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Como

“DESAPRENDER”
o português?
10 LIÇÕES
FÁCEIS
para acabar com o
“ACHISMO”!
Por Sérgio Nogueira
O professor do Soletrando
Pare de cometer erros
bobos e ganhe pontos na
vida profissional
Sabia que só 8% dos brasileiros são considerados proficientes
em português? Ou seja, infelizmente a grande maioria da
população não domina o idioma. Assustador, não é?!

Ao mesmo tempo, as melhores oportunidades profissionais


aparecem justamente para quem lê, fala e escreve bem. Agora,
imagine como você pode ampliar suas chances se começar a
usar bem a nossa língua! Já pensou como seria bom?

Então, que tal receber dicas e orientações especialmente


selecionadas por Sérgio Nogueira, o professor do Soletrando?
Com mais de 40 anos de experiência, Sérgio Nogueira já ensinou
milhares de alunos como professor e consultor.

Este livro digital foi elaborado para você evitar


erros bobos na hora de falar
são fluentes em português
e escrever. Reúne dez dos
temas que geram mais
dúvidas no uso da língua.
Então, use e abuse!

92% dos brasileiros


não dominam o idioma
Você sabe...
1- Quando usar o hífen? ........................................ 4
E quando não usar hífen

2- Como diferenciar os 4 porquês?................... 7


Por que, por quê, porque, porquê

3- Como conjugar estes verbos?........................11


Aderir, deter, expor, intervir, ver, vir

4- Quando usar estes pronomes? ...................17


Entre si/entre eles, com nós/conosco, si/mim

5- Quando não usar vírgula?..............................20


Cuidado com as vírgulas impossíveis!

6- Como fazer concordância nominal? ........ 22


Meio/meia, bastante/bastantes

7- Como concordar com o verbo? ...................26


Vende-se/vendem-se, precisa-se de e o verbo "ser"

8- Qual é a etiqueta básica da regência?......31


Preferir a/do que e outros casos

9- Quando aplicar a crase? ................................ 35


O certo e o errado

10- Como evitar vícios que pegam mal?.......39


Subir para cima, pequenos detalhes e outros casos

COMO NAVEGAR PELO E-BOOK


Para facilitar sua leitura, você pode clicar no título deste sumário e ir
direto para o capítulo desejado. Para voltar ao sumário, é só clicar neste
símbolo , no rodapé da página.
1- Você sabe... Quando
usar o hífen?
Como um sinal tão pequeno pode causar tanta dor de ca-
beça? Quantas vezes já nos perguntaram (e quantas nós já
perguntamos) se uma palavra tem ou não tem hífen? Não co-
nheço um usuário consciente da língua que nunca tenha en-
frentado essa situação.

Para nos ajudar nessa árdua tarefa, o novo Acordo Ortográ-


fico se propôs a simplificar o uso do hífen e a deixar mais fácil
a memorização de algumas regras.

Vamos ver a seguir as regras básicas


e algumas dúvidas frequentes quanto
ao emprego do hífen.

>> Deve-se usar o hífen quando


houver encontro de letras
iguais, ou seja, quando o
prefixo termina com a mesma
letra com que começa a
segunda palavra.
anti-inflamatório, arqui-inimigo,
auto-observação, contra-abertura,
entre-eixo, inter-relacionado,
hiper-realista, micro-organismo,
semi-interno, sub-base, super-
resistente

4
>> Usa-se o hífen sempre que o segundo elemento
começa com H.
anti-hemorrágico, super-herói, extra-humano, neo-
helênico, supra-hepático

>> O hífen permanece nas palavras compostas com os


prefixos: além-, aquém-, ex-, recém-, sem-, soto- e
vice-.
além-mar, aquém-oceano, ex-marido, recém-casados,
sem-teto, sem-cerimônia, soto-piloto, vice-prefeito

>> Emprega-se o hífen em palavras compostas com


os advérbios “bem” e “mal”, em que o segundo
elemento começa com vogal (ou com H).
mal-educado, mal-humorado, mal-amado, mal-
agradecido, mal-intencionado, mal-ouvido, bem-acabado,
bem-aceito, bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado

Cuidado!

Algumas palavras compostas com o advérbio “bem”, em


que o segundo elemento começa com consoante, permane-
ceram com hífen.
bem-comportado, bem-dotado, bem-disposto, bem-nascido,
bem-merecer, bem-querido

Mas com o advérbio “mal” isso não acontece. Não se usa


hífen em palavras como:
malcriado, malfalado, malfeito, malfeitor, malsucedido,
malnascido

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E quando não usar hífen

>> Não se usa o hífen com os prefixos CO- e RE-, mesmo


que o segundo elemento comece com vogal igual.
coordenar, cooperar, coocupante, coobrigação, cooptar,
coexistir, coabitar, coeditor, cofator, reedição, reeducador,
reeleito, reequilíbrio, reestruturar, refazer, reformar,
replantar

>> Não se deve empregar o hífen quando o pref ixo


terminar com uma letra diferente da que começa o
segundo elemento.
autoafirmação, contraindicação, infraestrutura,
semianalfabeto, extraclasse, intraocular, autoestrada,
intrapessoal, macroeconomia, supermercado,
hiperconfortável, ultraeconômico

>> Se o prefixo terminar com vogal e o segundo


elemento começar com R ou S, devem-se dobrar
essas consoantes.
antessala, microssaia, semirreta, ultrassom, arquirrival,
contrarregra, autorretrato, antissocial, antirrugas,
autorrealização, extrassensorial, megarrevolução,
neossocialismo

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2- Você sabe... Como
diferenciar os 4 porquês?

Por que, por quê, porque, porquê. Quando usar cada um


deles? Vamos ver cada uma das possibilidades e tentar escla-
recer esse assunto de uma vez por todas.

Por que

Separado e sem acento, deve ser empregado nas seguintes


situações:

>> E
 m perguntas diretas e indiretas, podendo ser
substituído pelas expressões “por qual motivo”, “por
qual razão”.
Posso saber por que você chegou tarde ontem?
(Por qual razão você chegou tarde ontem?)
Gostaria de saber por que você chegou tarde ontem.
(Gostaria de saber por qual motivo você chegou tarde
ontem.)
Ninguém sabe por que ele não apareceu.
(Ninguém sabe por qual motivo/razão ele não apareceu.)

>> Quando puder ser substituído por “pelo qual”, “pelos


quais”, “pela qual” e “pelas quais”.
Estas são as condições de trabalho por que lutamos.
(Estas são as condições de trabalho pelas quais lutamos.)
Só ela sabe os caminhos por que passou.
(Só ela sabe os caminhos pelos quais passou.)

7
>> Sempre que a palavra
“motivo” estiver ligada ao
“por que”. Nesse caso, ela
pode vir escrita antes ou
depois do “por que” e até
mesmo estar subentendida
na frase.

Desconheço o motivo por


que ele não para de chorar.
Todos queriam saber por que
motivo ele partiu sem
se despedir.
Não sei por que ele deixou de
vir às aulas. (Não sei por que
motivo ele deixou de vir às
aulas.)

Por quê

Separado e com acento circunflexo, deve ser usado quando


tiver o sentido de “por qual motivo” ou “por qual razão” e vier
escrito no final da frase ou antes de uma pausa.
Você chegou tarde ontem por quê?
Você chegou muito tarde ontem. Gostaria de saber por
quê.
Ele deixou de vir às aulas e eu não sei por quê.
Ele partiu sem se despedir. Ninguém sabe por quê, nem
para onde ele foi.
O deputado subiu ao plenário e, sem saber por quê,
começou a ser vaiado.

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Porque

Junto e sem acen-


to, estabelece, geral-
mente, uma relação
de causa ou introduz
uma explicação. Deve
ser empregado sem-
pre que puder ser subs-
tituído por “pois”.
Ele foi dormir cedo porque estava muito cansado.
(Ele foi dormir cedo, pois estava muito cansado.)
Ela ficou brava porque ele chegou tarde.
(Ela ficou brava, pois ele chegou tarde.)
Chegue cedo porque tem muito serviço a ser feito.
(Chegue cedo, pois tem muito serviço a ser feito.)

Há também outro caso do uso do “porque” junto e sem


acento. Veja os exemplos:
Maria ficou alegre porque João foi transferido?
Só porque João foi transferido, Maria ficou alegre?

Note que temos duas frases terminadas com ponto de in-


terrogação, mas não usamos o “por que” separado. E sabe por
quê? Porque não queremos saber o motivo de João ter sido
transferido. Queremos saber se a transferência dele é a razão
da alegria de Maria.

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Repare que não é possível substituir esse “porque” por “por
qual motivo/razão” ou “por que motivo”, por exemplo. Ninguém
diz “Maria ficou alegre por qual motivo João foi transferido” ou
“Maria ficou alegre por que razão João foi transferido”.

Porquê

Escrito junto e com acento, é um substantivo. Deve ser em-


pregado sempre que vier precedido de uma palavra modifica-
dora, como artigo definido (o, os, a, as), artigo indefinido (um,
uns, uma, umas), pronome adjetivo (teu, aquele, tanto...) ou nu-
meral (três, dez, mil...).
Ninguém entendeu o porquê de sua recusa.
Não aguento mais tantos porquês.
Dois porquês ficaram sem resposta.

Depois de ler essa explicação, veja se você consegue desco-


brir qual a frase correta entre estas duas: “Não sei PORQUE pre-
ciso aprender isso” ou “Não sei POR QUE preciso aprender isso”.

A forma correta é: “Não sei por que preciso aprender isso”,


pois podemos perceber que a palavra “motivo” está subenten-
dida na oração: Não sei por que motivo preciso aprender isso.

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3- Você sabe... Como
conjugar estes verbos?

Certamente você já deparou com algumas formas verbais


aparentemente estranhas, dessas que sempre deixam dúvidas
no ar. Afinal, será que elas existem ou não?

Eu ADIRO ou ADERO?
O presente do indicativo do verbo “aderir” na 1a pessoa do
singular é “adiro”.

Observação 1:

Quando um verbo é irregular na 1a pessoa do singular do


presente do indicativo (aderir = eu adiro), todo o presente do
subjuntivo é irregular. Veja a tabela a seguir:

11
Presente do indicativo Presente do subjuntivo

Eu adiro (Que) Eu adira

Tu aderes (Que) Tu adiras

Ele/Ela adere (Que) Ele/Ela adira

Nós aderimos (Que) Nós adiramos

Vós aderis (Que) Vós adirais

Eles/Elas aderem (Que) Eles/Elas adiram

Observação 2:

A irregularidade de mudar a vogal “e” em “i” (na 1a pessoa


do singular do presente do indicativo e em todo o presente do
subjuntivo) ocorre também com outros verbos:

Advertir (advirto) Investir (invisto)

Aferir (afiro) Mentir (minto)

Competir (compito) Preterir (pretiro)

Despir (dispo) Refletir (reflito)

Discernir (discirno) Repetir (repito)

Divergir (divirjo) Seguir (sigo)

Ferir (firo) Sentir (sinto)

Impelir (impilo) Servir (sirvo)

Ingerir (ingiro) Vestir (visto)

Inserir (insiro)

12
Eles DETERAM ou DETIVERAM?
O certo é “detiveram”. O verbo “deter”, como todos os deri-
vados do verbo “ter” (abster, ater, conter, manter, obter, reter...),
deve seguir o modelo do verbo primitivo:

Ele/Ela teve Ele/Ela deteve, absteve, manteve, reteve...

Eles/Elas detiveram, abstiveram, mantiveram,


Eles/Elas tiveram
retiveram...

Se ele/ela detivesse, abstivesse, mantivesse,


Se ele/ela tivesse
retivesse...

Se eles/elas Se eles/elas detivessem, abstivessem,


tivessem mantivessem, retivessem...

Quando eu tiver Quando eu detiver, abstiver, mantiver, retiver...

Eles EXPORAM ou EXPUSERAM?


O certo é “expuseram”. O verbo “expor”, como todos os de-
rivados do verbo “pôr” (apor, compor, depor, dispor, impor,
propor, supor...), deve seguir o verbo primitivo:

Eu ponho Eu exponho, disponho, suponho, deponho...

Eu pus Eu expus, dispus, compus, impus, propus, supus...

Eles/Elas expuseram, dispuseram, compuseram,


Eles/Elas puseram
propuseram...

Se ele/ela expusesse, dispusesse, impusesse,


Se ele/ela pusesse
depusesse...

Se eu expuser, dispuser, compuser, depuser,


Se eu puser
propuser...

Eu punha Eu expunha, dispunha, supunha, propunha...

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Ele INTERVIU ou INTERVEIO?
O certo é “interveio”. O verbo “intervir”, como todos os deriva-
dos do verbo “vir” (advir, convir, provir, sobrevir...), deve seguir o
verbo primitivo:

Eu venho Eu intervenho, convenho, provenho...

Ele/Ela vem Ele/Ela intervém, convém, provém...

Eles/Elas vêm Eles/Elas intervêm, convêm, provêm...

Eu vim Eu intervim, convim, provim...

Ele/Ela veio Ele/Ela interveio, conveio, proveio...

Eles/Elas vieram Eles/Elas intervieram, convieram, provieram...

Se ele/ela viesse Se ele/ela interviesse, conviesse, proviesse...

Quando ele/ela vier Quando ele/ela intervier, convier, provier...

Observações:

>> Ele “vem” (singular sem acento); eles “vêm” (plural


com acento).
>> Para os verbos derivados:
Ele intervém, provém, convém... (singular com acento
agudo)
Eles intervêm, provêm, convêm... (plural com acento
circunflexo)

Ele REQUEREU ou REQUIS?


O certo é “requereu”. O verbo “requerer” não é derivado de
“querer”, não é “querer de novo”. “Requerer” significa “pedir por
meio de requerimento”:

14
Eu requeiro (presente indicativo)
(Que) Eu requeira (presente do subjuntivo)

No pretérito e no futuro, “requerer” é regular:


Eu requeri, tu requereste, ele requereu, eles requereram
(pretérito perfeito do indicativo)
Se eu requeresse (pretérito imperfeito do subjuntivo)
Quando ele requerer (futuro do subjuntivo)

Nos tempos do passado e do futuro, o verbo “requerer” deve ser


usado segundo o padrão dos verbos regulares da 2a conjugação:

Temer Vender Requerer

Pretérito perfeito
temeu vendeu requereu
do indicativo

Pretérito imperfeito
temesse vendesse requeresse
do subjuntivo

Futuro do subjuntivo temer vender requerer

Quando você VER ou VIR o filme?


O certo é “quando você vir o filme”. O futuro do subjuntivo do
verbo “ver” é “vir”:
Quando eu vir, tu vires, ele/ela vir, nós virmos, vós virdes,
eles/elas virem

O futuro do subjuntivo do verbo “vir” é “vier”:


Quando eu vier, tu vieres, ele/ela vier, nós viermos, vós vierdes,
eles/elas vierem

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Observação:

Os derivados do verbo “ver” (antever, prever, rever...) seguem


o verbo primitivo:

Eu vejo Eu antevejo, prevejo, revejo...

Ele/Ela vê Ele/Ela antevê, prevê, revê...

Eles/Elas veem Eles/Elas anteveem, preveem, reveem...

Eu vi Eu antevi, previ, revi...

Ele/Ela viu Ele/Ela anteviu, previu, reviu...

Eles/Elas viram Eles/Elas anteviram, previram, reviram...

Se eu visse Se eu antevisse, previsse, revisse...

Quando eu vir Quando eu antevir, previr, revir...

Na linguagem coloquial, é frequente ouvirmos a frase: “Quan-


do a gente se ver de novo...”. O correto é: “Quando nós nos virmos
de novo...”. Coloquialmente, podemos dizer: “Quando a
gente se vir de novo...”.

VIMOS ou VIEMOS?
Depende do que queremos dizer. Veja:
Ontem nós vimos a peça. (pretérito
perfeito do indicativo do verbo
“ver”)
Ontem nós viemos à festa.
(pretérito perfeito do indicativo do
verbo “vir”)
Vimos, por meio deste,
reivindicar... (presente do
indicativo do verbo “vir”)

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4- Você sabe... Quando usar
estes pronones?

ENTRE SI ou ENTRE ELES?


Devemos usar “entre si” somente quando o sujeito pratica
e recebe a ação verbal. Na frase “Os irmãos brigavam entre
si”, o sujeito da oração (os irmãos) pratica e recebe a ação de
brigar. Devemos usar “entre eles” quando o sujeito é um ser
e o complemento é outro. Na frase “Nada existe entre elas”, o
sujeito é “nada” e o complemento é “entre elas”.

Veja outros exemplos:


Os políticos discutiam entre si.
Eles repartiram o prêmio entre si mesmos.
O prêmio foi repartido entre eles.
O segredo ficou entre eles mesmos.

17
Eu VI ELA ou Eu A VI?
Na frase “Eu vi ela”, além do cacófato (viela), o pronome é
mal empregado. “Eles” e “elas”, pronomes pessoais do caso
reto, só podem ser usados na função de sujeito. Como comple-
mentos verbais, usam-se os pronomes oblíquos: o, a, os, as, lhe,
lhes... Portanto, o correto é: Eu a vi.

Há quanto tempo não LHE vejo!


Provavelmente você já ouviu (ou pronunciou) essa frase.
Muitas vezes, na intenção de falar corretamente, as pessoas
acabam cometendo esses errinhos. Nessas horas, costumo di-
zer: “É porque você está vendo mal”. Quer saber por quê? O
pronome “lhe” substitui objetos indiretos. Para os objetos dire-
tos, devemos usar os pronomes “o, os, a, as”. Como o verbo “ver”
é transitivo direto, não aceita o complemento “lhe”. O correto,
portanto, é “Há quanto tempo não o/a vejo!”.

A diretora quer falar COM NÓS ou CONOSCO?


Certamente, “A diretora quer falar conosco”. Na 1ª pessoa do
plural, o pronome pessoal oblíquo tônico é “conosco”. Devemos
dizer que “Ela quer se reunir conosco”; “Ele vai viajar conosco”.

A forma “com nós” é empregada antes de algumas palavras


(outros, mesmos, próprios, todos), de numerais e até de frases

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inteiras: A diretora quer falar com nós todos; Ela implicou com
nós mesmos; Ele vai viajar com nós que estamos de férias.

No Brasil, em vez de “conosco”, ouvimos muito mais o colo-


quial “com a gente”, em frases como “Ele falou com a gente”; “Ele
saiu com a gente”; “A diretora estava com a gente”.

Duas observações: em situações formais e na língua escrita,


devemos usar o pronome “conosco”; nas situações informais, po-
demos dizer e até escrever “com a gente” (num convite para uma
balada, por exemplo). Mas não se esqueça: a expressão “com a
gente” é composta de três palavras, o “a” é escrito separadamen-
te. A palavra “agente”, assim tudo junto, pode ser substantivo ou
adjetivo e significa, entre outras coisas, o “que ou quem agencia,
opera, atua” ou “indivíduo ou algo que produz ou desencadeia
uma ação”.

Eu fiquei fora de SI ou de MIM?


O pronome reflexivo “si” é da 3ª pessoa. Quando sujeito, pra-
tica e sofre a ação verbal, isto é, temos a ideia de “a si mesmo”.
Assim, devemos dizer e escrever:
Ele ficou fora de si.
Você iludiu a si mesmo.
Elas feriram a si próprias.

Na 1ª pessoa do singular, o correto é empregar o pronome


“mim”: “Eu fiquei fora de mim”; “Eu feri a mim mesmo”.

O mesmo ocorre com o pronome “se”, que é de 3ª pessoa. Por-


tanto, não saia dizendo por aí que “Nós se ferimos”, pois o sujeito
(nós) está na 1ª pessoa do plural e não na 3ª. O certo é: “Nós nos
ferimos”; “Ele se feriu”.

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5- Você sabe... Quando não
usar vírgula?
Pior que deixar um texto sem a vírgula correta é colocar vír-
gula onde não existe. A falta de uma vírgula pode até passar
por esquecimento. Já uma vírgula incorreta demonstra desco-
nhecimento da regra. E isso é mais grave.

Então, preste atenção à regra de ouro: não devemos colocar


vírgula quando a oração se apresenta na ordem direta, ou seja,
quando os termos obedecem à seguinte ordem: sujeito + verbo
+ complementos verbais + adjunto adverbial.

Assim, não coloque vírgula:

>> Entre sujeito e verbo

Mesmo que seja extenso, o sujeito não pode ser separado do


verbo.
Todos os candidatos aprovados no último exame da
Ordem dos Advogados devem comparecer à sede da
Ordem nesta segunda-feira.
As esposas dos prefeitos eleitos no último pleito estão
organizando uma associação de primeiras-damas.

Observe que o sujeito do primeiro exemplo (Todos os can-


didatos aprovados no último exame da Ordem dos Advo-
gados) não está separado por vírgula da locução verbal “de-
vem comparecer”. Da mesma forma, não há vírgula entre

20
o sujeito da segunda ora-
ção (As esposas dos pre-
feitos eleitos no último
pleito) e a locução verbal
“estão organizando”.

>> Entre o verbo e


seus complementos
dispostos na ordem
direta
Ele dedicou o livro
a seus filhos.

Como o objeto direto “o livro” e o objeto indireto “a seus fi-


lhos” estão colocados na ordem direta, não podem ser sepa-
rados por vírgula.

>> Entre o nome e o complemento nominal


O porão está cheio de ratos.

Como a expressão “de ratos” completa o sentido do adjetivo


“cheio” e está disposta na ordem direta, não pode ser sepa-
rada por vírgula.

>> Entre o nome e o adjunto adnominal


A inesperada reação do técnico chocou a imprensa.

O adjunto adnominal “do técnico”, por estar na ordem di-


reta, não pode ser separado por vírgula do nome “reação”.

21
6- Você sabe... Como fazer
concordância
nominal?

Ela vive MEIO isolada


porque vive dizendo MEIAS
verdades!
Você sabe por que o primeiro
“meio” (meio isolada) não se flexiona e o
segundo (meias verdades) flexiona-se?

É simples. Na primeira ocorrência,


a palavra “meio” é um advérbio
e, como você sabe, os advérbios
não se flexionam, não variam sua
forma. Nesse caso, o advérbio
“meio” equivale a “mais ou menos”.
Veja outros exemplos:
Os clientes andam meio desconfiados.
Maria é meio nervosa.

As atletas chegaram meio cansadas ao treino.

Observe que, em todos os exemplos acima, a palavra “meio”


tem o sentido de “mais ou menos”.

Já na segunda ocorrência (meias verdades), “meio” é um adjetivo,


modifica um substantivo, tem o sentido de “verdades incompletas,
pela metade”. E como o substantivo apresenta-se no feminino e no

22
plural, o adjetivo deve também assumir a forma feminina plural para
concordar com ele. Veja como isso também ocorre nas frases:

Ela era uma mulher de meias-palavras.


Ninguém entendia aquele meio sorriso.
A palavra “meio” também se flexiona quando é numeral, caso em
que indica “metade”, como em “Ele tomou meio litro de cachaça ou
meia garrafa de água?”.

Devemos escrever “Meia-irmã” ou “meia irmã”?


Na verdade, as duas formas estão corretas, mas querem
dizer coisas diferentes.

Devemos usar a forma com hífen (meia-irmã) quando


existem laços sanguíneos, quando se trata de uma irmã
por parte só de pai ou só de mãe.

A forma sem hífen (meia irmã) deve ser usada para


expressar um laço tão forte de amizade que as pessoas
envolvidas se consideram quase irmãs.

Meus MELHORES alunos aproveitaram MELHOR as


aulas
Quando a palavra “melhor” tem o sentido de “mais bem”, ela não
varia, não se flexiona, pois se trata de um advérbio. É o caso dos alu-
nos que aproveitaram melhor as aulas. Confira outros exemplos:
Eles ficariam melhor morando com os pais.
O diretor analisou melhor sua oferta.

23
Os professores tratam melhor os alunos com dificuldade
de aprendizagem.

Antes de um particípio, devemos usar a expressão “mais bem”


no lugar de “melhor”.
Este é o discurso mais bem escrito que já vi.
Aquele é o atleta mais bem pago do clube.

Com o sentido de “mais bom”, a palavra “melhor” é um


adjetivo e, portanto, deve variar em número para concordar com
o substantivo que modifica.
Eles são meus melhores amigos.
Dias melhores me aguardam.

A classe apresentou BASTANTE ou BASTANTES


notas altas?
A palavra “bastante” também pode exercer o papel de pronome
adjetivo ou de advérbio. Ela tem valor de adjetivo quando modifica
um substantivo. Nesse caso, deve concordar em número com
o substantivo a que se refere. Por exemplo, na frase “A classe
apresentou bastantes notas altas”, notamos que “bastantes”
está modificando o substantivo “notas”. Como esse
substantivo está no plural, o pronome
adjetivo “bastantes” também deve
se apresentar no plural. Assim,
diga e escreva corretamente:

Há flores bastantes.
Comprei bastantes frutas.
Li bastantes livros nas férias.

24
Quando a palavra “bastante” modifica um adjetivo, ela exerce
o papel de advérbio de intensidade e, como tal, é invariável. Na
frase “Achei bastante diferentes as roupas do desfile”, a palavra
“bastante” modifica o adjetivo “diferentes”, exercendo, assim, o papel
de advérbio. O mesmo acontece em:

Os atletas chegaram bastante atrasados.


As crianças estão bastante famintas.
Os novos funcionários são bastante simpáticos.

Se na hora de escrever você ficar em dúvida, troque a palavra


“bastante” por “muito”. Se a palavra “muito” variar, é um caso de
pronome adjetivo e, portanto, “bastante” também deverá variar. Se
“muito” ficar invariável, é um caso de advérbio e, assim, “bastante”
permanecerá invariável.

Se os convidados comeram “muitas” frutas, isso significa que


comeram “bastantes” frutas. Mas se os deputados ficaram “muito”
irritados, podemos dizer que ficaram “bastante” irritados.

SÓ ou SÓS?
A palavra “só” deve ser considerada adjetivo quando tem o sentido
de “sozinho” e, nesse caso, concorda em número com o termo a que
se refere.

A professora está só.


As crianças estão sós.

25
7- Você sabe... Como
concordar com o verbo?

VENDE-SE ou VENDEM-SE salas comerciais?


Embora seja muito comum encontrarmos a forma no sin-
gular (vende-se), o correto é “Vendem-se salas comerciais”, pois
a frase está na voz passiva sintética e o termo “sa-
las comerciais” é sujeito da oração.

Se você não consegue per-


ceber que o sujeito da oração é
“salas comerciais”, basta transfor-
mar a voz passiva sintética em voz
passiva analítica: Salas comerciais
são vendidas.

Agora ficou fácil perceber o su-


jeito da oração, não é mesmo? Bas-
ta perguntar “O que são vendidas?”
para descobrir que se trata das “salas
comerciais”. E se o sujeito está no plu-
ral, o verbo também deve se apresen-
tar no plural.
Consertam-se bicicletas. (Bicicletas
são consertadas.)
Alugam-se casas. (Casas são
alugadas.)

26
Mas aí vem a dúvida.
Por que, então, a forma
correta é “Precisa-se de
empregados especializa-
dos” e não “Precisam-se
de empregados especiali-
zados”?

O que acontece é que,


nesse caso, o sujeito é inde-
terminado. Como o sujeito
não está claro na oração, o
verbo não tem com o que
concordar, ficando, assim,
fixo na 3ª pessoa do singular.

O problema é saber
quando é um caso de voz passiva sintética e quando se trata
de sujeito indeterminado, não é mesmo?

Mas isso não é complicado. Basta você tentar passar a frase


que apresenta a partícula “se” para a voz passiva analítica. Se
conseguir, trata-se de voz passiva sintética. E, nesse caso, é só
concordar o verbo com o sujeito presente na oração:
Constroem-se edifícios. = Edifícios são construídos.

Já com “Precisa-se de empregados especializados”, veja que


não é possível escrever “De empregados especializados são pre-
cisados”. Assim, se a passagem para a voz passiva analítica não
for possível, deixe o verbo no singular, pois certamente é um
caso de sujeito indeterminado.

27
Concordância com o verbo SER

A concordância com o verbo “ser” merece destaque, pois,


diferentemente dos outros verbos, que concordam sempre
com o sujeito da oração, há casos em que o verbo “ser” deve
concordar com o predicativo do sujeito.

Tudo SÃO ou É flores?


O correto é “Tudo são flores”. Com o sujeito representado
pelos pronomes “que”, “quem”, “tudo”, “isso”, “isto”, “aquilo”, o
verbo “ser” deve concordar com o predicativo do sujeito.

predicativo Isso são


do sujeito bobagens.

Quem são os autores dessa bagunça?


Aquilo foram só bravatas.

28
A primeira neta sempre FOI ou FORAM suas
alegrias?
O verbo “ser” sempre concorda com a palavra que designa
uma pessoa. Assim, se essa palavra exercer a função de sujeito,
o verbo “ser” concordará com o sujeito:

Se a palavra que designa a pessoa for um predicativo do


sujeito, o verbo “ser” concordará com o predicativo.

Dessa maneira, quando houver na oração um substantivo


próprio ou um pronome pessoal do caso reto, o verbo “ser”
concordará com ele, esteja ele na posição de sujeito ou de
predicativo.
Anísio era as esperanças do time.
As esperanças do time era Anísio.
Por muito tempo, ela foi todos os meus sonhos.
Por muito tempo, todos os meus sonhos foi ela.

Se na oração houver dois pronomes pessoais, um na posição


de sujeito e outro exercendo a função de predicativo, o verbo
“ser” concordará com o sujeito.
Eu não sou ele.
Ele não é eu.

29
Dez bananas É ou
SÃO pouco?
O correto é “Dez bananas é
pouco”. Em expressões com as
palavras “muito”, “pouco”, “demais”,
“bastante”, entre outras, usadas
para indicar quantidade (peso,
medida, preço...), o verbo “ser” deve
permanecer no singular.
Cinco sacos de cimento
é suf iciente para
essa reforma.
Dez horas de avião é demais
para mim.

É ou SÃO duas horas?


“São duas horas” é a forma correta. Quando o verbo “ser”
indicar hora, distância ou período de tempo, concordará com
o predicativo do sujeito. Por isso dizemos “é uma hora” e “são
duas horas”.
São 90 quilômetros até minha cidade natal.
Era meio-dia e meia.

Na especificação do dia do mês, há duas possibilidades de


concordância. Pode-se concordar com o numeral do predicati-
vo (Hoje são 20 de abril) ou considerar que a palavra “dia” está
subentendida, levando o verbo a uma flexão no singular: Hoje
é (dia) 20 de abril.

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8- Você sabe... Qual é
a etiqueta básica da
regência?

Comer frutas é benéfico À ou COM A saúde?


O correto é “Comer frutas é benéfico à saúde”. O adjetivo
“benéfico” rege as preposições “a” e “para”.
Agir corretamente vai ser benéfico para você.
Um clima úmido não é benéfico a todos.

O delegado tinha certeza DE QUE ou QUE ele era


culpado?
O substantivo “certeza” exige a preposição “de” (quem tem
certeza “tem certeza” de alguma coisa): O delegado tinha certeza
de que ele era culpado; A mãe tinha certeza de que a filha estava
mentindo.

Mais informalmente, o uso da preposição na presença da


conjunção integrante “que” é facultativo. Na grande maioria
dos concursos públicos e dos vestibulares, porém, os examina-
dores só consideram corretas as frases que empregam a pre-
posição “de”. Desse modo, ao prestar um exame oficial, use a
preposição.
Há suspeitas de que ele seja culpado.
Todos tinham medo de que isso acontecesse.

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A população anda descrente DOS ou
COM OS homens públicos?
O adjetivo “descrente” só aceita a preposição “de”. Assim,
embora muito utilizada a preposição “com”, a frase correta é: A
população anda descrente dos homens públicos.

É interessante notar que o adjetivo “crente” rege as prepo-


sições “de” e “em”.
O capitão estava crente de que todos sairiam com vida do
naufrágio.
Ele era crente em Deus.

Ela era devota DE ou A São Jorge?


Tanto faz. Você pode escolher a preposição que mais lhe agra-
da. O adjetivo “devoto” rege as preposições “de” e “a”. Está correto,
portanto, dizer:
Aquela moça é devota de Santo Antônio.
Naquela cidade, todos eram devotos à
imagem da Virgem.

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Os motoristas devem obedecer AO ou O
regulamento de trânsito?
Esse é outro caso em que a linguagem coloquial difere da
norma culta. É muito comum encontrarmos o verbo “obede-
cer” como transitivo direto, caso em que o complemento liga-
-se ao verbo sem o auxílio da preposição. Mas, numa situação
de comunicação que requeira o uso do padrão culto da língua,
não podemos esquecer que o verbo “obedecer” é transitivo in-
direto e exige que seu complemento seja iniciado pela preposi-
ção “a”. Devemos, assim, dizer: Os motoristas devem obedecer
ao regulamento de trânsito.
Os alunos obedecem ao professor.
Aquele cachorro não obedece ao dono.

A mesma regência é seguida pelo verbo “desobedecer”:


Os clubes desobedeceram ao Estatuto do Torcedor.

O inquilino não pagou AO ou O proprietário?


Esse é um dos poucos casos em que a regência do verbo
depende da natureza do complemento. Eu explico: quando o
complemento refere-se a “pessoas”, o verbo é transitivo indire-
to. Devemos, então, dizer: O inquilino não pagou ao proprietá-
rio.

Agora, no caso de o complemento referir-se a “coisas”, o


verbo passa a ser transitivo direto. Temos, assim, a f rase: O
inquilino não pagou o aluguel.

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Logicamente, se tivermos dois complementos, uma “pes-
soa” e uma “coisa”, a “pessoa” será representada pelo objeto in-
direto e a “coisa”, pelo objeto direto.
O inquilino não pagou o aluguel ao proprietário.

A mesma regência é seguida pelo verbo “perdoar”. Veja


como o objeto indireto indica “pessoa”:
A vítima perdoou ao agressor.

E o objeto direto indica “coisa”:


Peço-lhe que perdoe o nosso erro.

Prefiro salgado A ou DO QUE doce?


No dia a dia, na nossa linguagem cotidiana, é muito comum
ouvirmos frases do tipo “Prefiro salgado do que doce”. Mas, se-
gundo a regência clássica, exigida em nossos exames oficiais, o
correto é preferir uma coisa a outra e não “do que” outra. Portan-
to, devemos falar: Prefiro salgado a doce.
Prefiro passear a trabalhar.
Ele prefere cinema a teatro.

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9- Você sabe... Quando aplicar
a crase?
Analise alguns casos que podem gerar dúvidas sobre o empre-
go ou não do acento indicativo de crase.

Ele adora bife À ou A milanesa?


Devemos usar o acento indicativo da crase sempre que
estiverem subentendidas as locuções “à moda de”, “à maneira de”
ou “ao estilo de”.

Desse modo, o correto é escrever “Ele adora bife à milanesa”,


pois podemos reconhecer oculta a palavra “moda”, que forma, aqui,
a expressão “à moda milanesa”.

Veja outros exemplos:

Ele saiu à francesa. (à maneira francesa)


Não lhe cai bem sapatos à Luís XV. (sapatos à moda de Luís XV)
Ele escreve versos à Olavo Bilac. (versos ao estilo de Olavo Bilac)

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O avião chegou ÀS ou AS 15h?
Toda vez que você puder trocar a expressão que indica hora
pela expressão “ao meio-dia”, coloque o acento indicativo da cra-
se. Assim, como podemos dizer que o avião chegou ao meio-dia,
escreva que: O avião chegou às 15h.
O portão fecha às 18h. (O portão fecha ao meio-dia.)
A reunião será das 10h às 14h. (A reunião será das 10h ao
meio-dia.)

Ele voltou À ou A casa dos avós?


Antes da palavra “casa”, devemos tomar alguns cuidados.
Costumo dizer que você deve ir a qualquer “casa” com o acento
indicativo da crase, com exceção de sua própria casa. Assim, por
se tratar da casa dos avós, a frase correta é: Ele voltou à casa dos
avós.

Se a casa estiver especificada, também ocorrerá crase:


Fui à casa do vizinho.
Fomos à casa abandonada.
Ele não retornou a casa naquela noite. (para a própria casa)

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Gosto de passear A ou À pé?
O correto é “Gosto de passear a pé”, sem o acento indicativo
da crase. Isso ocorre porque, para haver crase, é necessário que
existam dois “a”. Nesse caso, temos o “a” preposição, mas falta
o “a” artigo definido, já que palavra masculina não aceita artigo
feminino. Do mesmo modo, não há crase em:
Ele votou a favor.
Viajou a serviço.
Comprei um carro movido a álcool.

Ele começou A ou À falar aos dez meses?


Como verbo não admite ser precedido por artigo, e como
para ocorrer crase é preciso a fusão de uma preposição com
um artigo, não é possível haver crase antes de verbo. Assim, o
correto é: Ele começou a falar aos dez meses.
Ele se pôs a escrever e não parou.
Chegamos a tocar nesse assunto.
Ninguém está disposto a ceder.

Ele foi A ou À Paris?


Devemos escrever “Ele foi a Paris”, pois, como o nome “Paris”
não aceita ser precedido de artigo feminino, só existe na frase a
preposição “a” exigida pelo verbo “chegar”.

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O problema é saber quando o nome de um lugar aceita ser
precedido por artigo.

Para saber isso, há uma dica: troque o verbo “ir” pelo verbo
“voltar”. Se dizemos “Ele voltou de Paris” (e não “da” Paris), é
porque esse nome não aceita artigo. Assim, devemos escrever:
Ele foi a Brasília. (Ele voltou de Brasília.)
Ele foi a Campinas. (Ele voltou de Campinas.)
Vamos a Fortaleza. (Ele voltou de Fortaleza.)

Caso o nome de lugar aceite o artigo feminino, devemos


empregar o acento indicador da crase.
Fomos à Amazônia. (Voltamos da Amazônia.)
Ele foi à Bélgica. (Ele voltou da Bélgica.)
Vamos à Barra da Tijuca. (Voltamos da Barra da Tijuca.)

Liderou a corrida de ponta A ponta ou


de ponta À ponta?
Entre substantivos repetidos, não ocorre crase. Portanto, a
frase correta é: Ele liderou a corrida de ponta a ponta.
Encontraram-se cara a cara.
Ficaram frente a frente.
Caía gota a gota.
A propaganda boca a boca é eficiente.
Vendia doces porta a porta.

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10- Você sabe... Como evitar
vícios que pegam mal?
Os chamados vícios de linguagem constituem desvio das
normas gramaticais e não acrescentam nada ao que é dito. Ge-
ralmente esses desvios são decorrentes de descuido ou de falta
de conhecimento dos padrões linguísticos. Conheça os princi-
pais vícios e sabia evitá-los!

Pleonasmo vicioso
O pleonasmo vicioso consiste no emprego de palavras ou
expressões com o mesmo sentido, mas que não acrescentam
nada ao que foi dito, tornando-se, assim, uma informação inú-
til. Veja alguns exemplos de pleonasmo vicioso:

Adiar para depois


Canja de galinha
Consenso geral
Conviver junto
Criar novos
Encarar de frente
Entrar para dentro /
Sair para fora
Ganhar grátis

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Habitat natural.
Inaugurar novo
Introduzir dentro
Manter o mesmo
Monopólio exclusivo
Novidade inédita
Países do mundo
Panorama geral
Pequenos detalhes
Protagonista principal
Sorriso nos lábios
Subir para cima / Descer para baixo
Surpresa inesperada
Unanimidade de todos
Ver com os próprios olhos
Vereadores da Câmara Municipal

Arcaísmo
Consiste no emprego de palavras ou construções muito an-
tigas que já caíram em desuso. É o que ocorre na frase “Vos-
sa mercê está mui linda”. Veja que foi empregada a expressão
“Vossa Mercê” no lugar de “você” e “mui” no lugar de “muito”.

Em “Havia menos cousas com que se preocupar antanho”,


temos a palavra “cousas” no lugar de “coisas” e “antanho” no
lugar de “antigamente”.

Quando alguém ainda escreve “abat-jour”, por exemplo,


está empregando um arcaísmo, pois essa palavra já foi incor-

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porada à língua portuguesa como “abajur” há muito tempo.

Da mesma forma, podemos considerar arcaísmo as seguin-


tes grafias: “bouquet” de flores (buquê de flores), “buffet” infan-
til (bufê infantil), “maillot” de duas peças (maiô de duas peças)...

Barbarismo
É considerado barbarismo todo erro em relação à forma da
palavra. Assim, qualquer erro de grafia é um barbarismo. Veja
alguns erros comuns e, entre parênteses, a forma correta:
esteje (esteja), seje (seja), menas (menos), refastelar
(refestelar), beneficiente (beneficente), derrepente (de
repente) oque (o que), tenque (tem que), ele quiz (ele
quis), em baixo (embaixo), encima (em cima), advinhar
(adivinhar)...

Alguns desses erros se dão na pronúncia da palavra. Isso


pode acontecer, por exemplo, quando se desloca o acento tô-
nico. Esse tipo de barbarismo recebe o nome de silabada. Veja
alguns exemplos:

Erradas Corretas

áustero austero (paroxítona)

ávaro avaro (paroxítona)

cíclope ciclope (paroxítona)

côndor condor (oxítona)

gratuíto gratuito (paroxítona, ditongo “ui”)

íbero ibero (paroxítona)

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púdico pudico (paroxítona)

récorde recorde (paroxítona)

rúbrica rubrica (paroxítona)

São ainda barbarismos relacionados à pronúncia o jeito de


dizer “arrôiz”, “luiz”, “nóis”, visto que essas palavras não têm “i”.

Estrangeirismo
É um vício de linguagem que consiste no emprego de pa-
lavras ou expressões estrangeiras ainda não incorporadas ao
idioma nacional. É importante lembrar que nossa língua está
repleta de palavras que foram aportuguesadas e são muito
bem aceitas. Veja:
blecaute, chope, detalhe, espaguete, estresse, futebol,
lasanha, nhoque

Isso não significa que precisamos aportuguesar todas as pa-


lavras estrangeiras que usamos no dia a dia. Muitas palavras já se
consagraram pelo uso na forma original, como:
shopping center, show, pizza, marketing, mouse, software,
réveillon...

O que não dá para entender e aceitar é a mistura de idio-


mas que encontramos por aí. Por exemplo, por que escrever
“espaguete à la bolognese” no cardápio? Se o espaguete foi
empregado na forma aportuguesada e o nome do molho tam-

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bém tem uma forma aportuguesada, por que não escrever “es-
paguete à bolonhesa”, tudo em bom português?

Perceba que eu nem de longe sou a favor de banir toda pa-


lavra de origem estrangeira de nossa vida. Mas defendo que,
antes de empregarem indistintamente uma palavra ou expres-
são estrangeira, os brasileiros procurem saber se não há uma
boa tradução para substituí-la.

Podemos, por exemplo, empregar os verbos “iniciar” ou “co-


meçar” no lugar de “startar” ou “estartar”. Por que usar “linkar”
se temos os verbos “unir”, “ligar”, “conectar”? E o mais ridículo
de todos, por que dizer “beach soccer” para falar do bom e velho
“futebol de areia”?

O difícil no caso dos estrangeirismos é encontrar o meio-


-termo. Não fazer parte da turma que rejeita tudo, mas tam-
bém não se alinhar àqueles que aceitam tudo.

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Cacófato
Consiste na formação de uma palavra inconveniente pela
junção de duas ou mais palavras na frase. Deve ser evitado em
um texto porque, geralmente, produz uma palavra ridícula ou
obscena.

Confira alguns exemplos:


Essa marca ganha mais que a outra.
Foi mal. Desculpe então.
Ele havia dado muitas alegrias à sua mãe.
Dei um beijo na boca dela.
Amasse todos os temperos no aparelho de socar alho.
Distribuiu uma por cada.
Nesta sala existe uma herdeira.
Ela entrou em forma graças ao cooper feito diariamente.
Ibama confisca gado em área protegida.
Não tenho pretensão acerca dela.

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Colisão
É um vício de linguagem que ocorre quando há uma se-
quência de sons consonantais iguais ou semelhantes. Deve ser
evitado, pois provoca um efeito sonoro desagradável, como em
“A senhora Selma saiu com sua saia suja”.

Eco
Consiste na repetição de um som em uma sequência de
palavras, formando uma rima em um texto em prosa. É consi-
derado um vício de linguagem quando não se trata de obra li-
terária em versos. Veja o exemplo: “A reação da população está
na decisão da eleição”.

Hiato
Ocorre quando há um acúmulo de vogais, provocando um
efeito sonoro desagradável. Veja o exemplo: “Escolha: ou eu ou
o outro. Agora, vá à aula”.

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Textos: Sérgio Nogueira, Carla Tullio (redatora assistente)
Concepção e realização: Gold Editora
• Coordenação: Isabel Moraes • Assistência editorial: Ana Beraldo • Arte: LIT Design
• Capa: Dragões Digitais • Ilustrações: Marcos Müller • Revisão: Sandra Miguel

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