Sei sulla pagina 1di 68

Centro de Ciências e Exatas e da Terra – CCET

Departamento de Geologia

PRINCÍPIOS DE
FOTOGRAMETRIA
Notas de Aula para os Cursos de Engenharia Civil e Geologia

DOCENTES:
Prof. Dr. Francisco Hilário Rego Bezerra – (E-mail: bezerrafh@geologia.ufrn.br)
Prof. Dr. Venerando Eustáquio Amaro – (E-mail: amaro@geologia.ufrn.br)

COLABORAÇÃO:
Leonete Cristina de Araújo Ferreira – Monitora da disciplina CIV310
Fotogrametria, 2003

Natal/RN – Março de 2003.


UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

O presente trabalho pretende fornecer aos


alunos dos cursos de engenharia civil e geologia
uma compreensão da importância das
fotografias aéreas em diversos setores do
conhecimento. Constitui-se, portanto, de um
resumo dos princípios de fotogrametria e
característica das fotografias aéreas, baseado
em livros e cursos sobre o assunto que datam de
1955 aos dias atuais.

2
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................4
FOTOGRAMETRIA ............................................................................................................5
CÂMARAS FOTOGRÁFICAS ..........................................................................................7
TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE FOTOGRAFIAS AÉREAS................................14
VÔOS FOTOGRÁFICOS E RECOBRIMENTO AEROFOTOGRÁFICOS ..............21
ESTEREOSCOPIA E ESTEREOSCÓPIOS.................................................................25
EXAGERO VERTICAL EM FOTOGRAFIAS AÉREAS .............................................35
DISTORÇÕES EM FOTOGRAFIAS AÉREAS ............................................................38
MEDIDAS FOTOGRAMÉTRICAS .................................................................................43

PRODUTOS AEROFOTOGRAMÉTRICOS ................................................................67


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................68

3
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

1. INTRODUÇÃO

A utilização de fotografias aéreas para o estudo de objetos no terreno foi


aplicada pela primeira vez em 1849 pelo exercito francês. Em 1958, Gaspar Felix
Tournachon Nadar obteve fotos aéreas de um balão a uma altitude de 1.200 pés
sobre Paris. A partir de então, o emprego de fotografias aéreas tem tido um
significativo papel em diversos ramos do conhecimento humano.
O uso de fotografias aéreas possibilita a obtenção de dados qualitativos e
quantitativos em diversas áreas das ciências e engenharias. Na maioria das
regiões, a análise das fotografias aéreas oferece uma enorme vantagem em
relação ao trabalho de campo, sendo, em muitos casos, um complemento
indispensável deste ultimo. As fotos aéreas são de vital importância em trabalhos
que envolvem grandes áreas, possibilitando a determinação rápida de alguns
parâmetros que seriam difíceis, demorados ou onerosos se obtidos unicamente
no campo.
Alguns exemplos das aplicações da fotogrametria são:
Estudos pedológicos;
Estudos florestais;
Estudos geológicos;
Estudos climáticos;
Estudos morfométricos de bacias hidrográficas.
Elaboração de mapas topográficos planialtimétricos, mapas
temáticos, fotoíndices e mosaicos;
Tributação e cadastramento urbano ou rural;
Projetos ambientais, rodoviários, ferroviários, de obras (Ex: Pontes,
canais, barragens, oleodutos, linhas de transmissão, etc), de
planejamento e desenvolvimento rural e urbano; de melhoramento
de rios e portos, de controle à erosão e às cheias;

4
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

2. FOTOGRAMETRIA
Fotogrametria é a ciência, tecnologia e arte de obter informações sobre
alvos físicos e do meio através de processos de registro, medições e
interpretações de imagens fotográficas e padrões registrados de energia
eletromagnética.
A finalidade da fotogrametria é realizar medições sobre fotografias para a
elaboração de mapas, onde os alvos no terreno serão estudados.
A fotogrametria divide-se em dois ramos. O primeiro deles é a
Fotogrametria Métrica, que executa medidas precisas e computações para
estabelecer a forma e o tamanho dos objetos fotografados. O segundo é a
Fotogrametria Interpretativa que é responsável pelo reconhecimento e a
identificação dos objetos fotografados. Ambas têm uma relação direta com o
sensoriamento remoto.
Definições básicas2:
¬ Eixo Ótico: é a reta determinada pelos centros de curvatura das superfícies
esféricas que formam as faces da lente. Passa pelo centro da fotografia ou
ponto principal (PP).
¬ Centro Ótico: é o ponto (no sistema de lentes) onde os raios incidem e não
sofrem desvios (H).
¬ Ponto Focal ou Foco (F): ponto de convergência dos raios incidentes
paralelos ao eixo ótico, que está situado sobre este eixo.
¬ Plano Focal ou Plano Imagem ou Plano de Foco Infinito: plano
perpendicular ao eixo ótico e que passa pelo ponto focal.
¬ Distância Focal: é a distância ente o ponto focal, situado no plano focal, e o
centro ótico, do sistema de lentes. Determinada através da lei física:
Onde:
1=1+1 f: distância focal
f i o
(04) i: distância imagem (das lentes ao plano focal)
o: distância objeto (das lentes ao objeto)

5
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Classificação da fotogrametria quanto ao tipo espacial da câmara2:


Fotogrametria terrestre: As fotografias utilizadas são obtidas a partir de
estações fixas sobre a superfície do terreno e o eixo ótico da câmara é na
horizontal. A fotogrametria terrestre pode ser topográfica e não topográfica.
Fotogrametria Aérea: As fotografias utilizadas são obtidas de estações
móveis no espaço (avião, ultraleve ou balão), com o eixo ótico da câmara na
posição vertical ou inclinado.
Fotogrametria Espacial: As imagens utilizadas são obtidas por estações
móveis externas à atmosfera terrestre ou utiliza fotografias feitas com câmaras
balísticas (câmaras fixas na superfície da terra e/ou da Lua).
A fotogrametria pode ainda ser classificada quanto ao tipo de tratamento
dado às fotografias aéreas:
Numérica: Quando todo o processo de transformação da imagem fotográfica
em mapa é realizado matematicamente pelo computador.
Digital: Neste caso, além do processo de restituição fotogramétrica ser
realizado pelo computador, a fotografia e o mapa gerado podem ser
armazenados em meio magnético na forma imagem.
2.1. Exercícios:
1. Qual é a distância imagem de um objeto situado a 50 m de uma câmara
com distância focal de 75 mm? 2
2. Qual é a distância imagem de um objeto situado a 5000 m de uma câmara
com distância focal de 75 mm? 2

6
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

3. CÂMARAS FOTOGRÁFICAS

3.1. Generalidades
O funcionamento das câmaras fotográficas assemelha-se ao
comportamento do olho humano e, da mesma forma, apenas registram em seus
produtos a faixa visível do espectro eletromagnético. As câmaras fotográficas
podem ser terrestres ou aéreas, como exemplificadas nas figuras 01 e 02. A
tabela 01mostra as principais diferenças entre as câmaras aéreas e terrestres.

Figura 01 - Câmara Terrestre Figura 02 – Câmara Aérea

Tabela 01 – Quadro comparativo entre os tipos de câmaras fotogramétricas


Característica Câmara Terrestre Câmara Aérea
Durante o tempo exposição Fixa Movimento com velocidade
constante
Objeto fotografado Geralmente fixo Fixo ou móvel
Tempo de Exposição Relativamente longo Bastante curto
Emulsão Utilizada Baixa sensibilidade e Elevada sensibilidade
granulação fina
Formato do Filme Pequeno Grande
Funcionamento Manual ou automático Completamente automático

7
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

3.2. Câmaras terrestres

As câmaras terrestres podem ser de dois tipos:


Métrica: determinam a forma e a posição do objeto com precisão;
Não métrica: produzem fotografias de qualidade, no entanto não se
preocupam com a precisão geométricas dos objetos fotografados.

3.3. Câmaras Aéreas2

Esse tipo de câmara permite o conhecimento exato dos seguintes


parâmetros: distância focal (f), posição das marcas fiduciais, eixo ótico, plano
focal e formato da fotografia. 2
3.3.1. Classificação das câmaras aéreas
a) Quanto ao ângulo de campo:

Figura 03 – Ângulo de campo


O ângulo de campo é o ângulo de abrangência da câmara. Os principais
tipos de câmaras aéreas segundo o ângulo de campo são mostrados na Tabela
02.

8
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Tabela 02 – Tipos de câmaras aéreas segundo o ângulo de campo


Ângulo de Tipo Produto Emprego
Campo
α < 50º Pequeno Fotografias de − Trabalhos de reconhecimento com
ângulo pequeno fins militares;
− Vôos muito altos, para confecção
de mapas de áreas urbanas
densas;
− Confecção de ortofotomapas e
mosaicos de áreas urbanas com
construções muito altas.
50º = α < 75º Normal Fotografias de − Trabalhos cartográficos;
ângulo normal − Confecção de mosaicos e
ortofotomapas de áreas urbanas
não muito densas;
− Mapeamento de regiões com muita
cobertura vegetal.
75º = α < Grande- Fotografias de − Trabalhos cartográficos com maior
100º angular ângulo grande economia;
− Serviços de aerotriangulação;
− Confecção de mapas topográficos;
− Elaboração de mapas em grandes
escalas;
− Medições fotográficas.
α = 100º Super- Fotografias de − Trabalhos cartográficos coma
grande- ângulo muito vantagem de uma cobertura
angular grande fotográfica muito maior.

b) Quanto à distância focal (f):


Segundo esse critério as câmaras fotográficas aéreas são classificadas
conforme indicado na tabela 03, abaixo.

9
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Tabela 03 – Tipos de câmaras aéreas segundo a distância focal


Distância Tipo Associação Emprego
Focal (f)
55 = f = 100mm Pequena Câmara Super-grande- Cartografia convencional
angular
152 = f = Normal Câmara Super-grande- Cartografia convencional
210mm angular ou normal
305 = f = Grande Câmara Fotográfica de Militar
610mm ângulo pequeno

c) Quanto ao formato:
c.1) Câmara com formato: Existência das marcas fiduciais (laterais ou nos
cantos da fotografia). As marcas fiduciais podem ter: 18x18cm, 12x18cm e
23x23cm, ou ainda, 23x46cm (formato especial).
c. 2) Câmara sem formato:
Tipos:
§ De faixa contínua: a passagem da luz é contínua e é feita através
de uma fenda. O avanço do filme é sincronizado coma a
velocidade da imagem.
§ Panorâmica: Utiliza sistemas de varredura lateral perpendicular à
linha de vôo, além de sistemas óticos giratórios de varreduras.
d) Quanto ao uso e finalidade classificam-se em:
Câmara Área Cartográfica ou Métrica;
Câmara Área de Reconhecimento;
Câmara Área Especial

10
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

3.3.2. Principais componentes das câmaras aéreas 2:

Figura 04 – Esquema contendo os principais elementos das câmaras métricas aéreas.


Elementos:
Magazine:
É um compartimento fechado que acomoda os rolos de filme e também os
dispositivos de planificação e avanço.
Corpo:
Engloba um mecanismo que fornece e controla a energia destinada a
operar a câmara. Esse mecanismo obedece a um ciclo que envolve o final de
uma exposição e o início de outra.
Cone:
Suporta o sistema de lentes (objetiva), e o cone interno.
Lentes:
As lentes estabelecem a convergência dos raios luminosos procedentes de
um alvo, projetando-os sobre o plano focal.
Obturador:
Sua função é controlar o tempo de exposição da imagem. Esse tempo varia
em relação à altura do vôo, à velocidade do avião e à iluminação da imagem.
Diafragma:
É o elemento que controla a quantidade de luz que atinge o filme durante o
tempo de exposição. 2

11
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

A iluminação da imagem está relacionada com a distância focal e à


abertura do diafragma. É proporcional à quantidade de luz que atravessa a
abertura das lentes e à área de abertura (p d2 /4, onde d é o diâmetro do
diafragma), logo, proporcional a d2 . A iluminação também está relacionada com a
da distância imagem (distância das lentes até o plano focal) na proporção de:
iluminação = 1/i 2, onde i é a distância imagem. Quanto o objeto está situado no
infinito, tem-se que, a distância imagem é aproximadamente igual à distância
focal, ou seja, i=f. 1
Conclui-se então que:
Onde:
Iluminação = d2
f2 (01) d: diâmetro de diafragma
f: distância focal
A partir disso, surge o conceito de fator de iluminação como sendo a
relação entre o diâmetro do diafragma e à distância focal da câmara e o de fator
de diafragma, inverso do fator de iluminação.

Fator de Iluminação = d Fator de diafragma (“f-stop”) = f


f d

(02 ) (03)
Filtros: Os filtros permitem reduzir efeitos da névoa atmosférica, fazem a
distribuição homogênea da luz, protegem a lente das partículas em suspensão
durante a decolagem e o pouso do avião e permitem a absorção de cores para
evidenciar contrastes entre os objetos fotografados. Abaixo, apresentam-se os
tipos e finalidades dos filtros usados em câmaras fotográficas.2

12
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Tabela 04 – Tipo e Finalidade dos Filtros2.


Filtro Finalidade
Amarelo − Absorve o azul e o ultravioleta;
− Escurece o azul do céu e destaca as nuvens.
Azul − Absorve o vermelho, o amarelo, o verde e o ultravioleta;
− Clareia os objetos azuis e acentua névoa atmosférica.
Ciano − Absorve o vermelho;
− Ressalta objetos azuis e verdes.
Magenta − Absorve o verde;
− Ressalta objetos vermelhos e azuis.
Polarizador − Elimina reflexos e brilhos causados pelo ultravioleta e
pelo azul;
− Escurece o céu, clareia as nuvens e elimina o brilho das
superfícies aquáticas.
Verde − Absorve o azul, o vermelho e o ultravioleta;
− Escurece o céu e clareia a vegetação.
Vermelho − Absorve o azul, o vermelho e o ultravioleta;
− Clareia objetos vermelhos e amarelos, escurece o azul
da água e do céu e elimina a névoa.

3.4. EXERCÍCIOS
1. Estabeleça uma comparação entre as câmaras fotográficas e o olho
humano.
2. Pesquise sobre as causas dos defeitos que podem surgir nas imagens em
conseqüência de imperfeições nas lentes e como eles afetam a qualidade
da fotografia.
3. Considerando-se uma câmara aérea de distância focal igual a 152 mm com
um formato de negativo de 23cmx23cm, calcule a abertura do ângulo de
campo e, em função deste, determine o tipo de câmara utilizado. 2

13
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

4. TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE FOTOGRAFIAS AÉREAS

4.1. Considerações gerais

As fotografias aéreas fornecem informações que são captadas pelas


câmaras fotográficas e servem de base para determinação da localização de
objetos no espaço, através do artifício da visão estereoscópica. Para que esses
procedimentos sejam eficientes é preciso conhecer alguns parâmetros de
fundamental importância para análises fotográficas.
Os problemas envolvidos durante a interpretação das informações
provenientes das fotografias são: 2
¬ Geométricos: devido à forma e ao tamanho dos objetos;
¬ Físicos: devido à propagação da luz nos diversos meios;
¬ Fisiológicos: relativos à visão binocula r do observador;
¬ Psicológicos: relativos à percepção imediata do objeto analisado,
pelo observador, de forma ordenada e lógica.
Os registro das imagens do terreno são feitos em relação aos aspectos
fisiográficos (topografia, vegetação e drenagem) e apresentam-se diferenciados
na forma, no tamanho, na tonalidade, na cor, na sombra, na textura, no padrão e
nas adjacências. Essas diferentes apresentações permitem fazer a distinção dos
alvos do terreno.
O filme fotográfico apresenta várias camadas, representadas
esquematicamente na figura 05, abaixo:

Figura 05 – Perfil Esquemático de um Filme Fotográfico

14
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Um parâmetro de extrema importância na fotointerpretação é a resolução


fotográfica. A resolução espacial é expresse em linha/mm (Rl/mm) e é definida
como a medida de linhas brancas e pretas, intercaladas e paralelas entre si, que
podem ser observadas sobre a fotografia numa faixa de 1 mm de largura. A
resolução da fotografia aérea pode ainda ser expressa em mais duas unidades,
em segundos de arco (R”) e em metros (Rm). As resoluções são calculadas com
as fórmulas apresentadas na Tabela 05, abaixo:
Tabela 05 – Fórmulas para determinação da resolução de uma fotografia aérea
Unidade Fórmula Parâmetros envolvidos
Segundos de R” = 4,5 dl: diâmetro da lente em polegadas
arco dl
linha/mm Rl/mm = 1500 “f-stop”: fator do diafragma
“f-stop”
metros Rm = E___ E: módulo de escala da fotografia
1000. Rl/mm

De posse do valor da resolução fotográfica é possível determinar o menor


objeto detectável em uma fotografia. O tamanho do menor objeto detectável é
cinco vezes menor que o tamanho do menor objeto identificável ou reconhecível.
É pertinente mencionar que nitidez e resolução não possuem o mesmo
significado. A nitidez está relacionada com a qualidade do sistema de lentes e
com a precisão da câmara, enquanto a resolução está relacionada com a
qualidade e sensibilidade da emulsão do material fotográfico e com a natureza do
material fotografado.

4.2. Tipos de fotografias aéreas


As fotografias aéreas são classificadas normalmente de acordo com a
inclinação do eixo ótico em relação ao terreno. Na figura 06, para simplificação,
considere que o terreno é plano e que o mesmo é cortado por uma rede de linhas
ortogonais igualmente espaçadas entre si. Considere O o centro do sistema
fotográfico, H a altura do vôo, f a distância focal, e N o nadir da foto, isto é, a linha
vertical que passa pelo centro ótico e é aproximadamente perpendicular ao
terreno.

15
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

A figura 06 mostra como aparece a fotografia depois de pronta e os tipos


6
de fotografias aéreas segundo o comportamento do eixo ótico. A coluna da
esquerda mostra como aparece a foto depois de pronta; a coluna central
apresenta a posição da aeronave em relação ao terreno em uma visada
perpendicular à linha de vôo; e a coluna da direita mostra a área do terreno
fotografada em cada foto, tal como apareceria se fosse vista em uma carta
topográfica. De acordo com as características das três colunas, podemos
classificar as fotografias aéreas em três tipos principais:
• Fotografias aéreas oblíquas altas - o eixo ótico está inclinado com relação ao
terreno e a linha do horizonte aparente ou visível é observada na foto. A escala
é constante ao longo das linhas paralelas à c1d1, mas diminui
consideravelmente de a1 para d1 e de b1 para c1 . Note na primeira coluna da
fotografia aérea oblíqua alta que os quadrados se deformam e tornam-se cada
vez mais achatados (trapezoidais) a medida que se caminha para a linha do
horizonte. Note também que na visão de perfil do vôo fotogramétrico a
interseção do eixo ótico com o terreno P1 é plotada bem distante de N. As
linhas que convergem para a linha do horizonte encontram-se no chamado
horizonte verdadeiro, que é a reta de interseção do plano da foto com o plano
horizontal que passa por O. As fotografias aéreas oblíquas altas cobrem
grandes extensões do terreno e ainda hoje são bastante usadas. 4,6

Fotografias aéreas oblíquas baixas - o eixo ótico está inclinado com relação ao
terreno, mas a linha do horizonte aparente ou visível não aparece na fotografia
aérea. A área do terreno coberta é menor. A interseção do eixo ótico com o
terreno e P2 encontram-se mais próxima de N. As demais propriedades
observadas na fotografia aérea obliquam alta se repetem aqui, mas a variação
de escala perpendicularmente à linha de vôo é menos acentuada.

Fotografias aéreas verticais - o eixo ótico forma um ângulo de
aproximadamente 90o com o terreno, e a inclinação do eixo ótico com relação a
uma linha vertical imaginária é menor que 3o; N e P3 (interseção do eixo ótico
com o terreno) são coincidentes; a variação de escala é menos acentuada se
comparada com os outros tipos de fotografias aéreas e em casos de áreas
planas, tal variação é quase desprezível. 6

16
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 06 – Relações geométrica dos tipos de fotografias aéreas. A coluna da esquerda


representa a foto em planta; a coluna da direita representa o vôo fotogramétrico visto de
perfil; a coluna da direita representa a disposição espacial das linhas ortogonais vistas no
terreno. Letras e símbolos são explicados no texto6.

17
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

As fotografias aéreas verticais têm um grande uso em fotogrametria, pois


são empregadas para medições rápidas sobre o terreno como distâncias
horizontais e verticais, áreas, inclinação de encostas, mergulho e espessura de
camadas. A maioria dessas medições não pode ser realizada em fotografias
aéreas oblíquas devido às grandes variações de escala e distorções associadas.
As fotografias aéreas oblíquas possuem, entretanto, uma série de
vantagens não existentes nas fotografias verticais. A fotos aéreas oblíquas são
usadas comumente para observações qualitativas. Elas mostram uma visão mais
natural do terreno, pois costumamos ver as coisas de forma oblíqua e não de
cima, como nas fotografias aéreas verticais. As fotos oblíquas geralmente evitam
coberturas de nuvens em épocas ou áreas onde o tempo não facilita fotos
verticais. Outras vantagens das fotos oblíquas é que elas conseguem fazer
imagem de objetos debaixo de árvores, pontes, torres, construções, além de
falésias e cavernas que podem não aparecer em fotografias aéreas verticais.
Alturas de alvos podem ser feitas em fotos oblíquas com mais precisão que em
fotos verticais. Além disso, podem-se usar câmaras mais baratas para obtenção
de fotografias aéreas oblíquas, já que as mesmas não necessitam da precisão
requerida em fotografias aéreas verticais. 4

4.3. Características das fotografias aéreas verticais


Discutiremos aqui as principais características de fotografias aéreas
verticais que serão usadas durante o curso. As principais propriedades envolvem
relação negativo/positivo e as marcas laterais, também chamadas de fiduciais.
Uma das mais importantes características das fotografias aéreas é a
relação negativo/positivo. Em fotografias aéreas verticais, a relação entre o
negativo e o positivo é 1:1, ou seja, não há ampliações. Assim, muitos detalhes
não percebidos numa primeira observação podem ser identificados com o uso de
lupas. Os negativos têm geralmente tamanho 23cm x 23cm ou 18cmx18cm(ver
página 09).6 As fotos a serem usadas no presente curso encontram-se no primeiro
caso.
Outra grande característica das fotografias aéreas verticais são as marcas
laterais, definidas como fiduciais, que permitem várias informações importantes
sobre as fotos e o vôo. As marcas fiduciais permitem traçar o centro da foto, como

18
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

mostra a figura 07. Este ponto deve ser conhecido antes de qualquer operação
que envolva medições em fotografias aéreas e deve ser marcado ligando-se
marcas opostas e encontrando-se o ponto principal da foto (PP).

Figura 07 – Marcas fiduciais em fotografias aéreas verticais e localização do


ponto principal de uma fotografia2
4.4. Geometria básica da fotografia aérea – Definições básicas2:

Esta geometria é representada pelos elementos definidos abaixo e


ilustrados na fig. 08:
¬ Estação de exposição (O): é o nome dado à posição do centro
perspectivo (ponto nodal ou centro ótico) no instante da tomada da
fotografia.
¬ Altitude de Vôo (Ho): é a distância vertical, em metros, entre a
Estação de exposição e o Geóide (nível médio do mar).
¬ Altura do vôo (H): é a distância vertical, em metros, entre a estação
de exposição e um plano qualquer de referência do terreno.
4.5. Exercícios:
1. Os aspectos fisiográficos do terreno são apresentam-se na fotografia
diferenciados na forma, no tamanho, na tonalidade, na cor, na sombra, na
textura, no padrão e nas adjacências. Exemplifique como esses elementos
de reconhecimento contribuem para a interpretação da fotografia.
2. Pesquise sobre a função dos componentes do material fotográfico, com
base nos itens identificados na figura 05.

19
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

3. Qual a resolução, em linhas/mm, de uma imagem fotográfica obtida por


uma câmara de distância focal igual a 50 mm e diafragma com diâmetro de
12,5 mm? 2
4. Foram obtidas fotografias em que se podiam identificar e contar objetos de
60 cm e 90 cm. A resolução da câmara é de 25 linhas/mm. Determinar a
escala da fotografia para ambos os casos. 2
5. Pesquise e estabeleça uma comparação entre a fotografia aérea e mapa
topográfico.

Figura 08 – Esquema da geometria de uma fotografia aérea perfeitamente vertical 4

20
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

5. VÔOS FOTOGRÁFICOS E RECOBRIMENTO


AEROFOTOGRÁFICOS

5.1. Generalidades:
Quando se deseja fotografar uma área, é necessário elaborar um
planejamento do vôo, o qual, entre outros fatores, inclui a determinação da altura
do vôo, escala das fotografias aéreas, distância focal, tipo de filme e rota de vôo,
entre outros. A rota de vôo é geralmente orientada segundo a direção N-S ou E-W
e a seqüência de fotografias tiradas ao longo de uma linha de vôo é denominada
de faixa de fotografias aéreas.6
Durante o vôo, a aeronave é mantida a uma velocidade constante e as
fotografias aéreas são tiradas a intervalos de tempo iguais de modo a permitir que
todos os alvos fotografados no terreno apareçam pelo menos duas vezes em
duas fotografias aéreas consecutivas, que podem ser usadas para visão
estereoscópica6. Esta área, fotografada pelo menos duas vezes, é denominado de
recobrimento ou superposição.
5.2. Zona de Superposição Longitudinal ou Recobrimento Longitudinal
É a faixa da fotografia aérea que registrou porções iguais do terreno ao
longo da linha de vôo, ou seja, na mesma direção, entre uma foto e sua
consecutiva, conforme a ilustração da figura 09A. A retirada de fotos
consecutivas que registrem as mesmas partes do terreno é necessária para que
haja uma cobertura fotográfica correta. O recobrimento longitudinal deve , no
mínimo, de 60%, para que os pontos no terreno sejam fotografados pelo menos
duas vezes ou, em alguns casos, até três vezes.
O recobrimento longitudinal2 (Rlong ) é dado por:
Rlong = [ Ct - B] .100 Ct = l.E
Ct (05) (06)
Onde:
Ct: Medida correspondente no terreno do lado do negativo da foto
B: aerobase
l : tamanho do lado do negativo
E: Escala da foto

21
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Na figura 09, vê-se que B no terreno corresponde á distância b na foto, que


é a distância entre duas estações de exposição fotográfica. A distância B no
terreno é conhecida como aerobase e sua correspondente b na foto são definidas
como fotobase. 2 Na prática, a fotobase pode ser definida como a distância entre
um dos pontos principais e o ponto transferido na mesma foto (PC1 e PT2
respectivamente). Pode-se também dizer através da figura 09 que a escala da
foto (Ef) é:
Ef = b/B.
(07)
Em alguns casos, o recobrimento longitudinal sofre desajustes provocados
por desvios na linha de vôo em conseqüência de fatores como o vento. Assim, a
deriva da aeronave provoca um certo grau de desajuste no recobrimento como é
mostrado na figura 10. Para evitar tais desajustes, a aeronave e a Câmara
fotográfica deverão estar corretamente orientados, permitindo que o avião siga
uma trajetória próxima da linha de vôo preestabelecida e que o recobrimento
longitudinal e lateral não sofram problemas. Na prática, linhas de vôo
perfeitamente retilíneas e recobrimentos ideais não são observados. Por isso, é
comum encontrar fotos consecutivas ligeiramente inclinadas entre si. Na figura 10
pode-se observar um exemplo de desajuste de recobrimento longitudinal e
conseqüente imperfeição no recobrimento ideal.6
5.3. Zona de Superposição Lateral, Recobrimento Lateral ou Recobrimento
entre Faixa
Neste caso, a cobertura fotográfica é realizada em direções paralelas, ou
seja, o recobrimento lateral é obtido entre duas linhas consecutivas de vôo, como
mostra a figura 09B. A superposição lateral entre duas faixas deve ser, no
mínimo, de 30% e é feita como uma margem de segurança para evitar falhas na
cobertura do terreno, de forma que nenhum dos pontos do terreno deixem der ser
fotografados em duas linhas consecutivas de vôo. 2
O recobrimento longitudinal2 (Rlat ) é dado por:
Rlat = [ Ct - W] .100 W = D faixa = (1 – Rlat). C t
Ct (08) (09)
Onde:
W = D faixa : Distância entre as linhas de vôo

22
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 09 – Recobrimento em fotografias aéreas verticais. A – Recobrimento


longitudinal; B – recobrimento lateral. Em ambos os casos, a fotografia é representada
pelo plano horizontal imediatamente abaixo da aeronave. H = altura de vôo, b =
fotobase 6

23
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

B
b
Figura 10 – Recobrimento fotográfico durante vôo fotogramétrico. A - situação ideal de
recobrimento longitudinal e lateral; B - desajuste de recobrimento longitudinal
6
provocado pela deriva do avião causado pelo vento

5.4. Determinação do número de faixa, número de fotos por faixa e numero


de fotos 2
Número de faixas (N faixa):

Nfaixa = [ ( Compy – 2.( 0,50. C t - Rlat. C t) / W] .100


(10)
Onde:
Compy : Comprimento da região a ser fotografada tomado
perpendicularmente à linha de vôo.
Número de fotos por faixa (N fot/faixa):
Nfot/faixa = [ Compx /B ] .100 (11) B = (1 – Rlong ). C t (12)

Onde:
Compx : Comprimento da região a ser fotografada tomado
perpendicularmente à linha de vôo.
Número total de fotos (N tot):
Ntot = Nfot/faixa . Nfaixa (13)
Os demais componentes das fórmulas são obtidos com as fórmulas n. º 05,
06, 07 e 08 e visualizados na figura 09.
5.5. Planejamento de vôo

24
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Consiste em planejar tecnicamente o vôo de forma a obter um conjunto de


fotografias aéreas verticais que representam correta e completamente a superfície
do terreno que será levantada por aerofotogrametria. O conjunto de fotografias
obtido é denominado de Cobertura Aerofotográfica. Para eficiência nesse
planejamento devem ser levados em levados em consideração os seguintes
fatores2:
¬ Produto final desejado,
¬ Precisão exigida pelo projeto,
¬ Forma e tamanho da área que será fotografada,
¬ Tipo de relevo que a área apresente,
¬ Escala fotográfica em função do produto final desejado,
¬ Escala fotográfica em função da altura de vôo e da distância focal,
¬ Pontos de apoio horizontais e verticais necessários à aerotriangulação,
¬ Características dos equipamentos de restituição disponíveis para o projeto,
¬ Características das câmaras métricas disponíveis,
¬ Características do avião,
¬ Características de filmes e filtros,
¬ Período propício para tomada das fotografias.
5.6. Exercícios
Uma área de 10.000 m (E-W) por 6.500 m (N-S) está para ser coberta por
fotografias aéreas verticais na escala 1:12.000. Sabe-se que o recobrimento
longitudinal e lateral das fotos deve ser de 60% e 30% respectivamente. Se a
distância focal da câmara a ser utilizada para a cobertura é de 152,4 mm e o
formato do negativo é de 23cmx23xm, determine 2:
a. O número de fotos por faixa:
b. O número de faixas:
c. O número total de fotografias necessárias para uma perfeita
cobertura da região.
Observação: Em um primeiro momento considere que a linha de vôo esteja no
sentido E-W e posteriormente considere no sentido N-S.

6. ESTEREOSCOPIA E ESTEREOSCÓPIOS

6.1. Estereoscopia

25
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Em uma visão humana comum, os dois olhos captam uma imagem que é
fundida no cérebro, onde é produzida uma combinação das duas cenas captadas.
Quando observamos dois pontos distintos, A e B, por exemplo, como mostra a
figura 11, tais pontos não podem ser vistos ao mesmo tempo. Ao focalizar o ponto
A, o olho humano desfocaliza o ponto B. 6

Figura 11 – Percepção de profundidade


relativa de dois pontos na visão binocular.
α 1 e α 2 representam os ângulos formados
pelo eixo de visão dos dois olhos que
convergem para o alvo. E e D representam
o olho esquerdo e direito respectivamente
6
.
Ao observar o ponto A, os olhos focalizam a uma distância rA e os eixos
visuais formam um ângulo α 1. O mesmo ocorre com o ponto B, quando é
focalizado a uma distância rB e os eixos visuais formam um ângulo α 2. Quanto
maior a diferença entre α 1 e α 2, maior será a noção de profundidade, ou seja,
maior será a noção tridimensional. Os valores de α 1 e α 2 também variam em
função da distância interpupilar (entre os olhos), que geralmente oscila entre 5,5
cm e 7,5 cm.6
O efeito tridimensional leva a percepção do relevo e propicia uma idéia
mais apurada de distância e tamanho dos alvos. Um exemplo típico pode ser
testado com o observador fechando os olhos e tentando tocar a quina de uma
mesa com a ponta de um lápis. O observador notará que poderá haver pequenos
erros de julgamento de distância com a visão monocular (com um só olho), que
não seriam cometidos com a visão tridimensional proporcionada pela visão
binocular7.
Assim, é extremamente importante a reconstrução artificial das condições
de visão tridimensional para que se possa ver o relevo do terreno que se deseja
26
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

investigar. Se uma pessoa está voando a uma altura comum em vôos


aerofotográficos, que é de 3.800 m, por exemplo, ela percebe poucas diferenças
de relevo no terreno se efetuar uma visada vertical porque os ângulos α 1 e α 2
estarão muito próximos um do outro. Entretanto, esta percepção aumentaria
consideravelmente se fosse possível aumentar a distância interpupilar entre os
6
olhos. Este efeito é conseguido através da visão estereoscópica, isto é, em três
dimensões, com ou sem o auxílio de equipamentos que permite uma análise
superior de grandes áreas onde informações topográficas são relevantes.
Considerando um intervalo de 2.300 m, comum entre dois pontos
consecutivos onde fotografias aéreas são feitas, poderíamos dizer que essa
distância substituiria a distância interpupilar, que nos seres humanos é
geralmente de 6,6 cm. Isto permitiria que diferenças importantes de relevo ou
geometria de alvos fossem observadas, o que não seria possível numa visão
binocular normal. Mas para isso, seria necessário que o olho direito observasse a
foto da direita e o olho esquerdo a foto da esquerda, reconstruindo de forma
artificial as condições de visão tridimensional, como mostra a figura 12.
É comum chegar-se à visão estereoscópica sem a visão de instrumentos.
Para isso, basta que o observador fixe sua visão no infinito ou em um alvo bem
distante e depois tente visualizar o par de fotos, fazendo com que o olho esquerdo
veja a foto da esquerda e o olho direito, o da direita. Entretanto, isto força
demasiadamente a visão. Por isso, para uma maior comodidade, necessária para
trabalhos demorados com visão tridimensional, é necessário o uso de
equipamentos especiais que permitem a focalização necessária para a
estereoscopia. Tais equipamentos são chamados de estereoscópios. A visão
estereoscópica é, portanto, uma visão onde o observador tem, artificialmente, a
distância interpupilar aumentada de forma exagerada, permitindo que pequenas
elevações e diferenças de cota no terreno sejam rapidamente identificadas. 2

27
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 12 – Visão estereoscópica (tridimensional). A foto 1 e a foto 2 mostram um


mesmo alvo (edifício), correspondendo respectivamente a duas fotografias aéreas
verticais tiradas durante o vôo fotogramétrico. Para a reconstituição tridimensional é
necessário que o olho direito olhe para a foto da direita e o olho esquerdo olhe para a
foto da esquerda 6.

Uma maneira de tentar ver estereoscopicamente (tridimensionalmente)


sem a ajuda de instrumentos é dados pelo exercício seguinte. Se colocarmos um
lápis posicionado verticalmente na altura dos olhos, a uns 20 cm dos mesmos, e
se focalizarmos a vista num plano atrás do lápis, a imagem do lápis se
desdobrará em duas, uma correspondente a cada olho. Se ao invés de apenas
um, repetirmos a operação com dois lápis a 20 cm dos olhos e separados um do
outro por 10 cm de distância, teremos a sensação de 4 lápis no total ao
focalizarmos um plano no horizonte atrás dos mesmos. Podemos, neste último
caso, variar a distância entre os dois lápis de modo que sua imagem se funda,
7
dando uma visão tridimensional. O mesmo princípio é usado quando se tenta
conseguir uma visão estereoscópica.
A imagem da figura 13 pode ser usada para percepção tridimensional sem
o auxílio de estereoscópios. O fundamento é o mesmo empregado no caso dos
28
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

lápis. Olha -se no horizonte e depois, tenta-se observar as duas pirâmides ao


mesmo tempo. Deve-se colocar o papel a uma distância tal dos olhos de modo
que a imagem se funda. Assim teremos uma visão tridimensional da pirâmide.3

Figura 13 – Pirâmides imageadas de pontos diferentes. Para uma visão


estereoscópica deve-se olhar a pirâmide da esquerda com o olho esquerdo e a
da direita, com o olho direito 7.

O fenômeno contrário ao da estereoscopia é chamado de pseudoscopia.


Ele é observado quando a posição das fotos é invertida. Com isso, as elevações
se tornam vales e vice-versa. O efeito pseudoscópico é usado quando se deseja
estudar com mais detalhe algumas características de vales ou rios e riachos, ou
quando se desejam investigar em detalhes áreas em depressões.
Existem outros métodos para visão estereoscópica. O mais comum deles é
o uso de anaglifos, onde duas imagens de cores diferentes são superpostas. A
utilização de óculos com filtros de cores diferentes permite, neste caso, a visão
tridimensional. Geralmente se usa o vermelho para o olho esquerdo e o azul para
o olho direito.
Vários fatores podem prejudicar a visão estereoscópica. Alguns deles estão
relacionados ao olho humano como problemas com miopia, hipermetropia e
astigmatismo. Portanto, pessoas que usam óculos devem mantê-los para uma
melhor visão estereoscópica. Problemas como má iluminação e cansaço físico ou
mental também podem interferir muito na estereovisão. Finalmente, outros fatores
que interferem na visão estereoscópica estão relacionados às próprias fotos como
fortes e bruscas diferenças de altitude no terreno, diferenças perceptíveis de
escala nas fotografias aéreas, mudança da posição de objetos durante duas fotos
sucessivas, tons monótonos como corpos d'água parada, campos cultivados e
florestas densas.

29
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

6.2. Estereoscópios
O estereoscópio é um aparelho ótico que permite a visão tridimensional de
imagens. São dois os tipos de estereoscópios: mesa, espelhos ou reflexão e de
bolso, lentes ou refração. O estereoscópio de bolso (figura 14) permitem a
observação de fotos em detalhe, mostrando ampliação maior que 4X; por ser
pequeno, é ideal para trabalhos de campo; se preço atual de mercado está em
torno de US$ 42.00, o que facilita sua aquisição por particulares. As grandes
desvantagens do estereoscópio de bolso é que seu campo de observação é
restrito; não é recomendado para trabalhos de medições fotogramétricas e
geralmente dificulta as anotações de dados obtidos; é às vezes incômodo para
trabalho, pois exige que as fotos fiquem parcialmente superpostas.
O estereoscópio de mesa (figura 15) permite uma postura mais cômoda do
observador, diminuindo assim o cansaço visual. Ele abrande áreas maiores que o
estereoscópio de bolso na análise de fotografias; as fotografias aéreas podem ser
fixadas na mesa sem haver necessidade que sejam removidas, o que é
recomendável para medições fotogramétricas. As principais desvantagens do
estereoscópio de mesa são seu alto preço, que está atualmente em torno de US$
1,000. 00, o fato de serem dificilmente transportados, além de seu pequeno
aumento, que é menor que aquele produzido pelo estereoscópio de bolso.

Figura 14 – Estereoscópio de bolso 6

30
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

A B

Figura 15 – Esteresoscópio de mesa: A e B representam pontos correspontes nas


duas fotos, E representa os espelhos, PR e PR' representam a trajetótia final da
7
radiação eletromagnética

2.6 - Montagem das fotografias para visão estereoscópica


Para o trabalho com fotografias aéreas, é necessário que o usuário esteja
familiarizado com a terminologia usada no estudo estereoscópico. São eles:
Ponto central (PC) ou Ponto Principal (PP)
Ponto transferido (PT) - com o recobrimento longitudinal, cada área é imageada,
no mínimo duas vezes, Assim, o ponto central da foto 1, denominado de PC1
aparecerá também na foto 2 , onde é denominado de PC2. A relação entre PC1 e
PT2 é mostrada na figura 16. Caso PC1 e PT2 não tenham a mesma cota, a
fotobase será diferente em ambas as fotos por conta da dispersão nas fotografias
provocada pelo relevo (figura 16).7
Estereograma - é o conjunto de fotografias aéreas ou qualquer outro tipo de
imagem posicionada de forma adequada para visão estereoscópica. 6
Estereomodelo - é a imagem tridimensional observada com ou sem o auxílio de
estereoscópios. 6

31
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 16 – Variação da fotobase em duas fotos consecutivas quando o ponto


central e o ponto transferido não têm a mesma altitude. fb é a fotobase. Nota-se
que a distância PC1-PT2 e PC2-PT1 é diferente nas foto1 e foto2 7.

Antes de montar as fotos, deve-se ter cuidado com a posição das sombras
existentes nas mesmas. Olhando-se fotografias aéreas e imagens de satélites
sem visão estereoscópica, pode-se perceber o relevo através do sombreamento
das imagens. Contudo, a falta de uma visão estereoscópica pode provocar
distorções de relevo mesmo com a ajuda de sombreamento. Por exemplo,
quando as sombras aparecem orientadas na direção contrária a do observador,
as elevações tendem a aparecer nas imagens como depressões e vice-versa.
Portanto, é aconselhável que as sombras estejam voltadas para o observador
com a fonte de iluminação contrária ao mesmo ao se analisar imagens sem o uso
de visão estereoscópica. A figura 17 mostra uma depressão com o observador de
frente para a fonte de iluminação (sol) e as sombras projetadas na sua direção.
Neste caso, tem-se uma visão normal do relevo ao examinar as fotografias
aéreas. O caso inverso ocorre quando as sobras estão projetadas contra o
observador (fig. 17). Neste caso, te m-se a impressão da inversão do relevo
(pseudoscopia). Quando não há sombreamento e as imagens têm tons uniformes,
regiões com relevo considerável aparecem como áreas planas se observadas
sem visão estereoscópica. 6

32
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

A montagem do estereograma para observação estereoscópica requer


alguns cuidados. A figura 18 mostra como montar corretamente um estereograma
tanto para observação com estereoscópio de bolso, quanto de mesa. Inicialmente,
deve-se marcar na foto 1 e foto 2 os pontos principais (PC1 e PC2) e seus pontos
transferidos (PT1 e PT2). A reta que liga PC1 e PT2, bem como a reta que liga PC2
e PT1 é denominada de fotobase. As fotobases devem ser alinhadas
paralelamente, para isso devem ser marcadas com lápis dermatográfico (lápis
especial usado para escrever sobre fotografias aéreas) e alinhadas na mesa de
forma que as áreas de recobrimento estejam voltadas uma para outra, permitindo
que a foto da esquerda seja observada pelo olho esquerdo e a da direita pelo olho
6
direito. As fotos devem ser montadas de uma forma tal que as duas fotobases
estejam ao longo de uma única reta, que pode ser checada por uma régua, como
mostra a figura 18.
A superposição das fotografias aéreas para observação pelo estereoscópio
de bolso e espelho é feita de forma ligeiramente diferente. Para observação com
estereoscópio de bolso, deverá haver uma certa superposição das fotos, como
mostra a figura 18. Para estereoscópios de mesa, é necessário que as fotos
estejam separadas como mostra a figura 18. O grau de separação tanto no
estereograma a ser observado com estereoscópio de mesa, como com o de
bolso, varia em função do observador. É necessário assim que o observador fixe
uma foto, e com o auxílio do estereoscópio, tente superpor PC1 com PT2, bem
como PC2 com PT1. Quando estivermos usando o estereoscópio de bolso, apenas
um destes pontos deve ser tentado (por exemplo, PC1 e PT2). Quando
trabalhando com o estereoscópio de mesa, ao mover uma das fotos,
conseguirmos visualizar o estereomodelo (visão tridimensional) de forma cômoda
para o observador. Deve-se então fixar as fotos ou pelo menos uma delas com
fita adesiva no verso da mesma para o início do trabalho.6 Quando se trabalha
com o estereoscópio de bolso, é necessário que uma das fotos esteja superposta
de tal forma que a distância entre PC1 e PT1, por exemplo, seja em torno de 6,5
cm, que é a distância interpupilar média. Desta forma, várias fotos de uma mesma
7
faixa podem ser organizadas, como mostra a fig. 19. Não seguir estas regras e
montar incorretamente o estereograma pode provocar distorções no
estereomodelo.

33
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 17 – Posição do observador com relação ao sombreamento, mudando a noção de


relevo: a) depressão onde a sombra é projetada na direção do observador; b)
representação esquemática da sombra voltada para o observador, dando idéia de
depressão; c) esquema mostrando a posição da fonte de iluminação atrás do observador;
d) posição das sombras mostradas no caso (c ), onde as sombras estão voltadas na
direção contrária do observador, e onde a noção de depressão é mais dificilmente
percebida 7.

34
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 18 – Montagem de um estereograma para observação estereoscópica. Os


pontos 1, 2 e 3 são os pontos centrais e transferidos das fotos. As linhas traçadas
entre estes pontos representam as fotobases 6.

Figura 19 – Montagem de várias fotografias aéreas para uma perfeita visão


estereoscópica. Os pontos centrais (PC's) e transferidos (PT's) estão marcadas em
todas as fotos 7.

7. EXAGERO VERTICAL EM FOTOGRAFIAS AÉREAS

Freqüentemente, aqueles que trabalham com fotografias aéreas precisam


fazer um reconhecimento rápido das características do terreno, onde mergulho de
camadas e declives de terreno são fatores importantes. A imagem tridimensional
observada através da visão estereoscópica é verticalmente distorcida, ou seja,
apresenta exagero vertical. Encostas, por exemplo, apresentam-se mais íngremes
do que na verdade o são; mergulhos de camadas mostram-se mais acentuados
do que a realidade. Assim, a escala vertical observada em estereoscopia é
exagerada com relação à escala horizontal. Por isso, não é possível estimar
declive de terreno apenas por visão estereoscópica5. O observador deve ter
35
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

sempre em mente que o estereomodelo não representa fielmente a realidade,


mas que ele tem um exagero vertical, como mostra a figura 20. Esse exagero
vertical tem grande utilidade quando se observa a topografia, pois revela detalhes
difíceis de serem percebidos no terreno.

Figura 20 – Exagero vertical do estereomodelo. O


perfil P representa as situações reais do terreno,
cuja altura máxima é H; o perfil P’ representa a
situação vista com a visão estereoscópica, onde a
altura máxima do terreno corresponde a 3H, ou
seja, 3 vezes a situação real6.

A magnitude de exagero vertical pode mudar por fatores tanto humanos,


quanto de equipamentos. Isto significa que um mesmo estereomodelo pode ter
diferentes níveis de exagero, que não apenas dependem das características do
vôo e dos estereoscópios, mas também do observador. A fórmula simplificada a
seguir mostra a relação entre exagero vertical e alguns fatores que influenciam:
O exagero vertical é dado pela fórmula:
(14)
(B.r.s)
(f.H.e)

Essa fórmula mostra que o exagero cresce com a aerobase (B), a distância
de observação entre o alvo e o nadir (r), a separação entre as fotos (s); mas
diminui com a distância focal (f), altura de vôo (H) e a distância interpupilar (e).6
Se a magnitude do exagero vertical puder ser determinada, pode-se
5
estabelecer uma relação entre mergulho aparente e verdadeira. Considere a
figura 22: assumindo que ∠ABD representa o valor real do mergulho (ângulo que
o terreno ou camada geológica faz com um plano horizontal imaginário); ∠BAC =
∠ABC (ângulos opostos pelo vértice); então ∠BAC representa o mergulho real e
CB representa a altura real do terreno. Se o exagero vertical do declive/mergulho
for de 1.5 X na foto1, a altura CB aparecerá na visão estereoscópica como CE,

36
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

1.5 X maior que a altura original. Assim, ∠EAC será o mergulho aparente
observado com visão estereoscópica. O mesmo se repetirá para exageros 2.0,
2.5 e 3.0 X equivalentes, respectivamente, à ∠FAC, ∠GAC, ∠HAC.
A partir da figura 21, vê-se que as retas CB, CE, CF, CG, CH são
equivalentes às tangentes dos respectivos mergulhos aparentes, uma vez que a
base AC é constante em todos os casos. Assim, pode-se chegar à conclusão de
que o ângulo de mergulho não é proporcional ao exagero vertical. 5
A relação entre mergulho verdadeiro e aparente pode ser plotada em um
diagrama cartesiano XY. Se o mergulho verdadeiro for plotado no eixo X e o
mergulho aparente for plotado no eixo Y, teremos, por exemplo, que: um
mergulho de 30o aparecerá como um mergulho aparente de 41o, 49o, 55,5 o , e
60,5 o para exageros de 1.5 X, 2.0 X, 2.5 X e 3.0 X, respectivamente. A figura 22
apresenta o exagero vertical variando de 1.5 X até 3.0 X, entre 0o e 90o de
mergulho verdadeiro. Isto significa que se o mergulho vertical for conhecido,
pode-se estimar rapidamente o valor do ângulo de mergulho. 5

Figura 21 – Relação entre altura do alvo (H) e ângulo de mergulho do terreno (α). Nota-se
que H e α não são diretamente proporcionais 5.

37
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 22 – Relação entre mergulho aparente e verdadeiro plotados num duagrama


cartesiano: o eixo x representa o mergulho verdadeiro e o eixo y, o mergulho aparente
(em graus) 5.

8. DISTORÇÕES EM FOTOGRAFIAS AÉREAS

Uma fotografia difere de uma carta topográfica porque esta última possui
uma projeção ortogonal do terreno, onde cada detalhe é projetado como se
estivesse sendo visto verticalmente. A fotografia aérea, por outro lado, possui
projeção central, onde a objetiva é o centro de perspectiva. Em algumas
situações, uma fotografia aérea se aproxima de uma carta topográfica: (a) quando
o terreno é perfeitamente horizontal e plano; (b) quando o eixo ótico é
perfeitamente vertical e (c) quando não há variação de altura de vôo entre
6
fotografias consecutivas. Vários efeitos podem ser observados em fotografias
aéreas que provocam distorções e fazem com que as mesmas sejam distintas
das cartas topográficas, como veremos a seguir.
a) Variação de escala devido à altura do relevo
Considere uma fotografia aérea perfeitamente vertical de um terreno com
diferentes elevações, como mostra a figura 23.

38
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figure 23 – Variação da escala devido à diferença de altitude do terreno. Símbolos são


explicados no texto 6
Considere ainda quatro distâncias iguais sobre o terreno M, R, N, e S,
posicionadas em diferentes alturas relacionadas aos datuns 1, 2, 3; m, r, n, e s
correspondente às respectivas distâncias na fotografia; H1, H2, H3, são as
diferentes alturas de vôo com relação aos datuns 1, 2, 3.
Assim, no datum 1 E1 = M/n = n/N = f/H1 (E1 = escala no datum 1)
datum 2 E2 = r/R = f/H 2 (E2 = escala no datum 2)
datum 3 E3 = s/S = f/H 3 (E3 = escala no datum 3)
As distâncias m e n são iguais na fotografia pois M e N encontram-se a
iguais alturas de vôo, isto é, repousam sobre o datum 1. 6 Por outro lado, mesmo
que todas as distâncias no terreno sejam iguais, tanto m, quanto n,são maiores
que r, que por sua vez é maior que s, pois r repousa sobre o datum 2 e s sobre o
datum 3 (H3>H2>H1). Assim, numa fotografia vertical, variações de altura do relevo
provocam variações de escala. Existem ainda variações de escala provocadas
por variações na altura do vôo. Isto é fácil de constatar quando um mesmo alvo
aparece com diferentes dimensões em duas fotos consecutivas, implicando que
houve variação na altura da aeronave. Pode ocorrer também diferenças de escala
devido às diferenças de altura de vôo entre faixas de vôo6.

39
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

b) Dispersão radial
Dois pontos do terreno, que possuam altitudes diferentes, mas estejam
sobrepostos numa mesma linha vertical, aparecem sobrepostos numa carta
topográfica. Os mesmos aparecem geralmente em posições distintas quando
vistos numa fotografia aérea, onde ocorre o chamado efeito de dispersão radial.
O deslocamento radial (aquele que aumenta do centro para as bordas da
foto) é inversamente proporcional à altura de vôo da aeronave. Assim, pode-se
concluir que o deslocamento radial observado em imagens de satélites,
posicionados a centenas de quilômetros da terra é desprezível com relação ao
observado em fotos aéreas obtidas em altitudes que variam de 3000 a 5000 m6.
Observando a figura 24 veremos que em elevações, como no caso do
segmento AB, o alvo é projetado para fora da foto em relação ao nadir. Por outro
lado, na depressão topográfica DC, o alvo parece deslocado ou "deitado" para
dentro da foto. Assim, o deslocamento radial poderá se inverter caso a topografia
seja negativa 6 .
Os deslocamentos de paralaxe são sempre radiais em relação ao nadir. Os
deslocamentos de paralaxe podem produzir um efeito muito importante na forma
e direção de alvos imageados no terreno. Vamos considerar três pontos no
terreno A', B', C', sendo que B' está mais alto e C' mais baixo em relação a A'
(figura 25). A posição dos três pontos sobre a foto, levando em consideração um
datum que passa por A' é dada por A,B,C. A reta AC, que também passa por n,
não sofrerá mudanças de formato pois passa por N, mas sofrerá mudanças de
tamanho.6
Por outro lado, as retas AC, BC sofrerão mudanças de forma e tamanho
provocadas pelo deslocamento radial. As mudanças de tamanho devem-se ao
fato dos pontos não estarem sobre o mesmo datum, enquanto que as mudanças
de forma são provocadas pelo fato das retas AC, BC não passarem pelo nadir.
Isto significa que alvos retos no terreno como estradas, linhas férreas podem
aparecer encurvadas se sua direção não passa pelo nadir (PC na foto). Tal
distorção será tanto maior quanto mais tangencial à uma circunferência em
relação ao nadir for uma reta. 6

40
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 24 – Dispersão radial provocada pela variação do relevo. O topo de uma elevação
(reta AB) aparece na foto deslocado para a borda, enquanto a base de uma depressão
(reta CD) mostra o efeito contrário, aparecendo voltado para o centro da foto 6 .
Outra figura que mostra bem o efeito da variação de escala devido às
diferenças de altitude, bem como as distorções provocadas pela dispersão radial,
é a figura 26. As três colinas representadas no desenho são cortadas por três
curvas de nível. A colina central e a da esquerda são simétricas, enquanto a da
direita é assimétrica. O efeito das distorções na fotografia aérea é mostrado pelas
curvas de nível na projeção central, que diferem bastante da projeção ortogonal
vista em cartas topográficas6.

41
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 25 – Correções de deslocamento devido ao relevo. Símbolos e letras são


explicados no texto 6.

Figura 26 – Comparação entre projeção central e ortogonal para diferentes formas de


relevo. As pirâmides representam diferentes colinas no terreno. As projeções central e
ortogonal de tais elevações são representadas por linhas localizadas abaixo das
pirâmides 6
42
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

9. MEDIDAS FOTOGRAMÉTRICAS

9.1. Direção do Norte nas fotografias aéreas

Em diversos estudos geológicos e de engenharia, é necessário conhecer a


orientação precisa da fotografia aérea com relação ao Norte geográfico. A direção
dos vôos fotogramétricos é geralmente N-S ou E-W, mas essa direção é apenas
aproximada, o que requer em vários casos uma reorientação precisa das fotos.
A determinação desse Norte poderá ser feita com o auxílio de um mapa
preexistente ou com controle do terreno efetuado com o auxílio de bússola. O
Norte pode ser determinado conhecendo-se a orientação de dois pontos na
fotografia aérea com azimute determinado, desde que esses dois pontos também
apareçam no terreno ou em algum mapa.
É Necessário, contudo que se tome alguns cuidados. É imprescindível que
os pontos de referência para determinação do Norte na foto estejam ao longo de
uma reta que passa próximo ou pelo centro da foto. No primeiro caso, pode-se
corrigir a direção da reta que une os dois pontos de referência na foto usando-se
o método de interseção de linhas radiais (ver adiante).

9.2. Distâncias horizontais em fotografias aéreas

As distorções em fotografias aéreas provocam aumento ou diminuição das


distâncias horizontais. Tal fato ocorre principalmente quando dois pontos, entre os
quais se deseja medir uma distância, estão situados em altitudes diferentes. Faz-
se necessário então uma correção que projete ortogonalmente os dois pontos
para o mesmo datum. Aprenderemos dois métodos principais para determinação
de distâncias horizontais que usam este princípio: o método gráfico e o método
numérico. Tais métodos se baseiam no fato de que fotografias aéreas obtidas
sobre um terreno plano mostram distâncias horizontais e ângulos muito próximos
da realidade. Entretanto, tais parâmetros mudam quando o terreno é irregular e
apresenta diferenças de elevação.
a) O método gráfico, também chamado método de interseção das linhas radiais,
se baseia no seguinte princípio: um ângulo qualquer formado pelas linhas radiais
que unem o centro da foto a pontos na periferia da mesma é um ângulo
verdadeiro. 5

43
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

O método de interseção das linhas radiais permite a correção de qualquer


ponto na foto em relação a um datum referencial. A precisão das medidas
dependerá principalmente da construção gráfica. Recomenda-se o uso de lupas
micrométricas além de lápis de escrita fina para medidas precisas.
Observando a figura 27, vemos que o terreno é fotografado de dois pontos
consecutivos A e B. Se um ponto M no terreno é observado de A, sua projeção
será M'; se observado de B, sua projeção será M". Considere que N1 e N2 são
respectivamente os pontos ortogonais a PC1 e PC2, isto é, o nadir destes pontos.
Assim, a interseção entre a reta N1M' e N2M" será o ponto m, que é a projeção
ortogonal de M sobre um datum onde também se concentram N1 e N2.
De acordo com esses princípios, podemos calcular o método de interseção
das linhas radiais, que segue os seguintes passos7:
a) Sobre um papel transparente (H) traçamos uma reta que corresponde à
fotobase medida sobre uma das fotografias aéreas, como a da esquerda, por
exemplo (ver fig. 28). Nesta foto, são marcados a e b, que correspondem
respectivamente à PC1 e PT2.
b) Ainda sobre a fotografia da esquerda, marcamos uma reta entre PC1 e m'.
c) Repetimos agora a mesma operação sobre a fotografia da direita, entretanto
fazemos coincidir b com PC2 e a reta ab deverá coincidir com a fotobase.
d) Marca-se então a reta m", que representa o ponto m visto na foto da direita.
A interseção entre as duas retas será o ponto m procurado. A distância
horizontal am e bm serão as distâncias procuradas.
b) O método numérico segue princípios semelhantes ao do método gráfico de
interseção das linhas radiais.
A figura 29 é um exemplo típico de uma fotografia aérea obtida sobre um
terreno irregular. Devido à variação de escala em áreas com variação de relevo e
devido à dispersão radial, distâncias horizontais sofrem distorções. Na fig. 28, se
todos os pontos estivessem situados sobre o mesmo datum de referência (plano
que contém os pontos A', C, B' e O), os pontos A e B estariam localizados sobre
A' e B' e suas imagens estariam sobre a' e b' na foto. Neste caso, não haveria
deslocamento de relevo e a distância entre eles seria real. Entretanto, devido à
variação de relevo, a imagem do ponto A é deslocada radialmente afastando-se
do nadir (que assumimos como coincidente com o ponto o) para o ponto a na foto,

44
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

porque A está acima do datum; a imagem de B é deslocada radialmente na


direção do nadir porque está abaixo do datum.4
Como já visto anteriormente, deslocamentos de relevo não apenas alteram
as distâncias horizontais, como também alteram ângulos. Na fig. 28, o ângulo que
representa a situação real do terreno é dado por a'cb' na foto. Assim, o ângulo
acb na foto está distorcido.4

Figura 27 – Projeção ortogonal de um ponto. Sua posição é a interseção das retas N1M’e
N2M”, que unem ,respectivamente, o ponto central de cada foto e a projeção do ponto M
nas mesmas 7.

45
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 28 – esquema para determinação de distâncias horizontais através do método


gráfico.
Para determinar distâncias e ângulos de pontos que estão a diferentes
elevações no terreno, precisamos primeiramente converter as fotocoordenadas
dos pontos medidos na foto para um sistema de coordenadas, posicionado num
datum referencial. A fig. 30 mostra como calcular estas fotocoordenadas.
A partir das similaridades entre os triângulos ∠OaA' e ∠ao' na fig. 30,
obtemos: xa /XA = f/(H D-hA), então:

XA = (H D - hA ) xa
(15)
f

Da mesma forma, a partir das similaridades entre os triângulos ∠A'A e


∠a'a, temos: ya/YA = f/(H D-hA), então:
46
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

YA = (H D - hA ) ya
(16)
f
Onde:
HD = altura de vôo acima do datum
hA = elevação do ponto A acima do datum
Xa = fotocoordenada de A madida ao longo do eixo X
Ya = fotocoordenada de A madida ao longo do eixo Y
XA = coordenada de A medida ao longo do eixo X no terreno
YA = coordenada de A medida ao longo do eixo Y no terreno
f = distância focal

Figura 29 - Deslocamento de relevo em fotografia aérea vertical de um terreno irregular:


(a) deslocamento radial de pontos devido à variação do relevo; (b) distorção de ângulos
horizontais 4
Analogamente, XB = (H D - hB) xB /f e YB = (H D - hB ) yB /f
As coordenadas no terreno serão Y = (H D - h).y/ f e X = (H D - h). x / f
A partir do teorema de Pitágoras podemos deduzir matematicamente a
distância entre AB a partir da fig. 31. Nela a hipotenusa é representada pela linha
AB e os catetos são (X A - XB) e (Y A - YB ),

AB = ½ v ( (X A - XB)2 + (Y A - YB)2) (17)

47
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Lentes
L

Linha Horizintal AB

Figura 30 - Determinação das coordenadas do terreno a partir de medidas de


fotocoordenadas 4.

Figura 31 – Determinação de áreas por coordenadas: Xi e Yi são fotocoordenadas dos


vértices 4.
48
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

9.3. Determinação de escala em fotografias aéreas

A escala é uma das informações mais essenciais numa fotografia aérea ou


mapa e as medições efetuadas nas mesmas são dependentes dela. A escala é a
relação entre a dimensão de alvos no terreno e na foto/imagem. É também a
informação que determina o tamanho do detalhe existente numa foto. Uma escala
de 1:20.000, por exemplo, significa que 1 cm na foto eqüivale a 20.000 cm no
terreno, ou seja, a 200 m no terreno.
A escala marcada na fotografia aérea é na verdade um valor aproximado,
uma vez que existem variações na altura de vôo e altura do terreno. Entretanto,
pode-se conhecer com maior precisão a escala de uma foto através dos métodos
mencionados a seguir. 6
a) Confronto com mapas ou cartas preexistentes
Devemos empregar mapas planimétricos de detalhe, e não mapas
regionais, para determinação da escala por essa método. As imprecisões nas
medidas podem levar a grandes erros na determinação da escala da foto. Para
determinar a escala da foto por este método, devemos medir uma distância entre
dois pontos conhecidos na fotografia aérea e seu correspondente numa carta
planimétrica. Determina-se a distância entre os dois pontos na carta e chega-se a
escala da foto por uma regra de três simples:
(18)
Ef = Em.dm
df
Onde:
Ef = escala da foto
Em = escala do mapa
dm = distância no mapa
df = distância na foto
b) Comparação com dados do terreno
Este método usa o mesmo princípio do anterior, mas as distâncias na foto
devem, neste caso, ser comparadas com equivalentes no terreno. A mesma
relação para determinação da escala da foto, com regra de três simples, deve ser
usada. Assim:
Onde:
Ef =dt / df
(19) d t = distância no terreno.
49
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Quando os dois pontos que servem como referência na foto estão em


altitudes distintas, é recomendável o uso do método de interseção das linhas
radiais para corrigir a distância horizontal.
c) Uso da distância focal e altura do vôo
Suponhamos que uma fotografia aérea na figura 32 foi feita de maneira que
o eixo ótico encontra-se exatamente vertical e que o terreno seja plano e
horizontal; considere a distância focal como f e a altura do vôo como H; considere
que AB é uma distância qualquer no terreno e que ab é seu correspondente na
fotografia aérea, e que p e P são os pontos centrais na fotografia e seu
correspondente no terreno.
Então ab / AB = f / H, mas como a razão ab / AB pode ser definida como a
escala da foto, teremos que:
(20)
Ef (escala da foto) = f / H = 1 / (H/f)

tal relação pode também ser expressa como:

DEf = H / f
(21)
onde DEf é o denominador da escala da foto.6

Figura 32 - Relações trigonométricas que permitem deduzir a relação entre distância focal
(f), altura de vôo (H) e escala da foto.

50
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

d) Escala de Pontos de uma Fotografia Aérea:


A escala de pontos distintos de uma fotografia é função da altitude do
ponto, é dada pela fórmula 22 abaixo:
E(p) = f
H – h(p) (22)

Onde:
E(p): escala de pontos;
f: distância focal
H: altura do vôo
h(p): altitude do ponto
e) Escala de Média:
A escala média de um conjunto de pontos de uma mesma foto é função da
média das altitudes desses pontos, é obtida pela fórmula abaixo:

Em = f
H – hm (23)

Onde:
Em: escala média;
f: distância focal
H: altura do vôo
hm: altitude média dos pontos

9.4. Cálculo de áreas

O uso de fotografias aéreas e imagens é muito comum para o cálculo de


áreas. A economia de tempo e dinheiro que se pode fazer com ao utilizar
fotografias aéreas para essa finalidade, tornam-nas de vital importância para esse
tipo de tarefa. Isso requer, entretanto, a delimitação das unidades cujas áreas
deseja-se determinar.
Vários métodos podem ser usados dependendo do formato da área que se
deseja medir. Áreas de polígonos regulares podem ser calculadas usando
fórmulas matemáticas já conhecidas. Contudo, as áreas de polígonos não

51
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

regulares necessitam de cálculos mais avançados, cujos instrumentos e técnicas


variam desde a mais simples até a mais complexa, da arcaica até a de alta
tecnologia. Os principais métodos mostrados aqui são o método das
coordenadas, peso, transectos, malha de pontos e planímetro.4
a) Determinação de áreas através coordenadas
A determinação de áreas nas superfícies geralmente considera a área de
uma projeção ortogonal, onde a superfície irregular do terreno é projetada num
datum referencial.
Se pudermos estabelecer um sistema de eixos X e Y num plano
pertencente à fotografia aérea, a área do polígono pode ser computada.
Suponhamos que tomemos a direção leste-oeste (E-W) de uma foto como o eixo
X e a direção norte-sul (N-S) como o eixo Y, e que a origem seja um ponto de
coordenada (0,0). Se o polígono, de qualquer formato, é limitado por segmentos
retos, pode-se determinar as coordenadas X e Y dos vértices medindo-se as
distâncias entre a origem e a projeção ortogonal do vértice no eixo X e Y (Fig.
33).4
Se determinarmos as coordenadas X1, X2, X3, ..., Xn e as coordenadas Y1,
Y2, Y3, ..., Yn, então a área do polígono cujos vértices são (X1, Y1), (X2, Y2), (X3,
Y3), ..., (Xn, Yn) é o vértice expresso por :

Área = ½[ (X1Y2 + X2Y3 + X3Y4 + ...XnY1) - (X2Y1 + X3Y2 + X4Y3 + ...X1Yn)] (24)
Se as coordenadas dos vértices forem conhecidas, pode-se determinar a
área do polígono substituindo na fórmula acima. Se a área for determinada
diretamente na foto, pode-se calcular a área multiplicando-se o denominador da
escala ao quadrado pelo valor encontrado na foto:
(25)
2
Área na foto x (denominador da escala da foto) = área do terreno

52
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 33 – Determinação de área por coordenada: Xi e Yi são as fotocoordenadas dos


vértices.
b) Determinação da área por integração
Esta técnica supõe que a superfície da área que se quer conhecer é
determinada por funções conhecidas, como o exemplo abaixo 4:
ou
área = ∫ab f(x) ärea = ∫c d f(x) dx
(26) (27)
Quando dx e dy são porções pequenas da curva, elas se aproximam de um
segemento reto (fig. 34). Esta técnica é raramente usada em medições de foto e ,
por isso, não será discutida em detalhe.

c) Determinação de área através de medidas de peso

A superfície de um polígono marcado sobre uma folha pode ser estimada


usando o método do peso. Apesar de simples, essa técnica oferece um
relati vamente alto grau de precisão. Primeiramente a área de uma folha inteira é
calculada, bem como o peso da folha usada. Após esse procedimento, desenha-
se na referida folha de papel a área da foto que se deseja conhecer. Em seguida,
recorta-se essa área e calcula-se a dimensão da mesma através de uma regra de
três, onde a proporção área-peso do papel é considerada, como por exemplo:

53
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Se a área do papel é 23 cm x 23 cm = 529 cm2 e pesa 20 g, então


podemos dizer, aodividir a área pelo peso que a relação área peso para esta folha
de papel é 26,45 cm2/g. Para um polígono de qualquer configuração, é necessário
apenas multiplicar seu peso pela razão acima. 4

Figura 34 – Estimativa de área de um polígono por integração.

d) Determinação de área por transectos

O método dos transectos é baseado na idéia de que medidas lineares


variam diretamente com as medidas de área, desde que a amostragem não seja
viciada e o número de amostras seja suficiente.4 Da mesma forma que o método
do peso, o método dos transectos se baseia na proporção entre uma área de
valor conhecido e uma área de valor desconhecido.4 A técnica dos transectos
permite que a precisão da área medida seja tanto maior quanto maior for o
número de transectos.
O método dos transectos usa linhas regularmente espaçadas que são
desenhadas diretamente na área de interesse ou sobre um overlay que é
54
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

colocado sobre a foto. Usando uma escala graduada, a distância de todos os


segmentos passando pela unidade, cuja área se deseja conhecer, são medidas
com a máxima precisão possível (por exemplo, 0.1 mm) e somadas. A área de
cada categoria é então determinada relacionando o total de medidas de uma área
dada com o total linear que cobre a área: a / A = l / L ⇒ a = A .l / L, onde a = área
da unidade; A = área total conhecida (da folha, por exemplo); l = soma dos
comprimentos que interceptam a área da unidade que se deseja conhecer; L =
soma dos comprimentos que interceptam a área total conhecida.1 Por exemplo,
na figura 35, L = ∑ Li = L 1 + L2 + ... L11; l = ∑ li = l 1+ l 2 + l 3 + l 4; A = X. Y

a = (A . l)/ L
(28)

No caso de áreas alongadas, deve-se traçar os transectos


perpendicularmente ao comprimento maior da área, como mostra a fig. 36.

A determinação da área do polígono a partir da área total usando a técnica


dos transectos é feita segundo o exemplo a seguir. Se 15 linhas igualmente
espaçadas forem traçadas paralelamente em uma foto de 23 cm x 23 cm, o total
de transectos será de 23 cm x 15 = 345 cm. Se a áerea em cinza (que se deseja
conhecer) é atravessada por 146 cm de transectos, á area em cinza terá uma
dimensão de 146 : 345 = 42,32% do total da área de 23 cm x 23 cm. Numa foto
com escala de 1:15840, esta percentagem seria equivalente a 0,4232 (0,23 x
0,23) m2 x 158402 = 561,7 x 104 m2.

55
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 35 – Determinação da área de um polígono através da técnica dos transectos 4.

Figura 36 – Determinação de áreas alongadas por transectos. A orientação apropriada


dos tansectos deve ser perpendicular ao alongamento máximo da área que se deseja
conhecer4.

56
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

e) Determinação de área usando planímetros

Antes de qualquer medida usando planímetro, os pontos a seguir devem


ser observados:
1. O papel deve ser fixado em uma mesa horizontal com fita gomada para evitar
que o papel ou o planímetro se mexam durante as medições.
2. O papel que deve ser usado para traçar a área sobre a fotografia aérea ou
imagem deve ser suave e livre de rugas ou dobras que possam atrapalhar as
manobras do planímetro.
3. O ponto pivot, P, deve ser posicionado de forma tal que o braço BP esteja em
ângulo reto com o braço de traçar BT, quando o ponto de traçado T é colocado
no meio do polígono a ser medido (fig. 37).
4. O círculo base sobre o qual irá deslizar a braço polar BP deve estar fora do
polígono a ser medido e todos os componentes do planímetro devem estar no
papel onde a área está desenhada. Se o polígono é muito grande, pode ser
dividido arbitrariamente em superfícies menores, que serão medidas
separadamente e depois juntadas. Apesar de ser possível medir grandes
áreas com a base do círculo dentro do polígono a ser medido, este método é
mais complicado que dividindo o polígono em área menores.
5. Numa direção em que se está traçando a área do polígono, o ângulo PBT não
deve exceder 180o durante a rotação da roda. Essa situação é mostrada na
fig. 38, que mostra uma posição incompatível de PBT e PB’T’.
6. A ponta da régua de medição, isto é, a roda de medição, não deve ser tocada
em nenhum momento para evitar erros de medição.
Partindo do ponto A (escolhido pelo operador), uma medição inicial é lida
no registrador R. Então o ponto de traçar T é movido progressiva e
cuidadodamente em torno do perímetro até retornar ao ponto A, quando uma
segunda medida é feita. Com a movimentação do ponto T em torno do perímetro
do polígono, a roda W, combinando deslizamento, rotação positiva e negativa,
fornece a soma algébrica das rotações n, que é registrada no planímetro (fig. 39)..
A diferença entre a medida inicial e a final é a medição do planímetro n. Por
conveniência, é preferível começar de uma leitura inicial zero, fazendo com que a
leitura final do planímetro n seja a medida final a ser considerada. É igualmente
aconselhável que a medida planimétrica seja obtida pelo menos duas vezes. A
57
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

área PA do polígono é obtida multiplicando-se a diferença entre a leitura final e


inicial do polígono pelo coeficiente de escala K:

PA = n K (29)

Figura 37 – Posição apropriada do planímetro para medição de área. O braço polar PB


deve estar perpendicular ao braço de traçar BT , quando o ponto de traçado T estiver
aproximadamente no meio da área a ser determinada 4.

Figura 38 – Diagrama mostrando a posição imprópria para os braços polar e de traçar


porque a posição dos mesmos, de B para B’, ultrapassa 180º.4

58
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 39 – Ilustração simplificada de um planímetro, com o ponto de partida A e


os dois braços de rotação de 180º4.

9.5. Paralaxe de Imagens

Paralaxe é o deslocamento aparente da posição de um objeto devido à


mudança do ponto de observação.7 O efeito provocado pelo deslocamento radial
do relevo e a conseqüente diferença de paralaxe é mostrado na fig. 40. Esse
efeito promove a visualização em três dimensões de um par de fotografias aéreas
consecutivas. Ao tomar a foto a partir do ponto B, a ponta da flecha M é projetada
em M’, produzindo o deslocamento OM’, que corresponderá na foto à distância d2.
Ao tomar a foto do ponto A, o topo da flecha M será projetado em M”, que
corresponde a d1 na foto esquerda.7
A figura 40 mostra a tomada de fotografia de um alvo (flecha) de OM de
dois pontos distintos denominados de A e B. A paralaxe absoluta do ponto M, que
corresponde a ponta da flecha, será N1M”+ N2M’; a paralaxe do ponto O (base da
flecha) será N1O + N2O; a diferença de paralaxe entre o ponto M e O será (N1M”+
M’N 2) – (N1O + ON 2) = (N1M”- N1O) = (M’N 2 – ON 2) = P1 + P 2 = P.

59
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 40 – Esquema mostrando o imageamento de um objeto de um objeto OM de


pontos distintos A e B. A paralaxe absoluta do ponto M, que corresponde a ponta da
flecha será: N1M”+ N2M’. A paralaxe absoluta do ponto O, base da lecha, será: N1O +
N2O. A diferença de paralaxe entre M e O será: (N1M” + M’N2) – (N1O + ON2) = (N1M”-
N1O) + (M’N2 – ON2) = P1 + P2 = P.

Outra representação gráfica da paralaxe absoluta e relativa é mostrado na


fig. 41, que mostra as fotos representadas na figura anterior. A paralaxe do ponto
m = m’PC1 + m ”PC2 = b + b’; a paralaxe absoluta da base da flecha é
o = oPC1 + oPC2 = a + a’ .
A partir da figura 41, pode-se tirar algumas conclusões. A paralaxe
absoluta de um ponto será tanto maior quanto maior for sua altura em relação à
um nível de referência. Pode-se ainda deduzir que a diferença de paralaxe entre
dois pontos será a diferença algébrica entre suas paralaxes absolutas.3 No caso
acima, a diferença de paralaxe entre o e m (Dp) será
Dp = (b + b’) – (a + a) = d1 + d2 = A – B; onde Dp = diferença de paralaxe, h =
altura, fb = fotobase, Ho = altura de vôo. A partir da fig. 43, temos que ON 1 e ON 2
são as distâncias do alvo ao nadir de cada foto. Substituindo na fórmula 32 de
deslocamento temos que:

60
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

D = (h. d) / Ho, que nos fornece P1 = (h.ON 1) / Ho, P 2 = (h.ON 2) / Ho


P1 + P2 = (h.ON 1 + h.ON 2) / Ho = h (ON 1 + ON 2) / Ho ⇒
Dp = d 1 + d 2 = h.fb / Ho Dp = h. fb / Ho
(30)

Figura 41 – Diferença de paralaxe entre o e m, medida nas fotografias aéreas 7


A fotobase fb pode ser medida por um escalímetro ou obtida pela fórmula
abaixo:
Fb = l . ( 1 – R long )
(31)
Onde:
l = lado da fotografia, em mm;
R long = Recobrimento longitudinal, não expresso em %.
As medidas fotogramétricas de paralaxe são feitas com o auxílio de um
equipamento chamado de estereomicrômetro ou barra de paralaxe (fig42). No
presente curso, usaremos apenas o modelo mostrado nesta figura, que o utilizado
juntamente com o estereoscópio de espelho.
A barra de paralaxe, como é usualmente chamada, consiste de uma barra
metálica (x) sobre a qual estão montadas placas transparentes com pontos de
medição marcados por cruzes, pontos e círculos. A placa da esquerda (A) é fixa e
a da direita é móvel. O micrômetro (m) situado na parte direita da barra de
paralaxe faz a mesma aumentar ou diminuir de tamanho. As medições estão
marcadas em milímetros na barra próximo à placa (B) e a graduação da barra
aumenta da direita para a esquerda.

61
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Figura 42 – Barra de paralaxe a ser usada em conjunto com o estereoscópio de mesa


7
.

Alguns procedimentos devem ser tomados para o uso da barra de


paralaxe. Deve-se inicialmente posicionar as fotografias aéreas corretamente para
visão estereoscópica (ver Montagem das fotografias para visão estereoscópica).
Vamos supor que desejamos medir a diferença de paralaxe entre a base e o topo
de um alvo em forma de flecha, mostrado nas figs. 40 e 41. Para calcular a
paralaxe no topo da flecha deve -se posicionar a barra de paralaxe de modo tal
que as marcas do mesmo formato das placas transparentes fiquem sobre o topo
da flecha. É necessário que as duas marcas das placas sejam “fundidas” quando
se observa o objeto em visão estereoscoópica. Deve-se ajustar as duas placas
usando-se o micrômetro da barra de paralaxe. Caso o ponto M (topo da seta)
desdobre-se em dois na visão estereoscópica, é necessário ajustar o par
estereoscópico para perfeita visão.7
Suponhamos assim que a medida final da paralaxe do ponto M seja x =
12,36 mm. Passaremos agora a medir a paralaxe do ponto O, que é a base do
objeto. Como a cota deste último ponto é menor que a do ponto M, sua paralaxe
será menor.7Suponhamos que a medida final da paralaxe de o seja x = 11,24 mm,
então a diferença de paralaxe (Dp) entre O e M será:
Dp = 12,36 – 11,24 = 1,24 mm.

9.6. Cálculo da diferença de nível entre pontos e altura de alvos no terreno

Diversas técnicas gráficas e numéricas podem ser usadas para calcular


diferença de elevação entre pontos no terreno e conhecer a altura de alvos em
fotografias aéreas. Todas essas técnicas, apesar de não serem mais precisas que
medições diretas no terreno, possibilitam conhecer alturas em áreas inacessíveis
ou que demandariam um maior tempo e tornariam o trabalho mais oneroso.
62
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

a) Medidas de altura pelo método da diferença de elevação

Esta técnica permite apenas que uma única fotografia seja usada, sem a
necessidade de visão estereoscópica. É uma técnica comum em estudos
florestais para determinação da altura de árvores ou por urbanistas para
determinação da altura de construções. Em ambos os casos, os alvos estudados
são verticais e não constituem relevo irregular como montanhas ou vales.2
Considere a fig. 43, onde r é a distância do centro da foto ao topo do alvo, que
encontra-se sobre um datum π o; dr é o deslocamento de paralaxe do alvo; Hπ é a
altura do vôo com relação ao datum π; e ∆h é a altura do alvo. Assim:
(32)
∆h = dr . Hπ / r.

Figura 43 – Medida de altura de alvos utilizando o deslocamento radial (de paralaxe) 4.

Aconselha-se usar fotos onde o alvo aparece na periferia da mesma.


Fotografias aéreas onde o alvo está próximo do centro apresentam pequeno dr,
que pode induzir erros na hora das medições e diminuir a precisão das medidas.6

b) Medidas de diferença de nível entre pontos conhecida a diferença de


paralaxe entre eles

Para quando o nível de


referência é a base do alvo:
∆h = (Ho. Dp)/(fb +Dp)
(33)

Onde:

63
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

∆h é a diferença de nível entre dois pontos,

Ho é a altura do vôo em relação a um datum πo

fb é a fotobase medida em relação ao datum πo

Dp é a diferença de paralaxe

Quando o nível de referência é o topo do alvo, então:

(34)
∆h = (Ho. Dp)/(fb - Dp)
Quando a altura do alvo é desprezível em relação à altura de vôo, a
fórmula pode ser escrita como:

∆h = (Ho. Dp)/fb (35)

Quando os pontos centrais das


fotos não coincidem sobre o mesmo datum, pode-se tirar a média
aritmética entre as fotobases medidas nas duas fotos.

c) Medidas da altitude de vários pontos conhecendo-se a cota de apenas um


deles

Outra maneira de calcular a cota entre dois pontos é mostrada a seguir.


Suponhamos que temos um mapa no qual conhecemos a cota de alguns pontos
do terreno, como referências de nível por exemplo. Denominaremos os níveis de
referência de M e N:
M = 915 m e N = 602 m
Queremos agora conhecer a altitude de dois pontos A e B. Então devemos
calcular a paralaxe de A (Pa = 9,2 mm) e a paralaxe de B (Pb = 14,0 mm).
Devemos também calcular a paralaxe de ambos os pontos conhecidos Pn = 10,1
mm e Pm = 17,4 mm. A diferença de paralaxe entre M – N = 915 – 602 = 313 m.
Considere que h = altura do alvo
Ho = altura de vôo
Dp = diferença de paralaxe
fb = fotobase (valor que deve ser dado em mm)
Sendo h / Dp = Ho / fb, então 315 m / 7,3 m = h / D p = H o / fb = K (constante)

64
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

No caso acima, K = 313 m/7,3mm = 42,9


Devemos agora encontrar a diferença de paralaxe entre
M - A = 17,4 – 9,2 = 8,2 mm
M - B = 17,4 – 14,0 = 3,4 mm
Para transformar a diferença de paralaxe em uma diferença de altura basta
multiplicar a diferenças de paralaxe por K:
Diferença de altura entre M e A = 8,2.42,9 = 351,7 m
Diferença de altura entre M e B = 3,4.42,9 = 145,8m
Então a cota de A = 915 – 351,7 = 563,3 m e a cota de B = 915 – 143,5 = 769,2 m
Também pode ser obtida aplicando a fórmula abaixo:
(36)
h(B) = h(A) +/- ( (H – h(A)) / p(B) ) . Dp

Onde:
h(B): altitude a determinar do ponto;
h(A): altitude conhecida de um ponto;
H: altura de vôo;
p(B): paralaxe absoluta do ponto que se deseja obter a altitude;
Dp: diferença de paralaxe entre esses pontos
d) Determinação da altura de um alvo conhecendo-se ou seu desnível
topográfico conhecendo-se a altura do vôo
Para encontrar o desnível topográfico entre dois pontos, devemos
inicialmente recorrer a fórmula de diferença de paralaxe:

Dp = h . fb / H o
(37)
que também pode ser expressa como:

h = H o . D p / fb
(38)

e) Medidas de mergulho do terreno e de camadas geológicas

É possível calcular mergulho de camadas e do terreno em fotografias


aéreas com o uso de estereoscópio. No caso das geociências, é possível ainda
determinar direção, além de intensidade e sentido de mergulho de camada.

65
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Qualquer tentativa de estimar tais medidas com visão estereoscópica


acarretará grandes erros devido às características da foto como exagero vertical
do relevo e distorções da visão estereoscópica. Por exemplo, ângulos que são
vistos na estereovisão como sendo de 45o, têm na realidade mergulhos de
apenas 15o.3
9.7. Exercícios
1. A distância terrestre entre dois pontos A e B com altitudes de 410 e 520
metros respectivamente, é de 619 metros. As coordenadas fotográficas
desses pontos são: x(A) = 35,2 mm; y(A) = - 41,5 mm; x(B) = - 15,1 mm; e
y(B) = 5,4 mm. Para uma distância focal de 152mm, determina a altitude de
vôo através da fórmula da escala. 2
2. Dois pontos M e N estão em altitudes de 760 e 850 metros
respectivamente. Ambos aparecem numa foto vertical tomada de uma
altitude de vôo de 2200 metros e com câmara de distância focal de 90 mm.
Determine a escala dos pontos M e N e a escala média da foto. 2
3. Dois objetos situados a uma altitude aproximada de 640 metros e que
coincide com a altitude média do terreno então, entre si, a uma distância de
1455 metros. Numa fotografia vertical, a distância entre esses objetos é de
58,2 mm. Qual a escala média da foto? Para uma distância focal de 90
mm, qual a altitude de vôo? 2
4. Numa foto vertical tomada com uma distância focal 152,6 mm aparece a
imagem de um ponto A e de um ponto B de altitude 177 e 262 metros
respectivamente. A distância terrestre entre A e B é de 2600 metros. As
coordenadas fotográficas das imagens são: x(A) = - 15,7 mm; y(A) = 44,3
mm; x(B) = 19,6 mm; e y(B) = - 8,6 mm. 2
5. Determine a diferença de nível entre os pontos A e R e a escala da foto,
sabendo dos seguintes dados: fb = 9,2 cm; f = 152,0 mm; paralaxe (A) =
15,23 mm; paralaxe (R) = 14,42 mm; H = 3040 m. 2
6. Encontre a diferença de nível entre dois pontos A e B sabendo-se que a
escala da foto é 1:20.000, a paralaxe do ponto A é 15,23 mm, a paralaxe
do ponto B é de 14,42 mm, a distância focal da câmara é de 152 mm, o
lado da foto é 23 cm e o recobrimento longitudinal é de 60%.2

66
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

7. Um par de fotografias foi obtido com uma câmara de distância focal de


210,42 mm. A escala dos fotogramas foi determinada através da distância
entre dois pontos que no terreno é de 1828 m e que, na fotografia, equivale
a 152,33 mm. O ponto principal desta mesma foto tem altitude igual a
581,0 m. As paralaxes de outros três pontos nela identificados são: p(1) =
13,56 mm, p(2) = 15,68mm, p(3) = 14,01 mm. Calcule as altitudes desses
pontos sabendo-se que a paralaxe do ponto centra da foto é de 15,24 mm.
2

8. Para um ponto B de altitude 13.000 m temos uma leitura de paralaxe de


12,57 mm. Calcular a leitura de paralaxe para outro ponto, de altitude 1320
m, sabendo-se que a altura do vôo foi de 3000m e que a fotobase é de 88
mm. 2
9. De um par estereoscópico foram obtidos os seguintes dados: H = 2700 m;
Fb = 88 mm; p(A) = 15,47 mm; p(B) = 13,47 mm. Determine a diferença de
nível entre os pontos A e B. 2

10. RESTITUIÇÃO FOTOGRAMÉTRICA


É o processo que leva à obtenção do original fotogramétrico (carta ou
mapa obtido através de fotografias). Consiste em transformar a projeção cônica
do par fotográfico em uma projeção ortogonal, na qual serão desenhados os
detalhes planialtimétricos do terreno, utilizando instrumentos e técnicas
específicas. Essa operação pode ser gráficas, analógicas, analíticas ou digitais.

11. PRODUTOS AEROFOTOGRAMÉTRICOS 2

FOTOÍNDICE:
Conjunto de fotografias aéreas de uma determinada região. As fotografias
são ligadas e montas de acordo com as zonas de superposição e
reduzidas fotograficamente. Através desse conjunto permite apontar falhas
nos recobrimentos, derivas de voe, entre outros.
MOSAICO
Conjuntos de fotografias aéreas, no qual as fotos são montadas e
ajustadas sistematicamente umas às outras, através dos detalhes do
terreno, possibilitando uma visão completa de toda região fotografada.

67
UFRN Princípios de Fotogrametria F. H. R. Bezerra e V. E. Amaro

Possibilita o estudo preliminar de geologia, solo, vegetação, recursos


hídricos e naturais, etc.
FOTOCARTA
É um mosaico sobre o qual são impressos: quadriculado ou malha de
coordenadas, moldura, nome de rios, de cidades, de acidente geográficos,
legenda, etc.
ORTOFOTOCARTA
É uma fotografia retificada, ampliada em papel indeformável e
complementada com: símbolos, malha de coordenadas, legenda,
informações planialtimétricas, ou apenas planimétricas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AMER. 1944. Manual de Photogrametry. 2. ed. Society of Photogrametry.


P.G. McCurdy.
2. BRANDALIZE, M. C. B. 2002. Topografia. Curso de Engenharia Civil da
PUC/PR. Notas de Aula.
3. DESJARDINS, l. 1954. The measurement of formational thickness by
photogeology. Photogrametric Enginneering. p. 821-831. 17 v.
4. FASHI, A. 1999. Air Photo interpretation and Photogrametry. RSCC. 1 v.
http://rsrunt.geog.ucsb.edu/rscc/vol1
5. MILLER, V.C. 1950. Rapid dip estimation in photo-geological
reconnaissance. AAPB Bulletin. p.1739-1743. 34v.
6. RICCI, M.; Petri, S. 1965. Princípios de Aerofotogrametria e Interpretação
geológica. Companhia editora Nacional: São Paulo.
7. VERGARA, M.L.L. 1978 Manual de Fotogeologia. 2. ed. Publicaciones
Cientificas de la Junta de Energia Nacional. Servicio de Publicaciones de la
J.E.N.: Madri.

68

Potrebbero piacerti anche