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UNIVERSIDADE DE VASSOURAS

PRÓ-REITORIA DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS E SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

“MODELO PADRÃO DE PARTÍCULAS: UMA INTRODUÇÃO”

Autor: Gabrielle Lannes Maurey


Orientador: Prof. Dr. Leonardo Nunes Dornelas

Vassouras

2018
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UNIVERSIDADE DE VASSOURAS

PRÓ-REITORIA DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS E SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

“MODELO PADRÃO DE PARTÍCULAS: UMA INTRODUÇÃO”

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado ao


curso de Engenharia Química da Universidade de Vassouras,
para obtenção do grau de Engenheira Química.

Autor: Gabrielle Lannes Maurey


Orientador: Prof. Dr. Leonardo Nunes Dornelas

Vassouras

2018
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UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA

PRÓ-REITORIA DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS E SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

“MODELO PADRÃO DE PARTÍCULAS: UMA INTRODUÇÃO”

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado


ao curso de Engenharia Química da Universidade de
Vassouras, para obtenção do grau de Engenheira
Química.

Autor: Gabrielle Lannes Maurey


Orientador: Leonardo Nunes Dornelas
Banca Examinadora

___________________________________
Prof. Dr. Leonardo Nunes Dornelas
(Orientador)

___________________________________
Prof. Dra Vera Lúcia Prudência dos Santos Caminha
(Primeiro Membro)

___________________________________
Prof. Esp. Moisés Teles Madureira
(Segundo Membro)

Vassouras

2018
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Dedicatória

Dedico este trabalho à todos aqueles que um dia contribuíram e ainda


contribuem com a ciência, visando dividir seus conhecimentos com o resto da
humanidade para o progresso da mesma.
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Agradecimentos

Agradeço às minhas pernas por terem me levado até aqui, assim como minha
família, meu amor e meus amigos.

Agradeço ao tempo aplicado dos pesquisadores, que corretamente vestidos


em ternos de curiosidade flamejante foram testemunhas do encantamento e da
beleza celestial. An overturned curtain call.

Agradeço aos Æsir e Vanir.


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Epígrafe

"HEILIR HILDAR TIL!"

Snorri Sturluson
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Resumo

O presente trabalho apresenta o Modelo Padrão de Partículas, que une três


das quatro forças universais em uma única teoria. É objetivado a explicação da
mesma de uma maneira simples, de forma que a sociedade comum e alunos
graduandos consigam compreender a teoria como um todo.

Palavras chave – modelo padrão, mecânica quântica, partículas elementares.


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Abstract

The present work shows the Standard Model of Particles, which unites three of
four universal forces in one theory. It is objectified the explanation of the theory in a
simply way, that the common society and undergraduates may understand it as it all.

Key – words: standard model, quantum mechanics, elementary particles.


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Lista de Figuras

Figura 1 – Disponível em https://www.gettyimages.ca/detail/news-photo/sheldon-lee-


glashow-usa-abdus-salam-pakistan-and-steven-news-photo/515123744

Figura 2 – Disponível em
https://pt.wikipedia.org/wiki/Espectro_eletromagn%C3%A9tico

Figura 3 – Disponível em https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/viagens-no-


tempo-sao-possiveis.htm

Figura 4 – Disponível em
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Standard_Model_of_Elementary_Particles_
with_Higgs_it.svg

Figura 5 – Disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/Parity_(physics)

Figura 6 – Disponível em http://chandra.harvard.edu/photo/2014/15year/

Figura 7 – Disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/Electron

Figura 8 – Disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/Double-slit_experiment

Figura 9 – Disponível em GRIFFITHS, David. Quantum Chromodynamics: Feynman


Rules for Chromodynamics. In: GRIFFITHS, David. Introduction to Elementary
Particles. Reed College: Wileyvch, 2004. cap. 9, p. 280-280.

Figura 10 – Disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/Color_charge

Figura 11 – Disponível em THE BEH-Mechanism, Interactions with Short Range


Forces and Scalar Particles. [S.l.]: Royal Swedish Academy Of Sciences, 2013.

Figura 12 – Disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/Hadron

Figura 13 – Disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/Hadron

Figura 14 – Disponível em
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/87469/mod_resource/content/1/FisVEsquem
adaAula162013.pdf
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Siglas e Nomenclaturas

SM – Standard Model; Modelo Padrão, em inglês.

QCD – Quantum Chromodynamics; Cromodinâmica Quântica, em inglês.

N – Newton, unidade.

QED – Quantum Electrodynamics; Eletrodinâmica Quântica, em inglês.

CERN – Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire; Organização Européia para


a Pesquisa Nuclear, em francês.

LHC – Large Hadron Collider; Grande Colisor de Hadrons, em inglês.

ESA – European Space Agency; Agencia Espacial Europeia, em inglês.

CDT – Casual Dynamical Triangulation; Triangulações Dinâmicas Casuais, em


inglês.

SLAC – Stanford Linear Accelerator Center; Centro de Aceleração Linear de


Stanford, em inglês.

ChPT – Chiral Perturbation Theory; Teoria de Perturbação Quiral, em inglês.

NLO – Next-to-leading order; Perto-da-ordem-principal, em tradução livre do inglês.


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Sumário

Capítulo 1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................... 13

1.1. – FORÇA FORTE......................................................................................... 15

1.2. – FORÇA FRACA......................................................................................... 16

1.3 – FORÇA ELETROMAGNÉTICA ................................................................. 17

1.4 – FORÇA GRAVITACIONAL ........................................................................ 18

Capítulo 2 – PARTÍCULAS........................................................................................ 20

2.1. FÉRMIONS .................................................................................................. 22

2.1.1. QUARKS ................................................................................................... 23

2.1.1.1. QUARK UP ............................................................................................ 25

2.1.1.2. QUARK DOWN...................................................................................... 26

2.1.1.3. QUARK CHARM .................................................................................... 26

2.1.1.4. QUARK STRANGE................................................................................ 27

2.1.1.5. QUARK TOP.......................................................................................... 28

2.1.1.6. QUARK BOTTOM.................................................................................. 28

2.1.2. LÉPTONS ................................................................................................. 29

2.1.2.1. ELÉTRONS ........................................................................................... 30

2.1.2.2. NEUTRINO DO ELÉTRON .................................................................... 32

2.1.2.3. MÚON .................................................................................................... 33

2.1.2.4. NEUTRINO DO MÚON .......................................................................... 34

2.1.2.5. TAU ....................................................................................................... 34

2.1.2.6. NEUTRINO DO TAU ............................................................................. 34

2.2. BÓSONS ...................................................................................................... 35

2.2.1. FÓTON ..................................................................................................... 36

2.2.2. GLÚON ..................................................................................................... 38


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2.2.3. BÓSONS Z0 e W ± ..................................................................................... 39

2.2.4. BÓSON DE HIGGS .................................................................................. 41

2.3. GRÁVITON .................................................................................................. 42

2.4. HÁDRONS ................................................................................................... 43

2.4.1. MÉSONS .................................................................................................. 44

2.4.2. BÁRIONS .................................................................................................. 45

Capítulo 3 – ANTIPARTÍCULAS ............................................................................... 46

Capítulo 4 – UNIÃO DA FÍSICA ................................................................................ 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 49


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Capítulo 1 – INTRODUÇÃO

O Modelo Padrão de Partículas (SM) é uma teoria que descreve o


comportamento das subpartículas portadoras de três das quatro forças fundamentais
do Universo, sendo elas a força de interação forte, força de interação fraca, força
eletromagnética e a força gravitacional, esta última ainda não descrita pela teoria.
Ela se apresenta na forma de uma tabela, com as partículas elementares
constituintes da matéria, divididas em férmions e bósons. É uma teoria de campo
quântico, pois lida com as forças fundamentais, combinando os postulados da
Relatividade Especial com os da Mecânica Quântica.

Os testes realizados com a teoria se mostraram assertivos e precisos, dando


credibilidade e a confirmando, apesar de não ser considerada uma teoria completa
por não contemplar a gravidade e ter problemas ao se referir à matéria escura.

A teoria começa em 1964, quando Murray Gell-Mann e George Zweig vem


com a ideia de partículas elementares, como um conceito matemático, já que suas
cargas ainda não foram observadas. Definiram seus spins e suas cargas
teoricamente, e em 1968 a ideia fora comprovada como objetos físicos reais não-
isoláveis até então.

Os físicos, para melhor compreensão do sistema macroscópico, reduziam os


cálculos e teorias para sistemas menores, afim de aplicar os mesmos conceitos em
campos reduzidos para simplificar seu entendimento. Aplicaram as definições das
forças universais no âmbito das partículas e em 1961, Sheldon Glashow uniu a
interação fraca com a eletromagnética, formando a interação eletrofraca.

Logo após em 1967, Steven Weinberg e Abdus Salam adicionaram a ideia do


mecanismo de Higgs na interação de Glashow. O mecanismo explica a geração de
massa nas partículas elementares mediadoras das interações fundamentais do
Universo.
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Em 1973, a corrente neutra-fraca foi descoberta pelo Gargamelle, um detector


no tipo câmara de bolhas que esteve em operação no CERN entre 1970 e 1979, o
que deu à Weinberg, Salam e Glashow o Nobel em Física em 1979. O termo
“Modelo Padrão” foi sugerido primeiramente por Abraham Pais e Sam Treiman em
1975, em alusão à interação eletrofraca.

Figura 1 - Glashow, Salam e Weinberg, respectivamente, antes de receber o prêmio Nobel.

A interação forte é representada pela Cromodinâmica Quântica (QCD), que


explica como as partículas se mantém unidas. É um tipo de teoria de campo
quântico e tem a propriedade de cores e liberdade assinótica, que provoca que a
ligação se torne fraca com o aumento da energia e a diminuição da distância das
partículas. O conceito de cor será explicado brevemente.

O SM teve recentes descobertas importantes para a teoria em 2012 e em


2015, rendendo o prêmio Nobel de física para Peter Higgs e François Englert em
2013 e para Takaaki Kajita e Arthur B. McDonald em 2015.

A teoria é visto como unificadora para alguns na comunidade científica devido


à ideia de junção das forças universais, assim como a Teoria de Tudo, mas alguns
pesquisadores acham que ela é só o começo para uma teoria ainda mais elementar.
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1.1. – FORÇA FORTE

A força forte é o que une as subpartículas e o que mantém o próton e o


nêutron juntos. Ela é medida aproximadamente no intervalo de 10 -15 m, sendo maior
do que a força fraca 105 vezes e maior do que a força gravitacional 1038 vezes. Veio
como postulado para a manutenção do núcleo atômico, pois até seu descobrimento,
a física da época sugeria que os prótons deveriam se repelir por terem a mesma
carga, fazendo o átomo decair rapidamente, o que era o contrário da realidade.
Depois de seu descobrimento, foi comprovado que a força forte é muito mais forte
do que a força eletromagnética, então apesar das cargas iguais que o próton tem, as
partículas não se repeliriam.

O restante de força forte no átomo é chamado de força nuclear, cujos


conceitos não devem ser confundidos, pois respondem por diferentes propriedades.
A força nuclear é um resíduo da força forte, sendo mais fraca e mais neutralizada
entre nêutrons e prótons, do mesmo jeito que forças eletromagnéticas são mais
fracas entre os átomos neutros do que as forças eletromagnéticas associadas com o
núcleo.

Ao contrário da força nuclear, a força forte não diminui quando as


subpartículas se afastam. Sem limite de distância, ela mantém uma força de
aproximadamente 10.000 Newtons (N), que parece “aumentar” proporcionalmente à
distância, o que causa o confinamento dos quarks, motivo pelo qual os mesmos
nunca foram vistos separados.

Essa força, ainda, é responsável pela fusão nuclear, onde dois ou mais
átomos menores ou subpartículas se unem para formar um átomo ou uma partícula
maior. Essa reação é o que forma o próton e o nêutron e acontece diariamente no
Sol, onde dois átomos de Hidrogênio se unem para formar um de Hélio, e a
diferença de massa dos reagentes se transforma em energia, mantendo Estrelas
energizadas e “acessas”.
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1.2. – FORÇA FRACA

É a força que interage entre as subpartículas com menos força, sendo precursor
do decaimento beta, que é quando um núcleo instável pode se transformar em outro
ao ser atingido por uma radiação beta, transformando um próton em um nêutron. As
partículas elementares do SM que carregam essa força são extremamente massivas
se comparadas às outras, o que corresponde ao alcance da força fraca, que é
aproximadamente 10-16m, sendo muito menor do que o da força forte ou da
eletromagnética, mas em distâncias entre 10-18m, a interação fraca tem força similar
à interação eletromagnética que consequentemente diminui assim que o
afastamento aumenta.

A força fraca afeta a maior parte das partículas do SM, mas ela não produz
estado limite -que é quando uma partícula está sob o efeito de um potencial externo
ou vindo de outra partícula e essa primeira tende a ser localizada em um ou mais
lugares no espaço- ou energia de ligação –mínima energia necessária para partir
uma ligação de partículas.

Na mecânica quântica, tem-se a noção de números quânticos que permite


quantificar e descrever a organização eletrônica do átomo. Dentro desses números
quânticos, há o conceito de isospin fraco, que abrange as partículas elementares
que não interagem com a força forte, tomando o mesmo lugar que a carga elétrica
no eletromagnetismo, por exemplo. Ele é sempre conservado, a soma dos números
de isospin fraco das partículas que entram na interação é sempre igual ao número
de isospin das partículas que saem da interação.

Essa força é responsável pela fissão nuclear, onde um núcleo atômico


massivo e pesado se divide em partículas menores e mais leves, liberando uma
grande quantidade de energia. É utilizada nos reatores nucleares para produção de
energia elétrica nas usinas nucleares através do Uranio 235, onde é emitido um
nêutron para esse elemento e o mesmo se torna por um momento em Uranio 236,
do qual é instável, e rapidamente se parte em elementos mais leves e estáveis,
como o Bário 141 e Criptônio 92, liberando abundante energia e outros nêutrons,
assim, desencadeando reações em outros átomos de Uranio 235.
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1.3 – FORÇA ELETROMAGNÉTICA

O conceito de eletromagnetismo veio da junção das ideias de eletricidade e


magnetismo por James Clerk Maxwell, que criou um conjunto de equações que
descreve como campos elétricos e campos magnéticos são criados a partir de
cargas e correntes elétricas.

Essa força é responsável pela carga elétrica do átomo, além de ser


responsável pelo espectro eletromagnético, que é o intervalo das frequências de
radiação eletromagnética, uma variação entre o campo magnético e o campo
elétrico, que são perpendiculares entre si e propagam uma onda transversal e suas
oscilações verticais são em direção do deslocamento da mesma.

Figura 2 - Espectro Eletromagnético e suas frequências. Cada tipo de frequência em seu


alcance.

A força eletromagnética é regida pela Eletrodinâmica Quântica (QED), uma


teoria de campo quântico que descreve como a matéria e a luz interagem. Foi
considerada “a joia da física” pois previu resultados com exatidão de 20 casas
decimais, o que era muito para a época de sua descoberta. Apesar de ser uma
teoria quântica, ela ainda compartilha muitos dados com a teoria clássica do
eletromagnetismo.
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1.4 – FORÇA GRAVITACIONAL

A gravidade é a força macroscópica que mantém o Universo firme, motivo de


debate por muitos anos entre vários cientistas. Antes de 1915, era aceito a
gravitação de Newton, a Lei da Gravitação Universal, publicada em 1687,
juntamente com as 3 Leis de Newton, que postulava “dois corpos de massa sofrem
força de atração mútua proporcional às suas massas e inversamente proporcional
ao quadrado da distância que separa seus centros de gravidade”, onde se os corpos
em questão não são partículas, deve-se considerar o centro de massa dos tais, onde
a massa do corpo está supostamente concentrada.

Einstein, no entanto, desenvolveu a Relatividade Geral após a publicação do


teorema da Relatividade Especial, que descrevia o movimento de corpos na
ausência da gravitação. A Relatividade Geral, publicada em 1915, unificou o
conceito da teoria anteriormente postulada por Albert e a Lei da Gravitação de
Newton, juntando os conceitos de tempo e espaço pela equação de campo de
Einstein, onde foi descrito como a matéria gera gravidade.

A gravitação da física moderna se explica pela Curvatura do Espaço-Tempo,


onde o físico alemão demonstra que o conceito de espaço e tempo são, na verdade,
um só pelas coordenadas espaciais x, y, z e a coordenada temporal t. Cada ponto
na curvatura indica um acontecimento, com hora e local bem definidos. Visualizando
em pontos maiores como no Universo, os planetas e estrelas são corpos
extremamente massivos e estes tem grande poder de distorcer o campo à sua volta.
Como no Sistema Solar, o Sol distorce o campo do Espaço-Tempo de tal forma que
todos os planetas em volta do mesmo se põem à “girar” em torno dele, como se
estivesse em queda livre.
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Assim acontece com a Lua e o planeta Terra, com Júpiter, que é o maior planeta
do Sistema distorcendo o espaço e fazendo com que seus 79 satélites o orbite em
queda livre.

Figura 3 - Curvatura Espaço-Tempo. Um corpo extremamente massivo o distorce, criando uma


flexão fazendo com que os corpos em volta o orbitem.

Para o microcosmo, a mecânica quântica explica a gravidade através de


partículas, que ao serem somadas, criam o campo gravitacional universal. Tal
partícula, porém, nunca foi encontrada, o que deixa a gravidade de fora do SM.

Há teorias que tentam juntar a força gravitacional às demais, diferentemente


da Gravidade Quântica em Loop (LQG), da qual tenta quantizar a Relatividade
Geral, formando as redes de spin, que são interpretações de estados de partículas
com campos.
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Capítulo 2 – PARTÍCULAS

As partículas do Modelo Padrão representam as forças universais. Cada uma


tem sua função específica na natureza assim como na tabela representativa. São
chamadas de fundamentais, pois, ao desmembrar um próton ou um nêutron, se
encontra uma partícula do SM compondo a partícula maior. Órgãos de estudos
científicos como o CERN administram grandes aceleradores de partículas como o
LHC, que estudam a colisão de subpartículas para estudo. Dessa forma, a
visualização do SM foi possível.

Figura 4 - Modelo Padrão de Partículas. Representado no canto esquerdo as massas, carga,


spin e nome de cada partícula, respectivamente.
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As datas de predição e descobertas das partículas serão ditas conforme as


mesmas serão introduzidas, assim como suas devidas funções e representações
das forças na tabela. Na tabela apresentada, estão representados os conceitos de
Férmions e Bósons, dos quais contém os Quarks e Léptons, os Bósons Z0 e W±,
Bóson de Higgs, Glúon e o Fóton, respectivamente. Algumas partículas tiveram suas
cargas, massas e spin previstas mas todas foram posteriormente provadas em
experimentos.

A força forte está representada pelo Glúon, a força fraca é representada pelos
Bósons W ± e Z0 e a força eletromagnética é representada pelo Fóton. A força
gravitacional seria representada pela particulada chamada Gráviton, porém a
mesma ainda não foi encontrada. Os Quarks são constituintes da matéria e o Bóson
de Higgs dá massa à mesma.

Dentro do QCD, há o conceito de cor, que explica como as subpartículas


interagem para a formação das partículas maiores. Há três cores: verde, vermelho e
azul, que interagem através da força forte. Elas agem nos Quarks e Glúons. Além
das cores, há a ideia de antipartículas no SM, que diz que para cada partícula
existente na tabela, há uma antipartícula, de mesma massa porém de carga oposta.
Os Quarks, por exemplo, apresentam-se em seis sabores na tabela do SM. Com três
cores diferentes, são 18 partículas, mais suas antipartículas, somam-se 36 Quarks
no Modelo Padrão.

As partículas elementares se unem e formam partículas maiores como


bárions e mésons, que estão na família dos hádrons assim como o próton e o
nêutron. Pode-se perceber, que o íntimo de tais partículas não é impermeável como
se pensara no passado, pois até mesmo o mais profundo da matéria é constituído
de partes mais fundamentais. Há teorias que postulem que a constituição material
não para no SM, e que há ainda pequenos “objetos” ainda mais elementares a
formar a massa das coisas.
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2.1. FÉRMIONS

Os férmions são as subpartículas constituintes da matéria, eles vem em três


gerações ou três sabores. São subdivididos em Quarks e Léptons e seguem o
princípio de exclusão de Pauli, que diz que “dois ou mais férmions idênticos não
podem ocupar o mesmo estado quântico no mesmo sistema quântico
simultaneamente”. Para os elétrons, o principio fica: “é impossível que dois elétrons
de um átomo poli-elétron ter o mesmo valor dos quatro números quânticos”.

Para os cálculos, os férmions podem ser divididos em férmions de Weyl, que são
férmions quirais sem massa que se comporta como matéria e antimatéria; férmions
de Dirac, uma partícula de spin inteiro; e os férmions de Majorana, que é uma
“quase partícula”, também sendo sua própria antipartícula. Todos os férmions, a
exceção do neutrino, seguem as propriedades de Dirac. Não se pode afirmar se o
neutrino segue as particularidades de Dirac ou de Majorana.

Alguns cientistas se perguntaram o porquê de ser exatamente 3 gerações de


férmions. De acordo com pesquisas experimentais realizadas pela sonda espacial
Planck, operado pela ESA, é quase certeza de que não haja um novo tipo de
neutrino, ou seja, não há uma 4ª geração de matéria. Então, de acordo com a
Triangulações Dinâmicas Casuais (CDT), ao invés de tentar encaixar uma geometria
pré-existente ao Universo, a teoria o deixa livre, mostrando como o próprio espaço-
tempo “se monta”. E a partir desse princípio, o único meio de se formar uma área,
mesmo que mínima, precisa-se de 3 objetos. Essa teoria tem concordado com a
gravitação quântica, dando melhores respostas à mesma do que outras teorias do
gênero.

Um número quântico extremamente usado para caracterizar as subpartículas é o


spin, que indica o sentido de rotação do elétron, basicamente. Os Quarks, em geral,
tem spin ½ e os Léptons, tem spin -½. Além do spin, suas cargas e massas são
definidas, mesmo quando são quase nulas.
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2.1.1. QUARKS

Quarks são partículas fermiônicas de spin inteiro constituintes da matéria e


que não são observáveis isoladamente. Eles atuam pela principalmente pela força
forte, mas também atuam pela força fraca e pelo eletromagnetismo. Na física
quântica, criou-se a definição de sabores, que se refere à espécie de partícula da
qual se fala. Os quarks, por sua vez, vêm em 6 sabores diferentes:

Nome Massa Carga

Up 2,3 MeV/c² ⅔

Down 4,8 MeV/c² -⅓

Charm 1,275 GeV/c² ⅔

Strange 95 MeV/c² ­⅓

Top 173,07 GeV/c² ⅔

Botton 4,18 GeV/c² ­⅓

Tabela 1 - Quarks do SM e suas respectivas massas relativas e cargas.

Os quarks começaram a ser preditos em 1964, descobertos em experimentos


por volta de 1968 e a busca por essas subpartículas “completou-se” em 1995, ao
descobrir-se o Top Quark. O nome “Quark” veio de um livro chamado Finnegans
Wake por James Joyce, de 1939, onde lê-se:

“Three quarks for Muster Mark!

Sure he hasn’t got much of a bark

And sure any he has it’s all beside the mark.”

Alguns Quarks são extremamente massivos, demonstrando instabilidade,


outros conseguem compor partículas maiores como prótons e nêutrons. Apesar de
se apresentarem somente 6 Quarks na tabela, eles se multiplicam com as três cores
do QCD, tornando-se 18 Quarks. Juntando-se com as suas respectivas
antipartículas, fazem 36 Quarks.
24

As massas dos quarks são definidas através de cálculos e experimentos. A


teoria é envolta matematicamente pelo grupo de Lie, definida em homenagem à seu
criador Sophus Lie, que “são objetos que estão compatibilizados em uma estrutura –
a de grupo – e uma estrutura diferenciável, e esta relação tem como consequência
um grande número de resultados profundos”. Dentro dos grupos de Lie, utiliza-se no
SM a ferramenta matemática dos Grupos Especiais Unitários, denotado SU(n) de
matriz unitária de determinante 1. O grupo especial é um subgrupo do Grupo
Unitário, U(n), onde corresponde por um grupo circular, contendo todos os números
com valor absoluto, ou seja, seu valor sempre positivo sem considerar seu sinal real,
sob multiplicação.

O SM se encaixa nos grupos SU(3)×SU(2)×U(1), onde tem-se no grupo U(1)


a ação do campo eletrofraco dos bósons e a ação do campo do bóson de Higgs, no
grupo SU(2) há a ação do bóson W ± pelo campo eletrofraco e o campo do bóson de
Higgs e no grupo SU(3), onde age o campo de glúon e a QCD.

Utiliza-se também, a função de Lagrange, de Joseph-Louis Lagrange, que dá


o local de um corpo em função de sua velocidade e tempo de acordo com a
diferença da energia cinética com a energia potencial gravitacional do mesmo. É
uma função de campo.

Juntando os dois conceitos, cria-se uma Teoria de Calibre, ou Teoria de


Gauge, onde une-se os conceitos matemáticos citados, mas a função de Lagrange é
invariante em algumas transformações de Grupo de Lie, pois determina o grau de
liberdade da função.
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2.1.1.1. QUARK UP

O Quark Up (u), ou na tradução literal, Quark Pra Cima, é o Quark mais leve
do SM. Faz parte da primeira geração de férmions, que forma a matéria ordinária
estável. Antevisto por Murray Gell-Mann e George Zweig em 1964, foi descoberto
por experimentos no SLAC National Accelerator Laboratory, nos EUA, em 1968.

Tem isospin (I) e isospin de 3° componente (I3) igual a +½, que corresponde
ao sabor dos quarks. Sua carga elétrica é de +⅔ e sua antipartícula é o antiup (ū),
de mesma massa e carga de spin diferente. Apesar de apresentar valor de massa
no SM, alguns físicos teóricos pesquisadores da área tem apresentado projetos há
alguns anos sugerindo que o Quark Up não tenha massa.

Um Quark Up massivo apresenta problemas na simetria-CP, o que é


chamado de violação-CP. Simetria-CP é a junção da simetria-C, que é a Conjugação
da Carga, onde as partículas são “trocadas” por suas correspondentes
antipartículas, e não somente suas cargas elétricas, mas todas as cargas que são
relevantes para as forças fundamentais, das quais obedecem à essa simetria,
menos a força fraca, que viola a simetria-C; com a simetria-P, que é a Paridade,
onde se troca o sinal de uma ou três coordenadas (como o Universo tridimensional
presente), como em um espelho, e todas as leis e forças fundamentais físicas (com
exceção à força fraca) se conservam.

Figura 5 - Paridade P e sua violação. No topo, a quiralidade de movimento funciona


normalmente: o relógio se inverte assim como a rotação de seu ponteiro. Na parte de baixo da
figura, há a violação: o relógio se inverte mas a direção de seu ponteiro continua a mesma.
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Esse problema seria normalmente resolvido com a Teoria de Perturbação


Quiral (ChPT), que tem a quiralidade simétrica para se estender o estudo para a
QCD, mas só seria possível a aplicação em dois sabores de Quarks Dinâmicos.
Então, os pesquisadores zeram a massa do Quark Up, o que “não fez muita
diferença”, então talvez, a subpartícula realmente possa ser perturbada nesse nível.
Essa teoria ainda está em teste.

2.1.1.2. QUARK DOWN

É a segunda partícula mais leve do SM e seu símbolo é (d). De carga -⅓, seu
isospin I3 é -½ e tem massa entre 4,3 MeV e 5,3 MeV, mas quando encontrado
dentro de um próton ou nêutron, sua massa aumenta para aproximadamente 330
MeV, por causa da interação da força forte. É da primeira geração de férmions,
possuindo carga de cor. Foi postulado em 1964 por Murray e Zweig e descoberto
por experimentos mais tarde em 1968 no SLAC, junto ao Quark Up. Sua
antipartícula é o antidown (đ), de mesma massa e spin de carga contrária.

2.1.1.3. QUARK CHARM

O Quark Charm (c) é de segunda geração da matéria, tem carga ⅔, de


antipartícula anticharm (ċ) que tem mesma massa mas diferente carga. Foi prevista
em 1970 por Sheldon Glashow, John Iliopoulos e Luciano Maiani no que foi
chamado de mecanismo GIM, em crédito ao nome dos autores, pois precisaram de
um quarto Quark para a previsão de seu mecanismo, que postulava que era possível
a mudança de sabor de um férmion sem que se alterasse sua carga elétrica. Através
deste mecanismo, dois laboratórios anunciaram no dia 11 de Novembro de 1974 a
descoberta da mesma partícula, o J/ψ méson, ou Psion, composta de cċ e de sabor
neutro. Seu estado quarkônio é denominado “charmônio”.
27

2.1.1.4. QUARK STRANGE

O Quark Strange (s) veio postulado juntamente ao Quark Up e Down em 1964


por Murray e Zweig. De carga -⅓, tem antipartícula chamada antistrange de símbolo

( s ), diferentemente de suas irmãs de postulado, tem carga de isospin I 3

equivalente à 0. Foi descoberta em 1968 no acelerador de partículas americano


SLAC.

Pesquisadores tem estudado a possibilidade de estrelas de nêutron na


verdade serem constituídas de Quark Strange, devido à densidade acima da
suportada dessas estruturas, os Quarks confinados começam a ser libertos de suas
ligações originais. Como nêutrons são compostos de Quarks Up e Down, se torna
mais energético a transformação para Quark Strange, pois o mesmo é mais leve.
Alguns exemplos de estrelas possivelmente feitas de s são a Hércules X-1, Bursting
Pulsar (GRO J1744-28) e a 3C 58.

Figura 6 - 3C 58, uma remanescente de supernova da constelação Cassiopeia,


aproximadamente à 10 mil anos luz de distância da Terra.
28

2.1.1.5. QUARK TOP

É a partícula férmion mais massiva de todo SM, de terceira geração da

matéria e de carga ⅔, símbolo (t) e antipartícula denotada como antitop ( t ), de

diferente carga de spin. Foi predita em 1973 por Makoto Kobayashi e Toshihide
Maskawa para explicar a violação CP e descoberta em 1995 pelo colisor
experimental DØ, projeto do acelerador de partículas americano Trevaton, já inativo.
Geralmente decai para um Quark Bottom. A massa dessa partícula é um importante
parâmetro a ser definido, pois “seu valor numérico é importante para muitos testes
de precisão do modelo nas colisões de energia atuais assim como para possíveis
extrapolações para altas energias”. Essa, por sua vez, tem sido estudada por polos,
como a massa do elétron na QED, mas deve ser corrigida por meios não-
perturbativos. Seus resultados tem apresentado dados promissores, foi comparado à
experimentos provindos do LHC, onde foi calculado massa de 162,3 GeV com erro
de ± 2,3 GeV e a massa de polo foi calculada em 171,2 GeV, com erro entre ± 0,7
GeV e ± 2,4 GeV.

2.1.1.6. QUARK BOTTOM

O Quark Bottom (b) tem carga de -⅓, também de terceira geração de matéria e

sua antipartícula é o antibottom ( b ). Foi predito juntamente ao Quark Top em 1973

para correção da violação CP e descoberto por experimentos em 1977 no


Laboratório Nacional de Acelerador Fermi (Fermilab) pela equipe de Leon Max
Lederman, onde foi detectado o estado bottomônio, que é um estado quarkônio do
qual descreve o sabor de uma partícula composta de subpartículas pesadas e suas
próprias antipartículas, a tornando uma partícula neutra. Assim, o estado Méson

Upsilon (ϒ) foi descoberto, composto por um b b , de tempo de vida

aproximadamente 1,21×10-20. Estudos antes do descobrimento do Bóson de Higgs

em 2012 mostravam que o acoplamento de b b geravam um bóson, provando-se

através do Termo de Ordem Principal, que são termos de maiores magnitudes em


uma equação e podem mudar suas variáveis. Nesse caso, utilizava-se o esquema
de next-to-leading order (NLO), uma forma de normalização caso o primeiro termo
de magnitude não seja suficiente.
29

2.1.2. LÉPTONS

Os Léptons são as partículas que interagem através da força fraca no SM.


São seis sabores, sendo as partículas carregadas Elétron (e-), o Múon (μ-), o Tau (τ-)
com seus Neutrinos (ν), Neutrino do Elétron (νe), Neutrino do Múon (νμ) e Neutrino
do Tau (ντ) com suas respectivas antipartículas, o Pósitron (e+), o antimúon (μ+), o
antitau (τ+) e os antineutrinos (ν+). Destas, o elétron e o pósitron são considerados
mais estáveis. Levam esse nome pois quando foram postuladas, eram vistas como
as partículas leves do SM, o que foi revisto mais tarde na descoberta do Tau, que é
duas vezes mais pesado do que o próton.

Nome Massa Carga

Elétron 0,511 MeV/c² -1

Neutrino do Elétron <2,2 eV/c² 0

Múon 105,7 MeV/c² -1

Neutrino do Múon <0,17 MeV/c² 0

Tau 1,777 GeV/c² -1

Neutrino do Tau <15,5 MeV/c² 0

Tabela 2 - Léptons representados com suas respectivas cargas e massas.

Sendo férmions, têm spin de -½, seguem o princípio de exclusão de Pauli e


são divididos por 3 gerações de matéria, mas por interagirem com a matéria através
da força fraca, violam a simetria CP, e através de sua interação com o
eletromagnetismo, só podem se transformar em outro do mesmo tipo, e a própria
partícula junto com sua antipartícula só podem ser destruídas ou criadas juntas,
confirmando-se pelo seu “número de Lépton”, quantidade que representa a diferença
de léptons e antiléptons em uma reação de subpartículas. Os números para as
partículas carregadas são sempre 1, enquanto que para suas antipartículas, é -1.
30

Os léptons mais pesados como o múon e o tau não são vistos na natureza,
pois decaem rapidamente em partículas mais leves e estáveis, como quarks,
antiquarks e neutrinos, sendo sempre seu decaimento para seu neutrino
correspondente.

2.1.2.1. ELÉTRONS

O elétron é uma partícula de carga negativa (-1) que mantém a estabilidade


das cargas atômicas. É da primeira geração dos férmions, pertencendo à classe de
subpartículas pois é desconhecido se sua constituição é feita de alguma outra
partícula. Sendo matéria, ele “pode colidir com outras partículas e sofrer difração,
como a luz”.

Sua predição data com os gregos antigos, onde perceberam que se


friccionado uma barra de âmbar em um pedaço de lã, a barra atraía objetos para si,
desde então a hipótese de existência da tal partícula foi sendo aprimorara, até que
em 1897, Joseph John Thomson juntamente à John Sealy Townsend e Harold A.
Wilson fizeram um experimento onde um campo elétrico foi deixado perpendicular à
um campo magnético e por esse era aplicado um feixe de elétrons que era desviado
por raios catódicos, provando que esses raios eram na verdade partículas, ao invés
de ondas ou moléculas. Predições sobre a carga e massa do elétron foram feitas,
apesar de serem boas, são sem muita exatidão.

Louis de Broglie explicou pela primeira vez que “toda a matéria apresenta
características tanto ondulatórias como corpusculares comportando-se de um ou
outro modo dependendo do experimento específico”, ou seja, ele falava da
dualidade onda-partícula existente na matéria ordinária. Mostrou que o comprimento
de onda é inversamente proporcional ao momento linear da partícula e sua
frequência é diretamente proporcional à energia cinética da partícula. Seu
experimento foi baseado no efeito fotoelétrico de Alexandre Edmond Becquerel e
posteriormente confirmado por Heinrich Hertz, demonstrando quando uma placa de
metal é exposto em uma frequência de radiação específica, esta emite elétrons,
sendo chamados de fotoelétrons. Einstein, mais tarde, interpretou corretamente o
efeito, o que o rendeu o prêmio Nobel de Física em 1921.
31

Este experimento fez com que Erwin Schrödinger formulasse sua equação,
que descreve o estado quântico de partículas de acordo com o tempo, mas esta
predizia a probabilidade de um elétron estar em um lugar e não seu lugar exato
descrevendo sua função de onda, sua dualidade. É considerada extremamente
completa pois descreve sistemas do micro e do macrocosmo. Tem relação com o
Princípio da Incerteza de Heisenberg, onde Werner Heisenberg postulou que se é
conhecido o momento da partícula, desconhece-se a posição e vice-versa.

Figura 7 - Densidade dos orbitais do átomo de hidrogênio e as probabilidades de se encontrar


seu elétron. A cor indica maior probabilidade de encontrá-lo em determinada área.
32

2.1.2.2. NEUTRINO DO ELÉTRON

Neutrinos são partículas de pouca massa e carga neutra que interagem


através da força fraca e da força gravitacional. São chamados também de “partículas
fantasmas”, pois conseguem atravessar a matéria sem ter interação com a mesma.
Quando um neutrino é criado em algum dos três sabores, o mesmo fica em uma
superposição quântica que o permite oscilar entre esses sabores assim como previa
Bruno Pontecorvo, como o que acontece no Sol, os pesquisadores observaram por
um bom tempo os neutrinos emitidos dessa estrela, mas perceberam que a Terra
não recebia a quantidade devida dessa partícula, vide a massa de sua estrela
originária. Percebeu-se então, que durante sua criação dentro do Sol e sua
observação na Terra esses neutrinos do elétron se transformaram em neutrinos do
tau e do múon. Pensava-se que tais partículas não tinham massa, o que mudou
depois do estudo de Takaaki Kajita e Arthur B. McDonald, que receberam o Nobel
de física em 2015.

Foi postulado para resolver o problema do espectro-β, que ao contrário do


espectro-α e espectro-γ, tinha o decaimento radioativo contínuo. Pensavam que era
um problema da conservação de energia, então em 1930, Wolfgang Pauli postulou
uma partícula de spin ½, carga neutra e massa semelhante ao do elétron, e a
nomeou de pequeno nêutron. Em 1956 a partícula foi descoberta por Clyde Cowan e
Frederick Reines no reator nuclear da Savannah River na Carolina do Sul – EUA,
mostrando que antineutrinos produzidos no reator às vezes interagiam com prótons,
esses que decaía em um nêutron e em um pósitron, sendo este o decaimento-β
invertido. Seu antineutrino tem mesmo spin mas diferente sinal.
33

2.1.2.3. MÚON

O múon é uma partícula da segunda geração de férmions, de spin ½ e de


carga -1, sendo mais pesada do que o elétron e assim, instável e não conseguem
produzir movimento como o elétron, logo não conseguem produzir bremsstrahlung
(bremsen vem de quebrar e strahlung vem de radiação), que é a radiação
eletromagnética produzida pela desaceleração de uma partícula carregada quando
defletida por outra partícula.

Seu decaimento é lento pois é mediado pela força fraca e a diferença de


massa da própria partícula com as originárias de seu decaimento é pouca,
produzindo poucos graus de liberdade e pelo menos três partículas, sendo
geralmente um elétron e dois neutrinos de diferentes tipos. Por causa do módulo da
energia de decaimento, que é uma energia liberada durante o decaimento radioativo
ser menor do que a massa e energia do múon, essa partícula não é gerada pelo
decaimento radioativo. Ela é gerada pela colisão de partículas em aceleradores ou
na interação de raios cósmicos com a matéria.

Foi descoberto em 1936 por Carl D. Anderson e Seth Neddermeyer no


Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) durante seus estudos de radiação
cósmica, onde perceberam que uma partícula se curvava nitidamente diferente de
outras partículas presentes e já conhecidas em um campo magnético. Essa, tinha
carga negativa como o elétron mas curvava mais nitidamente do que o próton, então
foi suposto que o múon tinha carga igual ao do elétron mas diferente massa, devido
à sua curvatura diante um campo magnético.

Não foi predito pois Heisenberg e Fermi deixaram a teoria como se a


transição de uma partícula pesada de um estado neutro para um estado de próton
era sempre acompanhada por emissão de partículas leves, o que foi provado o
contrário por Anderson e Neddermeyer. Múons são usados para raios-X e para
tomografia. Foram usados nos anos 1950 na Austrália para medir a profundidade de
sobrecarga de um túnel e também são usados para verificar containers contra
explosivos e material de contrabando.
34

2.1.2.4. NEUTRINO DO MÚON

O neutrino do múon tem carga nula e faz parte da segunda geração de


férmions. Foi predito em 1940 e descoberto em 1962 por Leon Lederman, Melvin
Schwartz e Jack Steinberger no Laboratório Nacional Brookhaven usando o
decaimento de um antineutrino e um píon e demonstrando sua ocorrência.

2.1.2.5. TAU

O tau é uma partícula de terceira geração de férmion, de carga negativa que


também interagem pela força fraca e não produzem muita bremsstrahlung. São
partículas extremamente massivas e têm seu tempo de vida bem curto e por causa
disso, seu poder de penetração aparece somente em altas velocidades, onde o
tempo dilata sua trajetória.

Foi detectado em 1975 por Martin Lewis Perl no SLAC durante o decaimento
de um pósiton e um elétron, resultando em um elétron, um múon e mais uma
partícula que violava a conservação do número de Lépton, e posteriormente
sugeriram que fosse o tau e sua antipartícula, tendo seu spin e massa estabilizados
logo após. Mas como essa partícula é extremamente instável, o elétron e o muon
observados eram tidos como resultados do decaimento do tau mais neutrinos. Este
trabalho herdou o Nobel de física para Lewis em 1995.

2.1.2.6. NEUTRINO DO TAU

O neutrino do tau tem carga igual à 0, pertence à terceira geração da matéria


e foi descoberto em 2001 no experimento DONUT (Observação Direta do Nu do
Tau) no Fermilab, dimensionando seu momento magnético e medindo sua seção
transversal de interação, que é a área de probabilidade de ocorrência de choque de
um feixe de partículas.

Seu experimento se baseou no decaimento de Quark Charm e após retirar


todo resíduo de partículas indesejadas, o feixe restante passou por emulsão nuclear,
onde em um caso raro o neutrino interagiria produzindo partículas carregadas
eletricamente. Suas interações eram fotografadas como buracos pretos que eram
postos em camadas e unidos para reconstituir o possível caminho do neutrino,
reconhecendo a interação do neutrino, indicando um decaimento do tau.
35

2.2. BÓSONS

Bósons são partículas que correspondem à estatística de Bose-Einstein, que é


um conjunto estatístico aplicável à partículas que coexistem em um mesmo estado
quântico em equilíbrio térmico. Em temperaturas próximas à zero, eles quase se
tornam iguais e têm comportamento quântico similar.

As partículas que compõem essa subfamília são o Glúon (g), o Fóton (γ), o
Bóson W± e Z0 e Bóson de Higgs (H0) representando a força forte, a força
eletromagnética e a força fraca, respectivamente, sendo que o Gráviton (G) não
entra na tabela pois ainda não foi descoberto.

Nome Massa Carga

Fóton 0 0

Glúon 0 0

Bóson Z 91,2 GeV/c² 0

Bóson W 80,4 GeV/c² ±1

Bóson de Higgs 125,09 GeV/c² 0

Tabela 3 - Bósons com suas respectivas massas e cargas.

São partículas de spins inteiros, não são compositoras da matérias mas a


mantém unida, como em ordem ao teorema da estatística do spin, que diz que
partículas de spin inteiro são o mesmo quando a posição de qualquer das duas
partículas é permutada. Ao contrário dos férmions, ocupam o mesmo espaço
quântico, e quando se troca dois bósons da mesma espécie, a função de onda do
sistema permanece inalterada.

Um famoso conceito derivado dos bósons é o condensado Bose-Einstein, que


é uma fase da matéria formada por bósons a uma temperatura próxima ao zero
absoluto, onde os átomos podem ser observados com mais clareza, pois atingem o
mínimo de estado quântico.
36

2.2.1. FÓTON

O fóton é uma partícula subatômica que compõe a luz e representa o


eletromagnetismo no SM, tem massa intrínseca igual à zero, não interagindo
gravitacionalmente e se move na velocidade da luz no vácuo. Sem carga, não é
atraído ou repelido por forças magnéticas ou elétricas. Então, viajando na velocidade
da luz sem interação direta com a gravidade ou o eletromagnetismo, conclui-se que
o fóton se propaga em linha reta. De acordo com a teoria da Relatividade Especial, a
velocidade de propagação do fóton é a velocidade limite universal e não depende de
nenhum referencial.

Sua predição vem desde René Descartes em 1637 como onda, mas grandes
influenciadores como Isaac Newton postulavam que a luz se comportava como
partícula. Einstein, em 1905 confirmou o efeito fotoelétrico, quando elétrons de um
certo material são impactados por fótons de uma frequência de luz específica e
assim são desalojados, emitindo esse elétron. Ele confirmou que na verdade essa
luz são pacotes de ondas discretas e não ondas propagadas através do espaço.

Arthur H. Comptom ganhou o Nobel de Física em 1927 por explicar o efeito


Compton que explica o espalhamento, ou seja, a alteração na trajetória linear que
uma forma de energia sofre devido à interações com o meio, de um fóton por um
elétron diminui a energia do primeiro em geralmente raios-X ou raios-ϒ. Para que
haja a conservação de energia, há a emissão de um segundo fóton. Esse
experimento mostra que a luz não é somente um fenômeno ondulatório.

Um fóton apresenta dualidade de onda-partícula, como pode-se comprovar no


experimento da dupla fenda: Thomas Young fez com que um feixe de luz passasse
por uma pequena fenda em uma placa e acertasse um papel filme. O que se
observava era a luz passando por essa fenda. Se tampasse uma fenda e deixasse a
luz sair pela outra, o fenômeno se repetia. Mas se as duas fendas ficassem livres, as
ondas não se somavam ou subtraíam: elas se anulavam, como um padrão de
interferência, onde duas ondas ficavam em superposição em um mesmo ponto. Ao
observar o papel filme, era possível ver o comportamento corpuscular da luz, ou
seja, o papel estava marcado por partículas.
37

Figura 8 - Experimento da dupla fenda. Era emitido um feixe de elétrons através das fendas e
observava seu comportamento.

Nesse experimento, o princípio da incerteza de Heisenberg entra em questão


assim como o efeito do observador, que afirma que somente o observar de um
processo quântico já altera seu resultado, neste caso, o observador mudará o
caminho do fóton. Um exemplo clássico do efeito do observador é o gato de
Schrödinger, que está confinado em uma caixa de superposição quântica com um
vidro de veneno e um sistema com uma marreta que pode quebrar o vidro ou não.
Até o observador de fato olhar o experimento, o gato está simultaneamente vivo e
morto, cumprindo com os dois resultados possíveis. Então, ao abrir a caixa, o gato
pode estar vivo ou morto.

Fótons são emitidos naturalmente durante processos de transição molecular


ou quando uma antipartícula e sua partícula correspondente são aniquiladas. Seu
spin 1 não depende de sua frequência.
38

2.2.2. GLÚON

O glúon é a partícula que mantém os quarks unidos e age a partir da


interação da força forte, de onde vem seu nome, pois funciona como uma cola para
manter prótons e nêutrons unidos. De carga e massa nulas, tem spin inteiro igual à 1
e vem em 8 tipos de cores.

Trabalham através do QCD e carregam carga de cor, que veio quando Oscar
Wallace Greenberg em 1964 explicou como quarks poderiam coexistir sem infringir o
princípio de exclusão de Pauli. Apesar de ser representadas como cores, não são
análogas às cores reais. Vêm em três cores: vermelho (r), verde (g) e azul (b), e
têm suas interações com as anticores, que são: antivermelho (ṝ), antiverde (ḡ) e
antiazul (ḃ). A combinação de suas cores gera uma carga neutra e de cor branca.

Pelas combinações, dariam nove tipos de glúons e não somente oito. Mas por
interagirem pela força forte, os glúons são calculados pela matriz de grupo SU(3),
sendo um cálculo linear e dando uma representação das três dimensões reais, por
onde os quarks se transformam e de onde vêm as três cores.

Figura 9 - Oito combinações de glúons e suas normalizações.

O confinamento de cor garante que quarks e glúons não possam ser isoladas
e então não podem ser diretamente observadas através do que se chama “corda de
QCD”, que é quando se formam degraus de liberdade em forma de corda, de acordo
que eles sempre estejam ligados à pelo menos uma corda, o que promove tensão.

O glúon foi predito em 1962 por Murray e descoberto em 1978 no colisor


DORIS. Essas partículas geralmente se correspondem à jatos, e foi detectado um
evento de três jatos produzidos por três glúons.
39

Agem mudando as cores dos quarks através de sua interação. Imagina-se um


conjunto de três quarks de cores verde, vermelho e azul. Um glúon bḡ é emitido do
quark azul, este que agora se torna verde. O glúon então é absorvido pelo quark
verde e agora se torna azul.

Figura 10 - Interação dos glúons nos quarks.

2.2.3. BÓSONS Z0 e W ±

São as partículas que intermeiam a interação fraca do SM. O bóson W tem


carga tanto negativa quanto positiva e o bóson Z tem carga neutra, sendo sua
própria antipartícula. Essas partículas tem spin igual à 1, mas o bóson Z não tem
momento magnético, já que não tem carga e ambas tem curto tempo de vida.

Foram preditas em 1958 por José Leite Lopes e posteriormente revistas por
Glashow-Weinberg-Salam ao tentar formular a teoria de interação eletrofraca. Sua
maior dificuldade era com a massa destas partículas, pois eram normalmente
descritas por teorias de SU(2) e partículas descritas por esta devem ter massa nula.
Então, juntaram os campos SU(2)×U(1) e envolviam o fóton, onde acontecia a
quebra espontânea de simetria causada pelo bóson de Higgs.

Descobertas em 1978, foram uma grande conquista para o CERN, que


observava interações de correntes neutras como predição da teoria eletrofraca, onde
percebeu-se que elétrons começaram a se mover “por conta própria” e foi
interpretado como se fosse um elétron interagindo com um nêutron pela troca de um
bóson Z ainda não visto. Então foram construídos aceleradores de partículas
exclusivos para o experimento chamados UA1 e UA2, liderados por Carlos Rubbia e
Simon van der Meer, respectivamente. Encontraram os bósons em 1983 e ambos
ganharam o Nobel de Física em 1984.
40

O bóson W ± é responsável pela emissão e absorção do neutrino, induzindo o


elétron ou o pósitron à emiti-lo, causando a transmutação nuclear, que é a
conversão de um elemento à seu isótopo. Está envolvido no decaimento nuclear, ao
interagir com um átomo faz com que um nêutron do mesmo se converta em um
próton enquanto emite um elétron e seu neutrino. Pode também, se decair para um
quark up ou down.

O bóson Z0 media a transferência de momento, energia e spin durante o


espalhamento elástico dos nêutrons, que é parecido com o espalhamento, mas sua
energia cinética é conservada no seu centro de massa e sua direção de propagação
é modificada. Seus números quânticos são zero, a não ser por seu spin. Decai para
um férmion e sua antipartícula.

No SM, ainda há os tipos de bóson W ±’ e Z’, que vêm da simetria da interação


eletrofraca. O bóson W ±’ vem do grupo SU(2)w como cópias do grupo SU(2) que
são quebrados no primeiro. Para que esse grupo se junte à interação eletrofraca, os
grupos do bóson W ±’ e do SM devem se misturar, sendo um grupo quebrado na
escala TeV para que haja massa e o é deixado na escala do SM. Ocorre quando há
mais de um grupo SU(2).

O bóson Z’ é moldado em uma nova simetria de U(1), mas geralmente


acompanha o acontecimento do bóson W ±’.
41

2.2.4. BÓSON DE HIGGS

O bóson de Higgs é o que dá massa ao resto das partículas do SM, sendo de


spin e carga zero, apesar de ser um bóson. É extremamente instável e decai
rapidamente para outras partículas mais estáveis. Acredita-se que 10-11 segundos
depois do Big Bang, o Universo ainda era simétrico, mas essa simetria deixou de
existir. Imaginando uma forma como um chapéu mexicano com uma bolinha rolando
dentro do mesmo, e se posicionar a bolinha em seu meio, este será simétrico mas
instável, e a bolinha irá rolar em qualquer direção. Uma vez que feito, a bolinha
estará longe de seu ponto de simetria. Assim funciona para o campo de Higgs, que
quebrou a simetria e achou um ponto estável no vácuo longe de seu ponto-zero
simétrico. A quebra da mesma é espontânea.

Figura 11 - Quebra de simetria no campo de Higgs.

A teoria não previa a massa dessa nova partícula, sendo calculada através de
parâmetros medidos experimentalmente. Se esta é muito pequena, o vácuo
eletrofraco é meta-estável e o potencial de Higgs terá um segundo mínimo ao qual o
Universo reparará. Mas, se a massa deste for muito grande, o auto acoplamento de
Higgs divergirá em algum nível de energia ante à escala de Plank, e nessa escala, a
teoria do SM se quebra.

Uma solução para sua massa e sua busca nos aceleradores de partícula era
deixar sua procura na escala TeV, onde se buscava pelo decaimento de um elétron
e um pósitron diretamente em um bóson de Higgs, probabilidade esta baixa.
42

Então, começaram a operar com o decaimento de um elétron e um pósitron


para um bóson Z0, resultando em um bóson de Higgs, neutrinos e um quark bottom
e sua antipartícula. Conseguiram encontrar um resultado próximo de sua massa de
predição, algo em torno de 94± GeV/c² e sua massa limite de 152GeV/c². Foi
descoberta em 2012 pelo CERN no LHC e anteriormente predita por Peter Higgs em
1964, que deu o nome à partícula.

O bóson de Higgs é um campo escalar taquiônico, onde não sofre as


transformações de Lorentz e seu campo tem massa imaginária. Mantém um
componente neutro, correspondendo ao bóson massivo de Higgs, interagindo com
os férmions dando massa à eles. Partículas taquiônicas são partículas teóricas de
erro que se movem mais rápido do que a luz e já que o campo do bóson é escalar
taquiônico, essas partículas se reais, não surgiriam efeito, decaindo
espontaneamente e sua configuração física não conteria mais essas partículas,
conceito esse chamado de condensação de táquions.

Essa partícula é também sua própria antipartícula, decaindo geralmente para


um férmion pesado e sua antipartícula, geralmente para um bottom e antibottom e
sua segunda opção é o decaimento para um tau e antitau, acontecimento mais raro.

2.3. GRÁVITON

O gráviton é uma partícula teórica de spin 2 e de massa e carga 0 que


representa a interação gravitacional no SM, porém ainda não foi descoberta. Vem de
um tensor de energia-momento secundário, que descreve o fluxo de energia e
momento e justifica seu número de spin. A gravidade, até então, é descrita pela
Relatividade Geral, que ainda não foi quantizada e não pode ser perturbada e
posteriormente normalizada.

Alguns pesquisadores ainda acham que o SM não é a resposta final para a


união da física por causa de seu problema com a gravidade. Uma boa solução seria
a Teoria das Cordas, que sugere que a matéria não é feita de partículas pontuais
mas sim de pequenas cordas à vibrar, formando assim cada partícula fundamental.
Nessa teoria, o gráviton é tratado como uma pequena corda fechada sem massa,
sendo um estado fundamental de corda.
43

Sua visualização é difícil pois sua seção de choque com a matéria é de um


alcance extremamente baixo. O experimento que detectou ondas gravitacionais
muitas vezes não consegue detectar as partículas isoladamente, só conseguem dar
informações sobre certas propriedades da mesma.

Há registros de estudos de excitação de ondas gravitacionais durante a


propagação de ondas eletromagnéticas em 1960 por Gertsenshtein, e
posteriormente Lupanov considerou o processo inverso, onde ondas gravitacionais
cruzavam ondas eletromagnéticas. Mas recentemente, José Cembranos, Mario
Coma Díaz e Prado Martín-Moruno investigaram a oscilação de uma mistura do
gráviton com o fóton, que provem uma medida melhor das ondas gravitacionais e
misturas dessas duas partículas nesse tipo de onda em campos magnéticos
cósmicos podem levar à observações de pegadas da radiação de fundo cósmica.

2.4. HÁDRONS

Hádrons são partículas compostas de quarks ligadas por glúons, participando


das ligações de cores. Prótons, nêutrons e píons são hádrons. Se isoladas, se
tornam instáveis, com exceção ao próton, que demora mais tempo para decair em
uma partícula menor. Formam antipartículas, mas são difíceis de serem capturadas
e observadas.

O termo hádron foi introduzido por Lev Borisovich Okun em 1962, que queria um
nome que realmente significasse o que as partículas são, pois pensou que
simplesmente chama-las de “partículas de interação forte” não caberia. São
classificados pelo que chamam de Modelo de Quark, um esquema de valência dos
quarks que dá o número quântico dos hádrons.

Vem em dois tipos gerais: os Mésons e os Bárions, sendo o primeiro feito de um


quark e um antiquark e o segundo de quarks comuns.
44

2.4.1. MÉSONS

Mésons são partículas feitas de um quark e antiquark. São instáveis e


maiores do que o próton e o nêutron em 1,2 vezes. Quando carregados, decaem
para elétrons e neutrinos, e quando não, decaem para fótons. São geralmente
produzidos em colisões de prótons com sua antipartícula. Têm antipartículas, que
dentro de sua constituição são substituídas por antiquarks quando trocado o
momento angular.

Foi predito primeiramente por Hideki Yukawa em 1934 como se os mésons


fossem os portadores da força nuclear que mantinham os átomos juntos. O primeiro
méson a ser descoberto foi o Pion (π), em 1947 por César Lattes, Cecil Powell e
Giuseppe Occhialini durante sua investigação de raios cósmicos.

Quarks como férmions têm spin de ½, e como mésons são feitos de um


antiquark e um quark, geralmente ficam no estado singlet ou triplet de spin, com spin
igual à 0 ou 1. Seu isospin varia de acordo com a carga da partícula, como a do Pion
que pode ter 3 cargas, variando de carga negativa, nula e positiva: seu isospin I 3
pode ficar igual à -1, 0 e 1, respectivamente, para que se diferencie um do outro.

Há ainda o conceito de mésons exóticos, que contém números quânticos não


possíveis para o modelo de quark, bolas de gluons que não tem valência de quarks,
tetraquarks que tem duas valência para pares de antiquark-quark e mésons híbridos,
que contém um número de valência para um par de antiquark-quark e um ou mais
gluons.

Figura 12 - Representação de um méson com seu quark verde e seu antiquark antiverde.
45

2.4.2. BÁRIONS

Bárions são partículas compostas por quarks de spin ½ e tem suas próprias
antipartículas, sendo estas repostas por antiquarks em sua composição. Os bárions
mais conhecidos são o próton e o nêutron, às vezes descritas como triquarks.
Pentaquarks também podem existir apesar de não serem muito bem aceitos.

Dentro da teoria há a ideia de bariogênese, o processo no Universo inicial que


produziu a assimetria entre a matéria e a antimatéria, por isso há mais a segunda do
que a primeira no universo observável. Isso se deve à não conservação do número
de bárion dessas partículas no início do Universo, mas esse conceito ainda não é
muito bem compreendido.

Para diferenciar suas massas, alguns bárions tem isospin igual à 3/2, como às
partículas Delta, que são formadas de três quarks pra cima ou três quarks pra baixo
e tem quatro tipos de carga, sendo Δ++, Δ+, Δ0 e Δ-. Seu isospin I3 ficaria +3/2, +½, -½
e -3/2, respectivamente. Seu spin também se soma, formando um vetor igual à 3/2.

Também há registrado a existência de bárions exóticos, de meio spin,


contendo quarks mas diferentemente dos três quarks comuns, podendo conter mais.
Foram postulados para explicar anomalias na teoria e bárions exóticos estáveis são
fortes candidatos para explicar a interação forte da matéria escura.

Figura 13 - Interação do bárion e antibárion com suas respectivas cores. São formados ou de
quarks ou de antiquarks, inteiramente.
46

Capítulo 3 – ANTIPARTÍCULAS

Uma antipartícula é uma partícula de mesma massa mas de carga oposta à


sua partícula originária. É normalmente produzida durante o decaimento beta. Em
1962, Paul Dirac buscou uma nova interpretação para o vácuo, onde afirmava que
seria a região de menor energia possível, deixando de ser um espaço
completamente vazio e demonstrando que a matéria não se excluía.

Esse novo vácuo estaria então preenchido pelo mar de elétrons, um estado
de todos os níveis de energia preenchidos por elétrons, assim carregado
negativamente. Mas uma dessas partículas poderia ser excitada à um estado
positivo, deixando o vácuo e um buraco nesse mar.

Figura 14 - Mar de elétrons no vácuo e a partícula agora positiva deixando um buraco no


mesmo.

Pensaram a priori que o próton poderia ser essa partícula positiva, porém ele
não tem a mesma massa que o elétron, então não faria sentido. Carl David
Anderson observou pela primeira vez em 1932 o pósitron através de rastros de raios
cósmicos em uma câmara de ionização, o que lhe rendeu o Nobel de Física em
1939.

As antipartículas também podem apresentar momento magnético oposto à


sua partícula originária, como no caso do nêutron ou do neutrino, que são de carga
nula. Nesse caso, essas partículas são sua própria antipartícula. Mas se uma
partícula não tem uma antipartícula, não há aniquilação desta.
47

Um fóton pode ser absorvido pela matéria quando este tem a energia duas
vezes maior do que a energia de repouso do material, criando assim uma partícula e
uma antipartícula originária. Sendo o elétron a partícula de menor energia de
repouso, fótons de raios-X ou raios-ϒ podem criar antimatéria. Mas um fóton sem
interagir com a matéria não cria antipartículas espontaneamente.

A antimatéria é a matéria composta de antipartículas. Ela forma anti-átomos e


forma maior parte do Universo observável, participando da assimetria. Foi
introduzido por Sir Arthur Schuster em 1898 na sua publicação na revista Nature,
onde discutiu a possibilidade da matéria e da antimatéria se aniquilarem.

Antipartículas e propriamente sua antimatéria podem ser observadas na


radiação cósmica, como de exemplo em Pulsares, que são estrelas de nêutrons que
transformam a energia rotacional em energia eletromagnética devido ao seu intenso
campo magnético. Pares de elétron e pósitron são constantemente produzidos
nessas estrelas.

Esse conceito é usado na medicina para tomografia, chamado de Tomografia


Emissora de Pósitrons, onde há o decaimento beta de um núcleo que perde uma
carga excedente positiva emitindo um pósitron, que caminha poucos milímetros até
se aniquilar depois de formar par emitindo fótons que permitirão saber a localização
desse pósitron, assim gerando a tomografia.
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Capítulo 4 – UNIÃO DA FÍSICA

O Modelo Padrão é uma teoria muito promissora e já teve muito de seus


pontos comprovados. Pode ser medida experimentalmente, o que já é um grande
marco para o conceito do SM.

Muitos pesquisadores vêm trabalhando nele há anos, indireta ou diretamente,


para que haja a união da física. O SM é uma teoria que passa por todos os campos,
pois contém 3 das 4 forças universais, deixando a gravidade para a Relatividade
Geral, pois ainda não se encontrou um meio de quantizar e normalizar a mesma.

A teoria ainda não está completa. Há ainda alguns problemas internos, como
o problema de hierarquia, a matéria escura, o problema da constante cosmológica, a
simetria CP e a oscilação de neutrinos. O problema de hierarquia refere-se aos
parâmetros fundamentais de massa que são medidos teoricamente e depois tem um
resultado muito diferente da medição experimental. A matéria escura somente
consegue ser definida no SM quando o mesmo é modificado para uma versão
supersimétrica e mínima, deixando férmions e bósons iguais. A constante
cosmológica afirma que o Universo está em constante expansão, a quebra da
simetria CP pela interação da força fraca e a oscilação de neutrinos que afirma que
um neutrino de um sabor específico pode ser posteriormente detectado com um
sabor diferente, com a probabilidade de se detectar seu sabor exato de acordo com
a medida de sua propagação geram perturbações na teoria. Alguns cientistas
acreditam que o SM não é a parte final da resposta para a constituição da matéria,
indo com pesquisas que vão além de partículas pontuais.

Apesar de seus erros teóricos, a teoria é extremamente próspera, com


parâmetros já atestados e é uma boa solução para a grande unificação. Com o
esforço de cientistas no passado, presente e futuro, a teoria pode ser comprovada
através do encontro do gráviton. Para isso, a mesma deve ser difundida em vários
níveis, demonstrando assim a importância de trabalhos introdutórios como este
presente, que demonstram a teoria por completo para alunos de graduação mas
também em nível que pessoas leigas compreenderiam.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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STANDARD MODEL OF PARTICLE PHYSICS. 2°. ed. University Of Bristol, UK:
Cambridge University Press, 2007. 294 p.

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ASTRONOMY. Commission on Physical Sciences, Mathematics, and
Applications. Elementary Particle Physics: Revealing the Secrets of Energy and
Matter. Washington, D.C.: NATIONAL ACADEMY PRESS, 1998. 212 p.

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ROVELLI, Carlo; VIDOTTO, Francesca. Covariant Loop Quantum Gravity: An


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Sciences, 2015.

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ASBELL, Jessica; JAIKUMAR, Prashanth. Oscillation modes of strange quark


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Astronomy, California State University Long Beach, 2017. 8 p.

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