Tão importantes quanto as competências que acabámos de
referir são as configurações na aparência do bebé que cativam os adultos e os comportamentos de vinculação, ou seja, as reações observáveis que informam os cuidadores do desejo de interação do bebé. As reações observáveis correspondem aos 3 comportamentos básicos de vinculação precoces (o sorriso, o choro e as vocalizações) a que mais tarde se juntam o agarrar e o gatinhar. Sorriso: é um ato reflexo (automático). Mais tarde aparecem os primeiros sorrisos ativos intencionais, fruto da comunicação entre o bebé e as figuras de vinculação. Choro: constitui um modo eficaz de atrair a atenção de quem dele cuida. Existem quatro tipos fundamentais de motivação para o choro - dor, fome, aborrecimento e desconforto. O bebé parece estar programado para chorar de formas distintas. Vocalizações: funcionam como um estímulo para as vocalizações dos adultos. Esta troca adquire a forma de conversação servindo a interação social e compensando os adultos pela atenção dispensada. Estes comportamentos têm como função favorecer a proximidade com as figuras privilegiadas. Entrevista A ideia de figura de vinculação foi progressivamente redefinida, sendo que hoje a criança poderá ficar tanto ao cuidado do pai como da mãe, ou qualquer outra pessoa, que tenha uma interação duradoura com o bebé. Relativamente a este assunto, fizemos uma breve entrevista à diretora do infantário da Santa Casa da Misericórdia do Fundão, onde tentamos perceber melhor esta situação. Pudemos confirmar que as crianças que se encontravam ao cuidado do pai, ou filhos de casais homossexuais, daquela instituição, se desenvolveram de igual forma às outras. Pois segundo a diretora da instituição, a criança adapta-se àquela realidade, pois também não conhece outra, logo não se considera diferente das outras crianças. Para além disso, para nos explicar o seu ponto de vista, ainda nos deu o exemplo da segurança que sentimos ao saber antecipadamente os nossos horários, a nossa rotina. Por exemplo, de manhã antes de chegarmos à escola já sabemos as disciplinas que vamos ter, e isso dá-nos um certo conforto. Tal como nós, a criança também se sente amada e protegida se sentir esta segurança da parte dos pais. Ela nunca se irá sentir desconfortável por fugir àquilo que é considerado “normal” apenas por ter sido criada pelo pai ou por um casal homossexual. Para além disso, quisemos saber também se existiam crianças adotadas na instituição e se sentia que as mesmas se desenvolviam de maneira diferente das outras crianças, porque como na questão anterior, não puderam ter os cuidados da mãe assim que foram para a instituição. Ao que nos foi dito que é relativo, dependendo de cada criança. Umas conseguem ultrapassar certas adversidades com mais facilidade do que outras, devido à sua personalidade e ao passado de cada uma, as dificuldades que tiveram de ultrapassar e a postura que assumiram perante esses contratempos. Foram nos dado 2 exemplos, 2 crianças com a mesma idade e com uma história de vida semelhante, uma delas era bastante sociável e alegre. No entanto, a outra cada vez que chegava ao infantário estava maioritariamente das vezes a chorar e não queria participar nas atividades que faziam.
Foi feito um estudo nos Estados Unidos, conhecido como
"situação estranha" que consistia em estudar a forma como os bebés equilibram a sua necessidade de apego e autonomia em diferentes níveis de ansiedade. Esta situação experimental incluía diversos elementos que desencadeiam ansiedade: Separação da figura de vinculação, neste caso a mãe; Exploração de um local estranho; Interação com uma pessoa desconhecida; Para perceberem melhor esta situação, vou passar um vídeo que retrata aquilo que acabei de referir. Basicamente a investigadora colocou uma mãe e o filho com cerca de um ano numa sala com brinquedos para que o bebé pudesse brincar e observava as interações de ambos antes e depois da chegada de uma pessoa desconhecida na sala. Esta situação incluía momentos em que a mãe saia da sala e deixava o bebé com o desconhecido, mas passado uns segundos voltava. A informação mais relevante que a investigadora retirou sobre o vínculo mãe-filho não era proveniente da reação do bebé quando a mãe saía, mas de como reagia quando ela regressava, e sugeriu que as reações do bebé depois de voltar a reunir-se com a mãe indicam três padrões distintos: Vinculação segura: cerca de 70% dos bebés dos estudos apresentaram este tipo de padrão, em que eles utilizavam a mãe como base segura a partir da qual faziam explorações. Mostravam mal-estar quando a mãe saía da sala, mas brincavam tranquilamente, inclusive na presença de um desconhecido. Vinculação evitante: cerca de 15% dos bebés apresentaram este tipo de padrão. Estes bebés pareciam indiferentes à mãe e apenas reagiam quando esta deixava a sala. Consolavam-se tanto com o desconhecido como com a mãe. Vinculação insegura: os restantes 15% dos bebés mostravam receio perante o desconhecido, inclusive na presença da mãe. Quando esta saía da sala revelavam mal-estar, mas continuavam tristes e resistiam ao contacto com ela quando regressava.