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Você tem fome de que?

Por Julio Larroyd

Apenas uma voz. Sem nome, sem rosto, sem feições, assim inicia o monologo A
Fome. Voz que inicia grunindo, emitindo sons estranhos, mas que aos poucos vai
ganhando forma e multiplica-se em varias outras vozes que e ao longo de todo o
espetáculo bravejam, uivam, resmungam, murmuram, vociferam, berram, bradam,
clamam, esbravejam seus desejos, anseios, dores e medos.
O feminino posto em cena no espetáculo é absolutamente distante do universo
de Dora de Casa de Bonecas de Ibsen. No palco não há uma “doce cotovia”, mas napalm
composto de colera, furor, raiva, anseio de liberdade, inconformidade, indiginacao.
Ressignificando o termo masculino “faca na bota” ve-se em cena uma mulher “faca no
salto”.
A trama é composta de estilhaços de temas que orbitam o universo das mulheres
desde o principio dos tempos até o contemporâneo, entre eles, a subordinacao
feminina, fruto de um condicionamento resultado de uma sociedade patriarcal que
aponta qual a posição da mulher na sociedade.
A voz que iniciou o espetáculo ganha um corpo, e ao ganha-lo coloca em cena
mais um grande dilema: a objetificacao do corpo feminino. O corpo que esta em cena é
um corpo politico, que embora tenha extrema liberdade para movimentar-se pelo palco,
ainda sofre contenção do masculino, como na cena em que o diretor/artista Joao de
Ricardo sobe ao palco e veste a atriz com um corset e pecas que remetem ao espartilho
da idade medieval.
A iluminação auxilia no jogo cênico, construindo uma atmosfera densa e
frenética. A cenogradia, alias, é a própria luz. O figurino trocado em cena, não pretende
esconder nada, esta tudo ali, posto, escancarado, aquele corpo não esta coberto de
panos, mas livre, potente e vibrante.
Dissolvidos na dramaturgia em inferencias subjetivas, e ao mesmo tempo
gritantes, que não pertencem a ficcao mas ao real, como o impechtmente de Dilma
Rousself, e o a reprodução em áudio da noticia do assassinato de Tatiane Sptzner.
Atos de violencia praticados contra a mulher sob o signo da passionalidade seria
aceito são cotidianos, e na peca ganham sua versão feminina. A amputação do membro
masculino seguido da antropofagia praticada pela personagem remete ao trecho inicial
do espetáculo em que uma jovem tem seu clitóris mutilado para que se confirme um
ritual de passagem da vida infantil para a vida adulta. Poder-se-ia ate remeter a pratica
aborigene de ingerir a carne do inimigo e assim suas qualidades, mas não parece ser
bem essa a intenção do espetáculo, mas sim a de colocar frente ao espectador um
prisma invertido que apresente os horrores a que são expostos mulheres de todo
mundo.
A ancestral e a mulher que vive no aqui comungam de anseios e conflitos bem
semelhantes, cada uma em seu tempo, mas suas dores sabores e desabores de ser
mulher...

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