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Expediente / Índice

imprensa@sieeesp.com.br 4 Matéria de Capa


O que todo pedagogo precisa saber sobre Libras
DIRETORIA

Presidente
Benjamin Ribeiro da Silva

12 34
Colégio Albert Einstein
1º Vice-presidente
Sieeesp Drogas
José Augusto de Mattos Lourenço
Colégio São João Gualberto Em 2016, um novo Inalantes
2º Vice-presidente
Waldman Biolcati Sieeesp
Curso Cidade de Araçatuba
1º Tesoureiro
36 Alfabetização
16
José Antônio Figueiredo Antiório
Gestão Escolar
Colégio Padre Anchieta
2º Tesoureiro
Habilidades de
Antônio Batista Grosso
Colégio Átomo
O desafio da liderança consciência fonológica
1º Secretário na gestão escolar e a aprendizagem da
Itamar Heráclio Góes Silva
Educ Empreendimentos Educacionais
leitura e da escrita

20
2º Secretário
Antônio Francisco dos Santos Bett Brasil Educar
38
Colégio Novo Acadêmico
Regimento Escolar
Diretores de regionais
Uma feira de negócios
ABCDMR repleta de conteúdos 5 questões importantes
Oswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008
relevantes para se evitar conflitos
Araçatuba
Waldman Biolcati - (18) 3623-1168 no âmbito escolar

22
Bauru
Gerson Trevizani - (14) 3227-8503 Financeiro
Campinas
Antonio F. dos Santos - (19) 3236-6333
Guarulhos
Declaração de 42 Leitura
Wilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842 recebimentos e Leitura e escrita
Marília
Luiz Carlos Lopes - (14) 3413-2437
pagamentos
Ribeirão Preto
João A. A. Velloso - (16) 3610-0217 44 Psicomotricidade
Osasco
José Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327 26 Aprendizagem
A psicomotricidade e
Presidente Prudente
Antonio Batista Grosso - (18) 3223-2510
O que significa a motivação do aluno
Santos trabalhar com projetos através do corpo em
Ermenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349
da Educação Infantil ação buscando
São José dos Campos
Maria Helena Baeza - (12) 3931-0086 a emoção

28
São José do Rio Preto
Cenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545 Saúde
Sorocaba
Edgar Delbem - (15) 3231-8459
O que é TDAH? 50 Crítica
Abaixo-assassinados
FEVEREIRO DE 2016
Editor
30 GEduc
52
Adhemar Oricchio - MTB 8.171
Repórteres
Gisele Carmona A busca pela excelência
Ygor Jegorow
é um caminho que não Obrigações
Assessoria de Imprensa e
Produção Editorial tem fim
54
Editor-chefe: Adhemar Oricchio
Editor gráfico: Balduíno Ferreira Leite
Site: Gisele Carmona

32
Redes Sociais: Ygor Jegorow
Impressão: DuoGraf Pedagogia Cursos
Colaboradores
• Ana Paula Saab • Antonio Higa
• Carlos Alberto Nonino
Estratégias
• Clemente de Sousa Lemes
• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira
pedagógicas: leitura e
• José Maria Tomazela • José Rodrigues
• Ulisses de Souza
escrita na educação
www.sieeesp.org.br de surdos
Av. das Carinás, 525 - São Paulo - SP
CEP 04086-011 - (11) 5583-5500

2 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Editorial

Benjamin
Ribeiro da Silva
Presidente do Sieeesp

Ano novo, nova esperança


benjamin@einstein24h.com.br

I niciamos o ano na esperança


de melhores dias para a edu-
ciação à docência e do Pacto Na-
cional pela Alfabetização na Idade
cação brasileira. Apesar das crises
política, econômica e institucional
Certa, tiveram atrasos. Governos
estaduais, como o de São Paulo, É necessário que
que vivemos, acreditamos que é na
educação que teremos que pensar
também cortaram neste ano. Entre
as recomendações, o documento
o Plano Nacional
seriamente para levar adiante o cita a necessidade de investimento de Educação, que
projeto Brasil de desenvolvimento.
O setor já sofreu muito com a falta
em infraestrutura escolar, incluindo
acesso à água e saneamento básico, demorou para ser
de planejamento e de uma política
de Estado, imune às ingerências
particularmente nas áreas rurais e
remotas. Inclui a necessidade de
aprovado, entre
políticas que vêm sofrendo nos destinar adequados recursos huma- em vigor para valer
últimos anos. Educação é um pro-
jeto de gerações e não pode ser
nos, técnicos e financeiros e tam-
bém formação de qualidade para os e que o ensino
alterado de tempos em tempos, de
acordo com as mudanças de minis-
professores, a fim de garantir edu-
cação de bom nível para crianças
público comece
tros, ou mesmo de governantes. indígenas e que moram no campo a ser gerido com
É necessário que o Plano Nacional
de Educação, que demorou para
ou em áreas remotas. Como se pode
notar, os ajustes empreendidos na responsabilidade e
ser aprovado, entre em vigor para
valer e que o ensino público comece
economia do país têm influenciado
negativamente na implantação do
coerência
a ser gerido com responsabilidade Plano Nacional de Educação (PNE) e,
e coerência. consequentemente, na melhoria da
Tivemos acesso a documento do qualidade de ensino público.
Comitê sobre os Direitos da Criança, Ao contrário, o setor privado de
da Organização das Nações Unidas ensino tem merecido a atenção e in-
(ONU), mostrando preocupação vestimentos dos seus responsáveis,
com os cortes de verbas na área da como, por exemplo, o Sindicato outro, em 2002, o Sieeesp organizou
educação no Brasil, recomendando dos Estabelecimentos de Ensino no viagem de estudos ao Reino Unido,
aumento de investimentos no setor. Estado de São Paulo – Sieeesp, en- mas desde então amplas reformas
O relatório, finalizado em outubro tidade que presido, que, no último objetivando introduzir uma estru-
de 2015, destaca a preocupação com ano realizou uma série de seminá- tura de ensino das mais atualizadas,
as estratégias destinadas a eliminar rios por todo o Estado de São Paulo produziram resultados relevantes, e
a discriminação com base na ori- em busca de qualificação dos seus poderemos comprovar um sistema
entação sexual e raça, removidos docentes e pessoal administrativo mais eficaz, voltado para a gestão
dos planos de educação de vários das escolas. Além disso, promove de escolas preparadas para os de-
estados brasileiros. O acesso edu- viagens de estudo pelo exterior, safios do século XXI.
cacional igualitário à crianças em a procura de novas tecnologias e Por fim, ampliamos a parceria
situação de vulnerabilidade, negros novos métodos para aplicar nas com a Bett Brasil Educar, que realiza
e moradores de zonas rurais e de escolas associadas. Como é o caso de 18 a 21 de maio o seu congresso
áreas remotas também tiveram da viagem deste ano: visitaremos a nacional, trazendo milhares de edu-
destaque especial no documento. Polônia, uma oportunidade única cadores de todo o país para assistir
Desde o final de 2014, o governo para, de um lado, conhecer o “mila- a palestras de mais de 200 mestres
federal tem cortado o orçamento gre” da estratégia que revolucionou dos vários setores da educação.
para educação. Programas, como a educação daquele país, reconhe- Tema deste ano: “Melhor educação,
por exemplo, o de Dinheiro Direto cido internacionalmente como um melhor sociedade”. Vale a pena
na Escola (PDDE), bolsas para ini- excepcional “case” de sucesso. De conferir.

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A inspiração para construção do livro
“O que todo pedagogo precisa saber
sobre LIBRAS”, não é bem uma inspiração
cificamente pautada em uma concepção
clínica na qual e pela qual a “surdez” recebia
status de mal do corpo. O fato é: mesmo
Procurava mecanizar a oralização nos
indivíduos surdos que ali estavam. Esse pro-
cesso, muitas vezes, contribuiu para que se
propriamente dita – se considerada toda num período em que não havia escolas de desenvolvesse na escola uma medicaliza-
ludicidade que a palavra evoca – mas uma Tempo Integral os surdos já eram sujeita- ção da surdez, restringindo a educação a
indignação. Teve início por meio de minhas dos a esta forma de estudo. Se olhado de uma análise clínica e deficitária. Deficitária,
reminiscências de quando atuei como pro- modo acrítico, isso parece um ganho, mas porque, ao priorizar e reduzir o ensino à
fessor de Língua Portuguesa e Literatura, de modo reflexivo, indica uma brutal dife- oralização, muito se perdeu do potencial
com alunos surdos e ouvintes matriculados rença na relação social – surdos estudavam linguístico e das habilidades dos surdos,
em salas regulares em escolas públicas na 8 horas por dia, ouvintes 4 – e esta condição prejudicando-os em seu processo de
diretoria de ensino de Mogi das Cruzes no não era uma questão de escolha, mas uma ensino-aprendizagem. Como essa condição
Estado de São Paulo. Naquele tempo, por condição “especial”. Durante muito tempo emanava do Estado, há uma dívida moral
volta de 1998 ao ano 2000, observava o presenciei alunos surdos sendo tratados dele para com a comunidade formada
quanto as experiências visuais eram impor- como especiais e/ou como pessoas que por pessoas surdas. Quando surdos não
tantes para os meus alunos surdos e quanta tinham deficiência intelectual em função de dominam a escrita da Língua Portuguesa,
ansiedade e vontade de aprender eles sua não oralização: eram marcados como quando não sabem sua própria língua de
manifestavam. Muito embora, na maioria mudos, surdos-mudos. Entre os profes- sinais, tudo isso é responsabilidade de
das vezes, sentassem nas carteiras que fica- sores, salvas algumas exceções, haviam um Estado tardio no que tange o direito à
vam no fundo da sala – pelo menos naquela alguns que operavam em relação aos sur- aquisição e desenvolvimento da linguagem,
escola. Porém, essa vontade se desfigu- dos de modo diferente do que clinicamente ou pior ainda, é responsabilidade do Estado
rava em meio a uma cultura estritamente era proposto. quando ele mantém uma política da lingua-
ouvintista que todos os dias se mantinha Contudo, o trabalho na sala de recur- gem impositiva, de controle e ditadora. A
presente num ambiente escolar castrador. sos, pautado em uma concepção clínica, ordem, que mantém a unicidade linguística
Libras, naquele período era considerado não priorizava a língua de sinais brasileira. no Brasil, é uma característica ditadora.
um recurso para acesso dos surdos a uma
possível aquisição da oralidade.
Durante muito tempo
Divulgação

Havia, além da questão da língua ne-


gada, outro problema na ordem do direito
desigual entre surdos e ouvintes. Embora
os alunos surdos estudassem em salas
presenciei alunos
regulares em um dos períodos, estudavam surdos sendo tratados
em salas de recursos em período adverso,
cuja formação dos docentes era espe- como especiais

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Há esta consciência? Afinal, em muitos alunos do curso de pedagogia na Univer- ou em sua formação há algumas deficiên-
países não há uma lei que determine qual sidade em que trabalho que os capítulos cias que se desdobram, como resultado,
é a língua oficial de seu povo. A Libras é deste livro foram sistematizados. Havia a em certa dificuldade de se trabalhar com
uma língua reconhecida por decreto e não necessidade de uma literatura especifica toda e qualquer diversidade, o problema,
por aceitação de todo brasileiro a cultura para a pedagogia que abordasse o modo se é que existe algum problema, não é
surda, e talvez aí esteja uma questão a ser como a LIBRAS se desenvolve na pessoa do aluno/surdo. O problema se localiza
pensada. surda desde os primeiros momentos da no sistema que autoriza uma formação
Entretanto, já naquele tempo, em vida. Questões legais e a organização deficitária. O ensino de LIBRAS por muitas
1998, o que me incomodava era o fato de da escola. Mas há uma peculiaridade na universidades vem sendo tratado com
perceber que havia em relação aos surdos publicação da primeira edição. Naquela certo desdém, como segunda opção, como
uma limitação, não orgânica, mas imposta data, embora houvesse publicações que disciplina que se mantém ou se desenvolve
pela própria sociedade e pelas instituições defendiam a organização da escola para por uma necessidade de cumprimento da
de ensino. Essas limitações eram as de não surdos como bilíngue, em São Paulo ainda lei – visão legalista e nada pedagógica.
poder expandir seus espaços para que não havia uma definição sobre o modo Logo, a raiz do problema é evidente, ela
germinasse a cultura surda nos ambientes como as escolas seriam definitivamente se encontra na formação dos profissionais
sociais. Ainda trabalhando em escolas organizadas. Em função disso, o texto que da educação: bacharelados e licenciaturas.
estaduais, após as aulas me encontrava trata da escola para surdos, trazia e traz – Contudo, tocar neste assunto, deman-
com alguns ex-alunos e amigos surdos, porque o mantive na segunda edição com da cautela porque esbarra em interesses
em uma praça chamada “Do Carmo”, o intuito de provocação aos sentidos – uma econômicos de ordem pública. O que não
no centro de Mogi das Cruzes – e isso eu abordagem denominada multifacetada. se pode negar é que, quando o profissional
relato na introdução do livro. Sentado nos Ainda que pelo Brasil, seus estados, se entende preparado, a escola aberta para
bancos dessa praça, comecei a aprender os cidades, bairros haja uma crescente defesa todos não assusta. Em função das indaga-
primeiros sinais em Libras e a compreender da escola bilíngue para surdos, permaneço ções em função do incomodo provocado
quanta angústia se tinha dentro daquele que determinar alguns espaços para pela condição política que nos cerca, os
universo de silêncio; não era uma angús- determinados grupos sociais não resolve capítulos se organizaram em torno de
tia pelo silêncio, mas sim por não serem uma questão secularmente instituída: o alguns temas necessários a formação do
ouvidos em sua singularidade linguística: preconceito. Quando penso numa escola professor: Todo pedagogo deve saber o
sua sinalização. Por esse motivo, comecei multicultural e/ou multifacetada, a pro- que a Libras é; Todo pedagogo deve saber o
a ler a respeito do processo de ensino e ponho porque toda e qualquer escola deve que a lei de Libras diz; Todo pedagogo deve
aprendizagem dos indivíduos surdos, so- e precisa ser um lugar para todos. E isso não saber o que a educação multifacetada é;
bre a escola para surdos e sobre a cultura se limita a democratização das matriculas, Todo pedagogo deve saber o que a língua
surda. No ano de 2000, por uma ausência mas na organização curricular e didática. Se portuguesa é para os surdos. Na segunda
de legislação especifica, o uso dos sinais era seus profissionais não estão capacitados edição, revista e ampliada, há um capítulo
uma alternativa e não uma garantia para a
pessoa surda.

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Hoje, lecionando no ensino superior,
deparo-me com alunos surdos nos diver-
sos cursos de graduação, e acredito e me
felicito em dizer: é um começo, para que
possamos, num futuro, ter pessoas surdas
ocupando seu espaço na sociedade numa
instância de poder em nível institucional.
Todavia, são as observações de alguns
anos que me motivaram a escrever um livro
voltado para a pedagogia. Desde 2002, com
o advento da lei 10.436, a LIBRAS é reconhe-
cida como uma das línguas oficiais do Brasil,
sem hierarquia em relação a Língua Portu-
guesa. O Brasil, na contemporaneidade, é
reconhecido internacionalmente como um
país bilíngue. E como vou comentar mais
adiante, isso muda tudo.
Foi por pensar nas possíveis mudanças,
que embora ocorreria de modo gradativo,
e ao ouvir questionamentos de inúmeros

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Entretanto, chamo a atenção para


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uma outra questão. Mesmo quando de-


terminado curso dá conta de habilitar um
profissional para atuar de modo bilíngue,
mesmo quando, por si só, a pessoa procura
se capacitar por meio de cursos de especia-
lização, mesmo que uma pessoa domine a
Língua Portuguesa e a LIBRAS, esquece-se
que é preciso discutir sobre o ensino de Lín-
gua Portuguesa na modalidade escrita para
surdos. Ensinar português escrito para uma
pessoa surda demanda técnicas, métodos
e materiais diferentes dos que são usados
para o ensino dos ouvintes. Enfim, quando
o pedagogo compreende que os surdos
não são especiais, deficientes intelectuais,
mudos, afásicos; um grande passo já foi
É preciso dado. Afinal, ainda que seja importante sa-
ber LIBRAS, se seu uso vier acompanhado
modificar o dos velhos estigmas que marcaram o corpo
dos surdos desde o século XIX, o que muda
discurso que na educação? É preciso, primeiramente,
modificar o discurso que circula nos am-
circula nos bientes escolares. É preciso que os surdos
sejam reconhecidos como comunidade,
ambientes identidade, grupo étnico linguístico. Sem
que se perca toda dimensão biopolítica que
escolares envolve estas afirmações.
Significativo, é desconstruir velhos
conceitos. E quando falo isso convido a
a mais na qual a relação política do surdo com o desenvolvimento e conhecimento e desconstrução mesmo. Considero uma
com ouvintes, no passado e no presente habilidade do uso da língua de sinais – como falha que em pleno século XXI a palavra
feito espirito, se compara a um “outro” citado anteriormente. Se a LIBRAS é uma surdez tenha se naturalizado no meio
Apartheid. das línguas nacionais, prioritariamente, a acadêmico, nas escolas, entre professores,
Mas é óbvio que, embora exista no Bra- pedagogia deveria formar um pedagogo e na comunidade de pessoas surdas. Surdez
sil vários núcleos de pesquisa sobre LIBRAS, bilíngue cujo processo de formação desse é diagnóstico e seu conceito opera como
ainda há certa resistência quando a questão conta de ensinar crianças surdas e ouvintes. falha. Há CID para cada tipo de surdez. Se
é pôr em prática a lei 10.436/2002. O direito Quando um profissional, formado, vai para a escola defende o olhar denominado sócio
dos surdos ainda permanece, em alguns o mercado de trabalho e o processo que o antropológico, como pode fazer da surdez
momentos, sendo negligenciado. Muitos antecede não dá possibilidade de prepará- um termo constituinte da identidade da
professores, e na maioria das vezes eles lo para a realidade social do momento, pessoa surda. Neste território de marcas e
fazem o possível, são convidados ao desafio certamente a “culpa” não é dele. Há um conceitos, surdez e identidade surda deve-
de atuar numa sala com pessoas surdas. A discurso lívido, no qual os profissionais riam ser termos incompatíveis: o primeiro
questão, como já posta quando falei sobre da educação são postos como aquele que refere-se a patologia instituída no século
a formação, desculpabiliza o profissional não se atualiza. Mas não seria responsabi- XIX, o segundo a uma relação de linguagem
da educação quando não faz um trabalho lidade da formação em nível de graduação e de produção cultural. Quando insistente-
de qualidade, porque o próprio Estado, formar um profissional “antenado” com mente a palavra surdez se mantém em cena
ou seus desdobramentos, apresenta um as demandas atuais? Por que e de onde em função de uma possível modificação do
discurso amplo e acolhedor, mas que na emana as propostas das universidades que seu conceito, seu sentido se banaliza, muito
prática parece inviável. Quando falo isso, a mantém em seu currículo a LIBRAS como embora mantenha latente suas intenções
intenção não é gerar polêmica, mas de es- disciplina que ocupa uma grade mínima, 20 que esbarra no controle e a continuidade
clarecer sobre certa dívida moral do Estado horas, 40 horas? Isso não acarreta prejuízos de uma pedagogia ortopédica. Defendo,
para com as pessoas surdas e para com futuros para o profissional formado e para uma identidade surda da qual emerge a
professores ouvintes que, em seu processo as pessoas surdas que dependerão deste comunidade surda. Além, pessoas que se
de formação, não foram contemplados profissional? comunicam e expressam seu pensamento

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por meio de uma língua visual-motora, conceito, se desconstrói. Na medida em Isso aponta que a problematização
imagética, cinésica. que perco a audição ou de modo con- precisa ser resolvida pela ótica da rela-
Mas este texto não parte de um ponto gênito não a tenho, se me reconheço na ção, em conjunto, no coletivo, pela troca
de vista a esmo. Traz marcas de estudos modalidade oral auditiva, por escolha e nunca pela culpa. Do mesmo modo e
fundamentados em Michel Foucault, cultural, poderia me autodeclarar ouvinte. de forma análoga, e o pleonasmo se faz
Georges Canguilhem, Jaques Derrida, Gior- Se me reconheço na cultura visual-motora, necessário, se um professor é ouvinte e
gio Agamben. É em função disso que ganho independentemente do grau de uso da não sabe LIBRAS e o seu aluno é surdo e
fôlego para dizer o que, na ordem do dis- minha audição, poderia me autodeclarar faz uso da LIBRAS, na lógica da classe a
curso clínico, a surdez representa. Também surdo. Isso seria posto como uma forma impotência na linguagem é do surdo. Mas
não quero, em hipótese alguma, parecer de deslocamento na ordem da cultura na lógica da relação a questão precisa ser
adverso as pessoas que se auto declaram da linguagem. O contrário seria reduzir a resolvida entre os dois, numa troca, numa
deficientes auditivas. Mas é possível propor condição humana a uma marca biológica busca, no diálogo. Um depende do outro.
um convite ao pensamento. E levo este próxima as de gênero, etc. Se estas questões são entendidas, sim a
convite aos professores, profissionais que Mas parece que há um pacto social, escola está preparada para receber toda
atuam na educação, as pessoas da família. na qual as escolas acreditam que estão e qualquer criança, adolescente, adulto.
Quando a surdez é enunciada, segundo prestando uma ajuda a pessoa surda. E isso Porque a escola se torna um lugar para pes-
sua carga semântica nascida e alimentada é perigoso. Não se trata de ajuda, se trata soas. Se estas questões são negligenciadas,
clinicamente, sim a deficiência auditiva de direito. Surdos continuam sendo olha- a escola peca na medida em que perdeu a
tem sentido porque passa a ser um “mal” dos com o estigma de alguém que precisa sua função: preparar a sociedade futura.
que avança para a surdez. O surdo passa a de ajuda. Um professor com “vocação” Portanto, é necessário, e o tempo urge, de
ser entendido como alguém que tem, que para amar as crianças surdas. Não se trata políticas públicas educacionais de Estado,
porta certo grau de surdez, mesmo quando disso. A atuação esbarra numa prática de não de ideologias partidárias. Afinal, o ser
denominada severa. Quando a surdez é qualidade ética. E sobre isso gosto bastante humano não é coisa, tampouco número.
minuciosamente analisada, sua circulação de um exemplo dado por Nakayama (2007): O ser humano é a massa complexa que
perde força. Se para a pedagogia e a sócio se um marido é impotente e sua mulher sente, que ama, que deseja, que espera,
antropologia, como pensam em oposição potente, na lógica da classe o problema é que vive, que aguarda. Sobretudo, que
ao poder clínico, o surdo representa certa o marido. Mas na lógica da relação, ambos acredita e depende da escola. O que todo
manifestação cultural, intelectual, de lin- se tornam impotentes porque um depende pedagogo precisa saber sobre LIBRAS, é
guagem; a deficiência auditiva, enquanto do outro. um convite para pensar estas questões

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sobre os surdos. E para finalizar, creio ser

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fundamental enunciar que, antes de surdos
ou ouvintes, somos todos brasileiros. Essa
condição como identidade primeira deveria
assegurar o direito igualitário. O bom é
Entretanto, não se pode esquecer
que o termo “surdo” que está em cena aprender
na contemporaneidade passou por certa
metamorfose em seu conceito. De xinga-
junto, destituir
mento, como usado em boa parte do século
XX, hoje representa um modelo de cultura
o ser humano
linguística denominado “cultura surda”.
Como bem explicado por Silva (2012) os
de rótulos
surdos são considerados e projetados po-
liticamente como grupo étnico linguístico
– como já comentei anteriormente. Isso
ocorre porque o século XXI comemora um ao conceito do que se pode considerar concebe entre pessoas, e essas têm um
pouco mais de uma década da publicação “normal e anormal”, explica que o normal nome: João, Maria, Eduardo, Ana, Adria-
da lei de LIBRAS. O que em termos de di- é todo aquele ou aquilo que está dentro da na, Ricardo etc. A marca é sempre uma
reito e burocracia representa no território norma, sendo ela arbitrária e produto de manifestação da biopolítica em atividade:
do poder muita coisa. A lei 10.436/2002, acordos econômicos e políticos. A condição produto do biopoder que nos captura e nos
conhecida como lei de LIBRAS, reconhece de ser “normal” não parte de um dado da afasta do toque humano. Compreendê-la e
a Língua de Sinais Brasileira como uma das natureza, mas de uma adequação a sua anula-la não permitindo que sua substancia
línguas oficiais do Brasil e embora algumas categoria. E categoria sempre é algo que se contamine a relação educacional é dar
pessoas digam que ela é a segunda língua define ou se marca por meio de objetivos oportunidade a educação multicultural.
falada no Brasil, não há uma hierarquia en- traçados através das intenções do poder. Para que haja respeito às singulari-
tre Língua Portuguesa na modalidade oral Portanto, se existe uma lei/norma que de- dades humanas, é importante que todos
e a LIBRAS. Ambas são línguas nacionais, o fine a LIBRAS como língua nacional, surdos envolvidos no processo educacional sejam
que torna o Brasil um país que assume inter- e ouvintes são normais. Circulam dentro contemplados com a responsabilidade da
nacionalmente a sua condição de país que da norma legal. Qual seria a função das educação inclusiva, multifacetada e iguali-
reconhece seu povo como multicultural. terapias então? tária. A reflexão sobre ações significativas
No campo de saberes sobre linguagem é Se me perguntarem o porquê dessa na escola multifacetada não é atributo
possível dizer que a LIBRAS foi a segunda inquietação em relação à causa surda, apenas dos professores na sala de aula,
língua em território nacional a ser oficial- respondo como o fiz no final da introdução tão menos e somente dos secretários
mente reconhecida ao longo dos séculos do livro: ao longo de minha vida, quando de educação, mas essa responsabilidade
XIX e XX. Isso não significa que ela seja a ainda criança e na adolescência, recebi da será inerente a todos os sujeitos que se
segunda língua do Brasil. E deste ponto se escola diversos diagnósticos, tomei alguns dispuserem discutir, elaborar, pensar e
faz necessário toda a construção sobre a medicamentos e fui reprovado por vários praticar a educação inclusiva e multiface-
educação. anos. Dos rótulos que recebi, alguns hoje tada. Desse modo, a discussão sobre uma
Vale lembrar que em termos históricos, me fazem rir: hiperativo, doidinho, lelé da escola inclusiva, multicultural, multifa-
sendo o Brasil um país que possui uma cabeça; por isso me compadeço de todos cetada deve ocorrer como um princípio
“política da linguagem” para manter sua aqueles que, de uma certa forma, ouviram moral e ético em todos os âmbitos da
unicidade linguística, reconhecer mais essas mesmas palavras sendo proferidas sociedade. Ao invés de promover o afasta-
uma língua como oficialmente nacional da boca de um “educador”. Enfim, valeu mento, ela convida ao pensar. A leitura de
significa inúmeras coisas: avanços em nível a pena! Pois viver é ter marcas e deixá-las “O que todo pedagogo precisa saber sobre
de políticas públicas afirmativas em prol de de alguma forma durante o espaço e o LIBRAS”, reforça este convite. •
grupos minoritários (entre estes os surdos), tempo de nossa existência essencialmente
igualdade linguística em termos de direitos finita, como entendia Nietzsche, demasiada
e uma modificação na concepção do que humana! E acrescento: o bom é aprender
se pode considerar normal. Embora não junto, destituir o ser humano de rótulos Eduardo de Campos Garcia
seja a primeira vez que escrevo sobre o identitários e zelar pela relação. Esta não se Doutorando e mestre em Educação,
Arte e História da Cultura.
tema da “normalidade” retomo-o por uma dá entre surdos e ouvintes, homossexuais Graduado e Pedagogia. Autor do
livro “O que todo Pedagogo precisa
questão de importância em nível prático. e heterossexuais, negros e brancos, Down saber sobre Libras - Os principais
Canguilhem (2009), e sempre é com ele ou não Down, isso é competição pelo aspectos e a importância da Língua
Brasileira de Sinais” Wak Editora.
que procuro explicar o sentido atribuído palanque em nome do poder. A relação se

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Fevereiro de 2016 • Escola Particular 11
Sieeesp

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ESP
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O S
OV
M N
6, U A nova sede

1
O grande presente do ano para os as-

0
sociados é a inauguração da nova sede, pois

2
lá, muito em breve, eles poderão contar

EM
com instalações modernas que abrigarão
todas as atividades da entidade, inclusive
ampliando a sua área de atuação. O pré-
dio, com sete andares e 2.550 metros de
área construída, está localizado em Santo
Amaro, região Sul da cidade de São Paulo,
próximo a estações de Metrô, trens da
CPTM e ônibus. Terá um subsolo, fachada
em revestimento cerâmico, dois eleva-
dores, que servirão a dois conjuntos por
andar, sistema de ar condicionado e estará
dotado de três auditórios modulares com
Adhemar Oricchio aproximadamente 360 metros quadrados
que servirão ao incremento das atividades

A o entr ar na comemor ação do


seu 84º ano de exis tência , o
Sieeesp inicia 2016 com excepcionais
Uma luta constante
Mal começamos o ano de 2016, o plane-
jamento e a estratégia das tarefas começam
do Departamento de Cursos.
Foi projetado um salão para eventos,
com terraço e, na cobertura, uma área
perspectivas. Na par te pedagógica, a tomar conta da estrutura do Sieeesp. Além de lazer. Estacionamento não será mais
está sendo consolidada a programação de aprimorar as áreas de trabalho, os vários problema para os usuários do Sindicato,
de inúmeros seminários, abrangendo departamentos estão em busca de novas pois, só no subsolo, o prédio terá 85 va-
as várias áreas da educação, desde a formas de atendimento para incrementar gas, além de outro rotativo, com vagas
gestão, inclusão, bullying, cyberbully- e fomentar projetos antigos que continuam para motos em áreas separadas, sistema
ing, educação financeira, até o projeto produzindo resultados positivos, mesmo de CFTV com controle de acesso, sala de
político pedagógico nas escolas. Outro com o passar do tempo. É o caso, por exem- monitoramento, hall de entrada, tudo em
setor que merece o carinho da direção plo, do setor de comunicação, ampliando e alto padrão construtivo.
da entidade é o Departamento Inter- melhorando a revista mensal “Escola Par- Nos andares, foram projetados oito
nacional, que este ano realiza a 19ª ticular” e o “Jornal Eletrônico”, além de sanitários, duas copas, sprinklers, in-
viagem educacional, desta vez para a consolidar, de vez, e entrar definitivamente fraestrutura de dados completa, forro em
Polônia e Inglaterra, com um tour pela nas redes sociais. O site da entidade está placas e luminárias embutidas, além de
França. Mas as novidades não param sendo totalmente remodelado e atualizado guarita com sistema de CFTV, controle de
por ai, a grande notícia é a entrega da para servir de fonte de informação e con- acesso com catracas, refeitório com estru-
nova sede, um prédio de sete andares, sulta para os mantenedores e educadores tura completa e 25 salas para uso, conforme
condizente com o trabalho que reali- em geral. as necessidades operacionais do Sieeesp.
zamos. Um lugar em que poderemos Para o presidente Benjamin Ribeiro da Pela descrição, pode-se notar que
oferecer cursos, palestras, seminários, Silva, “a nossa missão e a nossa prioridade tudo foi planejado para dar o melhor
pós-graduação e mestrado de forma é a prestação de serviços e assessoria espe- atendimento possível aos associados e às
confortável para professores, adminis- cializada, pois estamos aqui para servir aos demais pessoas que procuram os serviços
tradores, mantenedores e palestrantes. associados”. do Sieeesp.

12 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Ygor Jegorow A Coordenadora diz que esses temas e críticos. Também define e organiza as
tiveram bons resultados e continuarão atividades e os projetos educativos ne-
O êxito alcançado em 2015 retorna integrando a grade de seminários do cessários ao processo de ensino e apren-
em 2016 Sieeesp. “O que deu certo em 2015, vamos dizagem.
No ano de 2015, o departamento de manter em 2016. Queremos melhorar cada Ao juntar as três dimensões, o PPP
cursos e eventos do Sieeesp teve uma vez mais”. ganha a força de um guia – aquele que
considerável mudança nos seus projetos. Pensando na inclusão escolar, assunto indica a direção a seguir, não apenas para
O velho e conhecido Congresso Saber, que muito divulgado atualmente, Regina co- gestores e professores mas também fun-
há 17 edições recebia uma vez por ano mais menta ter fechado um curso de 30 horas cionários, alunos e famílias.
de 11 mil pessoas na Cidade de São Paulo, para libras (Linguagem de Sinais Brasileira) Ele precisa ser completo o suficiente
deu lugar a seminários menores, com pú- para capacitação do professorado. Ela tam- para não deixar dúvidas sobre essa rota
blico segmentado, divididos em vários dias bém afirma que continuará com as jornadas e flexível o bastante para se adaptar às
durante todo o ano, diferente do antigo educacionais pelo interior do Estado de necessidades de aprendizagem dos alu-
evento que concentrava todas as palestras São Paulo. “Estou tentando fechar uma nos. “Estou fechando um trabalho para
em apenas três dias. programação só de gestão para os man- direcioná-los. De que forma eu monto o
“Em vez de fazermos grandes eventos, tenedores e gestores. Queremos envolver projeto, qual a mudança que tem que ter,
vamos focar nos assuntos que nossos toda a área administrativa e facilitar o dia etc.” afirma a Coordenadora.
gestores estão precisando. Neste ano, já a dia destes profissionais”.
fizemos capacitação de tecnologia para Inclusão
os nossos professores e gestores”, diz Projeto Político Pedagógico das escolas A inclusão de pessoas com neces-
Regina Stefano, Coordenadora de Cursos Regina explica que os objetivos que a sidades especiais nas escolas ainda é um
do Sieeesp. Ela ressalta que o objetivo no escola deseja alcançar e as metas a cumprir tema polêmico e veio à tona na mídia depois
próximo ano é focar em temas que tiveram é o que dá forma e vida ao chamado Projeto que o Governo Federal instituiu, no dia 7
grande repercussão na mídia e no ambi- Político Pedagógico (PPP). de julho de 2015, a lei 13.146, assegurando
ente escolar e que serão pertinentes aos O projeto reúne propostas de ações igualdade de condições e obrigando as
professores e mantenedores de escolas, concretas a executar durante determina- escolas a promoverem a inclusão.
por exemplo: inclusão, capacitação, lin- do período de tempo, além de considerar Em outubro de 2015, o Sieeesp pro-
guagem de libras e o PPP (Projeto Político a escola como um espaço de formação moveu um encontro com advogados,
Pedagógico). de cidadãos conscientes, responsáveis dirigentes de entidades educacionais, Con-

Fevereiro de 2016 • Escola Particular 13


Sieeesp

Os eventos
que tem
como tema o
bullying e o
UM NOVO SIEEESP cyberbullying
freepik.com

também
terão retorno
em 2016
selho Estadual de E ducação e promotores Esse é o papel do Sindicato, dar subsí- da escola e o dirigente da escola”, afirma
para debater a inclusão e esclarecer as dio para eles trabalharem sobre isso. Waldemar Barros, Coordenador do De-
dúvidas. O evento teve uma grande aceita- Temos que trabalhar o antes para não partamento de Regionais do Sieeesp.
ção do público presente e, em 2016, será chegar a acontecer, por isso chamamos Quando questionado sobre o resul-
discutido novamente nas salas do auditório. especialistas. O nosso foco para 2016 são tado das palestras e como a plateia de
Enquadra-se na inclusão todo tipo temas específicos que o gestor precisa, mantenedores recebeu a jornada, Walde-
de pessoa que possua alguma deficiên- como gestão, PPP, inclusão, bullying e mar é enfático: “Foi fantástica. Motivou
cia física, auditiva, visual, distúrbios de cyberbullying. Obviamente continuamos muito aos presentes pela qualidade e pe-
aprendizagem, como a dislexia e o TDAH trabalhando e capacitando os nossos los assuntos desenvolvidos. Nós tivemos
(transtorno de déficit de atenção) e o professores nas áreas do conhecimento pessoas de um quilate muito grande e
autismo. Regina afirma que os profes- de ensino. Estamos sempre trabalhando levando assuntos de muito interesse.
sores precisam estar capacitados para sobre isso”. Alexandre Ventura, Cesar Nunes, Valter
receber todo tipo de aluno. “A proposta Braga e Augusto Cury foram alguns dos
é trazer um especialista de cada área para Educação financeira grandes nomes que levaram os mantene-
que eles falem sobre isso e preparem os Por causa da crise financeira que o dores a participarem desses eventos”.
educadores”. Brasil enfrenta, e ainda pensando na O Coordenador também diz que
Os eventos que tem como tema prevenção, em 2016 um novo projeto uma das causas do bom resultado foi
o bullying e o cyberbullying também pretende trabalhar a educação financeira que o local possibilitava uma interação
terão retorno em 2016, já que agora se com os alunos para que estes levem aos entre os mantenedores e que lá eles
enquadram como crimes, e contarão pais esse assunto. “Se a criança aprende poderiam compartilhar os problemas
novamente com a presença de especia- com um gestor financeiro, ela aprende e encontrar uma solução em conjunto.
listas da área de advocacia e psicologia a não gastar. E cobra do pai e o ajuda a “Foi um momento de muita troca entre
para gerenciar o problema emocional não comprar coisas. Tem muitos casos eles, reuniram-se vários mantenedores
que acarreta em cada criança. Dentro de crianças que ajudaram seus pais a ter de várias cidades, discutiram problemas
do tema Cyberbullying, uma nova prática uma melhor educação financeira dentro que são iguais em todas as escolas,
será discutida: o crime cometido contra de casa”. Especialistas na área administra- embora sejam de cidades diferentes.
o professor nas redes sociais. tiva e econômica estarão presentes para Acaba acontecendo essa interação, pois
“As leis são para todos, tanto para orientá-los nessa caminhada. os problemas e as dificuldades são os
o professor quanto para o aluno, pai e mesmos. É um momento para eles se re-
mãe”. A coordenadora também ressalta Jornada do interior unirem, almoçarem juntos e conversarem
a questão do sexting (envio e divulga- A jornada que percorreu o interior sobre os problemas de cada um. Em todas
ção de conteúdos eróticos, sensuais de São Paulo com assuntos pertinentes as cidades que passamos, só tivemos elo-
e sexuais com imagens pessoais pela ao mantenedor, como planejamento, gios e agradecimentos, principalmente
internet utilizando-se de qualquer meio técnicas para o crescimento e resultados pela qualidade do que foi proporcionado.
eletrônico, como smartphones) e como satisfatórios, elaboração do preço da Aliás, estão pedindo que sejam realizados
essa exposição pode trazer problemas mensalidade com foco na rentabilidade mais eventos desse porte”.
aos adolescentes. e atividades para estimular o desenvolvi- Waldemar adianta que, com o fim
Regina diz que prefere sempre pre- mento criativo, deu muito certo e causou do Congresso Saber o enfoque é esse
venir as situações. “Eu sou muito da linha um impacto muito grande na formação e mesmo. “E a intenção da Diretoria é
da prevenção, eu acho que precisamos capacitação do gestor. “Você sente que exatamente essa. Como não está sendo
trabalhar o antes. Não podemos espe- o gestor tem necessidade de conhecer mais realizado o Saber, a ideia é premiar
rar até que vire uma lei. Para que meus e se aprofundar cada vez mais. Por isso, cada região com uma jornada como essa.
alunos não cometam o bullying, o que vamos focar bem no atendimento à nossa E sempre levando pessoas de grande
eu tenho que fazer enquanto escola? clientela que é o mantenedor, o gestor gabarito para as palestras”. •

14 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Fevereiro de 2016 • Escola Particular 15
Gestão Escolar

Divulgação
O desafio da liderança
na gestão escolar
N o Brasil, a seleção e formação de
diretores escolares é um tema que
vem ganhando destaque na agenda da
O British Council (Conselho Britânico),
organização sem fins lucrativos que pro-
move relações culturais e oportunidades
Curso de Liderança Escolar é oferecido
pela primeira vez para gestores da rede
particular de ensino
política educacional. A produção de dados educacionais, tem promovido no país as Voltado para dirigentes, coordena-
nacionais e internacionais demonstra a in- boas práticas do sistema de liderança dores, superintendentes, diretores e
fluência desse profissional no desempenho escolar inglês. gestores de educação, o Curso de Lide-
dos alunos – quase 60% do impacto de uma “O papel do diretor de escola na Ingla- rança Escolar oferece um treinamento
escola sobre o aproveitamento do corpo terra é muito claro. Sua responsabilidade dinâmico e sob medida para transformar
discente pode ser atribuído à eficácia da é tanto administrativa, como pedagógica, gerentes eficientes em líderes inspira-
direção e dos professores. pois o sistema de gestão é centralizado na dores.
Depois do professor, cuja atuação escola. Isso torna a liderança primordial e Seu conteúdo alia o conhecimento
exerce o maior impacto nos estudantes, a exige que ela seja exercida não só pelo di- técnico com as melhores práticas de es-
ação do diretor é a de segunda maior rele- retor, mas por todos os gestores e profes- colas britânicas, adquiridos e compilados
vância, o que torna inegável a importância sores, por meio da prática da coliderança ao longo de décadas de pesquisa sobre
da temática. Pesquisas indicam que institui- e da gestão compartilhada. Dessa forma, lideranças educacionais eficazes.
ções de ensino bem-sucedidas são conduzi- o desenvolvimento de novas lideranças é O programa do British Council visa
das por líderes que fazem planejamentos, também uma das habilidades fundamen- desenvolver habilidades de liderança e
gerenciam riscos e propiciam um ambiente tais de um diretor eficiente”, comenta ensina a formar equipes colaborativas,
favorável e estimulante tanto para profes- Fernanda Medeiros, Diretora Adjunta de lidar com resistências e a pensar em ações
sores como para alunos. Educação do British Council. que favoreçam o ensino e a aprendizagem,
Há quase três décadas, a Inglaterra
iniciou uma reforma do seu sistema edu-
cacional, e nos últimos quinze anos vem Segundo o pesquisador Christopher Day, os primeiros passos para uma liderança
investindo fortemente em estratégias de de- escolar eficaz são:
senvolvimento de lideranças escolares que
conferem ao país pioneirismo nesse campo. • Melhorar o ambiente físico da escola para criar condições positivas de aprendizagem.
Em pesquisa específica sobre o tema,
• Definir, comunicar e por em prática padrões de comportamento dos alunos.
a OCDE (Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico) identifica • Reestruturar a equipe, seus papéis e suas responsabilidades.
o sistema inglês como exemplar em sua
• Implantar um sistema de desempenho para todos os funcionários, a fim de
abordagem nesse campo, realçando a ca-
desenvolver valores organizacionais.
pacidade colaborativa entre escolas que se
instala a partir desse investimento.

16 Escola Particular • Fevereiro de 2016


entre tantos outros tópicos essenciais rela- estilo de liderança predominante e desco- desmotivada. A pirâmide de Maslow e
cionados à gestão educacional. brir como desenvolver os demais. sua relevância nas escolas permite refle-
A versão especialmente criada para • Liderando ensino e aprendizagem tir sobre as implicações do Experimento
escolas particulares tem duração de 40 efetivos: Este conteúdo analisa os esfor- Hawthorne e apresenta as nove crenças
horas e será composta pelos seguintes ços das escolas na educação das crianças. dos grandes líderes. Também são discu-
módulos: Também discute como são constituídas as tidas maneiras de apoiar a motivação de
• Criando e comunicando visão: O boas práticas de ensino e como promover líderes de nível médio.
objetivo central deste módulo é ajudar o o aprendizado efetivo. • Gerenciando mudanças: Este módu-
gestor a entender o poder e a importância • Construindo equipes de trabalho: lo propõe uma discussão sobre como
do conjunto formado por visão, missão e Este módulo abrange a formação de pro- gerenciar mudanças e lidar com resistên-
valores. Os participantes têm a oportuni- postas, modelos e equipes de trabalho. cias – o melhor período para incorporar
dade de trabalhar a visão de sua escola a Também propõe formas de lidar com re- mudanças, os fatores que as guiam, a
partir da criação desses três conceitos. É sistências dentro do time. Introdução aos importância da comunicação e as cinco
feita ainda uma análise sobre a importância modelos de Belbin e Pareto. fases das mudanças.
de se ter objetivos definidos. • Entendendo a motivação de pessoal: • O poder do coaching: Este módulo
• Estilos de liderança e gestão: A dife- Neste tópico, são tratados os seguintes fala sobre o poder do coaching como
rença entre liderança e gestão é explorada assuntos: a importância da motivação, ferramenta de liderança e mostra como
e seis modos de liderança são analisados. o ciclo que pode levar à desmotivação e ele poder ser usado em sala de aula. Será
Os participantes poderão refletir sobre seu as opções do líder quando a equipe está trabalhado o modelo de coaching GROW.

Divulgação

Fevereiro de 2016 • Escola Particular 17


Gestão Escolar

Divulgação
• Planejamento, monitoramento,
avaliação, revisão e autoavaliação: Os
participantes refletem sobre a importân-
cia do planejamento, monitoramento,
avaliação e revisão nas escolas, bem
como sobre o significado do exercício de
autoavaliação. Como participar do curso
• Protegendo as crianças e a sua escola: As turmas acontecerão em março e
Este módulo aborda os direitos da criança e abril de 2016, com vagas limitadas.
do adolescente e orienta como identificar
diferentes tipos de abusos, bem como Local: Centro Britânico Brasileiro
seus sinais e sintomas. Os participantes Rua Ferreira de Araújo, 741, Pinheiros,
também são instruídos para reconhecer e São Paulo, SP
corrigir fatores de risco e vulnerabilidades Adrian tem ampla experiência de
de sua escola. Grupo 1: 28/03/2016 a 01/04/2016
consultoria no exterior (Brasil, Argentina,
• Desenvolvendo escolas inclusivas: China, Tailândia, Dinamarca, Suécia, Iraque,
Este módulo concentra-se em dois elemen- Grupo 2: 04/04/2016 a 08/04/2016
Itália) e no Reino Unido, onde foi consultor
tos principais do desenvolvimento de práti- do National College of School Leadership e
cas inclusivas: o acesso (receber crianças na Carga horária: 40 horas
líder para a educação na subprefeitura de
escola) e engajamento (garantir que suas Hillingdon, Londres.
necessidades sejam atendidas na escola). Investimento total: R$ 3.500*
Fluente em Português, Adrian pos-
Obstáculos potenciais como cultura, ati- sui mestrado em Estudos Portugueses *Condições especiais para grupos e inscrições
tudes, recursos, disposição física, gestão e Brasileiros pelo King’s College (Reino antecipadas.
Saiba mais e reserve sua vaga no site
de sala de aula e pedagogia entre outros Unido), com pesquisa e dissertação sobre
www.liderancaescolar.com.br
são identificados e discutidos. a liderança nas escolas do Brasil. Atua
como consultor no Brasil desde 2007, é
Experiência de um líder escolar britânico Para saber mais sobre liderança
coautor da publicação do livro O Sistema
Adrian Ingham, especialista no modelo escolar na Inglaterra:
de Formação de Lideranças Escolares da
de liderança escolar inglês, é o treinador do Leia a publicação do British Council e
Inglaterra – Possíveis Alternativas para o
curso no Brasil. Formado em psicologia, do Itaú Social
Brasil, do British Council em parceria com O Sistema de Formação de Lideranças
começou a dar aulas na Itália, e foi profes- a Fundação Itaú Social. • Escolares da Inglaterra –
sor primário na Inglaterra por nove anos Possíveis Alternativas para o Brasil.
até alcançar o cargo de vice-diretor e,
posteriormente, de diretor. Características desejáveis de um www.liderancaescolar.com.br
Segundo Adrian, uma das particulari- líder escolar:
dades do sistema de gestão escolar britâni-
• Resiliência
co é que a liderança é compartilhada. Não
é um modelo autoritário nem burocrático, • Senso de comunidade
mas isso não significa que o modelo inglês • Bom relacionamento Claudio Anjos
não seja estruturado com base em uma Diretor de Educação do British
Council Brasil. É advogado e
hierarquia clara. A liderança é entendida • Visão administrador com mestrado pela
fundação Getúlio Vargas e tem
como uma qualidade que se reflete na rela- • Comprometimento mais de 20 anos de experiência
ção entre alunos, professores e gestores, e em organizações internacionais.
O British Council é a organização internacional
é aceita como papel fundamental de todos • Paciência britânica para educação e relações culturais.
www.britishcouncil.org.br
os adultos em uma escola.

18 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Fevereiro de 2016 • Escola Particular 19
Bett Brasil Educar

Uma feira de negócios repleta


de conteúdos relevantes
Conheça 4 razões que tornam a Bett Brasil Educar um evento essencial para o gestor
Redação Bett Brasil Educar

Fotos: Arquivo Bett Brasil Educar


O gestor escolar é um dos profissionais
que mais vive com a agenda lotada
e, por isso, cada minuto para ele é valioso.
Entre as diversas qualidades da feira,
algumas se destacam como diferenciais da
Bett Brasil Educar que agradam sobretudo
com certeza seria como uma aula prática
no laboratório.

Por respeito ao tempo desse profissional e a quem é responsável por gerir uma escola. 2. Palestras informativas no Auditório
pela responsabilidade de formatar o maior Quatro delas tornam a visita este ano uma do Saber
evento educacional do Brasil e da América experiência única para o todos os gestores. Para quem está em busca de informa-
Latina, os organizadores Bett Brasil Educar ções qualificadas sobre novidades e tecno-
buscam a cada ano montar uma feira que 1. Área de exposição com conteúdo e logias educacionais que possam ser aplica-
propicie bons negócios e que também atividades das em sua escola, a Bett Brasil Educar vai
agregue conhecimento ao gestor. Na Em feiras tradicionais, muitos dos ex- oferecer as palestras gratuitas promovidas
edição de 2016, o modelo do evento está positores se restringem a oferecer brindes no Auditório do Saber. Diferentemente
ainda mais participativo, de forma que será e negociar preços e condições de venda. do Congresso - que é pago, dá certificado
possível se atualizar, se conectar e crescer “Na Bett Brasil Educar, porém, existe uma e tem caráter formativo com o foco em
profissionalmente durante a visita. preocupação para que o espaço de ex- educadores - as palestras no Auditório do
“A Bett Brasil Educar aborda temas posições seja uma área viva, privilegiando Saber são voltadas para questões práticas
fundamentais para a atualização profis- conteúdos e interações”, disse Vera Cabral e de interesse do gestor escolar. Mais uma
sional de professores, assim como dos Costa, consultora do evento. As empresas vez, a intenção é que esses profissionais
gestores escolares”, afirmou o presidente que estarão lá para oferecer produtos e possam fazer escolhas para suas escolas
do SIEEESP, Benjamin Ribeiro da Silva. “É serviços levarão esses produtos e serviços de forma bem embasada.
uma oportunidade para ouvir e debater para serem testados e experimentados
com grandes especialistas e profissionais de verdade pelo visitante. Vários dos es- 3. Inovações trazidas por Start Ups
associados à transformação da educação tandes vão contar com espaços hands-on, As tecnologias não param de evoluir,
brasileira, tendo a inovação como caminho o que ajuda bastante na hora da tomada abrindo a cada dia novos horizontes de
para o ganho de qualidade”. de decisões. Se o evento fosse uma aula, aplicação na sala de aula e na gestão da

20 Escola Particular • Fevereiro de 2016


escola. De um ano para outro, muita coisa
se transforma, muitas ideias de uso de
recursos digitais podem surgir. Grandes
inovações costumam ser trazidas ao mer-
cado graças a empresas iniciantes conheci-
das como Start Ups. Este ano, elas terão um
lugar especial na Bett Brasil Educar: haverá
uma área comum para elas, um verdadeiro
espaço de convivência e troca de ideias. “E,
mais importante, haverá um palco para que
os empresários inovadores possam expor
suas ideias para o público e para jurados”,
explicou Márcio Boruchowski, fundador da
Start Up Educare e consultor da Bett Brasil
Educar para o espaço.

4. Possibilidade de criar uma networking


qualificada
Estabelecer uma boa rede de relaciona-
mento com outros profissionais é essencial é essencial. Se a boa educação se faz em
Serviço
em qualquer área de atuação. Em educa- redes, o gestor também precisa cuidar das
ção, não existe melhor lugar para se criar suas - e a melhor forma de fazer isso muitas
Bett Brasil Educar 2016 – Feira e Congresso
networking do que na Bett Brasil Educar. Os vezes é mesmo presencialmente. De 18 a 21 de maio
principais fornecedores brasileiros do setor Em todas as áreas, um bom profissional São Paulo Expo Exhibition &
estarão presentes, assim como gestores de precisa estar a par das mudanças tecnológi- Convention Center
grandes e pequenas instituições, de todas cas e reconhecer como elas impactam no (antigo Centro de Exposições Imigrantes)
as regiões do País. É por meio do contato seu negócio. O setor da educação não foge contato@bettbrasileducar.com.br
com profissionais de outras escolas que um à regra. Para oferecer a seus alunos o que Preço: entrada gratuita para a feira;
gestor pode conhecer tendências, discutir há de melhor, o gestor primeiro têm de sa- para Congresso, consultar o site
problemas e compartilhar soluções. Para ber o que existe de novidade no mercado. bettbrasileducar.com.br
quem aposta num ensino colaborativo E, para saber disso, nada melhor do que Associados do SIEEESP têm 10% de desconto.
dentro da escola, praticar a colaboração visitar a Bett Brasil Educar 2016. •

Fevereiro de 2016 • Escola Particular 21


Financeiro

Declarações de
recebimentos e pagamentos

freeimages
A nualmente, as empresas têm a obriga-
toriedade de entrega de declarações No mês de fevereiro, as empresas
referentes a rendimentos recebidos e os
pagos a terceiros, que servem de base para
devem entregar a DIRF, referente aos
o Fisco cruzar os dados dos contribuintes
e fiscalizá-los.
rendimentos pagos no decorrer do ano de
DIRF– Declaração do Imposto sobre a
2015, até o dia 29/02/2016
Renda Retido na Fonte Deverão também entregar a DIRF, As pessoas obrigadas a apresentar
as pessoas físicas e jurídicas domicili- a DIRF, deverão informar todos os ben-
No mês de fevereiro, as empresas adas no país que efetuaram pagamento, eficiários de rendimentos, entre os prin-
devem entregar a DIRF, referente aos crédito, entrega, emprego ou remessa cipais:
rendimentos pagos no decorrer do ano de a pessoa física ou jurídica residente ou – que tenham sofrido retenção do im-
2015, até o dia 29/02/2016. domiciliada no exterior, ainda que não posto sobre a renda ou de contribuições,
Estão obrigadas à entrega da DIRF, as tenha havido a retenção do imposto, ainda que em um único mês do ano-
pessoas físicas e jurídicas que pagaram ou de valores referentes a aplicações em calendário;
creditaram rendimentos sobre os quais fundos de investimento de conversão – do trabalho assalariado, quando o
tenha incidido retenção do Imposto sobre de débitos externos, royalties, serviços valor pago durante o ano-calendário for
a Renda Retido na Fonte, como também, técnicos e de assistência técnica, juros e igual ou superior a R$ 28.123,91 (vinte e oito
as Contribuições Sociais Retidas na Fonte – comissões em geral, juros sobre o capital mil, cento e vinte e três reais e noventa e
PIS, COFINS e CSLL, ainda que em um único próprio, aluguel e arrendamento, lucros um centavos);
mês do ano-calendário, por si ou como e dividendos distribuídos, além de outras – do trabalho sem vínculo empregatí-
representante de terceiros. operações com o exterior. cio, de aluguéis e de royalties, acima de

22 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Fevereiro de 2016 • Escola Particular 23
Financeiro

Devem ser informados também os dados relativos a pagamentos


de planos de saúde de empregados e seus dependentes
R$ 6.000,00 (seis mil reais), pagos durante apresentar com incorreções ou omissões, 2- R$ 500,00 (quinhentos reais) nos
o ano-calendário, ainda que não tenham será intimado a apresentar declaração demais casos.
sofrido retenção do imposto sobre a renda; original, no caso de não apresentação, ou a Essa é uma declaração de suma im-
– de previdência privada e de planos prestar esclarecimentos, nos demais casos, portância, pois seus dados são cruzados
de seguros de vida com cláusula de cobe- no prazo estipulado pela Secretaria da Re- com outras declarações impostas pela
rtura por sobrevivência, Vida Gerador de ceita Federal do Brasil - RFB, e sujeitar-se-á Receita Federal do Brasil, como DCTF – De-
Benefício Livre (VGBL), pagos durante o às seguintes multas: claração de Débitos e Créditos Tributários
ano-calendário, ainda que não tenham Federais, que é uma declaração onde são
sofrido retenção do imposto sobre a renda; 1- De 2% (dois por cento) ao mês- informados os dados relativos aos tributos
– auferidos por residentes ou domi- calendário ou fração, incidente sobre o retidos e respectivos pagamentos, como
ciliados no exterior, inclusive nos casos de montante dos tributos e contribuições in- também, DIRPF – Declaração de Imposto
isenção e de alíquota zero; formados na DIRF, ainda que integralmente de Renda Pessoa Física, onde são informa-
– valores referentes a aposentadorias, pago, no caso de falta de entrega destas dos os dados relativos aos rendimentos
mesmo que isentas; Declarações ou entrega após o prazo, lim- pagos, impostos retidos e pagamento
– de dividendos e lucros, pagos a itado a 20% (vinte por cento). desses impostos.
partir de 1996, e de valores pagos a titular
ou sócio de microempresa ou empresa 2- De R$ 20,00 (vinte reais) para cada Informes de Rendimentos
de pequeno porte, exceto pró-labore e grupo de 10 (dez) informações incorretas Além da obrigatoriedade de entrega da
aluguéis, quando o valor total anual pago ou omitidas. DIRF, conforme critérios acima menciona-
for igual ou superior a R$ 28.123,91 (vinte e dos, as pessoas deverão também disponibi-
oito mil, cento e vinte e três reais e noventa A multa mínima a ser aplicada será de: lizar aos beneficiários dos rendimentos,
e um centavos). 1- R$ 200,00 (duzentos reais), tratando- informe de rendimentos, onde constam
Devem ser informados também os se de pessoa física, pessoa jurídica inativa e as informações relativas à fonte pagadora,
dados relativos a pagamentos de planos de pessoa jurídica optante pelo regime de trib- beneficiário dos rendimentos, os rendimen-
saúde de empregados e seus dependentes. utação, previsto na Lei nº 9.317 de dezembro tos pagos, impostos retidos, contribuição
O sujeito passivo que deixar de apre- de 1996, revogada pela Lei Complementar para a Previdência Social, pagamentos a
sentar a DIRF, nos prazos fixados, ou que a nº 123, de 14 de dezembro de 2006; previdência privada e pensões.

24 Escola Particular • Fevereiro de 2016


É importante que quitação dos meses em que houve fatura-

freeimages
mento dos débitos.
as escolas elaborem A declaração de quitação anual de-
verá ser encaminhada ao consumidor por
e disponibilizem ocasião do encaminhamento da fatura a
vencer no mês de maio do ano seguinte ou
essa declaração no mês subsequente à completa quitação
dos débitos do ano anterior ou dos anos
aos responsáveis anteriores, podendo ser emitida em espaço
da própria fatura.
financeiros O descumprimento desta norma
sujeitará o prestador de serviços às san-
Declaração de Quitação Anual de Débitos ções previstas na legislação de defesa do
consumidor.
A Lei Federal 12.007/09 instituiu a Decla- É importante que as escolas elaborem
ração de Quitação Anual de Débitos pelas e disponibilizem essa declaração aos
pessoas jurídicas prestadoras de serviços responsáveis financeiros, tanto para o
públicos ou privados, que devem emitir e cumprimento da lei, quanto para evitar
encaminhar anualmente ao consumidor denúncias que possam ser feitas junto aos
final. órgãos de defesa do consumidor. •
A declaração de quitação anual de
débitos compreenderá os meses de janeiro
a dezembro de cada ano, tendo como refer-
ência a data do vencimento da respectiva
Wagner Eduardo Bigardi
fatura. Gestor Fiscal na Meira Fernandes.
Somente terão direito à declaração de Contador com mais de 25 anos
de atuação nas áreas Fiscal
quitação anual de débitos os consumidores e Contábil, sendo 15 anos no
segmento educacional. Pós-
que quitarem todos os débitos relativos ao graduado em Controladoria
e Administração Financeira e Negócios pela
ano em referência. Universidade Paulista – UNIP, Pós-graduado em
Caso o consumidor não tenha utilizado Consultoria e Gestão de Empresas pela Faculdade
Trevisan e Graduando em Direito na Universidade
os serviços durante todos os meses do ano Unifieo.
wagner.bigardi@meirafernandes.com.br
anterior, terá ele o direito à declaração de

Fevereiro de 2016 • Escola Particular 25


Aprendizagem

O que significa trabalhar com projetos


na Educação Infantil

freepik.com
A aprendizagem
se dá durante todo
o processo e não
envolve apenas
conteúdos

O que será desenvolvido com os alu-


nos? O que eles querem aprender? O
que eles precisam aprender? Como apren-
cidadão, percebendo-se no mundo como
agente de transformação social.
O trabalho por meio de projetos de-
doras da construção de aprendizagens sig-
nificativas. Outro grande valor do projeto é
permitir ao professor identificar conceitos
dem melhor? manda, primordialmente, uma escuta frágeis no seu grupo de alunos e poder
Estas são questões fundamentais no atenta e sensível do professor, uma ligação planejar novas ações para desenvolvê-los
processo educacional. Assim, o planeja- empática com seu grupo de alunos, parti- mais especificamente.
mento e a busca do caminho mais indicado lhando situações de aprendizagem que pos- A aprendizagem se dá durante todo o
para cada classe, torna-se um encantador sam favorecer o surgimento de um tema. processo e não envolve apenas conteúdos.
desafio para o educador que mediará a Dessa escuta atenta do professor, sur- As crianças desenvolvem habilidades não
construção da identidade daquele grupo gem os projetos, as investigações! Traba- cognitivas, ou socioemocionais que são
que chega, a todo início de ano letivo, com lhar por projetos é levar em consideração o fundamentais para a formação integral.
lindos rostinhos ávidos de expectativas e que as crianças perguntam, como pensam Conviver, negociar, argumentar, respeitar
desafios. e de que modo aprendem. É uma forma de a opinião do outro, lidar com frustrações,
Um dos primeiros passos é sempre organizar o trabalho que, com metas claras colaborar, trabalhar em equipe, são algu-
conhecer um pouco de cada aluno, seu de aprendizagem e de desenvolvimento mas dessas habilidades.
envolvimento no grupo, seus interesses, as dos alunos, proporcione situações signifi- Todo esse caminho, depois de viven-
características de cada faixa etária e, a par- cativas nas quais atividades de exploração ciado, traz grandes resultados. Mais do
tir daí, selecionar e articular os temas que e criação substituam as rotineiras tarefas que conteúdos e informações, estimula
serão estudados por aquela determinada de treino e repetição, criando um ambien- nas crianças o pensamento científico, ati-
turma de alunos. Nesse momento do traba- te em que possam investigar, solucionar tudes de pesquisadores e pensadores, ou
lho, delineia-se não só o que eles precisam problemas, fazer reflexões, comparar o seja, pessoas que perguntam, investigam,
aprender em cada uma das linguagens que que sabem com o que é novidade, experi- criam, interagem, acolhem e vão buscar,
compõem o currículo da Educação Infantil – mentar o que vivem, para, então, construir em conjunto com os colegas, as respostas
a que denominamos de “parte cheia”, mas novos conhecimentos. sobre o que desconhecem. •
também o que eles querem e se interessam Para encaminhar as diversas etapas
em aprender. Considera-se um espaço aber- que constituem um trabalho por meio de
to, “vazio” no currículo, que permite dar projetos, cabe ao professor que o conduz
voz às crianças, às percepções que elas têm a função de observar e interpretar as in- Cláudia Ayres Paschoalin
Psicopedagoga e coordenadora
do espaço em que vivem, à forma como se tencionalidades infantis, documentando da educação infantil e ensino
relacionam com a vida da escola, da comu- todo o processo para poder, a partir da fundamental do Colégio Marista
Nossa Senhora da Glória, em São
nidade escolar e, mais amplamente, com a análise dos registros, relançar situações Paulo (SP), da Rede de Colégios do
Grupo Marista.
vida da cidade, exercitando seu papel de de aprendizagem motivadoras e favorece-

26 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Fevereiro de 2016 • Escola Particular 27
Saúde

O que é
TDAH?
Normalmente estes sintomas são
percebidos em casa e na escola

O TDAH é considerado um transtorno


neurológico de causas genéticas
que aparece durante a infância e costuma
cometer erros por descuido em atividades
escolares, de trabalho ou durante outras
atividades; Ter dificuldade de manter a
incapaz de brincar ou se envolver em ativi-
dades de lazer calmamente; Não conseguir
ou se sentir confortável em ficar parado por
acompanhar a pessoa durante toda sua atenção em tarefas ou atividades lúdi- muito tempo, em restaurantes, reuniões,
vida. Os principais sintomas são a desaten- cas; Não escutar quando lhe dirigem etc.; Falar demais; Não conseguir aguardar
ção e a inquietude. Atualmente temos a palavra; Não seguir instruções e não a vez de falar, respondendo uma pergunta
assistido a um excesso de diagnósticos de terminar deveres de casa, tarefas do- antes que seja terminada ou completando a
TDAH, pois esses mesmos sintomas tam- mésticas ou tarefas no local de trabalho; frase dos outros; Ter dificuldade de esperar
bém estão presentes em situações onde Ter dificuldade para organizar tarefas e a sua vez; Interromper ou se intrometer
a criança vivencia um entrave psíquico ou atividades; Evitar, não gostar ou relutar em em conversas e atividades, tentar assumir
emocional, o que compromete a assertivi- se envolver em tarefas que exijam esforço o controle do que os outros estão fazendo
dade do diagnóstico. Por este motivo, deve mental prolongado (tarefas escolares, de- ou usar coisas dos outros sem pedir.
ser realizada uma avaliação interdisciplinar veres de casa, preparo de relatórios etc.); 2 - A partir de que momento os pais
envolvendo psicólogos, neuropsicólogos, Perder objetos necessários às tarefas ou que percebem esses sintomas nos filhos
fonoaudiólogos, psicopedagogos e neu- atividades; Ser facilmente distraído por precisam se preocupar e procurar ajuda?
ropediatras ou psiquiatras, além dos pais estímulos externos (para adolescentes Como não confundir com uma agitação
e da escola. mais velhos e adultos pode incluir pensa- saudável da criança, por exemplo?
O DSM-5 tem alguns critérios que mentos não relacionados); Ser esquecido Normalmente estes sintomas são per-
definem o diagnóstico de uma criança ou em relação a atividades cotidianas. cebidos em casa e na escola, quando se
adulto com TDAH. Sintomas comuns de hiperatividade e manifesta a agitação, a demora para fazer
1 - Em primeiro lugar, é necessário que impulsividade: Remexer ou batucar mãos a lição de casa, etc.
a pessoa apresente um padrão persistente e pés ou se contorcer na cadeira; Levantar 3 - Quais podem ser os prejuízos para
de desatenção e/ou hiperatividade-impul- da cadeira em sala de aula ou outras situa- a criança?
sividade que interfira no funcionamento e ções nas quais se espera que permaneça As crianças com TDAH podem sofrer
no desenvolvimento. Para tanto, ela precisa sentado (sala de aula, escritório, etc.); Cor- prejuízos importantes não apenas na aqui-
apresentar sintomas destes dois aspectos. rer ou subir nas coisas, em situações onde sição das habilidades acadêmicas, mas
Sintomas comuns de desatenção: isso é inapropriado ou, em adolescentes ou também emocional e no convívio social
deixar de prestar atenção a detalhes ou adultos, ter sensações de inquietude; Ser e familiar.

28 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Manoel Ferreira Leite
4 - O transtorno apresenta graus de Acompanhamento psicológico? Atividades há de melhor na criança, conversar com ela
intensidade diferentes? quais? e quais as especiais? sobre o que está sentindo, ter paciência, es-
diferenças? O tratamento também deve ser mul- tabelecer regras e limites dentro de casa e
Sim, de acordo com a intensidade e tidisciplinar adequado às necessidades mantê-los, agindo como exemplo, diminuir
quantidades de sintomas relacionados a de cada criança, podendo ser necessário a quantidade de estímulos no quarto e no
desatenção e a hiperatividade, classifica-se acompanhamento psicológico, fonoaudio- ambiente de estudos, manter o ambiente
o TDAH em 3 subtipos: lógico, psicopedagógico, dependendo da organizado e o mais harmônico possível.
• TDAH misto, no qual os critérios de necessidade, além de eventual tratamento 7 - Como deve ser a rotina de uma
hiperatividade e desatenção predominam medicamentoso para os casos mais graves, criança em tratamento?
por mais de seis meses. geralmente com psicoestimulantes, que A criança não deve ter sobrecarga de
• TDAH predominantemente de- são padrão ouro de tratamento e atuam atividades, os pais devem auxiliar as crian-
satento, quando são preenchidos apenas melhorando o funcionamento das áreas ças a subdividir suas tarefas em tarefas
os critérios para desatenção, e não de cerebrais responsáveis pelo transtorno, ou menores, dar instruções claras e diretas,
hiperatividade pelos últimos seis meses alguns antidepressivos, especialmente da uma de cada vez, manter uma rotina
• TDAH predominantemente hipe- classe dos tricíclicos. Orientações aos pais clara e regular, com horários principais
rativo impulsivo, quando os sintomas pre- e abordagem psicoeducativa também são definidos: refeições, hora da lição de casa,
dominantes nos últimos seis meses são de fundamentais. banho, dormir por exemplo, a criança deve
hiperatividade e não de desatenção. 6 - Como os pais e a escola podem aju- realizar atividade física regularmente e ser
Também temos o TDAH leve (poucos dar a criança em tratamento? preparada para qualquer tipo de mudança
sintomas presentes além dos necessári- Os pais devem sempre reforçar o que em sua rotina. •
os para realização do diagnóstico, sem
prejuízos funcionais na vida da criança),
moderado (com maior número de sintomas
e prejuízo funcional de leve a moderado)
Ana Paula Magosso Cavaggioni
e grave (grande quantidade de sintomas Psicóloga da Clia Psicologia e Educação, Psicóloga Clínica – Universidade Metodista de São Paulo
presentes, e prejuízos funcionais graves). (UMESP), Especialização RAMAIN – Cari Psicologia e Educação, Especialização DIA-LOG – Cari
Psicologia e Educação, Pesquisadora convidada do IPUSP – Departamento de Aprendizagem, do
5 - Como se dá o tratamento? Medi- Desenvolvimento e da Personalidade, Diretora da Clia Psicologia e Educação
www.cliapisicologia.com.br – (11) 4424-1284 / (11) 2598-0732
camentos de que tipo (atuam como)?

Fevereiro de 2016 • Escola Particular 29


GEduc

A busca pela excelência


é um caminho que não
tem fim
O gestor educacional no Brasil en-
frenta grandes obstáculos, tais
como a inadimplência, evasão, retenção
comprometido. A busca pela excelência é
um caminho que não tem fim.
Desta maneira, a edição do GEduc
para uma gestão eficaz, como reduzir
os custos educacionais e os riscos, entre
outros assuntos de extrema urgência para
de alunos, concorrência e formação 2016, que será realizado de 30 de março as instituições de ensino básico.
continuada dos professores. Em época a 01 de abril de 2016, no Hotel Maksoud O evento, que contará com os prin-
de crise, é fundamental que se crie uma Plaza, São Paulo – SP, tem como tema cipais pensadores nacionais e grandes
cultura dentro das instituições educa- central “Superando os Desafios - Gestão especialistas da área, é a oportunidade
cionais, que valorize o aprimoramento para resultados e oportunidades de cres- que os executivos têm de aperfeiçoar seus
constante de todos os processos acadêmi- cimento”. A programação, para os três conhecimentos, explorar novas visões
cos e organizacionais. É preciso quebrar dias do evento, foi idealizada tendo como de mercado e criar conexões com outros
paradigmas e direcionar atenção para a objetivo analisar os impactos da crise na gestores de diversas instituições de todo
busca de novas soluções para enfrentar os área educacional, bem como discutir alter- o Brasil, ampliando seus horizontes e ex-
desafios que estão a nossa volta. Quando nativas e soluções que sejam eficazes para pandindo sua rede de contatos.
os colaboradores de uma escola, sejam da o momento atual. Muitos conferencistas O grande destaque de 2016 será a par-
área pedagógica, como administrativa são trarão nos conteúdos de suas apresen- ticipação do Maestro João Carlos Martins,
constantemente fortalecidos e treinados tações assuntos relacionados a como que ministrará a Palestra Magna com o
em suas competências, a instituição tem transformar a crise em oportunidade, tema “Superando Desafios” e também fará
como resultado um time sintonizado e como perseguir o êxito, as ferramentas uma apresentação musical.

Confira a seguir outros keynote speakers do GEduc 2016:

Mario Sergio Cortella: Marcando Ilona Becskeházy: No primeiro dia Eugenio Mussak: O apresentador do
presença na plenária de abertura do XIV do evento, no bloco específico para os programa Papo de Líder na Rádio Estadão
Congresso Brasileiro de Gestão Educa- gestores do ensino básico, a comentarista participará do I Fórum de Líderes Educa-
cional, o filósofo, escritor e educador do Boletim Missão Aluno da Rádio CBN, cionais.
apresentará o tema “Da oportunidade ao colunista da Revista Gestão Educacional e
êxito”, abordando a necessidade de não consultora de educação, será debatedora Diego Torres Martins: O Fundador e
se ficar acomodado em um momento de no painel “A busca da excelência pedagógi- Presidente da Acesso conduzirá o painel
mudanças necessárias. ca – a sua escola frente aos resultados: intitulado “O sonho e a realidade de um
rankings, vestibulares, ENEM”. novo paradigma na gestão de pessoas –
Rodrigo Galindo: O CEO da Kroton rompendo com os padrões mentais”.
Educacional, a maior instituição de edu- Robert Wong: O fundador e CEO da
cação do mundo (em valor de mercado), Robert Wong Consultoria Executiva partici- Ronaldo Mota: Reitor da Universidade
com mais de 1 milhão de alunos e 34 mil pará do painel “O jovem digital e o mercado Estácio de Sá será palestrante no painel
colaboradores, explanará sobre o assunto de trabalho - duo instigante” juntamente “Como formular as melhores trajetórias
“Gestão de resultados”. com Ruy Fernando Ramos Leal, Superin- educacionais, personalizadas e customiza-
tendente Geral do Instituto Via de Acesso. das para cada objetivo?”.

O GEduc 2016 também contará com o Eugenio Mussak, patrocinador Silver, e


a tradicional exposição sobre serviços a Cisco, também patrocinadora Silver. A GEduc 2016
educacionais, que a cada ano traz as mais presença deles no GEduc 2016 criará um
Data: 30, 31/03 e 01/04/16
novas soluções voltadas para instituições ambiente propício para ótimas negociações
de ensino. Conceituadas empresas do e parcerias estratégicas. Local: Hotel Maksoud Plaza
mercado estarão presentes, informando os O SIEEESP apoia este congresso e terá Alameda Campinas, 150 - Bela Vista -
participantes sobre seus diversos produtos um local exclusivo no evento, o Atelier do São Paulo - SP
e serviços, entre eles: locação de mobiliário Saber em Gestão, para receber os ges- Valores e inscrições:
escolar, editoras de livros, softwares, esco- tores das escolas, oferecendo um espaço
www.humus.com.br/geduc
las de inglês, crédito estudantil, aplicativos interativo para troca de conhecimentos e
educacionais, seguros, entre outros. Pode- networking. Além disso, seus associados Contato: (11) 5535-1397 | humus@
se destacar também os patrocinadores do possuem 10% de desconto na inscrição! Para humus.com.br
evento: a Ricoh, patrocinadora Gold, a es- isso, basta inserir o código “SIEEESP-ESP” Organização: HUMUS
cola de inglês Seven, patrocinadora Silver, na ficha de inscrição. •

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30 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Fevereiro de 2016 • Escola Particular 31
Pedagogia

Estratégias pedagógicas:
leitura e escrita na
educação de surdos
N o livro Leitura e Escrita na Educação
de Surdos: das políticas às práticas
pedagógicas, organizado por mim e pela
professora Aline Gomes da Silva, também
do Instituto Nacional de Educação de Sur-
dos, abordamos, como as demais autoras
participantes da obra, o trabalho pedagógi-
co com o português em sua modalidade es-
crita com alunos surdos. Refletimos sobre
a atual legislação e as políticas referentes à
educação de surdos e buscamos discorrer
acerca de estratégias e propostas peda-
gógicas que reconheçam a singularidade
linguística e cultural do surdo no trabalho
com o português, bem como sobre as
implicações dele ou de sua ausência para o
desenvolvimento do sujeito surdo.
Neste texto, busco refletir sobre essas
estratégias. De que maneira podemos
trabalhar o português na sua modalidade
escrita, como segunda língua do surdo na
sala de aula, conforme prevê o Decreto
5.626 de 2005? Que implicações pedagógi-
cas traz a compreensão da língua de sinais
(LIBRAS) como primeira língua do surdo?
Diante dessas perguntas, é impor-
tante destacar nosso posicionamento,
fruto do aprendizado com Skliar (2013):
A surdez não é uma deficiência, mas uma
experiência visual, é uma diferença que
singulariza os sujeitos que interagem com
o mundo, aprendem e produzem conhe-
cimento tendo como principal canal de
interação a visão. Primeiramente, precisa ficar claro que,
A compreensão de que a surdez é embora a LIBRAS seja fundamental na edu-
uma experiência visual, e o surdo tem não cação de surdos e um direito que precisa
apenas uma língua, mas uma cultura e ser assegurado ao aluno surdo e sua apren-
um modo de aprender, expressar e trans- dizagem pelo professor possa favorecer e
mitir conhecimento diferente do ouvinte potencializar a relação pedagógica; por si
nos coloca uma questão importante: as só, ela não garante um processo de apren- prévia em LIBRAS, trocar informações
estratégias pedagógicas utilizadas com dizagem genuíno. Outras questões, como percebidas, refletir sobre a relação entre
estudantes surdos precisam atentar para as metodológicas, precisam ser levadas texto e imagem são possibilidades para o
sua peculiaridade. As maneiras de abordar em conta. trabalho pedagógico. Ainda, ele pode ser
os diferentes temas e conhecimentos em Assim, trata-se de pensar propostas detonador para outras propostas, como
sala de aula precisam ser coerentes com para o sujeito surdo e não adaptá-las. Pen- o trabalho com outros gêneros: listas (dos
as demandas do aluno surdo. sar pedagogicamente a aula para o aluno pontos mais importantes do texto, por
Sendo assim, precisamos nos livrar da surdo significa lançar mão de estímulos exemplo), resumo (sobre a temática, indi-
ideia de que basta adaptar uma atividade visuais, atividades que relacionem imagem vidual, em dupla ou coletivamente) entre
trabalhada com as crianças ouvintes ou e texto, a fim de auxiliar e potencializar a outras possibilidades.
a presença de um intérprete em sala de compreensão e interpretação do texto. Um dos pontos importantes a serem
aula para que o processo de ensino/apren- Discutir esses textos, pensar coletiva- levados em conta é que os textos traba-
dizagem possa ocorrer satisfatoriamente. mente sobre eles, a partir de uma conversa lhados em sala de aula precisam ter relação

32 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Um dos pontos importantes a
serem levados em conta é que
os textos trabalhados em sala de
aula precisam ter relação com a
vida, com o mundo

de potencialização, de produção, de exercí-


cio do pensamento e da autoria. Nesse sen-
tido a aproximação entre a aprendizagem,
o lúdico e a cooperação são relevantes. Por
isso, em nossas práticas com alunos surdos
investimos em jogos (muitos deles produzi-
dos por nós!), como jogo da memória com
palavras, imagens e/ou sinais, jogo para
montagem de frases no português, bingo
de palavras, entre outros. Por isso, também
investimos em atividades que levem em
conta o que já sabem os estudantes, como
a construção de listas de palavras já conhe-
cidas por eles, a construção coletiva de
histórias (ou recontagem), com ilustração
e legendas, entre outras muitas possibili-
dades de trabalho.
Propostas pedagógicas que apostem
no estudante como sujeito ativo e produ-
tor, em vez de mero reprodutor e copista
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têm muito a contribuir com o processo de


aprendizagem do aluno surdo. Encarar
esse processo como um movimento de
construção compartilhada, sobre o qual
se debruçar, experimentar faz toda a dife-
rença, pois só se aprende a ler e escrever
lendo e escrevendo! •

Referências bibliográficas:
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia:
saberes necessários à prática edu-
A partir desse movimento de leitura
cativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
e escrita mais amplo, o estudante pode
ser capaz de ler a palavramundo (FREIRE, GERALDI, J. W. A aula como aconteci-
1996), pois, como nos ensinou Freire, a lei- mento. São Carlos, SP: Pedro e João
tura do mundo precede a leitura da palavra. Editores, 2010.
Essa afirmação, tão cara à educação de SKLIAR, C. (Org.). A surdez: um olhar
com a vida, com o mundo. Acontecimen- ouvintes, torna-se indispensável na edu- sobre as diferenças. 6ª ed. Porto
tos, notícias e mesmo experiências dos cação de surdos, principalmente quando Alegre, Mediação, 2013.
alunos podem virar tema de discussão. levamos em conta que, de acordo com a
Sobretudo na educação de surdos, a lei- própria comunidade surda, mais de 90% das
tura e a escrita precisam se basear no ler crianças surdas são filhas de pais ouvintes
e escrever na escola e não para a escola que não conhecem LIBRAS e que, por isso,
(GERALDI, 2010). Isto porque a leitura e a têm a escola como lugar privilegiado de
escrita demandam uma função social. Nin- contato não só com a informação, mas com
guém lê ou escreve apenas para cumprir a própria língua. Tiago Ribeiro
Autor, com Aline Gomes da Silva,
o dever; lê-se e escreve-se por uma razão Se a escola é o lugar de desvelar o do livro “Leitura e Escrita na
– e poder compreender essa razão é uma mundo, de descoberta e de construção da Educação de Surdos: das políticas
às práticas pedagógicas” (Wak)
dimensão importante do aprendizado da própria identidade surda (para a maioria Professor CAp/INES. Doutorando
em Educação/ UNIRIO.
leitura e da escrita. desses sujeitos), ela precisa ser um espaço

Fevereiro de 2016 • Escola Particular 33


Drogas

freeimages
C

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arnaval: folga do colégio, viagem
com os amigos, festa, alegria, lança-
perfume... e uma passagem pelo hospital!
André, 17 anos de idade, estudante do
ensino médio, além de não aproveitar o
carnaval, passou quatro dias internado no
hospital da cidade após queda motivada
pelo consumo de lança-perfume e uma
arritmia cardíaca grave desencadeada
pelo produto.
Desta vez, o jovem André teve sorte
e escapou daquilo que poderia ter sido
seu último carnaval. Influenciado pelos
amigos, sucumbiu ao consumo da droga
que poderia tê-lo matado naquela mesma
tarde, sábado de carnaval.
Inalantes são um conjunto de diferen-
tes substâncias químicas que apresentam
em suas composições hidrocarbonetos
de grande volatilidade e, por isso, a via de
administração da droga é inalatória. São
produtos utilizados como aromatizadores
de ambiente, solventes, anestésicos,
combustíveis, tintas, vernizes, aerossóis,
esmaltes e colas.
O lança-perfume e o “cheirinho da
loló” consistem em uma mistura de éter,
clorofórmio e cloreto de etila, sendo objeto O adolescente
de consumo de adolescentes de classe
média e alta. Em contrapartida, outros poderá apresentar
inalantes como colas de sapateiro, acetona
e benzeno, por exemplo, são produtos
alucinações visuais e auditivas, desmaios,
legalmente comercializados em supermer-
cados e lojas de tintas. Devido a seu fácil
convulsões, arritmias cardíacas e até morte
acesso e preço baixo, trata-se de uma droga
muito utilizada entre estudantes de escolas A benzina, outro inalante comumente A dependência química de solventes
privadas e públicas brasileiras. utilizado, pode provocar lesões em nervos pode ocorrer, sendo os sintomas psíquicos
A ação exata dos inalantes no organis- periféricos, provocando perda da força mais evidentes: ansiedade, desejo pela
mo é pouco conhecida, devido à variedade muscular, dor e anestesia dos braços e droga, perda de outros interesses que não
de produtos químicos presentes nos dife- pernas do usuário. Outras consequências seja o desejo de usar a droga.
rentes solventes utilizados, entretanto, danosas ao organismo estão relacionadas A síndrome de abstinência, embora
de uma maneira geral, a intoxicação está com hepatites tóxicas, pneumonites, de pouca intensidade, está presente na
relacionada com a depressão do sistema insuficiência renal crônica e alterações interrupção abrupta do uso, sendo carac-
nervoso central. Inicialmente ocorre uma gastrointestinais, como dores abdominais, terizada por insônia, câimbras, ansiedade,
sensação de desinibição e euforia, seguido diarreias, náuseas e vômitos. agitação e tremores. •
de incoordenação motora, risos imotiva- Algumas complicações podem ocor-
dos, zumbidos e fala pastosa. rer nos usuários crônicos dessas drogas,
Na continuação do uso, o adolescente ocasionando lesões cerebrais e cerebe-
poderá apresentar confusão mental, lares permanentes e produzindo respec- Dr. Gustavo Teixeira
Médico psiquiatra da infância e
desorientação, alucinações visuais e au- tivamente empobrecimento intelectual adolescência. Professor visitante
ditivas, redução do nível de consciência, e incoordenação motora para o resto de da Bridgewater State University.
Mestre em Educação, Framingham
desmaios, convulsões, arritmias cardíacas, suas vidas, mesmo que venham a inter- State University.
comportamentoinfantil.com
coma e até morte. romper o uso.

34 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Fevereiro de 2016 • Escola Particular 35
Alfabetização

Habilidades
de consciência
fonológica e
a aprendizagem
da leitura e
da escrita

E studos apontam que a primeira


característica que distingue a maior
parte das crianças que fracassam em
em componentes cada vez menores:
sentença em palavra, palavra em sílaba e
sílaba em fonema. Ela e a aprendizagem
viabilizam concretamente o seu desen-
volvimento.
O trabalho de estimulação pode
aprender a ler é a baixa habilidade de da leitura e da escrita se desenvolvem englobar o reconhecimento e produção
consciência fonológica e que, por outro em uma ‘pista de mão dupla’, uma vez de rimas, análise, síntese, reversões e
lado, as crianças que têm esta habilidade que uma contribui para o sucesso do outras manipulações silábicas e fonêmi-
avançam de forma mais fácil e produtiva desenvolvimento da outra. cas, além de habilidades em realizar a
na leitura e escrita e no desenvolvimento Alguns autores apontam ainda para correspondência entre fonema e grafema
do letramento. o fato de que esta habilidade não surge e vice-versa. A consciência fonológica
Na escrita de um sistema alfabético, repentinamente ou somente em decor- exerce um papel importante no processo
como o Português, as crianças devem rência do aprendizado do nome e dos de aprendizagem da leitura e escrita em
entender que aqueles sons associados sons das letras. línguas alfabéticas, pois a criança precisa
às letras são precisamente os mesmos Tarefas sobre o tamanho, as seme- ter essa consciência para se apropriar do
sons da fala, isto é, tomem contato com lhanças e as diferenças das palavras, ou sistema alfabético da escrita.
as estruturas mínimas da linguagem que seja, sobre as características sonoras Exercícios para desenvolver a consciên-
são os fonemas. das palavras, assim como tarefas de cia fonológica são muito importantes. A
A consciência fonológica é a ha- isolamento ou manipulação de fone- consciência fonológica é a capacidade de
bilidade de compreender a maneira pela mas e das unidades suprassegmentais reconhecer a sequência de sons que inte-
qual a linguagem oral pode ser dividida da fala (isto é, das sílabas ou rimas) gram a palavra falada e de compreender

36 Escola Particular • Fevereiro de 2016


A consciência fonológica exerce
um papel importante no processo
de aprendizagem da leitura e
escrita em línguas alfabéticas

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que esses sons, numa determinada or- mais contato com o material de estimula-
dem, podem formar palavras que têm ção manual, visual e de letramento.
um significado. Alguns dos exercícios são Deste modo, no processo de alfa-
simples, mas ajudam muito a desenvolver betização nos anos iniciais requer que a
a consciência fonológica, como as rimas, consciência fonológica seja trabalhada
separar palavras em sílabas, identificar de forma lúdica para que favoreça o
palavras com o mesmo som inicial, iden- desenvolvimento no indivíduo das ha-
tificar palavras ou sílabas com o mesmo bilidades de percepção e manipulação
som final, contar os sons que fazem parte da estrutura sonora das palavras. Por
das palavras e manipular sons nas palavras não ser algo homogêneo, a consciên-
Regiane A. Crippa
(dizer fato, mas sem o f inicial). cia fonológica apresenta diferentes Fonoaudióloga da Clia Psicologia,
A alfabetização exige recursos e níveis, ou seja, o nível da consciência de Saúde & Educação, graduada pela
Universidade Federal de São Paulo
caminhos para nossas crianças se apro- palavras que formam a frase, o da cons- (Unifesp/EPM) no ano de 1999,
com Aprimoramento Profissional
priarem e desenvolverem as habilidades ciência de sílabas e, posteriormente, a pelo Hospital do Servidor
Público Estadual e Especialização em Aprendizagem
de percepção, discriminação auditiva, consciência de fonemas. Cada um deles pela Faculdade de Medicina do ABC. Atuação em
bem como a composição gráfica de gra- pode contribuir para o desenvolvimen- ações de promoção da saúde, prevenção, avaliação,
diagnóstico, tratamento e orientação de aspectos
fema = fonema. to dos outros, que por sua vez irão envolvidos na função auditiva periférica e central, na
linguagem oral e escrita, na articulação da fala, na voz,
Há algumas crianças que exigem mais repercutir no aprendizado da leitura e na fluência e no sistema mio funcional e orofacial.
cliapisicologia.com.br - (11) 4424-1284 / (11) 2598-0732
tempo, mais treino, mais observação, da escrita. •

Fevereiro de 2016 • Escola Particular 37


Regimento Escolar

questões
5

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importantes
para se
evitar
conflitos
no âmbito
escolar
É importante saber
que o Regimento
M uitas pessoas nos perguntam o
que é preciso para se evitar confli-
tos nas instituições de ensino. Essa é, sem Escolar deve ser
alunos. Tal precaução evita a alegação de
descumprimento por não conhecimento.
2. Contrato de Prestação de Serviços
dúvida, uma questão de difícil resposta.
O grande número de pessoas envolvidas homologado pela Educacionais: O contrato de prestação de
serviços educacionais, por sua vez, deve
no processo ensino-aprendizagem, como
professores, diretores, mantenedores, Secretaria de gerir a relação existente entre o aluno/res-
ponsável legal e a escola, principalmente
supervisores de ensino, autoridades
públicas, dentre outros, faz com que as
Ensino ou órgão no que se refere à anuidade escolar.
Deve assim disciplinar valor da anui-
relações educacionais e as dificuldades
delas advindas sejam cada vez mais
competente dade, parcelamento, forma de paga-
mento, multa e juros incidentes em caso
complexas. de inadimplemento, cobrança, descontos,
Pensando nisso, destacamos cinco bolsa de estudos, etc. É importante ainda
pontos importantes para se evitar confli- documento que estabelece todas as nor- definir quais serviços não estão sendo
tos no âmbito escolar. mas da escola. contratados, permitindo à escola cobrar
1. Regimento Escolar: É o documento Os problemas surgem quando o Regi- por serviços extras.
normativo de uma instituição de ensino. mento é mal elaborado e assim não atende O contrato é ainda o documento hábil
Fundamentado na proposta pedagógica, as necessidades da instituição de ensino para definir outros assuntos importantes
define a organização e o funcionamento ou é simplesmente deixado de lado. Em como matrícula de alunos com neces-
da escola, além de regulamentar as rela- ambos os casos, a escola corre o risco a sidades especiais, cessão de direito de
ções entre os agentes do processo de en- agir em discordância com as normas que imagem, rematrícula, desistência, trans-
sino-aprendizagem. Deve conter, assim, a ela mesma ‘criou’ ou de não possuir regras ferência, dentre outros.
identificação da instituição mantenedora, específicas sobre assuntos importantes, 3. Secretaria Escolar: A Secretaria é
os objetivos da escola, os cursos que serão como os comportamentos inaceitáveis e a unidade responsável pela execução de
oferecidos, a organização administrativa, as respectivas penalidades. toda a escrituração escolar definida pela
técnica e pedagógica da instituição, bem É importante saber que o Regimento legislação educacional, bem como pela
como os direitos e deveres de todos os Escolar deve ser homologado pela Secre- guarda e manutenção de documentos. É,
participantes do processo educativo. taria de Ensino ou órgão competente, portanto, de sua incumbência a verifica-
Como se vê, o Regimento Escolar é o mantendo-se cópia disponível para os ção e efetivação dos registros escolares,

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Fevereiro de 2016 • Escola Particular 39
Regimento Escolar

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permitindo-se conhecer, por exemplo, a Os direitos dos oferecer algum curso devem requerer au-
regularidade da vida escolar dos alunos, os
resultados finais de cada discente, a cor- alunos e a garantia torização à Secretaria de Ensino, na forma
definida pela legislação educacional per-
reta emissão dos certificados de conclusão
ou diplomas, etc. de continuidade de tinente. Entretanto, o mesmo não ocorre
caso a escola decida encerrar o curso.
Dessa forma, a inexistência de confli-
tos está diretamente ligada à eficiência
estudos em outra Muitas vezes, as instituições decidem
suspender a oferta de determinado curso
da Secretaria Escolar. Documentos orga-
nizados e atualizados evitam problemas
instituição devem ou até mesmo encerrar suas atividades, o
que é permitido.
com os alunos, no caso, por exemplo,
de uma cobrança indevida ou de uma
ser preservados Todavia, os direitos dos alunos e a
garantia de continuidade de estudos em
nota erroneamente registrada, e com a outra instituição devem ser preservados,
Secretaria de Educação ou órgão com- principalmente no que diz respeito a
petente. Secretarias desorganizadas e taria de Educação competente poderá valores de anuidades e currículo. A não
mal geridas podem ensejar inclusive a exigir sua substituição. observância dessas regras permite a con-
cassação da autorização de funciona- Nesse caso, em não havendo como denação das instituições ao pagamento
mento da escola. realocá-lo, a instituição deverá arcar com os de danos morais pelo Poder Judiciário. •
4. Contratação de professores: A custos de uma demissão injustificada, sem-
contratação de professor, quando mal pre observando a legislação trabalhista e a
realizada, pode ensejar problemas de respectiva Convenção Coletiva de Trabalho.
várias ordens. O primeiro deles refere-se No mais, haverá ainda a dificuldade Fernanda Misevicius Soares
Advogada especialista em
à habilitação do profissional contratado de se substituir um professor durante o Direito Educacional, formada
para lecionar componente curricular ano letivo, desagradando a comunidade pela Faculdade de Direito de São
Bernardo do Campo. Sócia da
específico ou para exercer determinada escolar, já adaptada ao discente. Hexa+ Assessoria e Consultoria
Educacional. Membro da
função. Caso o discente escolhido não 5. Encerramento de curso ou das ativi- Comissão de Direito Educacional da OAB/SP-CJA e
Comissão de Direito Administrativo da OAB/SP.
tenha a habilitação legal exigida, a Secre- dades escolares: As escolas que pretendam

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Fevereiro de 2016 • Escola Particular 41
Leitura

LEITURA E ESCRITA

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E screver artigos é uma temeridade.
Qualquer pessoa pode dizer algo im-
pensado, ou dar um palpite desinformado.
frases, tornando-as de difícil acionamento
judicial.
Já a censura de sobrevivência trata da
intenção. Afortunadamente, temos uma
dezena de bons gurus.
Temos especial simpatia por escritos de
As palavras acabam anistiadas, mas as repercussão do texto, junto ao principal poetas, arquitetos de palavras e sentimen-
frases escritas são perpetuadas. anunciante do jornal ou revista. No caso, tos, e historiadores, incansáveis estudiosos
Na cultura popular, quem escreve uma compete ao autor decidir se o escrito com- e pesquisadores.
opinião ou comentário torna-se escravo de pensa o sacrifício. As novas gerações parecem haver per-
seus escritos, devendo honrá-los pela eter- A única censura que já sofremos, e dido o encanto com a leitura e a familiari-
nidade. Falas são recebidas como reações guardamos como honroso galardão, diz dade com a escrita. Existe uma séria crise
emotivas, mas escritos são produtos de respeito a uma citação de Nossa Senhora no setor de publicações destinadas a crian-
raciocínio e intenções manifestas. da Aparecida, cujo dia coincide com o dia ças, e os adolescentes pouco encontram,
Todo leitor é um juiz, e sentencia o da Criança e do Engenheiro Agrônomo. O nos livros, o dinamismo e pronta digestão
artigo com base em experiências e im- artigo acabou não publicado, pelo fato do ofertados à farta pelas redes sociais.
pressões pessoais. Ao invés de concordar nome da Santa ser improferível, naquela re- O vínculo das novas gerações com os
ou discordar do autor, vai logo concluindo dação. Não sei o que aconteceria, se o prin- escritos tende a ficar confinado ao ambi-
que o autor concorda ou discorda dele. cipal anunciante resolvesse homenagear a ente escolar, e convém, aos docentes, bem
O leitor, quando ativista partidário, ou Santa, em sua publicidade. selecionar as exigências de leitura, antes
mero refém ideológico, raramente conse- Aos que escrevem regularmente, que percamos o liame da história e cultura.
gue ler qualquer texto inteiro, se deparar-se aplica-se a circunstância da ocasião, e são Pais, a maioria, já perderam a capacidade de
com uma minúscula frase discordante de comuns os artigos de carnaval, natal e datas incentivar a escrita e leitura, que hoje soam
suas convicções. A colonização ideológica comemorativas. Como ninguém é atraído como castigo. •
impede o livre fluxo de informações e por republicações, o bom velhinho surge
ideias. conduzido por festivas renas, e acaba, no
Articulistas deparam-se, vez ou outra, vigésimo artigo, ator de comercial, rodeado
com censuras, veladas ou explícitas. A por veadinhos. Pedro Israel Novaes de Almeida
Engenheiro agrônomo e
censura mais simpática diz respeito à pos- Todo articulista deve ter seu guru, leitor advogado, aposentado.
sibilidade do artigo resultar em processo na sincero, com opiniões acatadas, que critica pedroinovaes@uol.com.br

Justiça, com o autor sendo instado a rever ou elogia com a mesma desenvoltura e boa

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Fevereiro de 2016 • Escola Particular 43
Psicomotricidade

A PSICOMOTRICIDADE
E A MOTIVAÇÃO DO
ALUNO ATRAVÉS DO
CORPO EM AÇÃO
BUSCANDO
A EMOÇÃO

O corpo leva a intenção. Intenções


informadas pela mente, reconhe-
cidas pelo cérebro, que leva a interação
com o mundo, através dos sentidos e
manifesta-se utilizando o corpo como
um instrumento. A corporeidade evolui
por etapas, conforme o crescimento
cronológico. Por isso, a importância das
vivências. É através delas que cada sujeito
torna-se experiente, habilidoso, sendo
determinante para a estruturação neu-
ropsicomotora. O treinamento corporal
é um facilitador para a qualidade da cor-
poreidade. Corporeidade é levar a sentir,
pensar e agir, levando a transformação
do sujeito diante daquilo que vivencia e
aprende. Aprender de corpo inteiro leva
o sujeito a se construir, a ter desejos e
trabalhar seu processo criativo. Corporei-
dade é a essência dos corpos, é utilizar
os espaços e levar ao movimento. O que
facilita sua motivação para realizações.
O aluno motivado demonstra através de
suas ações motrizes e psíquicas, a afetivi-
dade, seus sentimentos. As partes motriz,
referente ao movimento e psíquica, de-
terminante nas atividades socioafetiva
e cognitiva, constituem o processo de A ação psicomotora será trabalhada orientação e estruturação, espaço tem-
desenvolvimento integral da criança. através de dois conceitos básicos para poral, o ritmo, a postura, a percepção,
Todas as experiências da criança (o que a criança desenvolva de forma mais a coordenação, o tônus, o equilíbrio,
prazer e a dor, o sucesso ou o fracasso) plena. Esses conceitos precisam atuar a respiração, o relaxamento. O outro
são sempre vividas corporalmente. Se para mostrar a funcionalidade do corpo conceito é o relacional que leva a criança
acrescentarmos valores sociais que o em movimento, dando à criança a opor- a se utilizar através do próprio em busca
meio dá ao corpo e a certas partes, este tunidade de conhecer a melhor forma de uma afetividade ou não, consigo e
corpo termina por ser investido de sig- de utilizá-lo. Dando harmonia a cada com o outro. Aprender a dialogar com
nificações, de sentimentos e de valores movimento e, dessa forma, facilitar a o seu corpo e entender o diálogo cor-
muito particulares e absolutamente pes- apreensão de cada funcionalidade como poral do outro. Os conceitos relacionais
soais. (P. Vayer, 1984) o esquema corporal, a lateralidade, a facilitam a relação entre esses corpos e

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É fundamental que todos saibam
que esta fase é a fase mais decisiva
da vida de toda criança porque a
fará agir, apreender, descobrir,
inventar, criar, perguntar, resistir,
refazer, dominar, aprender,
retrucar e socializar-se com o
mundo que a cerca e o
mundo externo

nada com a maturação neurológica,


permitindo à criança movimentos mais
complexos, o crescimento e o domínio
corporal, que permitirão maior possibi-
lidade, disponibilidade para realizar ati-
vidades motoras. Os movimentos apren-
didos e apreendidos permitirão a criança
construir instrumentos interiores, pri-
meiro de modo inconsciente e depois
conscientemente. É fundamental que
todos saibam que esta fase é a fase mais
decisiva da vida de toda criança porque a
fará agir, apreender, descobrir, inventar,
criar, perguntar, resistir, refazer, dominar,
aprender, retrucar e socializar-se com o
mundo que a cerca e o mundo externo.
Isso é crescimento, aprendizagem e
desenvolvimento de forma mais abran-
gente e eficiente. A psicomotricidade
não deseja ser exclusiva nem pretende
solucionar todos os problemas surgidos
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e os que podem surgir. Ela necessita da


evolução cognitiva, intelectiva, expres-
siva e motora. Existe um simbolismo com
a intervenção e a mediação dos gestos,
a importância do diálogo tônico, das
habilidades motoras, das posturas por
facilitarão a aprendizagem e a apreensão tos circundantes, observando-os, mane- meio dos movimentos, a comunicação
da expressão, da comunicação, do limite, jando-os. As possibilidades de convivên- mediante a fala por meio das palavras
da agressividade, da afetividade e da cia e partilhas levam ao crescimento nas que ajudam e são capazes de modificar
corporeidade. Segundo Oliveira (2011): O dimensões afetiva, motora e intelectual toda uma conduta.
corpo é uma forma de expressão da indi- de cada criança. Por isso, a necessidade Como disciplina emergente, a psi-
vidualidade. A criança percebe-se e per- de entender como a criança internaliza o comotricidade subentende o estudo
cebe as coisas que a cercam em função conhecimento e assim desenvolve suas de várias áreas científicas, o estudo
de seu próprio corpo. Isto significa que, funções intelectuais superiores. de vários graus de adaptabilidade e o
conhecendo-o, terá maior habilidade para A psicomotricidade auxilia a criança estudo de vários contextos ecológicos
se diferenciar, para sentir diferenças. Ela na sua capacidade de locomoção de e circunstâncias socioculturais. A psico-
passa a distingui-lo em relação aos obje- forma mais autônoma e está relacio- motricidade pode, igualmente, definir-se

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Psicomotricidade

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É importante
salientar que a
psicomotricidade,
uma ação do
sistema nervoso
como uma educação e uma reabilitação
especialmente concebidas, desenhadas central, cria uma espaço e do outro, identificando-se como
um ser valioso. A psicomotricidade desen-
e implementadas para satisfazer as ne-
cessidades desenvolvimentais únicas de consciência sobre volve a motricidade através de atividades
onde são utilizados os elementos básicos,
indivíduos normais e excepcionais, tendo
em vista a realização máxima possível os movimentos como o esquema corporal, lateralidade,
orientação temporal, estruturação es-
do seu potencial humano total. (Vitor da pacial, ritmo, postura, tônus, os quais
Fonseca, 2008, p.9). levam a criança a reconhecer e dominar
Pensando socialmente, o desen- seu próprio corpo, constituindo o seu
volvimento humano é construído por a correções débeis, ela também deve desenvolvimento global e uniforme para
instrumentos e signos, que servem de ser utilizada como ajuda na formação facilitar a aprendizagem, as noções de
mediação na relação da criança com o da criança. Importante na educação tempo e espaço, conceitos, ideias e se o
mundo, através das trocas, de interação infantil, sobretudo na primeira infância desenvolvimento psicomotor da criança
e mediação, considerando as estruturas já que a criança busca experiências em for mal constituído, acarretará prejuízos
biológicas. Para a aprendizagem, que seu próprio corpo, formando conceitos na aprendizagem através da escrita,
está presente na vida da criança desde e organizando o esquema corporal. Cada leitura, direção gráfica, no pensamento
o nascimento, faz com que esta criança movimento deve motivar a criança e abstrato e lógico, entre outras.
adquira informações, habilidades, ati- proporcionar uma capacidade sensorial Em psicomotricidade, o corpo não
tudes, valores, a partir de seu contato através das relações entre o corpo dela é entendido como fiel instrumento de
com a realidade, o meio ambiente e as com o outro ou com os objetos que a adaptação ao meio envolvente ou como
outras pessoas. rodeiam, fortalecer a percepção através instrumento mecânico que é preciso
Cada movimento realizado através do conhecimento de cada movimento e educar, dominar, comandar, automatizar,
dos padrões motores, a criança articula a compreender porque da resposta corpo- treinar ou aperfeiçoar; pelo contrário, o
afetividade, desejos e suas possibilidades ral fornecida por aquele movimento. Os seu enfoque centra-se na importância da
de comunicação, levando-a ao entendi- sinais, os símbolos, a utilização de obje- qualidade relacional e na mediatização,
mento de distintos e variados campos, tos reais e imaginários, fazem a criança visando à fluidez eutônica, à segurança
que nor teiam sua aprendizagem. É organizar, descobrir e expressar suas gravitacional, à estruturação somato-
importante salientar que a psicomotri- capacidades representativa e expressiva gnósica e à organização práxica expres-
cidade, uma ação do sistema nervoso e, dessa forma, facilitar a ampliação e a siva do indivíduo. Fonseca (2008, p. 29)
central, cria uma consciência sobre os valorizar sua identidade e a autoestima, A escola tem e pode ter um papel
movimentos, não está apenas vinculada criando segurança e consciência do seu fundamental neste processo principal-

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Fevereiro de 2016 • Escola Particular 47
Psicomotricidade

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O corpo em
movimento leva ao
desenvolvimento das
funções mentais e sociais
mente quando a educação psicomotora • Atividades de oordenação motora O corpo em movimento leva ao
for trabalhada nas séries iniciais, como fina: (modelar, rasgar, amassar, recortar, desenvolvimento das funções mentais
mencionei acima. Não se pode negar colar, pintar). e sociais, facilitando a liberdade de
que a psicomotricidade levará a criança • Atividades de orientação temporal realizar experiências com o corpo e
a compreender e se conscientizar de e espacial: (atividades rítmicas, andar de assim aprender a construir de forma
cada ação construída em função de um olhos fechados, arremessar e quicar bo- significante a relação, a comunicação
objetivo. A escola também tem que estar las, andar sobre linhas em várias direções, e a aprendizagem. Um meio que pode
ciente de que a criança precisa passar por andar entre objetos). ajudar bastante é o lúdico. O ideal seria
todas as etapas do desenvolvimento, as • Tipos de Jogos: de perseguição, ambientes lúdicos constituindo um
quais irão transformar cada movimento funcionais (exercícios de repetição reali- facilitador da vivência corporal para
num comportamento significante, base zados com o próprio corpo, como mexer motivar a criança favorecendo sua inte-
indispensável para seu desenvolvimento as mãos, balançar a cabeça ritmada- gração e socialização e desenvolvendo
motor, afetivo e cognitivo. Os jogos, as mente, passar objetos de uma mão para a suas capacidades psíquicas e motoras.
atividades lúdicas podem ser utilizadas outra), jogos simbólicos (de imitações de A ludicidade é indispensável para levar
para oportunizar a criança desenvolver objetos, de papéis adultos, de animais). a criança se tornar ativa, dinâmica, sig-
suas aptidões perceptivas. Seria interes- • Sugestões interessantes para ajudar nificativa, motivante, construtora e na
sante que todos os educadores tivessem no desenvolvimento da criança: engati- educação Infantil, a psicomotricidade
como alicerce para as suas atividades a nhar, rolar, balançar, dar cambalhotas, se deve ser trabalhada constantemente,
psicomotricidade. Dessa forma, a jor- equilibrar em um só pé, andar para os la- pois é o momento adequado para o
nada acadêmica poderia ser através de dos, equilibrar e caminhar sobre uma linha desenvolvimento psicomotor. O brincar
atividades psicomotoras para serem tra- no chão e materiais variados (passeios ao na perspectiva psicomotora na edu-
balhadas as habilidades de cada criança. ar livre), subir/ descer entre outras. Pode- cação infantil, contribui na formação
Tais como: se afirmar, então, que a recreação, através corporal, afetiva e cognitiva e torna
• Atividades para esquema corporal: de atividades afetivas e psicomotoras, mais atrativa e eficiente o processo
(mímica, escultura, desenhar, pintar ou constitui-se num fator de equilíbrio na vida ensino-aprendizagem, provocando e
montar partes do corpo). das pessoas, expresso na interação entre desencadeando a realização de de-
• Atividades de coordenação motora cognição e corpo, a afetividade e a ener- terminadas atividades. Para Almada
global: (andar, rolar, engatinhar, relaxar, gia, o indivíduo e o grupo, promovendo a (1999, p.10) “as atividades lúdicas são
correr, chutar bolas). totalidade do ser humano. indispensáveis para a apreensão dos

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Fátima Alves é autora dos livros
“Psicomotricidade: corpo, ação
e emoção”, em que apresenta
um estudo integrado, mostran-
do como pode ser útil conhecer
a aplicar a psicomotricidade no
O movimento ajuda a criança a dia-a-dia e “A Psicomotricidade
adquirir conhecimento do mundo que e o Idoso: uma educação para
a saúde”, que mostra subsídios
a rodeia através do seu corpo, das para a organização, de um
programa de informações por
percepções e sensações meio da educação, reeducação
e terapia psicomotora voltada
conhecimentos artísticos e estéticos, Uma das principais compreensões para o idoso. Publicados pela
pois possibilitam o desenvolvimento da que a criança tem através da psicomotri- Wak Editora.
percepção, da imaginação, da fantasia e cidade é a forma como a criança toma
dos sentimentos”. O movimento ajuda consciência do seu próprio corpo e das
a criança a adquirir conhecimento do possibilidades de se expressar por meio
mundo que a rodeia através do seu cor- dele, ajudando na localização desse corpo
po, das percepções e sensações. Sem num tempo e num espaço. É fundamental
dúvida nenhuma este conhecimento es- compreendermos que cada criança é
tará ligado aos aspectos, social, afetivo, uma criança e todas elas deverão passar
motor, cognitivo, dando condições para por todas as etapas do desenvolvimento
se desenvolver no próprio ambiente. necessárias para o aperfeiçoamento de Fátima Alves
O lúdico direcionado num contexto de cada gesto, movimento que irão permitir Sócio-terapeuta Ramain-Thiers,
Psicomotricista, Mestre em
jogos motores é uma maneira interes- aquisições significativas a nível motor, Ensino de Ciências da Saúde
e do Ambiente. Docente e
sante para levar a criança expressar afetivo e cognitivo. O trabalho com a psi- Orientadora da AVM Faculdade
a sua individualidade, reconhecer-se, comotricidade favorece a criação de uma Integrada. Docente e orientadora
da Laureate International Universities IBMR Centro
perceber as coisas que a cerca. O que base psicomotora sólida dando suporte a Universitário. Presidente da ABP, gestão 2008/2010.
Conselheira da ABP.
podemos entender que a ludicidade é outras aprendizagens mais complexas. •
um instrumento educativo imprescin-
dível para a aprendizagem infantil.
O movimento, o brinquedo, os jo- Referências Bibliográficas
gos tradicionais da cultura popular
preenchem de alguma forma determi- FONSECA, V. da. Desenvolvimento psicomotor e aprendizagem (recurso eletrônico. Porto
Alegre: Artmed, 2008
nadas lacunas na rotina das salas de aula.
FONSECA, V. Terapia Psicomotora: estudos de casos. 1. ed. Petrópolis, 2008. 509 p
Em algumas escolas podemos encontrar
as músicas coreografadas no início dos MATTOS, Mauro Gomes de; NEIRA, Marcos Garcia. Educação física infantil: construindo o
movimento na escola. 4. ed. Guarulhos: Phorte, 2003.
trabalhos, o momento do parque livre
ou dirigido, os caminhos com jogos ou VAYER, P. O Equilíbrio Corporal: uma abordagem dinâmica dos problemas da atitude e do
comportamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984
materiais lúdicos. (MATTOS E NEIRA,
2003, p.176)

Fevereiro de 2016 • Escola Particular 49


Crítica

Na cidade de Santa Bárbara, na madrugada de 28 de novembro de 2015. Hotel Florenza. 2h39.

Texto escrito ali e lido às 9h15, no início de uma palestra para cerca de 400 educadores da Rede Municipal de Educação
desta cidade, a qual fica a 100 quilômetros de Mariana.

ABAIXO-ASSASSINADOS
N ós, os abaixo assinados, declaramos
que morremos não por causas inde-
terminadas, mas por absoluta negligência,
useiro e vezeiro nesta pátria esconder
episódios, minimizar ocorrências, camuflar
estatísticas, dizimar números, diminuir cul-
e espécies endêmicas que, sem dúvidas,
seremos extintos sumariamente.
• Nós, as terras de 15 km² e os 663
desleixo e falta de vergonha de diversas e pabilidades e suavizar dolos. Para se livra- km de rios (Rio Gualaxo do Norte, Rio do
diferentes pessoas. Não foi um acidente rem da Justiça, os poderosos valem-se das Carmo, depois o Doce), os ecossistemas
ou um desastre, foi um crime, uma delin- mais ultrajantes tramoias, falsos artifícios, marginais, as vegetações nativas e o
quência. além de injuriosas mentiras; neste mesmo ambiente marinho, soterrados em uma
Nós, mortos e assassinados, mesmo diapasão viaja a mídia. delinquente onda de lama de rejeitos
com pouco poder para tanto, mas com Convocamos o povo brasileiro que, de mineração estimada em 55 milhões
muito moral, depomos de seu cargo a por nossas mortes, não façam um minuto de m³.
Presidenta do Brasil, (responsabilizada de silêncio, todavia saiam às ruas para • Eu, uma esguia capela erguida em
pelo “Código de Mineração”), aquela que protestar. Pedimos sejam suspensas as 1718, da qual nem um só banco restou.
demorou 7 dias para se dignar nos visitar festas de fim de ano e as do carnaval, pois • Todas as casas e pertences dos mora-
e, hoje, passados 23 dias do acorrido, não o país está de luto. Luto significa agonia, dores do pacato e sereno Distrito de Bento
tomou as medidas drásticas que a grandeza amargura, desgosto, dor. Este povo Rodrigues, o seu solo, as suas árvores e os
de seu cargo exigiria. Destituímos sumari- brasileiro não pode perder a capacidade animais mortos.
amente os Ministros de Estado, todos de indignar-se! • E por fim, nós, as águas de dezenas
aqueles responsáveis diretos. Depomos o Assinam: e dezenas de quilômetros de um Oceano
Prefeito da cidade de Mariana, seus secre- • Nós, as dezenas de pessoas assas- pacífico, que cerca este pobre país, hoje de
tários e seus fiscais; todos (i) responsáveis. sinadas na cidade de Mariana, as que nem luto, curvado e humilhado. •
Mandamos para a prisão os presidentes ou puderam ser reconhecidas e as ainda
donos das 3 empresas: Samarco, Vale e BHP desaparecidas.
Billiton. Se não se dizem “culpados”, são os • Eu, o Rio Doce, morto, crucificado e
responsáveis pelo mar de lama; cúmplices sepultado. Paulo Afonso Ronca
Doutor em Psicologia Educacional
de uma governamental gestão ambiental • Nós, das 300 toneladas de peixes pela UNICAMP, diretor do
desmantelada e falida. asfixiados e já sem vida. Instituto Esplan e autor de 13
livros, entre eles de Senta e
Infelizmente, não temos dúvidas que • Nós, pertencentes à fauna local, os Pensa – Construindo os Limites
na Infância.
sabemos só “metade da missa”, pois é animais aquáticos dos rios enlameados

50 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Fevereiro de 2016 • Escola Particular 51
Classieeesp

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AGENDA de obrigações • MARÇO DE 2016 •


• 04/03/2016 SALÁRIOS - ref. 02/2016 • 18/03/2016 INSS (Empresa) - ref. 02/2016
• 07/03/2016 FGTS - ref. 02/2016 PIS – Folha de Pagamentos - ref. 02/2016
CAGED - ref. 02/2016 SIMPLES NACIONAL - ref. 02/2016
E-Social (Doméstica) - ref. 02/2016 • 18/03/2016 COFINS – Faturamento - ref. 02/2016
PIS – Faturamento - ref. 02/2016
• 08/03/2016 ISS (Capital) - ref. 02/2016
• 30/03/2016 IRPJ – (Mensal) - ref. 02/2016
• 11/03/2016 EFD – Contribuições - ref. 01/2016
CSLL – (Mensal) - ref. 02/2016

Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade • helpescola@helpescola.com.br • (11) 3399-5546 / 3399-4385

52 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Fevereiro de 2016 • Escola Particular 53
Cursos

54 Escola Particular • Fevereiro de 2016


Fevereiro de 2016 • Escola Particular 55
56 Escola Particular • Fevereiro de 2016

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