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Introdução

O evangelho de
Cristo segundo João

Estudaremos, neste trimestre, o Evan- tre eles, destacamos a ressurreição de Cris-


gelho de João, também chamado de Quar- to, a família, a missão da igreja no mundo
to Evangelho, em virtude da posição que e a volta de Cristo.
ocupa no Novo Testamento.
Lembramos a todos que, neste trimes-
O Evangelho de João contém uma for- tre, a denominação batista comemora o
te chamada ao arrependimento e à fé em Dia da Escola Bíblia Dominical, no quarto
Jesus Cristo. É um Evangelho abrangente domingo de abril.
na mensagem que apresenta e, mais que
necessário, é imperativo que as pessoas co- Que Deus abençoe a todos, no estudo
nheçam a amplitude dos ensinos de Jesus da Palavra de Deus, neste trimestre.
apresentados por João e passem a adotar
um estilo de vida em harmonia com ele. Pr. Clemir Fernandes Silva
Redator da revista Compromisso
O Evangelho de João traz ensinos diri-
gidos a todos os povos, em todos os tempos Quem escreveu: os estudos para EBD
da história. Logo, traz mensagens para nós, são de três autores:
hoje. Discernir a vontade de Deus no trans-
1) Estudos 1 a 4 e 9: Valtair Miranda,
curso dos acontecimentos cotidianos não é
pastor da Igreja Batista em Neves, São Gon-
fácil; afinal, não existe uma receita para tal
çalo, RJ;
exercício. Esta tarefa é resultado de intimi-
dade com Deus, de estudo perseverante e 2) Estudos 5 a 8: Davi Freitas de Car-
aprofundado da Bíblia e da sabedoria pes- valho, pastor batista, RJ;
soal. O estudo do Evangelho de João nos 3) Estudos 10 a 13: Solange Cardoso
ajuda a entender a vontade de Deus para A. d’Almeida, Coordenadora Editorial da
nossa vida e nossa relação com o próximo. JUERP. Quanto aos estudos da DCC, cada
um deles leva o nome de seu autor.
Em relação às uniões de adultos, os
assuntos para estudo, em sua diversidade, Os estudos são condensações e adapta-
também abordam realidades que visam ao ções de estudos anteriores, publicados na
crescimento e edificação dos adultos. Den- revista “Compromisso”.

1 • PALAVRA E VIDA
Sumário
Introdução........................................................................................ 1

Sumário e expediente...................................................................... 2

Leituras diárias................................................................................. 3

Apresentação dos estudos da EBD................................................ 4

Estudos 1 a 13 da EBD................................................................... 6

Informação denominacional.......................................................... 32

Divisão de Crescimento Cristão.................................................... 35

Estudos 1 a 13 da DCC................................................................. 36

Expediente
Conselho Editorial
Carrie Lemos Gonçalves, Celso Aloísio Santos
Barbosa, Ebenézer Soares Ferreira, Gilton
Palavra e Vida M.Vieira, Ivone Boechat de Oliveira, João
Reinaldo Purim, José A. S. Bittencourt, Lael
d’Almeida, Margarida Lemos Gonçalves, Pedro
Moura, Roberto Alves de Souza e Silvino
ISSN 1984-8714 Carlos Figueira Netto
Coordenação Editorial
Solange Cardoso de Abreu d’Almeida (RP/16897)
Ano X – N° 46 – 2T/2012 Redação
Esta é uma revista especial da JUERP, editada Coordenação Editorial da JUERP
em convênio com as Convenções Estaduais,
voltada para o ensino da EBD e da DCC Conselho Geral da CBB
para adultos e jovens, nas igrejas de menor Sócrates Oliveira de Souza
número de membros arrolados Produção Editorial
Studio Anunciar
Publicação trimestral da JUERP
Junta de Educação Religiosa e Publicações Produção Gráfica
da Convenção Batista Brasileira Willy Assis Produção Gráfica
CGC(MF): 33.531.732/0001-67
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Almir dos Santos Gonçalves Júnior pedidos@ebd-1.com.br

Nossa missão: “Viabilizar a co­ope­ração entre as igrejas batistas no cumprimento


de sua missão como comunidade local”

2 • PALAVRA E VIDA
Leituras diárias – 2o trimestre de 2012
MARÇO 6 Domingo João 9.28-41
7 Segunda João 10.1-7
8 Terça João 10.8-15
26 Segunda João 1.1-7 9 Quarta João 10.16-21
27 Terça João 1.8-14 10 Quinta João 10.22-30
28 Quarta João 1.15-18 11 Sexta João 10.31-33
29 Quinta João 1.19-27 12 Sábado João 10.34-38
30 Sexta João 1.28-34 13 Domingo João 10.39-42
31 Sábado João 1.35-42 14 Segunda João 11.1-16
15 Terça João 11.17-44
16 Quarta João 11.45-57
ABRIL 17 Quinta João 12.1-11
18 Sexta João 12.12-19
19 Sábado João 12.20-43
1 Domingo João 1.43-51 20 Domingo João 12.44-50
2 Segunda João 2.1-4 21 Segunda João 13.1-11
3 Terça João 2.5-8 22 Terça João 13.12-17
4 Quarta João 2.9-12 23 Quarta João 13.18 –20
5 Quinta João 2.13-15 24 Quinta João 13.21 –26
6 Sexta João 2.16-19 25 Sexta João 13.27-30
7 Sábado João 2.20-22 26 Sábado João 13.31-34
8 Domingo João 2.23-25 27 Domingo João 13.35-38
9 Segunda João 3.1-5 28 Segunda João 14.1-6
10 Terça João 3.6 –10 29 Terça João 14.7-14
11 Quarta João 3.11-15 30 Quarta João 14.15-24
12 Quinta João 3.16-21 31 Quinta João 14.25-31
13 Sexta João 3.22-26
14 Sábado João 3.27-30
15 Domingo João 3.31-36 JUNHO
16 Segunda João 4.1-15
17 Terça João 4.16-30
18 Quarta João 4.31-42 1 Sexta João 15.1-9
19 Quinta João 4.43-54 2 Sábado João 15.10-19
20 Sexta João 5.1-18 3 Domingo João 15.20-27
21 Sábado João 5.19-30 4 Segunda João 16.1-11
22 Domingo João 5.31-47 5 Terça João 16.12-16
23 Segunda João 6.1-15 6 Quarta João 16.17-24
24 Terça João 6.16-21 7 Quinta João 16.25-33
25 Quarta João 6.22.59 8 Sexta João 17.1-10
26 Quinta João 6.60-71 9 Sábado João 17.11-21
27 Sexta João 7.1-9 10 Domingo João 17.22-26
28 Sábado João 7.10-24 11 Segunda João 18.1-12
29 Domingo João 7.25-52 12 Terça João 18.13-27
30 Segunda João 8.1-11 13 Quarta João 18.28-40
14 Quinta João 19.1-16
15 Sexta João 19.17-27
MAIO 16 Sábado João 19.28-37
17 Domingo João 19.38-42
18 Segunda João 20.1-10
19 Terça João 20.11-18
1 Terça João 8.12-24 20 Quarta João 20.19-23
2 Quarta João 8.25-40 21 Quinta João 20.24-31
3 Quinta João 8.41-59 22 Sexta João 21.1-8
4 Sexta João 9.1-14 23 Sábado João 21.9-19
5 Sábado João 9.15-27 24 Domingo João 21.20-2525
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 3
Apresentação dos estudos da EBD

O EVANGELHO DE JOÃO
A teologia de Jesus Cristo

O Evangelho de João é chamado, tam- JOÃO E OS SINÓTICOS


bém, de “Quarto Evangelho”, em virtude
de sua colocação na ordem dos Evangelhos O Evangelho de João distingue-se dos
no Novo Testamento. Seu autor é o após- demais: Mateus, Marcos e Lucas, que são
tolo João. Esta é a opinião universalmente chamados Sinóticos, em virtude de segui-
aceita, embora seu nome não seja mencio- rem uma linha de paralelismo na narrativa
nado no texto e, embora, haja conjecturas dos episódios da vida de Jesus Cristo, com as
divergentes de alguns autores. É que este é mesmas características literárias, enquanto
o testemunho da tradição que vem desde João prefere seguir um plano diferente, dei-
os primeiros dias do período apostólico da xando a impressão de ter sido escrito com a
história do cristianismo. Quanto à data em intenção de complementar os demais.
que foi escrito, situa-se entre os anos 95 e O Evangelho de Marcos é o mais anti-
100 d.C., pouco antes da morte de João. go, enquanto o de João é o mais teológico,
o mais interpretativo da pessoa, da obra e
“Enquanto Lucas e Mateus dos ensinos de Jesus Cristo.
Enquanto Lucas e Mateus iniciam seus
iniciam seus Evangelhos Evangelhos narrando o nascimento de Je-
narrando o nascimento sus, e Marcos inicia focalizando o início do
ministério terreno de Jesus, João inicia seu
de Jesus, e Marcos inicia Evangelho com a eternidade dele, como o
focalizando o início do Verbo de Deus, sendo o próprio Deus que
ministério terreno de Jesus, se fez carne. Selecionou sete fatos milagrosos
realizados por Jesus e alguns de seus sermões.
João inicia seu Evangelho
com a eternidade dele, como A FINALIDADE DO
EVANGELHO DE JOÃO
o Verbo de Deus, sendo
o próprio Deus que Quanto à finalidade de seu Evangelho,
ele diz, no capítulo 20, versículo 31, refe-
se fez carne” rindo-se aos milagres que registrou, que eles

4 • PALAVRA E VIDA
“No Evangelho de João,
a teologia foi colocada
com tanta clareza e
simplicidade que todos,
inclusive crianças,
entendem claramente
a grandeza do amor de
Deus manifestado em
Jesus Cristo, seu Filho”

“foram escritos para que creiais que Jesus


Cristo é o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome”. É um Evangelho
dirigido a toda a humanidade, com o fim de
produzir fé em Jesus Cristo como o Filho de
Deus, para conduzir almas à salvação eter-
na. Confirma esta finalidade no versículo
conhecido como “o coração da Bíblia”, em Essa preocupação do autor do quarto
que ele registrou as seguintes palavras de Evangelho se encontra registrada, também,
Jesus: “Porque Deus amou o mundo de tal em sua primeira carta, quando ele diz: “Todo
maneira, que deu seu Filho Unigênito, para espírito que confessa que Jesus Cristo veio
que todo aquele que nele crê não pereça, mas em carne é de Deus; e todo espírito que não
tenha a vida eterna” (Jo 3.16). confessa a Jesus não é de Deus; mas este é o es-
pírito do anticristo, do qual já ouvistes que há
UMA PREOCUPAÇÃO de vir, e eis que está já no mundo” (1Jo 4.2,3).
APOLOGÉTICA
A TEOLOGIA DE JOÃO
Grassava, no final do período apostó-
lico, uma heresia conhecida como gnosti- No Evangelho de João, a teologia foi colo-
cismo, que afirmava que Jesus era apenas cada com tanta clareza e simplicidade que to-
uma emanação espiritual de Deus, uma dos, inclusive crianças, entendem claramente
aparência, não real. João quis combater a grandeza do amor de Deus manifestado em
esse desvio da fé; quis mostrar que Jesus Jesus Cristo, seu Filho. Isto explica por que
era, historicamente, real, que ele era o pró- tantos, em todo o mundo, o preferem como
prio Deus feito carne, Deus feito homem. material destinado à evangelização.
ReferênciaS
FERREIRA, Ilson. Pastorais do Verbo de Deus – O Evangelho de João. Rio de Janeiro: JUERP, 2004.
GONÇALVES JÚNIOR, Almir dos Santos. Em conversa com o Mestre – A teologia de Jesus no Evangelho de João. Rio de
Janeiro: JUERP, 2004.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 5
EBD • Domingo, 1 de abril de 2012 • ESTUDO 1
Texto bíblico:

A revelação
João 1.1-54

Texto áureo:

de Deus
João 1.14

Jesus Cristo é apresentado no Evange- Em vez de começar com o nascimento


lho de João como o ser eterno que é Deus de uma criança, João inicia com a criação
tornado homem e que é o autor da criação do próprio mundo. No momento em que
de todas as coisas, a revelação perfeita de ele foi criado, o Verbo que veio ao mundo
Deus e o autor da redenção como o Cor- em forma humana já partilhava da exis-
deiro de Deus enviado para ser oferecido tência, e foi, ele próprio, o agente criador
em sacrifício para a salvação dos pecado- de todas as coisas. A respeito dessa pessoa
res. Ele é, também, a luz do mundo, que os que João apontou como o Verbo de Deus
homens rejeitaram, e que conferiu, aos que que se fez carne, o apóstolo Paulo disse:
creram nele, o poder de se tornarem filhos “Este é a imagem do Deus invisível, o
de Deus. No início do Evangelho, ele já primogênito de toda a criação; pois nele
define tudo isto a respeito de Jesus Cristo. foram criadas todas as coisas; nos céus e
sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, se-
1. No princípio era o Verbo – O Evan- jam tronos, sejam soberanias, quer prin-
gelho de João se inicia de uma forma com- cipados, quer potestades. Tudo foi criado
pletamente diferente da forma dos demais por meio dele e para ele. Ele é antes de
Evangelhos. Mateus e Lucas dedicam seus todas as coisas. Nele, tudo subsiste” (Cl
primeiros capítulos a narrativas do nasci- 1.15-17).
mento e infância de Jesus; Marcos entra
diretamente no início de seu ministério 2. João Batista, o precursor – João
terreno; João inicia olhando para a eterni- Batista foi o homem mandado por Deus
dade, para um momento que ele denomi- para ser o precursor de Jesus; para ser
na de “princípio”, e o define como sendo o quem anunciaria sua chegada ao mundo.
Verbo eterno de Deus e que era o próprio Sua vinda estava profetizada no Antigo
Deus. Aquele homem que fora rejeitado Testamento. Setecentos anos antes do nas-
pelo povo, no meio do qual surgiu e atuou, cimento de Jesus, Isaías profetizou: “Voz
era o mesmo ser que existia no princípio de do que clama no deserto: Preparai o cami-
todas as coisas. O Verbo de Deus é o Lo- nho do Senhor; endireitai no ermo vereda
gos eterno, a expressão objetiva de Deus, a nosso Deus” (Is 40.3); e Malaquias, 400
sua palavra, razão, expressão. Com estas anos antes de Jesus, termina o Antigo Tes-
palavras, João definia Jesus Cristo como o tamento dizendo: “Eis que envio o meu
Deus que se fez carne e habitou entre nós. anjo, que preparará o caminho diante de
6 • PALAVRA E VIDA
mim; e de repente virá ao seu templo o o Messias”. Dos que resolveram confiar
Senhor a quem vós buscais, o anjo do con- nesse testemunho, destacaram-se André,
certo, a quem vós desejais; eis que vem, diz Pedro, Filipe e Natanael. Eram pessoas
o Senhor dos Exércitos” (Ml 3.1). Depois simples, pescadores, geralmente iletrados,
de 400 anos de silêncio, durante os quais que até para ouvir a palavra precisavam
Deus preparou o mundo para a chamada da ajuda dos escribas, que eram os poucos
“plenitude dos tempos” (Gl 4.4), ouviu-se que dominavam a língua hebraica das si-
a voz de João Batista pregando no lugar nagogas. Foram estes homens os primei-
ermo a chegada do Messias, e batizando ros discípulos de Jesus.
todos os que se arrependiam de seus pe-
cados. Ele testemunhou a respeito de Je- APLICAÇÕES PARA A VIDA
sus Cristo como sendo o Filho de Deus, o
Cordeiro que veio para tirar o pecado do 1. Jesus é anunciado por João como
mundo. o próprio Deus. Essa mensagem ainda é
João Batista era um homem singular. escândalo para muitas pessoas. Tem gente
Vivia no deserto, comia gafanhotos e mel que não consegue aceitar que Deus possa
silvestre, e se vestia com peles de animais. ter encarnado na forma de uma pessoa e
Mas, a sua mensagem causava muito mais vivido no meio dos homens. Mas, escânda-
impacto do que sua aparência. Inúmeras lo ou não, essa é a principal mensagem da
pessoas vinham até o Jordão para serem igreja de Cristo. Você já reconheceu Jesus
batizadas por ele. O murmúrio que cor- como o Salvador de sua vida? Está propa-
ria por toda parte era que ele poderia ser gando essa verdade?
o Messias que eles aguardavam. Mas João
Batista disse claramente não ser o Messias 2. Deus se fez homem para revelar o
e, sim, a voz do que clama no deserto, isto caminho de volta para ele. Ele se revelou
é, o cumprimento da profecia de Isaías, de uma forma que poderíamos entender e
anunciando que era maior do que ele. Ele compreender. Jesus é a revelação máxima
falou que Jesus era o Cordeiro de Deus que de Deus e de sua vontade. Você já reco-
viera para tirar o pecado do mundo. Pode- nheceu Jesus como o caminho, a verdade
mos entender que sua voz não encontrou e a vida? Está testemunhando a respeito
acolhida num grande número de pessoas. disto?
Mas houve os que acreditaram, e a estes
Deus lhes deu o poder de se tornarem fi- 3. Deus resolveu escolher as coisas
lhos de Deus. loucas do mundo para envergonhar as sá-
bias. Em vez de um príncipe, colocou João
3. Os primeiros discípulos – Depois Batista para ser o porta-voz de seu Filho.
do batismo de Jesus, e depois de João tes- Em vez de letrados e sábios, escolheu pes-
temunhar a respeito dele como o Cordei- soas simples e rudes para serem discípulos
ro de Deus, Jesus foi seguido por alguns e discípulas. Pode ser estranho, mas este é
dos discípulos de João, conversaram com o jeito de Deus agir. Você já reconheceu
ele e se convenceram de que Jesus era o a forma sobrenatural e poderosa de Deus
Messias. Então, começaram a testemu- agir em sua vida? Tem sido agradecido?
nhar a respeito dele, dizendo: “Achamos Tem passado adiante esta mensagem?

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 7
EBD • Domingo, 8 de abril de 2012• ESTUDO 2

Jesus inicia os Texto bíblico:


João 2

sinais de seu Texto áureo:


João 2.11

ministério
Costuma-se dizer que Jesus iniciou seu gre aconteceu três dias depois de ter ma-
ministério com a realização de duas ações nifestado desejo de viajar para a Galileia,
em público, que foram a transformação de após ter evangelizado Filipe (1.43).
água em vinho em Caná da Galileia (2.1- Os casamentos eram, como hoje, im-
12) e, a seguir, a purificação do templo, em portantes expressões de alegria da sociedade.
Jerusalém (2.13-25). Em verdade, porém, Maria, mãe de Jesus, ele e seus irmãos compa-
ele iniciou seu ministério preparando os receram. Em dado momento, tendo ela per-
primeiros discípulos. Uma vez batizado, cebido o constrangimento de ter acabado o
foi para o deserto onde foi tentado durante vinho recorreu a Jesus. O fato de ela ter pedi-
40 dias (Mt 3.13 a 4.11). Ao voltar, passou do ajuda a Jesus indica que tinha consciência
pelo lugar onde João Batista continuava de seu poder e, também, que provavelmente
batizando, e foi apontado por ele a alguns o casamento ocorria em família de sua paren-
de seus discípulos como sendo o Cordeiro tela ou de amigos. A resposta que Jesus deu
de Deus. Estes o seguiram até a casa onde não pode ser tomada como desrespeitosa
residia, ouviram seus ensinamentos até o para com sua mãe. Era apenas um recado de
entardecer, e creram nele como sendo o filho para mãe. Jesus tinha o momento certo
Messias que havia de vir. No dia seguinte, em seu plano de ministério para iniciar suas
Jesus encontrou-se com Filipe, o evange- atividades que mostrassem sua glória; além
lizou, e manifestou necessidade de viajar disso, o termo “mulher” era usado com sen-
para a Galileia, provavelmente, para parti- tido de honra e foi honrando que Jesus assim
cipar de uma festa de casamento com sua se dirigiu à sua mãe.
família ( Jo 1.43). Três dias depois, estando Jesus agiu discretamente. Não fez ne-
presente na festa de casamento, realizou o nhum gesto espalhafatoso. Não houve
primeiro sinal de seu ministério na presen- relâmpagos nem trovões. Ele apenas orde-
ça de seus primeiros discípulos. nou aos servidores que enchessem de água
as talhas que havia na casa, e depois man-
1. O primeiro milagre (Jo 2.1-12) – dou que as levassem ao chefe do cerimo-
João coloca o início do ministério público nial, e este constatou que, em vez de água,
de Jesus numa festa de casamento: “Assim havia ali vinho de boa qualidade. Esse mi-
deu Jesus início aos seus sinais em Caná da lagre manifestou a natureza divina de Jesus
Galileia e manifestou a sua glória; e os seus e, por isso, os seus discípulos confirmaram
discípulos creram nele” (2.11). Esse mila- sua fé nele como sendo o Messias.

8 • PALAVRA E VIDA
A Bíblia condena abertamente o uso geiras pela nacional, porque os sacrifícios
de bebida forte, o que hoje chamamos de só podiam ser comprados com dinheiro
bebida alcoólica (leia Levítico 10.9; Nú- israelita; lá estavam, também, os vende-
meros 6.3; Provérbios 20.1; 23.32; Isaías dores de animais para sacrifícios. O ato
5.22; Efésios 5.18). Como explicar, então, de Jesus foi um ato de indignação e de
que Jesus tenha suprido a festa de vinho? efeitos pedagógicos. A casa de Deus devia
Não se tratava de bebida alcoólica. Trata- ser usada como casa de oração, mas a es-
va-se do fruto da vide, como chamavam o tavam transformando em “casa de venda”
que nós hoje chamamos de suco de uva. (v. 16). Seu ato ensina que Deus não tolera
Não era vinho como hoje conhecemos. Era os que fazem mercado da relação com ele.
o vinho novo, não fermentado. A transfor- A piedade do povo não pode virar fonte
mação da água em vinho não pode, por- de lucro. Questionado pelos judeus sobre
tanto, ser tomada como uma licença para a autoridade para fazer aquilo, e tendo eles
o uso de bebidas alcoólicas por crentes. A exigido um sinal, referiu-se à ressurreição
Bíblia nunca se contradiz. Essa transfor- de seu corpo, como templo, como o sinal
mação ilustra o poder de Jesus Cristo de de sua divindade que haveriam de ver. E fi-
transformar a natureza de quem crê. cou ainda alguns dias em Jerusalém fazen-
do sinais; e muitos, vendo-os, creram nele.
2. A purificação do templo (Jo 2.13- Uma das pessoas que se impressionaram
25) – Depois da festa em Caná, Jesus, sua com seus sinais foi Nicodemos, que estu-
mãe e seus irmãos viajaram para a cidade de daremos na próxima lição.
Cafarnaum, onde permaneceram poucos
dias, e depois subiram para Jerusalém, por APLICAÇÕES PARA A VIDA
causa da festa da páscoa (2.12,13). Jerusa-
lém era, para os judeus, a cidade de Deus. 1. Jesus fortalece a instituição familiar
Nela ficava o templo, o centro da vida re- ao iniciar seu ministério numa festa de ca-
ligiosa dos judeus e símbolo da presença samento. A sociedade de hoje desvaloriza
de Deus; era o lugar onde aconteciam os o casamento. Tenhamos cuidado.
sacrifícios, a adoração e as festas nacionais 2. Assim como Jesus, por ser o Deus
como a festa da Páscoa, das primícias e das encarnado, pôde transformar água em vi-
tendas. A da Páscoa lembrava a libertação nho, ele pode transformar o coração do
do povo do Egito, quando apenas os pri- pecador para que se torne nova criatura e
mogênitos dos egípcios foram mortos pela tenha vida eterna.
última praga enquanto os israelitas esta- 3. Multiplicam-se, em nossos dias, os
vam protegidos pelo sangue do cordeiro. modismos religiosos em que gananciosos
Foi para esta grande festa que Jesus e sua fraudadores da Palavra de Deus fazem do
família se dirigiram. evangelho meio de enriquecimento, cum-
O templo tinha deixado de ser uma prindo o que o apóstolo Pedro profetizou:
instituição religiosa para se tornar uma “E por avareza farão de vós negócio com
instituição de interesses comerciais. Seus palavras fingidas; sobre os quais já de largo
cofres estavam abarrotados de ouro e ob- tempo não será tardia a sentença, e a sua
jetos preciosos. E os cambistas lá estavam perdição não dormita” (2Pe 2.3). Evitemos
com suas mesas, trocando moedas estran- os tais.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 9
EBD • Domingo, 15 de abril de 2012• ESTUDO 3

O novo nascimento e Texto bíblico:


João 3

o testemunho de João Texto áureo:


João 3.16
Batista sobre Jesus
Há dois importantíssimos aconteci- Deus. O legalismo é um desvio religioso
mentos narrados no capítulo 3: o ensino da essência e finalidade da lei para o apego
de Jesus a respeito do novo nascimento, exagerado à forma. Assim, por exemplo,
ministrado ao importante homem chama- o sábado, que deveria ser uma expressão
do Nicodemos (3.1-21), e o testemunho de adoração a Deus pela criação, se trans-
de João Batista a respeito de Jesus Cristo formou numa das mais pesadas regras re-
(3.22-36). ligiosas dos judeus, tornando-se um peso
insuportável. Os legalistas formaram uma
1. A situação religiosa de Nicodemos religiosidade com a qual pensavam que
– O capítulo três de João narra a visita de agradariam a Deus e alcançariam o seu
Nicodemos a Jesus. Nicodemos era um favor se conhecessem e praticassem a lei
dos líderes religiosos dos judeus. Ao ler e os preceitos que foram se avolumando
este relato, os leitores do Evangelho de em cima dela. Essa era a situação religiosa
João tomam conhecimento que pastores de Nicodemos. Por isso, por ser fariseu e
de Israel se encontraram com Jesus e al- príncipe, escolheu ir conversar com Jesus
guns reconheceram sua origem celestial, às ocultas, à noite.
como Nicodemos, ao dizer “bem sabemos
que és vindo de Deus” (v. 2), mas o precon- 2. Jesus instrui Nicodemos a respeito
ceito e as tradições, fortemente arraigados, do novo nascimento – O que Jesus ensinou
os afastaram do Mestre a tal ponto que se com grande clareza a Nicodemos é que todo
tornaram seus inimigos e perseguidores. o conhecimento que ele tinha das ordenan-
O que leva um sistema religioso a afas- ças não era suficiente para salvá-lo. Somente
tar seus adeptos daquele que deveriam a prática completa dos mandamentos pode-
adorar? Os fariseus, como guardadores ria satisfazer a justiça divina. Infelizmente,
da lei de Deus, zelosos seguidores da lei, essa via é impossível de ser trilhada. Nin-
deveriam honrar e adorar Jesus enquanto guém pode cumprir totalmente todos os
ele realizava seu ministério na Palestina. mandamentos. Não há uma só pessoa que
O próprio apóstolo João diz que “ele veio consiga cumprir a lei de Deus do fundo do
para o que era seu e os seus não o recebe- coração. Os judeus achavam que eram mui-
ram” (1.11). Examinando a história, fica- to melhores que as pessoas mundanas (na
-se sabendo que o legalismo foi o principal linguagem deles, gentias) e impuras pela sua
responsável por esse desvio do povo de herança religiosa e suas tradições. Mas Jesus

10 • PALAVRA E VIDA
esclareceu a Nicodemos que a salvação não João Batista não via Jesus como um
pode vir das obras. Ela vem pela fé no Filho concorrente, mas como o motivo de sua
Unigênito de Deus: “Porque Deus amou o pregação. Era para isso que ele tinha sido le-
mundo de tal maneira que deu o seu Filho vantado por Deus: para apontar para Jesus, o
unigênito para que todo aquele que nele Cordeiro que veio tirar o pecado do mundo.
crer não pereça, mas tenha a vida eterna”
(3.16). APLICAÇÕES PARA A VIDA
Nicodemos pensou que Jesus falava de
nascimento físico, e não entendeu. Então, 1. A vida eterna só é alcançada pela fé
o Senhor explicou que se tratava do nas- em Cristo. Mesmo que alguém consiga se
cimento do Espírito, pela fé no Filho de esforçar ao máximo para cumprir todos
Deus. Com este ensino, Jesus tirou toda a os itens das ordenanças divinas, o estará
possibilidade de os espíritas encontrarem fazendo por medo de punição ou para ser
base bíblica para a reencarnação. Jesus expli- recompensado, e não por livre disposição
cou claramente que o que é nascido da car- para obedecer.
ne continua sendo carne, e o que é nascido 2. Temos de ter cuidado para não nos
do Espírito é espírito. O novo nascimento tornarmos legalistas, e estabelecer regras de
é a regeneração mediante arrependimento e comportamento para que as pessoas cum-
fé em Jesus como o Filho de Deus. Ele seria pram para depois, então, se aproximarem
levantado (crucificado) como fora levanta- de Jesus. O ensino de Jesus é que o pecador
da a serpente de metal no deserto, e os que precisa nascer de novo: arrepender-se dos pe-
cressem nele não morreriam, mas teriam a cados e crer em Jesus como o Filho de Deus e
vida eterna (Jo 3.14,15). seu Salvador. Então, pela graça de Deus, me-
diante sua fé, o pecador é perdoado e regene-
3. O testemunho de João Batista a rado. Nasce de novo para alcançar a salvação.
respeito de Jesus (3.22-36) – Depois des- Esta precisa ser a nossa mensagem. Este foi o
se episódio, Jesus e seus discípulos foram ensino de Jesus a Nicodemos.
para a Judeia, e batizavam (v. 22). João
Batista, por sua vez, continuava batizando. 3. Ninguém consegue mudar de vida
A atuação de Jesus despertou ciúmes em sem a atuação de Jesus Cristo em seu cora-
alguns discípulos de João, os quais foram ção. Somente ele pode operar o novo nasci-
ter com ele e lhe deram a notícia de que mento. E, a partir daí, da regeneração, é que
Jesus estava batizando (se bem que ele muda o comportamento, porque a pessoa
mesmo não batizava, mas seus discípulos é passa a ser uma nova criatura em Cristo.
que o faziam – 4.1,2). João Batista, então, 4. Os líderes e membros das igrejas
testemunhou a respeito de Jesus e o exal- precisam aprender com o exemplo de João
tou como o Filho de Deus, que precisava Batista, que soube testemunhar de Jesus,
crescer, enquanto ele, João, devia diminuir. apontando-o como o Filho de Deus com
Ele se mostrou um autêntico pregador do humildade, objetividade e clareza. Além
evangelho, ao dizer: “Aquele que crê no Fi- disso, não sentiu ciúmes. Tinha consciên-
lho tem a vida eterna; mas aquele que não cia da superioridade de Jesus. Entendamos
crê no filho não verá a vida; mas a ira de que somos companheiros uns dos outros
Deus sobre ele permanece” (v. 36). na obra da pregação, e não concorrentes.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 11
EBD • Domingo, 22 de abril de 2012• ESTUDO 4

A missão
Texto bíblico:
João 4 e 5

de Cristo Texto áureo:


João 4.13,14

Ao evangelizar a mulher samaritana, dessa forma, levou-a a confrontar-se com


Jesus afirmou para seus discípulos que os sua situação de pecado. E a mulher o reco-
campos já estavam prontos para a ceifa e, nheceu como profeta. Ela muda de assun-
assim, fazia ver a aproximação dos seden- to, perguntando sobre o verdadeiro lugar
tos samaritanos que vinham em resposta de adoração e Jesus ensina que o culto a
ao testemunho da mulher. Jesus começou Deus deve ser prestado em espírito e em
a colheita na terra dos samaritanos ali na verdade, em qualquer lugar (v. 21-24).
beira daquele poço, enquanto tomava Com essas palavras, Jesus suscitou na mu-
água. Que exemplo, para nós, de sabedo- lher a grande esperança de judeus e sama-
ria e senso de oportunidade na obra de ritanos, a saber, a vinda do Messias. É nesse
evangelização! Depois da evangelização momento que Jesus revela sua natureza e
da mulher samaritana, seguem-se, no texto sua missão ao dizer: “Eu sou o Messias, o
para esta lição, a cura do filho de um ré- que fala contigo” (v. 26).
gulo (ainda no capítulo 4), a cura de um Esta mensagem transformou aquela
aleijado em Jerusalém e o testemunho que mulher. Ela largou o que tinha ido fazer,
Jesus deu de si mesmo: é o Filho de Deus deixou o cântaro e foi depressa anunciar
que veio para dar a vida eterna aos que cre- aos seus conterrâneos o que havia ouvido.
rem ( Jo 5.24). O Messias tinha chegado. Como resultado
de seu testemunho, vários homens foram
1. Os campos brancos para a ceifa – até Jesus, ouviram-no, e o convidaram para
Enquanto os discípulos se afastaram em ficar na cidade alguns dias. O resultado
busca de alimento, Jesus pediu à mulher foi a conversão deles. Os discípulos viram
que lhe desse água. A resposta que ela deu que, realmente, o campo estava pronto
ilustra o comportamento usual dos que para a ceifa.
cultivam em seus corações os preconceitos Nesse episódio, vemos como Jesus
e os ressentimentos a ponto de se despre- viveu grande parte de seu ministério no
zarem. Na sua resposta, ela denunciou a meio dos excluídos e dos mais miseráveis
inimizade entre judeus e samaritanos (v. da sociedade. As pessoas mais religiosas da
9). Jesus não se ofendeu. Em vez de rece- época, os mais piedosos, os que achavam
ber a água que pedira, ofereceu água viva que estavam fazendo exatamente a vonta-
para ela (v. 13,14). Como a mulher não de de Deus rejeitaram Jesus peremptoria-
entendeu o sentido da água que ele lhe mente, enquanto samaritanos, que eram
oferecia, Jesus denunciou sua situação es- um povo excluído pelos judeus, o aceita-
piritual, perguntando pelo seu marido e, ram.
12 • PALAVRA E VIDA
2. A cura do filho do régulo; e do paralí- isso não os impressionou. Deram atenção
tico no tanque de Betesda (4.43 a 5.15) – antes ao fato de ele carregar sua cama no sá-
Jesus ficou com os samaritanos dois dias e de- bado, o que era uma quebra da lei. Essa ati-
pois partiu para seu destino, que era a Galileia; tude era própria dos legalistas. Então, por
novamente se dirigiu à cidade de Caná, onde causa disso, quiseram matar Jesus.
fizera seu primeiro milagre. Aí encontrou um
régulo (oficial do rei) que lhe pediu que des- 3. O testemunho de Jesus sobre sua na-
cesse a Cafarnaum, onde estava à morte seu fi- tureza e sua missão (5.16-47) – Diante da
lho. Jesus não foi, mas disse que ele estava cura- contestação dos judeus porque Jesus curara
do. O homem creu. Estava longe de casa, mas o homem num sábado, o Senhor respondeu
acreditou que a palavra de Jesus era suficiente dando testemunho a respeito de sua nature-
para que o milagre acontecesse. O versículo za e de sua missão. Declarou-se o Filho de
48 – “Se não virdes sinais miraculosos e prodí- Deus, repreendeu os fariseus porque não
gios de modo nenhum crereis” – era um teste davam crédito às Escrituras, que falavam a
para ele. Mas ele não precisou de nada disso seu respeito, e proferiu as palavras que são a
para crer. Os judeus pediam exatamente sinais essência do evangelho: “Na verdade, na ver-
a Jesus para crerem. Mas o régulo creu sem ver dade vos digo que quem ouve a minha pala-
sinais. A fé não é produzida com sinais. Vemos vra e crê naquele que me enviou tem a vida
isto na ressurreição de Lázaro. Todos viram eterna, e não entrará em condenação, mas
que ele estava morto e o viram sair do sepulcro passou da morte para a vida” (5.24). Esta é
e andar mas, depois disso, os líderes religiosos a missão de Jesus. Dar a vida eterna ao que
decidiram matar Jesus em vez de crer nele (Jo crê. Mas os judeus o rejeitaram.
11.53).
Outro exemplo de fé está no episódio APLICAÇÕES PARA A VIDA
da cura do paralítico curado perto do poço
de Betesda, em Jerusalém (5.1-15). Não se 1. O ditado popular citado por Jesus
sabe quanto tempo depois do milagre da – “Dizeis que ainda faltam quatro meses
cura do filho do régulo aconteceu isso. O para a ceifa” – significava protelação e aco-
texto diz apenas “depois disto”. Jesus voltou modação. Seu sentido era: “Calma, nada
a Jerusalém, por causa de uma festa dos ju- de pressa, vá devagar, porque há tempo”.
deus, que o texto não esclarece qual. O ho- Não havia, não. E não há. É urgente a ceifa.
mem era paralítico há 38 anos e esperava o Por isso, Jesus parou ali em Sicar, e salvou
milagre do movimento das águas do poço pessoas rejeitadas pelos judeus. Apresse-
para ser curado, mas sempre alguém chega- mo-nos na divulgação do evangelho.
va antes dele. Nada indicava que ele pudes- 2. O régulo não pediu provas para crer.
se ser curado naquele dia. Mas, ao ouvir as As provas não são sinais de fé, mas da falta
palavras de Jesus, para que ele se levantasse dela. Precisamos crer ainda que as circuns-
e carregasse sua cama, imediatamente obe- tâncias não favoreçam, ainda que os olhos
deceu, e pôde experimentar em sua vida o não vejam, ou ainda que tudo aponte o
que era impossível do ponto de vista huma- contrário. Os milagres que Jesus praticou
no. Os fariseus criticaram o homem porque e estão registrados nas Escrituras são sufi-
carregou sua cama sendo sábado. Em vez de cientes. Buscar, hoje, sinais e prodígios é
glorificarem a Deus pela cura do homem, sinal de incredulidade, e não de fé.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 13
EBD • Domingo, 29 de abril de 2012• ESTUDO 5
Texto bíblico:

O ministério de João 6 e 7

Jesus se amplia
Texto áureo:
João 6.67,68

Os milagres realizados por Jesus em nheiro para comprar pão para aquela mul-
seu ministério tinham a finalidade de mos- tidão, mesmo que houvesse onde comprar.
trar que ele é o Messias prometido, o Filho O que faltou aos discípulos foi perceber
de Deus. João mesmo diz isto em 20.31: que o Senhor de todas as coisas estava lá.
“Estes foram escritos para que creiais que Era preciso crer, não questionar. A reação
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para do povo foi crer que Jesus, sendo o Mes-
que, crendo, tenhais vida em seu nome”. sias, devia ser aclamado rei. Por isso, Jesus
Ao todo, João narrou oito sinais. No ca- Cristo se afastou da multidão, porque seu
pítulo 6 são narrados dois desses sinais e é reino não é deste mundo.
registrado o discurso de Jesus às multidões
e aos discípulos, em que ele ensina que é 2. Milagre de Jesus sobre a natureza
o pão da vida, que sua carne é, verdadei- (6.16-21) – No final do dia, os discípulos
ramente, comida e o seu sangue bebida, o tinham retornado para Cafarnaum e estavam
que escandalizou a multidão. Esta se afas- atravessando o Mar de Genezaré, quando Je-
tou dele e os discípulos se inquietaram, o sus foi ao encontro deles a uma distância de 5
que deu oportunidade para a confissão de a 6 quilômetros mar adentro, andando sobre
Pedro. No capítulo 7, o foco muda para o as águas. Foi o quinto sinal feito na Galileia, e
templo, em Jerusalém, para onde Jesus se demonstrou seu poder sobre a natureza, que
deslocara, por ocasião da festa dos taber- ele mesmo criara.
náculos, quando proferiu ensinos que re-
voltaram os fariseus que tentaram prendê- 3. Cristo é o pão da vida (6.22-59) –
-lo para matá-lo. No dia seguinte, a multidão, percebendo
que Jesus havia regressado a Cafarnaum,
1. Milagre sobre a matéria (6.1-15) – A partiu para lá. Queriam fazê-lo rei. Exigi-
passagem narra a multiplicação dos pães. ram de Jesus um sinal, mas Jesus se negou a
Foi um sinal de tal eficácia, que foi regis- lhes dar mais pão e, então, proferiu seu dis-
trado em todos os outros Evangelhos. Foi curso sobre si mesmo como sendo o verda-
um fenômeno extraordinário, uma ope- deiro pão do céu. A multidão apelara para
ração miraculosa de Jesus, não realizada a experiência do maná no deserto, e Jesus
apenas na mente ou coração, mas objetiva, afirmou que o verdadeiro pão do céu é ele;
do poder e autoridade de Jesus, o Filho de que em sua presença e atuação, Deus está a
Deus, sobre a matéria. Os discípulos co- prover o alimento espiritual que o homem
mentaram com Jesus a impossibilidade de necessita para viver. Além disso, Jesus en-
alimentarem a multidão: não tinham di- sinou que ele é o poder doador da vida:
14 • PALAVRA E VIDA
quem de mim se alimenta por mim viverá ninguém lhe pôs a mão, porque ainda não
(v. 57). Ensinou, também, que o ato sim- era chegada a sua hora” (7.30,44).
bólico de comer o pão é representado no Os fariseus discutiram a respeito de Je-
ato de crer nele (v. 29). Jesus ensinou que sus, ainda planejando prendê-lo, mas Nico-
se deve atentar para a vontade de Deus, em demos, o que visitara Jesus à noite (cap. 3),
obediência da fé, cuja prova é o reconheci- argumentou com eles sobre a ilegalidade
mento e a submissão a Jesus, ou seja, crer do que pretendiam fazer, pelo que desde-
nele como enviado de Deus para salvar nharam dele, mas suspenderam sua ação, e
o homem que passa a viver para servi-lo. todos foram para suas casas.
Esta adesão contínua é apresentada nas ex-
pressões “comer o pão”, “comer sua carne” 5. Quem é Jesus? – Ainda, hoje, o prin-
e “beber seu sangue”, ação de fé que resulta cipal questionamento que muitos fazem em
na perfeita comunhão com ele. relação à pessoa de Jesus é a afirmação de que
ele era apenas um homem (6.42; 7.26,27).
4. Jesus enfrenta a oposição (6.60 a Mas, ele mesmo afirmou que dentre os seus
7.1-53) – O discurso de Jesus causou mui- seguidores havia muitos descrentes (6.64),
to rebuliço no meio dos judeus. Isto se deu que muitos o abandonariam (6.66) e que
por causa da figura de Moisés. A multidão um dos apóstolos era diabo (6.70). A estes
engrandeceu Moisés, como tendo dado o Jesus afirmou que veio de Deus, e que dá a
pão do céu ao povo, no deserto. Jesus os vida eterna porque é o pão vivo, que suas
contradisse, porque ele, Jesus, é o verdadei- palavras são espírito e são vida, que “aquele
ro pão vivo do céu (6.32). Jesus enfrentou, que o enviou é verdadeiro... venho da parte
corajosamente, a oposição, demonstrando dele e fui por ele enviado” (7.28,29). Jesus
que eles haviam se esquecido do conteúdo é o Filho de Deus, enviado para dar a vida
central da mensagem da Lei e dos Profetas: eterna a quem nele crer, e os sinais que ele
que é apontar para o Messias, para a espe- realizou demonstram isto. Este é o resumo
rança de uma nova aliança, que é do Espí- da mensagem do Evangelho de João.
rito. Desde esta ocasião, muitos desistiram
de seguir Jesus, pelo que ele perguntou aos APLICAÇÃO PARA A VIDA
apóstolos se queriam também abandoná-
-lo; e Pedro fez esta confissão: “Senhor, para Não nos deixemos iludir com os mo-
onde iremos nós? Só tu tens as palavras da dismos religiosos de nossos dias. Eles
vida eterna” (v. 68). transformam Jesus e o evangelho em meios
No capítulo 7, quando ensinava no de produzir prosperidade material para os
templo, para onde Jesus foi depois de al- que praticarem “atos de fé” que ensinam,
gum tempo de estada na Galileia por causa que nada têm a ver com a Palavra de Deus,
da festa dos tabernáculos, esta oposição se que são sortilégios, superstições e magias
tornou mais acirrada, pois Jesus denun- de misticismo com o fim de obrigar Deus
ciou o intuito dos judeus que era matá-lo, a satisfazer suas pretensões gananciosas.
numa clara afronta ao mandamento do De- Jesus Cristo é o Filho de Deus enviado
cálogo “não matarás”. Deus estava no con- pelo Pai, para dar a vida eterna ao que dele
trole de todos estes eventos, porque João se alimenta pela fé. Esta é a mensagem que
declarou que “procuravam prendê-lo, mas precisamos espalhar por toda a terra.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 15
EBD • Domingo, 6 de maio de 2012• ESTUDO 6
Texto bíblico:
João 8 e 9

Perdão e Cura Texto áureo:


João 8.31,32

Nos capítulos 8 e 9, o Evangelho de toridade que poderia aplicar a lei capital;


João registra três ocorrências no ministé- e Jesus seria denunciado; se mandasse não
rio de Jesus durante sua presença em Jeru- apedrejar, descumpriria a lei, e cairia em
salém na Festa dos Tabernáculos. Após a descrédito diante do povo. Jesus desfez
tentativa frustrada de prender Jesus para o esta armadilha com sua atitude e resposta.
matar (estudo anterior), seus opositores se O que Jesus demonstrou, ao perdoar
dispersaram e foram para suas casas. Jesus, e livrar a mulher, é que nós não estamos
entretanto, foi para o Monte das Oliveiras equipados para julgar (dar o veredito) a
(8.1) e, na manhã seguinte, voltou ao tem- ninguém, porque nós somos pecadores. Je-
plo e, do lado de fora, a multidão se apro- sus era o único que poderia fazer mas, mes-
ximou dele e ele começou a ensinar. Foi mo assim, preferiu a misericórdia e com seu
quando lhe trouxeram a mulher apanhada perdão apelou à mulher para abandonar o
em adultério. Depois desse episódio, ele pecado, para não pecar mais, porque estava
voltou a ensinar à multidão e proferiu o perdoada. Sigamos o exemplo de Jesus.
sermão em que se declarou como a luz do
mundo; finalmente, ainda em Jerusalém, 2. A luz do mundo (8.12-59) – A mu-
ocorreu o episódio da cura do cego de nas- lher se retirou, perdoada, após seus acu-
cença, que aguçou ainda mais a oposição sadores também terem se retirado, e Jesus
dos escribas e fariseus contra Jesus. Nessas prosseguiu, diante da multidão, ensinando,
três ocorrências se afirmam e se aprofun- e iniciou dizendo: “Eu sou a luz do mun-
dam as evidências de que Jesus Cristo é o do; quem me segue não andará em trevas,
Messias que havia de vir, o Filho de Deus, mas terá a luz da vida” (v. 12). O contexto
como João queria demonstrar em seu desta passagem, a Festa dos Tabernáculos,
Evangelho. ofereceu a Jesus a oportunidade que neces-
sitava para apresentar sua missão. Durante
1. O perdão (8.1-11) – A lei estabele- a festa, enormes candelabros eram acesos
cia que ambos os adúlteros apanhados em no templo. Por causa da posição elevada do
pecado deviam morrer: homem e mulher templo, sua iluminação podia ser percebida
(Dt 22.22), mas os escribas e fariseus que- em toda a cidade de Jerusalém. Aquela luz
riam apedrejar apenas a mulher. O que simbolizava a revelação e a verdade da fé
eles queriam era apanhar Jesus num dile- judaica. Na Festa dos Tabernáculos, Jesus
ma, numa armadilha: se Jesus mandasse se declarou a luz do mundo, a verdadeira
condenar a mulher, estaria em falta peran- revelação de Deus. Segui-lo representaria
te Pilatos, governador romano, única au- abrir-se para a verdade e para a vida.
16 • PALAVRA E VIDA
“Quem és tu?” Perguntaram os fari- na. Esta falsa ideia de Deus é “a mentira”
seus (v. 25). A indagação em si já implica a (v. 44). Os homens assumem esta mentira
descrença, o não reconhecimento de Jesus ao darem crédito às vãs filosofias do mun-
como o Filho de Deus, enviado do Pai. Os do que exaltam o homem e suas estruturas.
inquiridores procuravam saber a linhagem A mensagem para nós é que não pode ha-
de Jesus, sua descendência. Quanto a si ver relação filial com Deus sem amar Jesus
próprios, apelaram para a descendência que é o Filho (v. 42); os que o rejeitam, es-
de Abraão (v. 33), para se justificarem e colhem como pai o inimigo, o princípio da
engrandecerem; mas Jesus os contradiz, morte e da mentira (v. 44).
porque eles não viviam como Abraão; o
modo de agirem era diferente (v. 34-37) 3. O cego de nascença (9.1-41) – O
e até queriam matá-lo. Então, os acusou homem nascera cego, mas nem ele nem seus
de ter como pai o próprio diabo. Se Deus pais tinham culpa disto.
fosse o pai deles, eles amariam Jesus, por- Havia, entre os hebreus, a crença de
que veio enviado pelo Pai. Mas ao querer que todo mal físico era sempre consequên-
matá-lo, demonstravam que queriam fazer cia do pecado da própria pessoa ou de seus
a vontade do diabo (v. 40-44). pais. Pensar que a cegueira do homem fos-
Deus enviou Jesus para possibilitar aos se resultado do pecado de seu pai até pode-
homens conhecê-lo, e crer nele como Sal- ria ser entendido mas, como perguntar se o
vador. Conhecer Jesus (crer nele) é, ao mes- homem nascera cego por pecado dele pró-
mo tempo, conhecer Deus (crer nele). Ten- prio? Como pecar antes de nascer? O des-
tar conhecer Deus de qualquer outra forma conhecimento da verdade leva os homens
é um exercício inócuo. Quando Jesus fosse a conviverem com concepções absurdas.
levantado, então o conheceriam. Jesus se Mas Jesus não discute. Ele responde que
aproxima do pecador na cruz do Calvário. naquela vida abria-se a oportunidade de
Lá se efetivará o plano de redenção de Deus transformação pelo encontro com ele. E,
(Jo 3.14-21). Os judeus estavam julgando tendo dito “eu sou a luz do mundo”, deu
Jesus pelas suas leis e normas, mas estavam visão ao cego pelo processo que vem nos
ausentes da verdade espiritual que lhes pos- versículos 5 a 7. Na controvérsia levantada
sibilitava se tornarem verdadeiros discípu- pelos fariseus com o homem que fora cego,
los de Jesus. Só pode ser libertado do peca- este declarou: “Se ele é pecador ou não eu
do quem permanece nos ensinos dele sobre não sei. Só sei que era cego e agora vejo”.
seu ministério libertador: “Conhecereis a Depois, quando o ex-cego se encon-
verdade e a verdade vos libertará” (v. 32). trou com Jesus no templo, o Senhor se re-
Os fariseus sofriam de cegueira, uma velou a ele como o Messias, e o homem o
cegueira diferente. Mais adiante, no episó- aceitou pela fé como seu Salvador. O ado-
dio do cego de nascença que Jesus curou, rou, isto é, caiu prostrado a seus pés. Jesus
ele vai dizer aos fariseus: “Agora como di- viu na cegueira daquele homem a oportu-
zeis: Nós vemos, permanece o vosso peca- nidade para demonstrar a compaixão no
do” (9.41). Os fariseus tinham uma falsa tempo presente (dia), a partir da fé nele. O
concepção de Deus. Ocultavam sua quali- convite é feito aos discípulos, como a nós
dade de Pai, o seu amor para com os ho- também: que façamos as obras daquele
mens e o seu desígnio de lhes dar vida ple- que o enviou ao mundo.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 17
EBD • Domingo, 13 de maio de 2012• ESTUDO 7
Texto bíblico:

Jesus, João 10

o Bom Pastor
Texto áureo:
João 10.14

Não deve haver imagem mais marcan- porta, ou seja, segue o plano estabelecido
te do que a que Jesus empregou para seu por Deus. Os falsos líderes religiosos não
ministério de salvação do que a de um atuavam segundo a vontade de Deus, pois,
pastor de ovelhas. Ele não somente a usou se desejassem fazê-lo, teriam que reconhe-
para designar sua missão e sua maneira de cer Jesus como o Messias, que veio para
atuar mas, também, se identificou como guiar o povo para a vida eterna.
singular, como o único que pode receber
a qualificação de “bom”. As expressões: 2) Jesus assume o papel de modelo e
pastor e pastorear já eram conhecidas no de guia. Ele vai adiante de suas ovelhas.
Antigo Testamento, aplicadas à natureza Ele oferece um verdadeiro relacionamento
e à missão dos chefes em relação ao povo com base na verdade que ele representa: as
ao qual lhes competia dirigir. Além de se ovelhas ouvem a sua voz e ele chama pelo
intitular “pastor”, Jesus se distinguiu como nome as suas ovelhas (v. 3). O relaciona-
único, dizendo “Eu sou o bom pastor”. mento é mantido pela fé.

1. Jesus como o Bom Pastor (Jo 10.1- 3) Ele dá a vida pelas suas ovelhas
7) – Este capítulo está na sequência da (10.11-21). Ele é o Messias de direito e de
discussão de Jesus com as autoridades ju- fato. Neste papel, ele se entrega pelas ove-
daicas, como consequência de ter curado lhas e lhes abre a porta para a salvação: “Eu
o cego de nascença num sábado. Ele os sou a porta das ovelhas” (v. 17). Com es-
declarou como cegos que pensavam ver, tas palavras João apresenta o aspecto subs-
por isso permaneciam no seu pecado e os titutivo da missão de Jesus, no objetivo de
qualificou, juntamente com todos os che- libertar o homem da opressão do pecado,
fes religiosos, como falsos pastores, como em sua morte de cruz. Ele, como pastor,
ladrões e salteadores, porque eram pessoas é também a porta do aprisco e os que en-
que desprezavam a porta de entrada para tram por ele encontram alimento. Crer
o reino de Deus, e queriam dirigir o povo nele é figurado por entrar por ele, que é a
com falsos conceitos e falsa autoridade. porta. Portanto, para viver é preciso crer
Em que Jesus diferenciava de todos os naquele que dá a vida pelas suas ovelhas.
outros “pastores”, ou seja, o que o definia Ninguém tomaria a vida de Jesus. Sua
como o Bom Pastor? morte não seria acidental na história. Ele
não entraria na história como um mártir
1) Primeiro, Jesus estava em consonân- assassinado. Ele é o próprio autor da vida.
cia com os propósitos do Pai: ele entra pela Por isso, ele explicou: “ninguém a tira de
18 • PALAVRA E VIDA
mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho provocar a fé e, consequentemente, trazer
poder para dá-la e para tornar a tomá-la” vida e liberdade ante a morte, o pecado e o
(v. 18). Assim, referiu-se à sua ressurreição mal. As obras realizadas em nome do Pai
sob seu próprio poder. comunicam a unidade moral de vontade
entre Deus e Jesus.
2. A abrangência do rebanho do Bom Jesus reafirmou que é o Filho de Deus,
Pastor (v. 16) – O que Jesus quis dizer e que deviam crer nele por causa de suas
com “outras ovelhas que não são deste obras. Por afirmar que o Pai estava nele, e
aprisco”? Literalmente, deveríamos enten- ele no Pai, os fariseus quiseram novamente
der a citação como prenúncio da missão prendê-lo, mas Jesus saiu do meio deles,
aos gentios. O propósito da expressão é e se retirou para além do Jordão, onde
apontar para a necessidade do mundo que muitos creram nele, porque viam que, por
jaz no Maligno (1Jo 5.19) em conhecer Je- suas obras, era verdadeiro o testemunho
sus como Salvador e Senhor sem distinção de João Batista sobre ele, e ali ficou algum
alguma. Por outro lado, a expressão nos tempo, até que as irmãs de Lázaro o man-
coloca frente com a tarefa de evangeliza- daram chamar por causa da sua enfermida-
ção e missões, responsabilidades da igreja de (10.39-42).
como sacerdócio real a serviço do Messias.
O rebanho do Bom Pastor não abrangeria
APLICAÇÕES PARA A VIDA
apenas o povo hebreu, mas se estenderia a
todo o mundo.
1. É importante saber que temos Jesus
3. As provas de que Jesus, o Bom Pastor, a nos comunicar a vida eterna. Não pode
é o Messias (10.22-42) – Alguns, repor- haver dúvida da autoridade de Cristo para
tando-se aos sinais que Jesus tinha feito, cumprir sua promessa. As figuras do pas-
principalmente a cura do cego de nascen- tor e da porta abrem um caminho para a
ça, demonstravam-se impressionados por comunhão com ele.
seu ensino (v. 21), mas outros insistiam na 2. Ter Jesus como Pastor é: (1) superar
acusação de possessão demoníaca. As con- as barreiras instituídas pelo pecado, res-
trovérsias prosseguem. Do versículo 21 ao ponsáveis pela existência humana afastada
22 há um intervalo de tempo. Agora, o de Deus e de suas promessas; (2) reconhe-
ambiente já é o de outra festa em Jerusa- cer estar vivendo pela fé em Cristo, e não
lém, a festa da Dedicação, que ocorria no pelos próprios méritos, como julgavam os
inverno, três meses depois da festa dos Ta- debatedores de Jesus, que se apegavam à le-
bernáculos. “Se tu és o Cristo, dize-no-lo tra da lei; (3) saber que a ressurreição não
abertamente” (v. 24). Em sua resposta, Je- é o começo da vida eterna, mas a certeza
sus ressaltou que já o vinha afirmando, há dela, porque Jesus, no seu estado de exal-
tempos, mas sem obter a devida aceitação. tação, já a fez realidade, pela comunicação
Então, aponta, como principal argumen- do Espírito da vida em nós.
to para provar sua natureza e sua missão 3. Nosso dever é passar adiante estas
messiânica, para as obras realizadas por ele realidades, para que muitos outros possam
em nome do Pai. O objetivo das manifes- crer em Jesus, e passem a fazer parte de seu
tações e milagres realizados por Jesus era rebanho.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 19
EBD • Domingo, 20 de maio de 2012• ESTUDO 8

A chegada a
Texto bíblico:
João 11 e 12

Jerusalém
Texto áureo:
João 11.25,26

Tendo se retirado para a Pereia, depois de poder sobre a morte não se daria com
que o quiseram prender na Judeia, Jesus a cura da enfermidade de Lázaro, mas com
desenvolve um curto ministério nessa re- sua ressurreição.
gião, interrompido pela morte de Lázaro. Os discípulos de Jesus temeram voltar
Ele viaja de volta para Betânia e ressuscita a Betânia, muito próxima de Jerusalém,
Lázaro. Os judeus confabulam para matá-lo onde os fariseus já tinham tentado matar
e, por isso, Jesus se retira para Efraim com Jesus. Mas Tomé, corajosamente, desafia
seus discípulos, seis dias antes da Páscoa; os outros apóstolos: “Vamos nós também
volta a Betânia para participar de uma ceia para morrermos com ele” (11.16).
oferecida a ele. Aí tem seus pés ungidos por Ao chegar, Jesus deparou com a tristeza
Maria. No dia seguinte, entra triunfalmen- pela morte de Lázaro. E, vendo chorar Maria
te em Jerusalém, que ficava a três quilôme- e os judeus que estavam com ela, moveu-se
tros apenas de Betânia. Uns gregos querem em espírito e se perturbou. Então, Jesus cho-
conhecê-lo, e Jesus dá testemunho de sua rou (v. 32-35). Jesus era homem como nós,
missão como luz do mundo e Salvador, cor- com sentimentos. Comover-se em espírito,
roborado por uma voz do céu, que a multi- segundo o verbo grego empregado, é “ge-
dão ouviu como um trovão, e Jesus define, mer”; e perturbar-se é “agitar-se”, indicando
mais uma vez sua missão: ”Porque eu vim, uma reação externa, que transparece no ver-
não para julgar o mundo, mas para salvar o bo “chorou”. Ao mesmo tempo em que era
mundo” (12.47). Aproximava-se o final do homem com emoções, era Deus, o Logos
ministério terreno de Jesus. encarnado, em toda a sua glória e majestade.

1. A ressurreição de Lázaro (Jo 11.1- 2. O poder de Jesus sobre a morte (11.23-


45) – O milagre da ressurreição de Lázaro 44) – Desde a entrada do pecado no mun-
aponta para a glória de Deus porquanto do, a morte é o inimigo principal do ho-
demonstra o seu poder de dar vida a partir mem. Nesta passagem, Jesus demonstra
do presente. A demora de Jesus em ir até sua autoridade sobre a morte ao ressuscitar
Betânia para socorrer Lázaro, que estava Lázaro.
enfermo, segundo mensagem que lhe en- “Teu irmão há de ressuscitar” (v. 23). A
viaram suas irmãs Marta e Maria, está nos afirmação de Jesus não deixa dúvidas. Ele é
versículos 6 a 10. É que a obra de Deus o EU SOU, o Senhor da vida. Ao afirmar
tem seu tempo certo para ser realizada. A “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em
glorificação de Deus pela demonstração mim, ainda que morra viverá”, Jesus articula

20 • PALAVRA E VIDA
a verdade ulterior desse relato, ao plano de tato com alguns gregos que vieram ao seu
todo o livro de João: na vida, morte e res- encontro.
surreição de Jesus é que o homem encontra “Ramos de palmeiras” (v. 13). Segun-
vida (ainda que esteja morto). do Levítico 23.40, os ramos de palmeiras
“Crês tu isto?” (v. 26). Estaria Jesus tes- eram usados para celebrar a festa dos ta-
tando a fé de Marta, ou desejava que a respos- bernáculos. No período interbíblico, os
ta dela servisse de testemunho aos presentes, macabeus usaram ramos de palmeiras para
de modo a confirmar sua condição de Mes- celebrar a libertação do templo e da cidade
sias, uma vez realizado o milagre? O certo é dos conquistadores sírios. Agora, a multi-
que nós, como crentes em Jesus, somos de- dão usa os ramos de palmeiras para saudar
safiados a expressar nossa fé diante dos mais Jesus como rei e Messias. Provavelmente,
intricados problemas com que defrontamos. os ramos eram para sugerir a Jesus que
O milagre da ressurreição de Lázaro fizesse a mesma coisa: libertar o povo de
foi realizado para testemunho aos presen- Israel dos dominadores romanos.
tes do poder de Deus para salvar mediante Para cumprimento de uma profecia mes-
a fé de seus seguidores (v. 42). siânica, que se encontra em Zacarias 9.9, Jesus
Por causa da ressurreição de Lázaro, os entrou na cidade montado em um jumento.
judeus passaram a planejar a morte de Je- Procurado pelos gregos, Jesus mais
sus, por isso, ele se retirou para Efraim com uma vez testemunhou de sua missão (v.
seus discípulos (v. 54), e voltou a Betânia 44-50). Foi o último sermão público de Je-
seis dias antes da páscoa, para uma ceia na sus procurando levar os ouvintes a crerem
casa de Lázaro, Marta e Maria. Durante a nele para alcançarem a vida eterna.
ceia, Maria unge os pés de Jesus, simbolica-
mente preparando-o para a morte. Judas, APLICAÇÕES PARA A VIDA
ganancioso e avaro, protestou contra aque-
le gasto, mas Jesus elogiou o procedimento 1. Jesus é a ressurreição e a vida. Ele
de Maria (12.1-11). Muita gente foi ao lo- prometeu que no último dia ressuscitará
cal, porque queria ver Jesus e também atra- a todos os que lhe pertencem. Esta con-
ída pelo sobrenatural de ver o homem que vicção de fé é a nossa grande esperança e
fora morto e estava vivo. E muitos creram consolo. Perseveremos.
em Jesus. Mas os fariseus decidiram que 2. A mensagem que Jesus pregou em
matariam Jesus, e também Lázaro, porque, Jerusalém sobre sua missão é a mesma que
vendo-o ressuscitado, muitos estavam se precisamos continuar anunciando sem
convertendo a Jesus (v. 10,11). cessar: que ele é o Filho de Deus e veio a
este mundo para oferecer a vida eterna a
3. A entrada triunfal de Jesus em Jerusa- quem crer nele.
lém (12.12-33) – Nesta passagem, o após- 3. Jesus Cristo, o Messias, o Filho de
tolo João apresenta os eventos finais do Deus, é a luz do mundo. Insistir em não
ministério público de Jesus, antes de seu crer nele é andar em trevas. E isto resulta
julgamento, condenação e crucificação. na morte, que é a condenação eterna. Cada
Dois destes relatos têm bastante impor- crente precisa testemunhar de Jesus como
tância para o propósito do autor do Evan- a luz do mundo, para que outras pessoas
gelho: a entrada triunfal de Jesus e seu con- sejam salvas.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 21
EBD • Domingo, 27 de maio de 2012• ESTUDO 9
Texto bíblico:

Um momento João 13

Texto áureo:

difícil João 13.21

Há momentos na vida em que os so- servos que lavavam os pés dos convidados.
frimentos são insuportáveis. Jesus também Jesus ocupou esse lugar de serviço.
os enfrentou. O momento de ele passar Ele sabia que estava para deixar este
desta vida para o Pai estava se aproximan- mundo, e que a continuação de seu traba-
do. Então, ele se reuniu com os apóstolos lho estaria com os seus discípulos. Esta-
num cenáculo cedido por pessoas amigas, riam eles prontos para continuarem? Ele
para comemorar a Páscoa com eles. Essa sabia que necessitariam de coesão, e que a
ceia aconteceu no dia 15 do mês judaico coesão depende do relacionamento e que
de Nisan. Era a última ceia de seu minis- o relacionamento depende do amor. E o
tério terreno. Possivelmente, seus discípu- amor está diretamente ligado à submissão.
los já sentiam no ar o clima tenso de que Assim, ao lavar os pés aos discípulos, pro-
algo terrível aconteceria. Antes, em um clamou uma das maiores mensagens que
discurso, ele já lhes havia dito que ele teria seus discípulos jamais haviam ouvido e
que ir a Jerusalém, ser maltratado, morto visto. E ordenou: “Assim como eu fiz com
e ressuscitar ao terceiro dia: “Desde então vocês, façam o mesmo uns aos outros”.
começou Jesus a mostrar aos seus discípu- A mensagem é que devemos servir uns
los que convinha ir a Jerusalém, e padecer aos outros, porque é servindo que se pra-
muito dos anciãos e dos principais dos sa- tica o amor. Os seguidores de Jesus Cristo
cerdotes, e dos escribas, e ser morto, e res- haveriam de se tornar conhecidos em vir-
suscitar ao terceiro dia” (Mt 16.21). Du- tude de darem a face outra vez, em virtu-
rante essa ceia, Jesus lhes deu uma grande de de servirem uns aos outros. Por causa
lição de humildade e lhes deu instruções disso, muitas vezes, nos consideram fracos
sobre a necessidade de se amarem uns aos e medrosos, mas Deus demonstra, insis-
outros. Ao final dessa ceia, tendo Judas tentemente, que é na fraqueza que ele faz
saído para o trair (v. 30), Jesus instituiu a força. Seu poder se aperfeiçoa na nossa
sua própria ceia, memorial de sua morte e pequenez.
anúncio de sua ressurreição, que até hoje O procedimento de Jesus não foi para
os cristãos comemoram. instituir um hábito litúrgico, semelhante
ao que praticam alguns grupos de religio-
1. Uma lição de humildade (Jo 13.1- sos, com o chamado lava-pés. Seu proce-
20) – Acabada a ceia pascal, e tendo Judas dimento foi para ilustrar a mensagem que
já determinado trair o Mestre, Jesus se le- desejava inculcar nos corações dos seus
vantou da mesa, e começou a lavar os pés discípulos, isto é, que fossem humildes e
aos discípulos. Era costume o anfitrião ter servissem uns aos outros.
22 • PALAVRA E VIDA
2. Um convite ao amor mútuo (Jo 13.18- nhecerão que sois meus discípulos, se vos
30) – A pergunta que poderíamos fazer é amardes uns aos outros” (v. 34,35). Nes-
como alguém poderia trair Jesus, que só pen- sas palavras de despedida, Jesus anunciou
sava em ajudar as pessoas? Curava, pregava e sua morte, ainda numa linguagem velada.
ensinava em todo tempo. Ainda, assim, um Seus discípulos não compreendiam clara-
dos seus discípulos o traiu. mente o que iria acontecer. Por isso, Pe-
Eu poderia apontar algumas respos- dro pronunciou algumas palavras, misto
tas. Uma delas é que o evangelista regis- de coragem e fanfarra que iria terminar
tra que a traição era um cumprimento da na tríplice negação que viria breve. Jesus
Escritura do Antigo Testamento, que já não negou que Pedro morreria por amor
previa que a traição acompanharia o Un- a ele, mas isso não seria naquele momen-
gido de Deus (Sl 41.10). Para as igrejas to. Ele o trairia, mas seria restaurado, e
que nasceram da pregação dos primeiros daria sua vida por Jesus num futuro ainda
apóstolos, esta era mais uma evidência distante, depois da plantação de muitas
nas Escrituras de que Jesus era, realmente, igrejas e do crescimento das comunidades
o enviado de Deus. cristãs pelo império romano.
Os outros Evangelhos narram que Judas
procurou os adversários de Jesus e o vendeu APLICAÇÕES PARA A VIDA
por 30 moedas. A ganância estaria por trás
da traição. O dinheiro aparece como base 1. Jesus morreu para que cada um, ao
de quase todas as traições. O apóstolo Paulo ser salvo por ele, fosse inserido numa igre-
ensinou que “o amor ao dinheiro é a raiz de ja, seu corpo, que é uma comunidade de fé.
todos os males” (1Tm 6.10).
Outras respostas poderiam ser dadas, 2. A natureza da igreja é a vida comu-
mas a essência de todas elas é a fraqueza nitária. Ser igreja implica estar em Cristo
humana. Pedro, de certa forma, também e, ao mesmo tempo, estar unidos em um
traiu Jesus ao negá-lo por três vezes. No mesmo propósito: proclamar a mensagem
caso de Pedro, Jesus o perdoou e, mais tar- de salvação trazida pelo evangelho.
de, ele foi restaurado por Jesus em seu mi-
nistério, mas Judas, nem deu tempo para
isso, porque praticou o suicídio. 3. Não podemos viver numa igreja como
se o outro simplesmente não existisse. As
3. A solene despedida (Jo 13.31-34) pessoas, à nossa volta, devem nos reco-
– Chega, finalmente, a hora da despedida. nhecer pelo amor que praticamos pelos
Jesus está para partir. Ele instituiu a ceia irmãos.
memorial de sua morte. Depois que Judas
saiu, para o vender, ele disse: “Agora o Fi- 4. Numa época de crise, é possível que
lho do homem é glorificado, e Deus é glo- as pessoas vivam tão preocupadas com
rificado nele”, e a seguir lhes deu o novo suas próprias vidas que não percebam o
mandamento: “Um novo mandamento sofrimento do irmão ao lado. Precisamos
vos dou: Que vos ameis uns aos outros estar atentos a isto para que cumpramos o
como eu vos amei a vós, que também vós mandamento de Jesus: Que nos amemos
uns aos outros vos ameis. Nisto todos co- uns aos outros, como ele nos amou.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 23
EBD • Domingo, 3 de junho de 2012• ESTUDO 10

A promessa do
Texto bíblico:
João 14 e 15
Texto áureo:

Espírito Santo João 14.16

No fim da última ceia, tendo Jesus falado co, de consumação do reino de Deus com
a respeito de sua partida para o Pai, os discí- sua volta. Jesus tranquilizou os discípulos
pulos ficaram desolados, pensando em como quanto ao caminho para o lugar para onde
viveriam sem a presença do Senhor amado. iria partir, dizendo que ele mesmo é o ca-
Como haveriam de viver sem suas palavras minho, a verdade e a vida. Basta crer nele e
de conforto, sem seus ensinos? Jesus os con- tudo está bem. Filipe interrompe, queren-
solou, prometendo que mandaria o Espírito do ver o Pai, e Jesus explica que quem o vê
Santo, para não os deixar órfãos. Não os dei- está vendo o Pai. Sua união com o Pai é as-
xaria sozinhos. Nunca os tinha abandonado, segurada pelas obras que ele realizou. E os
e não os abandonaria agora. É este o ensino discípulos realizariam obras maiores, uma
central dos capítulos 14 e 15. Neste estudo, vez que lhes mandaria o Espírito Santo e,
vamos analisar a pessoa do Espírito Santo além disso, tinham o recurso da oração
como Ajudador, Intérprete e Testemunha. para pedirem ao Pai o que precisassem.
No próximo estudo, abordaremos ain-
da sobre o Espírito Santo, no capítulo 16, 2. O Espírito Santo como Parácleto
a respeito de suas funções de Parácleto, En- (14.16-18) – O Espírito Santo é chamado
sinador e Testemunha; e a oração de Jesus de Parácleto e de Espírito de Verdade. Pará-
pelos discípulos, no capítulo 17. cleto é uma palavra grega que tem o sentido
original de “alguém chamado para ficar ao
1. Cristo conforta os discípulos (14.1- lado de uma pessoa para ajudá-la de qual-
15) – A promessa de enviar o Espírito San- quer modo, para defendê-la em processos,
to faz parte das palavras de consolação de como um amigo no tribunal”. No versículo
Jesus ditas aos seus discípulos quando, no 16, Jesus menciona outro Ajudador, o que
fim da última ceia, falou-lhes a respeito de nos dá a entender que os discípulos já ti-
sua partida para o Pai. nham um, que só pode ser ele mesmo. Em
Com palavras de ternura e compaixão, 1João 2.1, Jesus é chamado de nosso “Pará-
ordenou aos seus discípulos que não tives- cleto junto ao Pai”, onde a palavra é tradu-
sem medo: eles criam em Deus, e que con- zida apropriadamente por “advogado”. Jesus
fiassem, também, nele. Ele está indo prepa- tinha sido o Parácleto dos discípulos aqui
rar lugar para, depois, levar para junto de si na terra. Ele tinha combatido por eles, aju-
os que creem nele. Essa promessa pode ser dando-os. Eles puderam aprender com sua
referência ao momento da morte de cada orientação e apoio; só que agora estava pres-
crente, ou pode ter o sentido escatológi- tes a deixá-los. Mas, não os deixaria órfãos.

24 • PALAVRA E VIDA
Mandaria outro Consolador (Ajudador) essa união com ele; é uma união íntima. Não
para estar nos discípulos. Não apenas com pode haver união mais estreita e íntima do que
eles, mas neles e permanentemente. a união entre a videira e seus ramos.
Nos versículos 26 e 27 Jesus volta a fazer a
3. O Espírito Santo como Ensinador (Jo promessa de enviar o Espírito Santo, o qual viria
14.26-31) – Os discípulos poderiam contar para dar testemunho dele. O testemunho que
com a presença do Espírito Santo para exercer Jesus tinha dado, com suas palavras e suas obras,
uma função didática, educadora. Ele os capa- não cessaria quando ele não estivesse mais neste
citaria para se lembrarem dos ensinos de Jesus mundo. O Espírito Santo assumiria este mi-
e os faria compreender tudo. Em outras pala- nistério de testemunhar e o levaria adiante pela
vras, o Espírito Santo lhes serviria de memória instrumentalidade dos discípulos. O cumpri-
e expositor. Os escritores do Novo Testamen- mento desta função está exemplificado em Atos
to experimentaram essa atuação do Espírito 5.32, onde Pedro e seu companheiro, diante do
Santo no dia-a-dia das igrejas. Quando havia sumo sacerdote e do conselho, proclamaram a
necessidades específicas, ele ensinava e mos- ressurreição e a glorificação de Jesus: “Nós somos
trava a vontade de Deus. É esta a convicção testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito
de Paulo, quando escreve a Primeira Carta aos Santo, que Deus outorgou aos que lhe obede-
Coríntios: “...os quais também falamos, não cem”. O testemunho dos discípulos e do Espíri-
com palavras ensinadas pela sabedoria huma- to Santo é o mesmo. Ambos testemunham da
na, mas com palavras ensinadas pelo Espírito obra salvadora de Jesus. Portanto, não pode ha-
Santo, comparando coisas espirituais com es- ver dúvida, Jesus é de fato o Messias prometido
pirituais” (1Co 2.13). de Deus. Testemunha é alguém que viu com os
próprios olhos, e ouviu com os próprios ouvidos.
4. O Espírito Santo como Testemunha Só tem validade para testemunhar quem presen-
(15.1-27) – A promessa do Espírito Santo ciou os fatos. E esta função de testemunhar, que
foi intercalada com um ensino precioso para o Espírito Santo continuaria a exercer perma-
os discípulos, para lhes restaurar a confiança, nentemente, revela que Jesus é o único Salvador.
a segurança, a fé e a esperança. Jesus mostrou Um significado mais amplo do testemunho do
que nada nesta vida, nenhuma circunstância Espírito Santo é indicado em 1João 5.6: “O Es-
pode separar o seu discípulo da comunhão pírito é o que dá testemunho, porque o Espírito
com ele, ao mesmo tempo deixa bem claro Santo é a verdade”.
que o sucesso como obreiros cristãos dependia
da união com ele. Para deixar isto bem claro, APLICAÇÃO PARA A VIDA
usou a figura da videira, tão conhecida de seus
discípulos como moradores da Palestina. O O Espírito Santo prometido foi der-
ensino dos versículos 1 a 25 é sobre a comu- ramado no dia de Pentecostes (At 2) so-
nhão com Cristo, que ele ilustrou com três bre a igreja, e de lá para cá todos os que se
figuras: a videira, o agricultor e os ramos da vi- convertem a Jesus Cristo como Salvador
deira. Esta comunhão com Cristo é espiritual, o recebem no momento quando abrem o
é a união da vida divina com a vida humana, coração para Jesus. Vivemos, pensamos e
e é real e vital, não sendo um assunto de mera agimos sob sua ajuda. Conscientes disto,
afiliação a alguma organização. É uma união santifiquemo-nos e sejamos corajosos em
mútua, porque devemos consentir em aceitar testemunhar de nossa fé.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 25
EBD • Domingo, 10 de junho de 2012• ESTUDO 11

As funções do Texto bíblico:

Espírito Santo e
João 16 e 17

a oração pelos
Texto áureo:
João 16.8-11

discípulos
A referência ao Espírito Santo nos dois justiça que nos foi imputada, para sermos
capítulos estudados na lição anterior (14 e salvos; 3) Quanto ao juízo: o Espírito San-
15) evolui, no capítulo 16, para uma expo- to é quem viria trazer luz ao fato de que o
sição mais ampla das funções do Espírito juízo de Deus é uma realidade cósmica.
Santo, que são três. Depois de consolar os Ninguém pode cometer injustiças e ficar
discípulos e prometer o Espírito Santo, Je- impune. Existe o juízo de Deus. O próprio
sus orou por eles e pelos que haveriam de Diabo, que é o príncipe deste mundo, está
crer (cap. 17). julgado pelo juízo de Deus. Os homens
não podem fazer o mal e ficar por isso mes-
1. Convencer o mundo (16.7-11) – O mo. Com este convencimento, o Espírito
verbo grego traduzido por convencer tem o Santo desperta nos pecadores o desejo de
sentido de trazer à luz, levar a uma convicção. buscar perdão para seus pecados. Dessas
O Espírito Santo leva os pecadores à convic- três maneiras o Espírito Santo confronta o
ção de três realidades: pecado, justiça e juízo. mundo com a necessidade urgente de uma
1) Quanto ao pecado: o pecado con- mudança radical em sua forma de viver e de
siste em não crer em Jesus como o Filho de se relacionar com Deus a partir de sua nova
Deus, e é isto que leva o pecador à conde- maneira de ver o pecado, a justiça e o juízo.
nação. Os pecadores não reconhecem seu
estado de afastados de Deus e condenados 2. Guiar o crente (16.12-14) – Em rela-
(Rm 3.23) até que o Espírito Santo os con- ção aos convertidos, que formam a igreja de
vença disto. Somente ele pode fazer isto. Cristo, a função do Espírito Santo é guiá-los
Portanto, o Espírito Santo ajuda o pecador em toda a verdade. Durante seu curto mi-
a ver que precisa se arrepender e crer. 2) nistério, Jesus sabia que os discípulos não se
Quanto à justiça: o Espírito Santo corrige a apropriaram de toda a verdade, de todos os
ideia errada de que a justiça não foi vista na mistérios que ele procurou ensinar. Mas os
cruz de Cristo. Os críticos da época criam discípulos não ficariam com verdades pela
que Jesus era injusto e merecedor de mor- metade ou com uma compreensão superfi-
rer; e que matar Jesus agradava a Deus. O cial. O Espírito Santo os levaria a uma com-
Espírito Santo viria para levar os pecado- preensão aprofundada e completa dos mis-
res à convicção de que Jesus é a verdadeira térios de Deus. Esta obra continua sendo
26 • PALAVRA E VIDA
feita no meio da igreja de Cristo. O Senhor tempo em que lhes dava uma tarefa espe-
sabia que as sementes da verdade semeadas cial. A oração tem três partes:
naqueles rudes corações germinariam sob 1) Oração por si mesmo: pediu ao Pai
orientação do Espírito Santo. Nenhum para ser glorificado. Embora sendo Deus,
homem chega à compreensão e percepção na encarnação, Jesus teve de experimentar
das verdades eternas sem a ajuda do Con- a humilhação por levar sobre si a conde-
solador. É impossível alcançar o alvo maior nação de nosso pecado. Sua glorificação se
de Deus para nossa vida sem ele. Nenhum daria na cruz e na sua ressurreição. A cruz
obstáculo será demasiado alto, nenhuma era a passagem obrigatória para a glória da
carga demasiada pesada, nenhum problema ressurreição e ascensão ao céu aprovado em
demasiado grande, pois Deus, por meio do sua obra de Redentor. Deus glorificou a Je-
Espírito Santo, tem provido uma maneira sus ao lhe conceder a autoridade de poder
segura de vitória para os crentes. morrer pelos pecados do mundo e procla-
mar a toda a humanidade a graciosa oferta
3. Glorificar a Jesus (16.14) – Glorificar de salvação da parte do Pai, ao mesmo tem-
é tornar visível a realidade majestática de Jesus. po em que o Filho glorificaria o Pai.
É celebrar, dignificar, exaltar. É o Espírito San- 2) Oração pelos discípulos: nesta parte,
to quem torna Jesus Cristo entendido, visto Jesus destaca três pontos principais: a) que
em sua verdadeira natureza de poder e glória, Deus os guardasse; b) que Deus os conser-
como o Filho de Deus e nosso Redentor. E ele vasse em unidade, a fim de que pudessem
desempenha esta função ouvindo de Jesus e mostrar de forma visível a mesma unidade
anunciando aos servos de Deus, permanen- que sempre existiu entre o Filho e o Pai;
temente, os pensamentos, os sentimentos e a desavença na igreja é a mais perigosa arma
vontade de Deus manifestados em Jesus Cris- contra o evangelho de Jesus; c) que os discí-
to. Pela atuação do Espírito Santo, a pessoa de pulos fossem santificados na verdade.
Jesus é cada vez mais engrandecida no seio da 3) Oração pelos futuros discípulos (v.
igreja; e cada vez mais se espalha pelo mundo, 20-24): isto é, por todos os que viriam a
à medida que multiplicamos a obra missioná- crer nele. Jesus pede para que eles, também,
ria, anunciando o seu evangelho. vivessem em unidade, assim como ele e o
Pai são um em unidade, e que desenvolves-
4. A oração de Jesus pelos discípulos sem a mesma missão de testemunho.
(cap. 17) – Depois de prometer que man-
daria o Espírito Santo e de ensinar sobre APLICAÇÕES PARA A VIDA
suas funções, Jesus concluiu seu discurso
de consolação aos crentes, exortando-os 1. A obra de evangelização é feita pelos
a terem coragem e bom ânimo, dizendo: discípulos de Jesus, usados como instru-
“No mundo tereis aflições, mas tende bom mentos de Deus.
ânimo, eu venci o mundo”. 2. Há muitos modismos e falsificações
Após a promessa do Espírito Santo e do evangelho. A verdade é uma só: a que é
do encorajamento, os discípulos ouviram a ensinada pelo Espírito Santo.
mais profunda e íntima oração de Jesus em 3. Jesus orou por nós. Esta é uma ver-
que ele reforçou, mais uma vez, a seguran- dade que, além de elevar a nossa autoesti-
ça da presença divina entre eles ao mesmo ma, traz para nós segurança e alegria.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 27
EBD • Domingo, 17 de junho de 2012• ESTUDO 12
Texto bíblico:

Sofrimento e João 18 e 19

morte de Jesus
Texto áureo:
João 19.30

Estes dois capítulos poderiam ser con- 600 soldados; além deles, foram alguns
siderados como o clímax do sofrimento de judeus, guardas do templo. Levavam lan-
Jesus, pois nos lembram o sangue, o suor e ternas, tochas e armas. Talvez pensassem
as costelas vazadas pela lança do soldado que Jesus tivesse um exército para lutar por
romano, no Calvário. Os dois capítulos ele, daí o aparato; 3) Jesus manteve sereni-
são os mais tristes mas, graças a Deus, eles dade, e diante da soldadesca que se aproxi-
não fecham a história. Passando aos capí- mou, perguntou a quem procuravam, e se
tulos 20 e 21 encontramos os relatos da apresentou: “Sou eu”. Então, os soldados
vitória do Messias, pela sua ressurreição e caíram por terra (18.5). Alguma evidência
subida para os céus. É com este sentimen- da divindade de Jesus deve ter causado essa
to de vitória que vamos estudar estes capí- reação; 4) Jesus protegeu os discípulos, or-
tulos que marcaram para sempre a história denando aos soldados: “Deixai ir estes”; 5)
da humanidade. Pedro, impetuoso, deu um golpe de espada
no primeiro que pôs as mãos em Jesus, e
1. A prisão de Jesus no Getsêmane (18.1- cortou-lhe uma orelha; mas Jesus o curou e
12) – Após a ceia no cenáculo e o discurso repreendeu a Pedro. Então Jesus foi levado,
de consolação aos discípulos feito pelo Se- sem nenhuma resistência.
nhor, em que prometeu a vinda do Espírito
Santo, Jesus saiu com seus discípulos para 2. O julgamento e Jesus (18.13-40) –
enfrentar o inimigo. Entre a saída e a prisão, O julgamento de Jesus ocorreu em duas
que se deu no Getsêmane, houve o episódio esferas de poder: a esfera dos judeus (o
da oração em que o Senhor, angustiado, poder religioso), e a esfera dos romanos (o
pediu ao Pai que passasse dele aquele cáli- poder político de dominação):
ce, narrado pelos outros Evangelhos (Mt a) O julgamento judeu (18.13-27): Je-
26.36-46; Lc 22.39-46; Mc 14.32-42). João sus foi conduzido primeiramente a Anás
narra os acontecimentos em cinco mo- para um interrogatório preliminar. Anás
mentos: 1) Jesus foi para o horto delibera- não era mais o sumo sacerdote, mas con-
damente porque tinha consciência de que servava o título, e era sogro do atual, que se
sua hora tinha chegado. Era um lugar que chamava Caifás. Anás o interrogou sobre
ele frequentava normalmente quando ia a seus discípulos e sobre sua doutrina. Jesus
Jerusalém; Judas também conhecia o lugar nada disse sobre os discípulos; e, sobre sua
e podia prever a ida de Jesus para lá; 2) O doutrina, declarou que todos eles haviam
exagero de força para prender Jesus. Uma tido oportunidade de o ouvir publicamen-
coorte romana tinha aproximadamente te e, por isso, não precisava responder. A
28 • PALAVRA E VIDA
seguir, foi levado a Caifás. Foi nessa fase dadas aos carrascos, geralmente em número
do julgamento que Pedro, apontado como de quatro. A túnica de Jesus era uma peça
um dos discípulos de Jesus, o negou três única, sem costura e, para não a estragar,
vezes, como Jesus predissera. lançaram sorte sobre ela, cumprindo, assim,
b) O julgamento dos romanos (18.28- uma profecia contida no Salmo 22.18. 3) O
40). Pilatos, o governador romano, inter- cuidado de Jesus com Maria (v. 25-27). De-
roga os acusadores de Jesus (v. 28-32) para monstrando seu amor e zelo filiais, em meio
ouvir formalmente as acusações dos líde- ao sofrimento, a entregou aos cuidados do
res judeus. Entendendo que se tratava de discípulo João. 4) Jesus sentiu sede (v. 28,29)
alguma questão de transgressão de alguma e lhe deram vinagre, o que cumpriu a escritu-
lei judaica, alegou que eles é que o deviam ra do Salmo 69.21. 5) “Está consumado” (v.
julgar. Mas os judeus insistem e revelam 30). Estas foram as últimas palavras de Jesus.
sua intenção: queriam matar Jesus, e so- Elas mostram que Jesus completou, de uma
mente o governador romano tinha auto- vez para sempre, tudo o que o Pai lhe havia
ridade para sentenciá-lo à morte. Pilatos, ordenado e que fora previsto pelos profetas.
então, interroga a Jesus. Indagado se era Ali estava o Messias de Deus dando a vida
o rei dos judeus, Jesus respondeu que seu pelos pecadores e cumprindo toda a justiça
reino não é deste mundo. Pilatos não viu de Deus. O capítulo 19 termina com o se-
em Jesus uma ameaça para o poder roma- pultamento de Jesus.
no. Por isso, perguntou duas vezes se ele se
considerava rei. À pergunta de Pilatos so- APLICAÇÕES PARA A VIDA
bre o que é a verdade, Jesus não respondeu.
Pilatos concluiu que Jesus não representa- 1. A crucificação de Jesus Cristo nos
va perigo para a autoridade imperial. Por oferece o modelo divino de sacrifício e re-
que, então, continuar com o julgamento? núncia. Muitas vezes, seremos convocados
c) A decisão do tribunal romano (v. 39- a deixar de lado nosso eu, nossa situação
19.5). Pilatos, desejando continuar com sua confortável para realizar a vontade de Deus.
popularidade, para agradar aos judeus, prosse- 2. Como crentes, somos desafiados pelo
guiu e, como era costume dar anistia a um pri- amor de Deus demonstrado na cruz do Cal-
sioneiro no dia da Páscoa, transferiu a decisão vário, a sermos fiéis a ele custe o que custar.
para o próprio povo. Na fúria incontrolada, a 3. Jesus é o rei eterno. O império ro-
multidão bradava para soltar o assaltante Bar- mano com todo o seu poder passou. Mas
rabás e matar Jesus. Feita essa hedionda troca, o reino instaurado por Jesus permanece.
Jesus foi conduzido ao Calvário. Nós somos súditos do seu reino, pois ele
ofereceu a vida para nos resgatar do pe-
3. Os acontecimentos do Calvário (19.17- cado e da morte. Precisamos divulgar seu
42) – 1) Pilatos mandou escrever em uma evangelho por todo o mundo.
placa o título desdenhoso: “O rei dos ju- 4. A morte de Jesus abriu o caminho
deus” para pregar na cruz. Sua intenção era, para o céu. Na Carta aos Hebreus lemos
provavelmente, humilhar os judeus, aos que ele abriu com sua carne (sua morte na
quais ele desprezava, e ridicularizar a Jesus cruz) um novo e vivo caminho para o tro-
(v. 19-22). 2) A sorte lançada sobre a túnica no de sua majestade pelo qual somos exor-
(v. 23,24). As vestes dos condenados eram tados a entrar corajosamente (Hb 10.20).

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 29
EBD • Domingo, 24 de junho de 2012• ESTUDO 13
Texto bíblico:

Ressurreição João 20 e 21

e vida
Texto áureo:
João 20.27

A ressurreição de Jesus é o fato de maior perguntaram por que estava chorando. E,


significação na história da redenção. O ao lhes responder, ela olhou para trás e di-
apóstolo Paulo, escrevendo a respeito da visou um vulto em pé, que ela pensou ser o
ressurreição, chegou a dizer: “Se Cristo não jardineiro. Pela tristeza, seus olhos cheios de
ressuscitou é vã a vossa fé” (1Co 15.17-19). lágrimas estavam impedidos de reconhecer
Sim, porque a ressurreição é a corroboração Jesus, como mais tarde aconteceria aos dois
de todo o evangelho de Jesus, é a confirma- discípulos que caminhavam para Emaús (Lc
ção de sua natureza divina, de ser ele o Filho 24.13-35). Ela só conseguiu identificá-lo,
de Deus, de ter ele vencido a morte, e de quando ele a chamou pelo nome: “Maria!”
serem verdadeiros os seus ensinos e verda- e ela gritou: “Raboni!”, palavra hebraica
deiras as suas promessas. Ele foi declarado geralmente usada para referir-se a Deus, au-
ser, realmente o Filho de Deus, pela sua res- mentativo de Rabi (Mestre). Então, Jesus lhe
surreição, conforme Romanos 1.1-4. ordenou que fosse anunciar aos outros.

1. O túmulo vazio (20.1-10) – Jesus 3. Jesus aparece aos discípulos (20.18-


morreu numa sexta-feira à tarde, no dia da 23) – Os discípulos haviam se reunido e,
celebração da Páscoa. Ele se ofereceu como com medo dos judeus, mantinham a porta
o Cordeiro de Deus, como a “nossa páscoa” fechada.
(1Co 5.7). E, no primeiro dia da semana, Foi nessa situação que o Senhor os en-
de madrugada, Maria Madalena foi ao se- controu na tarde do mesmo dia, que era
pulcro, e viu a pedra da porta retirada. Era o primeiro dia da semana. Simplesmente
comum, na Palestina, haver pilhagem de se- apareceu no meio deles e lhes mostrou suas
pulcros, que eram escavados em barrancos mãos com as marcas dos cravos para que não
de rochas formando pequenos quartos, aci- tivessem dúvidas de que era ele mesmo, o
ma do solo, com a entrada coberta por uma Cristo histórico que vivera com eles, e ago-
pedra. Ela foi correndo avisar aos discípulos ra não mais como o Deus encarnado, mas
que haviam levado o corpo de Jesus, e estes como o Senhor, soberano sobre a vida e a
a acompanharam, e viram o túmulo vazio. morte. Em meio à sua imensa alegria, Jesus
lhes deu a paz, soprou-lhes o Espírito Santo
2. Jesus aparece a Maria Madalena e lhes deu a missão de serem testemunhas de
(20.11-17) – Ela foi a primeira testemunha tudo o que tinham visto e ouvido.
da ressurreição de Cristo. Desolada, ficara ali
chorando, quando os discípulos se retiraram, 4. Jesus aparece novamente, com Tomé
e viu dentro do sepulcro dois anjos, que lhe presente (20.24-31) – Tomé era de tempe-

30 • PALAVRA E VIDA
ramento triste e pessimista (11.8, 16; 14.5), sem que fazer posto que Jesus continuava
deixou-se abalar com a tragédia do Calvá- a conviver com eles. Era como se aguar-
rio. Sua fé estava enfraquecida mas, mesmo dassem dele alguma nova orientação. João
assim, continuava fiel e não abandonara o narra os seguintes detalhes desse encontro:
convívio com o grupo de apóstolos. Somen- 1) A pescaria infrutífera seguida da maravi-
te não estivera presente no primeiro dia da lhosa (v. 1-7): Pedro, como líder, chama os
semana anterior, quando Jesus aparecera, por outros e diz “vou pescar”. Jesus aparece aos
motivo desconhecido. Ele ouviu o testemu- discípulos, mas estes não o reconheceram,
nho dos demais e retrucou que se não visse os à distância de que estavam, nem mesmo
sinais dos cravos e não metesse a mão no seu quando Jesus os orientou a lançarem a rede
lado que fora perfurado com uma lança, de em outro lugar. Quando, porém, aconteceu
maneira alguma creria. Geralmente, Tomé é o milagre da pesca de 153 peixes, o discípu-
criticado por ter se recusado a crer no teste- lo amado (João) o reconheceu e gritou ser
munho de seus companheiros de discipula- o Senhor. Pedro se jogou ao mar e nadou
do. Mas, em verdade, o fato de existir, entre para a praia enquanto os outros continua-
os discípulos, um que exigia provas do que ram levando o barco para a praia, distante
os outros diziam, se constituiu em fortaleci- uns 100 metros. 2) Uma refeição na praia
mento na convicção de que de fato Jesus res- (v. 9-13): Ao chegarem à praia, encontra-
suscitou. Ao ver Jesus, Tomé se prostrou e ex- ram uma refeição preparada por Jesus, e este
clamou: “Senhor meu, e Deus meu”. É isto o os convidou, numa demonstração de zelo
de que precisamos: fé no Cristo ressuscitado. para com os discípulos. 3) A restauração
Os versículos 30 e 31, aparentemente, de Pedro (v. 15-23): Jesus submeteu Pedro
são o epílogo do livro de João, mas não são. ao teste do amor naquela praia. Pedro teve
Ele ainda vai acrescentar o encontro de Je- oportunidade de restaurar-se de sua traição
sus com os discípulos na praia do Mar de ao confessar seu amor por Jesus, e este o res-
Tiberíades (o mesmo Mar da Galileia). Es- taurou em seu ministério para continuar,
tes versículos são apenas o seu comentário com os outros, a espalhar o evangelho. Je-
à exortação de Jesus a Tomé, quando disse: sus queria que os discípulos continuassem a
“Bem-aventurados os que não viram e cre- obra iniciada. Não poderiam parar. 4) Jesus
ram”. João termina declarando qual o pro- incumbiu Pedro de o seguir para alguma
pósito que inspira a obra (v. 31), a saber, o tarefa e falou a respeito de seu futuro, e o re-
de trazer o leitor, embora entre aqueles que preendeu por que queria saber a respeito do
“não viram” a fé em Cristo” (A. J. Macleod, que seria de João. 5) O enceramento do li-
in: O Novo Comentário da Bíblia, Ed Vida vro de João está nos dois últimos versículos:
Nova, p.1098). João mesmo testificou de si, em nome dos
demais, que seu testemunho, como escritor
5. Jesus aparece a sete discípulos jun- desse Evangelho, era verdadeiro (1Jo 1.1-3).
to ao Mar de Tiberíades (21.1-23) – Pelo
versículo 14, ficamos sabendo que esta foi APLICAÇÃO PARA A VIDA
a terceira vez que Jesus apareceu aos discí-
pulos depois de ressuscitar. Ao que parece, Não vemos, mas cremos. Jesus nos per-
os discípulos estavam voltando às suas ati- gunta, a cada um de nós: “Amas-me?” Se real-
vidades normais, como se nada mais tives- mente o amamos, continuemos sua obra.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 31
Informação denominacional

Radical
Voluntários sem fronteiras
O que é? Visão

Com a finalidade de contribuir para O Projeto Radical – Voluntários


que uma oportunidade se transforme em Sem Fronteiras visa exercer o papel de
realidade, a JMM pensou em uma estraté- agente propulsor de um grande despertar
gia diferenciada de fazer missões, implan- e de treinamento da juventude evangélica
tando em 2003 o Projeto Radical África. batista para o trabalho missionário, para
Trata-se de um novo paradigma missioná- viver e anunciar o evangelho de Jesus Cris-
rio, que tem como objetivo enviar jovens to, de tal forma que suas vidas e ministé-
evangélicos para atuarem em diferentes rios sejam a real tradução das palavras de
regiões do mundo, especialmente entre despedida do apóstolo Paulo aos líderes de
os povos não-alcançados, sinalizando o Éfeso: “Em nada considero a vida preciosa
reino de Deus por meio da proclamação e para mim mesmo, contanto que complete
do serviço em favor da vida e da promoção a minha carreira e o ministério que recebi
da dignidade do homem, conforme os pa- do Senhor Jesus, para dar testemunho do
drões estabelecidos por Deus. evangelho da graça de Deus” (Atos 20.24).

Inicialmente, o objetivo era trabalhar Missão


com as comunidades com os mais baixos
IDH (Índice de Desenvolvimento Huma- Capacitar o jovem vocacionado para
no) segundo a ONU e que estão situadas anunciar o evangelho de Jesus Cristo por
no Norte da África. No entanto, o aumento meio da proclamação e do serviço em de-
crescente de candidatos e convites de parce- fesa da vida e da promoção da dignidade
rias para implantar o projeto em outras regi- do homem, conforme missão anunciada
ões e contextos, nos levou a ampliar o pro- em Isaías 61:
grama para outros continentes e a rebatizá-lo
com o nome “Voluntários Sem Fronteiras”. “O Senhor Eterno me deu o seu
Com isso, contabilizamos mais de 100 jo- Espírito, pois ele me escolheu para
vens distribuídos entre as quatro equipes do levar boas notícias aos pobres. Ele me
Radical África (6 enviadas e uma em treina- enviou para animar os aflitos, para
mento), 3 turmas do Radical Luso-Africano anunciar a libertação aos escravos
e 4 do Radical Latino-Americano. e a liberdade para os que estão na

32 • PALAVRA E VIDA
prisão. Ele me enviou para anunciar locais, interagindo com os nacionais, por
que chegou o tempo...Ele me enviou meio de suas vidas transformadas e molda-
para consolar os que choram, para dar das conforme o caráter de Cristo.
aos que choram em Sião uma coroa de
alegria, em vez de tristeza, um perfume Quanto à denominação de “Voluntá-
de felicidade em vez de lágrimas, e rios Sem Fronteiras” com que passamos a
roupas de festa em vez de luto.” chamar o jovem enviado ao campo missio-
nário, trabalhamos com o conceito utiliza-
Conceito do pelo voluntariado internacional e que,
por sua vez, se aproxima da definição de
O conceito do projeto é formar e en- voluntário proposta por Aurélio Buarque
viar o “missionário mochileiro”, em gru- de Holanda, que o descreve como sendo
po, para causar impacto nas comunidades um sujeito de “vontades” e “espontâneo”.

Perfil do candidato

• Ser crente, cujo caráter demonstre comprometimento com o Senhor Jesus Cristo;
• Ser vocacionado para trabalhar entre povos não-alcançados;
• Ser membro atuante de uma mesma igreja batista por, no mínimo, três anos;
• Estar envolvido com evangelismo pessoal e discipulado;
• Ser solteiro(a), com idade entre 18 a 30 anos e ter no mínimo o Ensino Médio
completo;
• Estar disposto a ter um estilo de vida radicalmente diferente, vivendo sem dinhei-
ro próprio e, sim, de um fundo comum, e depender inteiramente da provisão divina;
• Zelar e promover o bem do grupo, realizando todo trabalho em equipe;
• Ser humilde, aceitando exortações com espírito alegre;
• Estar pronto a ser um aprendiz;
• Ser flexível e capaz de suportar pressões e aceitar circunstâncias adversas;
• Estar disposto a fazer qualquer tipo de serviço com alegria e ações de graças;
• Ser submisso à liderança;
• Estar determinado a assumir um compromisso de, pelo menos, quatro anos;
• Ser saudável física, mental e psicologicamente, comprovado mediante exames
e avaliações.
• Estar em dia com todos os compromissos em seu nome.
___________________
http://www.jmm.org.br

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 33
DCC

Divisão de
Crescimento Cristão
Este trimestre tem várias ênfases especiais: 1) Paixão e ressurreição de Cristo (estudos para 6
e 13 de abril); 2) Dia da EBD (quarto domingo de abril); 3) Dia das Mães (segundo domingo
de maio), além dos estudos a respeito da família, sobre o Pentecostes, que ocorreu 50 dias depois
da ressurreição de Jesus e o assunto escatológico, que é a volta de Jesus Cristo (estudo 13).

Além destas ênfases contempladas com estudos para as Uniões de adultos, lembra-
mos que várias datas nacionais ocorrem neste trimestre, como morte de Tiradentes (21 de
abril), Dia do Trabalhador (1 de maio) e Dia dos Namorados (12 de junho). Todas estas
datas poderão ser usadas pelas Uniões para atividades especiais, visando ao crescimento,
edificação, confraternização, lazer e ação social. O importante é que as diretorias das Uni-
ões planejem com antecedência um projeto de atividades úteis para as Uniões de adultos.
Sugerimos as seguintes atividades:

1. Campanha de matrícula e divulgação da Escola Bíblica Dominical – Este esforço


poderá ocorrer no último fim de semana de abril, quando se comemora o Dia da Escola
Bíblica Dominical. Todos os unionistas, com o apoio da direção da EBD da igreja, deverão
participar. Sendo possível, preparar fichas em que um lado se divulgue a EBD, seus horá-
rios e atividades e no verso uma ficha de inscrição para quem desejar tornar-se aluno da
Escola Bíblica Dominical. Este esforço pode abranger os membros da igreja nos intervalos
dos cultos, anúncios nos cultos, a vizinhança da igreja e amigos e familiares não-crentes de
membros da igreja.

2. Passeio das famílias – Este evento deverá ter como objetivo o lazer das famílias da
igreja. Deve ser escolhido um local aprazível, como chácara, sítio, fazenda, acampamento
de fácil acesso para todos. Havendo possibilidade, alugar um ônibus para que a maioria
possa participar, especialmente, aqueles que quase sempre não conseguem participar.

As atividades de lazer e esportivas deverão ser realizadas para bem-estar e, por isso, não
devem ter horários e programas rígidos, pois, às vezes, isso causa estresse nas pessoas. Todos
deverão compartilhar da comida que levarem a fim de que haja maior confraternização
entre todos. Cada igreja conhece melhor seus membros. Por isso, as atividades específicas
que mais agradam a comunidade deverão ser realizadas. Esse passeio pode ser realizado no
último sábado de maio.
34 • PALAVRA E VIDA
Os estudos da Divisão de Crescimento Cristão
abrangem os seguintes temas e enfoques:

DCC 1 – Ressurreição: Celebração da vitória 36

DCC 2 – A igreja de Cristo e o consumismo 37

DCC 3 – Capacidade para ensinar a Bíblia 38

DCC 4 – Como ensinar a Bíblia 39

DCC 5 – Casamento saudável: Construção permanente (I) 40

DCC 6 – Casamento saudável: Construção permanente (II) 41

DCC 7 – Capacitação da famíia (I) 42

DCC 8 – Capacitação da famíia (II) 43

DCC 9 – Família e cidadania 44

DCC 10 – Igreja: Sua identidade e missão (I) 45

DCC 11 – Igreja: Sua identidade e missão (II) 46

DCC 12 – A volta gloriosa de Jesus 47

DCC 13 – Lições de Deus 48

Esperamos que estes estudos possibilitem o melhor engajamento


na obra de Deus e, também, a melhoria da vida devocional de cada
crente.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 35
DCC • Domingo, 1 de abril de 2012• ESTUDO 1

Ressurreição:
celebração da vitória
Clemir Fernades Silva

Após ser julgado e condenado, Jesus medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que
teve que caminhar para o Gólgota, um foi crucificado. Ele não está aqui porque já
monte que ficava fora dos muros de Jerusa- ressuscitou” (28.5,6). Os discípulos foram
lém, carregando a sua cruz. Lá, ele enfren- notificados, foram lá e viram o túmulo vazio,
tou a dor dos cravos em seus pés e nos pul- mas a verdade da ressurreição só se confirmou
sos, o sol causticante e as zombarias de que quando, estando reunidos no primeiro dia da
foi objeto. Ao final da sexta-feira, constata- semana, Jesus apareceu entre eles e os saudou.
do que Jesus falecera, com o consentimento
de Pilatos, José de Arimateia fez o sepulta- 2. Ele não está aqui. Jesus ressuscitou –
mento de seu corpo num túmulo de rocha, Nestas simples palavras encontramos a maior
observado de longe por algumas mulheres. de todas as mensagens já proferidas por qual-
quer pessoa. Toda a fé dos cristãos está funda-
1. Da tristeza para a alegria – Deus não mentada no significado destas palavras. Por isso
se deixa escarnecer. A alegria de seu povo mesmo o cristianismo é uma religião diferente,
havia de ser restaurada e a vitória de Cristo superior, pois todos os líderes de outras religiões
celebrada (Mt 28.1-10). A tristeza da morte morreram e seus restos mortais permaneceram
de Jesus e de seu sepultamento foi substituí- sepultados. Pode-se afirmar que Buda está na
da pela alegria da notícia que correu entre os sepultura, assim como Confúcio, Maomé.
discípulos: Jesus ressuscitou. Nenhuma das Jesus Cristo é o único que após morrer, res-
datas do calendário cristão como Natal, Pen- suscitou e está assentado à direita de Deus
tecostes, Reforma Protestante se assemelha intercedendo por todos quantos o buscaram
ao fato singular que é celebrado na data da em espírito e em verdade. Hoje, não estamos
ressurreição de Cristo. A ressurreição do Se- como aqueles discípulos que caminhavam
nhor é a data magna da igreja de Cristo. Foi para Emaús, depois que Jesus morreu. Não.
a partir da ressurreição que a igreja passou a Caminhamos de cabeça erguida, com um sor-
celebrar seus cultos no primeiro dia semana. riso na face e um cântico de vitória nos lábios.
Os versículos 1 e 2 de Mateus 28 dizem Nossa esperança está viva e atuante. Esperança
que “após o sábado, ao raiar do primeiro dia que é segurança, certeza, Jesus Cristo.
da semana houve um grande terremoto e um
anjo do Senhor desceu do céu e removeu a Conclusão – Vivamos sempre nos lem-
pedra do sepulcro”. O anjo, que as mulheres brando de que servimos ao Cristo vivo, eter-
viram no sepulcro, lhes disse: “Não tenhais namente vivo.

36 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 8 de abril de 2012• ESTUDO 2

A igreja de Cristo
e o consumismo
Oliver Costa Goiano

O consumismo tem sido uma das mar- coisas. Entretanto, o que se vê é que os ho-
cas, talvez a maior delas, da sociedade con- mens, incluindo muitos crentes, em vez de
temporânea, e influencia também as famílias dominar, são dominados pelas coisas.
cristãs e as igrejas. Os meios de comunicação As pessoas dominadas pelo dinheiro são
se encarregam de transmitir esta mensagem facilmente reconhecidas. São aquelas que
satânica do apelo ao consumismo da manei- para se sentirem bem precisam fazer compras
ra mais explícita e desimpedida possível. O constantemente e, por isso, se envolvem em
consumismo tem influenciado as igrejas, que problemas de cheques especiais e cartões de
podem estar se esquecendo das palavras de crédito. O pecado não está no dinheiro, mas
Jesus: “Ninguém pode servir a dois senho- na má administração dele. Esse era o proble-
res... Não podeis servir a Deus e às riquezas” ma do moço de qualidade; ele não dominava
(Mt 6.24). É preciso refletir biblicamente o dinheiro, porém, o dinheiro o dominava,
para combater o consumismo. O texto de o dinheiro era o deus dele (Mt 19.16-24).
Hebreus 13.5,6 ensina como combatê-lo. Quantos crentes sofrem deste mal? As igrejas
estão cheias de crentes humildes, que moram
1. Precisamos ser livres do amor ao em casas humildes e em lugares humildes.
dinheiro – O autor da Carta aos Hebreus Todavia, o que surpreende é o que existe de
inicia o versículo 5 orientando os cren- aparelhos eletrônicos na casa desses crentes.
tes sobre o desapego aos bens materiais e Há crentes que investem mais nesses apare-
mais, explicitamente, ao dinheiro. O amor lhos do que em comida e saúde.
ao dinheiro se chama avareza. Por isso, é
que outra versão registra: “Sejam, vossos 2. É preciso disciplina, para não se gas-
costumes sem avareza”. A primeira atitu- tar mais do que se ganha – Adquirir bens é
de do crente para vencer o consumismo é bom, porém, deve acontecer dentro de um
o desapego ao dinheiro. Desapegar-se do planejamento financeiro. Por isso, gaste so-
dinheiro não é deixar de trabalhar para mente o que ganha.
ganhá-lo, porque ele é necessário para a sa-
tisfação das necessidades da vida humana. Conclusão – Não seja dominado pelo
Desapegar-se do dinheiro é não ser domi- dinheiro. Compre somente o necessário.
nado por ele. Não gaste mais do que você ganha. Paulo
Em Gênesis 1.25, lê-se que o homem já dizia: “O amor ao dinheiro é a raiz de
foi criado para dominar sobre todas as todos os males” (1Tm 6.10).

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 37
DCC • Domingo, 15 de abril de 2012• ESTUDO 3

Capacidade para
ensinar a Bíblia
Jairo Lucas Calixto de Oliveira

Neste domingo e no próximo estaremos o professor precisa estimular seus alunos a


estudando sobre o ensino da Bíblia. Nestes criarem as condições para tornar a Bíblia rele-
dois estudos buscaremos apontar o que é en- vante para suas vidas.
sinar a Bíblia, a relevância da Bíblia e como
devemos ensinar a Bíblia. 2. A relevância da Bíblia – Nós atribuí-
mos valor às coisas com as quais mantemos
1. O que é ensinar a Bíblia – Todo aquele afinidade; aquelas coisas que de alguma ma-
que pretende ajudar outras pessoas a conhece- neira despertam o nosso desejo ou respon-
rem a Bíblia terá que recorrer, conscientemente dem às nossas necessidades. Para que a Bíblia
ou não, a certas técnicas pedagógicas. Não é seja relevante para alguém é necessário que
possível ensinar o que quer que seja sem que se tal pessoa tenha o seu desejo voltado para a
faça uso da pedagogia. Aquele que ensina, pri- Bíblia. Essa pessoa precisa descobrir que a
meiro precisa compreender a essência e o signi- Bíblia tem respostas válidas para as suas ne-
ficado daquilo que vai ensinar. A função de um cessidades, pois isto é que despertará o seu
professor é muito mais do que ajudar a decorar. desejo de conhecer as Escrituras. Isto não é
A preocupação fundamental do educador decorrente de um decreto, nem da força do
cristão não deve ser a quantidade de versículos hábito de ler, nem da possibilidade de repeti-
que o seu aluno já conseguiu memorizar nem ção de versículos decorados.
a habilidade com a qual ele pode manusear sua O professor é a pessoa que pode despertar
Bíblia. Ainda que estas coisas tenham a sua im- em seus alunos o desejo de se aproximarem
portância, elas não são essenciais. cada vez mais da Bíblia e de sentirem neces-
Engana-se, igualmente, quem pensa que sidade de se apropriar de seus ensinos. Mas o
ensinar é simplesmente transmitir conhe- professor, se não for capacitado e habilidoso em
cimentos. Para ser eficiente, o processo de sua tarefa, poderá provocar justamente o efeito
ensino-aprendizagem precisa ser mais do contrário. Pode ocorrer que o aluno se distancie
que a mera transferência de informações. Isto da Bíblia em virtude de não conseguir perceber
deforma o aluno à medida que tende a fazer sua veracidade e a importância de seu conteú-
dele um mero repetidor de conceitos. do para sua vida, porque tal conteúdo lhe foi
A educação cristã deve ser concebida apresentado sem confiança e de modo confuso
como uma atividade provocativa. Em vez de e contraditório. O professor precisa, portanto,
ajudar a pessoa a decorar conceitos ou versícu- manifestar sua fé em que a Bíblia é, realmente, a
los ou simplesmente transmitir informações, Palavra de Deus.

38 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 22 de abril de 2012• ESTUDO 4

Como ensinar a Bíblia


Jairo Lucas Calixto de Oliveira

Não há uma receita infalível para que nados. O professor não pode ter preguiça
o ensino da Bíblia seja um sucesso, mas há de aprender e nem deixar de pesquisar.
alguns princípios que não podem ser es-
quecidos pelo professor que deseja ensinar 3. O mundo de hoje – Para que saibamos
a Bíblia com eficiência. Eis alguns. identificar os problemas de nosso tempo, para
os quais buscamos respostas na Bíblia, o pro-
1. Ampliar seu conhecimento – Além da fessor não pode deixar de ler jornais e revistas
leitura da Bíblia e da oração que são, eviden- e de procurar obter informações pelos outros
temente, fundamentais, o professor que deseja modernos meios de comunicação, como
ser eficiente em seu trabalho cristão de ensinar televisão, rádio e internet. Conhecendo o
precisa ampliar seus conhecimentos gerais. mundo, sabendo quais as suas características,
Um bom professor da Bíblia é alguém tendências, problemas, angústias e perigos, o
capaz de ler o texto, entender o que ele está professor estará melhor preparado para ir di-
dizendo e encontrar o sentido do que lê na reto aos problemas e ajudar os alunos a encon-
Bíblia para o tempo em que estamos viven- trarem as melhores respostas para suas vidas.
do, ou seja, não há ensino da Bíblia sem in-
terpretação do texto bíblico. Ocorre que, 4. É preciso ouvir os alunos – O profes-
para conseguir uma boa interpretação, o sor da Palavra de Deus, além de estudar as-
professor precisa conhecer bem dois mun- suntos pertinentes à Bíblia e assuntos perti-
dos: o mundo em que a Bíblia foi escrita, nentes às características do mundo de hoje,
para ter certeza de entender o que o escri- com seus grandes problemas, angústias,
tor bíblico queria dizer quando escreveu. perigos e tentações, precisa dialogar com
Precisa, também, conhecer o mundo de os alunos. Precisa ouvi-los porque somente
hoje, para ser capaz de fazer com que o tex- assim poderá saber o que se passa em seus
to atenda às necessidades de seus alunos. corações e quais as suas reais dificuldades.

2. O mundo bíblico – Para conhecer o Conclusão – O professor, que deseja ser


mundo, da Bíblia, é preciso recorrer a li- eficiente, precisa estudar; precisa ler livros so-
vros apropriados como livros sobre arque- bre a Bíblia que o ajudem a entender os tex-
ologia bíblica, geografia bíblica, história tos; precisa estar em dia com as notícias de
bíblica, sociologia bíblica, mapas bíblicos seu país e do mundo; precisa conhecer seus
e comentários bíblicos. O professor pre- alunos. Tudo isto, além da leitura constante
cisa manter permanente curiosidade em da Bíblia. Há de orar sem cessar e há de, cons-
relação à Bíblia e aos assuntos a ela relacio- tantemente, estudar.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 39
DCC • Domingo, 29 de abril de 2012• ESTUDO 5

Casamento saudável
Construção permanente (I)
Remy Damasceno Lopes

Quem nunca sonhou em viver um grande dades sexuais etc., mas não regras específicas
amor, em casar-se com uma pessoa amiga e de de comportamento. A frustração e a crise são
viver uma vida conjugal alegre, de ter um relacio- consequências inevitáveis, pois não há como
namento feliz? Acontece que no momento de se encaixar modelos em realidades distintas.
tentar essa felicidade, esbarra-se com uma reali- Não há como construir um casamento
dade diferente do sonho. Quando você pensa no saudável sem romper com os ideais alimen-
casamento, estabelece padrões ideais? tados com carinho, mas sem nenhuma co-
erência, fundamentados, muitas vezes, em
1. O que é ideal pode ser destrutivo – Nós
noções infantis, sem vinculação com a Bíblia
somos pessoas com características próprias,
ou com a realidade da vida. Não é fácil aban-
possuímos aspectos agradáveis e desagradáveis
donar sonhos, nem romper com modelos.
e, como Paulo, enfrentamos inclinações da
carne (Rm 7.7-25). Temos dificuldade em ser 2. Casamento não é solução de proble-
fiéis a Deus e de manter um relacionamento mas – Não é tão difícil encontrar pessoas que
conforme os propósitos ideais estabelecidos depositam no casamento a possibilidade de
no sonho. Essa realidade é vivida por ambas as realização de um viver pleno. Torna-se a liber-
pessoas que se casam. Por isso, exigir um rela- tação de um lar problemático, a possibilidade
cionamento ideal é ilógico e incoerente. de se experimentar um amor romântico ideal,
Há pessoas que criam normas sobre como provar que há possibilidade de se construir
deve ser o casal, que estabelecem metas e re- um casamento melhor que o de outros.
gras a serem cumpridas e nutrem esperança Deposita-se uma expectativa excessiva sobre
de verem todos seus desejos satisfeitos. E, os benefícios que uma relação conjugal pode
com esta maneira de pensar, fazem compara- propiciar, como se a vida repetisse os contos de
ções: mulheres reclamam que o marido não é fada onde o final entre os casais é a felicidade
atencioso com as questões domésticas como para sempre. O sonho de viver longe de pro-
era seu pai; maridos reclamam que esposas blemas. A alegria de viver em paz, em amor,
não lhe dão atenção, como fazia sua mãe etc. não é o cônjuge que dá; é fruto do Espírito (Gl
Vive-se, às vezes, como se houvesse obrigação 5.22,23). Esta é uma mudança pessoal. Exigir
de cumprir percursos ou modelos preestabe- ou alimentar a esperança de que seu esposo ou
lecidos a direcionar a vida. Podemos extrair da sua esposa consiga suprir suas carências pesso-
Bíblia preceitos gerais como amor conjugal, ais é tolice. Só você, em sua relação com Deus,
fidelidade, compromisso, respeito às necessi- é quem pode fazer isto.
40 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 6 de maio de 2012• ESTUDO 6

Casamento saudável
Construção permanente (II)
Remy Damasceno Lopes

Continuamos nossas considerações sobre de pessoas em estado de pobreza extrema e de


este assunto, iniciadas no domingo anterior. doenças nós não possamos ser atingidos por
Imaginar que o casamento há de ser um conto problemas. Temos que olhar os fatos com se-
de fadas e estabelecer ideais inalcançáveis po- renidade e realismo, entregando-nos ao amor
dem ser entraves na construção do casamento soberano de Deus. Devemos nos esforçar para
saudável; também pensar que o casamento superar os problemas, mas temos que encarar
será a solução de problemas pessoais é outro que, mesmo nossos sonhos sendo legítimos,
equívoco, portanto, outro entrave. podem não ser realizados.

1. Há sonhos legítimos que não se reali- 2. Necessidade do diálogo – O reconhe-


zam – Há sonhos plenamente legítimos que cimento de que somos pessoas que possuem
não se realizam. São sonhos que não resultam sonhos, desejos e incoerências, bem como
de invejas, expectativas incoerentes, imposi- nossos cônjuges, é fundamental para o esta-
ção de modelos mas, a despeito de serem le- belecimento de um casamento saudável. Não
gítimos, podem não se realizar. Há casais que precisamos ter vergonha de sermos falhos,
sofrem por serem estéreis, porque não pos- ainda mais diante da pessoa que amamos.
suem um razoável padrão social e financeiro, Faz-se necessário conversar e até mesmo dis-
por terem de morar na casa de familiares, por cutir sobre as exigências que fazemos um ao
precisarem viver muito tempo um afastado do outro e como está sendo conduzido o casa-
outro, por motivo de emprego etc. A vida tem mento. Se não houver diálogo, cada um pro-
várias tristezas. Deus nos avisa sobre isto em curará conduzir o casamento na direção que
João 16.33. É claro que Deus pode dar uma mais lhe aprouver, e isto sempre será ruim.
reviravolta completa e solucionar essas difi- Temos que reconhecer a dificuldade de
culdades, mas nem sempre ele o faz. Em sua enfrentar nossos problemas conjugais de ex-
soberania, amor e sabedoria, o Senhor, muitas por nossas fraquezas e desejos. Quase nunca
vezes, decide contrariamente ao que deseja- perguntamos ao outro se gosta do que faze-
mos. Alimentamos a esperança de que sere- mos e se está satisfeito ou não com algum
mos salvos da consequência do pecado não aspecto do casamento, mas este é o único
somente com respeito à salvação eterna mas, caminho para construção de um casamento
também, da vida cotidiana aqui e agora. Não saudável. Só assim o casamento pode propor-
há por que pensar que num país com milhões cionar a felicidade, na dependência de Deus.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 41
DCC • Domingo, 13 de maio de 2012• ESTUDO 7

Capacitação da família (I)


Isabelle Ludovico da Silva
Texto extraído da revista Ultimato pela Redação da revista Compromisso

A família é o principal contexto de apren- 2. Identificando possíveis problemas –


dizagem, pois é nela que os valores e modelos As relações se desenvolvem dentro de regras
são assimilados desde a mais tenra infância. É que determinam a maneira de agir de seus
um sistema interacional provido de uma estru- membros e o papel de cada um. A família se
tura hierarquicamente organizada, com o fim adapta às mudanças internas e externas, de
de assegurar a continuidade e o crescimento acordo com os padrões de interação desen-
de seus membros. Por isso, a família precisa volvidos até então. Se estes modelos de rela-
encontrar o equilíbrio entre duas funções, apa- cionamentos forem inadequados para lidar
rentemente, contraditórias, a de manter a famí- com o desafio presente, a família entra em
lia unida e a de promover sua evolução. Daí a crise, que é facilmente identificada por um
necessidade da capacitação da família. sintoma condensado num de seus membros.
O sintoma tem a dupla função de denunciar
1. Ambiente fundamental de constru- o problema e manter a situação.
ção da felicidade – Para se desenvolver de Trata-se de um distúrbio emocional ou
forma saudável, a pessoa precisa de cuida- comportamental que precisa ser compreen-
dos especiais. A função materna, assumida dido como resultado de uma disfunção da
pela mãe biológica ou por uma figura subs- família como um todo. O grande equívoco
tituta, inclusive o pai, se inicia com a cons- da família é focalizar o sintoma como sendo a
trução de um vínculo afetivo que permite à causa de seu mal-estar, em vez de perceber que é
pessoa se sentir acolhida e parte integrante apenas a consequência de uma crise do sistema
da família. Maternidade diz respeito tam- familiar. Tentar eliminar o sintoma sem en-
bém à capacidade de nutrição física e emo- xergar suas raízes não resolve o impasse, apenas
cional, bem como à organização das neces- contribui para estigmatizar o membro afetado
sidades básicas. A função paterna, por sua mais diretamente, que se torna a lata de lixo ou
vez, garante limite, proteção e direção. O o bode expiatório da família. A terapia familiar
casal, ainda, transmite à criança padrões de sistêmica o chama de “paciente identificado”,
relacionamento quanto à sexualidade, afe- pois ele se torna porta-voz e depositário da pa-
tividade e companheirismo. Por meio des- tologia da família. Quando os problemas não
sa herança, o ser humano vai construindo são verbalizados e encarados, a família tende a
sua identidade e aprende a se relacionar. As parar de crescer. Ela não percebe que esta crise
falhas e ambiguidades no desempenho das é, justamente, a oportunidade de aprimorar as
funções materna e paterna e de casal geram relações entre os seus membros e promover o
carências que precisam ser supridas. crescimento de cada um deles.
42 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 20 de maio de 2012• ESTUDO 8

Capacitação da família (II)


Isabelle Ludovico da Silva
Texto extraído da revista Ultimato pela Redação da revista Compromisso

No domingo passado estudamos dois monoparentais dentre outras. A perda de au-


aspectos deste assunto: 1) a família como o toridade do homem tende a gerar um aumen-
ambiente fundamental de construção da fe- to do autoritarismo e da violência física.
licidade, destacando as funções da materni-
dade e paternidade como responsáveis pela 2. Apontando um caminho – Comuni-
construção da identidade e aprendizagem cação clara, fronteiras nítidas e flexíveis, hie-
dos filhos; 2) a necessidade de identificar os rarquia correta, união e diferenciação são
possíveis problemas que podem afetar as re- algumas condições para a construção de
gras que determinam a maneira de agir dos famílias saudáveis. A terapia familiar sistê-
membros da família, como oportunidade mica visa mobilizar os recursos da família
de aprimorar as relações entre os seus mem- para enfrentar as crises e prevenir outros
bros e promover o crescimento de cada um conflitos, à medida que produz mudanças
deles. Agora, damos continuação a tão rele- significativas no sistema, contribuindo para
vante assunto para as famílias cristãs. aprimorar as relações entre os membros e
no interior dos vários subsistemas. Assim, a
1. Novas identidades familiares – Além abordagem familiar propicia uma melhora
das crises decorrentes do ciclo evolutivo, os na qualidade de vida em família, fortalecen-
papéis tradicionais de homem e mulher es- do os vínculos e ampliando as estratégias
tão sendo questionados com grandes reper- para a resolução dos conflitos.
cussões para o exercício da paternidade e da
maternidade. Sustentar a casa já não é exclu- Orientação para o uso dos estudos 7 e
sividade do homem nem educar os filhos, da 8 – No final do estudo, o líder do grupo fará
mulher. Ambos estão compartilhando essas bem em recapitular a matéria abrangendo,
responsabilidades como um novo desafio, também, a primeira parte, apresentada no
no qual os pontos de atrito são multiplicados domingo passado, estimulando os unionis-
até encontrarem um equilíbrio específico e tas a participarem com perguntas e sugestões
válido apenas para o momento presente. Se sobre atitudes que a igreja pode assumir vi-
as mulheres conquistaram novos espaços, sando a realizações objetivas que ajudem as
os homens muitas vezes se sentem acuados famílias da igreja a se capacitarem adequada-
e fragilizados. Então, eles se isolam e se omi- mente para um melhor desempenho como
tem, deixando o espaço vazio para a mulher pais, mães e filhos. A igreja pode realizar
assumir. Em consequência disso, as estatísticas estudos mais amplos para os casais sobre o as-
apontam um aumento de famílias matriarcais, sunto. (Textos bíblicos em Efésios 5.22 a 6.4).
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 43
DCC •Domingo, 27 de maio de 2012• ESTUDO 9

Família e cidadania
Clemir Fernades Silva

As famílias cristãs têm o dever de edu- Quanto à cidadania política, os direitos


car seus filhos para o exercício da cidadania e deveres estão assegurados na Constituição.
fundada em preceitos ensinados na Palavra Como cristãos temos o dever de votar e o
de Deus. Para que os pais possam educar direito de nos candidatar a cargos políticos.
seus filhos para o exercício da cidadania, eles Quanto a votar, devemos fazê-lo conscien-
próprios precisam, primeiro, ser bons cida- temente, sem aceitar coação e procurando
dãos, como exemplos, não somente quando conhecer o perfil moral e a capacitação dos
atuam em defesa de direitos mas, também, candidatos para os cargos aos quais se can-
no reconhecimento dos deveres para com o didatam. Precisamos, também, cobrar dos
próximo e com a sociedade como um todo. políticos, que são eleitos, que exerçam seus
mandatos com moralidade e real esforço em
1. Que é cidadania? – É uma situação so-
promover o bem-estar da população. Em
cial do indivíduo que envolve três tipos de di-
contrapartida, é dever de todos os cidadãos,
reitos e deveres em relação à sociedade de que
particularmente cristãos, darem exemplo
faz parte: 1) Direitos e deveres civis: incluem
dessa moralidade em todos os seus proce-
a livre expressão, o direito de informação, de
dimentos, e de respeito às leis e autoridades
reunião, organização e locomoção (ir e vir). A
constituídas. Quanto aos direitos sociais
cada direito de uma pessoa corresponde um
e econômicos, são os mais desrespeitados.
dever em relação às outras pessoas; 2) Direitos
A realidade de nosso país é que dezenas de
e deveres políticos: incluem o direito de votar
milhões de pessoas vivem na miséria. Não
e disputar cargos em eleições livres, e deveres
alcançam educação e com isto lhes faltam
de exercer funções com justiça e honestidade;
empregos e caem em exclusão social.
3) Direitos sociais e econômicos: incluem o
direito ao bem-estar, à segurança, aos movi-
Conclusão – Ser cidadão é procurar cons-
mentos sindicais e ao emprego.
truir a realidade em vez de somente consumi-
2. Como praticar os valores da cidada- -la, como mero expectador. É tempo de atuação
nia? – Por que a cidadania em seus três as- motivado pelos valores do reino de Deus, para
pectos não é acessível e igual para todos? As construir um mundo mais justo e saudável para
razões fundamentais desse problema são as in- todos. Para que todos sejam, de fato, cidadãos.
justiças sociais, pois conferem igualdade jurí- Ser cidadão do mundo é viver a plenitude
dica num contexto de profunda desigualdade da vida social, humana, material e intelectual,
econômica e social. Os cristãos podem exercer em consonância com o caráter de Deus revela-
influências construtivas nas associações que do em Jesus Cristo, conforme os preceitos das
trabalham por transformações sociais. Escrituras.
44 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 3 de junho de 2012• ESTUDO 10

Igreja: sua
identidade e missão (I)
Clemir Fernades Silva

Toda instituição tem uma identidade por meio das drogas, da violência, do crime,
e se esforça por deixá-la bem clara perante do alcoolismo, da prostituição, da sexualida-
a sociedade. Que imagem as pessoas fazem de fora dos padrões divinos, da corrupção e
quando se fala em igreja hoje? Qual a verda- idolatria, a igreja proclama a mensagem da
deira identidade da igreja? O que podemos redenção e salvação que Cristo oferece gra-
fazer para resgatar a identidade da igreja, ciosamente a todas as pessoas que se arrepen-
caso percebamos que ela enfrenta desgastes? dam de seus pecados e creiam em Jesus.
Consideramos, neste estudo, quatro caracte-
rísticas que identificam a instituição igreja. 3. Corpo de Cristo para adoração – O
louvor e toda a adoração são marcas distin-
1. A igreja é uma instituição fundada tivas da igreja de Cristo. O cristianismo é
em Jesus e por Jesus – É formada por seres a única religião mundial que desenvolveu
humanos, porém, fundada por Jesus Cris- sistematicamente o louvor congregacional
to, sobre sua doutrina. Ele é o fundamento e coral por meio das igrejas. Segundo a
e a cabeça da igreja. Por essas razões, a igre- trajetória do povo de Deus desde o Anti-
ja tem caminhado vitoriosa, apesar de to- go Testamento (leia o livro de Salmos), a
dos os problemas enfrentados ao longo da igreja aprofundou essa caminhada, sendo
história e de ter sofrido revezes. Sua vitória identificada, também, como uma comuni-
é garantida pela promessa de Jesus Cristo: dade adoradora. A igreja precisa ampliar
“As portas do inferno não prevalecerão con- a qualidade de sua adoração. Apesar da
tra ela” (Mt 16.18). A ação da igreja é agres- cultura de músicas de consumo de nossos
siva. Ela investe sobre o inferno e sua vitória dias e da superficialidade musical em geral,
é certa, porque Jesus Cristo venceu todos os e até de mau gosto que domina nosso país e
poderes da morte e do mal. influencia o estilo de louvor da igreja, pre-
cisamos superar essa fase de mediocridade
2. Corpo de Cristo, para proclamar a e aprimorar nossa atividade adoradora.
salvação – Esta é a segunda característica
de identificação da igreja. Ela não é mera- Conclusão – Anunciar a salvação, anunciar
mente uma comunidade; é o corpo de Cris- a esperança, é a missão que o próprio Senhor Je-
to com a missão prioritária de evangelizar o sus nos deu, conforme Mateus 28.18-20. Isto
mundo. Enquanto o mundo caído e corrup- é tarefa de cada um de seus servos, individual-
to encaminha as pessoas para a destruição mente, e da igreja como corpo de Cristo.
ABR.MAI.JUN DE 2012 • 45
DCC • Domingo, 10 de junho de 2012• ESTUDO 11

Igreja: sua
identidade e missão (II)
Clemir Fernades Silva

Vimos no estudo anterior que a iden- 2. Corpo de Cristo para celebrar as


tidade da igreja é constituída a partir de ordenanças – No decorrer de seu minis-
sua natureza divina e de seus propósitos de tério, Jesus instituiu para as suas igrejas o
missão. Veremos agora que uma igreja é cada batismo e a ceia.
vez mais autenticamente apostólica e neotes- O batismo marca a entrada da pessoa
tamentária à medida que sua atuação estiver para a igreja. Entre os cristãos primitivos,
vinculada ao modelo de ministério de Jesus. era realizado imediatamente após a con-
versão de uma pessoa, como ocorreu com
1. Corpo de Cristo para educar – A os 3 mil convertidos no dia de Pentecostes,
missão de Jesus consistiu, em grande parte, depois com os 5 mil, no caso do eunuco
no ensino das verdades fundamentais do etíope, por Filipe e no do carcereiro de Fili-
evangelho, conduzindo as pessoas a se re- pos. Ao obedecer a esta ordenança, a pessoa
conciliarem com Deus e alcançarem a vida demonstra ter agora nova natureza e que
eterna. O ensino é, especificamente, men- passou da morte para a vida (Rm 6.23). As
cionado em seu ministério em Mateus 9.35. igrejas batistas, de modo geral, passaram a
Cristo vivia ensinando. No grande Sermão batizar os convertidos não imediatamen-
do Monte, o que Jesus fez foi ensinar: “...e te, mas depois de algum tempo de estudos
ele se pôs a ensiná-los” (Mt 5.1,2). Após a doutrinários. A metodologia mudou, mas
sua ressurreição, no episódio da ascensão, o conteúdo, propósito e significado per-
ele deu a ordem suprema a seus discípulos, manecem inalterados. A igreja que batiza
que é conhecida entre nós como a grande demonstra que é uma autêntica instituição
comissão: “Portanto, ide, fazei discípulos de Cristo, porque, para fazê-lo, ela precisa
de todas as nações... ensinando-os a obser- se dedicar a ensinar e a levar pessoas à acei-
var todas as coisas que eu vos tenho man- tação de Jesus Cristo.
dado” (Mt 28.19,20). Uma igreja que deseja A ceia é um memorial da morte de Jesus
ser identificada como realmente cristã deve- Cristo. Lembra-nos a graça de Deus em ter
rá se dedicar ao ensino da Palavra de Deus. dado o Filho para nossa redenção. A ceia
Foi o que fizeram os primeiros crentes, con- é uma proclamação de Jesus e de sua men-
forme Lucas nos informa em Atos 5.42: “E sagem de redenção. É para ser ministrada
todos os dias, no templo e de casa em casa, coletivamente pela igreja como corpo de
não cessavam de ensinar, e de anunciar a Je- Cristo, conforme as orientações contidas
sus o Cristo”. em Coríntios 11.17-34.

46 • PALAVRA E VIDA
DCC • Domingo, 17 de junho de 2012• ESTUDO 12

A volta gloriosa de Jesus


Élben M. Lentz Cesar
Texto extraído da revista Ultimato pela Redação da revista Compromisso.

Em nenhuma passagem das Escrituras 2. A volta de Jesus no Novo Testamento –


encontramos a expressão “segunda vinda”. Sua promessa é de absoluta clareza (Jo 14.3;
Numa única passagem aparece uma expressão Ap 22.20). No dia de sua ascensão, dois seres
parecida: “segunda vez” (Hb 9.28). Tal coisa, sobrenaturais glorificados apareceram aos
porém, não enfraquece a esperança da chama- apóstolos e lhes garantiram que “Este mesmo
da “segunda vinda”. Já que Jesus veio uma vez Jesus... há de vir assim como para ao céu o vis-
e prometeu vir outra vez, não há nada errado tes subir” (At 1.11). Graças a essas promessas,
em chamar o segundo aparecimento de se- Paulo podia afirmar com segurança: “Porque
gunda vinda, ou também a expressão igual- o Senhor mesmo descerá do céu com grande
mente apropriada “a volta de Cristo”. brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta
de Deus, e os que morreram em Cristo ressus-
1. A promessa da volta esclarece pro-
citarão primeiro” (1Ts 4.16). A segunda vinda
fecias messiânicas do Antigo Testamento
de Cristo será visível; será como o relâmpago
– Na época, essas profecias eram totalmente
que sai do oriente e brilha até o ocidente (Mt
obscuras. Movidos pelo Espírito, os profetas
24.27). Jesus será visto em ambos os hemisfé-
relacionavam a vinda do Messias ora com o
rios (Mt 24.27, 30; Ap 1.7).
sofrimento ora com a glória (1Pe 1.10-12).
Isaías, por exemplo, diz que Jesus não teria 3. A volta será de surpresa – A segun-
beleza e majestade, nem sequer aparência, da vinda será uma surpresa. Ela está na
mas seria um homem de dores e experimen- agenda de Deus, mas ninguém, em tempo
tado no sofrimento, desprezado e rejeitado algum, tem acesso a essa data, malgrado as
(Is 53). Em outra passagem, garante que Je- muitas tentativas que têm sido feitas. Foi
sus seria uma grande luz, quebraria o jugo, a o próprio Jesus quem avisou que “somen-
canga e a vara que oprimem o homem, seu te o Pai sabe” (Mt 24.26). O Senhor virá
nome seria Maravilhoso Conselheiro, Deus como o ladrão, quando menos se espera
Poderoso, Pai Eterno e Príncipe da Paz e seu (Mt 24.44; At 1.7; Ap 16.15).
domínio de paz sem fim seria estabelecido Em Apocalipse 22.17 temos a expressão
para sempre (Is 9.1-7). do desejo do Espírito Santo e do povo de Deus:
Na primeira vinda já realizada, Jesus se “Ora, vem, Senhor Jesus”. Esse desejo se cum-
esvaziou assumindo a forma humana e deu prirá. Aguardemos com fidelidade e consagra-
a sua vida pelo pecado. Na segunda vinda, ção esse dia. Enquanto esperamos, espalhemos
não realizada ainda, Jesus virá em poder e por todo o mundo a Palavra de Deus para que
muita glória (Mt 24.30). muitos outros possam participar dessa glória.

ABR.MAI.JUN DE 2012 • 47
DCC • Domingo, 24 de junho de 2012• ESTUDO 13

Lições de Deus
Há algum tempo circulou nas redes de diálogo pela “internet”, um documento intitulado
“lições de Deus”. Em geral, não damos muita atenção a tais documentos, pois desconhecendo
sua procedência e autenticidade, preferimos não dar muita atenção ao conteúdo. No entanto,
este que reproduzimos abaixo, com frases bastante interessantes em suas mensagens, trouxe-
-nos a ideia de uma dinâmica de grupo com discussões sobre as verdades contidas em cada
uma das frases. Vale a pena. Todas elas contêm expressões que devem levar-nos a pensar.

• Deus não escolhe pessoas capacita- • Sou apenas um detalhe, mas com
das, ele capacita os escolhidos. Jesus, faço a diferença.
• Um com Deus é maioria. • A fé ri das impossibilidades.
• Se quiser ficar desanimado, olhe para • A fé não nasce com uma quantida-
si; se quiser ficar decepcionado, olhe para de de fatos que uma pessoa ouve a res-
os homens; mas se quiser ser salvo, olhe peito de Deus.
para Jesus. • Há pessoas que creem com um fo-
• Você quer ajudar? Então se envolva lheto apenas, enquanto outras irão para o
com quem precisa de ajuda. inferno conhecendo a Bíblia inteira.
• Quer fazer a diferença? Seja dife- • Nada está fora do alcance da oração,
rente. exceto o que está fora da vontade de Deus.
• Quer ser usado por Deus? Esteja • A mágoa olha para trás, a preocu-
disponível. pação olha em volta, a fé olha para cima.
• Nunca ponha um ponto de interro- • O tempo é de longe mais valioso que
gação onde Deus já colocou um ponto o dinheiro, porque o tempo é insubstituível.
final. • Não temas a pressão, lembre-se que é
• Devemos orar sempre, não até ela que transforma o carvão em diamante.
Deus nos ouvir, mas até que possamos • A Bíblia nos foi dada para nos dar
ouvir Deus. conhecimento e mudar nossa vida.
• Deus não fala com pessoas apressa- • O mais importante não é encontrar
das e sem tempo. a pessoa certa e, sim, ser a pessoa certa.
• Com Jesus, jamais uma desgraça • Não confunda a vontade de Deus
será a última notícia. com a permissão de Deus.
• Moisés gastou 40 anos pensando • Nem tudo o que acontece é da von-
que era alguém; 40 anos aprendendo que tade de Deus, mas nada acontece sem
não era ninguém e 40 anos descobrindo sua permissão.
o que Deus pode fazer com um ninguém. • Não diga a Deus que você tem um
• Só terei tudo de Deus, quando ele grande problema. Mas diga ao problema
tiver tudo de mim. que você tem um grande Deus.
48 • PALAVRA E VIDA

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