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RESUMÃO DA P1 PARA A SUB

(Prezadas e Prezados,
Espero ter conseguido compilar todo o conteúdo da p1, que conjuntamente com o resumo
que fiz para vocês à p2, procurei prover a melhor preparação à prova substitutiva que
pude fazer a vocês. Desejo-lhes todo o sucesso nesta prova e na vida. Foi um privilégio e
um prazer ser seu monitor até aqui. Um grande abraço, 


VFPM) 


#TÓPICO 1 - OS TRATADOS DE LIMITES E AS FRONTEIRAS DO BRASIL 




O Brasil teve seu limite expandido ao longo do século XVII e XVIII devido a vários fatores,
como as bandeiras, a pecuária, a mineração, etc. Isto levou ao problema de limitação
imposto ainda pelo Tratado de Tordesilhas em 1494 e revisto, sobretudo a partir da
fundação da Colônia do Santíssimo Sacramento em 1680, pelos portugueses, no sul do
atual Uruguai, que acarretou em uma invasão espanhola vinda de Buenos Aires (fundada
na outra margem do Rio da Prata ainda em 1536). Vários conflitos envolveram as Coroas
de Portugal e Espanha e seus súditos na América no século XVIII e vários tratados foram
feitos redefinindo o território brasileiro.. Em 1680 os portugueses criaram a Colônia do
Santíssimo Sacramento, no atual Uruguai, que na época era território espanhol. A intenção
da Colônia do Sacramento era fazer o comércio e tirar proveito da boa economia
mineradora de prata na região. Sacramento constituía-se, portanto, numa área de
contrabando originado da parceria Portugal-Inglaterra e tornou-se uma espécie de
“território da discórdia” entre Portugal e Espanha, que iriam disputá-lo por mais de um
século. Outro problema era que na margem oposta a Sacramento estava Buenos Aires,
fundando nas primeiras décadas do século XVI.

- Os tratados 



1) Tratado de Lisboa (1681): A
Espanha reconhece a Colônia de
Sacramento (parte do atual
Uruguai) como território
português. Após a criação da
colônia em 1680 ocorreu uma
invasão espanhola à Sacramento,
mas também houve forte pressão
inglesa sobre a Espanha.
Conforme o mapa [ao lado] —————>
podemos perceber que, de forma
geral, a Linha de Tordesilhas
ainda permanecia.

2) Tratado de Utrech (1713): troca de terras


entre França e Brasil no limite entre a
Guiana Francesa e o Brasil.
Nesse momento estabelece-se o Rio
Oiapoque como fronteira norte do Brasil.

3) Tratado de Utrech (1715): Espanha reconhece posse portuguesa sobre a Colônia de


Sacramento. Este tratado ocorre após dez anos de ocupação de Sacramento pelos
castelhanos, entre 1704-14.

4) Tratado de Madri (1750): Por


meio dele a Coroa portuguesa
se assenhoreava do Norte,
Centro-Oeste e Sul do Brasil.
Este tratado feito sob a tutela
de Alexandre de Gusmão ——>
utilizava o principio de Uti
Possidetis, Ita Possideatis (uma
espécie de usocapião para
terras internacionais – visto
que boa parte do oeste do
nossa atual país era da
Espanha, mas foi ocupado
pelos luso-brasileiros). No sul
deveria ocorrer a troca entre
os Sete Povos das Missões
(Espanha) e a Colônia de
Sacramento (Portugal).

5) Tratado de El Pardo (1761): Anulou as


cláusulas do Tratado de Madri referentes
ao sul do Brasil. Este tratado se fez necessário após a resistência de jesuítas e índios
guaranis, que se negaram a sair dos Sete Povos para cederem a região aos portugueses e
acabaram gerando a Guerra Guaranítica (1754-56).

EXTRA: GUERRA GUARANÍTICA 1754-1756


A Guerra Guaranítica foi marcada violentos
conflitos que envolvem os índios guaranis e as
tropas espanholas e portuguesas no sul do
Brasil após a assinatura do Tratado de Madri,
em 1750. Os índios guaranis da região dos Sete
Povos das Missões recusaram-se a deixar suas
terras no território do Rio Grande do Sul e a se
transferir para o outro lado do rio Uruguai,
conforme estava definido por uma das cláusulas
do Tratado. Com o apoio parcial dos jesuítas,
no início de 1753 os índios guaranis
missioneiros começam a impedir os trabalhos
de demarcação da fronteira e anunciam a
decisão de não sair da região dos Sete Povos.
Em resposta, as autoridades enviam tropas
contra os nativos, e a guerra eclode em 1754.
Os castelhanos, vindos de Buenos Aires e
Montevidéu, atacam pelo sul, e os portugueses,
enviados do Rio de Janeiro sob o comando do
general Gomes Freire, entram pelo rio Jacuí.
Juntando depois as tropas na fronteira com o
Uruguai, os dois exércitos sobem e atacam
f ro n t a l m e n t e o s b at a l h õ e s i n d í g e n a s,
dominando Sete Povos em maio de 1756.
Chega ao fim a resistência guarani. Um dos
principais líderes guaranis é o capitão Sepé
Tiaraju. Ele justifica a resistência ao tratado em
nome de direito legítimo dos índios em
permanecer nas suas terras. Comanda milhares
de nativos até ser assassinado na Batalha de
Caiboaté, em fevereiro de 1756. Como consequência do conflito os jesuítas acabaram sendo expulsos do Brasil pelo
primeiro-ministro português, Marquês de Pombal, em 1759, que acusava-os de tentar constituírem um “império
teocrático” na América. Além dos Sete Povos das Missões localizados no Rio Grande do Sul, haviam outros povoados nos
territórios do atual Uruguai, Argentina e Paraguai, constituído aquilo que seria chamado depois de “Os Trinta Povos das
Missões”. A Companhia de Jesus foi extinta pelo Papa poucos anos depois e mais tarde restabelecida.

6) Tratado de Santo Ildefonso


————>
(1777): Os portugueses
entregaram a Colônia de
Sacramento à Espanha e
ficaram definitivamente com
a parte leste do RS, SC e PR.
Este tratado cedeu
Sacramento e os Sete Povos
para a Espanha e ocorreu
após violenta invasão
argentina ao sul do Brasil.
Observando no mapa ao
lado: Portugal perdia a
metade oeste do Rio Grande
do Sul.
7) Tratado de Badajós (1801):
Consolidou a ocupação efetiva do
Brasil na parte atual do oeste sul-
rio-grandense, delimitando a
fronteira entre as possessões
portuguesas e espanholas nas
margens do Rio Uruguai. Por este
tratado os Sete Povos ficavam em
definitivo como região portuguesa e
Sacramento seria incorporado pela
Espanha.
———>

# TÓPICO 2 - INDEPENDÊNCIA DO
BRASIL (1808-1825)

Antecedentes

Existia uma dependência histórica de Portugal com a Inglaterra. Desde a segunda metade do século
XVII, Portugal pegava empréstimos e navios emprestados com a Inglaterra. O Tratado de
Metthuen ilustrava essa dependência.
Com o bloqueio continental, Napoleão determinou que ninguém poderia fazer comércio com a
Inglaterra sob pena de invasão. Dom João manteve o comércio com a Inglaterra. Napoleão deu um
ultimato. Dom João optou por ficar com seu aliado secular.

O primeiro a falar sobre transmigração da Corte foi Padre Antônio Vieira. Marquês de Pombal e
Dom Rodrigo Coutinho também falaram sobre tal ideia. O Brasil era a colônia portuguesa mais
lucrativa. Diante da invasão franco-espanhola (Tratado de Fontaine-bleau), Dom João colocou em
prática o projeto da transmigração. Portugal ficou sendo administrado por um regente inglês. A
Família Real foi escoltada por três navios ingleses. Em 1808, a Família Real chegou ao Brasil.
O Rio de Janeiro passou a ser a metrópole, a capital do reino português.

Abertura dos povos as nações amigas foi feita logo após a chegada, sendo que a principal nação
beneficiada foi a Inglaterra. Esse foi o marco do fim do pacto (exclusivo) colonial.
Dom João revogou o Alvará de 1875 e permitiu a instalação de manufaturas no Brasil.

Em 1810, após sofrer pressões inglesas, Dom João aceitou os Tratados Desiguais (de aliança e amizade,
e de comércio e navegação):
* os comerciantes ingleses que frequentavam o Brasil passaram a ter o direito à tolerância religiosa;
* os ingleses ganharam direito a cláusula de extraterritorialidade;
* conseguiram diminuir a tarifa alfandegária para 15% (valor menor que o de portugueses);
* Dom João aceitou o fim do tráfico atlântico de escravos.

Felizberto, o maior traficante de escravos, estava construindo uma casa e cedeu-a para Dom João
morar. Foi criada uma imprensa. O primeiro jornal foi a Gazeta do Rio de Janeiro com informes
oficiais.
Foram feitas uma série de reformas joaninas como a casa da pólvora, o Banco do Brasil, a Real
Academia Militar, o teatro do Brasil, a biblioteca real, o real horto (atual jardim botânico).

Política Externa

Logo no início, Dom João decidiu invadir a França na América em resposta à invasão francesa a
Portugal. Em 1809, os luso-brasileiros tomaram Caiena. Carlota Joaquina queria conquistar a
Banda Oriental para ser ‘la reina del sur’. José Artigas foi considerado o herói nacional uruguaio. Ele
liderou uma resistência na Banda Oriental e conseguiu expulsar os luso-brasileiros entre 1810-11.
Artigas tinha um projeto popular nacional e planejava a reforma agrária. A própria elite uruguaia
voltou-se contra Artigas. Dom João promoveu, então, uma segunda invasão a Banda Oriental e
conseguiu anexá-la chamando-a de província Cisplatina.
Com o Congresso de Viena, todos os reis teriam seus territórios devolvidos desde que estivessem no
território, mas Dom João não estava e não queria voltar para Portugal. Havia pressões dos
portugueses enraizados (aqueles que vieram com a família real e já tinham-se fixado e enriquecido
aqui) e, além disso, temia-se uma revolução liberal em Lisboa.

Então, o Brasil foi elevado a Reino Unido de Portugal e Algarve, assim, Brasil e Portugal tornaram-
se a mesma coisa. A partir desse momento, o Brasil deixou de ser colônia (1815).
Nossa situação era completamente diferente da América Espanhola. Dom João foi um rei europeu
coroado no Brasil.
Segundo Evaldo, as revoltas de Pernambuco no século XIX tiveram origem na Insurreição
Pernambucana. Os pernambucanos expulsaram os holandeses sozinhos e devolveram o território
para Portugal, entretanto eles não receberam prestígio. A cana e o algodão estavam em decadência
enquanto aumentava-se impostos em todo o país e só no sudeste, sobretudo no Rio, as reformas
eram feitas. Os comerciantes também estavam insatisfeitos devido ao privilégio aos comerciantes
reinóis. O Seminário de Olinda tinha uma influência muito grande do iluminismo. A Revolução
Pernambucana de 1817, também foi conhecida como Revolta dos Padres, devido ao envolvimento
de clérigos como Frei Caneca. Eles expulsaram o governador de Pernambuco, instituíram um
governo provisório, diminuíram os impostos, estabeleceram a liberdade de imprensa, a igualdade
entre portugueses e brasileiros e a igualdade jurídica. Os latifundiários, temerosos de a igualdade
jurídica fosse o primeiro passo para a abolição, saíram do movimento provocando um racha. Dom
João aproveitou para fazer uma forte repressão.

Em 1820, aconteceu a Revolução Liberal do Porto. A elite portuguesa liderou uma revolta
demandando:

* a volta da Família Real para Portugal;


* uma constituição para limitar o poder da Família Real;

* o retorno do pacto colonial.

Aqui do Brasil, Dom João afirmou aceitar o movimento e a constituição, e voltou para Portugal.
Dom Pedro ficou no Brasil como príncipe regente.
Em Portugal, foram instaladas as Cortes constituintes e isso deu força ao processo de independência
brasileiro porque iniciou um conflito de interesses entre as cortes portuguesas e os brasileiros. As
Cortes queriam a volta do pacto colonial e os brasileiros1 queriam a manutenção do Reino Unido.
As Cortes eram formadas por 180 deputados: 100 de Portugal, 30 de Algavere e 50 brasileiros.
A defesa da manutenção do Reino Unido ganhou um aliado de peso: Dom Pedro. Houve uma série
de atritos entre os brasileiros e Dom Pedro, e as Cortes.
As Cortes portuguesas começaram a perceberem que Dom Pedro estava defendendo demais os
interesses brasileiros. As Cortes exigiram sua volta a Portugal e no dia 9 de janeiro de 1822, houve o
Dia do Fico: Dom Pedro rompia com as Cortes decidindo ficar no Brasil. Em março do mesmo ano,
ele criou a Lei do Cumpra-se: qualquer ordem vinda de Portugal só poderia ser cumprida depois da
autorização de Dom Pedro. A partir de meados desse ano, começaram a acontecer uma serie de
revoltas pela independência.
Em São Paulo, Dom Pedro recebeu duas cartas: um das Cortes (dizendo que caso ele não voltasse,
as Cortes invadiriam o Brasil) e outra da Princesa Leopoldina. ‘Laços fora’, o grito da independência
havia sido dado.
O primeiro obstáculo a ser superado para a efetivação da independência foi fazer com que todos os
brasileiros concordassem com a Independência, sobretudo as elites periféricas. Essas lutas ficaram
chamadas de Guerras de Independência. Na América espanhola, as guerras eram entre colonos e
metrópole. Aqui no Brasil foi diferente. No Rio, houve três dias de conflito.

A independência da Bahia aconteceu no dia 2 de julho quando as tropas bahianas contra a


independência forma derrotadas. (Maria Quitéria vestiu-se de homem para poder
lutar ao lado das tropas pela independência.) Visconde de Pirajá foi o grande arquiteto da luta pela
independência.
O primeiro grande país a reconhecer a nossa independência foi os EUA no contexto da Doutrina
Monroe: em janeiro de 1824, reconheceram nossa independência por questões ideológicas.
Em 1825, Portugal reconheceu a independência assinando um tratado fruto de uma negociação
tripartite entre Brasil, Portugal e Inglaterra. A negociação foi delicada porque Dom Pedro era o
herdeiro do trono português:

* Dom João ficou com o título de imperador perpétuo;


* uma indenização pela independência e pelos bens da Coroa que ficaram aqui foi paga;
* havia uma cláusula que dizia que o reconhecimento tinha sido dado pelo Rei e não conquistada
pelos brasileiros;
* o Brasil teve que prometer não interferir nas colônias africanas portuguesas2.
* a Inglaterra exigiu a manutenção dos Tratados de 1810 e estipulou um prazo de três anos para o
fim ao tráfico negreiro.

#TÓPICO 3 - PRIMEIRO REINADO (1822-1831)


O Brasil foi uma monarquia constitucional, pois acreditava-se que ela seria importante para o
conservadorismo, para evitar agitações. Em um primeiro momento, as elites proprietárias de terras
apoiaram essa monarquia, mas logo opuseram-se a ela.
Todos os deputados brasileiros que compunham as Cortes Portuguesa voltaram ao Brasil.
Dom Pedro foi coroado.
Existia uma oposição de projetos políticos: as elites proprietárias de terras e escravos (desejavam
uma descentralização do poder político) X Dom Pedro I e as elites que fizeram a independência
(desejavam a centralização do poder).
As elites proprietárias formaram o grupo político dos brasileiros e Dom Pedro foi apoiado pelo
grupo dos portugueses. Em sua maioria, esses portugueses eram comerciantes que estavam no Rio.
Os brasileiros eram um grupo hegemônico na Assembleia Constituinte porque, em um primeiro
momento, eram aliados de Dom Pedro. Em 1823, esse grupo fez o projeto da Constituição da Mandioca
que previa a descentralização do poder político.
Dom Pedro não aceitou a constituição e fechou o local da constituinte. Esse evento ficou conhecido
como A Noite da Agonia. Ele mesmo organizou um grupo para criar outra constituição.
Em suma, Dom Pedro fechou a constituinte e outorgou uma carta.
De acordo com a Constituição de 1824, o imperador era irresponsável (não poderia ser
responsabilizado pelos problemas políticos que aconteciam no país) inviolável e era o chefe da Igreja
(padroado). A Constituição dividia os três poderes e criava um poder acima deles para regulá-los - o
poder moderador. (Portugal adotou esse modelo.) Os presidentes das provinciais seriam impostos
por Dom Pedro.
O Conselho de Estado era um órgão de consulta de Dom Pedro e também foi o órgão gestor da
política externa brasileira.
O voto era censitário (renda anual de 100 mil réis para participar das eleições paroquiais; os
eleitores tinham que ganhar no mínimo 200 mil reis e esses escolhiam os deputados que tinham que
ganhar no mínimo 400 mil réis e os senadores tinham que ganhar no mínimo 800 mil réis). Eles
votavam numa lista tríplice e o imperador escolhia um deles. O senado era um cargo a vida toda.
Não havia proibição do voto do alfabeto.
Uma província não jurou a constituição: Pernambuco. A revolta ficou conhecida como Confederação
do Equador. Os pernambucanos afirmaram ter criado um novo país. Eles contaram com o apoio de
outras provinciais do nordeste e adotaram a Constituição da Gran- Colômbia. Dom Pedro
desesperou-se e contratou mercenários e uma esquadra. Frei Caneca foi executado.

Guerra da Cisplatina
Levante dos 33 orientales: a elite uruguaia comprometeu-se a lutar pela independência. As Províncias Unidas do
Rio da Prata comprometeram-se a ajudar o Uruguai.
O Brasil queria ter hegemonia nas Províncias do Prata. A Marinha Brasileira era forte, mas a cavalaria
uruguaia era superior. Havia um impasse.
Após de três anos de desgaste, começaram as negociações entre Brasil e Argentina. A Inglaterra foi
convocada para intermediar. Ela apoiou a criação de um país independente, o Uruguai - o algodão entre dois
cristas.

Economia

O Brasil do Primeiro Reinado não tinha dinheiro. A crise brasileira ocorreu devido à decadência da
cana-de-açúcar e do algodão. Estávamos concorrendo com o açúcar de beterraba feito na própria
Europa e o algodão brasileiro era volátil: só ganhávamos dinheiro quando o algodão americano
estava ruim. Houve a falência do Banco do Brasil.
Bernardo de Vasconcelos tentou implementar a monarquia representativa, ele era um liberal (até
certo momento). Ele criou a Lei Bernardo Pereira de Vasconcelos que estabelecia em 15% a tarifa para
todos. Na prática, isso baixou a arrecadação do governo. A dívida externa era crescente.
Em 1826, Dom João morreu em Portugal. O herdeiro do trono português era Dom Pedro, mas ele
estava em meio à Guerra da Cisplatina, então ele abdicou ao trono português em favor de sua filha,
Dona Maria da Glória, que era uma criança. O tio dela, Dom Miguel, aproveitou para usurpar o
trono. Dom Miguel não se conformava com o liberalismo de Portugal, ele já tinha tentado dar dois
golpes.
Com ele, Portugal viveu um retorno ao absolutismo. As forças liberais chamaram Dom Pedro e ele
bancou as tropas para lutarem em Portugal mantendo os interesses de Maria da Glória (Crise
Sucessória Portuguesa). Além de aumentar os gastos, politicamente isso também foi ruim, porque os
brasileiros começaram a achar que Dom Pedro era mais português do que brasileiro.
Os brasileiros foram muito influenciados por um evento que aconteceu na Franca chamado de Os 3
gloriosos que foi a Revolução Francesa de 1830. Esse episódio pôs fim a uma monarquia absolutista e
iniciou uma monarquia constitucional regida pelo Rei Burguês.
Cresceu no Brasil um sentimento contra Dom Pedro. Leopoldina, que era amada pelo povo,
faleceu. As crises aumentaram. Libero Badaró, um jornalista que era o principal opositor de Dom
Pedro, foi assassinado.
Houve três dias de conflito entre portugueses e brasileiros no centro do Rio de Janeiro. Esse evento
foi chamado de A Noite das Garrafadas (porque os portugueses arremessaram garrafas pelas janelas das
casas nos brasileiros). Dom Pedro resolveu demitir todos os brasileiros que estavam no ministério,
então. O ministério formado ficou conhecido como o Ministério dos Marqueses.
A pressão para a renúncia de Dom Pedro era tão grande que chegaram a colocar uma esquadra na
Baía de Guanabara. Em Portugal, ele era bem visto, como um salvador do liberalismo. Ele decidiu
ir para Portugal e deixou o trono brasileiro para seu filho. José Bonifácio foi indicado como tutor de
Dom Pedro II. Em 7 de abril de 1831, Dom Pedro abdicou. A partir desse momento, o Brasil tinha
um monarca brasileiro (Dom Pedro II tinha 5 anos). Devido sua tenra idade, o Brasil passou a ser
governado por regentes - uma espécie de experiência republicana.

# TÓPICO 4 - AS REGÊNCIAS (1831-1840) E O SEGUNDO REINADO

Em 1831, por ocasião da abdicação do imperador em 7 de abril, tivemos a Regência Trina Provisória.
Ele abdicou em um momento de recesso parlamentar sendo que era o parlamento que teria de
decidir quem seria o regente. Em 1831, quando o congresso voltou a funcionar em sua segunda
legislatura (a primeira foi de 1826-31), transformou-se a Regência Trina Provisória em Permanente (de
1831-35).
Em 1835, pela primeira vez, houve eleição geral para um chefe de Estado (para governar por 4
anos) devido a uma emenda constitucional. Alguns historiadores chamam isso de experiência
republicana. O Ato Adicional de 1834 previa a eleição para regente. Em 1835, passamos a ter a
Regência Uma; quem venceu foi o ministro da justiça da Regência Trina Permanente, Padre Feijó (que
tinha renunciado após ser acusado de golpe de Estado).
No final do período colonial, houve uma ampla mobilização do clero, era um clero iluminista com
feição mais revolucionária. Padre Feijó era o líder do partido (facção) liberal.
Em 1837, Feijó renunciou a regência após problemas políticos sobretudo por conta de revoltas
coloniais (Cabanagem e Farroupilha). Araújo Lima, o Marquês de Olinda, assumiu o governo
(Regência Una de Olinda). Ele tinha uma tendência mais conservadora. Os partidos do Segundo
Reinado são os partidos formados nas regências.
No Primeiro Reinado, tínhamos dois grupos políticos o partido português e partido brasileiro. Nas
regências, o partido português virou restauradores. A monarquia era popular enquanto o
movimento republicano era de elite. O grupo dos restauradores perdeu a relevância após 1834 -
quando Dom Pedro I morreu, uma vez que eles queriam a volta do imperador.
O partido brasileiro deu origem aos liberais. Ao chegar ao poder, eles auto intitularam-se de liberais
moderados. A revolução feita por esse grupo foi simplesmente tirar o imperador. Os restauradores
podem ser chamados de caramurus, corcundas, pés de chumbo ou marotos.
Os liberais queriam conservar a escravidão, o regime de latifúndio, a monarquia, a unidade
territorial, o voto censitário. Todos os que queriam mudar qualquer outra coisa eram chamados de
liberais exaltados. Em suma, os moderados queriam a manutenção da ordem.
Ao optar por uma regência trina, o poder executivo era descentralizado. A Lei dos Regentes, aprovada
em 1831, enfraqueceu o poder do executivo ao tirar os poderes do regente: ele não poderia dissolver
a assembleia, nem declarar guerra, nem ratificar tratados internacionais. Feijó implementou uma
agenda de descentralização.
Com o Primeiro Reinado, o juiz de paz seria um juiz local (o juiz de paz era eleito). Em 1831, foi
criado um código penal. Isso aumentou o poder das provinciais.
Um dos grupos que mais participava das rebeliões eram os militares - a maior parte dos de baixa
patente eram negros. Essas rebeliões ficaram conhecidas como rebeliões de tropa e povo. Feijó criou,
então, a guarda nacional que era organizada por latifundiários locais (só livres de nascença podiam
participar dessa guarda). Em outras palavras, Feijó descentralizou o exército entregando o poder
militar às elites.
O avanço liberal teve como objetivo enfraquecer o executivo e descentralizar a política. Os liberais
eram chamados de chimangos e os exaltados eram chamados de farroupilhas ou jurujubas.
A figura chave do avanço liberal foi o ministro Feijó. O cerne do absolutismo brasileiro era o poder
moderador e o conselho de Estado (órgão de consulta vitalício). Em 1831, houve um projeto que
queria acabar com o senado vitalício (sem passar pelo senado). Em 1832, esse golpe parlamentar foi
impedido por Carneiro Leão que afirmava que o poder moderador era inaceitável, mas que a
constituição precisava ser respeitada. O Ato Adicional de 1834 foi a consequência da tentativa de
golpe. Ele instituiu o fim do conselho de Estado, a descentralização legislativa por meio da criação
de assembleias legislativas em cada uma das provinciais, a criação do município neutro (Rio de
Janeiro) e a transferência da capital da província para Niterói.

Rebeliões Regênciais

J. M. de Carvalho dividiu em duas fases.


A primeira fase é formada por rebeliões de tropa e povo. Os chimangos criaram a Guarda Nacional
para reprimir essas rebeliões. Esse tipo de rebelião era majoritariamente urbana.
A segunda fase de rebeliões foi formada pelas rebeliões provinciais (muitas causadas por conta do
Ato Adicional). Elas não eram urbanas, nasciam de um conflito intraelites. Eram uma espécie de
guerra civil entre facções políticas dentro de uma província. Após 1831, o Estado perdeu a
capacidade de ser árbitro do conflito intraelite devido à descentralização. As rebeliões saíram do
controle.
As províncias são valiosas e falta legitimidade ao governo regencial para servir de árbitro. No norte e
no sul havia revoltas (Cabanagem e Farroupilha). Esse cenário de rebelião modificou o quadro
político.
Os liberais moderados racharam: uma parcela tornou-se regressista (partido da ordem Bernardo
Pereira de Vasconcelos); e outra parte, progressistas. Feijó foi perdendo legitimidade. Após Bento
Gonçalves fugir de uma ilha na Bahia e voltar a comandar o movimento revolucionário no sul do
país, surgiram suspeitas de que o governo apoiava os revoltosos. Feijó renunciou. Araújo Lima
assumiu o governo, convocou a eleição e ganhou. Seu ministro do império foi Bernardo Pereira de
Vasconcelos (que era a oposição). Começava o regresso conservador.
O regresso (1837-44) não teve maioria no parlamento. O principal foco dos regressistas foi reprimir
as rebeliões. Na Bahia, havia a Sabinada; e no sul, a Farroupilha2 (ambas elitistas). Como exemplos
de rebeliões populares podemos citar a Cabanagem (no Pará) e a Balaiada (no Maranhão). Os
elementos do exército farroupilha foram integrados ao exército nacional após o fim da revolta.
O regresso começou a tentar alterar medidas do Ato Adicional. A Lei Interpretativa ao Ato Adicional
esvaziou o Ato Adicional e tirou o poder das assembleias. Foi feita o Código de Processo Criminal que
criou o delegado de polícia (que era nomeado pelo poder central).
No Segundo Reinado, conservadores passaram a ser chamados de saquaremas e os progressistas
viraram os liberais (os luzias).
Os liberais só tinham como voltar ao poder por meio de um golpe. Começam a conspirar sobre a
maioridade. Os liberais decidiram trazer o imperador para assim tirar os conservadores.

O período regencial é objeto de debate historiográfico. Para alguns autores, o Ato Adicional era um
acordo entre centralização e descentralização.
Como não havia um exército confiável, não tínhamos como controlar a soberania. Todos os
elementos que garantiam a estabilidade da política externa tinham sido fragilizados: não havia
orçamento, exército e marinha estavam enfraquecidos, e o conselho de Estado havia sido extinto.

Amado Cervo chama essa postura de imobilismo, sobretudo em relação ao Prata em um momento no
qual Rosas estava em ascensão na Argentina (1835). Na região do Pirara, houve ameaça europeia.
Os ingleses exigiam a proibição do tráfico de escravos.
Houve também tensões com a Igreja. O chefe de Estado era o chefe da Igreja, mas o chefe de
Estado era um padre - um padre que nomeava bispos. Feijó apoiava um candidato a bispo que era
contra o celibato. A Igreja não quis reconhecer. Ficar sem bispo era um problema burocrático para
o Estado. O Rio ficou sem bispo por muito tempo.

Durante a regência, o Brasil pagou muita indenização devido ao bloqueio do Prata.


O ponto positivo desse período foi que o debate sobre a política externa passou a acontecer no
parlamento.
Em 1841, o conselho de Estados foi restaurado com uma parte dedicada a política externa. No ano
seguinte, a Reforma Sepetiba deu maior robustez às instituições organizando o departamento de
negócios estrangeiros.
A diplomacia brasileira tentou enfraquecer os convênios que os farrapos faziam com dissidentes de
outros Estados. Os farrapos fizeram pressão para que o Império atacasse Rosas. Temendo que os
farrapos se separassem novamente, o Brasil atacou. Para Amado Cervo, a partir do final da
Farroupilha, o Brasil assumiu a agenda gaúcha; ele afirmou que a política externa foi sequestrada
pelo Rio Grande do Sul.

Construção do Brasil Imperial

O Golpe da Maioridade foi um golpe liberal. O imperador tinha 14 anos.


As eleições2 aconteciam dentro das Igrejas. As eleições que aconteceram logo após o Golpe, ficaram
conhecidas como Eleições do Cacete devido à violência e à fraude. Os liberais ganharam, mas o
imperador dissolveu e os conservadores voltaram ao poder.
A facção áulica era o grupo que controlava o Paço Imperial, mas perdeu o poder após o imperador
completar 18 anos.
Entre 1844-46, ele empoderou-se. Os áulicos estavam próximos ao poder conservador.
Em 1841, o conselho de Estado reabriu e o poder moderador foi restaurado plenamente.
Em 1942, tivemos a última eleição com característica colonial.
Em 1844, Dom Pedro II convocou os liberais para deixar claro que ele tinha o poder. Começava a
haver um regime político no qual o poder moderador fazia parte do jogo político (daí o nome
parlamentarismo às avessas).
O imperador escolhia o primeiro-ministro (chefe de gabinete) que escolhia 6 ministros. O ministro
do Império controlava todos os presidentes de províncias; e o ministro da justiça, todos os delegados.
Depois disso, as eleições eram convocadas. Conclusão: o governo nunca perdeu uma eleição. O
parlamentarismo às avessas gerava certa estabilidade.
A figura do presidente dos ministros blindava a figura do imperador; porque caso o governo fosse
ruim, era o presidente quem caia.

O primeiro presidente foi Marquês de Olinda, um liberal. A partir daí, começou um sistema de
gabinete.
A partir de 1837, depois de um longo período de crise econômica, o açúcar começou a ser
superado. No momento em que o regresso conversador chegou ao poder, o café tornou-se o
principal produto.
Os conservadores mais poderosos eram aqueles do Vale do Paraíba.
O Tempo Saquarema foi o período no qual os conservadores conseguiram convencer os liberais de que
adotar medidas centralizadoras e conservadoras era melhor para o país. A matriz ideológica tanto
dos liberais quanto dos conservadores era a mesma: a conservadora.
Em 1853, os conservadores saíram do poder para outro gabinete conservador ser formado.
Carneiro Leão compôs seu gabinete com quatro ministros conservadores e dois liberais. Esse
gabinete ficou conhecido como Gabinete da Conciliação.
Em 1860, os liberais ganharam 20% das cadeiras, esse ano foi conhecido como o renascer liberal. Em
1862, o Gabinete Progressista misturava liberais com conservadores.
Dos 39 gabinetes, 20 foram liberais e 19 conservadores. Dos 49 anos, 29 foram de conservadores.
Em outras palavras, os gabinetes liberais duravam menos tempo que os conservadores. Esses últimos
eram mais homogêneos e estáveis.
As Lei Eusébio de Queirós, Lei 28 de Setembro (ou Do Vente Livre), Lei Saraiva de Cotegipe (ou
Do Sexagenário) e Lei Áurea foram todas aprovadas em gabinetes conservadores.
A Lei Alves Branco em 1844 para Amado Cervo simboliza o embrião da industrialização brasileira.
Ela foi uma vitória da facção industrialista e aumentava a arrecadação pondo fim aos Tratados
Desiguais. A tarifa dobrou para 30% e se houvesse similar nacional, a tarifa seria 60%. Esse
protecionismo contribuiu para o fim da Farroupilha. Entretanto, o espírito de 44 não durou muito
tempo. A partir da década de 50 não havia mais clareza tarifária. Amado Cervo elega que a política
tarifária passou a ser errática não permitindo que o empresariado se organizasse. O sucesso do café
também inibiu a industrialização no primeiro momento.

O SEGUNDO IMPÉRIO

No parlamentarismo ás avessas, o rei reinava e governava, havia um fusível político (o presidente


dos ministros) e, o sistema era bipartidário.
Tanto os liberais quanto os conservadores eram ideologicamente conservadores: queriam manter o
latifúndio, a monarquia, a escravidão, o voto censitário, a unidade territorial.
José Murilo de Carvalho defende a tese da acumulação primitiva de poder: a monarquia foi
acumulando poder (maioridade, fim do habeas corpus, Lei Interpretativa, criação do delegado de polícia).
A escravidão era o compromisso da monarquia com os setores senhorias. Ilmar e Castro enfatizam o
elemento da escravidão que legitimava o medo da haitianização do Brasil (o que viabilizava o
discurso conversador). Para Murilo, foi a homogeneidade das elites que permitiu a unidade. As elites
que ocupavam o aparato governamental eram majoritariamente compostas por advogados
formados em Coimbra, São Paulo e Recife. Esses bacharéis iam subindo de cargo e essa rotatividade
da elite fazia com que eles se conhecessem. Essa matriz coimbrã garantiu uma homogeneidade de
formação.

Saquarema é um termo usado para se referir aos conservadores do Rio de Janeiro por conta do
Visconde de Itaboraí, dono de uma fazenda em Saquarema na qual reunia os conservadores. Dos
seis ministros do Gabinete Saquarema, três eram do Rio de Janeiro - a Trindade Saquarema.
O Gabinete da Conciliação tinha alguns liberais e começou a declinar após a morte de Marquês do
Paraná.

Gabinete Saquarema

Durante esse período, houve a primazia do Rio de Janeiro, sobretudo do Vale do Paraíba e a
repressão à Praieira1.
Paulino José Soares de Souza se tornou ministro das relações exteriores. Durante sua gestão foi
aprovada a Lei Eusébio de Queirós (que instituía o fim do tráfico de escravos), houve o retorno ao
intervencionismo platino (após mais de 10 anos de imobilismo) e a questão das fronteiras (com a
pressão norte-americana para que o Brasil abrisse a livre navegação na Amazônia).

Reformas Eleitorais

• Lei dos círculos (1855): criou o voto distrital, o que levou a uma ascensão progressiva dos liberais.
Vários caciques não foram eleitos e um grande número de desconhecidos chegou ao poder –
notabilidades de paroquia;
• Segunda Lei dos Círculos (1860): modificou o voto distrital para que o círculo aumentasse, o círculo
passou de 1 para 3 deputados;
• Lei do Terço (1873): um dos três deputados tinha de ser da oposição;
• Lei Saraiva (1881): acabou com o sistema indireto de votos. Para votar, bastava ser alfabetizado e ter
200 mil réis.

Gabinete Progressista
Esse gabinete tinha alguns conservadores moderados. Nele foram propostas várias medidas, mas
nenhuma delas foi implementada.
Nesse período, o Brasil rompeu com a Inglaterra (Questão Christie) e a Guerra do Paraguai começou.
Caxias era um membro do partido conservador; ele teve que lutar como general sob um governo
liberal. Caxias foi nomeado ministro da guerra, mas foi boicotado pelos jornais e imprensa. Dom
Pedro II percebeu que isso estava atrapalhando a guerra, uma decisão havia de ser feita: Caxias ou
Zacarias. Zacarias se demitiu (1868) e Caxias assumiu. O gabinete foi escolhido para dar suporte a
guerra. A queda do Gabinete Zacarias foi a caixa de Pandora do Império – anos depois, o partido
republicano foi fundado.
Depois da Guerra do Paraguai, começou a crise do Império.
Entre 1871 e 1875, o gabinete Rio Branco fez uma série de reformas como a Lei do Ventre Livre, uma
reforma educacional, a Lei do Terço. Ele reformou a Guarda Nacional, fez o primeiro censo
brasileiro, ligou o Brasil à Europa por telégrafos, fez uma escola de engenharia, prendeu os bispos
que seguiram a bula papal e ignoraram as ordens do imperador.
No governo liberal de 1878, a instabilidade foi oriunda das pressões abolicionistas. Quando os
conservadores voltaram ao poder, eles começaram a reprimir os abolicionistas. A questão militar
surgiu nos gabinetes liberais.

Entre 1845 e 1851, houve um debate no parlamento sobre a manutenção do imobilismo ou não.
Devido a pressões gaúchas, o Brasil decidiu invadir o Uruguai para derrubar o governo dos blancos.
Rosas declarou guerra ao Brasil (Guerra contra Oribe e Rosas). Antes de enviar tropas, diplomatas
brasileiros foram enviados para conseguir apoio local (dos colorados no Uruguai e de Urquiza na
Argentina).
A queda do Rosas levou a uma conflagração interna na Argentina. Buenos Aires não assinou a
Constituição liberal federalista de 1853. A disputa entre Buenos Aires e províncias perdurou por
toda a década de 1850. Isso possibilitou que o Brasil conseguisse a hegemonia platina.
Mitre era um liberal e na década de 1860 o grupo em ascensão no Brasil era a Liga Progressista
formada por liberais. Para Doratioto, essa convergência ideológica facilitou a aproximação entre as
duas nações. Foi nesse contexto que a Tríplice Aliança se formou (1865).
Em 1851, houve a Missão Paraná no Uruguai na qual foram assinados seis tratados. O título Visconde
do Uruguai concedido ao ministro das relações exteriores é uma síntese da hegemônica brasileira na
região.
Tráfico de Escravos
Em 1807, a Inglaterra aboliu o tráfico de escravos. Em 1815, no Congresso de Viena ficou proibido o
tráfico de escravos acima da Linha do Equador.
Em 1810 e em 1817, Portugal fez acordos bilaterais prometendo acabar com o tráfico no futuro.
Em 1825/27, o tratado previa que o tráfico acabaria em três anos.
Em 1831, foi feita a Lei Feijó ( a “lei para inglês ver”) que não foi seguida. Em 1845, a Bill Aberdeen,
resposta à Lei Alves Branco, equiparou o tráfico a pirataria. Para burlar a determinação britânica, os
traficantes passaram a usar a bandeira norte-americana nos navios, a deixar que um navio fosse
capturado para passar com os outros e a subornar os tribunais ingleses. O tráfico de escravos
aumentou absurdamente. Os navios ingleses começaram a bombardear os navios brasileiros. O
governo do Brasil decidiu abolir o tráfico de escravo.
Para Amado Cervo, a proibição do tráfico negreiro foi uma decisão brasileira, soberana, fruto de
um Estado nacional consolidado. Eusébio de Queirós teve de defender essa lei diante de um
parlamento conservador. Ele afirmou que a Inglaterra atrapalhava a abolição do tráfico porque a
ação repressiva aumentava o preço do escravo e isso fazia com que os traficantes se tornassem
inimigos: poucos controlavam todo o tráfico de escravos e os senhores de terra se endividaram.
Além disso, ele afirmou se tratar de uma questão de saúde pública e, sobretudo, de segurança tendo
em vista que em algumas regiões o número de escravos excedia a quantidade de pessoas livres –
medo de uma haitização.
Depois da Lei Eusébio passou a existir o tráfico interprovincial: os escravos passaram a ser enviados
para o sudeste.
Fronteiras
Duarte da Ponte Ribeiro reinseriu o conceito do uti possidetis no Brasil.
Durante as regências, Ponte Ribeiro representou o Brasil no Peru. Lá, ele assinou um tratado (que o
governo brasileiro não tinha autorizado), mas esse nunca foi ratificado pelo Congresso.
Paulino José Soares de Sousa deu sustento a opinião de Ponte Ribeiro. O gabinete de Paulino teve
alguns focos importantes. Suas principais diretrizes eram:
• buscar negociações bilaterais;
• uti possidetis de facto;
• usar fronteiras naturais;
• conceder direito de navegação.

Foi feito um Convênio em 1851 com o Uruguai.


O representante norte-americano no Brasil sugeriu que deveria ser estabelecida a livre navegação na
Amazônica. Paulino recusou temendo uma ocupação americana da região. Ele alegou que eram
águas internacionais, mas não americanas – eram águas internacionais dos países que formavam a
bacia. Peru e Bolívia queriam a livre navegação.
Ponte Ribeiro conseguiu que o Peru (1851) aceitasse o uti possidetis de facto em troca da livre
navegação. Ele conseguiu fechar tratados análogos com Colômbia (1852) e Venezuela (1853). (Esses
dois últimos países não ratificaram os tratados).
Em 1859, a Venezuela aceitou um tratado com o Brasil. Em 1867, assinamos com a Bolívia o
Tratado Ayacucho.
Em 1866, o Brasil abriu a livre navegação amazônica uma vez que a Guerra Civil Americana já
tinha acabado.
O Tratado com o Paraguai aconteceu em 1872.
Firmamos um tratado com a Argentina, em 1889, que dava três meses de carência para a resolução
da Questão de Palmas caso contrário a questão seria levada à arbitragem.
À Colômbia não interessava o direito de navegação porque ela tem saída para dois oceanos.
As questões da Guiana e Pirara só foram resolvidas na República.

OCASO DO IMPERIO

Joaquim Nabuco argumentava que os militares que lutaram na Guerra do Paraguai tinham tido
contato com as ideias republicanas, mas do ponto de vista historiográfico esse argumento não se
sustenta mais.
Boris Fausto e José Murilo de Carvalho enfatizam o papel do exército. Para Boris Fausto, só os
militares poderiam proclamar a república sendo que o movimento republicano era extremamente
fragmentado e estava concentrado sobretudo no sul do país. Silva Jardim não conseguia fazer
comícios republicanos no norte, ele era impedido pela população. Só o exército estava presente em
todo país, qualquer outra forma de proclamação da república não seria nacional. Mas essa teoria
não responde por que a república foi proclamada.
Alguns autores identificam que a escravidão era tão necessária à monarquia que uma vez abolida, a
monarquia não se sustentou.
F. Costa dizia que a monarquia perdeu o apoio do clero devido à questão religiosa em 1874 (quando
os bispos de Belém e de Olinda foram presos).
José Murilo de Carvalho argumenta que uma pequena parcela dos militares (jovens que tinham tido
contato com as ideias positivistas e iluministas) proclamou a república. Deodoro ia derrubar o
governo liberal do Ouro Preto (os militares simpatizavam com os conservadores), mas devido ao
boato de que Silveira Martins, um liberal que não se dava com Deodoro, assumiria; a república foi
proclamada.
Todas as questões (diferentes visões historiográficas) surgiram após a Guerra do Paraguai. O
positivismo formou uma proto-homogeneidade, teve a mesma função de Coimbra.
A hipótese de Ângela Alonso mais do que explica como o exército estava ganhando
homogeneidade, ela explica como os bacharéis estavam perdendo-a. Ela menciona a década do
renascer liberal que deu origem a liga progressista que entrou em colapso quando o imperador teve
que escolher entre Caxias e Zacarias. Os conservadores assumiram o poder - os liberais entenderam
aquilo como golpe de Estado. Durante os dez anos de governo dos conservadores, formou-se uma
nova categoria, uma nova classe social. Os liberais ficaram alijados do poder. A geração de 1870 não
participou do governo, não conseguiu emprego e não conseguiu criticar o governo porque a agenda
liberal havia sido sequestrada pelos conservadores. Essa geração precisava se reinventar. Surgiu um
bando de ideias novas: positivismo, federalismo, republicanismo, abolicionismo, novas estratégias
para difundir ideias. Essas ideias eram heterogêneas.

A Guerra do Paraguai
As forças que explicam a Guerra do Paraguai têm a ver com o processo de formação dos Estados
nacionais que herdaram os conflitos platinos dos impérios ibéricos.
A formação da Tríplice Aliança foi favorecida pela coesão liberal.
O fim do isolamento paraguaio se deu após a mudança de governo: Gaspar Rodrigues morreu e
Solano Lopez assumiu. Em um primeiro momento, ele fez um esforço para romper o isolamento se
aproximando do Brasil. O Brasil, na década de 1940, reconheceu a independência do Paraguai.
Em 1851, tomamos o Uruguai e colocamos Urquiza no governo argentino. O Paraguai começou a
temer a questão da livre navegação e redirecionou sua estratégia aproximando-se da Argentina,
mas logo percebeu que qualquer hegemonia colocava a livre navegação em risco. Então, Solano
Lopez tentou conseguir acesso ao mar. O Paraguai começou a buscar autonomia.
O governo uruguaio tentou se aproximar do Paraguai. Argentina e Brasil se juntaram para intervir
no Uruguai derrubando o governo em 1863. O Solano Lopez deu um ultimato ao Brasil. No
mesmo ano, o governo paraguaio capturou navios brasileiros, invadiu o Mato Grosso e algumas
cidades argentinas. Em 1865, o Brasil assinou o tratado da Tríplice Alianca (Argentina, Brasil e
Uruguai). Esse tratado sofreu críticas porque os conservadores temiam que a Argentina ampliasse a
fronteira com o Brasil.
A Guerra do Paraguai começou em um gabinete liberal. No primeiro momento, houve um
entusiasmo gigantesco sobre a guerra - há historiadores que indicam que o nacionalismo surgiu aí.
Mas conforme a guerra se prolongava, o entusiasmo foi diminuindo.
O exército brasileiro estava comando por Bartolomeu Mitre. Quando Caxias assumiu o comando,
os liberais começaram a criticar. Em 1868, um governo foi feito para se adequar ao general. Isso foi
fundamental para a guerra - em menos de um ano depois, Caxias já tinha conquistado Assunção.
Ele foi o único duque do império que não pertencia à família real.
Em 1869, os governos de Argentina e Brasil tinham mudado. Não havia mais identidade política.
Visconde do Rio Branco, ministro das relações exteriores, ficou um ano no Paraguai fazendo uma
espécie de statebuilding. Assinamos, então, um tratado com o Paraguai, mas segundo a Tríplice
Aliança isso não poderia acontecer. O Brasil manteve as tropas no Paraguai até que o governo
Paraguai decidiu fazer arbitragem com a Argentina (o Paraguai ganhou o território).
Em 1866, o Brasil abriu a livre navegação amazônica. A Inglaterra estava neutra no conflito, mas
conseguiu acesso ao tratado da Tríplice Aliança que falava em tomada de território e o fez público
(além disso, fez empréstimos ao Brasil financiando cerca de 20% a 30% da guerra).
Dentre as consequências podemos apontar a queda da popularidade do Mitre (houve rebeliões para
derrubá-los) e o assassinato do presidente uruguaio. No Brasil, houve rebeliões de mulheres contra a
guerra. Uma parte do efetivo foi de escravos ao quais prometeu-lhes a alforria. Essa insatisfação
levou ao descontentamento do parlamento.
Do ponto de vista econômico, o endividamento aumentou. Entre 65% a 80% da arrecadação estava
no setor externo da economia (o império arrecadava com as importações e as províncias
arrecadavam com as exportações). O império brasileiro não tinha capilaridade na arrecadação de
impostos. O orçamento imperial sempre foi deficitário devido a essa má arrecadação. Para diminuir
o déficit, o governo fazia empréstimos. (Após a Lei Alves Branco que aumentou a arrecadação,
conseguimos ficar 8 anos sem empréstimos.).
#TÓPICO 5 - PRIMEIRA REPÚBLICA E O BARÃO

Entre 1889-94 tivemos a Primeira República. Deodoro venceu como presidente, mas Floriano (da
oposição) venceu como vice. Floriano chegou a presidência após a renúncia de Deodoro. Em caso
de renúncia deveria haver novas eleições, mas Floriano permaneceu no poder. Foi um período
autoritário.
Em 1894, Floriano fez um acordo e se retirou do poder e uma eleição geral foi realizada. Houve
uma pequena participação popular.
De 1894 a 1930, tivemos a República Oligárquica. Nessa segunda fase, houve a predominância dos
civis, sobretudo da elite cafeicultora. Mas entre 1910-14, houve o governo de Marechal Hermes.
Segundo José Murilo de Carvalho, a república foi proclamada porque os militares acabaram
construindo uma certa homogeneidade. Os militares defendiam uma visão de ordem e progresso,
uma visão centralizadora. O federalismo era a antítese dessa tese. Para os militares, a República
precisava ser salva de si mesma. Na constituição da República, os militares tinham que obedecer ao
poder constituído dentro dos marcos constitucionais da legalidade. Na Primeira República, o
exército é o poder desestabilizador.
O marco da estabilização se deu a partir do governo de Campos Sales quando ele criou a política dos
governadores.
O governo Artur Bernardes (1923-27) viveu quase todo o período em estado de sítio. Porém, o
governo mais instável foi de Hermes da Fonseca. Houve várias rebeliões.
Política das salvações era quando o exército fazia intervenções a fim de salvar a República.
A República da Espada pode ser dividida em três momentos:
▪ governo provisório (1889-91);

▪ governo constitucional de Deodoro (1891);

▪ governo constitucional de Floriano (1891-94).


Durante o governo provisório não havia constituição; a administração era feita por meio de
decretos. O primeiro decreto foi prescrevendo a saída da Família Real em 24 horas. Foi decretado
que o Brasil seria um Estado laico. Iniciou-se um processo de romanização da Igreja que perdeu
prestígio político, mas ganhu educacional.
Houve movimentos messiânicos como a Revolução de Canudos e Rebelião do Contestado.
O decreto da grande naturalização previa que todo estrangeiro que estivesse morando no Brasil
viraria brasileiro. Essa medida tinha a ver com o branqueamento da população. (O imperialismo
era justificado por meio da ocupação efetiva do território; no momento em que há uma
naturalização, essa justificativa acaba.)
Foram criados novos símbolos nacionais e os arquivos sobre a escravidão foram queimados.
A política emissionista gerou o chamado encilhamento. Era necessário colocar dinheiro em
circulação para pagar os salários. No mundo, ocorria um choque de liquidez. É difícil apontar se o
encilhamento é fruto da política interna ou de um contexto sistêmico. O encilhamento deixou um
legado industrializante, ainda que tímido.
Do ponto de vista político, para os países da Europa as repúblicas latinas eram instáveis. O Brasil se
aproximou dos EUA ideologicamente, queríamos nos inserir no mundo da mesma forma que eles.
Podemos dizer que se tratava de uma visão kantiana das relações internacionais: era ideológica e
não (era) pragmática.
Na hora em que a República foi proclamada, o Brasil tinha assinado um acordo para resolver a
Questão de Palmas. O Tratado de Montevideo (1890) não tinha sido aprovado pelo congresso. Por
esse tratado, o pedaço do Rio Grande do Sul estaria ligado ao Brasil por uma estreita faixa de terra
podendo ser facilmente incorporado pela Argentina.
A questão foi resolvida por arbitragem feita pelos EUA.
A proposta norte-americana na Conferência Interamericana (1889) era a criação de um zolvenrein,
uma união aduaneira, na América diminuindo os impostos – mas isso quebraria o Brasil. Havia
uma outra proposta sobre o estabelecimento de um tribunal arbitral geral.
O Brasil começou a fazer algo que faria ao longo de toda República: servir de intermediador das
tensões entre Argentina e EUA.
O Acordo Blaine-Mendonça (1891), entre Brasil e EUA, foi o primeiro acordo comercial da República.
Esse acordo marcou a alteração das diretrizes do Império. No império, as negociações eram
biliterais e não por arbitragem e o último tratado comercial assinado tinham sido os desiguais. O
Império era mais próximo à Europa enquanto a República era ligada aos EUA.
A Constituição de 1891 incorporou algumas ações do governo provisório como o estado laico e a
grande naturalização. Ela foi inspirada da constituição norte-americana de 1787 e na argentina de
1853. Ela adota o federalismo fortalecendo os estados (cada estado tinha suas próprias forças
armadas e podia pegar empréstimos internacionais). O voto era aberto e com várias restrições:
padres, desocupados, mulheres, militares de baixa patente, analfabetos, todos não podiam votar -
menos de 1% da população votava.
O artigo 88 da constituição proibia o Brasil de entrar em guerra exceto as defensivas - visão
kantiana.
O governo Deodoro foi marcado por tensões. Ele temia sofrer um golpe parlamentar como ocorreu
no Chile (que estava em guerra civil - presidente X Assembleia). Os EUA apoiaram o presidente
chileno. Por isso, Blaine-Mendonça foi aprovado à toque de caixa: Deodoro precisava se aproximar
dos EUA. Esse acordo era benéfico ao açúcar brasileiro (o ministério era formado sobretudo por
nordestinos). Deodoro tentou dar um golpe contra o parlamento, a Marinha ameaçou bombardear
o Rio. Deodoro renunciou.
A primeira década republicana foi considerada a década do caos, houve muita instabilidade: conflitos,
revoltas, crise econômica, crise internacional.
A credibilidade e governabilidade foram resgatadas somente no governo Campos Sales. Ele
conseguiu controlar o parlamento negociando diretamente com os governadores das províncias –
ação que ficou conhecida como política dos governadores ou dos estados.
Campos Sales precisava negociar algo muito impopular que era hipotecar a alfândega do Rio de
Janeiro.
O acordo entre o executivo federal e os estaduais era assimétrico. O executivo pedia apoio político e
em troca oferecia a não-intervenção e o federalismo. Renato Lessa usa o termo colmeia oligárquica
para se referir a esse período.
A base dessa colmeia era o coronelismo. A obra mais famosa sobre esse tema é chamada Coronelismo,
enxada e voto. O coronelismo tinha como foco o município. Tinha como características principais a
coerção, coação e cooptação.
No patrimonialismo, não há dissociação entre o público e o privado. Ao longo da República, esse
modelo persistiu.
O sistema eleitoral era favorável ao indivíduo que controlava o sistema. O conflito entre os coronéis
se dava no nível micro. Essa lógica restringia o conflito à esfera municipal.
O caudilho também era um chefe político, mas ele tinha poder militar. O coronel não tinha esse
poder porque a guarda nacional estava cada vez mais fraca. Os caudilhos rivalizavam com o poder
central; os coronéis se apoiavam nele.
O cangaço foi um fenômeno político típico desse período e acabou só na Era Vargas devido ao
processo de centralização.
A colmeia oligárquica era formada por um acordo assimétrico no topo e pelo coronelismo na base.
As contestações populares eram, invariavelmente, aplacadas por forte repressão do Estado
oligárquico.
Houve fissuras intra-elites. Em 1910, Minas Gerais se juntou aos gaúchos e elegeram Hermes da
Fonseca, um presidente militar.
Em muitos estados, houve rotatividade oligárquica, mas isso não impactou o governo federal.
O Pacto de Ouro Fino (1913) formalizou o acordo entre PRP e PRM. Em 1922, houve uma nova
tensão. Rui Barbosa lançou sua campanha civilista com o apoio de São Paulo enquanto Nilo
Peçanha, com apoio do exército, lançou a reação republicana. Ambos perderam. Artur Bernardes
ganhou, mas teve que governar em estado de sitio quase todo o mandato.
Canudos, Contestado e Juazeiro foram movimentos messiânicos. A república oligárquica foi salva
porque o exército foi desmoralizado em Canudos impedindo assim a chance de um golpe de Estado.
Canudos desarticulou a mão-de-obra local afetando os coronéis.
A Revolta do Contestado envolvia a disputa pelas terras ao redor da ferrovia. Nessa região, havia o
choque de vários interesses distintos: dos proprietários da ferrovia, dos moradores, dos proprietários
das terras anexas à ferrovia.
Padre Cícero foi eleito prefeito de Juazeiro por mais de 20 anos. Nesse período, Hermes da Fonseca
estava fazendo intervenções segundo a lógica salvacionista. Isso gerou a Revolta de Juazeiro.
O governo Rodrigues Alves e Pereira Passos estavam remodelando o Rio de Janeiro. A Revolta da
Vacina (1904), se deu nesse contexto de modo altamente autoritário. Oswaldo Cruz implementou
uma série de políticas como a captura de ratos e a vacinação da população. Os juristas eram contra
essa última medida por ser uma violação ao corpo, mas a lei foi aprovada. Alguns autores apontam
que a vacinação obrigatória foi a gota d’água em um cenário de grande insatisfação oriunda do bota
abaixo do Pereira Passos.
Os militares da Praia Vermelha se revoltaram o que levou ao fechamento da Academia Militar.
A Revolta da Chibata (1910) aconteceu no navio Minas Gerais. Os marinheiros disseram que se os
maus-tratos não acabassem, eles bombardeariam a cidade do Rio de Janeiro. Os deputados de São
Paulo tentaram usar a revolta para desestabilizar o governo. A cidade foi bombardeada. A revolta
terminou com um acordo; mas com a revolta naval na Ilha das Cobras, os revoltosos dos dois
movimentos foram punidos – quase todos foram mortos.
A política externa desse período pode ser dividida em:
Antes do Barão, o Brasil estava instável. Havia uma política externa kantiana, uma visão idealista;
nos aproximamos de outras repúblicas como dos EUA e da Argentina. Havia fragilidade
institucional e a política externa estava rompendo com práticas da época monárquica.

Barão do Rio Branco recuperou alguns valores monárquicos.


Ele não tinha grandes posses, então tinha dificuldade de fazer aquele tour na Europa que os jovens
da época faziam. Na década de 1860, três dias antes de sua formatura, ele ganhou na loteria. Viajou
pela Europa, gastou todo o dinheiro e regressou ao Brasil. Aqui, foi professor de história,
procurador, jornalista, deputado pelo Mato Grosso, cônsul em Liverpool.
Ele só se casou após receber o título de nobreza – que era muito mais uma homenagem ao pai do
que a ele.
Em 1895, Floriano Peixoto delegou ao Barão uma arbitragem. Os EUA deram ganho de causa
integral ao Brasil.
Na arbitragem com a França, o Brasil disputava o território do Amapá. O Barão foi para Suiça
onde conseguiu ter interlocução política e encontrou de última hora um documento oficial francês
que reconhecia que a fronteira com o Brasil era o Oiapoque. O Brasil ganhava integralmente outra
vez.
Após vencer duas arbitragens seguidas, o Barão recebeu uma pensão vitalícia e foi trabalhar em
Berlim. A filha dele casou com um barão alemão. Ela, querendo se livrar do marido, insinuou que
ele estava entregando informações para os alemães durante a Primeira Guerra. Ela foi bem-
sucedida.
Quando Rodrigue Alves criou o ministério de notáveis, ele chamou o Barão para integrá-lo. O Barão
não pisava no Brasil há 26 anos. Ele começou então a tentar recuperar o Acre.
Nabuco foi reabilitado para representar o Brasil na arbitragem contra a Inglaterra.
Com a Bolívia, a assimetria de poder era favorável ao Brasil. O governo boliviano chegou a
mobilizar tropas. (O Barão defendia a modernização das Forças.) O Acre era uma região riquíssima
ocupada por brasileiros. Os peruanos diziam que o Acre era deles. A Bolívia dizia que o Acre era
dela, e tomou a decisão de arrendá-lo ao governo americano.
O Barão ofereceu para a Bolívia uma saída para o mar. Ele propôs a permuta de territórios (cedeu
uma parte do Mato Grosso e da Amazônia), a construção de uma ferrovia e uma indenização. O
argumento era que o Brasil queria o Acre por conta dos nacionais que ocupavam essa região – uti
possidetis.

Chancelaria Rio Branco


O Barão tinha alguns desafios a enfrentar. Ele viu o imperialismo europeu e o temia. O Brasil sofreu
a ocupação da Ilha de Trindade e o desembarque em Santa Catariana da cantoneira Panter para
recuperar desertores. Nabuco, nesse último caso, invocou a doutrina Monroe e a Alemanha se
desculpou.
Os ingleses bombardearam a Venezuela porque não tinham pago uma dívida. A Argentina propôs a
Doutrina Draco que proibia o uso da força para a cobrança de dívidas. O Brasil foi contra porque cria
que isso dificultaria a aquisição de novos empréstimos.
Na questão das fronteiras, havia uma preferência pelo uti possidetis e pelas negociações bilaterais.
Uma das estratégias da chancelaria do Barão foi o americanismo pragmático: nos aproximamos
para conter o imperialismo europeu por meio da Doutrina Monroe. O Brasil abriu uma embaixada
em Washington.
Rui Barbosa em Haia defendeu a igualdade jurídica entre as nações, ou seja, ficamos contra os
EUA.
A III Conferência Interamericana aconteceu no Rio de Janeiro, foi a primeira vez na história que
um secretário de Estado americano saiu dos EUA. Nessa conferência, o Barão fez um discurso sobre
a importância da Europa deixando claro que o americanismo era pragmático.
A diplomacia do prestígio era outra estratégia relevante. O Brasil passou a se apresentar para o
mundo, a participar e a sediar conferências internacionais. Por conta disso, o Rio de Janeiro tinha
que deixar de ser o cemitério dos estrangeiros e se tornar a vitrine do Brasil.
Em 1905, o Papa comunicou que o arcebispo do Rio se tornaria o primeiro cardeal da América
Latina - Cardeal Arcoverde.
A IV Conferência Interamericana foi em Buenos Aires. Em 1909, em nome da diplomacia do
prestígio, foi concedido ao Uruguai o direito à navegação nos rios da fronteira. Um cubano indicou
o Barão para receber o Nobel da Paz, mas ele (o Barão) retirou sua candidatura.
O ápice das tensões se deu entre 1908 e 1909. O Barão tinha adotado uma postura neutra no
Paraguai não intervindo em um conflito interno.
Após a compra de três dreadnoughts, Zeballos fez uma reunião sugerindo que enquanto houvesse
inferioridade naval era hora de invadir no Brasil. Zeballos foi demitido, mas conseguiu interceptar
um telegrama brasileiro. Ele afirmou que o Brasil estava fazendo uma aliança militar com o Chile
para invadir a Argentina. O Barão entregou o telegrama verdadeiro com o código (Caso Telegrama
nº9). O telegrama, na verdade, propunha um pacto entre Brasil, Chile e Argentina para afastar a
ação de potências estrangeiras e deixava claro que o único entrave era Zeballos.
O Barão vendeu o navio Rio de Janeiro recebendo só o São Paulo e o Minas Gerais.
O Barão morreu em 1912 no primeiro dia de carnaval. Hermes da Fonseca suspendeu o carnaval.
1912 foi o ano de dois carnavais.
CRISE DA PRIMEIRA REPÚBLICA
Havia elementos de pragmatismo nos momentos de alinhamento do início da República. O governo
Deodoro ao assinar o Tratado Blaine-Mendonça visava facilitar o acesso do açúcar brasileiro ao
mercado norte-americano e melhorar as relações com esse país visto que seria o árbitro da Questão
de Palmas.
A expulsão da Família Real, o encilhamento e a grande naturalização foram fatores que
prejudicaram ainda mais a imagem do Brasil que já estava fragilizada após a proclamação da
república. A fim de melhorarmos essa imagem, adotamos a diplomacia do prestígio.
Houve uma tentativa de profissionalização do exército que gerou um debate acerca da influência
alemã ou francesa sobre o exército.
O exército paulista se aproximou do modelo francês trazendo oficiais para cá (up - down); enquanto
os jovens turcos (nome dado aos jovens militares brasileiros que foram estudar na Alemanha)
seguiam o modelo bottom - up. Todavia, após 1918, a oposição entre o modelo francês e alemão
acaba por conta do fim da guerra.
O período do Barão teve uma ênfase extraordinária na modernização militar. Um dos motivos era a
preocupação com o imperialismo europeu (ocupação da Ilha de Trindade, bombardeio à
Venezuela).
Em 1906, houve um projeto da armada brasileira de comprar três dreadnoughts; dois chegaram em
1910 e o terceiro foi vendido ao Império Otomano.
Entre a morte do Barão e a ascensão de Vargas houve, de acordo com a maior parte da
historiografia, um período de medievalização da política externa.
O sucessor do Barão, Lauro Muller, optou por ser americanista. Ele chegou a telegrafar para os
EUA perguntando o que deveria ser feito a respeito do Paraguai.
Em suma: entre 1889-1902, antes do Barão, foi um período kantiano americanista; entre
1902-1912, chancelaria do Barão, foi um período de americanismo pragmático e de diplomacia do
prestígio; e entre 1912 -30, pos-Barão, foi um período ideológico.
Segundo Eugenio Garcia, a política externa dos anos 20 oscilava entre a Europa e os EUA.
O Brasil participou da Primeira Guerra, em parte, por conta do americanismo. Entramos em
novembro de 1917 - sete meses após o ingresso norte-americano. Havia uma pressão da opinião
pública pró-aliados liderada por Rui Barbosa. Inglaterra e França também pressionavam para que o
Brasil entrasse na guerra sobretudo devido ao comércio.
A partir de 1916, a Alemanha deu início a guerra de submarinos: navios começaram a ser
afundados. A pressão da opinião pública aumentava. Lauro Muller se demitiu e Nilo Peçanha
assumiu a pasta de relações exteriores.
A marinha alemã havia feito uma reforma, porém não conseguia usar os navios por conta da
posição geográfica da baía. Muitas embarcações da marinha mercante não conseguiam voltar para
a Alemanha, por isso passaram a usar submarinos. (Entre 1915 e 16, a Inglaterra publicou uma lista
proibindo alguns produtos para otimizar o espaço nos navios.) O governo brasileiro decidiu, então,
confiscar os navios que estavam aqui sob o argumento de posse fiscal - os navios estavam surtos.
Depois, arrendamos quase todos como navios militares para a França.
Em 1917, o Brasil decretou estado de beligerância. O Brasil só enviou um navio (departamento
naval de guerra) em 1918, mas ele não chegou: a tripulação não pode desembarcar na Espanha por
conta da gripe. Enviamos aviadores para participar da força aérea francesa.
Epitácio Pessoa foi lançado como candidato à presidência em Paris para suceder Rodrigues Alves
que havia falecido de gripe espanhola.
Após a guerra, alguns países defenderam que a marinha alemã deveria ser distribuída de acordo
com as perdas. O argumento brasileiro, por sua vez, agradou aos EUA (era o argumento de ‘quem
viu primeiro’). Então, o Brasil ficou com navios e vendeu para a França, esses navios foram
considerados como sendo indenização de guerra.
Na Liga das Nações, o Brasil teve posição de prestígio como membro rotativo. Na Liga, as decisões
eram tomadas por consenso. Em 1925, por conta da aproximação entre Alemanha e URSS, a
Inglaterra temia uma sovietização da Alemanha e tentou reincluí-la. O tema da Alemanha no
Conselho da Liga voltou à mesa. O Brasil vetou o ingresso alemão: tratava-se de vencer ou não
perder. Após isso, nos retiramos do Conselho. Em outras palavras, nossa retirada se deu por
oposição à entrada da Alemanha sem contemplar a permanência do Brasil no Conselho. O
presidente nessa época era Artur Bernardes, Félix Pacheco era ministro e Afrânio de Melo Franco
era embaixador na Liga.
Nos anos 20, a tendência é cada vez mais o americanismo. Depois que a guerra acabou, buscou-se a
influência militar na França. Tanto a missão naval norte-americana quanto a missão militar
francesa eram missões secretas. Isso gerou tensões que explodiram no governo Artur Bernardes.
Três anos antes da Conferência de Santiago, os republicanos voltaram ao poder nos EUA e
convidaram as potências navais do Pacífico a participarem de uma conferência sobre
desarmamento, sendo que o alvo era o Japão. Estabeleceram-se limites militares para as marinhas.
O principal tema da Conferência de Santiago era o militarismo brasileiro. Foi nesse momento que
um tratado secreto entre Brasil e EUA foi descoberto. Quem salvou a Conferência foi o Paraguai
que propôs um tratado de solução de controvérsia, o Pacto Gondra - em caso de guerra, deveríamos
tentar uma mediação; uma guerra só poderia ser declarada após 6 meses depois.
Na Conferência de Havana, os EUA estavam na berlinda por conta do Big Stick. Foi aprovado o
princípio de não intervenção.

#TÓPICO 6 - O PRIMEIRO GOVERNO VARGAS

O Governo Provisório foi de 1930 a 1934. Houve uma oposição entre os tenentes e os ressequidos
(FUP + oligarquias dissidentes). Visando a centralização, Vargas nomeou interventores para todos
os estados – o que aumentou as tensões entre tenentes e a alta cúpula. Nesse período, o ministério
da justiça ficou com Oswaldo Aranha e a Delegacia Regional do Nordeste ficou com Juarez Távora.
Vargas fez intervenção na cafeicultura.
Houve várias crises entre os tenentes e as forças conservadores. Uma delas foi o empastelamento do
Jornal Carioca, que gerou uma demissão coletiva dos ministros gaúchos devido à não punição dos
tenentes que empastelaram o jornal. Outra crise foi a Dos Rabanetes X Picolés. Ao longo da década
de 1920, vários militares foram expulsos devido às revoltas fracassadas. Na década de 1930, após a
vitória, parte desses militares expulsos foram reintegrados (os chamados picolés). Os rabanetes eram
os grupos que se opunham aos picolés. Esse conflito levou a queda do ministro da guerra. Vargas
demorou meses para decidir e no final optou por Espirito Santo Cardoso.
As demandas paulistas redundaram na Revolução Constitucionalista de 1932. Os paulistas
reivindicavam um interventor civil e paulista. Como Vargas necessitava de São Paulo, ele assim o
fez. Os paulistas também reclamavam uma constituinte. Essa foi a única constituinte
que teve o voto classista – dezoito de sindicatos de trabalhadores, dezessete de sindicatos de patrões
e cinco de funcionários públicos. Isso garantia o enfraquecimento das oligarquias. Vargas convocou
a eleição para a constituinte, mas ainda assim os paulistas se revoltaram.
Essa foi uma luta pela constitucionalização do país, mas todas as concessões que ela demandava já
haviam sido feitas. Foi uma tentativa de coordenação das forças conservadoras contrárias à Revolução
de 30. As forças estaduais de Minas Gerais e Rio Grande do Sul não estavam dispostas a tirar o
governo, apesar de não estarem satisfeitas com o governo de Vargas. Por isso, São Paulo ficou
sozinho na Revolução. O governo brasileiro usou a aviação para bombardear São Paulo. Houve
expurgos no exército e maior controle das forças armadas após a derrota de São Paulo. Essa foi a
única guerra civil brasileira do século XX. Os revoltosos foram anistiados.
Tentou-se a criação de um partido dos tenentes – o Clube 3 de outubro. Essa foi a última tentativa de
homogeneizar os tenentes. Houve uma fragmentação do tenentismo: a maior parte foi cooptada
pelo regime Varguista (que cooptou suas bandeiras), outros ingressaram na Ação Integralista
Brasileira, alguns viraram comunistas (prestistas) e outros viraram liberais.
O interventor do Rio de Janeiro foi Pedro Ernesto – fez hospitais e escolas em zonas pobres da
cidade. Vargas iniciou um processo de centralização.
Celso Furtado acredita que o processo de industrialização estava ligado ao café. Havia
industrialização no final do Império e na Primeira Republica, porém só houve um projeto de
industrialização na Era Vargas.
Nos anos iniciais, Vargas tomou medidas para resolver a crise, mas ao longo do tempo ele percebeu
que estava industrializando o país e isso passou a ser um projeto. Furtado chamou isso de
keynesianismo avant la lettre.
Ao longo da Primeira República, tivemos várias intervenções no café. Em 1906, houve uma crise de
superprodução e, consequentemente, uma política de valorização do café. Os cafeicultores usaram o
dinheiro para plantar mais café e para consumir mediante importação. Em 1913, houve outra crise
de superprodução e houve outra política de valorização do café. Anos depois, em 1922, ocorreu a
mesma coisa. O governo federal decidiu não fazer mais essas ações. São Paulo fundou, então, o
Comitê Permanente de Defesa do Café. Em 1929, houve outra supersafra e o preço havia caído
muito. Nessa época, o café representava 72% da pauta de exportação brasileira. Em 1931, Vargas
criou o Conselho Nacional do Café; em 1932, ele alterou o nome para Departamento Nacional do
Café. Vargas passou a comprar sacas de café por meio de emissionismo. A virada foi essa: ele
comprou o café com mil-réis, isso desestimulava a importação e como os cafeicultores haviam quase
quebrado, eles pararam de investir muito em café. O Brasil começava a se industrializar, sobretudo
São Paulo. Não havia conflito entre o setor agrário e industrial [de São Paulo] porque eram as
mesmas pessoas.
Vargas queimou 78 milhões de sacas de café – o suficiente para a população mundial inteira
consumir por 3 anos. O Estado passou a fomentar indireta e diretamente a industrialização.
Na constituinte de 1932, que deu origem à Constituição de 1934, muitas correntes políticas
estavam representadas. Foi nessa época que surgiram os partidos de massa: com a presença de
inúmeros extratos sociais de todos os estados.
O Partido Comunista conseguiu fazer uma aliança com setores liberais e moderados da economia.
A classe média começou a se aproximar dele [do Partido].
Em suma, a constituição de 1934 foi feita com a ampla presença dos mais diversos extratos da
sociedade. Ela foi uma síntese do projeto industrializante do Estado e da visão liberal sobre a
industrialização. Ela ficou polarizada entre os tenentes (que defendiam o protagonismo estatal na
promoção do desenvolvimento) e os liberais (que defendiam o papel limitado do Estado na
promoção do desenvolvimento). Ela estabeleceu eleições diretas para governador e a eleição indireta
para presidente. Foi incorporado o voto feminino, voto classista, voto secreto e criada a justiça
eleitoral.
Em 1932, havia a crença de que a industrialização só aconteceria se houvesse uma intensa
intervenção estatal.
Quando a constituição foi promulgada, houve eleições imediatas para governadores – os
interventores ganharam na maioria dos casos. A Constituição de 1934 foi muito inspirada na Carta
de Weimer. Ela ficou em vigor de 1934 a 1937.
O governo constitucional (1934-37) foi o ápice da polarização entre os partidos de massa. A AIB era
fascista, de inspiração italiana; ela teve mais de 100 mil adeptos em todo o país e defendia a
miscigenação. A ANL era uma frente de centro-esquerda que congregava vários partidos políticos e
era liderada pelos comunistas que escolheram Prestes para ser seu presidente de honra. Carlos
Lacerda leu a carta de Prestes na abertura da ANL. Ela estava se tornando o partido mais forte do
país. Ela durou apenas 4 meses – Vargas mandou fechá-la.
Prestes organizou, então, o Levante Comunista de 1935 que foi fortemente reprimido. Vários
revoltosos foram presos. Eles estavam acostumados a se revoltar e a serem anistiados, porém dessa
vez isso não aconteceu: muitos foram torturados, mortos. Houve um forte sentimento
anticomunista.
A partir de 1935, Vargas decretou estado de sítio. Um capitão que era integralista fez um plano de
contingência em caso de revolução comunista. Olimpio Mourão Filho fez um documento
alardeando o medo comunista e publicou no Jornal como o Plano Cohen. Essa foi a desculpa que
Vargas precisava para fechar o Congresso e começar o Estado Novo. Houve um amplo apoio para
seu estabelecimento.
Vargas fez uma oposição entre tudo que veio antes como velho e a partir dele como novo – daí o
nome Estado Novo.
O Brasil tinha escassez de divisas porque elas eram oriundas da venda de café que estava com o
preço baixo. Vargas congelou do serviço dívida a um patamar para conseguir economizar dólares,
isso causou uma tensão com o EUA. Nesse momento, era difícil conseguir dinheiro emprestado.
Para Gerson Moura, os países que conseguiram empréstimos na depressão de 30 foram países que
conseguiram negociar politicamente.
Começamos a negociar tratados comerciais – foram assinados mais de 30; mas eles não deram certo
pois não era o melhor momento para se fazer acordos liberais porque o sistema internacional estava
protecionista por conta da crise. Todos os acordos foram denunciados.
Vargas tentou se aproximar da Argentina, Uruguai e Paraguai. Um conflito entre Bolívia e Paraguai
levou a Guerra do Chaco; o Brasil conseguiu negociar juntamente com a Argentina. A Questão Letícia
entre Peru e Colômbia não chegou à guerra, mas teve alguns confrontos. Esse território era fronteira
entre o Brasil e o Peru e passou a ser entre Brasil e Colômbia (Tratado de Salomon-Lozano).
A política externa no geral, não era uma prioridade nos anos 30; só os temas econômicos eram.
Tentou-se evitar o reconhecimento da beligerância de São Paulo evocando a Convenção de
Havana. (Houve um afastamento da França que era simpática aos paulistas.)
Vargas nomeou Benedito Valadares para ser interventor de Minas. Ele [Vargas] afirmou que havia
pressões de todos os lados e que ele não poderia curvar-se a elas. Afrânio de Melo Franco pediu
demissão por conta disso.
A partir de 1933, os EUA começaram a pressionar o Brasil a abrir sua economia. Se Vargas
aceitasse, a industrialização entraria em crise; se ele não aceitasse, o país quebraria.
Nessa época, a Alemanha estava com problema para ter divisas. O ministro da economia do Hitler
precisava fazer comércio sem uso de moeda estrangeira. Começamos, então, a fazer comércio
compensado – uma espécie de escambo. Em 1936, esse tipo de comércio foi formalizado por um
acordo comercial; e em 1938, a Alemanha ultrapassou os EUA em comércio com o Brasil.
Os produtos norte-americanos serviram de insumos para o parque industrial brasileiro.
Conseguimos autonomia. A equidistância pragmática é um conceito de política externa de Gerson
Moura (divido em equilíbrio possível, difícil e rompido) que foi uma resposta ao conceito de
diplomacia pendular: a política externa brasileira não era errática, ela tinha um projeto.

#TÓPICO 7 - A POLÍTICA EXTERNA DO ESTADO NOVO

As bases da política externa do Estado Novo


A política exterior deveria servir ao desenvolvimentismo nacional. Foi dada ênfase ao comércio
exterior chegando a ser criada a Câmara do Comércio Exterior que agia de forma autônoma ao
Itamaraty.
Segundo Gerson Moura, que refuta a teoria pendular, a genialidade de Vargas reside na promoção
da equidistância pragmática. O Brasil fazia comércio com os EUA e com o III Reich (Alemanha
nazista) ao mesmo tempo. Por conta dessa equidistância, foi possível promover uma política de
barganha.
Equilíbrio Possível (1935-37).
O contexto era o início do III Reich1. A Alemanha precisava de matéria-prima. Enquanto isso, os
EUA tinham saído da crise de 1929 e da Grande Depressão, a recuperação para tal veio por meio
no New Deal. Nesse momento, havia um desgaste muito grande do Big Stick. As pressões contra essa
política deram origem a Política da Boa Vizinhança. Logo depois do lançamento dessa política, a
Emenda Platt foi suspensa. Os EUA deram muita importância ao México e ao Brasil. Uma
aproximação cultural foi promovida.
1 Ao longo de 1933, Hitler foi centralizando o poder em suas mãos. Em agosto de 1934, após a
morte do presidente, Hitler unificou os cargos formando o III Reich.
Nesse cenário, o Brasil conseguiu extrair algumas benesses. Os norte-americanos assinaram um
acordo comercial conosco em 1935. Pouco depois, firmamos um acordo de comércio compensado
com a Alemanha. A principal inovação desse comércio era que não era necessário moeda. Os
marcos de compensação substituíam a moeda - eram uma espécie de medida para converter os
produtos. Isso foi fundamental em um contexto no qual nem Brasil nem Alemanha tinham dinheiro.
A ideia era que um acordo não se sobrepusesse ao outro.
Equilíbrio Difícil (1938-39)
Os nossos obstáculos com os EUA tinham natureza econômica e com a Alemanha tinham natureza
política. Com os EUA, os obstáculos eram as dívidas e calotes brasileiros. O governo norte-
americano sofria pressão dos credores estadunidenses. No caso alemão, Ritter um embaixador
alemão no Brasil, em 1938, apresentou protestos formais por conta da Polaca que tinha estabelecido
o apartidarismo pondo fim ao partido nazista que havia no sul.
Em 1939, Oswaldo Aranha passou a ser o chanceler; ele era americanista. Foi criada a Missão Aranha
– os EUA emprestaram dinheiro ao Brasil e o Brasil pagou os credores norte-americanos. Oswaldo
Aranha conseguiu acordar a visita de oficiais brasileiros a instalações militares norte-americanas.
Ritter saiu do Brasil. A Alemanha passou a vender-nos armas – coisa que os EUA não podiam fazer
por conta de lei que dizia que armas só poderiam ser vendidas mediante pagamento em dinheiro.
Equilíbrio Rompido (1939-42)
O marco foi a eclosão da Segunda Guerra Mundial. A América Latina optou pela neutralidade,
porém foi difícil manter o comércio com a Alemanha – o bloqueio do Atlântico gerou dificuldades
ao comércio compensado.
Vargas fez um discurso no Encouraçado Minas Gerais elogiando as nações fortes afirmando que
elas estavam dominando o mundo. Os EUA se preocupavam com um possível apoio de Vargas aos
alemães.
Roosevelt concedeu um empréstimo para a construção da CSN de 15 milhões, Vargas aumentou o
valor e conseguiu receber 25 milhões. Enquanto tínhamos dificuldade com a
Alemanha, houve uma aproximação maior aos EUA. Foi nesse contexto que houve o incremento da
Política de Boa Vizinhança.
Os EUA adotaram o sistema de lend and lease e houve o reaparelhamento militar brasileiro. Dois
meses depois, houve o ataque a Pearl Harbor (dezembro de 1941). Em janeiro de 1942, houve a III
Conferência dos Chanceleres no Rio de Janeiro na qual os EUA pediram para que todos os países
rompessem com o Eixo e entrassem ao lado dos EUA. Argentina e Chile não romperam. O Brasil
rompeu com o Eixo. Entre fevereiro e agosto, aconteceram os ataques alemães ao litoral brasileiro.
Em agosto de 1942, o Brasil declarou guerra à Alemanha e à Itália. Só em 1945 declaramos guerra
ao Japão.
O Brasil na Segunda Guerra
Os norte-americanos precisavam das bases aéreas brasileiras por conta da autonomia de suas
aeronaves sobretudo as bases do norte e nordeste (ex.: Trampolim para a vitória).
Guerra da Borracha – a exportação de borracha era fundamental para a guerra; mais de 60 mil
brasileiros foram para o chamado “inferno verde”.
No final de 1943, a guerra na África já não tinha mais relevância. Vargas tinha medo de perder a
importância e não conseguir mais se vender. Ele decidiu, então, enviar tropas para a guerra. A
função da FEB era dar suporte aos EUA no norte da Itália. Os dois únicos países latinos que
participaram da guerra foram México (uma ação no Pacífico) e Brasil.
Reflexos internos
Na Guerra, o Brasil lutou ao lado de democracias combatendo ditaduras enquanto internamente
tentava manter o Estado Novo (uma ditadura). Começaram a surgir pressões pela
redemocratização. O principal símbolo da pressão foi o Manifesto dos Mineiros, que pedia – entre
outras coisas – o fim da censura. José Américo (que seria o candidato de Vargas) e Francisco
Campos (que criou a Polaca) começaram a se opor ao Estado Novo.
Nesse momento, Vargas promoveu a invenção do trabalhismo: criou a CLT, a justiça do trabalho, o
salário mínimo, a carteira de trabalho, o dia do trabalhador. Esse trabalhador que foi beneficiado
apoiou Vargas na redemocratização. O trabalhador se sentiu incluído, por isso esteve com Vargas
em 1945 e em 1950, e chorou

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