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José Scampini
(Álvaro de Campos,"Poesias")
01. Identifique duas marcas formais que, no poema acima, contribuem para criar a idéia de monotonia.
02. Do ponto de vista do "eu lírico", que fato quebra essa monotonia?
03. Qual a consequência, para o "eu lírico", da quebra dessa monotonia? Justifique sua resposta.
08. Considere este trecho de “As identidades do poeta”, poema escrito por Carlos Drummond de Andrade sobre Fernando
Pessoa:
“Que levava (leva) no bolso
Fernando Reis de Campos Caeiro Pessoa:
Irônico bilhete de identidade,
Identity card
Válido por cinco anos ou pela eternidade?
Que leva na alma:
Augúrios de sibila,
Portugal e entristecer,
A desastrosa máquina do universo?
Fernando Pessoa caminha sozinho]
Pelas ruas da Baixa,
Pela rotina do escritório
Mercantil hostil
Ou vai, dialogante, em companhia
De tantos si-mesmos
Que mal pressentimos
Na seca solitude
De seu sobretudo?”
a) Por que o poeta português é chamado de “Fernando Reis de Campos Caeiro Pessoa”?
b) “Que leva na alma: / augúrios de sibila, / Portugal a entristecer, / a desastrosa máquina do universo?” Nesses versos,
podemos reconhecer as características básicas de três heterônimos de Fernando pessoa. Identifique-as e relacione-as com os
heterônimos correspondentes.
Autopsicografia
Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
1- Dê o significado dos radicais que entram na composição do título do poema (auto e psicografado). O que ele nos sugere,
relacionado que está ao caráter metalinguístico do texto?
2- Literatura é ficção, palavra originária do latim fictione, que significa simulação, fantasia. O texto literário cria uma nova
realidade, baseada não só no mundo real, mas também na imaginação e criação do artista. Em que verso o eu-lírico retoma
esse conceito?
5- Identifique nos textos seguintes os principais heterônimos de Fernando Pessoa e justifique apresentando as características:
Amo-vos a todos a tudo, como uma fera
Amo-vos carnivoramente,
Pervertidamente e enroscando a minha vista
Em vós, ó coisas grandes, banais, úteis e inúteis,
Ó coisas todas modernas.
Ó minhas contemporâneas, forma atual e próxima
Do sistema imediato do Universo!
b) O meu olhar azul como o céu
É calmo como a água ao sol
É assim, azul e calmo,
Porque Não interroga nem se espanta...
c) Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio,
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos)
PRÉ-MODERNISMO
O pré-modernismo (ou ainda estética impressionista) foi um período literário brasileiro, que marca a transição entre o
simbolismo e modernismo e o movimento modernista seguinte. Em Portugal, o pré-modernismo configura o movimento
denominado saudosismo
O termo pré-modernismo parece haver sido criado por Tristão de Athayde, para designar os "escritores
contemporâneos do neo-parnasianismo, entre 1910 e 1920", no dizer de Joaquim Francisco Coelho.
Contexto histórico
Para os autores, o momento histórico brasileiro interferiu na produção literária, marcando a transição dos valores
éticos do século XIX para uma nova realidade que se desenhava, essencialmente pautado por uma série de conflitos como o
fanatismo religioso do Padre Cícero e de Antônio Conselheiro e o cangaço, no Nordeste, as revoltas da Vacina e da Chibata,
no Rio de Janeiro, as greves operárias em São Paulo e a Guerra do Contestado (na fronteira entre Paraná e Santa Catarina);
além disso a política seguia marcadamente dirigida pela oligarquia rural, o nascimento da burguesia urbana, a industrialização,
segregação dos negros pós-abolição, o surgimento do proletariado e: finalmente, a imigração europeia.
Além desses fatos somam-se as lutas políticas constantes pelo coronelismo, e disputas provincianas como as
existentes no Rio Grande do Sul entre maragatos e republicanos.
CARACTERÍSTICAS DO PRÉ-MODERNISMO
RUPTURA COM O PASSADO – Os autores adotaram inovações que feriam o academicismo.
REGIONALISMO – A realidade rural brasileira é exposta sem os traços idealizadores do Romantismo. A miséria do homem
do campo é apresentada de forma chocante.
LITERATURA-DENÚNCIA – Os livros são escritos em tom de denúncia da realidade brasileira. O Brasil oficial (cidades da
Região Sul, belezas do litoral, aspectos positivos da civilização urbana) é substituído por um Brasil não-oficial (sertão
nordestino, caboclos interioranos, realidade dos subúrbios).
CONTEMPORANEIDADE – A literatura retrata fatos políticos, situação econômica e social contemporâneos, diminuindo a
distância entre realidade e ficção. Vejamos obras e autores que exemplificam isso:
a) Triste fim de Policarpo Quaresma, de LIma Barreto – Retrata o governo de Floriano Peixoto e a Revolta da Armada.
b) Os Sertões, de Euclides da Cunha – Faz um relato da Guerra de Canudos, mostrando-a como uma das primeiras
manifestações pela terra no Brasil.
c) Cidades Mortas, de Monteiro Lobato – Mostra a passagem do café pelo Vale do Paraíba paulista.
d) Canaã, de Graça Aranha – Exibe um documento sobre a imigração alemã no Espírito Santo.
Autores e suas obras
EXERCÍCIOS
EUCLIDES DA CUNHA
O livro Os sertões, de Euclides da Cunha, é de difícil classificação. Para criar todo o embasamento científico
necessário ao estudo das condições que contribuíram para um conflito como o de Canudos,
Euclides da Cunha dividiu sua obra em três partes:
A Terra (primeira parte) – apresentação detalhada das características do sertão nordestino;
O Homem (segunda parte) – retrato do sertanejo, em que o texto procura demonstrar o impacto do meio sobre as
pessoas;
A Luta (terceira parte) – narração dos embates entre as tropas oficiais e os seguidores de Antônio Conselheiro.
A seguir, você vai ler três textos, extraídos da obra Os sertões, que analisamos em nossas aulas. O texto I, retirado da primeira
parte, é uma descrição da caatinga; o texto II, da segunda parte, descreve o sertanejo; e o texto III, da terceira parte, trata da
guerra e de seu significado. Após a leitura dos textos, responda a questão.
TEXTO I
Então a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua. Nesta, ao menos, o viajante tem
o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas. Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar;
agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes; com o espinho, com
os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem
folhas, de galhos retorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo
solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, de flora agonizante...
Euclides da Cunha. Os sertões.
São Paulo: Círculo do Livro, 1975. p. 38.
TEXTO II
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua
aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura
corretíssima das organizações atléticas. (...) Este contraste impõe-se ao mais leve exame. Revela-se a todo o momento, em
todos os pormenores da vida sertaneja – caracterizado sempre pela intercadência impressionadora entre extremos impulsos e
apatias longas.
Idem, p. 92-3.
TEXTO III
Decididamente era indispensável que a campanha de Canudos tivesse um objetivo superior à função estúpida e bem
pouco gloriosa de destruir um povoado dos sertões. Havia um inimigo mais sério a combater, em guerra mais demorada e
digna. Toda aquela campanha seria um crime inútil e bárbaro, se não se aproveitassem os caminhos abertos à artilharia para
uma propaganda tenaz, contínua e persistente, visando trazer para nosso tempo e incorporar à nossa existência aqueles rudes
compatriotas retardatários.
(...)
Fechemos este livro.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo,
na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram seus últimos defensores que todos morreram. Eram
quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.
Idem, p. 405 e 476.
O relato de Euclides da Cunha revela influência da época e, ao mesmo tempo, o emprenho em chegar à verdade dos fatos.
1) Identifique no texto II um trecho que comprove a influência de teorias raciais existentes no começo do século XX e
transcreva-o.
2) Os textos I, II e III são trechos, respectivamente, das três partes que constituem a obra Os sertões. Pode-se afirmar que a
própria estrutura da obra revela uma concepção naturalista? Por quê?
1) Além do uso de termos da ciência – tais como teleológica, antropomorfismo, bactéria, verme, hidrópicos, vísceras –, o
assunto do poema chama a atenção: a “caracterização” do verme que se alimenta dos corpos em decomposição. Qual é essa
caracterização? Explique como o poeta a realiza.
2) O tema da morte é abordado por muitos poetas, que tratam de sua dimensão espiritual ou sentimental. Como a morte é
apresentada no poema?
3) No título do poema, o verme é definido como um “deus” a quem se destina “a carne podre”. Explique de que maneira esse
processo de “divinização” dos vermes revela uma visão racional da morte.
A ideia
De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
O deus-verme
Fator universal do transformismo
Filho da teleológica matéria
Na superabundância ou na miséria,
Verme – é o seu nome obscuro de batismo
4) De acordo com o primeiro texto, de onde provêm as ideias humanas? Essa é uma concepção materialista ou capitalista?
Explique.
5) As ideias humanas conseguem libertar-se? Explique.
6) O verso “Tísica, tênue, mínima, raquítica...” apresenta interessantes particularidades rítmicas. Comente
7) “Psicogenética”, “absconso” e “molambo” são palavras de um mesmo nível de linguagem? Explique.
8) O segundo texto é particularmente desagradável. Identifique o tema e responda: que postura existencial nos transmite um
poema como esse? Comente.
9)De que forma o segundo procura superar a incapacidade de expressão atribuída no primeiro poema ao “molambo da língua
paralítica”? Explique.
10) A poesia de Augusto dos Anjos é um sucesso de público.
a) Releia em voz alta os poemas e responda: os versos são agradáveis ao ouvido? Comente.
b) A linguagem científica produz algum efeito sobre o leitor? Comente.
c) Esse tipo de poesia lhe agrada? Por quê?
11) Qual é a característica principal de Augusto dos Anjos?
MONTEIRO LOBATO
1) No prefácio da primeira edição de Urupês, diz Monteiro Lobato:
"E aqui aproveito o lance para implorar perdão ao pobre Jeca. Eu ignorava que eras assim, meu Tatu, por motivo de doença.
Hoje é com piedade infinita que te encara quem, naquele tempo, só via em ti um mamparreiro de marca. Perdoas?"
A partir deste fragmento, considerando o contexto do artigo "Urupês" e a trajetória intelectual de Lobato, responda:
a) O que significa 'mamparreiro' - termo corrente no norte do Brasil?
b) O que Lobato descobre em relação à natureza física e mental do caboclo brasileiro, assim como à sua condição histórica e política,
que lhe permite fazer esta auto-crítica ainda em 1918?