eulália, a empregada da casa. O irônico do texto está
na formação das três jovens: Letras, Psicologia e Pedagogia.
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico. Ed Saraiva, 52ª Ed,
2015. Bagno reforça em seu livro a ideia de que o preconceito, seja
ele de que natureza for, é uma crença pessoal, uma postura individual
diante do outro. Qualquer pessoa pode achar que um modo de falar
é mais bonito, mais feio, mais elegante, mais rude do que outro. No
entanto, quando essa postura se transforma em atitude, ela se torna
discriminação e esta tem de ser alvo de denúncia e de combate. No
caso da língua, é imprescindível que todo cidadão que frequenta a
escola (pública ou privada) receba uma educação linguística crítica
e bem informada, na qual se mostre que todos os seres humanos
são dotados das mesmíssimas capacidades cognitivas e que todas as
línguas e variedades linguísticas são instrumentos perfeitos para dar
conta de expressar e construir a experiência humana neste mundo.

Você sabia que somos poliglotas, porque temos a capa-


cidade de nos adaptarmos a variados contextos, utilizando o
mesmo idioma? Por exemplo, quando conversamos com os ami-
gos, fazemos uso de uma determinada linguagem; quando falamos
com pessoas importantes (chefe, juiz), a linguagem sofre algumas
modificações, ficando mais formal e até mais respeitosa. Essa capaci-
dade de “falar diferente” é chamada de adequação linguística. Saiba
mais sobre esse assunto através do link: http://migre.me/tYTT2
Ali você poderá ver que diversos fatores contribuem para que a
linguagem seja expressa de determinada maneira.

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Indicações de gramáticas de Língua Portuguesa

Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha


e Lindley Cintra;
Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara;
Moderna Gramática Brasileira, de Celso Pedro Luft

LISTA DE IMAGENS

Fig.01: http://br.pinterest.com/

REFERÊNCIAS

COBUCCI, Paula. Contribuições da sociolinguística educacional


para materiais de formação continuada de professores de Língua
Portuguesa. Tese de Doutorado. UNB, Brasília, 2011.
FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando nós. São Paulo:
Parábola, 2008.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma perspectiva
para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo, Cortez,
2002.
VITTE, Camila Oste Delgado. LINGUAGEM E INTERAÇÃO: CONS-
TRUINDO SABERES NOS DIÁLOGOS DO CONTEXTO DA SALA DE
AULA. Dissertação de Mestrado. UNISAL Americana. 2009.

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