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Revista Científica da FHO|UNIARARAS v. 3, n.

2/2015

SÍNTESE EVOLUTIVA DOS MARSUPIAIS


(MAMMALIA: METATHERIA)
EVOLUTIONARY SUMMARY OF THE MARSUPIALS (MAMMALIA: METATHERIA)

Marcus Vinicius Bonafé CABRAL1.


1
Centro Universitário Hermínio Ometto – FHO|Uniararas.
Autor responsável: Marcus Vinicius Bonafé Cabral. Endereço: Rua Guaianases, n. 456, Jardim
Fátima, Araras – SP. CEP: 13.607-081, e-mail: <cabral@uniararas.br>.

RESUMO ABSTRACT
A classe dos mamíferos possui uma história evolutiva The class of mammals have an evolutionary history that
que remonta o final do Triássico e todo um extenso dates back to the end of the Triassic and throughout an
contexto norteado pelo registro fóssil incompleto que a extensive context guided by the incomplete fossil record
paleontologia reuniu ao longo de anos de escavação e that paleontology gathered over years of excavation and
coleta. Os primeiros mamíferos em condições collection. The first mammals reasonably preserved in
razoavelmente preservados são do Jurássico Inferior conditions are the Lower Jurassic (KERMACK et al.,
(KERMACK, MUSSETT e RIGNEY, 1973, 1981; 1973, 1981; JENKINS e PARRINGTON, 1976), whose
JENKINS e PARRINGTON, 1976), cujos espécimes specimens are tiny, with skulls ranging from 20 to 30
são minúsculos, com crânios variando de 20 a 30 mm, mm body with about 150 mm and appearance similar to
corpo com cerca de 150 mm e aparência semelhante aos current shrews. Modern mammals are divided into
atuais musaranhos. Os mamíferos modernos se dividem placental, marsupials and monotremes and despite the
em placentários, marsupiais e monotremos, e, a despeito scarce fossil material, marsupials have a peculiar
do escasso material fóssil, os marsupiais possuem uma evolutionary history and complex phylogenetic
história evolutiva peculiar e relações filogenéticas relationships, in order to bring this group as a special
complexas, de maneira a trazer este grupo como foco focus of this work. Probably marsupials arose during the
especial deste trabalho. Provavelmente os marsupiais Early Cretaceous in Asia and, from this moment,
surgiram durante o Cretáceo Inferior na Ásia e, a partir dispersed to North America and, soon after, to South
deste momento, dispersaram-se para a América do America and Australasia (SZALAY, 1994). It is
Norte e, logo após, para a América do Sul e Australásia generally accepted that the Australasian marsupials
(SZALAY, 1994). Geralmente se aceita que os comprise a different side of those from the Americas,
marsupiais australianos compõem um clado diferente which is confirmed by recent molecular analysis
daqueles das Américas, o que é confirmado por meio de (AMRINE-MADSEN et al., 2003). For many years,
análises moleculares recentes (AMRINE-MADSEN et separate distribution of marsupials was established as a
al., 2003). Por muitos anos a distribuição separada dos puzzle and thus have been proposed several
marsupiais foi estabelecida como um enigma e, assim, biogeographical theories to explain it.
foram propostas várias teorias paleobiogeográficas a Keywords: Marsupials. Evolution. Paleontology.
fim de explicá-lo. Fossils.
Palavras-chave: Marsupiais. Evolução. Paleontologia.
Fósseis.

INTRODUÇÃO à presença de uma “bolsa” situada na região


Tradicionalmente a Classe Mammalia inguinal chamada de marsúpio, local onde os
divide-se em três subclasses: Allotheria (multitu- recém-nascidos completam seu desenvolvimento
berculados, totalmente extintos); Prototheria embrionário. Mesmo que a estrutura semelhante
(monotremados) e Theria, que se subdivide nas seja observada nos monotremos, ocorre que nem
infraclasses Methateria (marsupiais) e Eutheria todos marsupiais possuem marsúpio, no entanto,
(placentários). O termo Marsupialia faz referência

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esta característica é um dos elementos diagnósticos Austrália, os marsupiais são conhecidos a partir do
deste grupo (TYNDALE-BISCOE, 2005). início do Eoceno. A atual distribuição separada dos
Os marsupiais são mamíferos de marsupiais deu origem a inúmeros debates entre
constituição primitiva com pequeno cérebro, crânio especialistas em Biogeografia. Anteriormente à
alongado anteriormente e substituição dentária década de 1960, em geral atribuía-se preferência a
restrita ao terceiro pré-molar, o que lhes atribui uma rota de dispersão ao norte com os eventuais
condição peculiar, permitindo, assim, a distinção primeiros marsupiais deslocando-se através da
dos placentários (CARVALHO, 2004). Ásia para a América do Norte e Austrália no início
Entre as formas atuais, as mais conhecidas do Paleógeno, apesar de até então não haver
compreendem os cangurus, gambás e coalas. evidências de marsupiais encontradas na Ásia.
Atualmente, aceita-se que marsupiais e Com a aceitação da comunidade científica acerca
placentários tiveram origem simultaneamente por da deriva continental, assim ocorreu a preferência
meio de um ancestral comum durante o Cretáceo. sobre a hipótese de uma rota de dispersão no sul, da
Marsupiais são taxonomicamente menos diversos América do Sul até a Austrália pela Antártica. Foi
do que os placentários, mas seu longo percurso encontrada recentemente na Antártica uma
evolutivo, muitas vezes isolado, resultou em um variedade de marsupiais sul-americanos datando do
conjunto de espécies cuja diversidade morfológica início do Terciário, confirmando, dessa forma, a
e ecológica é quase análoga ao observado em maior possibilidade de a rota de dispersão ter
mamíferos placentários (SPRINGER, KIRSCH e ocorrido pelo sul (BENTON, 2008).
CASE, 1997). Os marsupiais evoluíram de forma a Alguns dentes isolados de marsupiais
ocupar os mais variados nichos, indo desde o dos recentemente foram datados apontando para o
pequenos comedores de insetos, passando pelo Oligoceno da Ásia Central. Os espécimes
nicho dos grandes carnívoros e avançando em pertencem a didelfídeos muito semelhantes ao
direção ao nicho ocupado pelos roedores Peratherium europeu e sem parentescos com os
(TYNDALE-BISCOE, 2005). marsupiais australianos (Figuras 1A e 1B). As
novas evidenciam irradiação de marsupiais na
Síntese paleobiogeográfica Europa no início do Terciário e sua migração para
Em determinado instante do início do o continente africano e asiático, com extinção
Paleógeno (65 m.a.), os marsupiais didelfídeos da subsequente nas três regiões. Sendo assim, é
América do Norte colonizaram a Eurásia. Na razoável especular que o gambá asiático poderia ter
América do Norte, os didelfídeos foram extintos sido interpretado de maneira bem diferente por
durante o Mioceno, porém, reentraram aquele que acreditasse na rota de dispersão pelo
recentemente por meio da América do Sul. Na norte.

Figura 1A Fragmento de mandíbula (A) de Peratherium.


Fonte: Paléothèque (s/d).

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Figura 1B Detalhes da dentição de Peratherium.


Fonte: Paléothèque (s/d).

Marsupiais australianos americano, o pequeno monito del monte


Os marsupiais australianos formam o clado (Dromiciops) (Figura 2), e seus parentes extintos
dos Australidelphia, muito diferente do clado de (Microbiotheria) parecem estar associados ao clado
marsupiais sul-americanos. No entanto, uma australiano, e não ao sul-americano (SZALAY,
notável descoberta revelou um mamífero sul- 1994; SPRINGER et al., 1998).

Figura 2 Monito del monte (Dromiciops).


Fonte: Discovery Life (s/d).

A convergência entre marsupiais quanto de trituração, enquanto em Canis a carne é


australianos e mamíferos placentários de outras cortada e os ossos são triturados por diferentes tipos
regiões do mundo é extraordinária. O extinto de dentes. Convergências parecidas podem ser
recentemente “lobo” marsupial Thylacinus, por encontradas em tamanduás, toupeiras, insetívoros
exemplo, possuía um crânio que parecia, à primeira arborícolas, folhívoros e até ungulados pastadores
vista, idêntico ao de uma raposa ou cão, conforme marsupiais (ainda que o canguru seja muito
demonstra a Figura 3. Ocorrem diferenças em diferente de um antílope ou cervo, vive de forma
alguns detalhes, no entanto, os molares do semelhante a eles).
Thylacinus possuem tanto superfícies de corte

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Figura 3 Evolução convergente da forma craniana semelhante à de um canídeo (vista ventral) no “lobo” marsupial (a)
e canídeo placentário (b).
Fonte: Benton (2008, p. 314).

O registro fóssil dos marsupiais da Os marsupiais australianos irradiaram dando


Austrália regride até o início do Eoceno origem a quatro clados principais (SZALAY, 1994;
(ARCHER, GODTHELP e HAND, 1993) com JONES, DICKMAN e ARCHER, 2003). A ordem
restos mais expressivos do final do Oligoceno em Dasyuromorphia inclui cerca de 60 espécies de ratos
diante. As faunas mais admiráveis são conhecidas e camundongos marsupiais, dasiuros (semelhantes a
do Pleistoceno, quando driptodontes, cangurus e gatos), o diabo-da-tasmânia e o lobo-da-tasmânia
outros viviam juntamente às équidnas gigantes, à Thylacinus, representado na Figura 4 a seguir.
tartaruga encouraçada Meiolania, à serpente Mon- Em 1926 o último espécime fêmea de lobo-
typythonoides e ao lagarto varanídeo Megalania, da-tasmânia tornou-se extinto quando morreu no
cujo tamanho era semelhante ao de uma vaca. zoológico de Hobart.

Figura 4 Thylacinus, o “lobo-da-tasmânia” em cativeiro.


Fonte: Uniprot Consortium (s/d).

Atualmente, a ordem Diprotodontia é Pleistoceno que se alimentava de outros mamíferos.


representada por 117 espécies de pequenos gambás O crânio robusto de 250 mm de comprimento de
australianos (assemelhando-se aos primatas), Thylacoleo (Figura 5) possui incisivos caniformes
cangurus, wallabies, cuscus planadores, vombates e fortes e lâminas extraordinariamente longas para
coalas. O “leão” marsupial Thylacoleo pode ser um cortar, estendendo-se ao longo de dois dentes.
falangeroide. Era um predador conhecido do

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Figura 5 Crânio do “leão-marsupial” Thylacoleo: dentes molares em forma de lâmina.


Fonte: Western Australian Museum (s/d).

Os cangurus surgiram no início do Mioceno australianos com exceção dos dasiuroides. Não há
e alcançaram grande porte no Plioceno. dúvidas de que o Procoptodon se movia em rápidos
Procoptodon, o canguru-de-rosto-curto do saltos como fazem os atuais cangurus, um modo
Pleistoceno (Figura 6) forrageava pastagens que eficiente de locomoção que permite alcançar
utilizava suas mandíbulas poderosas para trituras velocidades entre 44 e 55 km/h em curtas distâncias.
gramíneas e folhas. Seu crânio era mais alto e curto Os coalas datam do Mioceno Médio e os
em analogia aos cangurus modernos. Como eles, vombates atuais são parentes dos extintos
possuía quatro dígitos, porém o quarto era o único Dripotodontidae. Os diprotodontídeos surgiram no
funcional do canguru extinto Protemnodon, como meio do Mioceno (cerca de 14 m.a.) e
mostra a Figura 7 a seguir. Os dígitos 2, 3 e 5 eram sobreviveram até o Holoceno (dias atuais). É
reduzidos e unidos entre si de maneira firme por possível que os últimos tenham sido caçados pelos
tecido conjuntivo, uma condição denominada primitivos aborígenes australianos.
sindactilia, o que ocorre em todos os marsupiais

Figura 6 Crânio do canguru Procoptodon, segundo Nicholson e Lydekker (1889).


Fonte: Benton (2008, p. 315).

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Figura 7 Pé do canguru Protemnodon mostrando o quarto dedo dominante, segundo Flannery (1982).
Fonte: Benton (2008, p. 315).

O Diprotodon, representado na Figura 8, maxilar e mandíbula munidos de um par de dentes


possuía membros robustos com pés largos incisivos em forma de presas na porção anterior, e
plantígrados para sustentar seu peso, além de garras molares trituradores mais largos acondicionados
grossas que poderiam ser usadas para escavar posteriormente.
alimento. Este gigante tinha crânio robusto,

Figura 8 Esqueleto do diprodontídeo Diptrodon, segundo Flower e Lydekker (1891).


Fonte: Benton (2008, p. 314).

Mamíferos da América do Sul: uma história a Durante a maior parte no decorrer do Cenozoico, os
parte herbívoros eram compostos por roedores, alguns do
Durante grande parte do Cenozoico (65 m.a. porte de um cervo ou até mesmo maiores, ungulados
até os dias atuais), a América do Sul foi uma ilha em sul-americanos nativos incluindo alguns parecidos
condição de isolamento em relação a todas as outras com rinocerontes e cavalos, e os tatus e preguiças.
regiões do mundo. Na Austrália, uma fauna Contudo, permanece a questão: de onde vieram estes
endêmica espetacular (restrita geograficamente) de animais notáveis e o que ocorreu com eles?
mamíferos evoluiu revelando pouca semelhança
taxonômica com as de outras partes do globo. A A América do Sul e os mamíferos mesozoicos
América do Sul possui suas próprias famílias de No decorrer de um grande período do
marsupiais, algumas das quais se parecendo com Mesozoico (251-65 m.a.), a América do Sul estava
ursos, cães, felinos dentes-de-sabre e outros. ligada à África, porém esta conexão foi perdida
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durante o Cretáceo, quando se iniciou a abertura do Índia, Oceania e Antártica), conhecidos somente
Oceano Atlântico. Pode ter existido uma ponte de nos continentes meridionais. No Peru, a fauna de
terra geologicamente breve, formada entre as Laguna Umayo datando provavelmente do final do
Américas do Norte e Central aproximadamente há Cretáceo inclui ainda o marsupial didelfídeo
70 milhões de anos, por meio da qual os mamíferos Alphadon, um marsupial carnívoro pediomiídeo e
podiam atravessar para ambos os lados. um condilartra (ordem de mamíferos primitivos
Na Argentina, os mamíferos do mesozoico que deu origem a ungulados, peixes-boi, elefantes
incluem Vincelestes, do Cretáceo Inferior, e baleias no Paleoceno inferior), associados com
representado na Figura 9, e um conjunto cascas de ovos de dinossauros.
diversificado de mamíferos na Formação Los Após o evento de extinção K-Pg (Cretáceo-
Alamitos, na Patagônia, sendo esta associada a Paleógeno, os grupos basais de mamíferos e de
dinossauros titanossaurídeos e hadrossauros e a muitos marsupiais desapareceram do resto do
crocodilianos. Conforme Bonaparte (1994), esta planeta. Entretanto, a América do Sul tornara-se
fauna inclui os triconodontes (grupo de mamíferos novamente uma ilha e os placentários e marsupiais
primitivos aparentados com os ancestrais de todos evoluíram neste local em isolamento. A fauna do
os mamíferos atuais), um simetrodonte (grupo início do Plioceno de Tiupampa (Bolívia) inclui 11
primitivo de mamíferos do Mesozoico distintos marsupiais, muitos revelando semelhanças com
pelo aspecto triangular dos molares), dez grupos sul-americanos posteriores (MUIZON e
driolestoides (clado extinto de mamíferos do CIFELLI, 2000, 2001), assim como os
mesozoico) e os gondwanaterídeos (subordem de representantes de vários grupos placentários,
mamíferos primitivos, cujo termo é uma referência outros apresentando relações de parentesco com
por terem habitado o antigo continente de formas norte-americanas (cimolestanos,
Gondwana, que mais tarde se partiria para formar mioclaenídeos, pantodontes), no entanto, alguns
os atuais continentes da América do Sul, África, (notoungulados) exclusivos da América do Sul.

Figura 9 Vincelestes do Cretáceo Inferior (130-112 m.a.).


Fonte: Deviantart (s/d).

Marsupiais sul-americanos I) Os Didelphimorpha, essencialmente


Na América do Sul, a irradiação de gambás, bem conhecidos para o Cretáceo Superior
marsupiais foi menor em relação à Austrália, da América do Norte (Alphadon, Figura 10) e do
porém, estes dominaram como insetívoros e Paleoceno da América do Sul (MUIZON e
incluem os principais grupos de carnívoros e alguns CIFELLI, 2001). Os didelfídeos obtiveram sucesso
herbívoros de pequeno porte. As 15 famílias de sobrevivendo na América do Norte através do
marsupiais carnívoros e insetívoros extintos Cenozoico, no entanto, foram extintos neste
revelam notável convergência representada por continente durante o Mioceno. A reinvasão destes
felinos, musaranhos, cães marsupiais e dentes-de- na América do Norte ocorreu durante o Grande
sabre. Os Ameridelphia, marsupiais sul- Intercâmbio Americano, fenômeno conhecido
americanos, incluem três clados. como the great American fauna interchange, que
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permitiu uma troca faunística entre os continentes América do Sul e um número reduzido de espécies
americanos, de maneira que grande número de percorreu o caminho inverso (MARSHALL e
espécies de mamíferos nativos do norte invadiu a MUIZON, 1988), pondo um fim a esse isolamento.

Figura 10 Alphadon, do Cretáceo Superior da América do Norte, era provavelmente semelhante a


um gambá atual.
Fonte: BBC (s/d).

II) Os Paucituberculata compõem diversas foi o caroloameguinídeo Roberthoffesteteria, um


famílias de carnívoros, herbívoros e insetívoros, pequeno insetívoro, conforme demonstra a Figura
abrangendo todo o Cenozoico. O representante 11 (MARSHALL e MUIZON, 1988).
paucituberculado mais antigo da América do Sul

Figura 11 Fragmentos da mandíbula do Caroloameguinídeo Roberthoffestetteria do Paleoceno nas


vistas lateral e oclusal (a, b), segundo Marshall e Muizon (1988). Abreviações: M1-M4, molares.
Fonte: Benton (2008, p. 316).

Os cenolestídeos, como Palaeothentes do assemelha a um musaranho habitante dos Andes, em


final do Oligoceno e início do Mioceno, foram elevadas altitudes. O Agyrolagus, parecido com um
pequenos insetívoros ou onívoros com incisivos rato-canguru, possuía molares largos para triturar
inferiores alongados e dentes posteriores com vegetais mais duros e focinho curto, além de
lâminas cortantes, conforme demonstra a Figura 12 membros posteriores longos e fortes, indicando um
a seguir. Ressalta-se que a família sobrevive até meio de locomoção aos saltos, conforme a Figura 13
hoje: o Caenolestes é um pequeno animal que se a seguir.

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Figura 12 Cenolestídeo do Oligoceno e Mioceno Inferior, Palaeothentes, segundo Marshall (1980).


Fonte: Benton (2008, p. 316).

Figura 13 Argirolagídeo do Plioceno, Argylolagus, segundo Sinclair (1906).


Fonte: Benton (2008, p. 316).

III) Sparassodonta, o terceiro clado, refere- do Plioceno, com crânios quase indiferenciáveis dos
se a dois grupos de animais maiores, ambos de crânios dos felinos dentes-de-sabre (placentários)
hábitos carnívoros. Os borienídeos, ocorrendo para que habitaram a América do Norte durante o mesmo
o período que se estende do Paleoceno (MUIZON, período, conforme a Figura 15 a seguir. O canino
CIFELLI e PAZ et al., 1997) ao Plioceno, como, superior é muito longo e crescia de forma contínua,
por exemplo, o Protothylacinus (Figura 14), que ao contrário dos caninos dos felinos verdadeiros.
possuía crânio semelhante ao de um cachorro e Presumivelmente, era utilizado para perfurar a
membros curtos. Seus parentes posteriores, os espessa pele dos grandes notoungulados sul-
tilacosmilídeos, que datam do final do Mioceno e americanos.

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Figura 14 O borienídeo Prothylacinus do Mioceno Inferior, segundo Sinclair (1906).


Fonte: Benton (2008, p. 316).

Figura 15 O tilacosmilídeo de dentes-de-sabre do Plioceno, Thylacosmilus, segundo Riggs (1934).


Fonte: Benton (2008, p. 316).

Em toda a sua trajetória evolutiva e a REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


separação de um ancestral comum há mais de 100
milhões de anos, as linhagens placentárias e AMRINE-MADSEN, H. et al. Nuclear gene
marsupiais continuaram a evoluir de forma sequences provide evidence for the monophyly
independente apesar de suas semelhanças no nível of australidelphian marsupials. Molecular
de comportamento, habitat, locomoção e Phylogenetics and Evolution, n. 28,
alimentação; porém, a forma reprodutiva é o p. 186-96, 2003.
espectro mais evidente que reflete as relações
evolutivas distintas. ARCHER, M.; GODTHELP, H.; HAND, S. J.
Os marsupiais deixaram em seus registros Early Eocene marsupial from Australia. Kaupia,
fósseis algumas poucas pistas de um passado n. 3, p. 193-200, 1993.
dinâmico que produziu uma diversidade incrível e
bastante controversa em alguns aspectos. De fato, BBC WALKING WITH DINOSAURS:
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