Sei sulla pagina 1di 6

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0002683-02.2016.8.05.0271
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BV FINANCEIRA S A CREDITO FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO

Recorrido(s) : JOSE LEANDRO NASCIMENTO CONCEICAO

Origem : VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - VALENÇA

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

G
VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. COMPRA E VENDA DE


VEÍCULO.ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. BANCO CREDOR QUE NÃO PROCEDEU À
BAIXA DO GRAVAME APÓS A REGULAR QUITAÇÃO DO CONTRATO.
AJUIZAMENTO DE BUSCA E APREENSÃO. CONDENAÇÃO DO BANCO
DEMANDADO NA OBRIGAÇÃO DE FAZER, CONSISTENTE NA BAIXA DO
GRAVAME JUNTO AO DETRAN. FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS. QUANTUM ARBITRADO DE ACORDO COM
OS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA
MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou


parcialmente procedente os pedidos, nestes termos: “Por estas razões, julgo
procedente o pedido. Determino que a parte acionada efetua a baixa do gravame no veículo
MARCA/MODELO I/FORD RANGER LTD 13P; ANO/MODELO 2005; PLACA POLICIAL
JOU7265; CHASSIS 8AFER13P25J415339; RENAVAM 856426040, no prazo de 15(quinze)
dias, sob pena de multa diária no montante de R$100,00 (Cem reais), limitando-se a
R$8.000,00 (Oito mil reais). Condeno-o também a indenizar o Autor, pelos danos morais
causados, fixando o valor em R$4.000,00 (Quatro mil reais), que deverá ser acrescido de
correção monetária pelo INPC, a partir da sentença (Súmula nº 362 do STJ) e juros de mora
de 01% (um por cento) ao mês, após 15 (quinze) dias do trânsito em julgado desta sentença.”
1. A recorrente busca a reforma da sentença , aduzindo, em síntese, a sua
ilegitimidade passiva, e no mérito, sustenta a ausência de responsabilidade do
banco demandado pela realização da baixa do gravame, que não fora comprovado
pela parte acionante a quitação do contrato de financiamento , pressuposto do
surgimento do dever de baixa; que não foram demonstrados os danos morais na
presente hipótese.
2. A sentença vergastada não merece reforma. A demonstração do fato básico para o
acolhimento da pretensão é ônus do autor, segundo o entendimento do art. 373,
inciso I, do CPC, partindo daí a análise dos pressupostos da ocorrência de
indenização por danos morais, recaindo sobre o réu o ônus da prova negativa do
fato, segundo o inciso II do mesmo artigo supracitado.

3. Em que pese o quanto alegado pelo réu, não consta dos autos a prova de
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora.

4. A parte autora comprova nos autos a quitação do contrato ocorrida em 25/08/2015,


conforme doc 06, evento 01 do projudi.O réu , por seu turno, não faz prova de ter
realizado a baixa do gravame, conforme alegado pela parte autora, permanecendo
o veículo com o registro em nome do banco alienante passado mais de 01 ano.
Ademais, houve ajuizamento de demanda de busca e apreensão pelo banco réu,
em que pese ter a parte autora realizado o pagamento e quitação do contrato.

5. A jurisprudência é uníssona no concernente à obrigação da instituição


financeira credora de dar baixa no gravame quando da quitação do contrato,
consoante os seguinte julgado:

6. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRATO


DE FINANCIAMENTO QUITADO. BAIXA DE GRAVAME DO
VEÍCULO NÃO REALIZADA. OBRIGAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA. MANUTENÇÃO DO ÔNUS NO SISTEMA DO
DETRAN/DF. PEDIDO LIMINAR DEFERIDO. AGRAVO PROVIDO.
1. Cuida-se de agravo de instrumento interposto contra decisão
que indeferiu pedido de antecipação de tutela para que fosse
determinada ao banco agravado a baixa de gravame de alienação
fiduciária, junto ao DETRAN, de veículo cujo financiamento foi
quitado. 2. Na hipótese, já foi declarada, em outro feito transitado
em julgado, a quitação do contrato de financiamento firmado
pelas partes. 2.1. Apesar disto, o banco não procedeu à baixa do
gravame junto ao DETRAN, o que impede a alienação do veículo a
terceiros. 3. Cumpre à instituição financeira promover a
regularização do gravame, junto ao DETRAN, após a quitação do
contrato de financiamento, nos termos do art. 9º da Resolução
320/2009 do CONTRAN. 4. No caso dos autos, patente a
irregularidade da incidência de gravame sobre o referido veículo,
devendo ser assegurado ao agravante o direito de ver baixada a
restrição de reserva de domínio. 5. Liminar deferida. 5.1. Agravo
provido.

7. A ausência da regularização da transmissão da propriedade causa


intranquilidade e insegurança ao adquirente, que fica impossibilitado de retirar
documentos essenciais ao livre trânsito e usufruto do bem, podendo inclusive ter o
veículo retirado de circulação pelos órgãos de polícia de trânsito, que
rotineiramente realizam procedimentos fiscalizatórios visando apurar justamente a
regularidade da documentação do veículo, sendo o CRLV documento de porte
obrigatório em todo o território nacional, nos termos do CTB brasileiro.

8. O art. 14 do CDC, dispondo sobre a responsabilização do fornecedor pelo fato


do produto ou serviço, preleciona que:
9. “Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente
da existência de culpa pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.”
10. Discutindo-se a prestação defeituosa de serviço, incide a responsabilidade
civil objetiva inerente ao próprio risco da atividade econômica, consagrada no art.
14, caput, do CDC, que impõe ao fornecedor o ônus de provar causa legal
excludente (§ 3º do art. 14), algo que o recorrente não se desincumbiu.

11. De igual sorte, o conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do


dano moral que muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em situação
que por certo lhe trouxe intranqüilidade e sofrimento, configurando o dano moral,
em razão exclusivamente da conduta do recorrente.
12. O dano simplesmente moral, sem repercussão patrimonial, não há como ser
provado, nem se exige perquirir a respeito do animus do ofensor. Consistindo em
lesão de bem personalíssimo, de caráter eminentemente subjetivo, satisfaz-se a
ordem jurídica com a demonstração do fato que o ensejou. Ele existe tão-somente
pela ofensa, e dela é presumido, sendo o suficiente para autorizar a reparação.
13. Com isso, uma vez constatada a conduta lesiva e definida objetivamente pelo
julgador, pela experiência comum, a repercussão negativa na esfera do lesado,
surge à obrigação de reparar o dano moral, sendo prescindível a demonstração do
prejuízo concreto.
14. Na situação em análise, o Recorrido não precisava fazer prova da ocorrência
efetiva dos danos morais informados. Os danos dessa natureza presumem-se
pelos próprios fatos apurados, os quais, inegavelmente, vulneram sua
intangibilidade pessoal, sujeitando-o ao constrangimento, aborrecimento, dissabor
e incômodo.
15. Reiteradamente manifestei posição de que o arbitramento do dano deve
obedecer aos critérios da prudência, da moderação, das condições da ré em
suportar o encargo e não aceitação do dano como fonte de riqueza.

16. Da mesma forma, a fixação do montante indenizatório deve guardar uma


equivalência entre as situações que tragam semelhante colorido fático. As
variações nos valores das indenizações existem conforme as circunstâncias fáticas
que envolvam o evento.

17.Estabelecidas tais premissas, entendo que o valor da indenização fixado pelo juiz
sentenciante, a título de danos morais, guarda compatibilidade com o
comportamento do recorrente e com a repercussão do fato na esfera pessoal da
vítima e, ainda, está em harmonia com os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, devendo ser mantida.
18. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO
INTERPOSTO E NEGO-LHE PROVIMENTO, para manter a sentença objurgada
pelos próprios fundamentos.. Custas processuais e honorários advocatícios pelo
recorrente, que arbitro em 20% sobre o valor da condenação.

Salvador, Sala das Sessões, 20 de Outubro de 2016.

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Presidente e Relatora
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0002683-02.2016.8.05.0271


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BV FINANCEIRA S A CREDITO FINANCIAMENTO E
INVESTIMENTO

Recorrido(s) : JOSE LEANDRO NASCIMENTO CONCEICAO

Origem : VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - VALENÇA

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA
CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata
do julgamento. Custas processuais e honorários advocatícios pelo recorrente, que
arbitro em 20% sobre o valor da condenação.

Salvador, Sala das Sessões, 13 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

Potrebbero piacerti anche