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Aula 00

Questões Comentadas de Português - CESPE - p/ TRE-MT (todos os cargos)

Professor: Ludimila Lamounier


Português para o TRE/MT Analista e Técnico
Profª Ludimila Lamounier

AULA 00 – LÍNGUA PORTUGUESA

SUMÁRIO PÁGINA
Apresentação da professora 02 - 04
Cronograma do Curso 04
Informações sobre o Curso 05 – 06
A prova do CESPE 07
Lista de Questões 08 – 39
Gabarito 40 - 41
Questões Comentadas 42 – 111
Interpretação de texto: informações adicionais 112 - 123

Olá, amigos do Estratégia Concursos, tudo bem?

Sejam bem-vindos ao curso de Questões de Língua Portuguesa


para o concurso do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso –
Analista e Técnico Judiciário. O edital já foi lançado e a prova está
prevista para a data de 13 de dezembro, o que garante um tempo
satisfatório de preparação.

A banca organizadora do certame será o Cebraspe, contudo o


método CESPE de avalição será o adotado nas provas. Dessa forma,
focaremos este curso exclusivamente em questões CESPE.

A Língua Portuguesa é um importante diferencial em


qualquer concurso, tanto na prova objetiva quanto na discursiva.
Em grande parte deles, a disciplina apresenta um número elevado de
questões e, muitas vezes, tem peso dois. As bancas têm formulado provas
cada vez mais difíceis e complicadas, e, assim, o candidato que domina a
matéria tem mais chances de sucesso nos certames.

O aluno precisa dominar a sintaxe, a semântica, a ortografia, a


gramática, como um todo, além da interpretação de textos. Somente bem
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afiados, vocês serão capazes de conseguir uma alta pontuação e fazer a


diferença entre seus concorrentes. É fato: a nota de Língua Portuguesa
pode definir a colocação no concurso. Ela pode tanto desclassificar
excelentes candidatos quanto colocar outros nas primeiras posições.

Além disso, qualquer pessoa só ganha em aprender corretamente o


próprio idioma, em saber se expressar, em saber falar, e em saber ler e
interpretar o que realmente está escrito. Como é bom adquirir
conhecimento, não é mesmo? Ainda mais um que é aplicado em tudo o
que fazemos, durante todos os dias de nossa vida. Por isso, estudar
português nunca é demais, vocês sempre aprenderão coisas novas para
colocar em prática.

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A intenção deste curso é que o aluno, por meio da resolução


dos exercícios e análise das questões comentadas, tenha um
domínio geral e completo da disciplina e esteja preparado para
prestar este concurso e outros. Os exercícios são o meio ideal para o
candidato se familiarizar com as provas de concursos públicos e a forma
como cada assunto é explorado pela banca.

Pretendo, portanto, que todos melhorem seu desempenho na


disciplina, mesmo que alguns pontos da matéria pareçam básicos demais.
Há sempre algum detalhe para (re)aprender e memorizar, não é mesmo?

Apresentação da professora

Antes de iniciar os comentários sobre o funcionamento do nosso


curso, gostaria de fazer uma apresentação pessoal.

Meu nome é Ludimila Lamounier e sou Consultora Legislativa da


Câmara dos Deputados (Área XIII – Desenvolvimento Urbano, Trânsito e
Transportes) desde janeiro de 2015, em concurso realizado pelo CESPE.
Antes de tomar posse no meu atual cargo, trabalhei por quase dois anos
como Analista Legislativo/Técnica Legislativa também da Câmara dos
Deputados. Antes disso, exerci por pouco mais de oito anos, no Ministério
Público Federal, o cargo de Analista em Arquitetura/Perita. Este foi meu
primeiro cargo no mundo do concurso público, no qual obtive a primeira
colocação no certame promovido pela ESAF em 2004. Mas, antes de
conquistá-lo, passei por várias provas, com aprovação nos seguintes
concursos:

 Arquiteto - Emater – 2004 (1° lugar);


 Arquiteto - Infraero – 2004;
 Arquiteto - Correios/MG – 2004;
 Arquiteto - Câmara dos Deputados – 2003;
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 Arquiteto - BNDES – 2002;


 Arquiteto - BR Distribuidora – 2002;
 Arquiteto - Prefeitura Municipal de Sete Lagoas/MG – 2002.

Em 2012, apesar de adorar meu trabalho como perita, decidi sair do


Ministério Público em busca de um salário maior e de melhores condições
de plano de carreira. No início daquele ano, prestei o concurso de Técnico
Legislativo/Processo Legislativo do Senado Federal, realizado pela FGV, no
qual obtive a 34ª colocação. No mesmo ano, também participei do

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concurso para o cargo de Analista Legislativo/Técnica Legislativa da


Câmara dos Deputados, promovido pelo CESPE.

Sobre a minha relação com a Língua Portuguesa, tenho o costume


de dizer que ela vem desde sempre. Digo isso, porque, ainda nos antigos
tempos de colégio, já era uma relação bastante íntima, pois a escola onde
estudei tratava o Português com uma importância especial. Os alunos
sempre eram direcionados para o constante contato com a leitura e a
escrita. É esse aprendizado que trago comigo, uma base que me ajuda
nos concursos, na minha vida pessoal e no trabalho.

Antes de minha aprovação no MPF, fui professora particular de


português para provas da ESAF e do CESPE, com aulas específicas sobre
questões. Atividade a que dei continuidade por mais três anos depois de
começar a trabalhar no MPF.

No MPF, a minha carreira como perita exigia muito conhecimento


em nossa língua, pois meu trabalho era a produção de laudos e pareceres.
A minha rotina era escrever e escrever, e, desse modo, o treino contínuo
me habilitou ainda mais na atividade de redatora e me trouxe mais
conhecimento, tornando-me uma verdadeira amante das letras.

Essa habilidade foi fundamental para que eu conseguisse notas altas


nas provas objetivas de Português e nas discursivas, diferencial para a
minha aprovação nos dois concursos que prestei em 2012. No concurso da
Câmara dos Deputados (2012), minha nota nas duas provas discursivas
foi a soma de 171,81 em um total de 175 pontos (em uma delas a nota foi
a máxima). Pontuação decisiva, com a qual subi em torno de quatrocentas
posições no resultado final.

Por sua vez, o concurso de Consultor Legislativo da Câmara dos


Deputados (2014) também exigiu bastante desenvoltura em Português e
nas discursivas, porque tivemos que escrever quatro peças (dissertação,
discurso, parecer e minuta de proposição), cada uma com 120 linhas e
sem tempo suficiente para rascunho. É muito gratificante ter conseguido
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ficar dentro das duas vagas disponíveis, no edital, para a Área de


Desenvolvimento Urbano, Trânsito e Transportes. Sem dúvida alguma,
dominar a Língua Portuguesa foi o meu grande recurso, o meu diferencial
para conquistar essa tão sonhada aprovação em um dos concursos mais
difíceis do país.

Em 2014, iniciei meus estudos de pós-graduação em Português –


Revisão de Texto, e estou muito animada com a nova oportunidade.

Pessoal, este é meu compromisso aqui no Estratégia: dedicar-me a


vocês. Quero disponibilizar o conhecimento e a experiência adquiridos

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para que meus alunos consigam superar as barreiras e dificuldades do


Português, tirar notas altas e conquistar o tão almejado cargo.

Além de buscar da melhor forma a disponibilização de um material


adequado e de qualidade, estarei à disposição e darei suporte a vocês
nessa árdua e complicada fase de preparação. Podem contar comigo!

Sempre que precisarem, entrem em contato. E postem suas dúvidas


no fórum das aulas, aproveitem essa ferramenta, que é de grande auxílio.

Bom, feitas as apresentações iniciais, passemos à proposta do nosso


curso.

Cronograma do Curso

Vejamos como será o cronograma do nosso curso:

Aulas Tópicos abordados Data


Compreensão e interpretação de textos. Estrutura
Aula 00 e Organização do texto. Tipologia textual. 30/09
Aula 01 Ortografia oficial. Acentuação gráfica. 07/10
Aula 02 Emprego das classes de palavras. 14/10
Sintaxe da oração e do período.
Aula 03 21/10
Aula 04 Concordância nominal e verbal. Pontuação. 28/10
Aula 05 Regência nominal e verbal. Emprego do sinal 04/11
indicativo de crase. Significação das palavras.
Coesão e coerência textual.

Aula 06 Redação de correspondências oficiais. 11/11


Particularidades léxicas. Estrutura e formação das
palavras. Funções da linguagem. Variação
linguística. 62456350391

Aula 07 Verbos. 18/11


Pronomes.
Aula 08 25/11

Aula extra: Interpretação de textos - Texto:


Aula 09 compreensão, interpretação, reescrita e correção 01/12
gramatical.

Aula 10 Revisão e dicas. Simulado com questões CESPE. 03/12

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Informações sobre o Curso

A nossa metodologia será o desenvolvimento da teoria por meio de


questões comentadas, de forma a conjugar a explanação do conteúdo
com a prática das provas, o que facilita a assimilação completa da
matéria. Essa metodologia permite uma preparação mais eficaz e efetiva,
pois o estudo concentrado apenas na teoria se torna muito cansativo.

Assim, cada aula contará com, no mínimo, 50 questões do CESPE


para que vocês as resolvam, procedam à correção pelo gabarito e revisem
por meio dos comentários apresentados no final.

Assim, este curso será composto de uma média de 500 questões


propostas e comentadas. É um verdadeiro arsenal de questões, capaz
de deixá-los preparadíssimos para a prova!

ACORDO ORTOGRÁFICO

Neste curso, também será tratado o Novo Acordo Ortográfico, que já


está em vigor. A banca examinadora pode, portanto, cobrar o
conhecimento do candidato em relação a essas novas regras de
ortografia. É importante que o aluno se atualize, pois as instituições já
vêm adaptando suas provas à nova grafia.

Salienta-se que o Decreto n. 7875, de 27 de dezembro de 2012,


prorrogou o prazo de transição, até 31 de dezembro de 2015, para
implementação do Acordo Ortográfico. Nesse período, coexistirão a norma
ortográfica atualmente em vigor e a nova norma estabelecida.

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS E SIMULADO


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Pessoal, pela minha experiência no mundo concurseiro, percebo que


há uma grande dificuldade dos alunos em relação à interpretação de
textos. Os candidatos reclamam que não se sentem confiantes e não
sabem como fazer para responder às questões. Além disso, a
interpretação de textos vem tendo uma participação cada vez maior
no número de questões das provas. Desse modo, quero tratar desse
assunto e desvendar as técnicas de interpretação, para que vocês tenham
mais segurança na hora da prova.

Este curso, além desta aula com aspectos introdutórios sobre


interpretação de textos, terá outra específica e detalhada sobre
esse tema. Esta primeira aula expõe o assunto de forma mais genérica e

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introdutória, com explicação de conceitos relativos a essa parte da


disciplina.

A aula extra voltada à interpretação de textos ensinará táticas


para facilitar a interpretação de textos. Nela, darei várias dicas para
serem usadas na hora da prova, de forma a otimizar a leitura e a
compreensão, e, assim, usar o tempo disponível da melhor maneira. Será
uma oportunidade única de treinamento em interpretação de
textos.

Outro tópico do curso, que será muito proveitoso para vocês, se


refere à última aula. Nela, faremos uma espécie de revisão por meio
de dicas sobre o correto uso do idioma. Além disso, teremos um
simulado com questões comentadas exclusivas do CESPE, para que
vocês tenham a oportunidade de treinar os conhecimentos adquiridos ao
longo do curso.

SUPORTE

Nossos estudos vão além das aulas que constam deste curso. Quero
que vocês compartilhem comigo suas dúvidas. Todos nós as temos, e isso
é natural. Só quem estuda tem dúvidas. Vocês podem ter todas as
dúvidas do mundo agora, mas não na hora da prova.

Como já mencionei, não deixem de usar o fórum das aulas. Vamos


discutir o que for preciso para que vocês terminem o curso realmente
seguros de que possam fazer uma boa prova.

O meu objetivo é que vocês aproveitem bem o curso e adquiram o


conhecimento transmitido. Por isso, estou aberta a críticas, sugestões,
questionamentos, solicitação de mais explicações sobre a teoria e as
questões, etc.
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Contem comigo!

Ficarei muito feliz com o sucesso de cada um de vocês, nada é mais


gratificante para um professor do que saber que pôde fazer diferença na
vida de seu aluno, de saber que o ajudou na conquista de um sonho.

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A prova do CESPE

O Cebraspe realizará a prova pelo método CESPE de avaliação. As


provas do CESPE costumam gerar nos candidatos um pouco de receio, a
começar pelo sistema de cobrança que geralmente não traz alternativas
para o candidato escolher a correta. O mais comum é haver uma
afirmativa que deve ser julgada como CERTO ou ERRADO. É importante
lembrar que, nesse caso, uma alternativa marcada erroneamente anula
um acerto. Dessa forma, é preciso que vocês estejam muito seguros e
atentos na hora de marcar o gabarito. Normalmente, o grau de dificuldade
do CESPE é considerado complexo. Vale destacar que as provas de
Português têm dado uma relevância cada vez maior às questões de
interpretação de texto.

O Edital deve ser analisado atentamente, pois geralmente é cobrado


como um todo. Destaco o fato que o conteúdo programático para os
cargos de Analista e Técnico Judiciário são equivalentes. Para esse
concurso não há nenhuma novidade e os assuntos de Português são já
conhecidos dos candidatos e estão contemplados ao longo do cronograma,
vejamos:

1 Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. 2


Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. 3 Domínio da ortografia oficial. 4
Domínio dos mecanismos de coesão textual. 4.1 Emprego de elementos de
referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de
sequenciação textual. 4.2 Emprego de tempos e modos verbais. 5 Domínio da
estrutura morfossintática do período. 5.1 Emprego das classes de palavras. 5.2
Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. 5.3 Relações
de subordinação entre orações e entre termos da oração. 5.4 Emprego dos sinais
de pontuação. 5.5 Concordância verbal e nominal. 5.6 Regência verbal e
nominal. 5.7 Emprego do sinal indicativo de crase. 5.8 Colocação dos pronomes
átonos. 6 Reescrita de frases e parágrafos do texto. 6.1 Significação das
palavras. 6.2 Substituição de palavras ou de trechos de texto. 6.3 Reorganização
da estrutura de orações e de períodos do texto. 6.4 Reescrita de textos de
diferentes gêneros e níveis de formalidade. 7 Correspondência oficial (conforme
Manual de Redação da Presidência da República). 7.1 Aspectos gerais da redação
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oficial. 7.2 Finalidade dos expedientes oficiais. 7.3 Adequação da linguagem ao


tipo de documento. 7.4 Adequação do formato do texto ao gênero.

Dito tudo isso, já podemos partir para a nossa aula 00! Todos
prontos?

Bons estudos,

Ludimila Lamounier

prof.ludimila.estrategia@gmail.com

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LISTA DE QUESTÕES

Questão 01 – (CESPE) Oficial de Controle Externo TCE-RS/2013

O sistema de banco de milhagens desenvolvido pelo TCE/RS é modelo para outras


instituições no Rio Grande do Sul e no Brasil. O banco de registro de milhagens utiliza os
créditos de passagens aéreas custeadas com recursos públicos. De acordo com o
presidente do TCE/RS, a proposta irá gerar considerável economia aos cofres públicos.
“Considerando que as despesas com a emissão de passagens para viagens oficiais são
custeadas pelo tesouro, entendemos que devem ser adotadas todas as medidas possíveis
para que esses créditos sejam utilizados na aquisição de novos bilhetes, em benefício dos
entes da própria administração pública”, assinalou.

Prêmios ou créditos de milhagens oferecidos pelas companhias de transporte aéreo,


quando resultantes de passagens adquiridas com recursos da administração direta ou
indireta de qualquer dos poderes do Rio Grande do Sul, serão incorporados ao erário e
utilizados apenas em missões oficiais.

Internet: <www1.tce.gov.br/portal> (com adaptações).

Com base no texto acima, julgue o item que se segue.

Depreende-se das informações do texto que os funcionários que usarem passagens


aéreas custeadas pelo governo do Rio Grande do Sul podem usufruir, para viagens
particulares, dos prêmios ou créditos de milhagens concedidos pelas companhias aéreas.

Questão 02 - (CESPE) Todos os cargos - MS/2013

Trecho de entrevista concedida por Lígia Giovanella (LG) à revista Veja (VJ).

VJ – Por que o Brasil investe pouco?


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LG – Temos limites nas nossas políticas econômicas,


além de disputas sociais e políticas que atrapalham a discussão sobre a quantidade de
recursos. Sabemos que um Sistema Único de Saúde (SUS) de qualidade e com oferta
universal de serviços aumentaria a disposição da classe média em contribuir com o
pagamento de impostos que financiam o sistema. Atualmente, há baixa disposição
porque a classe média não utiliza o serviço e porque os serviços não são completamente
universalizados.

VJ – O SUS corre o risco de se tornar inviável? O que


precisa ser feito para que não ocorra um colapso no sistema público?

LG – Não acredito que haja risco iminente de colapso do


SUS, mas as escolhas que fizermos a partir de agora podem levar à construção de
diferentes tipos de sistema, a exemplo de uma política mais direcionada a parcelas mais

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pobres da população ou um sistema sem acesso universal. O SUS terá de responder às


mudanças sociais. Com a melhoria da situação econômica de uma parcela da sociedade,
precisará atender a expectativas da nova classe média baixa.

VJ – Além de aumentar o investimento, o que mais é importante?


LG – Outro desafio é estabelecer prioridades para o
modelo assistencial. Atualmente, a cobertura de atenção básica, por meio do programa
Saúde da Família, alcança apenas 50% da população. É preciso que haja uma ampliação
sustentada, de modo a atingir 80% da população. Já estamos em um momento avançado
no SUS, em que é necessário dar à população garantias explícitas de que os serviços irão
funcionar. Além disso, o Brasil precisa intensificar a formação de médicos especializados
em medicina de família e comunidade.

Natalia Cuminale. Desafios brasileiros. Brasil precisa dobrar gasto em saúde, diz especialista.
Internet: (com adaptações).

No que diz respeito à organização das ideias no texto, julgue o item que se
segue.

Conforme o texto, o SUS é autossuficiente, visto que tem capacidade de gerenciar as


necessidades de atendimento de novas demandas e expectativas; por isso, prescinde de
recursos financeiros do poder público.

Questão 03 - (CESPE) Assistente em Ciência e Tecnologia - INCA/2010

Criada em 1983 pela doutora Zilda Arns, a Pastoral da Criança monitora atualmente
cerca de 2 milhões de crianças de até 6 anos de idade e 80 mil gestantes, com presença
em mais de 3,5 mil municípios em todo o país, graças à colaboração de 155 mil
voluntários. A importância da Pastoral é palpável: a média nacional de mortalidade
infantil para crianças de até 1 ano, que é de 22 indivíduos por mil nascidos vivos, cai
para 12 por mil nos lugares atendidos pela instituição. Na primeira experiência da
Pastoral, em Florestópolis, no Paraná, a mortalidade infantil despencou de 127 por mil
nascimentos para 28 por mil — em apenas um ano. Sua metodologia é simples — por
meio de conversas frequentes com a família, o voluntário receita cuidados básicos para
evitar que a criança morra por falta de conhecimento, como os hábitos de higiene, a
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administração do soro caseiro e a adoção da farinha de multimistura na alimentação, que


se tornou uma solução simples e emblemática contra a desnutrição. Mas o seu segredo é
um só: a persistência.

Jornal do Commercio (PE), Editorial, 20/1/2010 (com adaptações).

Acerca do texto acima, das suas características e estruturas linguísticas, julgue


a afirmativa:

Esse texto é predominantemente narrativo.

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Questão 04 - (CESPE) Técnico TRE-AP/2007

Jornal do comércio – O voto aberto nos processos de cassação poderia mudar o destino
dos acusados?

Schirmer – Não sei se o voto aberto mudaria o resultado final. O que ele mudaria seria a
responsabilidade individual. Porque, com a votação aberta, você e responsável pelo seu
voto. Votando sim ou não, você assume a responsabilidade pelo voto dado. Com o voto
fechado, a responsabilidade é difusa, pois ninguém sabe quem votou em quem e, sendo
assim, todos carregam o ônus do resultado da votação. O voto fechado é muito ruim
porque quem sai perdendo é a própria instituição. Em vez de você falar mal de um ou de
outro deputado, você acaba penalizando a instituição.

Jornal do Comércio, 17.4.2006.

Assinale a opção correta quanto à compreensão e à tipologia do texto.

a) Por estar estruturado em duas partes, compreendendo uma pergunta e uma resposta,
o texto pode pertencer ao gênero entrevista.
b) Na pergunta feita pelo Jornal do Comércio, predomina a descrição dos processos de
cassação.
c) O parágrafo que contém a resposta de Schirmer possui estrutura predominantemente
narrativa, porque o falante explica como se processam as atividades de cassação de
eleitos.
d) O segundo parágrafo do texto é estruturalmente argumentativo, porque apresenta,
primeiro, os aspectos favoráveis ao voto em aberto e, em um segundo momento, os
aspectos desfavoráveis dessa modalidade de votação.
e) O primeiro e o segundo parágrafos têm a mesma estrutura textual e a mesma
tipologia: são dissertativos.

Questão 05 – (CESPE) Diplomata Instituto Rio Branco/2012

Fragmento I 62456350391

Macunaíma

No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói da nossa gente. Era preto


retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande
escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia.
Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos


não falando. Si o incitavam a falar exclamava:

— Ai! Que preguiça!...

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e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando
o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e
Jiguê na força do homem.

Fragmento II

9 Carta pras icamiabas

Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas.

Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis,

São Paulo.

Senhoras:

Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta


missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudade e muito amor, com
desagradável nova. É bem verdade que na boa cidade de São Paulo — a maior do
universo, no dizer de seus prolixos habitantes — não sois conhecidas como “icamiabas”,
voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós, se afirma, cavalgardes
ginetes belígeros e virdes da Hélade clássica; e assim sois chamadas. Muito nos pesou a
nós, Imperator vosso, tais dislates da erudição, porém heis de convir conosco que,
assim, ficais mais heroicas e mais conspícuas, tocadas por essa platina respeitável da
tradição e da pureza antiga.

(...)

Macunaíma, Imperator

Mário de Andrade. Macunaíma, o herói sem nenhum


caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 13, 97 e 109.

Considerando a coerência, a progressão temática e as marcas de


referencialidade do fragmento II do texto, julgue (C ou E) o seguinte item.
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A formalidade da linguagem, na carta endereçada às icamiabas, é adequada ao texto e


coerente com as características do remetente, “Macunaíma Imperator”, e das
destinatárias, as icamiabas.

Questão 06 – (CESPE) Diplomata Instituto Rio Branco/2012

(Responda com base nos textos da questão anterior.)

Considerando os aspectos linguísticos e a estrutura da narrativa nos fragmentos


apresentados, extraídos da obra “Macunaíma, o Herói Sem Nenhum Caráter”,
julgue (C ou E) o item subsequente.

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Ambos os fragmentos apresentam a estrutura textual típica da narrativa, recurso


empregado pelo autor como forma de manter a coerência dos fatos narrados.

Questão 07 – (CESPE) Nível Médio TJ-RR/2012

A dependência do mundo virtual é inevitável, pois grande parte das tarefas do nosso dia
a dia são transferidas para a rede mundial de computadores. A vivência nesse mundo
tem consequências jurídicas e econômicas, assim como ocorre no mundo físico. Uma das
questões suscitadas pelo uso da Internet diz respeito justamente aos efeitos dessa
transposição de fatos do mundo real para o mundo virtual, sobretudo no que se refere à
sua interpretação jurídica. Como exemplos de situações problemáticas, podemos citar a
aplicação das normas comerciais e de consumo nas transações realizadas pela Internet, o
recebimento indesejado de mensagens por email (spam), a validade jurídica do
documento eletrônico, o conflito de marcas com os nomes de domínio, a propriedade
intelectual e industrial, a privacidade, a responsabilidade dos provedores de acesso, de
conteúdo e de terceiros na Web bem como os crimes de informática.

Renato M. S. Opice Blum. Internet: <www.ibpbrasil.com.br> (com adaptações).

Considerando as ideias e as estruturas linguísticas do texto, julgue o item


subsequente.

Infere-se das informações do texto que no mundo virtual os problemas jurídicos e


econômicos potenciais têm equivalência aos problemas do mundo físico.

Questão 08 - (CESPE) Técnico Segurança do Trabalho - SERPRO/2008

A ansiedade não é doença. Faz parte do sistema de defesa do ser humano e está
projetada em quase todos os animais vertebrados. O significado mais aceito hoje em dia
vem do psiquiatra australiano Aubrey Lewis, que, em 1967, caracterizou-a como “um
estado emocional com a qualidade do medo, desagradável, dirigido para o futuro,
desproporcional e com desconforto subjetivo”.
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A ansiedade não é doença. É problema de ordem do comportamento que afeta o convívio


social. A ansiedade pode se apresentar como sintoma em muitas doenças ditas
emocionais e mentais, e interfere sobremaneira nos níveis de satisfação do indivíduo.

Quem não se sentiu ansioso até hoje? Com o mundo do jeito que está, natural é se sentir
ansioso; é permitido ficar ansioso. Prejudicial é não saber lidar com a ansiedade. A
proposta é abordar meios eficazes de lidar com esse comportamento que gera tantos
distúrbios.

Diz Patch Adams que indivíduo saudável é aquele que tem uma vida vibrante e feliz,
porque utiliza ao máximo o que possui e só o que possui, com muito prazer. Este é o
indivíduo satisfeito que não anseia quimeras e que sabe viver alegre e feliz.

Internet: <www.irc-espiritismo.org.br> (com adaptações).

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A partir da leitura interpretativa e da tipologia do texto acima, julgue o item a


seguir.

O segundo parágrafo do texto é do tipo expositivo, pois caracteriza a ansiedade.

Questão 09 - (CESPE) Técnico-BACEN/2013

Em relação ao texto apresentado acima, julgue os itens seguintes.

Em “PRESENTE PRA GREGO”, o emprego da forma prepositiva “pra” é inadequado, dado


o grau de formalidade do texto.

Questão 10 – (CESPE) Técnico Judiciário TRT-17ª Região/2013

Existem várias formas de punição para aqueles que pratiquem assédio moral, podendo
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essa punição recair tanto no assediador, quanto na empresa empregadora que não
coíba, ou que até mesmo incentive o assédio, como ocorre, por exemplo, no caso do
assédio moral organizacional, decorrente de políticas corporativas. O empregador
responde pelos danos morais causados à vítima que tenha sofrido assédio em seu
estabelecimento, nos termos do artigo 932 do Código Civil. Em caso de condenação,
cabe à justiça do trabalho fixar um valor de indenização, com o objetivo de reparar o
dano. O assediador, por sua vez, poderá ser responsabilizado em diferentes esferas: na
penal, estará sujeito à condenação por crimes de injúria e difamação, constrangimento
e ameaça (artigos 139, 140, 146 e 147 do Código Penal); na trabalhista, correrá o risco
de ser dispensado por justa causa (artigo 482 da Consolidação das Leis do Trabalho) e
ainda por mau procedimento e ato lesivo à honra e à boa fama de qualquer pessoa; por
fim, na esfera cível, poderá sofrer ação regressiva, movida pelo empregador que for
condenado na justiça do trabalho ao pagamento de indenização por danos morais, em
virtude de atos cometidos pelo empregado.

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Internet: <www.tst.jus.br> (com adaptações).

A respeito das estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item seguinte.

O texto classifica-se como expositivo, visto que, nele, é defendida, com base em
argumentos, a punição daqueles que pratiquem assédio moral.

Questão 11 – (CESPE) Auditor de Contas Públicas - CGE-PB/2008

No passado, havia uma visão global de trocar o capitalismo pelo socialismo. Hoje
vivemos uma situação em que o capitalismo é uma realidade. As alternativas postas em
prática pela história não deram certo. Então, hoje nada mais resta senão aceitar o
capitalismo e tentar transformá-lo, não derrubá-lo. Hoje é possível utilizar outras formas
de luta, que não rompem com os requisitos legais, com uma capacidade de êxito maior.

Fernando Gabeira. Entrevista. Istoé, 6/6/2007, p. 8 (com adaptações)

Infere-se da argumentação do texto que uma das “outras formas de luta”


(sublinhado no texto) é

a) trocar o capitalismo pelo socialismo.


b) vivenciar o capitalismo como realidade.
c) pôr em prática as alternativas propostas pela história.
d) transformar o capitalismo, respeitando-se os requisitos legais.
e) buscar êxito maior na troca do socialismo pelo capitalismo.

Questão 12 - (CESPE) Auxiliar de Administração - FUB/2013

Mais verbas têm de se traduzir em mão de obra qualificada, instalações de excelência e


equipamentos de ponta. Saúde e educação devem atrair os talentos mais cobiçados do
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país, capazes de ombrear com profissionais que sobressaem no mundo globalizado.


Atingir o patamar de excelência implica perseguir metas, avaliar resultados e corrigir
rumos. Jeitinho, outro nome da improvisação, falta de compromisso e consequente
desperdício, precisa fazer parte de um passado que cultivou a ineficiência para sustentar
orgias pessoais que condenaram gerações à ignorância e ao atraso.

Correio Braziliense, 18/08/2013 (com adaptações).

Em relação ao fragmento de texto acima, julgue o próximo item.

Predomina no fragmento em questão o tipo textual narrativo.

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Questão 13 – (CESPE) Analista Administrativo - ANTAQ/2014

A participação e o lugar da mulher na história foram negligenciados pelos historiadores e,


por muito tempo, elas ficaram à sombra de um mundo dominado pelo gênero masculino.
Ao pensarmos o mundo medieval e o papel dessa mulher, o quadro de exclusão se
agrava ainda mais, pois, além do silêncio que encontramos nas fontes de consulta, os
textos, que muito raramente tratam o mundo feminino, estão impregnados pela aversão
dos religiosos da época por elas.

Na Idade Média, a maioria das ideias e de conceitos era elaborada pelos escolásticos.
Tudo o que sabemos sobre as mulheres desse período saiu das mãos de homens da
Igreja, pessoas que deveriam viver completamente longe delas. Muitos clérigos
consideravam-nas misteriosas, não compreendiam, por exemplo, como elas geravam a
vida e curavam doenças utilizando ervas.

A mulher era considerada pelos clérigos um ser muito próximo da carne e dos sentidos e,
por isso, uma pecadora em potencial. Afinal, todas elas descendiam de Eva, a culpada
pela queda do gênero humano. No início da Idade Média, a principal preocupação com as
mulheres era mantê-las virgens e afastar os clérigos desses seres demoníacos que
personificavam a tentação. Dessa forma, a maior parte das autoridades eclesiásticas
desse período via a mulher como portadora e disseminadora do mal.

Isso as tornava más por natureza e atraídas pelo vício. A partir do século XI, com a
instituição do casamento pela Igreja, a maternidade e o papel da boa esposa passaram a
ser exaltados. Criou-se uma forma de salvação feminina a partir basicamente de três
modelos femininos: Eva (a pecadora), Maria (o modelo de perfeição e santidade) e Maria
Madalena (a pecadora arrependida). O matrimônio vinha para saciar e controlar as
pulsões femininas. No casamento, a mulher estaria restrita a um só parceiro, que tinha a
função de dominá-la, de educá-la e de fazer com que tivesse uma vida pura e casta.

Essa falta de conhecimento da natureza feminina causava medo aos homens. Os


religiosos se apoiavam no pecado original de Eva para ligá-la à corporeidade e
inferiorizá-la. Isso porque, conforme o texto bíblico, Eva foi criada da costela de Adão,
sendo, por isso, dominada pelos sentidos e os desejos da carne. Devido a essa visão,
acreditava-se que ela fora criada com a única função de procriar.

Essa concepção de mulher, que foi construída através dos séculos, é anterior mesmo ao
cristianismo. Foi assegurada por ele e se deu porque permitiu a manutenção dos homens
no poder; forneceu ao clero celibatário uma segurança baseada na distância e legitimou
a submissão da ordem estabelecida pelos homens. Essa construção começou apenas a
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ruir, mas os alicerces ainda estão bem fincados na nossa sociedade.

Patrícia Barboza da Silva. Colunista do Brasil Escola. (com adaptações).

A respeito das ideias e de aspectos gramaticais do texto acima, julgue o item.

De acordo com o texto, a visão medieval em relação à mulher permanece até os dias
atuais.

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Questão 14 – (CESPE) Estudante universitário – SEE-DF/2014

Ao nos contar a história dos percalços de um funcionário em ascensão pela burocracia do


Brasil imperial, Antonio Candido revisita as questões cruciais de nosso século XIX.

Nascido em um Rio ainda joanino em 1810, Antonio Nicolau Tolentino entrou para o
serviço público em 1825, atravessou os anos turbulentos das Regências e do início do
Segundo Reinado, falecendo em julho de 1888, logo após a abolição da escravatura. O
personagem viveu, portanto, quase todo o período. Em si, o fato não tornaria mais, ou
menos, interessante sua trajetória pessoal, não fosse ela significativa o suficiente para
revelar a dinâmica social do tempo. Filho de lavradores pobres ou de mãe solteira — não
se sabe ao certo —, saiu da obscuridade por esforço próprio, foi reconhecido em seu
valor por figurões da política, arranjou um bom casamento entre a elite e terminou seus
dias como alto funcionário.

Da roça aos salões de baile na Corte, a subida não foi feita sem ânimo prestativo,
hesitações, orgulho das próprias qualidades, espera do momento oportuno e resignação
de quem teve de ouvir calado. Tudo isso num quadro social que não lhe garantia
qualquer reconhecimento e é uma constante brasileira até hoje. Entretanto, Tolentino
não apenas abaixava a cabeça para resguardar sua carreira, como faria um adulador
medíocre; havia nele um idealismo, no bom sentido do termo, que obviamente encontrou
resistências quando foi posto em prática. O nervo da narrativa de Antonio Candido é o
conflito entre as intenções racionais do burocrata e a politicagem ampla, geral e
irrestrita.

Não se trata, contudo, de luta do bem contra o mal, pois tal embate tem uma
especificação histórica cuja raiz se encontra no próprio surgimento do Brasil como país.
Em outras palavras, o Brasil independente afirmava-se como nação moderna, adotava
uma Constituição, um Parlamento, fraque e cartola, ao mesmo tempo em que mantinha
a maior parte de sua população fora do âmbito da cidadania.

Milton Ohata. “Ascensão à brasileira” - Resenha de Um funcionário da monarquia: ensaio sobre o


segundo escalão, de Antonio Candido. In: Novos estudos CEBRAP. n.º 34, nov./2002 (com
adaptações).

Julgue o item seguinte, relativo à ideia do texto acima.

O autor considera como elemento relevante da narrativa de Antonio Candido o fato de


que o percurso biográfico da personagem central do livro revela peculiaridades da
dinâmica social brasileira do período monárquico.
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Questão 15 – (CESPE) Nível Superior – TC-DF/2014

Na casa todos dormiam. Todos, menos a irmã.

Era quieta, essa irmã. Não cantava, não ria; mal falava. Trazia água do poço, varria o
terreiro, passava a roupa, comia — pouco, magra que era — e ia para a cama sem dar
boa-noite a ninguém. Dormia num puxado, um quartinho só dela; tinha nojo dos irmãos.
Se, na cama, suspirava ou revirava os olhos, nunca ninguém viu. O nome dela era
Honesta.

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(Nome dado pela mãe. O pai queria-a ali, na roça; a mãe, porém, tinha esperança que
um dia a filha deixasse o campo e fosse para a cidade se empregar na casa de uma
família de bem. E que melhor nome para uma empregada do que Honesta? O pai
acreditava no campo; a mãe secretamente ansiava pela cidade — por um cinema! Nunca
tinha entrado num cinema! Minha filha fará isto por mim, dizia-se, sem notar que a filha
vagueava por paisagens estranhas, distantes do campo, distantes da cidade, distantes de
tudo. [...])

Moacyr Scliar. Doutor Miragem. Porto Alegre: L&PM, 1998, p. 22-3 (com adaptações).
Julgue o item subsequente, com base nas ideias e estruturas linguísticas do texto acima.

Julgue o item seguinte.

A expressão “mal falava” (sublinhada no texto) indica que a personagem não empregava
as regras gramaticais da norma-padrão da língua ao se expressar.

Questão 16 – (CESPE) Agente de Polícia Federal - PF/2014

Hoje, todos reconhecem, porque Marx impôs esta demonstração no Livro II d’O Capital,
que não há produção possível sem que seja assegurada a reprodução das condições
materiais da produção: a reprodução dos meios de produção.

Qualquer economista, que neste ponto não se distingue de qualquer capitalista, sabe
que, ano após ano, é preciso prever o que deve ser substituído, o que se gasta ou se usa
na produção: matéria-prima, instalações fixas (edifícios), instrumentos de produção
(máquinas) etc. Dizemos: qualquer economista é igual a qualquer capitalista, pois ambos
exprimem o ponto de vista da empresa.

Louis Althusser. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. 3.ª ed. Lisboa: Presença, 1980 (com
adaptações)

Julgue o item a seguir, a respeito dos sentidos do texto acima.

No texto, os termos “matéria-prima” (sublinhado no texto), “instalações fixas (edifícios)”


(sublinhado no texto) e “instrumentos de produção (máquinas)” (sublinhado no texto)
são exemplos de “meios de produção” (sublinhado no texto).
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Questão 17 – (CESPE) Agente de Polícia Federal - PF/2014

(Responda com base no texto da questão anterior.)

Julgue o item a seguir, a respeito dos sentidos do texto acima.

Infere-se do texto que todo economista é capitalista, mas o inverso não é verdadeiro,
pois nem todo capitalista é proprietário de empresa.

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Questão 18 – (CESPE) Agente de Polícia Federal - PF/2014

Imigrantes ilegais, os homens e as mulheres vieram para Prato, na Itália, como parte de
snakebodies liderados por snakeheads na Europa. Em outras palavras, fizeram a perigosa
viagem da China por trem, caminhão, a pé e por mar como parte de um grupo pequeno,
aterrorizado, que confiou seu destino a gangues chinesas que administram as maiores
redes de contrabando de gente no mundo. Nos locais em que suas viagens começaram,
havia filhos, pais, esposas e outros que dependiam deles para que enviassem dinheiro.
No destino, havia paredes cobertas com anúncios de mau gosto de empregos que
representavam a esperança de uma vida melhor.

Pedi a um dos homens ao lado da parede que me contasse como tinha sido sua viagem.
Ele objetou. Membros do snakebody têm de jurar segredo aos snakeheads que
organizam sua viagem. Tive de convencê-lo, concordando em usar um nome falso e
camuflar outros aspectos de sua jornada. Depois de uma série de encontros e
entrevistas, pelos quais paguei alguma coisa, a história de como Huang chegou a Prato
emergiu lentamente.

James Kynge. A China sacode o mundo.


São Paulo: Globo, 2007 (com adaptações).

Julgue o seguinte item, relativo às ideias e às estruturas linguísticas do texto


acima.

O texto é narrativo e autobiográfico, o que se evidencia pelo uso da primeira pessoa do


singular no segundo parágrafo, quando é contado um fato acontecido ao narrador.

Questão 19 – (CESPE) Analista Administrativo - ANTAQ/2014

Alexandria, no Egito, reinou quase absoluta como centro da cultura mundial no período
do século III a.C. ao século IV d.C. Sua famosa Biblioteca continha praticamente todo o
saber da Antiguidade em cerca de 700.000 rolos de papiro e pergaminho e era
frequentada pelos mais conspícuos sábios, poetas e matemáticos.

A Biblioteca de Alexandria estava muito próxima do que se entende hoje por


Universidade. E faz-se apropriado o depoimento do insigne Carl B. Boyer, em A História
da Matemática: “A Universidade de Alexandria evidentemente não diferia muito de
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instituições modernas de cultura superior. Parte dos professores provavelmente se


notabilizou na pesquisa, outros eram melhores como administradores e outros ainda
eram conhecidos pela sua capacidade de ensinar.”

Em 47 a.C., envolvendo-se na disputa entre a voluptuosa Cleópatra e seu irmão, o


imperador Júlio César mandou incendiar a esquadra egípcia ancorada no porto de
Alexandria. O fogo se propagou até as dependências da Biblioteca, queimando cerca de
500.000 rolos.

Em 640 d.C., o califa Omar ordenou que fossem queimados todos os livros da Biblioteca,
utilizando o seguinte o argumento: “ou os livros contêm o que está no Alcorão e são
desnecessários ou contêm o oposto e não devemos lê-los.”

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A destruição da Biblioteca de Alexandria talvez tenha representado o maior crime contra


o saber em toda a história da humanidade.

Se vivemos hoje a era do conhecimento é porque nos alçamos em ombros de gigantes do


passado. A Internet representa um poderoso agente de transformação do nosso modus
vivendi et operandi.

É um marco histórico, um dos maiores fenômenos de comunicação e uma das mais


democráticas formas de acesso ao saber e à pesquisa. Mas, como toda inovação, a
Internet tem potencial cuja dimensão não deve ser superdimensionada. Seu conteúdo é
fragmentado, desordenado e, além disso, cerca de metade de seus bites é descartável.

Jacir J. Venturi. Internet: <www.geometriaanalitica.com.br> (com adaptações).

Em relação ao texto acima, julgue o item a seguir

Nesse texto, que pode ser classificado como artigo de opinião, identificam-se trechos
narrativos e dissertativos.

Questão 20 – (CESPE) Analista Administrativo - ANATEL/2014

A ANATEL anunciou novas regras para os serviços de telefonia fixa e móvel, banda larga
e televisão por assinatura, que buscam melhorar a transparência das empresas com seus
clientes e ampliar os direitos dos últimos em relação à oferta de serviços. Destacam-se,
entre as novas normas, aquelas que facilitam a vida do usuário e reduzem as barreiras
de contato com a contratada, como a exigência de que haja uma forma de cancelamento
por meio da Internet, a obrigatoriedade de que a empresa retorne a ligação que caia
durante um atendimento e a necessidade de que o cliente receba retornos a suas
solicitações em, no máximo, trinta dias. Além disso, as promoções devem ser mais
transparentes e ampliadas a todos os contratantes, estendendo-se aos que já possuem
produtos e não usufruem de nenhuma condição especial.

A estratégia da agência reguladora de fato parece contribuir para que o consumidor seja
mais bem atendido e tenha acesso a todos os benefícios a que tem direito. No entanto, é
necessário que a fiscalização seja estrita, uma vez que as regras desse setor são
recorrentemente atualizadas e mesmo assim boa parte das empresas permanece com
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práticas irregulares. A baixa competitividade do mercado faz com que a qualidade dos
serviços e do atendimento oferecidos deixe a desejar e permite que os preços cobrados
por pacotes de canais, minutos para celular ou Internet assumam valores altos,
sobretudo quando comparados aos de outros países.

É aconselhável que o usuário permaneça sempre atento às ofertas disponíveis não


somente na empresa contratada como também em suas concorrentes, para aumentar
seu poder de barganha em momentos nos quais quiser negociar preços e condições
melhores. A solicitação de portabilidade ou a demonstração da intenção de trocar os
serviços pelos oferecidos por uma concorrente que ofereça condições melhores têm-se
mostrado boas estratégias, visto que as empresas comumente dispõem de vantagens
para não perder seus consumidores.

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Samy Dana. De olho em gastos com telefonia e direitos de consumidores. In: Folha de S.Paulo,
21/7/2014 (com adaptações).

Considerando as ideias e estruturas do texto, julgue o item seguinte.

Os altos preços que as empresas de telefonia, de banda larga e de TV por assinatura


cobram por minutos para celular ou Internet e por pacotes de canais, bem como a
qualidade aquém do esperado dos serviços e do atendimento prestados por essas
empresas são reflexos da pequena concorrência que existe no mercado e da falta de uma
fiscalização mais estrita por parte das agências reguladoras.

Questão 21 – (CESPE) Analista Administrativo - ANATEL/2014

(Responda com base no texto da questão anterior.)

Considerando as ideias e estruturas do texto, julgue o item seguinte.

Melhor atendimento ao consumidor e acesso do consumidor a todos os benefícios a que


ele tem direito são exemplos de melhorias na transparência das empresas com seus
clientes e de ampliações dos direitos destes no que se refere à oferta de serviços.

Questão 22 – (CESPE) Consultor de Orçamento e Fiscalização Financeira –


Câmara dos Deputados/2014

Pedi ao antropólogo Eduardo Viveiros de Castro que falasse sobre a ideia que o projetou.
A síntese da metafísica dos povos “exóticos” surgiu em 1996 e ganhou o nome de
“perspectivismo ameríndio”.

Fazia já alguns anos, então, que o antropólogo se ocupava de um traço específico do


pensamento indígena nas Américas. Em contraste com a ênfase dada pelas sociedades
industriais à produção de objetos, vigora entre esses povos a lógica da predação. O
pensamento ameríndio dá muita importância às relações entre caça e caçador — que
têm, para eles, um valor comparável ao que conferimos ao trabalho e à fabricação de
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bens de consumo. Diferentes espécies animais são pensadas com base na posição que
ocupam nessa relação. Gente, por exemplo, é, ao mesmo tempo, presa de onça e
predadora de porcos.

Pesquisas realizadas por duas alunas de Viveiros de Castro, na mesma época, com
diferentes grupos indígenas da Amazônia, chamavam a atenção para outra característica
curiosa de seu pensamento: de acordo com os interlocutores de ambas, os animais
podiam assumir a perspectiva humana. Um levantamento realizado então indicava a
existência de ideias semelhantes em outros grupos espalhados pelas Américas, do Alasca
à Patagônia. Segundo diferentes etnias, os porcos, por exemplo, se viam uns aos outros
como gente. E enxergavam os humanos, seus predadores, como onça. As onças, por sua
vez, viam a si mesmas e às outras onças como gente. Para elas, contudo, os índios eram
tapires ou pecaris — eram presa.

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Ser gente parecia uma questão de ponto de vista. Gente é quem ocupa a posição de
sujeito. No mundo amazônico, escreveu o antropólogo, “há mais pessoas no céu e na
terra do que sonham nossas antropologias”.

Ao se verem como gente, os animais adotam também todas as características culturais


humanas. Da perspectiva de um urubu, os vermes da carne podre que ele come são
peixes grelhados, comida de gente. O sangue que a onça bebe é, para ela, cauim, porque
é cauim o que se bebe com tanto gosto. Urubus entre urubus também têm relações
sociais humanas, com ritos, festas e regras de casamento.

Tudo se passa, conforme Viveiros de Castro, como se os índios pensassem o mundo de


maneira inversa à nossa, se consideradas as noções de “natureza” e de “cultura”. Para
nós, o que é dado, o universal, é a natureza, igual para todos os povos do planeta. O que
é construído é a cultura, que varia de uma sociedade para outra. Para os povos
ameríndios, ao contrário, o dado universal é a cultura, uma única cultura, que é sempre
a mesma para todo sujeito. Ser gente, para seres humanos, animais e espíritos, é viver
segundo as regras de casamento do grupo, comer peixe, beber cauim, temer onça, caçar
porco.

Mas se a cultura é igual para todos, algo precisa mudar. E o que muda, o que é
construído, dependendo do observador, é a natureza. Para o urubu, os vermes no corpo
em decomposição são peixe assado. Para nós, são vermes. Não há uma terceira posição,
superior e fundadora das outras duas. Ao passarmos de um observador a outro, para que
a cultura permaneça a mesma, toda a natureza em volta precisa mudar.

Rafael Cariello. O antropólogo contra o Estado. In: Revista Piauí, n.º 88, jan./2014 (com
adaptações).

Em relação ao texto acima, julgue o item abaixo.

Narrado em primeira pessoa e tratando de tema científico, o texto classifica-se como


artigo científico, ainda que tenha sido publicado em periódico não especializado.

Questão 23 – (CESPE) Consultor de Orçamento e Fiscalização Financeira –


Câmara dos Deputados/2014
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(Responda com base no texto da questão anterior.)

Em relação ao texto acima, julgue o item abaixo.

As ideias expressas nas frases “Ser gente parecia uma questão de ponto de vista”
(sublinhado no texto) e “Gente é quem ocupa a posição de sujeito” (sublinhado no texto)
constituem aspectos importantes daquilo que o texto apresenta como ‘perspectivismo
ameríndio’ (em negrito no texto).

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Questão 24 – (CESPE) Nível Superior - ICMBio/2014

De acordo com uma lista da International Union for the Conservation of Nature, o Brasil é
o país com o maior número de espécies de aves ameaçadas de extinção, com um total de
123 espécies sofrendo risco real de desaparecer da natureza em um futuro não tão
distante. A Mata Atlântica concentra cerca de 80% de todas as aves ameaçadas no país,
fato que resulta de muitos anos de exploração e desmatamentos. Atualmente, restam
apenas cerca de 10% da floresta original, não sendo homogênea essa proporção de
floresta remanescente ao longo de toda a Mata Atlântica. A situação é mais séria na
região Nordeste, especialmente nos estados de Alagoas e Pernambuco, onde a maior
parte da floresta original foi substituída por plantações de cana-de-açúcar. É nessa região
que ainda podem ser encontrados os últimos exemplares das aves mais raras em todo o
país, como o criticamente ameaçado limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi). Essa
pequena ave de dezoito centímetros vive no estrato médio e dossel de florestas bem
conservadas e ricas em bromélias, onde procura artrópodes dos quais se alimenta.
Atualmente, as duas únicas localidades onde a espécie pode ser encontrada são a
Estação Ecológica de Murici, em Alagoas, e a Serra do Urubu, em Pernambuco.

Pedro F. Develey et al. O Brasil e suas aves. In: Scientific American Brasil, 2013 (com adaptações).
Em relação ao texto acima, julgue o item abaixo.

Julgue o item seguinte, relativo às ideias e aos aspectos estruturais do texto


acima.

O vocábulo “remanescente” (sublinhado no texto) poderia ser substituído por ameaçada,


sem alteração do sentido original do texto.

Questão 25 – (CESPE) Nível Superior - ICMBio/2014

Se a Dinamarca tivesse seguido a corrente rodoviária dominante desde a década de 60


do século passado, nunca viraria um modelo de planejamento urbano. Em uma época em
que parecia fazer mais sentido priorizar o trânsito de carros, Copenhague apostou na
criação da primeira rua para pedestres do país. Antes de se tornar o maior calçadão da
Europa, com um quilômetro de extensão, a Strøget era uma rua comercial dominada por
automóveis, assim como todo o centro da cidade. O arquiteto por trás da iniciativa, Jan
Gehl, acreditava que os espaços urbanos deveriam servir para a interação social. Na
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época, foi criticado pela imprensa e por comerciantes, que ponderavam que as pessoas
não passariam muito tempo ao ar livre em uma capital gélida. Erraram. As vendas
triplicaram, e a rua de pedestres foi ocupada pelos moradores. A experiência reforçou as
convicções de Gehl, que defende o planejamento das cidades para o usufruto e o
conforto das pessoas.

Camilo Gomide. Cidades prazerosas. In: Planeta, fev./2014 (com adaptações).

Julgue o item seguinte, relativo às ideias e às estruturas linguísticas do texto


acima.

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É objetivo do texto defender a ideia de que comerciantes do mundo inteiro podem


triplicar seu faturamento caso seja adotado o modelo de planejamento urbano da
Dinamarca.

Questão 26 – (CESPE) Médico do Trabalho – Caixa/2014

Campos achava grande prazer na viagem que íamos fazendo em trem de ferro. Eu
confessava-lhe que tivera maior gosto quando ali ia em caleças tiradas a burros, umas
atrás das outras, não pelo veículo em si, mas porque ia vendo, ao longe, cá embaixo,
aparecer a pouco e pouco o mar e a cidade com tantos aspectos pinturescos. O trem leva
a gente de corrida, de afogadilho, desesperado, até a própria estação de Petrópolis. E
mais lembrava as paradas, aqui para beber café, ali para beber água na fonte célebre, e
finalmente a vista do alto da serra, onde os elegantes de Petrópolis aguardavam a gente
e a acompanhavam nos seus carros e cavalos até a cidade; alguns dos passageiros de
baixo passavam ali mesmo para os carros onde as famílias esperavam por eles. Campos
continuou a dizer todo o bem que achava no trem de ferro, como prazer e como
vantagem. Só o tempo que a gente poupa! Eu, se retorquisse dizendo-lhe bem do
tempo que se perde, iniciaria uma espécie de debate que faria a viagem ainda mais
sufocada e curta. Preferi trocar de assunto e agarrei-me aos derradeiros minutos, falei do
progresso, ele também, e chegamos satisfeitos à cidade da serra.

Machado de Assis, Memorial de Aires. RJ. Ed. Nova Aguilar. 1994 (com adaptações)

Acerca dos sentidos e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue o


seguinte item.

Considerando-se que o trecho em questão trata da viagem de duas pessoas, o narrador e


Campos, é correto afirmar que as ocorrências do termo “a gente” (em negrito no texto),
no primeiro parágrafo, referem-se especificamente a esses dois personagens.

Questão 27 – (CESPE) Diplomata – Instituto Rio Branco/2014

A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita de grandes
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cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos e
poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor que
fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor.

“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo assim, ela fica mais perto de nós.
E para muitos pode servir de caminho não apenas para a vida, que ela serve de perto,
mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da composição solta, do ar de coisa sem
necessidade que costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo dia.
Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso modo de ser
mais natural. Na sua despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permite, como
compensação sorrateira, recuperar com a outra mão certa profundidade de significado16
e certo acabamento de forma, que de repente podem fazer dela uma inesperada, embora
discreta, candidata à perfeição.

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Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p.
23 (com adaptações).

Em relação ao texto, julgue (C ou E) o item subsequente.

No trecho “Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso
modo de ser mais natural” (sublinhado no texto), o autor indica que a crônica e a
linguagem falada é a que consegue a mais perfeita comunicação literária.

Questão 28 – (CESPE) Diplomata – Instituto Rio Branco/2014

José Lins do Rego, em ensaio admirável dedicado a Fialho de Almeida, põe talvez
exagerada ênfase na condição de “telúrico” de Fialho, como virtude acima de qualquer
outra num escritor. Tanto que nos dá a impressão de que, em literatura, só os telúricos
se salvam. O que me parece generalização muito próxima da verdade; mas não a
verdade absoluta.

Nem Eça nem Ramalho foram rigorosamente telúricos e, entretanto, sua vitalidade nas
letras portuguesas é das que repelem, meio século depois de mortos os dois grandes
críticos, qualquer unguento ou óleo de complacência com que hoje se pretenda adoçar a
revisão do seu valor social, os dois tendo atuado como revolucionários ou, antes,
renovadores não só das convenções estéticas da língua e da literatura, como das
convenções sociais do povo e da nação que criticaram duramente para, afinal,
terminarem cheios de ternura patriótica e até mística pela tradição portuguesa. Um,
revoltado contra o “francesismo”, ou “cosmopolitismo”, que o afastara dos clássicos, da
cozinha dos antigos, da vida e do ar das serras; o outro, enjoado do “republicanismo”,
que também o separara de tantos valores básicos da vida portuguesa, fazendo-o exigir
da Monarquia e da Igreja, em Portugal, atitudes violentamente contrárias às condições
de um povo apenas tocado pela Revolução Industrial e pela civilização carbonífera do
norte da Europa.

Gilberto Freyre. Eça, Ramalho como renovadores da literatura em língua portuguesa. In: Alhos &
Bugalhos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978, p. 15 (com adaptações).

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Em relação ao texto, julgue (C ou E) o item subsequente.

Depreende-se do texto que Eça de Queirós reagiu radicalmente contra o francesismo,


Ramalho Ortigão estava farto do republicanismo (sublinhado no texto) e nenhum dos
dois, na opinião de Gilberto Freyre, demonstrou ser inflexivelmente telúrico.

Questão 29 – (CESPE) Nível Superior – SUFRAMA/2014

O homem habita a Amazônia há mais de 11.000 anos. No entanto, foi só no século XVI
que o rio Amazonas foi navegado pela primeira vez, pelo explorador e conquistador

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espanhol Don Francisco de Orellana (1511-1546). Em busca de vastas florestas de canela


e da lendária cidade do ouro El Dorado, Orellana deixou Quito, no Equador, em fevereiro
de 1541. Não encontrou nem canela nem ouro, e, sim, o maior rio da Terra. O explorador
batizou o rio “recém-descoberto” de rio de Orellana. Tal nome depois seria abandonado
em troca do nome rio Amazonas, inspirado na mítica tribo de guerreiras.

Passaram-se muitos anos até a Amazônia receber uma nova expedição — a primeira a
subir o rio inteiro. Entre 1637 e 1638, as primeiras informações detalhadas sobre a
região, sua13 história natural e seu povo foram registradas pelo Padre Cristóvão de
Acuña, que viajou como membro de uma grande expedição comandada pelo general
português Pedro Teixeira. Ele registrou dados de impressionante precisão acerca da
extensão e do tamanho do rio Amazonas, e da topografia de seu curso, com descrições
detalhadas das áreas de floresta19 inundada ao longo do rio, da fauna aquática, dos
sistemas agrícolas e das plantações dos povos indígenas.

Internet: <www.wwf.org> (com adaptações).

No que se refere aos aspectos linguísticos e à tipologia do texto acima, julgue o


item que se segue.

No texto, de caráter informativo, há trechos narrativos que tratam da navegação na


região amazônica.

Questão 30 – (CESPE) Nível Superior – FUB/2014

Muitas vezes, na divulgação midiática de pesquisas e projetos científicos, o profissional


da área de comunicação tropeça em questões teóricas, não dá a devida importância para
a pesquisa em si, põe em foco questões do processo de pesquisa que são irrelevantes
para o projeto e para o pesquisador, ou mesmo propaga conhecimentos e crenças
populares em vez de ser “fiel” ao trabalho do pesquisador. Já o pesquisador, ao escrever
sobre seu projeto ou pesquisa, esquece por vezes que aqueles que lerão nem sempre
têm conhecimento linguístico da área e utiliza uma linguagem não acessível a pessoas
que não pertencem ao meio acadêmico e, dessa forma, dificulta a divulgação de sua
pesquisa.

O jornalista está dentro de uma esfera que tem como foco a comunicação em si e não o
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que se comunica. O foco é uma linguagem acessível, interessante e que chame a atenção
do público para comprar e consumir os textos e artigos que são escritos e, se for
necessário, ele sacrifica o conteúdo em prol da atenção do público e da linguagem. Já o
pesquisador está em uma esfera cujo foco é o conteúdo, o objeto de pesquisa e a
pesquisa em si e, muitas vezes, ele sacrifica um grupo extenso de leitores ao empregar
linguagem específica, científica e não acessível. Portanto, ao escrever, os dois
profissionais têm de ter em mente que sua esfera de atividade humana e, por
consequência, de comunicação, se torna mais complexa. O jornalista deve ter em mente
que, quando escreve sobre um projeto científico, não atua apenas em sua área de
atividade humana, a comunicação, mas na comunicação científica. O cientista ou
pesquisador deve considerar que a divulgação de sua pesquisa não deve ser feita apenas
para a comunidade científica, mas para o público em geral. Dessa forma, o pesquisador
precisa constantemente pensar mais nesse público e, consequentemente, na linguagem
utilizada. O jornalista, por sua vez, precisa ficar mais atento à pesquisa que está sendo
divulgada. Cada um precisa aprender com o outro, permitindo-se entrar mais em uma

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esfera de atividade humana à qual não pertence originalmente. O principal motivo desse
intercâmbio de intenções ao escrever é aumentar o acesso do público à ciência.

A academia não pode estar voltada apenas para seu público interno. É muito importante
que as informações sejam divulgadas e não permaneçam circulando em um grupo
fechado, até para que haja crescimento da própria comunidade científica.

Camila Delmondes Dias et al. Divulgando a arqueologia: comunicando o conhecimento para


a sociedade. In: Ciência e Cultura. São Paulo, v. 65, n.o 2, jun./2013. Internet:
<http://cienciaecultura.bvs.br> (com adaptações).

De acordo com as ideias expressas no texto,

para que a divulgação midiática de pesquisas e projetos seja compreensível e acessível, é


necessário que os jornalistas se aproximem mais da esfera de atividade humana dos
pesquisadores e vice-versa.

Questão 31 – (CESPE) Nível Superior – MEC/2014

Nenhuma ação educativa pode prescindir de uma reflexão sobre o homem e de uma
análise sobre suas condições culturais. Não há educação fora das sociedades humanas e
não há homens isolados. O homem é um ser de raízes espaçotemporais. De forma que
ele é, na expressão feliz de Marcel, um ser “situado e temporalizado”. A instrumentação
da educação — algo mais que a simples preparação de quadros técnicos para responder
às necessidades de desenvolvimento de uma área — depende da harmonia que se
consiga entre a vocação ontológica desse “ser situado e temporalizado” e as condições
especiais dessa temporalidade e dessa situacionalidade.

Se a vocação ontológica do homem é a de ser sujeito e não objeto, ele só poderá


desenvolvê-la se, refletindo sobre suas condições espaçotemporais, introduzir-se nelas
de maneira crítica. Quanto mais for levado a refletir sobre sua situacionalidade, sobre
seu enraizamento espaçotemporal, mais “emergirá” dela conscientemente “carregado” de
compromisso com sua realidade, da qual, porque é sujeito, não deve ser simples
espectador, mas na qual deve intervir cada vez mais.

Paulo Freire. Educação e mudança. 2.ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 61 (com
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adaptações)

Julgue o item seguinte, referentes às ideias e a aspectos linguísticos do texto


acima.

Segundo o texto, a educação deve considerar não apenas o homem, mas também o
contexto em que ele vive, levando-o a refletir sobre sua realidade e atuar sobre ela na
condição de sujeito.

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Questão 32 – (CESPE) Analista Legislativo – Câmara dos Deputados/2014

Em episódio que não sei mais se se estuda na História do Brasil, pois nem mesmo sei se
ainda se estuda História do Brasil, nos contavam, às vezes com admiração, que D. Pedro,
o da Independência, irritado com a primeira Assembleia Constituinte brasileira, por ele
considerada folgada e ousada, encerrou a brincadeira e outorgou a Constituição do novo
Estado. Decerto a razão não é esta, é antes um sintoma, mas vejo aí um momento
exemplar da tradição de encarar o Estado (que, na conversa, chamamos de “governo”)
como nosso mestre e os nossos direitos como por ele dadivados. Os governantes não são
mandatários ou representantes nossos, mas patrões ou chefes.

Claro, há muito que discutir sobre o conceito de praticamente cada palavra que vou usar
— isto sempre, de alguma forma, é possível —, mas vamos fingir que existe consenso
sobre elas, não há de fazer muito mal agora. Nunca, de fato, tivemos democracia. E a
República não trouxe nenhuma mudança efetivamente básica para o povo brasileiro,
nenhuma revolução ou movimento o fez. Tudo continua como era dantes, só que os
defeitos, digamos, de fábrica, vão piorando com o tempo e ficam cada vez mais difíceis
de consertar. Alguns, na minha lúgubre opinião, jamais terão reparo, até porque a
Humanidade, pelo menos como a conhecemos, deve acabar antes.

João Ubaldo Ribeiro. A gente se acostuma a tudo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006, p. 113-4
(com adaptações).

Em relação ao trecho acima reproduzido, julgue o item que se segue.

É correto afirmar que o trecho foi extraído de um ensaio acadêmico, pois versa sobre
tema histórico com base em conceitos de teoria política.

Questão 33 – (CESPE) Analista Legislativo – Câmara dos Deputados/2014

Tarde de verão, é levado ao jardim na cadeira de braços — sobre a palhinha dura a capa
de plástico e, apesar do calor, manta xadrez no joelho. Cabeça caída no peito, um fio de
baba no queixo. Sozinho, regala-se com o trino da corruíra, um cacho dourado de giesta
e, ao arrepio da brisa, as folhinhas do chorão faiscando — verde, verde! Primeira vez
depois do insulto cerebral aquela ânsia de viver. De novo um homem, não barata leprosa
com caspa na sobrancelha — e, a sombra das folhas na cabecinha trêmula, adormece.
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Gritos: Recolha a roupa. Maria, feche a janela. Prendeu o Nero? Rebenta com fúria o
temporal. Aos trancos João ergue o rosto, a chuva escorre na boca torta. Revira em
agonia o olho vermelho — é uma coisa, que a família esquece na confusão de recolher a
roupa e fechar as janelas?

Dalton Trevisan. Ah, é? Rio de Janeiro: Record, 1994. p. 67 (com adaptações).

Em relação ao texto acima, julgue o item

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Por tratar-se de narrativa em terceira pessoa, o texto apresenta, além do relato das
ações, alguns comentários do narrador, sem perscrutar o pensamento do personagem
principal.

Questão 34 – (CESPE) Nível Superior – CAIXA/2014

As primeiras moedas, peças representando valores, geralmente em metal, surgiram na


Lídia (atual Turquia), no século VII a.C. As características que se desejava ressaltar eram
transportadas para as peças por meio da pancada de um objeto pesado, em primitivos
cunhos. Com o surgimento da cunhagem a martelo e o uso de metais nobres, como o
ouro e a prata, os signos monetários passaram a ser valorizados também pela nobreza
dos metais neles empregados.

Embora a evolução dos tempos tenha levado à substituição do ouro e da prata por
metais menos raros ou suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a associação
dos atributos de beleza e expressão cultural ao valor monetário das moedas, que quase
sempre, na atualidade, apresentam figuras representativas da história, da cultura, das
riquezas e do poder das sociedades.

A necessidade de guardar as moedas em segurança levou ao surgimento dos bancos. Os


negociantes de ouro e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço, passaram a
aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de seus clientes e a dar recibos escritos
das quantias guardadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a servir como meio de
pagamento por seus possuidores, por ser mais seguro portá-los do que portar dinheiro
vivo. Assim surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cédulas de banco;
concomitantemente ao surgimento das cédulas, a guarda dos valores em espécie dava
origem a instituições bancárias.

Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História, 1694/1984.

No que se refere aos aspectos linguísticos, à classificação tipológica do texto


acima e às ideias nele expressas, julgue o item a seguir.

No texto, predominantemente descritivo, são utilizados trechos narrativos como recurso


para defender os argumentos elencados.
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Questão 35 – (CESPE) Nível Superior - FUB/2014

Em 2006 e em 2010, o Ministério da Ciência e Tecnologia promoveu uma pesquisa de


cunho nacional cujo objetivo era fazer um mapeamento do interesse, grau de
informação, atitudes e visões dos brasileiros sobre ciência e tecnologia. Para tanto, foram
realizadas 2.016 entrevistas organizadas quanto a variáveis como gênero, idade,
escolaridade, renda e região de moradia. Um dos resultados a que se chegou é
apresentado no gráfico acima, que mostra a visão dos brasileiros em relação aos
benefícios trazidos pela ciência e tecnologia.

Ministério da Ciência e Tecnologia. Percepção pública da ciência e tecnologia no Brasil:


resultados da enquete de 2010. Internet: (com adaptações).

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Considerando que ns/nr signifique que o entrevistado não sabe/não respondeu,


julgue o item com base nas informações acima.

Somente em 2010, o brasileiro passou a acreditar que a ciência e a tecnologia resultam


em mais benefícios que malefícios.

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Questão 36 – (CESPE) Nível Superior – CADE/2013

(Texto para as questões 36 e 37)

Atualmente, há duas Américas Latinas. A primeira conta com um bloco de países —


incluindo Brasil, Argentina e Venezuela — com acesso ao Oceano Atlântico, que confere
ao Estado grande papel na economia. A segunda — composta por países de frente para o
Pacífico, como México, Peru, Chile e Colômbia — adota o livre comércio e o mercado
livre.

Os dois grupos de países compartilham de uma geografia, de culturas e de histórias


semelhantes, entretanto, por quase dez anos, a economia dos países do Atlântico
cresceu mais rapidamente, em grande parte graças ao aumento dos preços das
commodities no mercado global. Atualmente, parece que os anos vindouros são mais
promissores para os países do Pacífico. Assim, a região enfrenta, de certa forma, um
dilema sobre qual modelo adotar: o do Atlântico ou o do Pacífico?

Há razões para pensar que os países com acesso ao Pacífico estão em vantagem, como,
por exemplo, o fato de que, em 2014, o bloco comercial Aliança do Pacífico (formado por
México, Colômbia, Peru e Chile) provavelmente crescerá a uma média de 4,25%, ao
passo que o grupo do Atlântico, formado por Venezuela, Brasil e Argentina — unidos pelo
MERCOSUL —, crescerá 2,5%. O Brasil, a maior economia da região, tende a crescer
1,9%.

Segundo economistas, os países da América Latina que adotam o livre comércio estão
mais preparados para crescer e registram maiores ganhos de produtividade. Os países do
Pacífico, mesmo aqueles como o Chile, que ainda dependem de commodities como o
cobre, também têm feito mais para fortalecer a exportação. No México, a exportação de
bens manufaturados representa quase 25% da produção econômica anual (no Brasil,
representa 4%). As economias do Pacífico também são mais estáveis. Países como
México e Chile têm baixa inflação e consideráveis reservas estrangeiras.

Venezuela e Argentina, por sua vez, começam a se parecer com casos econômicos sem
solução. Na Venezuela, a inflação passa de 50% ao ano — igual à da Síria, país
devastado pela guerra.

David Juhnow. Duas Américas Latinas bem diferentes. The Wall Street Journal. In: Internet: (com
adaptações).

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Julgue o item a seguir, no que se refere à tipologia e às ideias do texto acima.

A ideia defendida no texto, que se classifica como dissertativo, é construída por meio de
contrastes.

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Questão 37 – (CESPE) Nível Superior – CADE/2013

Julgue o item a seguir, no que se refere à tipologia e às ideias do texto acima.

Infere-se do texto que países não banhados pelo Atlântico ou pelo Pacífico, como
Paraguai e Equador, não estão inseridos em nenhuma das duas Américas Latinas citadas
pelo autor.

Questão 38 – (CESPE) Oficial da Polícia Militar – PM-CE/2013

(Texto para as questões 38 a 40)

Mundo animal

No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam juntos, cerca de
dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar as nuvens sobre a Lagoa
Rodrigo de Freitas. Depois, planam de volta, dando rasantes na varanda de casa. O
grupo dorme na copa das árvores e lembra o dos carcarás do Mogli. Às vezes, eles
costumam pegar sol no terraço. Sempre que dou de cara com um, trato-o com respeito.
O urubu é um pássaro grande, feio e mal-encarado, mas é da paz. Ele não ataca e só vai
embora se alguém o afugenta com gritos.

Recentemente, notei que um bem-te-vi aparecia todos os dias de manhã para roubar a
palha da palmeira do jardim. De vez em quando, trazia a senhora para ajudar no ninho.
Comecei a colocar pão na mesa de fora, e eles se habituaram a tomar o café conosco.
Agora, quando não encontram o repasto, cantam, reclamando do atraso. Um outro casal
descobriu o banquete, não sei a que gênero esses dois pertencem. A cor é um verde-
escuro brilhante, o tamanho é menor do que o do bem-te-vi e o Pavarotti da dupla é o
macho.

A ideia de prender um passarinho na gaiola, por mais que ele se acostume com o dono, é
muito triste. Comprei um periquito, uma vez, criado em cárcere privado, e o soltei na
sala. Achei que ele ia gostar de ter espaço. Saí para trabalhar e, quando voltei, o pobre
estava morto atrás da poltrona. Ele tentou sair e morreu dando cabeçadas no vidro.
Carrego a culpa até hoje. De boas intenções o inferno está cheio.

O Rio de Janeiro existe entre lá e cá, entre o asfalto e a mata atlântica, mas a fauna
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daqui é mais delicada do que a africana e a indiana. Quem tem janela perto do verde
conhece bem o que é conviver com os micos. Nos meus tempos de São Conrado, eu
costumava acordar com um monte deles esperando a boia. Foi a primeira vez que
experimentei cativar espécies não domesticadas.

Lanço aqui a campanha: crie vínculos com um curió, uma paca ou um formigueiro que
seja. Eles são fiéis e conectam você com a mãe natureza. Experimente, ponha um
pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece.

Fernanda Torres. In: Veja Rio, 2/12/2012 (com adaptações).

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Com relação às ideias e às suas estruturas linguísticas do texto apresentado,


julgue o item a seguir.

A ideia central do texto consiste na necessidade de criação de mecanismos para a


separação entre espaço urbano e natureza, a fim de se preservar a vida de espécies
animais.

Questão 39 – (CESPE) Oficial da Polícia Militar – PM-CE/2013

Com relação às ideias e às suas estruturas linguísticas do texto apresentado,


julgue o item a seguir.

Os dois primeiros parágrafos do texto são predominantemente narrativos.

Questão 40 – (CESPE) Oficial da Polícia Militar – PM-CE/2013

Com relação às ideias e às suas estruturas linguísticas do texto apresentado,


julgue o item a seguir.

O emprego da primeira pessoa do singular confere ao texto um caráter testemunhal que


possibilita a criação de empatia entre o leitor e as experiências da autora.

Questão 41 – (CESPE) Primeiro-Tenente – CBM-CE/2013

(Texto para as questões 41 e 42)

A história da formação dos corpos de bombeiros no país começou no século XVI, no Rio
de Janeiro. Nessa época, quando ocorria um incêndio, os voluntários, aguadeiros e
milicianos, corriam para apagá-lo e, na maior parte das vezes, perdiam a batalha devido
às construções de madeira. Os incêndios ocorridos à noite vitimavam ainda mais
pessoas, devido à precária iluminação das ruas.

Quando havia um incêndio na cidade, os aguadeiros eram avisados por três disparos de
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canhão, partidos do morro do Castelo, e por toques de sinos da igreja de São Francisco
de Paula, correspondendo o número de badaladas ao número da freguesia onde se
verificava o sinistro. Esses toques eram reproduzidos pela igreja matriz da freguesia.
Assim, os homens corriam para os aguadeiros, e a população fazia aquela fila
quilométrica, passando baldes de mão em mão, do chafariz até o incêndio.

Os primeiros bombeiros militares surgiram na Marinha, pois os incêndios nos antigos


navios de madeira eram constantes. Porém, eles existiam apenas como uma
especialidade, e não como uma corporação. A denominação de bombeiros deveu-se a
operarem principalmente bombas d’água, dispositivos rudimentares em madeira, ferro e
couro.

Com a vinda da família real portuguesa ao Brasil, no século XIX, mais precisamente ao
Rio de Janeiro, foi criado, 25 em julho de 1856, por decreto imperial, o Corpo de

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Bombeiros Provisório da Corte. Quando recebiam aviso de incêndio, os praças saíam


puxando o corrico (que tinha de seis a oito mangueiras) pela via pública e procuravam
debelar o fogo, solicitando os reforços necessários, conforme a extensão do sinistro.

Internet: (com adaptações).

Considerando as ideias e a estrutura linguística do texto, julgue o item que se


segue.

O substantivo “freguesia” (sublinhado no texto) pode ser substituído no texto, sem


prejuízo de sentido, por clientela.

Questão 42 – (CESPE) Primeiro-Tenente – CBM-CE/2013

Considerando as ideias e a estrutura linguística do texto, julgue o item que se


segue.

Nesse texto, de cunho informativo, predomina o tipo narrativo.

Questão 43 – (CESPE) Analista Técnico – MDIC/2013

Os municípios do Brasil alcançaram, em média, um índice de desenvolvimento humano


municipal (IDHM) alto, graças a avanços em educação, renda e expectativa de vida nos
últimos vinte anos.

Mas o país ainda registra consideráveis atrasos educacionais, de acordo com dados
divulgados pela Organização das Nações Unidas e pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada.

O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 aponta que o IDHM médio do


país subiu de 0,493, em 1991, para 0,727, em 2010 — quanto mais próximo de 1, maior
é o desenvolvimento. Com isso, o Brasil passou de um patamar “muito baixo” para um
patamar “alto” de desenvolvimento social. O que mais contribuiu para esse índice foi o
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aumento na longevidade, que subiu de 64,7 anos para 73,9 anos. Também houve
aumento de 14,2% ou (R$ 346,31) na renda nesse período.

Os maiores desafios concentram-se na educação, o terceiro componente do IDHM.


Apesar de ter crescido de 0,279 para 0,637 em vinte anos, o IDHM específico de
educação é o mais distante da meta ideal, de 1. Em 2010, pouco mais da metade dos
brasileiros com dezoito anos de idade ou mais havia concluído o ensino fundamental; e
só 57,2% dos jovens entre quinze e dezessete anos de idade tinham o ensino
fundamental completo. O ministro da Educação admitiu um “imenso desafio” na área,
mas destacou que a educação é o componente que, tendo partido de um patamar mais
baixo, registrou os maiores avanços, graças ao aumento no fluxo de alunos matriculados
nas escolas. O índice de crianças de cinco e seis anos de idade que entraram no sistema
de ensino passou de 37,3%, em 1991, para 91,1%, em 2010.

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Conforme o atlas, dois terços dos 5.565 municípios brasileiros estão na faixa de
desenvolvimento humano considerada alta ou média. Ao mesmo tempo, a porcentagem
de municípios na classificação “muito baixa” caiu de 85,5%, em 1991, para 0,6%, em
2010. O relatório identificou uma redução nas disparidades sociais entre Norte e Sul do
Brasil, mas confirmou que elas continuam a existir. Um exemplo disso é que 90% dos
municípios das regiões Norte e Nordeste têm baixos índices de IDHM em educação e
renda.

Internet: (com adaptações).

No que se refere às ideias e expressões linguísticas contidas no texto, julgue o


item que se segue.

De acordo com dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, houve


decréscimo significativo no número de municípios incluídos na classificação “muito
baixa”.

Questão 44 – (CESPE) Procurador – TCE-PB/2013

A Carta Roubada é um dos contos mais célebres de Edgar Allan Poe. Nele, o escritor
norte-americano conta a história de um ministro que resolve chantagear a rainha
roubando a carta que lhe fora endereçada por um amante.

Desesperada, a rainha encarrega sua polícia secreta de encontrar a carta, que


provavelmente deveria estar na casa do ministro. Uma astuta análise, com os mais
modernos métodos, é feita sem sucesso. Reconhecendo sua incompetência, o chefe de
polícia apela a Auguste Dupin, um detetive que tem a única ideia sensata do conto:
procurar a carta no lugar mais óbvio possível, a saber, em um porta-cartas em cima da
lareira.

A leitura do conto de Edgar Allan Poe deveria ser obrigatória para os responsáveis pela
educação pública. Muitas vezes, eles parecem se deleitar em procurar as mais finas
explicações, contratar os mais astutos consultores internacionais com seus métodos
pretensamente inovadores, sendo os problemas a combater primários e óbvios para
qualquer um que queira, de fato, enxergá-los.
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Por exemplo, há semanas descobrimos, graças ao Censo Escolar de 2011, que 72,5%
das escolas públicas brasileiras simplesmente não têm bibliotecas. Isto equivale a
113.269 escolas. Um descaso que não mudou com o tempo, já que, das 7.284 escolas
construídas a partir de 2008, apenas 19,4% têm algo parecido com uma biblioteca.

Diante de resultados dessa magnitude, não é difícil entender a matriz dos graves
problemas educacionais que atravessamos. Difícil é entender por que demoramos tanto
para ter uma imagem dessa realidade.

Ninguém precisa de mais um discurso óbvio sobre a importância da leitura e do contato


efetivo com livros para a boa formação educacional, ou melhor, ninguém a não ser os
administradores da educação pública, em todas as suas esferas, não fazendo sentido
algum discutir o fracasso educacional brasileiro se questões elementares são
negligenciadas a tal ponto.

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Em política educacional, talvez vamos acabar por descobrir que “menos é mais”. Quanto
menos “revoluções na educação” e quanto mais capacidade de realmente priorizar a
resolução de problemas elementares (bibliotecas, valorização da carreira dos professores
etc.), melhor para todos.

Vladimir Safatle. A biblioteca roubada. In: Folha de S.Paulo, São Paulo, 5/2/2013 (com
adaptações).

Em relação ao texto, assinale a opção correta.

a) O uso dos dados estatísticos é decisivo para a argumentação do autor e, também,


para interpretação do título do texto, A biblioteca roubada.
b) A descrição desempenha papel determinante na exposição das ideias do autor, haja
vista a natureza figurativa do texto.
c) O emprego da primeira pessoa do plural, em algumas partes do texto, evidencia que o
autor possui influência nas instâncias gestoras que decidem sobre a educação no Brasil.
d) Predomina no texto a estrutura narrativa, o que se evidencia na referência ao conto
de Edgar Allan Poe.
e) Não é possível discernir claramente o posicionamento do autor acerca da realidade da
educação brasileira das opiniões veiculadas pelos programas governamentais ligados ao
ensino brasileiro.

Questão 45 – (CESPE) Procurador – TCE-PB/2013

(Texto para as questões 45 e 46)

Às vezes, eu sinto a angústia de um menino perdido numa multidão. Vivemos hoje no


Brasil um período inusitado de estabilidade política permeada pelas superimposições
promovidas pelo casamento entre hierarquias aristocráticas que, em todas as
sociedades (e sobretudo na escravidão, como percebeu o seu teórico mais sensível,
Joaquim Nabuco), têm como base a amizade e a simpatia pessoal e pelo
individualismo moderno relativamente igualitário, que demanda burocracia e, com ela,
uma impecável, abrangente e inatingível impessoalidade.
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O hibridismo resultante pode ser negativo ou positivo. Pelo que capturo, o hibridismo é
sempre mal visto porque ele não cabe no modo ocidental de pensar. Provam isso as
Cruzadas, a Inquisição, o Puritanismo, as Guerras Mundiais, o Holocausto e a exagerada
ênfase na purificação e na eugenia na coerência absoluta entre gente, terra, língua e
costumes, típicas do eurocentrismo. A mistura corre do lado errado e tende a derrapar
como um carro dirigido por jovens bêbados quando saem da balada.

Como gostamos de brincar com fogo, estamos sempre a um passo da legitimação da


violência, justificada como a voz dos oprimidos que ainda não aprenderam a se
manifestar corretamente. E como fazê-lo se jamais tivemos um ensino efetivamente
igualitário ou instrumental para o igualitarismo numa sociedade cunhada pelo escravismo
e por uma ética de condescendência pelos amigos e conhecidos?

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Pressinto uma enorme violência no nosso sistema de vida. Temo que ela venha a ocupar
um território ainda mais denso e seja usada para legitimar outras violências tanto ou
mais brutais do que o quebra-quebra hoje redefinido como “manifestações”, protestos
que começam como demandas legítimas e, infiltrados, tornam-se quebra-quebras. Qual é
o lado a ser tomado se ambos são legítimos e, como é óbvio, dizem alguma coisa como
tudo o que é humano?

Estou, pois, um tanto perdido e um tanto achado nessa encruzilhada entre demandas
legais e prestígios pessoais. Entre patrimonialismo carismático e burocracia, os quais
sustentam o “Você sabe com quem está falando?” esse padrinho do “comigo é
diferente”, “cada caso é um caso”, “ele é meu amigo”, “você está errado mas eu continuo
te amando”... E por aí vai numa sequência que o leitor pode inferir, deferir ou embargar.

Roberto da Mata. Achados e perdidos. In: O Estado de S.Paulo, São Paulo, 23/10/2013 (com
adaptações).

O texto de Roberto da Mata é;

a) estruturado sob ponto de vista marcadamente individualista, o que se comprova pelo


emprego reiterado da primeira pessoa do discurso.
b) predominantemente descritivo, visto que se resume na descrição de conceitos
sociológicos, tais como o de hibridismo.
c) predominantemente narrativo, dada a forma como se organizam os fatos
constituidores da sociedade brasileira.
d) expositivo-argumentativo, o que se evidencia pela exposição de ideias e
argumentação sob um viés teórico-crítico.
e) construído com base em princípios moralizantes e dogmáticos sem a apresentação de
argumentos que possam ser comprovados empiricamente.

Questão 46 – (CESPE) Procurador – TCE-PB/2013

Com base nas ideias do texto, assinale a opção correta.

a) Conforme demonstrado no texto, o hibridismo legitima a violência na sociedade


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brasileira, marcada pela presença de uma população oprimida.


b) De acordo com o texto, há raízes históricas evidentes para a maneira segundo a qual
os brasileiros não conseguem conceber, na prática cotidiana, o igualitarismo.
c) Infere-se da leitura do texto que a burocracia e o pessoalismo no Brasil são
absolutamente excludentes.
d) O autor do texto manifesta-se contrário à miscigenação da sociedade, caracterizada
por ele como hibridismo “mal visto”.
e) Segundo o autor do texto, o principal problema do país resulta do longo período de
estabilidade política, que permite que quebra-quebra seja entendido como manifestação.

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Questão 47 – (CESPE) Analista Judiciário – STF/2013

Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem
notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados
os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa.
Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro
Lobato.

Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o,
dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela
sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia,


nadava devagar em um mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte,
fui à sua casa, literalmente correndo. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus
olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia
seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo
me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho
de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia
seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo
mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Clarice Lispector. Felicidade clandestina. In: Felicidade clandestina: contos. Rio de Janeiro: Rocco,
1998 (com adaptações).

Julgue o próximo item, referentes às ideias e às estruturas linguísticas do texto


acima.

Infere-se do texto, narrado em primeira pessoa, que a personagem principal sujeitou-se


a atitudes perversas de uma colega, para conseguir emprestada uma obra de Monteiro
Lobato.

Questão 48 – (CESPE) Papiloscopista – SEGESP-AL/2013


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Um cientista chamado Francis Galton é considerado um dos fundadores do que


chamamos hoje de biometria: a aplicação de métodos estatísticos para estudo dos
fenômenos biológicos. Sua pesquisa em habilidades e disposições mentais, a qual incluía
estudos de gêmeos idênticos, foi pioneira em demonstrar que vários traços são
genéticos. A paixão de Galton pela medição permitiu que ele abrisse, em 1884, o
Laboratório de Antropométrica na Exibição Internacional de Saúde, onde ele coletou
estatísticas de milhares de pessoas. Em 1892, Galton inventou o primeiro sistema
moderno de impressão digital. Adotado pelos departamentos de polícia em todo o
mundo, a impressão digital era a forma mais confiável de identificação, até o advento da
tecnologia do DNA no século XX.

Os avanços comerciais na área da biometria começaram na década de 70 do século


passado. Nessa época, um sistema chamado Identimat foi instalado em um número de
locais secretos para controle de acesso. Ele mensurava a forma da mão e olhava

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principalmente para o tamanho dos dedos. A produção do Identimat acabou na década


de 80 do século passado. Seu uso foi pioneiro na aplicação da geometria da mão e
pavimentou o caminho para a tecnologia biométrica como um todo.

Paralelamente ao desenvolvimento da tecnologia de mão, a biometria digital estava


progredindo nas décadas de 60 e 70 do século XX. Nessa época, algumas companhias
estavam envolvidas com identificação automática das imagens digitais para auxiliar as
forças policiais. O processo manual de comparação de imagens digitais em registros
criminais era longo e necessitava de muito trabalho. No final dos anos 60, o FBI começou
a checar automaticamente as imagens digitais e, na metade da década de 70, já havia
instalado certa quantidade de sistemas de scanners digitais automáticos. Desde então, o
papel da biometria nas forças policiais tem crescido rapidamente, e os AFIS (Automated
Fingerprint Identification Systems) são utilizados por um número significante de forças
policiais em todo o mundo.

Internet: (com adaptações).

Com base nas ideias do texto, julgue o item que se segue.

A tecnologia do DNA é um sistema de identificação mais confiável que a impressão


digital.

Questão 49 – (CESPE) Auditor Governamental – CGE-PI/2015

Uma casa tem muita vez as suas relíquias, lembranças de um dia ou de outro, da
tristeza que passou, da felicidade que se perdeu. Supõe que o dono pense em as arejar
e expor para teu e meu desenfado. Nem todas serão interessantes, não raras serão
aborrecidas, mas, se o dono tiver cuidado, pode extrair uma dúzia delas que mereçam
sair cá fora.

Chama-lhe à minha vida uma casa, dá o nome de relíquias aos inéditos e impressos que
aqui vão, ideias, histórias, críticas, diálogos, e verás explicados o livro e o título.
Possivelmente não terão a mesma suposta fortuna daquela dúzia de outras, nem todas
valerão a pena de sair cá fora. Depende da tua impressão, leitor amigo, como
dependerá de ti a absolvição da má escolha.
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Machado de Assis. Advertência. In: Relíquias da casa velha. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.

Julgue o item que se segue, relativo à estrutura linguística e ao sentido do


texto.

No texto, o narrador justifica o título e esclarece o conteúdo de um livro que traz ideias,
histórias, críticas e diálogos autobiográficos cujo teor ainda está muito presente em sua
vida.

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Questão 50 – (CESPE) Auditor Fiscal da Receita Estadual – SEFAZ-ES/2013

O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) condicionou o apoio técnico e financeiro


do Ministério da Educação (MEC) à assinatura, pelos estados, pelo Distrito Federal e
pelos municípios, do plano de metas Compromisso Todos pela Educação. Depois da
adesão ao Compromisso, os entes federativos devem elaborar o plano de ações
articuladas (PAR). Todos os 5.563 municípios, os estados e o Distrito Federal aderiram ao
Compromisso.

O PAR, planejamento multidimensional da política de educação que os municípios, os


estados e o DF devem fazer para um período de quatro anos, coordenado pela secretaria
municipal/estadual de educação, deve ser elaborado com a participação de gestores, de
professores e da comunidade local.

Para ajudar os municípios e os estados na elaboração dos planos, o MEC oferece um


roteiro de ações com pontuação de um a quatro, treze tipos de tabelas com dados
demográficos e do censo escolar de cada ente federativo e informações sobre o
preenchimento dos dados. Os itens pontuados pelo município/estado com os números
um e dois representam suas maiores prioridades. A formação de professores, por
exemplo, aparece na maioria dos planos apresentados ao MEC com os números um e
dois. A maior parte dos municípios com PAR pronto tem interesse na construção de
creches e na melhoria da infraestrutura das escolas urbanas e rurais, ações que
dependem de assistência técnica e, principalmente, da transferência de recursos federais
aos municípios.

Com o objetivo de implantar o PAR, o MEC tomou duas providências: fez parceria com
dezessete universidades públicas e com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação e
Cultura e Ação Comunitária para que essas instituições auxiliem as prefeituras nas
tarefas de diagnóstico e elaboração dos planos e contratou uma equipe de consultores,
que foi aos municípios prioritários — aqueles com os mais baixos índices de
desenvolvimento da educação básica (IDEB) — para dar assistência técnica local. Além
disso, alguns estados assumiram o compromisso de ajudar seus municípios no
diagnóstico e na elaboração dos planos. A dinâmica do PAR tem três etapas. O
diagnóstico da realidade da educação e a elaboração do plano são as primeiras etapas e
estão na esfera do município/estado. A terceira etapa é a análise técnica, feita pela
Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação e pelo FNDE. Depois da análise
técnica, o município assina um termo de cooperação com o MEC, do qual constam os
programas aprovados e classificados segundo a prioridade municipal. O termo de
cooperação detalha a participação do MEC que pode ser com assistência técnica por
um período ou pelos quatro anos do PAR e assistência financeira. Para a transferência de
recursos, o município deve assinar um convênio, que é analisado, antes da aprovação, a
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cada ano.

Internet: (com adaptações).

De acordo com o texto, é correto afirmar que:

a) é obrigação dos estados ajudar os municípios na elaboração do PAR.


b) a elaboração do PAR não deve prescindir da participação de gestores, de professores
e da comunidade local.
c) os municípios brasileiros cujo IDEB é alto não são considerados prioritários, portanto
não participam do PDE.
d) o plano de metas Compromisso Todos pela Educação foi criado com o objetivo de
aumentar a participação do Distrito Federal, dos estados e dos municípios no PDE.
e) o MEC considera a formação de professores uma de suas maiores prioridades.

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1. E
2. E
3. E
4. A
5. E
6. E
7. C
8. C
9. E
10. E
11. D
12. E
13. C
14. C
15. E
16. C
17. E
18. E
19. C
20. E
21. C
22. E
23. C
24. E
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25. E
26. E
27. E
28. C
29. C
30. C
31. C
32. E
33. E
34. E
35. E
36. C

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37. E
38. E
39. C
40. C
41. E
42. C
43. C
44. A
45. D
46. B
47. C
48. C
49. E
50. B

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QUESTÕES COMENTADAS

Questão 01 – (CESPE) Oficial de Controle Externo TCE-RS/2013

O sistema de banco de milhagens desenvolvido pelo TCE/RS é modelo


para outras instituições no Rio Grande do Sul e no Brasil. O banco de
registro de milhagens utiliza os créditos de passagens aéreas custeadas
com recursos públicos. De acordo com o presidente do TCE/RS, a proposta
irá gerar considerável economia aos cofres públicos. “Considerando que as
despesas com a emissão de passagens para viagens oficiais são custeadas
pelo tesouro, entendemos que devem ser adotadas todas as medidas
possíveis para que esses créditos sejam utilizados na aquisição de novos
bilhetes, em benefício dos entes da própria administração pública”,
assinalou.

Prêmios ou créditos de milhagens oferecidos pelas companhias de


transporte aéreo, quando resultantes de passagens adquiridas com
recursos da administração direta ou indireta de qualquer dos poderes do
Rio Grande do Sul, serão incorporados ao erário e utilizados apenas em
missões oficiais.

Internet: <www1.tce.gov.br/portal> (com adaptações).

Com base no texto acima, julgue o item que se segue.

Depreende-se das informações do texto que os funcionários que usarem


passagens aéreas custeadas pelo governo do Rio Grande do Sul podem
usufruir, para viagens particulares, dos prêmios ou créditos de milhagens
concedidos pelas companhias aéreas.

Comentários 62456350391

Temos aqui uma típica questão de intelecção textual, que deve ser
respondida com base nas informações contidas no texto.

Uma dica que dou: primeiro, leia a alternativa a ser julgada (pois é a
veracidade ou falsidade dela que temos que verificar) e somente depois
passe à leitura do texto.

Vamos destrinchar a alternativa que iremos julgar.

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Ela afirma que os funcionários podem usufruir, em viagens particulares,


dos prêmios ou créditos de milhagens concedidos pelas companhias em
virtude de passagens custeadas pelo governo.

Ao analisar a afirmativa, sem ler o texto, mas com a bagagem que


trazemos de outros conhecimentos, podemos suspeitar de sua veracidade.
Isso porque, em regra, não é permitido que os gastos públicos sejam
revertidos em benefício particular dos funcionários. Essa suspeita pode e
deve orientar você na leitura do texto, mas lembre-se: a alternativa
deve SEMPRE ser respondida com base nas informações do texto.

Então é hora de enfrentar o texto que devemos interpretar!

Trata-se de texto retirado do site do TCE. Seu objetivo é informar sobre o


bem-sucedido sistema de banco de milhagens do TCE/RS.

Outra dica importante que dou é: destaque a ideia central do texto. No


caso da questão, poderíamos retirar a seguinte ideia:

O sistema de banco de milhagens desenvolvido pelo TCE/RS utiliza os


créditos de passagens aéreas custeadas com recursos públicos, os quais
serão incorporados ao erário e utilizados apenas em missões oficiais, o
que gera considerável economia aos cofres públicos.

Essa ideia central não coaduna com a afirmação feita na alternativa, pois
esta dispõe que os funcionários podem usufruir dessas milhas (obtidas por
meio de recursos públicos) em viagens particulares, mas o texto relata
que as mesmas milhas somente poderão ser utilizadas em missões
oficiais.

GABARITO: ERRADO

Questão 02 - (CESPE) Todos os cargos - MS/2013


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Trecho de entrevista concedida por Lígia Giovanella (LG) à revista Veja


(VJ).

VJ – Por que o Brasil investe pouco?

LG – Temos limites nas nossas políticas econômicas,


além de disputas sociais e políticas que atrapalham a discussão sobre a
quantidade de recursos. Sabemos que um Sistema Único de Saúde (SUS)
de qualidade e com oferta universal de serviços aumentaria a disposição
da classe média em contribuir com o pagamento de impostos que

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financiam o sistema. Atualmente, há baixa disposição porque a classe


média não utiliza o serviço e porque os serviços não são completamente
universalizados.

VJ – O SUS corre o risco de se tornar inviável? O que


precisa ser feito para que não ocorra um colapso no sistema público?

LG – Não acredito que haja risco iminente de colapso do


SUS, mas as escolhas que fizermos a partir de agora podem levar à
construção de diferentes tipos de sistema, a exemplo de uma política mais
direcionada a parcelas mais pobres da população ou um sistema sem
acesso universal. O SUS terá de responder às mudanças sociais. Com a
melhoria da situação econômica de uma parcela da sociedade, precisará
atender a expectativas da nova classe média baixa.

VJ – Além de aumentar o investimento, o que mais é importante?


LG – Outro desafio é estabelecer prioridades para o
modelo assistencial. Atualmente, a cobertura de atenção básica, por meio
do programa Saúde da Família, alcança apenas 50% da população. É
preciso que haja uma ampliação sustentada, de modo a atingir 80% da
população. Já estamos em um momento avançado no SUS, em que é
necessário dar à população garantias explícitas de que os serviços irão
funcionar. Além disso, o Brasil precisa intensificar a formação de médicos
especializados em medicina de família e comunidade.

Natalia Cuminale. Desafios brasileiros. Brasil precisa dobrar gasto em saúde, diz especialista.
Internet: (com adaptações).

No que diz respeito à organização das ideias no texto, julgue o


item que se segue.

Conforme o texto, o SUS é autossuficiente, visto que tem capacidade de


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gerenciar as necessidades de atendimento de novas demandas e


expectativas; por isso, prescinde de recursos financeiros do poder público.

Comentários

Vamos seguir a dica de ler primeiro a alternativa em questão. Note que o


enunciado (“conforme o texto”) pede que o candidato julgue o item
com base nas ideias contidas no texto.

Quando partimos ao texto, percebemos que se trata de texto do gênero


entrevista.

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A ideia central que podemos retirar na primeira resposta da


entrevistada diz respeito aos poucos recursos do SUS.

Primeiro, ela afirma que o SUS possui limites nas “políticas econômicas,
além de disputas sociais e políticas que atrapalham a discussão sobre a
quantidade de recursos”; depois, segue relatando os desafios enfrentados
pelo SUS, como a pouca disposição da classe média em contribuir com
impostos financiadores do sistema.

Na segunda resposta, ela afirma que surgiram novos desafios com base
na melhoria da situação econômica de parte da população, e ressalta que
as decisões tomadas no presente são fundamentais para o enfrentamento
dessas novas exigências.

Por fim, na última resposta, a entrevistada relata outros desafios


enfrentados pelo SUS: a ampliação sustentada da cobertura de atenção
básica, a necessidade de garantir à população que os serviços funcionarão
e a necessidade de intensificar a formação de médicos especializados em
medicina de família e comunidade.

Essa leitura atenta permite perceber que a entrevistada não


afirma, em momento algum, que o SUS é autossuficiente, nem que
tem capacidade de gerenciar as necessidades de atendimento de novas
demandas e expectativas. Tampouco, que prescinde (dispensa) de
recursos financeiros do poder público.

A conclusão a que se chega é contrária, pois, embora, a entrevistada não


acredite em risco iminente de colapso do SUS, ao longo de toda a
entrevista ela alerta para as dificuldades enfrentadas pelo sistema.

Gabarito: ERRADO

Questão 03 - (CESPE) Assistente


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em Ciência e Tecnologia
INCA/2010

Criada em 1983 pela doutora Zilda Arns, a Pastoral da Criança monitora


atualmente cerca de 2 milhões de crianças de até 6 anos de idade e 80
mil gestantes, com presença em mais de 3,5 mil municípios em todo o
país, graças à colaboração de 155 mil voluntários. A importância da
Pastoral é palpável: a média nacional de mortalidade infantil para crianças
de até 1 ano, que é de 22 indivíduos por mil nascidos vivos, cai para 12
por mil nos lugares atendidos pela instituição. Na primeira experiência da
Pastoral, em Florestópolis, no Paraná, a mortalidade infantil despencou de
127 por mil nascimentos para 28 por mil — em apenas um ano. Sua
metodologia é simples — por meio de conversas frequentes com a família,

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o voluntário receita cuidados básicos para evitar que a criança morra por
falta de conhecimento, como os hábitos de higiene, a administração do
soro caseiro e a adoção da farinha de multimistura na alimentação, que se
tornou uma solução simples e emblemática contra a desnutrição. Mas o
seu segredo é um só: a persistência.

Jornal do Commercio (PE), Editorial, 20/1/2010 (com adaptações).

Acerca do texto acima, das suas características e estruturas


linguísticas, julgue a afirmativa:

Esse texto é predominantemente narrativo.

Comentários

Temos acima um texto do gênero jornalístico, de cunho informativo,


no qual são apresentadas informações sobre a Pastoral da Criança.

Um texto, para ser considerado do tipo narrativo, deve possuir


determinadas características. Entre elas, a progressão temporal
(passagem do tempo) e a presença de determinados elementos como:
narrador, personagens, tempo, espaço, clímax e desfecho.

Não se observa a passagem do tempo no texto da questão (os


acontecimentos não são relatados seguindo uma temporalidade).
Também, não há a presença dos elementos: narrador, personagens,
clímax e desfecho.

Gabarito: ERRADO

Questão 04 - (CESPE) Técnico TRE-AP/2007

Jornal do comércio – O voto aberto nos processos de cassação poderia


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mudar o destino dos acusados?

Schirmer – Não sei se o voto aberto mudaria o resultado final. O que ele
mudaria seria a responsabilidade individual. Porque, com a votação
aberta, você e responsável pelo seu voto. Votando sim ou não, você
assume a responsabilidade pelo voto dado. Com o voto fechado, a
responsabilidade é difusa, pois ninguém sabe quem votou em quem e,
sendo assim, todos carregam o ônus do resultado da votação. O voto
fechado é muito ruim porque quem sai perdendo é a própria instituição.
Em vez de você falar mal de um ou de outro deputado, você acaba
penalizando a instituição.

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Jornal do Comércio, 17.4.2006.

Assinale a opção correta quanto à compreensão e à tipologia do


texto.

a) Por estar estruturado em duas partes, compreendendo uma pergunta e


uma resposta, o texto pode pertencer ao gênero entrevista.
b) Na pergunta feita pelo Jornal do Comércio, predomina a descrição dos
processos de cassação.
c) O parágrafo que contém a resposta de Schirmer possui estrutura
predominantemente narrativa, porque o falante explica como se
processam as atividades de cassação de eleitos.
d) O segundo parágrafo do texto é estruturalmente argumentativo,
porque apresenta, primeiro, os aspectos favoráveis ao voto em aberto e,
em um segundo momento, os aspectos desfavoráveis dessa modalidade
de votação.
e) O primeiro e o segundo parágrafos têm a mesma estrutura textual e a
mesma tipologia: são dissertativos.

Comentários

Esta questão é bastante interessante para nossa aula, pois envolve


interpretação textual e tipologia textual. Vamos analisar cada
alternativa separadamente:

a) Esta é a alternativa correta. De fato, estamos diante de um texto que


pertence ao gênero entrevista.

b) Não temos no primeiro parágrafo (com a pergunta do entrevistador)


um texto do tipo descritivo, pois não há caracterização do processo de
cassação.

c) O texto do segundo parágrafo (com a resposta de Schirmer) possui


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estrutura predominantemente dissertativo-argumentativa. Note


que o entrevistado revela seu ponto de vista acerca do voto aberto e do
voto fechado. Não há descrição do processo de cassação.

d) Embora o segundo parágrafo seja, sim, estruturalmente


argumentativo, o entrevistado não apresenta os aspectos
favoráveis ao voto em aberto; ele apenas apresenta seu ponto de vista
acerca dos reflexos do voto aberto. Perceba que a questão tenta confundir
o candidato justamente na interpretação do texto.

e) No primeiro parágrafo, há uma pergunta, na qual não há


argumentação nem afirmação, de forma que não se trata de texto do
tipo dissertativo.

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Gabarito: A

Questão 05 – (CESPE) Diplomata Instituto Rio Branco/2012

Fragmento I

Macunaíma

No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói da nossa gente.


Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o
silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia
tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de
Macunaíma.

Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais


de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:

— Ai! Que preguiça!...

e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de


paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos
que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força do homem.

Fragmento II

9 Carta pras icamiabas

Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas.

Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis,


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São Paulo.

Senhoras:

Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a


literatura desta missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de
saudade e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade que na
boa cidade de São Paulo — a maior do universo, no dizer de seus prolixos
habitantes — não sois conhecidas como “icamiabas”, voz espúria, sinão
que pelo apelativo de Amazonas; e de vós, se afirma, cavalgardes ginetes
belígeros e virdes da Hélade clássica; e assim sois chamadas. Muito nos

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pesou a nós, Imperator vosso, tais dislates da erudição, porém heis de


convir conosco que, assim, ficais mais heroicas e mais conspícuas,
tocadas por essa platina respeitável da tradição e da pureza antiga.

(...)

Macunaíma, Imperator

Mário de Andrade. Macunaíma, o herói sem nenhum


caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 13, 97 e 109.

Considerando a coerência, a progressão temática e as marcas de


referencialidade do fragmento II do texto, julgue (C ou E) o
seguinte item.

A formalidade da linguagem, na carta endereçada às icamiabas, é


adequada ao texto e coerente com as características do remetente,
“Macunaíma Imperator”, e das destinatárias, as icamiabas.

Comentários

Esta questão exige do candidato a habilidade de identificar a adequação


dos níveis de formalidade.

O fragmento II foi retirado da obra de Mário de Andrade e representa


texto do gênero carta. Nessa carta, Macunaíma relata para as icamiabas
(guerreiras amazonas) sua vida na cidade de São Paulo.

A linguagem do texto deve estar adequada ao contexto


sociocomunicativo, ao interlocutor e à intencionalidade do
emissor.

No caso em questão, o texto possui linguagem rebuscada e bastante


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formal (fato admitido pelo emissor na passagem “Muito nos pesou a nós,
Imperator vosso, tais dislates da erudição”).

Pela leitura do trecho, as icamiabas aparentam ser representantes de


povos indígenas com as quais o emissor tem relação de afeto. Apesar
disso, lhes escreve utilizando a grafia arcaica de Portugal,
completamente diversa do contexto das destinatárias. Ademais, o
gênero carta (por suas características) costuma ser redigido em
linguagem menos formal, mais coloquial e espontânea.

Não há, portanto, adequação vocabular no texto.

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GABARITO: ERRADO

Questão 06 – (CESPE) Diplomata Instituto Rio Branco/2012

(Responda com base nos textos da questão anterior.)

Considerando os aspectos linguísticos e a estrutura da narrativa


nos fragmentos apresentados, extraídos da obra “Macunaíma, o
Herói Sem Nenhum Caráter”, julgue (C ou E) o item subsequente.

Ambos os fragmentos apresentam a estrutura textual típica da narrativa,


recurso empregado pelo autor como forma de manter a coerência dos
fatos narrados.

Comentários

No fragmento I, notamos que, de fato, predomina o tipo narrativo,


pois o autor conta (narra) a história do personagem Macunaíma. Repare
que há a presença dos elementos narrativos estudados: personagens
(Macunaíma, Maanape, a índia tapanhumas, Jiguê), narrador (que conta a
história), enredo (trama contada), fatos que se desenvolvem no decurso
do tempo (do nascimento à meninice), e o espaço (“no fundo do mato
virgem”).

Por outro lado, no fragmento II, não encontramos essas características


típicas da narração. Na carta que escreve para as icamiabas, Macunaíma
objetiva caracterizar a vida na cidade de São Paulo, bem como a
impressão dos moradores da cidade acerca das destinatárias. Vemos,
portanto, predominar o tipo descritivo, e não o narrativo.

GABARITO: ERRADO

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Questão 07 – (CESPE) Nível Médio TJ-RR/2012

A dependência do mundo virtual é inevitável, pois grande parte das


tarefas do nosso dia a dia são transferidas para a rede mundial de
computadores. A vivência nesse mundo tem consequências jurídicas e
econômicas, assim como ocorre no mundo físico. Uma das questões
suscitadas pelo uso da Internet diz respeito justamente aos efeitos dessa
transposição de fatos do mundo real para o mundo virtual, sobretudo no
que se refere à sua interpretação jurídica. Como exemplos de situações
problemáticas, podemos citar a aplicação das normas comerciais e de

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consumo nas transações realizadas pela Internet, o recebimento


indesejado de mensagens por email (spam), a validade jurídica do
documento eletrônico, o conflito de marcas com os nomes de domínio, a
propriedade intelectual e industrial, a privacidade, a responsabilidade dos
provedores de acesso, de conteúdo e de terceiros na Web bem como os
crimes de informática.

Renato M. S. Opice Blum. Internet: <www.ibpbrasil.com.br> (com adaptações).

Considerando as ideias e as estruturas linguísticas do texto, julgue


o item subsequente.

Infere-se das informações do texto que no mundo virtual os problemas


jurídicos e econômicos potenciais têm equivalência aos problemas do
mundo físico.

Comentários

Vamos ao enfrentamento de mais uma questão de intelecção textual!

O texto aborda os efeitos jurídicos e econômicos da transposição de fatos


do mundo real para o mundo virtual.

Logo no início do texto (“A vivência nesse mundo tem consequências


jurídicas e econômicas, assim como ocorre no mundo físico.”), o autor
compara o mundo virtual ao mundo físico, ao afirmar que a vivência, em
ambos os espaços, gera consequências jurídicas e econômicas.

A presença da expressão comparativa “assim como” reforça esta


equivalência.

GABARITO: CERTO
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Questão 08 - (CESPE) Técnico Segurança do Trabalho -


SERPRO/2008

A ansiedade não é doença. Faz parte do sistema de defesa do ser humano


e está projetada em quase todos os animais vertebrados. O significado
mais aceito hoje em dia vem do psiquiatra australiano Aubrey Lewis, que,
em 1967, caracterizou-a como “um estado emocional com a qualidade do
medo, desagradável, dirigido para o futuro, desproporcional e com
desconforto subjetivo”.

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A ansiedade não é doença. É problema de ordem do comportamento que


afeta o convívio social. A ansiedade pode se apresentar como sintoma em
muitas doenças ditas emocionais e mentais, e interfere sobremaneira nos
níveis de satisfação do indivíduo.

Quem não se sentiu ansioso até hoje? Com o mundo do jeito que está,
natural é se sentir ansioso; é permitido ficar ansioso. Prejudicial é não
saber lidar com a ansiedade. A proposta é abordar meios eficazes de lidar
com esse comportamento que gera tantos distúrbios.

Diz Patch Adams que indivíduo saudável é aquele que tem uma vida
vibrante e feliz, porque utiliza ao máximo o que possui e só o que possui,
com muito prazer. Este é o indivíduo satisfeito que não anseia quimeras e
que sabe viver alegre e feliz.

Internet: <www.irc-espiritismo.org.br> (com adaptações).

A partir da leitura interpretativa e da tipologia do texto acima,


julgue o item a seguir.

O segundo parágrafo do texto é do tipo expositivo, pois caracteriza a


ansiedade.

Comentários

Note que, de fato, o segundo parágrafo do texto dedica-se a caracterizar


a ansiedade: o autor afirma que a ansiedade não é doença, indica-a como
sintoma de doenças emocionais e mentais, e informa suas consequências.
O trecho também foi redigido em linguagem objetiva e clara. Essas
características dizem respeito ao tipo expositivo.

Gabarito: CERTO
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Questão 09 - (CESPE) Técnico-BACEN/2013

Em relação ao texto apresentado acima, julgue os itens seguintes.

Em “PRESENTE PRA GREGO”, o emprego da forma prepositiva “pra” é


inadequado, dado o grau de formalidade do texto.

Comentários

Esta questão ilustra de forma bem clara o que acabamos de ver.

O termo “pra” é a forma suprimida da preposição “para”.

Como vimos acima, o uso de formas reduzidas é comum na linguagem


coloquial, que é a linguagem adequada a textos pouco formais.

No caso específico, temos um texto do gênero satírico, que apresenta um


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grau informal das informações, podendo utilizar uma linguagem mais


voltada para o popular.

Portanto, nada há de inadequado no emprego da forma prepositiva


“pra”.

Gabarito: ERRADO

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Questão 10 – (CESPE) Técnico Judiciário TRT-17ª Região/2013

Existem várias formas de punição para aqueles que pratiquem assédio


moral, podendo essa punição recair tanto no assediador, quanto na
empresa empregadora que não coiba, ou que até mesmo incentive o
assédio, como ocorre, por exemplo, no caso do assédio moral
organizacional, decorrente de políticas corporativas. O empregador
responde pelos danos morais causados à vítima que tenha sofrido assédio
em seu estabelecimento, nos termos do artigo 932 do Código Civil. Em
caso de condenação, cabe à justiça do trabalho fixar um valor de
indenização, com o objetivo de reparar o dano. O assediador, por sua vez,
poderá ser responsabilizado em diferentes esferas: na penal, estará
sujeito à condenação por crimes de injúria e difamação, constrangimento
e ameaça (artigos 139, 140, 146 e 147 do Código Penal); na trabalhista,
correrá o risco de ser dispensado por justa causa (artigo 482 da
Consolidação das Leis do Trabalho) e ainda por mau procedimento e ato
lesivo à honra e à boa fama de qualquer pessoa; por fim, na esfera cível,
poderá sofrer ação regressiva, movida pelo empregador que for
condenado na justiça do trabalho ao pagamento de indenização por danos
morais, em virtude de atos cometidos pelo empregado.

Internet: www.tst.jus.br (com adaptações).

A respeito das estruturas linguísticas do texto acima, julgue o item


seguinte.

O texto classifica-se como expositivo, visto que, nele, é defendida, com


base em argumentos, a punição daqueles que pratiquem assédio moral.

Comentários

Perceba que as questões de tipologia textual são bastante frequentes em


provas do CESPE.
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O enunciado classifica o texto como expositivo e caracteriza esse tipo


como texto em que se defende uma ideia com base em argumentos.

De fato, no texto em questão, predomina o tipo expositivo, cujo objetivo é


passar conhecimento para o leitor de maneira clara, imparcial e objetiva.
Nesse tipo textual, não há intenção de convencer o leitor, nem de criar
debate, e trabalha-se o assunto de maneira atemporal. Observe que, no
texto em questão, o autor discorre, imparcialmente, sobre as várias
formas de punição para quem pratica assédio moral. Não há defesa ou
tomada de posição sobre o assunto, nem há argumentação com

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intenção de convencer o leitor. Há, apenas, apresentação e


exposição do tema. O tipo do texto é, portanto, o EXPOSITIVO.

O enunciado equivoca-se, no entanto, quando utiliza as características da


dissertação-argumentativa (defesa de uma posição com base em
argumentos) para qualificar o tipo expositivo.

GABARITO: ERRADO

Questão 11 – (CESPE) Auditor de Contas Públicas - CGE-PB/2008

No passado, havia uma visão global de trocar o capitalismo pelo


socialismo. Hoje vivemos uma situação em que o capitalismo é uma
realidade. As alternativas postas em prática pela história não deram certo.
Então, hoje nada mais resta senão aceitar o capitalismo e tentar
transformá-lo, não derrubá-lo. Hoje é possível utilizar outras formas de
luta, que não rompem com os requisitos legais, com uma capacidade de
êxito maior.

Fernando Gabeira. Entrevista. Istoé, 6/6/2007, p. 8 (com adaptações)

Infere-se da argumentação do texto que uma das “outras


formas de luta” (sublinhado no texto) é

a) trocar o capitalismo pelo socialismo.


b) vivenciar o capitalismo como realidade.
c) pôr em prática as alternativas propostas pela história.
d) transformar o capitalismo, respeitando-se os requisitos legais.
e) buscar êxito maior na troca do socialismo pelo capitalismo.

Comentários 62456350391

Esta questão é bastante interessante para nossa aula, pois envolve


interpretação textual. Veja que o enunciado solicita que você faça uma
inferência, ou seja, uma dedução com base no que está escrito no texto.

Em primeiro lugar, precisamos ler o texto com bastante atenção. Vamos


ver?

No passado, havia uma visão global de trocar o capitalismo pelo


socialismo. Hoje vivemos uma situação em que o capitalismo é uma
realidade. As alternativas postas em prática pela história não deram certo.
Então, hoje nada mais resta senão aceitar o capitalismo e tentar

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transformá-lo, não derrubá-lo. Hoje é possível utilizar outras formas de


luta, que não rompem com os requisitos legais, com uma capacidade de
êxito maior.

Vamos analisar cada alternativa separadamente:

a) Não conseguimos inferir que uma das “outras formas de luta” possa
ser a troca do capitalismo pelo socialismo, pois o texto afirma que:
“As alternativas [trocar o capitalismo pelo socialismo] postas em prática
pela história não deram certo.”

b) Não conseguimos inferir que uma das “outras formas de luta” possa
ser vivenciar o capitalismo como realidade, pois o texto afirma que:
“Hoje vivemos uma situação em que o capitalismo é uma realidade.”

c) Não conseguimos inferir que uma das “outras formas de luta” possa
ser pôr em prática as alternativas propostas pela história, pois o
texto afirma que: “As alternativas postas em prática pela história não
deram certo.”

d) Conseguimos inferir que uma das “outras formas de luta” é


transformar o capitalismo, respeitando-se os requisitos legais, pois
o texto afirma que: “Então, hoje nada mais resta senão aceitar o
capitalismo e tentar transformá-lo, não derrubá-lo. Hoje é possível
utilizar outras formas de luta, que não rompem com os requisitos legais,
com uma capacidade de êxito maior.”

Esta é a resposta da questão.

e) Não conseguimos inferir que uma das “outras formas de luta” possa
ser buscar êxito maior na troca do socialismo pelo capitalismo, pois
o texto afirma que: “As alternativas [trocar o capitalismo pelo socialismo]
postas em prática pela história não deram certo.”

GABARITO: D 62456350391

Questão 12 - (CESPE) Auxiliar de Administração - FUB/2013

Mais verbas têm de se traduzir em mão de obra qualificada, instalações de


excelência e equipamentos de ponta. Saúde e educação devem atrair os
talentos mais cobiçados do país, capazes de ombrear com profissionais
que sobressaem no mundo globalizado. Atingir o patamar de excelência
implica perseguir metas, avaliar resultados e corrigir rumos. Jeitinho,
outro nome da improvisação, falta de compromisso e consequente
desperdício, precisa fazer parte de um passado que cultivou a ineficiência

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para sustentar orgias pessoais que condenaram gerações à ignorância e


ao atraso.

Correio Braziliense, 18/08/2013 (com adaptações).

Em relação ao fragmento de texto acima, julgue o próximo item.

Predomina no fragmento em questão o tipo textual narrativo.

Comentários

Para responder a esta questão de tipologia textual, vamos observar o


gênero do texto.

Vemos que se trata, provavelmente, de texto publicado em jornal (gênero


jornalístico), no qual o autor defende uma ideia por meio de
argumentações.

Essas não são as características de um texto narrativo, mas sim


dissertativo-argumentativo. O texto narrativo caracteriza-se pela presença
de alguns elementos (personagens, narrador, temporalidade, enredo,
espaço, clímax), que não se verificam no texto da questão.

GABARITO: ERRADO

Questão 13 – (CESPE) Analista Administrativo - ANTAQ/2014

A participação e o lugar da mulher na história foram negligenciados pelos


historiadores e, por muito tempo, elas ficaram à sombra de um mundo
dominado pelo gênero masculino. Ao pensarmos o mundo medieval e o
papel dessa mulher, o quadro de exclusão se agrava ainda mais, pois,
62456350391

além do silêncio que encontramos nas fontes de consulta, os textos, que


muito raramente tratam o mundo feminino, estão impregnados pela
aversão dos religiosos da época por elas.

Na Idade Média, a maioria das ideias e de conceitos era elaborada pelos


escolásticos. Tudo o que sabemos sobre as mulheres desse período saiu
das mãos de homens da Igreja, pessoas que deveriam viver
completamente longe delas. Muitos clérigos consideravam-nas
misteriosas, não compreendiam, por exemplo, como elas geravam a vida
e curavam doenças utilizando ervas.

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A mulher era considerada pelos clérigos um ser muito próximo da carne e


dos sentidos e, por isso, uma pecadora em potencial. Afinal, todas elas
descendiam de Eva, a culpada pela queda do gênero humano. No início da
Idade Média, a principal preocupação com as mulheres era mantê-las
virgens e afastar os clérigos desses seres demoníacos que personificavam
a tentação. Dessa forma, a maior parte das autoridades eclesiásticas
desse período via a mulher como portadora e disseminadora do mal.

Isso as tornava más por natureza e atraídas pelo vício. A partir do século
XI, com a instituição do casamento pela Igreja, a maternidade e o papel
da boa esposa passaram a ser exaltados. Criou-se uma forma de salvação
feminina a partir basicamente de três modelos femininos: Eva (a
pecadora), Maria (o modelo de perfeição e santidade) e Maria Madalena (a
pecadora arrependida). O matrimônio vinha para saciar e controlar as
pulsões femininas. No casamento, a mulher estaria restrita a um só
parceiro, que tinha a função de dominá-la, de educá-la e de fazer com que
tivesse uma vida pura e casta.

Essa falta de conhecimento da natureza feminina causava medo aos


homens. Os religiosos se apoiavam no pecado original de Eva para ligá-la
à corporeidade e inferiorizá-la. Isso porque, conforme o texto bíblico, Eva
foi criada da costela de Adão, sendo, por isso, dominada pelos sentidos e
os desejos da carne. Devido a essa visão, acreditava-se que ela fora
criada com a única função de procriar.

Essa concepção de mulher, que foi construída através dos séculos, é


anterior mesmo ao cristianismo. Foi assegurada por ele e se deu porque
permitiu a manutenção dos homens no poder; forneceu ao clero
celibatário uma segurança baseada na distância e legitimou a submissão
da ordem estabelecida pelos homens. Essa construção começou apenas a
ruir, mas os alicerces ainda estão bem fincados na nossa sociedade.

Patrícia Barboza da Silva. Colunista do Brasil Escola. (com adaptações).

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A respeito das ideias e de aspectos gramaticais do texto acima,


julgue o item.

De acordo com o texto, a visão medieval em relação à mulher


permanece até os dias atuais.

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Comentários

Para iniciar a resolução desta questão, quero que você leia com atenção o
enunciado. Perceba que você deve responder de acordo com o texto.

Assim, precisamos buscar no texto algo que comprove ou não a afirmação


colocada no item: “a visão medieval em relação à mulher permanece até
os dias atuais.”

Agora, quero que você leia atentamente o último parágrafo,


principalmente o trecho em negrito:

Essa concepção de mulher, que foi construída através dos séculos, é


anterior mesmo ao cristianismo. Foi assegurada por ele e se deu porque
permitiu a manutenção dos homens no poder; forneceu ao clero
celibatário uma segurança baseada na distância e legitimou a submissão
da ordem estabelecida pelos homens. Essa construção começou apenas a
ruir, mas os alicerces ainda estão bem fincados na nossa
sociedade.

Dessa forma, concluímos que o item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 14 – (CESPE) Estudante universitário – SEE-DF/2014

Ao nos contar a história dos percalços de um funcionário em ascensão


pela burocracia do Brasil imperial, Antonio Candido revisita as questões
cruciais de nosso século XIX.

Nascido em um Rio ainda joanino em 1810, Antonio Nicolau Tolentino


entrou para o serviço público em 1825, atravessou os anos turbulentos
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das Regências e do início do Segundo Reinado, falecendo em julho de


1888, logo após a abolição da escravatura. O personagem viveu, portanto,
quase todo o período. Em si, o fato não tornaria mais, ou menos,
interessante sua trajetória pessoal, não fosse ela significativa o suficiente
para revelar a dinâmica social do tempo. Filho de lavradores pobres ou de
mãe solteira — não se sabe ao certo —, saiu da obscuridade por esforço
próprio, foi reconhecido em seu valor por figurões da política, arranjou um
bom casamento entre a elite e terminou seus dias como alto funcionário.

Da roça aos salões de baile na Corte, a subida não foi feita sem ânimo
prestativo, hesitações, orgulho das próprias qualidades, espera do
momento oportuno e resignação de quem teve de ouvir calado. Tudo isso

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num quadro social que não lhe garantia qualquer reconhecimento e é uma
constante brasileira até hoje. Entretanto, Tolentino não apenas abaixava a
cabeça para resguardar sua carreira, como faria um adulador medíocre;
havia nele um idealismo, no bom sentido do termo, que obviamente
encontrou resistências quando foi posto em prática. O nervo da narrativa
de Antonio Candido é o conflito entre as intenções racionais do burocrata
e a politicagem ampla, geral e irrestrita.

Não se trata, contudo, de luta do bem contra o mal, pois tal embate tem
uma especificação histórica cuja raiz se encontra no próprio surgimento do
Brasil como país. Em outras palavras, o Brasil independente afirmava-se
como nação moderna, adotava uma Constituição, um Parlamento, fraque
e cartola, ao mesmo tempo em que mantinha a maior parte de sua
população fora do âmbito da cidadania.

Milton Ohata. “Ascensão à brasileira” - Resenha de Um funcionário da monarquia: ensaio


sobre o segundo escalão, de Antonio Candido. In: Novos estudos CEBRAP. n.º 34,
nov./2002 (com adaptações).

Julgue o item seguinte, relativo à ideia do texto acima.

O autor considera como elemento relevante da narrativa de Antonio


Candido o fato de que o percurso biográfico da personagem central do
livro revela peculiaridades da dinâmica social brasileira do período
monárquico.

Comentários

Observe o enunciado, pois a banca questiona sobre a ideia do


texto. Assim, temos que fazer uma leitura atenta e interpretar o
texto para identificar se a afirmação está correta ou não.

Sabemos que o personagem central é “Antonio Candido”.


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Logo no início do texto, temos o seguinte: “Ao nos contar a história dos
percalços de um funcionário em ascensão pela burocracia do Brasil
imperial...”.

Veja que “a história dos percalços de um funcionário” é “a narrativa de


Antonio Candido”. Note, ainda, que a história se passa no período
imperial, ou seja, da monarquia. Assim, isso é um elemento relevante.

Em seguida, o texto continua demonstrando o que o enunciado afirma, ou


seja, “as peculiaridades da dinâmica social brasileira do período
monárquico”, não é mesmo?

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Dessa forma, o item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 15 – (CESPE) Nível Superior – TC/DF - 2014

Na casa todos dormiam. Todos, menos a irmã.

Era quieta, essa irmã. Não cantava, não ria; mal falava. Trazia água do
poço, varria o terreiro, passava a roupa, comia — pouco, magra que era
— e ia para a cama sem dar boa-noite a ninguém. Dormia num puxado,
um quartinho só dela; tinha nojo dos irmãos. Se, na cama, suspirava ou
revirava os olhos, nunca ninguém viu. O nome dela era Honesta.

(Nome dado pela mãe. O pai queria-a ali, na roça; a mãe, porém, tinha
esperança que um dia a filha deixasse o campo e fosse para a cidade se
empregar na casa de uma família de bem. E que melhor nome para uma
empregada do que Honesta? O pai acreditava no campo; a mãe
secretamente ansiava pela cidade — por um cinema! Nunca tinha entrado
num cinema! Minha filha fará isto por mim, dizia-se, sem notar que a filha
vagueava por paisagens estranhas, distantes do campo, distantes da
cidade, distantes de tudo. [...])

Moacyr Scliar. Doutor Miragem. Porto Alegre: L&PM, 1998, p. 22-3 (com adaptações).
Julgue o item subsequente, com base nas ideias e estruturas linguísticas do texto acima.

Julgue o item seguinte.

A expressão “mal falava” (sublinhada no texto) indica que a personagem


não empregava as regras gramaticais da norma-padrão da língua ao se
expressar. 62456350391

Comentários

Não podemos afirmar o que o enunciado expressa. Veja que o texto relata
que: “Era quieta, essa irmã. Não cantava, não ria; mal falava. Trazia água
do poço, varria o terreiro, passava a roupa, comia — pouco, magra que
era — e ia para a cama sem dar boa-noite a ninguém.”

Assim, o texto nos informa que a mulher pouco falava, até mesmo não
dava boa-noite a ninguém. Em nenhum momento, o autor escreve sobre o
emprego de regras gramaticais quando a mulher se expressava.

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Portanto, o item está errado.

GABARITO: ERRADO

Questão 16 – (CESPE) Agente de Polícia Federal - PF/2014

Hoje, todos reconhecem, porque Marx impôs esta demonstração no Livro


II d’O Capital, que não há produção possível sem que seja assegurada a
reprodução das condições materiais da produção: a reprodução dos meios
de produção.

Qualquer economista, que neste ponto não se distingue de qualquer


capitalista, sabe que, ano após ano, é preciso prever o que deve ser
substituído, o que se gasta ou se usa na produção: matéria-prima,
instalações fixas (edifícios), instrumentos de produção (máquinas) etc.
Dizemos: qualquer economista é igual a qualquer capitalista, pois ambos
exprimem o ponto de vista da empresa.

Louis Althusser. Ideologia e aparelhos ideológicos do Estado. 3.ª ed. Lisboa: Presença,
1980 (com adaptações)

Julgue o item a seguir, a respeito dos sentidos do texto acima.

No texto, os termos “matéria-prima” (sublinhado no texto), “instalações


fixas (edifícios)” (sublinhado no texto) e “instrumentos de produção
(máquinas)” (sublinhado no texto) são exemplos de “meios de produção”
(sublinhado no texto).

Comentários

A presente questão exige do candidato a interpretação do texto


para identificar se os termos colocados no enunciado são
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exemplos de “meios de produção”.

Você deve ler atentamente o segundo parágrafo, principalmente a


seguinte frase que eu negritei: “é preciso prever o que deve ser
substituído, o que se gasta ou se usa na produção: matéria-prima,
instalações fixas (edifícios), instrumentos de produção (máquinas) etc.”.

Dessa forma, é possível perceber que os termos colocados após o


sinal de dois-pontos são exemplo da expressão “meios de
produção”, citada no primeiro parágrafo. Portanto, a afirmação do
enunciado está correta.

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GABARITO: CERTO

Questão 17 – (CESPE) Agente de Polícia Federal - PF/2014


(Responda com base no texto da questão anterior.)

Julgue o item a seguir, a respeito dos sentidos do texto acima.

Infere-se do texto que todo economista é capitalista, mas o inverso não é


verdadeiro, pois nem todo capitalista é proprietário de empresa.

Comentários

Esta questão exige do candidato a interpretação do texto para


identificar se a afirmação do enunciado está certa ou errada.

Observe o seguinte trecho retirado do segundo parágrafo: “Qualquer


economista, que neste ponto não se distingue de qualquer capitalista...”.
Com base nele, não podemos inferir (deduzir, concluir) que todo
economista seja capitalista, pois a expressão “neste ponto” restringe a
afirmação. Assim, qualquer economista é igual a qualquer capitalista
apenas em “determinado ponto”.

Em relação à afirmação “nem todo capitalista é proprietário de empresa”,


o texto não menciona nada sobre isso, dessa maneira não há como fazer
qualquer dedução. O texto apenas relata que “ambos exprimem o ponto
de vista da empresa”.

Saliento que teremos uma aula no final do curso, exclusiva sobre


interpretação de texto, na qual explicarei detalhadamente as questões que
usam o termo “inferir” e correlatos.

Dessa forma, é possível concluir que o item está errado.


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GABARITO: ERRADO

Questão 18 – (CESPE) Agente de Polícia Federal - PF/2014

Imigrantes ilegais, os homens e as mulheres vieram para Prato, na Itália,


como parte de snakebodies liderados por snakeheads na Europa. Em
outras palavras, fizeram a perigosa viagem da China por trem, caminhão,
a pé e por mar como parte de um grupo pequeno, aterrorizado, que
confiou seu destino a gangues chinesas que administram as maiores redes

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de contrabando de gente no mundo. Nos locais em que suas viagens


começaram, havia filhos, pais, esposas e outros que dependiam deles
para que enviassem dinheiro. No destino, havia paredes cobertas com
anúncios de mau gosto de empregos que representavam a esperança de
uma vida melhor.

Pedi a um dos homens ao lado da parede que me contasse como tinha


sido sua viagem. Ele objetou. Membros do snakebody têm de jurar
segredo aos snakeheads que organizam sua viagem. Tive de convencê-lo,
concordando em usar um nome falso e camuflar outros aspectos de sua
jornada. Depois de uma série de encontros e entrevistas, pelos quais
paguei alguma coisa, a história de como Huang chegou a Prato emergiu
lentamente.

James Kynge. A China sacode o mundo.


São Paulo: Globo, 2007 (com adaptações).

Julgue o seguinte item, relativo às ideias e às estruturas


linguísticas do texto acima.

O texto é narrativo e autobiográfico, o que se evidencia pelo uso da


primeira pessoa do singular no segundo parágrafo, quando é contado um
fato acontecido ao narrador.

Comentários

Esta é uma questão que exige do candidato a interpretação do


texto e o conhecimento do significado da palavra “autobiográfico”
constante do enunciado.

Você deve ter em mente que “autobiografia” significa “narração da


vida de uma pessoa, escrita por ela própria”. Observe que o autor do
texto, apesar de usar a primeira pessoa do singular no segundo parágrafo,
não faz uma biografia sobre a sua própria vida.
62456350391

Portanto, a afirmação do enunciado está errada, pois o texto não é


autobiográfico.

GABARITO: ERRADO

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Questão 19 – (CESPE) Analista Administrativo - ANTAQ/2014

Alexandria, no Egito, reinou quase absoluta como centro da cultura


mundial no período do século III a.C. ao século IV d.C. Sua famosa
Biblioteca continha praticamente todo o saber da Antiguidade em cerca de
700.000 rolos de papiro e pergaminho e era frequentada pelos mais
conspícuos sábios, poetas e matemáticos.

A Biblioteca de Alexandria estava muito próxima do que se entende hoje


por Universidade. E faz-se apropriado o depoimento do insigne Carl B.
Boyer, em A História da Matemática: “A Universidade de Alexandria
evidentemente não diferia muito de instituições modernas de cultura
superior. Parte dos professores provavelmente se notabilizou na pesquisa,
outros eram melhores como administradores e outros ainda eram
conhecidos pela sua capacidade de ensinar.”

Em 47 a.C., envolvendo-se na disputa entre a voluptuosa Cleópatra e seu


irmão, o imperador Júlio César mandou incendiar a esquadra egípcia
ancorada no porto de Alexandria. O fogo se propagou até as dependências
da Biblioteca, queimando cerca de 500.000 rolos.

Em 640 d.C., o califa Omar ordenou que fossem queimados todos os livros
da Biblioteca, utilizando o seguinte o argumento: “ou os livros contêm o
que está no Alcorão e são desnecessários ou contêm o oposto e não
devemos lê-los.”

A destruição da Biblioteca de Alexandria talvez tenha representado o


maior crime contra o saber em toda a história da humanidade.

Se vivemos hoje a era do conhecimento é porque nos alçamos em ombros


de gigantes do passado. A Internet representa um poderoso agente de
transformação do nosso modus vivendi et operandi.

É um marco histórico, um dos maiores fenômenos de comunicação e uma


das mais democráticas formas de acesso ao saber e à pesquisa. Mas,
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como toda inovação, a Internet tem potencial cuja dimensão não deve ser
superdimensionada. Seu conteúdo é fragmentado, desordenado e, além
disso, cerca de metade de seus bites é descartável.

Jacir J. Venturi. Internet: <www.geometriaanalitica.com.br> (com adaptações).

Em relação ao texto acima, julgue o item a seguir.

Nesse texto, que pode ser classificado como artigo de opinião, identificam-
se trechos narrativos e dissertativos.

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Comentários

A tipologia textual é bastante cobrada nas provas do CESPE e agrupa os


textos de acordo com seus traços linguísticos. Há cinco tipos textuais:
narração, dissertação, exposição, descrição e injunção.

Você deve observar que a tipologia textual é conceitual, pois ela apenas
atribui uma classificação ao texto. Não se trata, portanto, de especificar a
materialidade do texto em si, mas de classificá-lo de acordo com suas
características linguísticas.

Também sabemos que a narração é uma modalidade de texto em que se


conta um fato ocorrido em determinado tempo e lugar, com o
envolvimento de certos personagens. Esse fato pode ser verídico ou
ficcional (um boletim de ocorrência, por exemplo, narra um fato verídico).
Os elementos da narração são: enredo, personagens (principal,
secundário e terciário/figurante), tempo, espaço (local
geográfico), ambiente (relacionado à vida sociocultural), clímax,
desfecho.

Com relação à temporalidade, perceba que, na narração, há, geralmente,


uma relação de anterioridade e posterioridade entre os episódios
contados; ou seja, há a passagem do tempo. Por isso, é comum a
presença de muitos verbos na narração, com alteração dos tempos
verbais.

No texto da questão, podemos destacar, como exemplo, os


seguintes trechos narrativos:

Em 47 a.C., envolvendo-se na disputa entre a voluptuosa Cleópatra e seu irmão,


o imperador Júlio César mandou incendiar a esquadra egípcia ancorada no porto
de Alexandria. O fogo se propagou até as dependências da Biblioteca, queimando
cerca de 500.000 rolos.

Em 640 d.C., o califa Omar ordenou que fossem queimados todos os livros da
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Biblioteca, utilizando o seguinte o argumento: “ou os livros contêm o que está no


Alcorão e são desnecessários ou contêm o oposto e não devemos lê-los.”

Salienta-se que alguns autores subdividem a dissertação em


argumentativa e expositiva. A dissertação-argumentativa consiste
na exposição de ideias a respeito de um tema, com base em
raciocínios e argumentações. Tem por objetivo a defesa de um ponto
de vista por meio da persuasão. A coerência entre as ideias e a clareza
na forma de expressão são elementos fundamentais.

A estrutura lógica da dissertação consiste em: introdução (apresenta o


tema a ser discutido); desenvolvimento (expõe os argumentos e ideias

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sobre o tema, com fundamento em fatos, exemplos, testemunhos e


provas do que se pretende demonstrar); e conclusão (faz o desfecho da
redação, com a finalidade de reforçar a ideia inicial).

Na dissertação-expositiva, o objetivo do texto é passar


conhecimento para o leitor de maneira clara, imparcial e objetiva.
Nesse tipo textual, ao contrário da dissertação-argumentativa, não se faz
a defesa de uma ideia, pois não há intenção de convencer o leitor
nem criar debate. Trabalha-se o assunto de maneira atemporal.

No texto da questão, podemos destacar, como exemplo, o seguinte


trecho dissertativo:

É um marco histórico, um dos maiores fenômenos de comunicação e uma das


mais democráticas formas de acesso ao saber e à pesquisa. Mas, como toda
inovação, a Internet tem potencial cuja dimensão não deve ser
superdimensionada. Seu conteúdo é fragmentado, desordenado e, além disso,
cerca de metade de seus bites é descartável.

Destaca-se que os gêneros textuais se referem à forma como o texto se


estrutura para realizar a comunicação pretendida. Note que aqui se trata
da materialidade dos textos, ou seja, dos textos reais, concretos. Os
gêneros textuais são o meio pelo qual os tipos textuais se
apresentam.

Ao falar em gênero textual, levamos em conta o papel do texto na


regulação da vida em sociedade, ou seja, sua função social. Todo texto,
para se concretizar, vale-se de um gênero.

Os gêneros textuais são infinitos. Exemplos: telefonema, sermão, carta


comercial, carta pessoal, aula expositiva, romance, ata de reunião de
condomínio, lista de compras, conversa espontânea, cardápio, receita
culinária, inquérito policial, blog, e-mail, etc.

O texto apresentado na questão pode ser classificado como artigo


62456350391

de opinião, pois esse gênero representa um texto em que o autor expõe


seu posicionamento diante de algum tema atual e de interesse de muitos.

Diante do exposto, concluímos que o item do enunciado está


correto.

GABARITO: CERTO

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Questão 20 – (CESPE) Analista Administrativo - ANATEL/2014

A ANATEL anunciou novas regras para os serviços de telefonia fixa e


móvel, banda larga e televisão por assinatura, que buscam melhorar a
transparência das empresas com seus clientes e ampliar os direitos dos
últimos em relação à oferta de serviços. Destacam-se, entre as novas
normas, aquelas que facilitam a vida do usuário e reduzem as barreiras de
contato com a contratada, como a exigência de que haja uma forma de
cancelamento por meio da Internet, a obrigatoriedade de que a empresa
retorne a ligação que caia durante um atendimento e a necessidade de
que o cliente receba retornos a suas solicitações em, no máximo, trinta
dias. Além disso, as promoções devem ser mais transparentes e
ampliadas a todos os contratantes, estendendo-se aos que já possuem
produtos e não usufruem de nenhuma condição especial.

A estratégia da agência reguladora de fato parece contribuir para que o


consumidor seja mais bem atendido e tenha acesso a todos os benefícios
a que tem direito. No entanto, é necessário que a fiscalização seja estrita,
uma vez que as regras desse setor são recorrentemente atualizadas e
mesmo assim boa parte das empresas permanece com práticas
irregulares. A baixa competitividade do mercado faz com que a qualidade
dos serviços e do atendimento oferecidos deixe a desejar e permite que os
preços cobrados por pacotes de canais, minutos para celular ou Internet
assumam valores altos, sobretudo quando comparados aos de outros
países.

É aconselhável que o usuário permaneça sempre atento às ofertas


disponíveis não somente na empresa contratada como também em suas
concorrentes, para aumentar seu poder de barganha em momentos nos
quais quiser negociar preços e condições melhores. A solicitação de
portabilidade ou a demonstração da intenção de trocar os serviços pelos
oferecidos por uma concorrente que ofereça condições melhores têm-se
mostrado boas estratégias, visto que as empresas comumente dispõem de
vantagens para não perder seus consumidores.
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Samy Dana. De olho em gastos com telefonia e direitos de consumidores. In: Folha de
S.Paulo, 21/7/2014 (com adaptações).

Considerando as ideias e estruturas do texto, julgue o item


seguinte.

Os altos preços que as empresas de telefonia, de banda larga e de TV por


assinatura cobram por minutos para celular ou Internet e por pacotes de
canais, bem como a qualidade aquém do esperado dos serviços e do
atendimento prestados por essas empresas são reflexos da pequena

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concorrência que existe no mercado e da falta de uma fiscalização mais


estrita por parte das agências reguladoras.

Comentários

Para resolver esta questão e concluir que a afirmação apresentada


no item do enunciado está errada, é necessário ler e interpretar o
texto com bastante atenção.

O item constante do enunciado afirma que os altos preços e a baixa


qualidade são reflexos da pequena concorrência e da falta de uma
fiscalização mais estrita.

O que temos de considerar é que, no texto, o preço alto e a falta


de qualidade estão relacionados apenas à pequena
concorrência. Veja o seguinte trecho retirado do texto:

A baixa competitividade do mercado faz com que a qualidade dos serviços e do


atendimento oferecidos deixe a desejar e permite que os preços cobrados por
pacotes de canais, minutos para celular ou Internet assumam valores altos,
sobretudo quando comparados aos de outros países.

É bom destacar que, no gabarito preliminar, esta questão foi


considerada “certa”. Entretanto, no gabarito definitivo, foi
alterada para “errada”. A seguir, veremos a justificativa do CESPE
para o erro da questão, o que contribui para a explicação colocada
acima:

“A afirmação constante do item é errada, pois são atribuídos os problemas


referentes aos altos preços e aos serviços de qualidade duvidosa, prestados
pelas empresas de telefonia, de banda larga e de TV por assinatura, à pequena
concorrência e à falta de fiscalização rígida por parte das agências reguladoras.
Depreende-se da leitura do segundo parágrafo que os problemas apresentados
são consequências apenas da falta de uma concorrência acirrada no mercado,
portanto, não estão vinculados à falta de fiscalização estrita. Por esse motivo,
opta-se pela alteração do gabarito do item.”
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GABARITO: ERRADO

Questão 21 – (CESPE) Analista Administrativo - ANATEL/2014


(Responda com base no texto da questão anterior.)

Considerando as ideias e estruturas do texto, julgue o item


seguinte.

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Melhor atendimento ao consumidor e acesso do consumidor a todos os


benefícios a que ele tem direito são exemplos de melhorias na
transparência das empresas com seus clientes e de ampliações dos
direitos destes no que se refere à oferta de serviços.

Comentários

Esta questão é bastante simples, assim uma leitura atenta do trecho


inicial do texto já nos mostra que o item a ser julgado está
correto:

A ANATEL anunciou novas regras para os serviços de telefonia fixa e móvel,


banda larga e televisão por assinatura, que buscam melhorar a transparência das
empresas com seus clientes e ampliar os direitos dos últimos em relação à oferta
de serviços.

GABARITO: CERTO

Questão 22 – (CESPE) Consultor de Orçamento e Fiscalização


Financeira – Câmara dos Deputados/2014

Pedi ao antropólogo Eduardo Viveiros de Castro que falasse sobre a ideia


que o projetou. A síntese da metafísica dos povos “exóticos” surgiu em
1996 e ganhou o nome de “perspectivismo ameríndio”.

Fazia já alguns anos, então, que o antropólogo se ocupava de um traço


específico do pensamento indígena nas Américas. Em contraste com a
ênfase dada pelas sociedades industriais à produção de objetos, vigora
entre esses povos a lógica da predação. O pensamento ameríndio dá
muita importância às relações entre caça e caçador — que têm, para eles,
um valor comparável ao que conferimos ao trabalho e à fabricação de
bens de consumo. Diferentes espécies animais são pensadas com base na
posição que ocupam nessa relação. Gente, por exemplo, é, ao mesmo
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tempo, presa de onça e predadora de porcos.

Pesquisas realizadas por duas alunas de Viveiros de Castro, na mesma


época, com diferentes grupos indígenas da Amazônia, chamavam a
atenção para outra característica curiosa de seu pensamento: de acordo
com os interlocutores de ambas, os animais podiam assumir a perspectiva
humana. Um levantamento realizado então indicava a existência de ideias
semelhantes em outros grupos espalhados pelas Américas, do Alasca à
Patagônia. Segundo diferentes etnias, os porcos, por exemplo, se viam
uns aos outros como gente. E enxergavam os humanos, seus predadores,
como onça. As onças, por sua vez, viam a si mesmas e às outras onças

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como gente. Para elas, contudo, os índios eram tapires ou pecaris — eram
presa.

Ser gente parecia uma questão de ponto de vista. Gente é quem ocupa a
posição de sujeito. No mundo amazônico, escreveu o antropólogo, “há
mais pessoas no céu e na terra do que sonham nossas antropologias”.

Ao se verem como gente, os animais adotam também todas as


características culturais humanas. Da perspectiva de um urubu, os vermes
da carne podre que ele come são peixes grelhados, comida de gente. O
sangue que a onça bebe é, para ela, cauim, porque é cauim o que se bebe
com tanto gosto. Urubus entre urubus também têm relações sociais
humanas, com ritos, festas e regras de casamento.

Tudo se passa, conforme Viveiros de Castro, como se os índios pensassem


o mundo de maneira inversa à nossa, se consideradas as noções de
“natureza” e de “cultura”. Para nós, o que é dado, o universal, é a
natureza, igual para todos os povos do planeta. O que é construído é a
cultura, que varia de uma sociedade para outra. Para os povos
ameríndios, ao contrário, o dado universal é a cultura, uma única cultura,
que é sempre a mesma para todo sujeito. Ser gente, para seres humanos,
animais e espíritos, é viver segundo as regras de casamento do grupo,
comer peixe, beber cauim, temer onça, caçar porco.

Mas se a cultura é igual para todos, algo precisa mudar. E o que muda, o
que é construído, dependendo do observador, é a natureza. Para o urubu,
os vermes no corpo em decomposição são peixe assado. Para nós, são
vermes. Não há uma terceira posição, superior e fundadora das outras
duas. Ao passarmos de um observador a outro, para que a cultura
permaneça a mesma, toda a natureza em volta precisa mudar.

Rafael Cariello. O antropólogo contra o Estado. In: Revista piauí, n.º 88, jan./2014 (com
adaptações).

62456350391

Em relação ao texto acima, julgue o item abaixo.

Narrado em primeira pessoa e tratando de tema científico, o texto


classifica-se como artigo científico, ainda que tenha sido publicado em
periódico não especializado.

Comentários

Esta questão é mais um exemplo que nos mostra como o CESPE


explora o assunto “gêneros textuais”.

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Para julgar o item do enunciado, antes de mais nada, devemos observar


que o texto não está narrado na primeira pessoa. Note que apenas o
primeiro parágrafo contém estrutura na primeira pessoa do singular. Isso
já torna a afirmativa errada. Além disso, um artigo científico, que não
pode ser escrito em primeira pessoa, deve relatar os resultados de uma
determinada pesquisa.

Podemos afirmar que artigo científico é parte de uma publicação com


autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas,
processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento.

Dessa maneira, vemos que o item está errado.

GABARITO: ERRADO

Questão 23 – (CESPE) Consultor de Orçamento e Fiscalização


Financeira – Câmara dos Deputados/2014
(Responda com base no texto da questão anterior.)

Em relação ao texto acima, julgue o item abaixo.

As ideias expressas nas frases “Ser gente parecia uma questão de ponto
de vista” (sublinhado no texto) e “Gente é quem ocupa a posição de
sujeito” (sublinhado no texto) constituem aspectos importantes daquilo
que o texto apresenta como ‘perspectivismo ameríndio’ (em negrito no
texto).

Comentários

Esta é uma típica questão de interpretação de textos do CESPE.


Observe que a banca solicita que você analise as ideias expressas
no texto e chegue à conclusão se a afirmativa colocada no
62456350391

enunciado está correta ou não.

Note que o primeiro parágrafo traz o seguinte trecho, no qual é


apresentada a ideia de “perspectivismo ameríndio”: A síntese da
metafísica dos povos “exóticos” surgiu em 1996 e ganhou o nome de
“perspectivismo ameríndio”.

No segundo e terceiro parágrafos, o autor coloca algumas explicações


sobre a ideia de “perspectivismo ameríndio”. No quarto parágrafo, trecho
do texto em que se encontram as expressões constantes do item a ser
julgado, há uma síntese do que foi relatado anteriormente. Podemos
afirmar que essas expressões (síntese citada na frase anterior)

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representam aspectos importantes do chamado “perspectivismo


ameríndio”.

Dessa maneira, vemos que o item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 24 – (CESPE) Nível Superior - ICMBio/2014

De acordo com uma lista da International Union for the Conservation of


Nature, o Brasil é o país com o maior número de espécies de aves
ameaçadas de extinção, com um total de 123 espécies sofrendo risco real
de desaparecer da natureza em um futuro não tão distante. A Mata
Atlântica concentra cerca de 80% de todas as aves ameaçadas no país,
fato que resulta de muitos anos de exploração e desmatamentos.
Atualmente, restam apenas cerca de 10% da floresta original, não sendo
homogênea essa proporção de floresta remanescente ao longo de toda a
Mata Atlântica. A situação é mais séria na região Nordeste, especialmente
nos estados de Alagoas e Pernambuco, onde a maior parte da floresta
original foi substituída por plantações de cana-de-açúcar. É nessa região
que ainda podem ser encontrados os últimos exemplares das aves mais
raras em todo o país, como o criticamente ameaçado limpa-folha-do-
nordeste (Philydor novaesi). Essa pequena ave de dezoito centímetros
vive no estrato médio e dossel de florestas bem conservadas e ricas em
bromélias, onde procura artrópodes dos quais se alimenta. Atualmente, as
duas únicas localidades onde a espécie pode ser encontrada são a Estação
Ecológica de Murici, em Alagoas, e a Serra do Urubu, em Pernambuco.

Pedro F. Develey et al. O Brasil e suas aves. In: Scientific American Brasil, 2013 (com
adaptações). Em relação ao texto acima, julgue o item abaixo.

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Julgue o item seguinte, relativo às ideias e aos aspectos


estruturais do texto acima.

O vocábulo “remanescente” (sublinhado no texto) poderia ser substituído


por ameaçada, sem alteração do sentido original do texto.

Comentários

Esta é uma questão que exige do candidato a interpretação do


texto e o conhecimento do significado das palavras dadas no
enunciado.

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Você deve ter atenção na leitura da parte inicial do texto. Observe


que existe um grande número de aves ameaçadas de extinção. Além
disso, a Mata Atlântica concentra cerca de 80% de todas as aves
ameaçadas no país.

Com base nesses dados, percebemos que não é a floresta (Mata Atlântica)
que está ameaçada, e sim as aves. Outro detalhe que nos ajuda a
desvendar a questão é que “remanescente” quer dizer “aquilo que sobra”.

Portanto, a afirmação do enunciado está errada, pois a substituição


altera o sentido original do texto.

GABARITO: ERRADO

Questão 25 – (CESPE) Nível Superior - ICMBio/2014

Se a Dinamarca tivesse seguido a corrente rodoviária dominante desde a


década de 60 do século passado, nunca viraria um modelo de
planejamento urbano. Em uma época em que parecia fazer mais sentido
priorizar o trânsito de carros, Copenhague apostou na criação da primeira
rua para pedestres do país. Antes de se tornar o maior calçadão da
Europa, com um quilômetro de extensão, a Strøget era uma rua comercial
dominada por automóveis, assim como todo o centro da cidade. O
arquiteto por trás da iniciativa, Jan Gehl, acreditava que os espaços
urbanos deveriam servir para a interação social. Na época, foi criticado
pela imprensa e por comerciantes, que ponderavam que as pessoas não
passariam muito tempo ao ar livre em uma capital gélida. Erraram. As
vendas triplicaram, e a rua de pedestres foi ocupada pelos moradores. A
experiência reforçou as convicções de Gehl, que defende o planejamento
das cidades para o usufruto e o conforto das pessoas.

Camilo Gomide. Cidades prazerosas. In: Planeta, fev./2014 (com adaptações).


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Julgue o item seguinte, relativo às ideias e às estruturas


linguísticas do texto acima.

É objetivo do texto defender a ideia de que comerciantes do mundo inteiro


podem triplicar seu faturamento caso seja adotado o modelo de
planejamento urbano da Dinamarca.

Comentários

Esta é uma questão que exige do candidato a interpretação do


texto para que possa julgar o item colocado no enunciado.

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Você deve ler o texto com bastante atenção. Observe que muitas
questões podem ser resolvidas simplesmente quando temos cuidado ao
ler o texto e conseguimos extrair dele os aspectos mais importantes.
Assim, devemos perceber se o texto faz realmente referências àquilo
colocado no item a ser julgado. Muitas vezes, a banca cria frases e
situações apenas para confundir o candidato.

Com base nisso, perceba que o autor do texto não defende a ideia de que
comerciantes do mundo inteiro podem triplicar seu faturamento caso seja
adotado o modelo de planejamento urbano da Dinamarca. Observe que
ele alega que o modelo adotado na Dinamarca é um exemplo de
planejamento urbano, mas não menciona, em trecho algum, que
esse modelo pode levar comerciantes do mundo inteiro a triplicar
suas vendas.

Portanto, a afirmação do enunciado está errada.

GABARITO: ERRADO

Questão 26 – (CESPE) Médico do Trabalho – Caixa/2014

Campos achava grande prazer na viagem que íamos fazendo em trem de


ferro. Eu confessava-lhe que tivera maior gosto quando ali ia em caleças
tiradas a burros, umas atrás das outras, não pelo veículo em si, mas
porque ia vendo, ao longe, cá embaixo, aparecer a pouco e pouco o mar e
a cidade com tantos aspectos pinturescos. O trem leva a gente de
corrida, de afogadilho, desesperado, até a própria estação de Petrópolis. E
mais lembrava as paradas, aqui para beber café, ali para beber água na
fonte célebre, e finalmente a vista do alto da serra, onde os elegantes de
Petrópolis aguardavam a gente e a acompanhavam nos seus carros e
cavalos até a cidade; alguns dos passageiros de baixo passavam ali
mesmo para os carros onde as famílias esperavam por eles. Campos
continuou a dizer todo o bem que achava no trem de ferro, como prazer e
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como vantagem. Só o tempo que a gente poupa! Eu, se retorquisse


dizendo-lhe bem do tempo que se perde, iniciaria uma espécie de debate
que faria a viagem ainda mais sufocada e curta. Preferi trocar de assunto
e agarrei-me aos derradeiros minutos, falei do progresso, ele também, e
chegamos satisfeitos à cidade da serra.

Machado de Assis, Memorial de Aires. RJ. Ed. Nova Aguilar. 1994 (com adaptações)

Acerca dos sentidos e das estruturas linguísticas do texto acima,


julgue o seguinte item.

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Considerando-se que o trecho em questão trata da viagem de duas


pessoas, o narrador e Campos, é correto afirmar que as ocorrências do
termo “a gente” (em negrito no texto), no primeiro parágrafo, referem-se
especificamente a esses dois personagens.

Comentários

Esta questão exige do candidato a interpretação do texto para


identificar se a afirmação do enunciado está certa ou errada. É uma
questão que exige a identificação correta dos referentes.

Observe que a primeira e a terceira ocorrências do termo parecem se


referir aos dois personagens, mas, na segunda ocorrência, está clara a
referência feita a pessoas em geral.

Dessa forma, é possível concluir que o item está errado.

GABARITO: ERRADO

Questão 27 – (CESPE) Diplomata – Instituto Rio Branco/2014

A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita


de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes
romancistas, dramaturgos e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio
Nobel a um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a
crônica é um gênero menor.

“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo assim, ela fica mais
perto de nós. E para muitos pode servir de caminho não apenas para a
vida, que ela serve de perto, mas para a literatura. Por meio dos
assuntos, da composição solta, do ar de coisa sem necessidade que
costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo dia. Principalmente
porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso modo de ser
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mais natural. Na sua despretensão, humaniza; e esta humanização lhe


permite, como compensação sorrateira, recuperar com a outra mão certa
profundidade de significado16 e certo acabamento de forma, que de
repente podem fazer dela uma inesperada, embora discreta, candidata à
perfeição.

Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São Paulo: Companhia das Letras,
1993, p. 23 (com adaptações).

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Em relação ao texto, julgue (C ou E) o item subsequente.

No trecho “Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de


perto ao nosso modo de ser mais natural” (sublinhado no texto), o autor
indica que a crônica e a linguagem falada é a que consegue a mais
perfeita comunicação literária.

Comentários

Para resolver esta questão, o candidato precisa interpretar o texto


para concluir se a afirmação do enunciado está certa ou errada. É
uma questão que exige apenas atenção na leitura do texto.

Observe o seguinte trecho:

Na sua despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permite, como


compensação sorrateira, recuperar com a outra mão certa profundidade de
significado e certo acabamento de forma, que de repente podem fazer dela uma
inesperada, embora discreta, candidata à perfeição.

Se a crônica é uma candidata à perfeição, ela não pode ser a mais perfeita
comunicação literária, como indica o item proposto.

Dessa maneira, conclui-se que o item está errado.

GABARITO: ERRADO

Questão 28 – (CESPE) Diplomata – Instituto Rio Branco/2014

José Lins do Rego, em ensaio admirável dedicado a Fialho de Almeida, põe


talvez exagerada ênfase na condição de “telúrico” de Fialho, como virtude
acima de qualquer outra num escritor. Tanto que nos dá a impressão de
que, em literatura, só os telúricos se salvam. O que me parece
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generalização muito próxima da verdade; mas não a verdade absoluta.

Nem Eça nem Ramalho foram rigorosamente telúricos e, entretanto, sua


vitalidade nas letras portuguesas é das que repelem, meio século depois
de mortos os dois grandes críticos, qualquer unguento ou óleo de
complacência com que hoje se pretenda adoçar a revisão do seu valor
social, os dois tendo atuado como revolucionários ou, antes, renovadores
não só das convenções estéticas da língua e da literatura, como das
convenções sociais do povo e da nação que criticaram duramente para,
afinal, terminarem cheios de ternura patriótica e até mística pela tradição
portuguesa. Um, revoltado contra o “francesismo”, ou cosmopolitismo”,
que o afastara dos clássicos, da cozinha dos antigos, da vida e do ar das

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serras; o outro, enjoado do “republicanismo”, que também o separara de


tantos valores básicos da vida portuguesa, fazendo-o exigir da Monarquia
e da Igreja, em Portugal, atitudes violentamente contrárias às condições
de um povo apenas tocado pela Revolução Industrial e pela civilização
carbonífera do norte da Europa.

Gilberto Freyre. Eça, Ramalho como renovadores da literatura em língua portuguesa. In:
Alhos & Bugalhos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978, p. 15 (com adaptações).

Em relação ao texto, julgue (C ou E) o item subsequente.


Depreende-se do texto que Eça de Queirós reagiu radicalmente contra o
francesismo, Ramalho Ortigão estava farto do republicanismo (sublinhado
no texto) e nenhum dos dois, na opinião de Gilberto Freyre, demonstrou
ser inflexivelmente telúrico.

Comentários

Esta questão exige do candidato a interpretação do texto para


identificar se a afirmação do enunciado está certa ou errada.

Devemos analisar as três afirmações do item a ser julgado e checar se


elas estão corretas ou não. Para tanto, devemos depreender do texto, ou
seja, inferir, deduzir, concluir. Saliento que teremos uma aula no final do
curso, exclusiva sobre interpretação de texto, na qual explicarei
detalhadamente as questões que usam o termo “inferir” e correlatos.

Observe, no trecho sublinhado, que o termo “um” se refere a Eça de


Queirós e que o termo “outro” se refere a Ramalho Ortigão. Por meio
dessa dedução, vemos que as duas primeiras afirmações do item estão
corretas.

Agora, leia o seguinte trecho: “Nem Eça nem Ramalho foram


rigorosamente telúricos...”. Percebemos que a terceira afirmação
também está certa, uma vez podemos entender “rigorosamente” como
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“inflexivelmente”.

Dessa forma, é possível concluir que o item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 29 – (CESPE) Nível Superior – SUFRAMA/2014

O homem habita a Amazônia há mais de 11.000 anos. No entanto, foi só


no século XVI que o rio Amazonas foi navegado pela primeira vez, pelo

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explorador e conquistador espanhol Don Francisco de Orellana (1511-


1546). Em busca de vastas florestas de canela e da lendária cidade do
ouro El Dorado, Orellana deixou Quito, no Equador, em fevereiro de 1541.
Não encontrou nem canela nem ouro, e, sim, o maior rio da Terra. O
explorador batizou o rio “recém-descoberto” de rio de Orellana. Tal nome
depois seria abandonado em troca do nome rio Amazonas, inspirado na
mítica tribo de guerreiras.

Passaram-se muitos anos até a Amazônia receber uma nova expedição —


a primeira a subir o rio inteiro. Entre 1637 e 1638, as primeiras
informações detalhadas sobre a região, sua13 história natural e seu povo
foram registradas pelo Padre Cristóvão de Acuña, que viajou como
membro de uma grande expedição comandada pelo general português
Pedro Teixeira. Ele registrou dados de impressionante precisão acerca da
extensão e do tamanho do rio Amazonas, e da topografia de seu curso,
com descrições detalhadas das áreas de floresta19 inundada ao longo do
rio, da fauna aquática, dos sistemas agrícolas e das plantações dos povos
indígenas.

Internet: <www.wwf.org> (com adaptações).

No que se refere aos aspectos linguísticos e à tipologia do texto


acima, julgue o item que se segue.

No texto, de caráter informativo, há trechos narrativos que tratam da


navegação na região amazônica.

Comentários

A tipologia textual é bastante cobrada nas provas do CESPE e agrupa os


textos de acordo com seus traços linguísticos. Há cinco tipos textuais:
narração, dissertação, exposição, descrição e injunção.

Você deve observar que a tipologia textual é conceitual, pois ela apenas
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atribui uma classificação ao texto. Não se trata, portanto, de especificar a


materialidade do texto em si, mas de classificá-lo de acordo com suas
características linguísticas.

Salienta-se que a narração é uma modalidade de texto em que se conta


um fato ocorrido em determinado tempo e lugar, envolvendo certos
personagens. Esse fato pode ser verídico ou ficcional (um boletim de
ocorrência, por exemplo, narra um fato verídico). Os elementos da
narração são: enredo, personagens (principal, secundário e
terciário/figurante), tempo, espaço (local geográfico), ambiente
(relacionado à vida sociocultural), clímax, desfecho.

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Com relação à temporalidade, perceba que, na narração, há, geralmente,


uma relação de anterioridade e posterioridade entre os episódios
contados; ou seja, há a passagem do tempo. Por isso, é comum a
presença de muitos verbos na narração, com alteração dos tempos
verbais.

No texto da questão, podemos destacar, como exemplo, os


seguintes trechos narrativos que tratam da navegação na região
amazônica:

Em busca de vastas florestas de canela e da lendária cidade do ouro El Dorado,


Orellana deixou Quito, no Equador, em fevereiro de 1541. Não encontrou nem
canela nem ouro, e, sim, o maior rio da Terra. O explorador batizou o rio
“recém-descoberto” de rio de Orellana.

Entre 1637 e 1638, as primeiras informações detalhadas sobre a região, sua


história natural e seu povo foram registradas pelo Padre Cristóvão de Acuña, que
viajou como membro de uma grande expedição comandada pelo general
português Pedro Teixeira.

Além disso, o texto apresentado na questão pode ser classificado


como informativo, pois ele tem como objetivo levar informação aos
leitores, ou seja, pretende abordar algum tema e transmitir conhecimento
a respeito desse tema.

Tenha sempre o cuidado de verificar se todas as afirmações


presentes no item julgado estão certas ou erradas. No caso desta
questão, tínhamos duas afirmações para julgar, não é mesmo? O CESPE
tem o costume de fazer itens com mais de uma afirmação, assim o
candidato deve estar sempre atento, de forma a não julgar o item
de modo incompleto e errar a questão.

Diante do exposto, concluímos que o item do enunciado está


correto.
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GABARITO: CERTO

Questão 30 – (CESPE) Nível Superior – FUB/2014

Muitas vezes, na divulgação midiática de pesquisas e projetos científicos,


o profissional da área de comunicação tropeça em questões teóricas, não
dá a devida importância para a pesquisa em si, põe em foco questões do
processo de pesquisa que são irrelevantes para o projeto e para o
pesquisador, ou mesmo propaga conhecimentos e crenças populares em
vez de ser “fiel” ao trabalho do pesquisador. Já o pesquisador, ao escrever
sobre seu projeto ou pesquisa, esquece por vezes que aqueles que lerão

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nem sempre têm conhecimento linguístico da área e utiliza uma


linguagem não acessível a pessoas que não pertencem ao meio acadêmico
e, dessa forma, dificulta a divulgação de sua pesquisa.

O jornalista está dentro de uma esfera que tem como foco a comunicação
em si e não o que se comunica. O foco é uma linguagem acessível,
interessante e que chame a atenção do público para comprar e consumir
os textos e artigos que são escritos e, se for necessário, ele sacrifica o
conteúdo em prol da atenção do público e da linguagem. Já o pesquisador
está em uma esfera cujo foco é o conteúdo, o objeto de pesquisa e a
pesquisa em si e, muitas vezes, ele sacrifica um grupo extenso de leitores
ao empregar linguagem específica, científica e não acessível. Portanto, ao
escrever, os dois profissionais têm de ter em mente que sua esfera de
atividade humana e, por consequência, de comunicação, se torna mais
complexa. O jornalista deve ter em mente que, quando escreve sobre um
projeto científico, não atua apenas em sua área de atividade humana, a
comunicação, mas na comunicação científica. O cientista ou pesquisador
deve considerar que a divulgação de sua pesquisa não deve ser feita
apenas para a comunidade científica, mas para o público em geral. Dessa
forma, o pesquisador precisa constantemente pensar mais nesse público
e, consequentemente, na linguagem utilizada. O jornalista, por sua vez,
precisa ficar mais atento à pesquisa que está sendo divulgada. Cada um
precisa aprender com o outro, permitindo-se entrar mais em uma esfera
de atividade humana à qual não pertence originalmente. O principal
motivo desse intercâmbio de intenções ao escrever é aumentar o acesso
do público à ciência.

A academia não pode estar voltada apenas para seu público interno. É
muito importante que as informações sejam divulgadas e não
permaneçam circulando em um grupo fechado, até para que haja
crescimento da própria comunidade científica.

Camila Delmondes Dias et al. Divulgando a arqueologia: comunicando o conhecimento


para a sociedade. In: Ciência e Cultura. São Paulo, v. 65, n.o 2, jun./2013. Internet:
<http://cienciaecultura.bvs.br> (com adaptações).
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De acordo com as ideias expressas no texto,

para que a divulgação midiática de pesquisas e projetos seja


compreensível e acessível, é necessário que os jornalistas se aproximem
mais da esfera de atividade humana dos pesquisadores e vice-versa.

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Comentários

Esta é mais uma questão que solicita do candidato a análise das


ideias expressas no texto. Veja como o CESPE gosta desse tipo de
enunciado!

Para responder à pergunta, devemos prestar bastante atenção no


enunciado e, após isso, ler o texto para fazer a interpretação.

Leia o seguinte trecho retirado do texto: "Cada um precisa aprender mais


com o outro, permitindo-se entrar mais em uma esfera de atividade
humana à qual não pertence originariamente." (final do segundo
parágrafo). Observe que ele confirma que o item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 31 – (CESPE) Nível Superior – MEC/2014

Nenhuma ação educativa pode prescindir de uma reflexão sobre o homem


e de uma análise sobre suas condições culturais. Não há educação fora
das sociedades humanas e não há homens isolados. O homem é um ser
de raízes espaçotemporais. De forma que ele é, na expressão feliz de
Marcel, um ser “situado e temporalizado”. A instrumentação da educação
— algo mais que a simples preparação de quadros técnicos para
responder às necessidades de desenvolvimento de uma área — depende
da harmonia que se consiga entre a vocação ontológica desse “ser situado
e temporalizado” e as condições especiais dessa temporalidade e dessa
situacionalidade.

Se a vocação ontológica do homem é a de ser sujeito e não objeto, ele só


poderá desenvolvê-la se, refletindo sobre suas condições
espaçotemporais, introduzir-se nelas de maneira crítica. Quanto mais for
levado a refletir sobre sua situacionalidade, sobre seu enraizamento
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espaçotemporal, mais “emergirá” dela conscientemente “carregado” de


compromisso com sua realidade, da qual, porque é sujeito, não deve ser
simples espectador, mas na qual deve intervir cada vez mais.

Paulo Freire. Educação e mudança. 2.ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 61 (com
adaptações)

Julgue o item seguinte, referentes às ideias e a aspectos


linguísticos do texto acima.

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Segundo o texto, a educação deve considerar não apenas o homem, mas


também o contexto em que ele vive, levando-o a refletir sobre sua
realidade e atuar sobre ela na condição de sujeito.

Comentários

Observe que o enunciado pede que você julgue o item segundo o


texto. Em questões assim, uma leitura atenta e cuidadosa costuma
ser tudo que o candidato necessita para marcar ponto.

Vamos, então, procurar algo que nos ajude a confirmar ou não a


afirmação contida no enunciado. Leia atentamente o início do primeiro
parágrafo:

Nenhuma ação educativa pode prescindir de uma reflexão sobre o homem e de


uma análise sobre suas condições culturais.

Perceba que a educação não pode dispensar (prescindir) de uma reflexão


sobre o homem, exatamente o que o item afirma.

Dessa maneira, concluímos que o item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 32 – (CESPE) Analista Legislativo – Câmara dos


Deputados/2014

Em episódio que não sei mais se se estuda na História do Brasil, pois nem
mesmo sei se ainda se estuda História do Brasil, nos contavam, às vezes
com admiração, que D. Pedro, o da Independência, irritado com a
primeira Assembleia Constituinte brasileira, por ele considerada folgada e
ousada, encerrou a brincadeira e outorgou a Constituição do novo Estado.
Decerto a razão não é esta, é antes um sintoma, mas vejo aí um
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momento exemplar da tradição de encarar o Estado (que, na conversa,


chamamos de “governo”) como nosso mestre e os nossos direitos como
por ele dadivados. Os governantes não são mandatários ou
representantes nossos, mas patrões ou chefes.

Claro, há muito que discutir sobre o conceito de praticamente cada


palavra que vou usar — isto sempre, de alguma forma, é possível —, mas
vamos fingir que existe consenso sobre elas, não há de fazer muito mal
agora. Nunca, de fato, tivemos democracia. E a República não trouxe
nenhuma mudança efetivamente básica para o povo brasileiro, nenhuma
revolução ou movimento o fez. Tudo continua como era dantes, só que os
defeitos, digamos, de fábrica, vão piorando com o tempo e ficam cada vez

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mais difíceis de consertar. Alguns, na minha lúgubre opinião, jamais terão


reparo, até porque a Humanidade, pelo menos como a conhecemos, deve
acabar antes.

João Ubaldo Ribeiro. A gente se acostuma a tudo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006,
p. 113-4 (com adaptações).

Em relação ao trecho acima reproduzido, julgue o item que se


segue.

É correto afirmar que o trecho foi extraído de um ensaio acadêmico, pois


versa sobre tema histórico com base em conceitos de teoria política.

Comentários

Em primeiro lugar, precisamos saber do que se trata um ensaio


acadêmico.

Um ensaio acadêmico é um texto que tem como objetivo discutir


determinado tema, de relevância teórica e científica, com base teórica em
livros, revistas, artigos publicados, entre outros. É uma modalidade de
texto bastante usada na academia, especialmente nas áreas de Ciências
Humanas. Consiste na exposição das ideias e pontos de vista do autor
sobre certo tema, mas não explora o tema de forma exaustiva, apesar de
buscar originalidade no enfoque.

Depois dessa definição, percebemos que o texto trazido na questão não é


um ensaio acadêmico. Também verificamos que não foram usados
conceitos de teoria política.

Dessa maneira, concluímos que o item está errado.

GABARITO: ERRADO
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Questão 33 – (CESPE) Analista Legislativo – Câmara dos


Deputados/2014

Tarde de verão, é levado ao jardim na cadeira de braços — sobre a


palhinha dura a capa de plástico e, apesar do calor, manta xadrez no
joelho. Cabeça caída no peito, um fio de baba no queixo. Sozinho, regala-
se com o trino da corruíra, um cacho dourado de giesta e, ao arrepio da
brisa, as folhinhas do chorão faiscando — verde, verde! Primeira vez
depois do insulto cerebral aquela ânsia de viver. De novo um homem, não
barata leprosa com caspa na sobrancelha — e, a sombra das folhas na

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cabecinha trêmula, adormece. Gritos: Recolha a roupa. Maria, feche a


janela. Prendeu o Nero? Rebenta com fúria o temporal. Aos trancos João
ergue o rosto, a chuva escorre na boca torta. Revira em agonia o olho
vermelho — é uma coisa, que a família esquece na confusão de recolher a
roupa e fechar as janelas?

Dalton Trevisan. Ah, é? Rio de Janeiro: Record, 1994. p. 67 (com adaptações).

Em relação ao texto acima, julgue o item

Por tratar-se de narrativa em terceira pessoa, o texto apresenta, além do


relato das ações, alguns comentários do narrador, sem perscrutar o
pensamento do personagem principal.

Comentários

Observe que o texto é uma narrativa em terceira pessoa.

Você sabe exatamente o que é a narração?

NARRAÇÃO

Modalidade de texto em que se conta um fato ocorrido em determinado


tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Esse fato pode ser
verídico ou ficcional (um boletim de ocorrência, por exemplo, narra um
fato verídico).

Elementos da narração: enredo, personagens (principal, secundário


e terciário/figurante), tempo, espaço (local geográfico), ambiente
(relacionado à vida sociocultural), clímax, desfecho.

Com relação à temporalidade, perceba que, na narração, há, geralmente,


uma relação de anterioridade e posterioridade entre os episódios
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contados; ou seja, há a passagem do tempo. Por isso, é comum a


presença de muitos verbos na narração, com alteração dos tempos
verbais.

Essa passagem do tempo na narração pode ser cronológica (em que há


sequência de passado, presente e futuro) ou anacrônica (em que a
passagem entre os tempos se dá de forma não sequencial). É o tipo
predominante nos seguintes gêneros: conto, fábula, crônica, romance,
novela, depoimento, anedota, apólogo, parábola, etc.

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Para resolver esta questão, é fundamental sabermos o significado


da palavra “perscrutar”, a qual significa investigar ou averiguar de
maneira minuciosa.

Assim, vemos que a afirmação contida no enunciado está errada, pois o


texto apresenta, além do relato das ações, alguns comentários do
narrador, e perscruta o pensamento do personagem principal.

Dessa forma, o item está errado.

GABARITO: ERRADO

Questão 34 – (CESPE) Nível Superior – CAIXA/2014

As primeiras moedas, peças representando valores, geralmente em metal,


surgiram na Lídia (atual Turquia), no século VII a.C. As características que
se desejava ressaltar eram transportadas para as peças por meio da
pancada de um objeto pesado, em primitivos cunhos. Com o surgimento
da cunhagem a martelo e o uso de metais nobres, como o ouro e a prata,
os signos monetários passaram a ser valorizados também pela nobreza
dos metais neles empregados.

Embora a evolução dos tempos tenha levado à substituição do ouro e da


prata por metais menos raros ou suas ligas, preservou-se, com o passar
dos séculos, a associação dos atributos de beleza e expressão cultural ao
valor monetário das moedas, que quase sempre, na atualidade,
apresentam figuras representativas da história, da cultura, das riquezas e
do poder das sociedades.

A necessidade de guardar as moedas em segurança levou ao surgimento


dos bancos. Os negociantes de ouro e prata, por terem cofres e guardas a
seu serviço, passaram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro
de seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guardadas. Esses
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recibos passaram, com o tempo, a servir como meio de pagamento por


seus possuidores, por ser mais seguro portá-los do que portar dinheiro
vivo. Assim surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cédulas
de banco; concomitantemente ao surgimento das cédulas, a guarda dos
valores em espécie dava origem a instituições bancárias.

Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História, 1694/1984.

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No que se refere aos aspectos linguísticos, à classificação


tipológica do texto acima e às ideias nele expressas, julgue o item
a seguir.

No texto, predominantemente descritivo, são utilizados trechos narrativos


como recurso para defender os argumentos elencados.

Comentários

Vamos fazer uma revisão sobre a descrição?

DESCRIÇÃO

Modalidade na qual se representa, minuciosamente, por meio de


palavras, um objeto – ou cena, animal, pessoa, lugar, coisa, etc.

O texto descritivo enfatiza o estático (é como um retrato). Dessa


maneira, induz o leitor a imaginar o espaço, o tempo, o costume, isto é,
tudo o que ambienta a história, a informação.

A temporalidade não é relevante no texto descritivo (não há a passagem


do tempo como há na narrativa). Por esse motivo, há poucos verbos na
sua estrutura linguística. Em compensação, vemos o predomínio
de adjetivos.

A descrição também pode ser chamada de texto de caracterização, de


adjetivação ou de detalhamento.

Voltando à questão, quero que perceba que o texto é, na verdade, uma


narração (classificação tipológica), ou seja, é predominantemente
narrativo, mas são utilizados trechos descritivos como recurso para
defender os argumentos elencados.

Dessa forma, verificamos que o item está errado.


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GABARITO: ERRADO

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Questão 35 – (CESPE) Nível Superior - FUB/2014

Em 2006 e em 2010, o Ministério da Ciência e Tecnologia promoveu uma


pesquisa de cunho nacional cujo objetivo era fazer um mapeamento do
interesse, grau de informação, atitudes e visões dos brasileiros sobre
ciência e tecnologia. Para tanto, foram realizadas 2.016 entrevistas
organizadas quanto a variáveis como gênero, idade, escolaridade, renda e
região de moradia. Um dos resultados a que se chegou é apresentado no
gráfico acima, que mostra a visão dos brasileiros em relação aos
benefícios trazidos pela ciência e tecnologia.

Ministério da Ciência e Tecnologia. Percepção pública da ciência e tecnologia no Brasil:


resultados da enquete de 2010. Internet: (com adaptações).
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Considerando que ns/nr signifique que o entrevistado não


sabe/não respondeu, julgue o item com base nas informações
acima.

Somente em 2010, o brasileiro passou a acreditar que a ciência e a


tecnologia resultam em mais benefícios que malefícios.

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Comentários

Temos, aqui, uma questão sobre interpretação de texto e de


gráfico. É importante que você fique atento quanto a isto: às
vezes, a banca coloca figuras, gráficos, charges, etc para serem
analisados, além dos textos escritos ou no lugar destes.

Veja que, na coluna relativa a “mais benefícios que malefícios” (segundo


par de colunas), em 2006, há 46% de pessoas que acreditam que a
ciência e a tecnologia resultam em mais benefícios que malefícios. Mas, ao
mesmo tempo, há 7% de pessoas que não sabem ou não responderam.

De forma análoga, na coluna relativa a “mais benefícios que malefícios”


(segundo par de colunas), em 2010, há 42,3% de pessoas que acreditam
que a ciência e a tecnologia resultam em mais benefícios que malefícios.
Mas, ao mesmo tempo, há 1,6% de pessoas que não sabem ou não
responderam.

Assim, note que, em 2006, segundo a pesquisa, o brasileiro já acreditava


que a ciência e a tecnologia resultavam em mais benefícios que
malefícios.

Dessa forma, o item está errado.

GABARITO: ERRADO

Questão 36 – (CESPE) Nível Superior – CADE/2013

(Texto para as questões 36 e 37)

Atualmente, há duas Américas Latinas. A primeira conta com um bloco de


países — incluindo Brasil, Argentina e Venezuela — com acesso ao Oceano
Atlântico, que confere ao Estado grande papel na economia. A segunda —
composta por países de frente para o Pacífico, como México, Peru, Chile e
Colômbia — adota o livre comércio e o mercado livre.
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Os dois grupos de países compartilham de uma geografia, de culturas e de


histórias semelhantes, entretanto, por quase dez anos, a economia dos
países do Atlântico cresceu mais rapidamente, em grande parte graças ao
aumento dos preços das commodities no mercado global. Atualmente,
parece que os anos vindouros são mais promissores para os países do
Pacífico. Assim, a região enfrenta, de certa forma, um dilema sobre qual
modelo adotar: o do Atlântico ou o do Pacífico?

Há razões para pensar que os países com acesso ao Pacífico estão em


vantagem, como, por exemplo, o fato de que, em 2014, o bloco comercial
Aliança do Pacífico (formado por México, Colômbia, Peru e Chile)

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provavelmente crescerá a uma média de 4,25%, ao passo que o grupo do


Atlântico, formado por Venezuela, Brasil e Argentina — unidos pelo
MERCOSUL —, crescerá 2,5%. O Brasil, a maior economia da região,
tende a crescer 1,9%.

Segundo economistas, os países da América Latina que adotam o livre


comércio estão mais preparados para crescer e registram maiores ganhos
de produtividade. Os países do Pacífico, mesmo aqueles como o Chile, que
ainda dependem de commodities como o cobre, também têm feito mais
para fortalecer a exportação. No México, a exportação de bens
manufaturados representa quase 25% da produção econômica anual (no
Brasil, representa 4%). As economias do Pacífico também são mais
estáveis. Países como México e Chile têm baixa inflação e consideráveis
reservas estrangeiras.

Venezuela e Argentina, por sua vez, começam a se parecer com casos


econômicos sem solução. Na Venezuela, a inflação passa de 50% ao ano
— igual à da Síria, país devastado pela guerra.

David Juhnow. Duas Américas Latinas bem diferentes. The Wall Street Journal. In:
Internet: (com adaptações).

Julgue o item a seguir, no que se refere à tipologia e às ideias do


texto acima.

A ideia defendida no texto, que se classifica como dissertativo, é


construída por meio de contrastes.

Comentários

Vamos ver alguns conceitos sobre dissertação?


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DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA

Alguns autores subdividem a dissertação em argumentativa e


expositiva. Aqui, trabalharemos com a noção de dissertação-
argumentativa, pois a segunda espécie (dissertação-expositiva) será
tratada à parte com o nome de exposição.

A dissertação-argumentativa consiste na exposição de ideias a


respeito de um tema, com base em raciocínios e argumentações.
Tem por objetivo a defesa de um ponto de vista por meio da persuasão.
A coerência entre as ideias e a clareza na forma de expressão são
elementos fundamentais.

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A estrutura lógica da dissertação consiste em: introdução (apresenta o


tema a ser discutido); desenvolvimento (expõe os argumentos e ideias
sobre o tema, com fundamento em fatos, exemplos, testemunhos e
provas do que se pretende demonstrar); e conclusão (faz o desfecho da
redação, com a finalidade de reforçar a ideia inicial).

A dissertação-argumentativa é o tipo predominante nos seguintes gêneros


textuais: redações de concursos, artigos de opinião, cartas de leitor,
discursos de defesa/acusação, resenhas, relatórios, textos comerciais
(publicitários), etc. É também o tipo mais utilizado pelas bancas de
concurso (sobretudo o CESPE) nos enunciados das questões de
português.

DISSERTAÇÃO-EXPOSITIVA OU EXPOSIÇÃO

Na exposição (ou dissertação-expositiva), o objetivo do texto é passar


conhecimento para o leitor de maneira clara, imparcial e objetiva.

Nesse tipo textual, ao contrário da dissertação-argumentativa, não se faz


a defesa de uma ideia, pois não há intenção de convencer o leitor
nem criar debate.

Trabalha-se o assunto de maneira atemporal.

Atenção! É bastante comum que se confunda o texto dissertativo-


expositivo com o texto descritivo. A distinção entre eles é, de fato,
bem sutil, mas vamos tentar desvendá-la.

O texto expositivo tem por objetivo principal informar com clareza


e objetividade. É escrito em linguagem impessoal e objetiva. Em
geral, segue a estrutura da dissertação (introdução, desenvolvimento,
conclusão). É o tipo encontrado em livros didáticos e paradidáticos
(material complementar de ensino), enciclopédias, jornais, revistas
62456350391

(científicas, informativas, etc.).

Por sua vez, o tipo descritivo está mais engajado na caracterização


minuciosa de algo, sem ter, necessariamente, o objetivo de
informar ao leitor. A linguagem utilizada na descrição nem sempre é
objetiva ou impessoal e sua estrutura não obedece necessariamente a
regras.

No entanto, é bastante comum que um texto (um gênero textual)


apresente diversos tipos textuais em sua estrutura, o que dificulta a
diferenciação. Assim, fique tranquilo! Dificilmente a questão cobrará uma
diferenciação precisa entre o tipo expositivo e o tipo descritivo.

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Vamos voltar à questão?

Veja que, logo no início do texto, o autor já usa o contraste:

Atualmente, há duas Américas Latinas. A primeira conta com um bloco de


países — incluindo Brasil, Argentina e Venezuela — com acesso ao Oceano
Atlântico, que confere ao Estado grande papel na economia. A segunda —
composta por países de frente para o Pacífico, como México, Peru, Chile e
Colômbia — adota o livre comércio e o mercado livre.

Observe, agora, o contraste no segundo parágrafo:

Os dois grupos de países compartilham de uma geografia, de culturas e


de histórias semelhantes, entretanto, por quase dez anos, a economia dos
países do Atlântico cresceu mais rapidamente, em grande parte graças ao
aumento dos preços das commodities no mercado global. Atualmente,
parece que os anos vindouros são mais promissores para os países do
Pacífico. Assim, a região enfrenta, de certa forma, um dilema sobre qual
modelo adotar: o do Atlântico ou o do Pacífico?

E assim em diante, não é mesmo? Por isso, podemos afirmar que o


item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 37 – (CESPE) Nível Superior – CADE/2013

Julgue o item a seguir, no que se refere à tipologia e às ideias do


texto acima.

Infere-se do texto que países não banhados pelo Atlântico ou pelo


Pacífico, como Paraguai e Equador, não estão inseridos em nenhuma das
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duas Américas Latinas citadas pelo autor.

Comentários

Mais uma questão que solicita ao aluno que faça uma dedução do que está
escrito no texto. Fique tranquilo, na aula extra sobre interpretação de
texto, veremos com detalhes a inferência.

Vamos, agora, ler o texto atentamente para que a gente consiga


achar algo que nos ajude a resolver a questão.

Vamos ver quais são as duas Américas Latinas citadas pelo autor?

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Atualmente, há duas Américas Latinas. A primeira conta com um bloco de países


— incluindo Brasil, Argentina e Venezuela — com acesso ao Oceano Atlântico,
que confere ao Estado grande papel na economia. A segunda — composta por
países de frente para o Pacífico, como México, Peru, Chile e Colômbia — adota o
livre comércio e o mercado livre.

Observe que não dá para deduzir (inferir) que países como Paraguai e
Equador, não estão inseridos em nenhuma das duas Américas Latinas
citadas pelo autor. Veja as palavras em negrito no trecho acima: elas
demonstram que o autor está exemplificando, e não esgotando a lista de
países.

Por isso, podemos concluir que o item está errado.

GABARITO: ERRADO

Questão 38 – (CESPE) Oficial da Polícia Militar – PM-CE/2013

(Texto para as questões 38 a 40)

Mundo animal

No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam


juntos, cerca de dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar
as nuvens sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas. Depois, planam de volta,
dando rasantes na varanda de casa. O grupo dorme na copa das árvores e
lembra o dos carcarás do Mogli. Às vezes, eles costumam pegar sol no
terraço. Sempre que dou de cara com um, trato-o com respeito. O urubu
é um pássaro grande, feio e mal-encarado, mas é da paz. Ele não ataca e
só vai embora se alguém o afugenta com gritos.

Recentemente, notei que um bem-te-vi aparecia todos os dias de manhã


para roubar a palha da palmeira do jardim. De vez em quando, trazia a
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senhora para ajudar no ninho. Comecei a colocar pão na mesa de fora, e


eles se habituaram a tomar o café conosco. Agora, quando não encontram
o repasto, cantam, reclamando do atraso. Um outro casal descobriu o
banquete, não sei a que gênero esses dois pertencem. A cor é um verde-
escuro brilhante, o tamanho é menor do que o do bem-te-vi e o Pavarotti
da dupla é o macho.

A ideia de prender um passarinho na gaiola, por mais que ele se acostume


com o dono, é muito triste. Comprei um periquito, uma vez, criado em
cárcere privado, e o soltei na sala. Achei que ele ia gostar de ter espaço.
Saí para trabalhar e, quando voltei, o pobre estava morto atrás da

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poltrona. Ele tentou sair e morreu dando cabeçadas no vidro. Carrego a


culpa até hoje. De boas intenções o inferno está cheio.

O Rio de Janeiro existe entre lá e cá, entre o asfalto e a mata atlântica,


mas a fauna daqui é mais delicada do que a africana e a indiana. Quem
tem janela perto do verde conhece bem o que é conviver com os micos.
Nos meus tempos de São Conrado, eu costumava acordar com um monte
deles esperando a boia. Foi a primeira vez que experimentei cativar
espécies não domesticadas.

Lanço aqui a campanha: crie vínculos com um curió, uma paca ou um


formigueiro que seja. Eles são fiéis e conectam você com a mãe natureza.
Experimente, ponha um pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece.

Fernanda Torres. In: Veja Rio, 2/12/2012 (com adaptações).

Com relação às ideias e às suas estruturas linguísticas do texto


apresentado, julgue o item a seguir.

A ideia central do texto consiste na necessidade de criação de mecanismos


para a separação entre espaço urbano e natureza, a fim de se preservar a
vida de espécies animais.

Comentários

Para resolver esta questão, precisamos interpretar o texto e


identificar a ideia central.

O texto não apresenta a questão da separação entre espaço urbano e


natureza, a fim de se preservar a vida de espécies animais.

Veja o último parágrafo, pois ele contém a ideia central:

Lanço aqui a campanha: crie vínculos com um curió, uma paca ou um


62456350391

formigueiro que seja. Eles são fiéis e conectam você com a mãe natureza.
Experimente, ponha um pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece.

Observe que a autora propõe que as pessoas façam uma conexão com a
mãe natureza e, para tanto, deu exemplos disso ao longo do texto.

Dessa forma, verificamos que o item está errado.

GABARITO: ERRADO

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Questão 39 – (CESPE) Oficial da Polícia Militar – PM-CE/2013

Com relação às ideias e às suas estruturas linguísticas do texto


apresentado, julgue o item a seguir.

Os dois primeiros parágrafos do texto são predominantemente narrativos.

Comentários

Esta questão aborda o assunto “narração”.

NARRAÇÃO

Modalidade de texto em que se conta um fato ocorrido em determinado


tempo e lugar, com o envolvimento certos personagens. Esse fato pode
ser verídico ou ficcional (um boletim de ocorrência, por exemplo, narra um
fato verídico).

Elementos da narração: enredo, personagens (principal, secundário


e terciário/figurante), tempo, espaço (local geográfico), ambiente
(relacionado à vida sociocultural), clímax, desfecho.

Com relação à temporalidade, perceba que, na narração, há, geralmente,


uma relação de anterioridade e posterioridade entre os episódios
contados; ou seja, há a passagem do tempo. Por isso, é comum a
presença de muitos verbos na narração, com alteração dos tempos
verbais.

Essa passagem do tempo na narração pode ser cronológica (em que há


sequência de passado, presente e futuro) ou anacrônica (em que a
passagem entre os tempos se dá de forma não sequencial).

É o tipo predominante nos seguintes gêneros: conto, fábula, crônica,


romance, novela, depoimento, anedota, apólogo, parábola, etc.
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Vamos ver os dois primeiros parágrafos do texto?

No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam juntos,
cerca de dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar as nuvens
sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas. Depois, planam de volta, dando rasantes na
varanda de casa. O grupo dorme na copa das árvores e lembra o dos carcarás do
Mogli. Às vezes, eles costumam pegar sol no terraço. Sempre que dou de cara
com um, trato-o com respeito. O urubu é um pássaro grande, feio e mal-
encarado, mas é da paz. Ele não ataca e só vai embora se alguém o afugenta
com gritos.

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Recentemente, notei que um bem-te-vi aparecia todos os dias de manhã para


roubar a palha da palmeira do jardim. De vez em quando, trazia a senhora para
ajudar no ninho. Comecei a colocar pão na mesa de fora, e eles se habituaram a
tomar o café conosco. Agora, quando não encontram o repasto, cantam,
reclamando do atraso. Um outro casal descobriu o banquete, não sei a que
gênero esses dois pertencem. A cor é um verde-escuro brilhante, o tamanho é
menor do que o do bem-te-vi e o Pavarotti da dupla é o macho.

Com base na teoria vista acima, podemos afirmar que os dois


primeiros parágrafos do texto são, sim, predominantemente
narrativos. Portanto, o item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 40 – (CESPE) Oficial da Polícia Militar – PM-CE/2013

Com relação às ideias e às suas estruturas linguísticas do texto


apresentado, julgue o item a seguir.

O emprego da primeira pessoa do singular confere ao texto um caráter


testemunhal que possibilita a criação de empatia entre o leitor e as
experiências da autora.

Comentários

Ao lermos o texto, verificamos que a autora usou exemplos de fatos


ocorridos com ela (caráter testemunhal). Vemos que isso, aliado ao fato
de o texto estar escrito na primeira pessoa do singular, possibilita a
criação de empatia entre o leitor e as experiências da autora.

Portanto, o item está correto.

GABARITO: CERTO 62456350391

Questão 41 – (CESPE) Primeiro-Tenente – CBM-CE/2013

(Texto para as questões 41 e 42)

A história da formação dos corpos de bombeiros no país começou no


século XVI, no Rio de Janeiro. Nessa época, quando ocorria um incêndio,
os voluntários, aguadeiros e milicianos, corriam para apagá-lo e, na maior
parte das vezes, perdiam a batalha devido às construções de madeira. Os
incêndios ocorridos à noite vitimavam ainda mais pessoas, devido à
precária iluminação das ruas.

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Quando havia um incêndio na cidade, os aguadeiros eram avisados por


três disparos de canhão, partidos do morro do Castelo, e por toques de
sinos da igreja de São Francisco de Paula, correspondendo o número de
badaladas ao número da freguesia onde se verificava o sinistro. Esses
toques eram reproduzidos pela igreja matriz da freguesia. Assim, os
homens corriam para os aguadeiros, e a população fazia aquela fila
quilométrica, passando baldes de mão em mão, do chafariz até o incêndio.

Os primeiros bombeiros militares surgiram na Marinha, pois os incêndios


nos antigos navios de madeira eram constantes. Porém, eles existiam
apenas como uma especialidade, e não como uma corporação. A
denominação de bombeiros deveu-se a operarem principalmente bombas
d’água, dispositivos rudimentares em madeira, ferro e couro.

Com a vinda da família real portuguesa ao Brasil, no século XIX, mais


precisamente ao Rio de Janeiro, foi criado, 25 em julho de 1856, por
decreto imperial, o Corpo de Bombeiros Provisório da Corte. Quando
recebiam aviso de incêndio, os praças saíam puxando o corrico (que tinha
de seis a oito mangueiras) pela via pública e procuravam debelar o fogo,
solicitando os reforços necessários, conforme a extensão do sinistro.

Internet: (com adaptações).

Considerando as ideias e a estrutura linguística do texto, julgue o


item que se segue.

O substantivo “freguesia” (sublinhado no texto) pode ser substituído no


texto, sem prejuízo de sentido, por clientela.

Comentários

Aqui, nesta questão, temos que verificar o contexto para identificar qual o
significado da palavra “freguesia”.62456350391

Vamos ver o trecho?

Quando havia um incêndio na cidade, os aguadeiros eram avisados por três


disparos de canhão, partidos do morro do Castelo, e por toques de sinos da
igreja de São Francisco de Paula, correspondendo o número de badaladas ao
número da freguesia onde se verificava o sinistro.

Observe que, no trecho acima, a palavra “freguesia” significa uma


“vizinhança”, uma “pequena população”. Portanto, “freguesia” não
significa “clientela” no contexto verificado.

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Por isso, o item está errado, pois a substituição traz prejuízo de


sentido para o texto.

GABARITO: ERRADO

Questão 42 – (CESPE) Primeiro-Tenente – CBM-CE/2013

Considerando as ideias e a estrutura linguística do texto, julgue o


item que se segue.

Nesse texto, de cunho informativo, predomina o tipo narrativo.

Comentários

É importante ler o texto com bastante atenção, para responder a esta


questão. Veja que o texto pretende passar informação sobre a história da
formação dos corpos de bombeiros no país. Assim, o texto tem cunho
informativo.

Também percebemos que, ao contar essa história, o autor se vale da


narração, não é mesmo?

Dessa maneira, verificamos que o item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 43 – (CESPE) Analista Técnico – MDIC/2013

Os municípios do Brasil alcançaram, em média, um índice de


desenvolvimento humano municipal (IDHM) alto, graças a avanços em
educação, renda e expectativa de vida nos últimos vinte anos.
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Mas o país ainda registra consideráveis atrasos educacionais, de acordo


com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas e pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 aponta que o


IDHM médio do país subiu de 0,493, em 1991, para 0,727, em 2010 —
quanto mais próximo de 1, maior é o desenvolvimento. Com isso, o Brasil
passou de um patamar “muito baixo” para um patamar “alto” de
desenvolvimento social. O que mais contribuiu para esse índice foi o
aumento na longevidade, que subiu de 64,7 anos para 73,9 anos.

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Também houve aumento de 14,2% ou (R$ 346,31) na renda nesse


período.

Os maiores desafios concentram-se na educação, o terceiro componente


do IDHM. Apesar de ter crescido de 0,279 para 0,637 em vinte anos, o
IDHM específico de educação é o mais distante da meta ideal, de 1. Em
2010, pouco mais da metade dos brasileiros com dezoito anos de idade ou
mais havia concluído o ensino fundamental; e só 57,2% dos jovens entre
quinze e dezessete anos de idade tinham o ensino fundamental completo.
O ministro da Educação admitiu um “imenso desafio” na área, mas
destacou que a educação é o componente que, tendo partido de um
patamar mais baixo, registrou os maiores avanços, graças ao aumento no
fluxo de alunos matriculados nas escolas. O índice de crianças de cinco e
seis anos de idade que entraram no sistema de ensino passou de 37,3%,
em 1991, para 91,1%, em 2010.

Conforme o atlas, dois terços dos 5.565 municípios brasileiros estão na


faixa de desenvolvimento humano considerada alta ou média. Ao mesmo
tempo, a porcentagem de municípios na classificação “muito baixa” caiu
de 85,5%, em 1991, para 0,6%, em 2010. O relatório identificou uma
redução nas disparidades sociais entre Norte e Sul do Brasil, mas
confirmou que elas continuam a existir. Um exemplo disso é que 90% dos
municípios das regiões Norte e Nordeste têm baixos índices de IDHM em
educação e renda.

Internet: (com adaptações).

No que se refere às ideias e expressões linguísticas contidas no


texto, julgue o item que se segue.

De acordo com dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil


2013, houve decréscimo significativo no número de municípios incluídos
na classificação “muito baixa”. 62456350391

Comentários

Para resolver esta questão, vamos procurar no texto a resposta


para sabermos se houve decréscimo significativo no número de
municípios incluídos na classificação “muito baixa”.

Veja o seguinte trecho, pois nele está a resposta:

Conforme o atlas, dois terços dos 5.565 municípios brasileiros estão na faixa de
desenvolvimento humano considerada alta ou média. Ao mesmo tempo, a
porcentagem de municípios na classificação “muito baixa” caiu de
85,5%, em 1991, para 0,6%, em 2010.

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Dessa forma, o item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 44 – (CESPE) Procurador – TCE-PB/2013

A Carta Roubada é um dos contos mais célebres de Edgar Allan Poe.


Nele, o escritor norte-americano conta a história de um ministro que
resolve chantagear a rainha roubando a carta que lhe fora endereçada por
um amante.

Desesperada, a rainha encarrega sua polícia secreta de encontrar a carta,


que provavelmente deveria estar na casa do ministro. Uma astuta análise,
com os mais modernos métodos, é feita sem sucesso. Reconhecendo sua
incompetência, o chefe de polícia apela a Auguste Dupin, um detetive que
tem a única ideia sensata do conto: procurar a carta no lugar mais óbvio
possível, a saber, em um porta-cartas em cima da lareira.

A leitura do conto de Edgar Allan Poe deveria ser obrigatória para os


responsáveis pela educação pública. Muitas vezes, eles parecem se
deleitar em procurar as mais finas explicações, contratar os mais astutos
consultores internacionais com seus métodos pretensamente inovadores,
sendo os problemas a combater primários e óbvios para qualquer um que
queira, de fato, enxergá-los.

Por exemplo, há semanas descobrimos, graças ao Censo Escolar de 2011,


que 72,5% das escolas públicas brasileiras simplesmente não têm
bibliotecas. Isto equivale a 113.269 escolas. Um descaso que não mudou
com o tempo, já que, das 7.284 escolas construídas a partir de 2008,
apenas 19,4% têm algo parecido com uma biblioteca.

Diante de resultados dessa magnitude, não é difícil entender a matriz dos


graves problemas educacionais que atravessamos. Difícil é entender por
62456350391

que demoramos tanto para ter uma imagem dessa realidade.

Ninguém precisa de mais um discurso óbvio sobre a importância da leitura


e do contato efetivo com livros para a boa formação educacional, ou
melhor, ninguém a não ser os administradores da educação pública, em
todas as suas esferas, não fazendo sentido algum discutir o fracasso
educacional brasileiro se questões elementares são negligenciadas a tal
ponto.

Em política educacional, talvez vamos acabar por descobrir que “menos é


mais”. Quanto menos “revoluções na educação” e quanto mais capacidade

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de realmente priorizar a resolução de problemas elementares (bibliotecas,


valorização da carreira dos professores etc.), melhor para todos.

Vladimir Safatle. A biblioteca roubada. In: Folha de S.Paulo, São Paulo, 5/2/2013 (com
adaptações).

Em relação ao texto, assinale a opção correta.

a) O uso dos dados estatísticos é decisivo para a argumentação do autor


e, também, para interpretação do título do texto, A biblioteca roubada.
b) A descrição desempenha papel determinante na exposição das ideias
do autor, haja vista a natureza figurativa do texto.
c) O emprego da primeira pessoa do plural, em algumas partes do texto,
evidencia que o autor possui influência nas instâncias gestoras que
decidem sobre a educação no Brasil.
d) Predomina no texto a estrutura narrativa, o que se evidencia na
referência ao conto de Edgar Allan Poe.
e) Não é possível discernir claramente o posicionamento do autor acerca
da realidade da educação brasileira das opiniões veiculadas pelos
programas governamentais ligados ao ensino brasileiro.

Comentários

Nesta questão, temos que achar a resposta correta, de acordo com o


texto. Faça uma leitura atenta e procure por trechos que te ajudem a
confirmar qual a alternativa correta.

Vamos analisar cada alternativa separadamente:

a) O uso dos dados estatísticos é decisivo para a argumentação do


autor e, também, para interpretação do título do texto, A biblioteca
62456350391

roubada. Veja o trecho abaixo:

Por exemplo, há semanas descobrimos, graças ao Censo Escolar de 2011, que


72,5% das escolas públicas brasileiras simplesmente não têm bibliotecas. Isto
equivale a 113.269 escolas. Um descaso que não mudou com o tempo, já que,
das 7.284 escolas construídas a partir de 2008, apenas 19,4% têm algo parecido
com uma biblioteca.

Esta é a resposta da questão.

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b) A descrição não desempenha papel determinante na exposição das


ideias do autor, pois o texto é predominantemente dissertativo-
argumentativo.

c) Não podemos afirmar que o emprego da primeira pessoa do plural,


em algumas partes do texto, evidencia que o autor possui influência nas
instâncias gestoras que decidem sobre a educação no Brasil. Na verdade,
o autor usa a primeira pessoa do plural, porque emprega o chamado
plural de modéstia.

d) Não podemos afirmar que predomina no texto a estrutura narrativa,


apesar da referência ao conto de Edgar Allan Poe. O texto é
predominantemente dissertativo-argumentativo.

e) Não podemos afirmar que não é possível discernir claramente o


posicionamento do autor acerca da realidade da educação brasileira das
opiniões veiculadas pelos programas governamentais ligados ao ensino
brasileiro. Veja o trecho abaixo:

Diante de resultados dessa magnitude, não é difícil entender a matriz dos graves
problemas educacionais que atravessamos. Difícil é entender por que
demoramos tanto para ter uma imagem dessa realidade.

GABARITO: A

Questão 45 – (CESPE) Procurador – TCE-PB/2013

(Texto para as questões 45 e 46)

Às vezes, eu sinto a angústia de um menino perdido numa multidão.


Vivemos hoje no Brasil um período inusitado de estabilidade política
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permeada pelas superimposições promovidas pelo casamento entre


hierarquias aristocráticas que, em todas as sociedades (e sobretudo na
escravidão, como percebeu o seu teórico mais sensível, Joaquim Nabuco),
têm como base a amizade e a simpatia pessoal e pelo individualismo
moderno relativamente igualitário, que demanda burocracia e, com ela,
uma impecável, abrangente e inatingível impessoalidade.

O hibridismo resultante pode ser negativo ou positivo. Pelo que capturo, o


hibridismo é sempre mal visto porque ele não cabe no modo ocidental de
pensar. Provam isso as Cruzadas, a Inquisição, o Puritanismo, as Guerras
Mundiais, o Holocausto e a exagerada ênfase na purificação e na eugenia
na coerência absoluta entre gente, terra, língua e costumes, típicas do

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eurocentrismo. A mistura corre do lado errado e tende a derrapar como


um carro dirigido por jovens bêbados quando saem da balada.

Como gostamos de brincar com fogo, estamos sempre a um passo da


legitimação da violência, justificada como a voz dos oprimidos que ainda
não aprenderam a se manifestar corretamente. E como fazê-lo se jamais
tivemos um ensino efetivamente igualitário ou instrumental para o
igualitarismo numa sociedade cunhada pelo escravismo e por uma ética
de condescendência pelos amigos e conhecidos?

Pressinto uma enorme violência no nosso sistema de vida. Temo que ela
venha a ocupar um território ainda mais denso e seja usada para legitimar
outras violências tanto ou mais brutais do que o quebra-quebra hoje
redefinido como “manifestações”, protestos que começam como
demandas legítimas e, infiltrados, tornam-se quebra-quebras. Qual é o
lado a ser tomado se ambos são legítimos e, como é óbvio, dizem alguma
coisa como tudo o que é humano?

Estou, pois, um tanto perdido e um tanto achado nessa encruzilhada entre


demandas legais e prestígios pessoais. Entre patrimonialismo carismático
e burocracia, os quais sustentam o “Você sabe com quem está falando?”
esse padrinho do “comigo é diferente”, “cada caso é um caso”, “ele é
meu amigo”, “você está errado mas eu continuo te amando”... E por aí vai
numa sequência que o leitor pode inferir, deferir ou embargar.

Roberto da Mata. Achados e perdidos. In: O Estado de S.Paulo, São Paulo, 23/10/2013
(com adaptações).

O texto de Roberto da Mata é;

a) estruturado sob ponto de vista marcadamente individualista, o que se


comprova pelo emprego reiterado da primeira pessoa do discurso.
b) predominantemente descritivo, visto que se resume na descrição de
62456350391

conceitos sociológicos, tais como o de hibridismo.


c) predominantemente narrativo, dada a forma como se organizam os
fatos constituidores da sociedade brasileira.
d) expositivo-argumentativo, o que se evidencia pela exposição de ideias
e argumentação sob um viés teórico-crítico.
e) construído com base em princípios moralizantes e dogmáticos sem a
apresentação de argumentos que possam ser comprovados
empiricamente.

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Comentários

Nesta questão, temos que achar a resposta correta, de acordo com o


texto. Faça uma leitura atenta e procure por trechos que te ajudem a
confirmar qual a alternativa correta.

Vamos analisar cada alternativa separadamente:

a) Apesar de haver emprego da primeira pessoa do discurso, o texto não


é estruturado sob ponto de vista marcadamente individualista.
b) O texto não é predominantemente descritivo, e sim dissertativo.
c) O texto não é predominantemente narrativo, e sim dissertativo.
d) O texto é expositivo-argumentativo, o que se evidencia pela
exposição de ideias e argumentação sob um viés teórico-crítico.
Ao mesmo tempo em que o texto é expositivo, é argumentativo. Perceba
que o autor coloca seus argumentos de forma bastante crítica.
Esta é a resposta da questão.
e) Não podemos afirmar que o texto é construído com base em
princípios moralizantes e dogmáticos sem a apresentação de argumentos
que possam ser comprovados empiricamente. Perceba que o autor coloca
muitos argumentos.

GABARITO: D

Questão 46 – (CESPE) Procurador – TCE-PB/2013

Com base nas ideias do texto, assinale a opção correta.

a) Conforme demonstrado no texto, o hibridismo legitima a violência na


sociedade brasileira, marcada pela presença de uma população oprimida.
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b) De acordo com o texto, há raízes históricas evidentes para a maneira


segundo a qual os brasileiros não conseguem conceber, na prática
cotidiana, o igualitarismo.
c) Infere-se da leitura do texto que a burocracia e o pessoalismo no Brasil
são absolutamente excludentes.
d) O autor do texto manifesta-se contrário à miscigenação da sociedade,
caracterizada por ele como hibridismo “mal visto”.
e) Segundo o autor do texto, o principal problema do país resulta do
longo período de estabilidade política, que permite que quebra-quebra
seja entendido como manifestação.

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Comentários

Nesta questão, temos que achar a resposta correta, de acordo com o


texto. Faça uma leitura atenta e procure por trechos que te ajudem a
confirmar qual a alternativa correta.

Vamos analisar cada alternativa separadamente:

a) Não podemos afirmar que, conforme demonstrado no texto, o


hibridismo legitima a violência na sociedade brasileira, marcada pela
presença de uma população oprimida. O que o autor afirma é o seguinte:
O hibridismo resultante pode ser negativo ou positivo. Pelo que capturo, o
hibridismo é sempre mal visto porque ele não cabe no modo ocidental de pensar.
b) Podemos afirmar que, de acordo com o texto, há raízes históricas
evidentes para a maneira segundo a qual os brasileiros não conseguem
conceber, na prática cotidiana, o igualitarismo. Veja o trecho abaixo:

E como fazê-lo se jamais tivemos um ensino efetivamente igualitário ou


instrumental para o igualitarismo numa sociedade cunhada pelo escravismo e
por uma ética de condescendência pelos amigos e conhecidos?

Esta é a resposta da questão.

c) Não se infere (deduz) da leitura do texto que a burocracia e o


pessoalismo no Brasil são absolutamente excludentes. Veja o trecho
abaixo:

Às vezes, eu sinto a angústia de um menino perdido numa multidão. Vivemos


hoje no Brasil um período inusitado de estabilidade política permeada pelas
superimposições promovidas pelo casamento entre hierarquias aristocráticas
que, em todas as sociedades (e sobretudo na escravidão, como percebeu o seu
teórico mais sensível, Joaquim Nabuco), têm como base a amizade e a simpatia
pessoal e pelo individualismo moderno relativamente igualitário, que
demanda burocracia e, com ela, uma impecável, abrangente e inatingível
impessoalidade. 62456350391

d) Não podemos afirmar que o autor do texto manifesta-se contrário à


miscigenação da sociedade, caracterizada por ele como hibridismo “mal
visto”. O que o autor afirma é o seguinte:
O hibridismo resultante pode ser negativo ou positivo. Pelo que capturo, o
hibridismo é sempre mal visto porque ele não cabe no modo ocidental de
pensar.
e) Não podemos afirmar que, segundo o autor do texto, o principal
problema do país resulta do longo período de estabilidade política, que
permite que quebra-quebra seja entendido como manifestação. Veja o
trecho abaixo:

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Vivemos hoje no Brasil um período inusitado de estabilidade política...

GABARITO: B

Questão 47 – (CESPE) Analista Judiciário – STF/2013

Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de


ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a
implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma
tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As
Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.

Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com
ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses.
Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o
emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu


não vivia, nadava devagar em um mar suave, as ondas me levavam e me
traziam. No dia seguinte, fui à sua casa, literalmente correndo. Não me
mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia
emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para
buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo
me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu
modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-
me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam
mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei
pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Clarice Lispector. Felicidade clandestina. In: Felicidade clandestina: contos. Rio de


Janeiro: Rocco, 1998 (com adaptações).
62456350391

Julgue o próximo item, referentes às ideias e às estruturas


linguísticas do texto acima.

Infere-se do texto, narrado em primeira pessoa, que a personagem


principal sujeitou-se a atitudes perversas de uma colega, para conseguir
emprestada uma obra de Monteiro Lobato.

Comentários

Aqui, também devemos fazer uma inferência para concluir se o


item está correto ou não.

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O texto é narrado em primeira pessoa, como percebemos já na primeira


frase: “Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo”.

Por toda a narrativa, há exemplos das atitudes perversas da colega, mas


reparem atentamente as palavras em negrito no primeiro parágrafo, as
quais corroboram para concluirmos que o item está correto.

Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu
nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-
lhe emprestados os livros que ela não lia.

Dessa forma, percebemos que o item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 48 – (CESPE) Papiloscopista – SEGESP-AL/2013

Um cientista chamado Francis Galton é considerado um dos fundadores do


que chamamos hoje de biometria: a aplicação de métodos estatísticos
para estudo dos fenômenos biológicos. Sua pesquisa em habilidades e
disposições mentais, a qual incluía estudos de gêmeos idênticos, foi
pioneira em demonstrar que vários traços são genéticos. A paixão de
Galton pela medição permitiu que ele abrisse, em 1884, o Laboratório de
Antropométrica na Exibição Internacional de Saúde, onde ele coletou
estatísticas de milhares de pessoas. Em 1892, Galton inventou o primeiro
sistema moderno de impressão digital. Adotado pelos departamentos de
polícia em todo o mundo, a impressão digital era a forma mais confiável
de identificação, até o advento da tecnologia do DNA no século XX.

Os avanços comerciais na área da biometria começaram na década de 70


do século passado. Nessa época, um sistema chamado Identimat foi
instalado em um número de locais secretos para controle de acesso. Ele
mensurava a forma da mão e olhava principalmente para o tamanho dos
62456350391

dedos. A produção do Identimat acabou na década de 80 do século


passado. Seu uso foi pioneiro na aplicação da geometria da mão e
pavimentou o caminho para a tecnologia biométrica como um todo.

Paralelamente ao desenvolvimento da tecnologia de mão, a biometria


digital estava progredindo nas décadas de 60 e 70 do século XX. Nessa
época, algumas companhias estavam envolvidas com identificação
automática das imagens digitais para auxiliar as forças policiais. O
processo manual de comparação de imagens digitais em registros
criminais era longo e necessitava de muito trabalho. No final dos anos 60,
o FBI começou a checar automaticamente as imagens digitais e, na
metade da década de 70, já havia instalado certa quantidade de sistemas

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de scanners digitais automáticos. Desde então, o papel da biometria nas


forças policiais tem crescido rapidamente, e os AFIS (Automated
Fingerprint Identification Systems) são utilizados por um número
significante de forças policiais em todo o mundo.

Internet: (com adaptações).

Com base nas ideias do texto, julgue o item que se segue.

A tecnologia do DNA é um sistema de identificação mais confiável que a


impressão digital.

Comentários

Mais uma vez, veja que precisamos responder a esta questão com base
nas ideias do texto.

Assim, vamos buscar no texto os indícios que justifiquem a afirmação


estar correta ou não.

Veja o final do primeiro parágrafo:

Adotado pelos departamentos de polícia em todo o mundo, a impressão digital


era a forma mais confiável de identificação, até o advento da tecnologia
do DNA no século XX.

Com isso, concluímos que o item está correto.

GABARITO: CERTO

Questão 49 – (CESPE) Auditor Governamental – CGE-PI/2015

Uma casa tem muita vez as suas relíquias, lembranças de um dia ou de


62456350391

outro, da tristeza que passou, da felicidade que se perdeu. Supõe que o


dono pense em as arejar e expor para teu e meu desenfado. Nem todas
serão interessantes, não raras serão aborrecidas, mas, se o dono tiver
cuidado, pode extrair uma dúzia delas que mereçam sair cá fora.

Chama-lhe à minha vida uma casa, dá o nome de relíquias aos inéditos e


impressos que aqui vão, ideias, histórias, críticas, diálogos, e verás
explicados o livro e o título. Possivelmente não terão a mesma suposta
fortuna daquela dúzia de outras, nem todas valerão a pena de sair cá
fora. Depende da tua impressão, leitor amigo, como dependerá de ti a
absolvição da má escolha.

Machado de Assis. Advertência. In: Relíquias da casa velha. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.

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Julgue o item que se segue, relativo à estrutura linguística e ao


sentido do texto.

No texto, o narrador justifica o título e esclarece o conteúdo de um livro


que traz ideias, histórias, críticas e diálogos autobiográficos cujo teor
ainda está muito presente em sua vida.

Comentários

Observe que o teor apresentado no enunciado não está ainda muito


presente na vida do narrador.

Podemos comprovar isso pela seguinte frase: “Supõe que o dono pense
em as arejar e expor para teu e meu desenfado”.

Em questões assim, é muito importante que você procure, no


texto, algum trecho que comprove se o que foi colocado no
enunciado está certo ou errado. Note que a banca utilizou a
expressão: “no texto”, assim a resposta está contida no texto.

Dessa maneira, o item está errado.

GABARITO: ERRADO

Questão 50 – (CESPE) Auditor Fiscal da Receita Estadual –


SEFAZ/ES - 2013

O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) condicionou o apoio


técnico e financeiro do Ministério da Educação (MEC) à assinatura, pelos
estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, do plano de metas
Compromisso Todos pela Educação. Depois da adesão ao Compromisso,
62456350391

os entes federativos devem elaborar o plano de ações articuladas (PAR).


Todos os 5.563 municípios, os estados e o Distrito Federal aderiram ao
Compromisso.

O PAR, planejamento multidimensional da política de educação que os


municípios, os estados e o DF devem fazer para um período de quatro
anos, coordenado pela secretaria municipal/estadual de educação, deve
ser elaborado com a participação de gestores, de professores e da
comunidade local.

Para ajudar os municípios e os estados na elaboração dos planos, o MEC


oferece um roteiro de ações com pontuação de um a quatro, treze tipos

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de tabelas com dados demográficos e do censo escolar de cada ente


federativo e informações sobre o preenchimento dos dados. Os itens
pontuados pelo município/estado com os números um e dois representam
suas maiores prioridades. A formação de professores, por exemplo,
aparece na maioria dos planos apresentados ao MEC com os números um
e dois. A maior parte dos municípios com PAR pronto tem interesse na
construção de creches e na melhoria da infraestrutura das escolas urbanas
e rurais, ações que dependem de assistência técnica e, principalmente, da
transferência de recursos federais aos municípios.

Com o objetivo de implantar o PAR, o MEC tomou duas providências: fez


parceria com dezessete universidades públicas e com o Centro de Estudos
e Pesquisas em Educação e Cultura e Ação Comunitária para que essas
instituições auxiliem as prefeituras nas tarefas de diagnóstico e elaboração
dos planos e contratou uma equipe de consultores, que foi aos municípios
prioritários — aqueles com os mais baixos índices de desenvolvimento da
educação básica (IDEB) — para dar assistência técnica local. Além disso,
alguns estados assumiram o compromisso de ajudar seus municípios no
diagnóstico e na elaboração dos planos. A dinâmica do PAR tem três
etapas. O diagnóstico da realidade da educação e a elaboração do plano
são as primeiras etapas e estão na esfera do município/estado. A terceira
etapa é a análise técnica, feita pela Secretaria de Educação Básica do
Ministério da Educação e pelo FNDE. Depois da análise técnica, o
município assina um termo de cooperação com o MEC, do qual constam os
programas aprovados e classificados segundo a prioridade municipal. O
termo de cooperação detalha a participação do MEC que pode ser com
assistência técnica por um período ou pelos quatro anos do PAR e
assistência financeira. Para a transferência de recursos, o município deve
assinar um convênio, que é analisado, antes da aprovação, a cada ano.

Internet: (com adaptações).

De acordo com o texto, é correto afirmar que:


62456350391

a) é obrigação dos estados ajudar os municípios na elaboração do PAR.


b) a elaboração do PAR não deve prescindir da participação de gestores,
de professores e da comunidade local.
c) os municípios brasileiros cujo IDEB é alto não são considerados
prioritários, portanto não participam do PDE.
d) o plano de metas Compromisso Todos pela Educação foi criado com o
objetivo de aumentar a participação do Distrito Federal, dos estados e dos
municípios no PDE.
e) o MEC considera a formação de professores uma de suas maiores
prioridades.

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Comentários

Nesta questão, temos que achar a resposta correta, de acordo com o


texto. Faça uma leitura atenta e procure por trechos que te ajudem a
confirmar qual a alternativa correta.

Vamos analisar cada alternativa separadamente:

a) O texto não afirma que é obrigação dos estados ajudar os municípios


na elaboração do PAR. O texto afirma que o MEC ajuda os municípios e
estados.

Para ajudar os municípios e os estados na elaboração dos planos, o MEC oferece


um roteiro de ações com pontuação de um a quatro, treze tipos de tabelas com
dados demográficos e do censo escolar de cada ente federativo e informações
sobre o preenchimento dos dados.

b) De acordo com o trecho abaixo, verificamos que a elaboração do


PAR não deve prescindir da participação de gestores, de
professores e da comunidade local.

O PAR, planejamento multidimensional da política de educação que os


municípios, os estados e o DF devem fazer para um período de quatro anos,
coordenado pela secretaria municipal/estadual de educação, deve ser
elaborado com a participação de gestores, de professores e da
comunidade local.

Esta é a resposta da questão.

c) O texto não afirma, em momento algum, que os municípios


brasileiros cujo IDEB é alto não são considerados prioritários, portanto
não participam do PDE.

d) O texto não afirma, em momento algum, que o plano de metas


Compromisso Todos pela Educação foi criado com o objetivo de aumentar
a participação do Distrito Federal, dos estados e dos municípios no PDE.
62456350391

e) Não se pode afirmar que o MEC considera a formação de professores


uma de suas maiores prioridades. Veja: “A formação de professores, por
exemplo, aparece na maioria dos planos apresentados ao MEC com os
números um e dois.”

GABARITO: B

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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: UM POUCO DE TEORIA


Logo de início, vale lembrar que as provas de concurso público têm
cobrado, com frequência, o conhecimento dos mecanismos de
estruturação do significado textual. As bancas pretendem avaliar a
habilidade em leitura, interpretação e análise de textos de diferentes tipos
em Língua Portuguesa.
Apesar disso, muitos candidatos menosprezam o estudo de
interpretação de textos por considerá-la intuitiva. No entanto, como
veremos ao longo do curso, compreender o texto é tarefa que exige
atenção e conhecimento técnico. Esse conhecimento poderá ser seu
diferencial no alcance dos resultados.
A interpretação de textos pode ser testada nos certames de diversas
formas. Uma dessas formas são as questões de intelecção textual
pura (compreensão de texto), que cobram do candidato a capacidade de
compreender, analisar e sintetizar o texto. Ao enfrentar essas questões, o
mais importante é ter em mente que todas as respostas serão
respaldadas pelo próprio texto apresentado. Desse modo, somente a
leitura e a compreensão do texto serão suficientes para fechar a questão.
Tanto é assim, que os enunciados das questões de intelecção
costumam começar da seguinte maneira: “Julgue os itens a seguir
com base nas ideias do texto” ou “Depreende-se da leitura do
texto”.
Nesse ponto, vale diferenciar o intertexto e o contexto. As questões
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de interpretação muitas vezes exigem do candidato o reconhecimento do


intertexto. Aqui, para desvendar o enunciado, o aluno deverá partir de
indícios que estarão no texto e fazer uma dedução lógica. Ou seja, serão
usadas as premissas presentes no texto para se alcançar uma conclusão
lógica. Geralmente, o enunciado trará palavras-chave como inferir,
depreender, concluir, deduzir, subentender. Por sua vez, o contexto
levará o aluno para além do texto e do próprio intertexto, para o diálogo
com a realidade, e extrapolará o que está escrito e subentendido. Exigirá

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do candidato conhecimentos gerais para conectar o texto com o mundo


fático. Essa diferenciação é essencial para a resolução dos exercícios.
Uma dica valiosa que gosto de dar ao candidato é: primeiro
leia as alternativas da questão de interpretação e, somente depois,
leia o texto. Dessa forma, você já chegará ao texto sabendo quais
informações terá que encontrar.
Outra dica importante é que o candidato, ao ler o texto,
sublinhe as palavras-chave, ou seja, as palavras ou expressões que
representam a ideia principal apresentada pelo autor. Você pode
inicialmente destacar as ideias principais de cada parágrafo e, em
seguida, destacar as ideias principais do texto completo.
Outro aspecto bastante cobrado pelos certames é a interpretação
semântica do texto. Para entendermos do que se trata, temos de
compreender que semântica é a ciência que estuda a significação
das palavras e das frases. A interpretação semântica, portanto,
tem o objetivo de apreender o sentido das palavras no texto.
A interpretação semântica é, em geral, cobrada em provas da
seguinte maneira: o enunciado propõe a substituição de expressões do
texto por outras, cabendo ao candidato analisar se houve ou não alteração
semântica (ou seja, se houve alteração de sentido após a troca).
A compreensão e a interpretação de texto envolvem ainda outros
aspectos subsequentes; vimos aqui apenas uma introdução a esse tema.
Então, fique atento, a interpretação textual é um assunto extenso e cada
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vez mais cobrado pelas principais bancas examinadoras. Para tanto, como
já comentei, teremos aula específica. Na aula de hoje, estudaremos os
seguintes tópicos:
 Tipos Textuais e Gêneros Textuais: saber reconhecer os
diferentes tipos de textos e os gêneros textuais.
 Linguagem Culta, Linguagem Popular e níveis de
formalidade: aprender a analisar a variação linguística de acordo
com os diferentes níveis de formalidade do texto.

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 Retextualização de diferentes gêneros e níveis de


formalidade: ser capaz de adaptar um texto ao ambiente em que
será veiculado.
Vamos iniciar pelo estudo dos tipos e gêneros textuais.

Tipos Textuais e Gêneros Textuais

A Tipologia Textual (muito cobrada nas provas do CESPE) agrupa


os textos de acordo com seus traços linguísticos. Há cinco Tipos
Textuais: narração, dissertação, exposição, descrição e injunção.
Perceba que a tipologia textual é conceitual: ela apenas atribui uma
classificação ao texto. Não se trata, portanto, de especificar a
materialidade do texto em si, mas de classificá-lo de acordo com suas
características linguísticas.
Por sua vez, os Gêneros Textuais se referem à forma como o texto
se estrutura para realizar a comunicação pretendida. Note que aqui se
trata da materialidade dos textos, ou seja, dos textos reais, concretos. Os
gêneros textuais são o meio pelo qual os tipos textuais se
apresentam.
Ao falar em gênero textual, levamos em conta o papel do texto na
regulação da vida em sociedade, ou seja, sua função social. Todo texto,
para se concretizar, vale-se de um gênero.
Os gêneros textuais são infinitos. Ao longo da aula e nas questões
apresentadas ao final, veremos alguns deles.
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Exemplos de gêneros textuais: telefonema, sermão, carta comercial, carta


pessoal, aula expositiva, romance, ata de reunião de condomínio, lista de
compras, conversa espontânea, cardápio, receita culinária, inquérito
policial, blog, e-mail, etc.

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Tipos Textuais Gêneros Textuais


Classificam-se os textos de
Classificam-se os textos de
acordo com as características
acordo com suas propriedades
linguísticas: vocabulário, tempos
sociocomunicativas: levando
e modos verbais predominantes,
em conta o contexto cultural e
classe gramatical predominante,
a função comunicativa.
construções frasais, etc.
São cinco: narração, descrição,
dissertação-argumentativa, São ilimitados.
exposição e injunção.

Feita a distinção, passemos à caracterização dos diferentes Tipos


Textuais. Antes, lembre-se de que, dentro de um mesmo gênero
pode haver mais de um tipo textual, de modo que falaremos em
predominância de um tipo (e não exclusividade).

NARRAÇÃO
Modalidade de texto em que se conta um fato ocorrido em
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Esse fato
pode ser verídico ou ficcional (um boletim de ocorrência, por exemplo,
narra um fato verídico).
Elementos da narração: enredo, personagens (principal,
secundário e terciário/figurante), tempo, espaço (local
geográfico), ambiente (relacionado à vida sociocultural), clímax,
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desfecho.
Com relação à temporalidade, perceba que, na narração, há,
geralmente, uma relação de anterioridade e posterioridade entre os
episódios contados; ou seja, há a passagem do tempo. Por isso, é
comum a presença de muitos verbos na narração, com alteração
dos tempos verbais.
Essa passagem do tempo na narração pode ser cronológica (em
que há sequência de passado, presente e futuro) ou anacrônica (em que

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a passagem entre os tempos se dá de forma não sequencial).


É o tipo predominante nos seguintes gêneros: conto, fábula, crônica,
romance, novela, depoimento, anedota, apólogo, parábola, etc.

DESCRIÇÃO

Modalidade na qual se representa, minuciosamente, por meio


de palavras, um objeto – ou cena, animal, pessoa, lugar, coisa, etc.
O texto descritivo enfatiza o estático (é como um retrato). Dessa
maneira, induz o leitor a imaginar o espaço, o tempo, o costume, isto é,
tudo o que ambienta a história, a informação.
A temporalidade não é relevante no texto descritivo (não há a
passagem do tempo como há na narrativa). Por esse motivo, há poucos
verbos na sua estrutura linguística. Em compensação, vemos o
predomínio de adjetivos.
A descrição também pode ser chamada de texto de
caracterização, de adjetivação ou de detalhamento.
O texto abaixo (que foi questão de concurso do CESPE em 2006) é
exemplo de texto predominantemente descritivo:

O Instituto de Registro Imobiliário do Brasil (IRIB), seção de São Paulo,


em parceria com o Colégio Notarial do Brasil, também seção de São
Paulo, e com o apoio da Corregedoria-Geral da Justiça de São Paulo,
congrega esforços para promover e realizar seminários de direito notarial
e registral no estado, visando o aperfeiçoamento técnico de notários e
registradores e a reciclagem de prepostos e profissionais que atuam na
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área. Os objetivos perseguidos pelas entidades representativas de


notários e registradores bandeirantes são o aperfeiçoamento dos
serviços, a harmonização de procedimentos, buscando uma regulação
uniforme nas atividades notariais e registrais. O IRIB e o Colégio Notarial
sentem-se orgulhosos de poder contribuir com o desenvolvimento das
atividades notariais e registrais do estado.

Observe que se trata de texto do gênero jornalístico-publicitário, em


que predomina o tipo descritivo, pois o autor esmiúça os seminários de
direito notarial e registral que iriam se realizar em São Paulo, e apresenta
seus objetivos.

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Textos absolutamente descritivos são raros, sendo mais comum vermos


momentos de descrição em textos de outro tipo (narrativos ou
dissertativos, por exemplo).

DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA

Alguns autores subdividem a dissertação em argumentativa e


expositiva. Aqui, trabalharemos com a noção de dissertação-
argumentativa, pois a segunda espécie (dissertação-expositiva) será
tratada à parte com o nome de exposição.
A dissertação-argumentativa consiste na exposição de ideias
a respeito de um tema, com base em raciocínios e argumentações.
Tem por objetivo a defesa de um ponto de vista por meio da persuasão.
A coerência entre as ideias e a clareza na forma de expressão são
elementos fundamentais.
A estrutura lógica da dissertação consiste em: introdução
(apresenta o tema a ser discutido); desenvolvimento (expõe os
argumentos e ideias sobre o tema, com fundamento em fatos, exemplos,
testemunhos e provas do que se pretende demonstrar); e conclusão (faz
o desfecho da redação, com a finalidade de reforçar a ideia inicial).
A dissertação-argumentativa é o tipo predominante nos seguintes
gêneros textuais: redações de concursos, artigos de opinião, cartas de
leitor, discursos de defesa/acusação, resenhas, relatórios, textos
comerciais (publicitários), etc. É também o tipo mais utilizado pelas
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bancas de concurso (sobretudo o CESPE) nos enunciados das


questões de português.

DISSERTAÇÃO-EXPOSITIVA OU EXPOSIÇÃO

Na exposição (ou dissertação-expositiva), o objetivo do texto é


passar conhecimento para o leitor de maneira clara, imparcial e

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objetiva.
Nesse tipo textual, ao contrário da dissertação-argumentativa, não
se faz a defesa de uma ideia, pois não há intenção de convencer o
leitor nem criar debate.
Trabalha-se o assunto de maneira atemporal.

Atenção! É bastante comum que se confunda o texto


dissertativo-expositivo com o texto descritivo. A distinção entre eles
é, de fato, bem sutil, mas vamos tentar desvendá-la.

O texto expositivo tem por objetivo principal informar com


clareza e objetividade. É escrito em linguagem impessoal e
objetiva. Em geral, segue a estrutura da dissertação (introdução,
desenvolvimento, conclusão). É o tipo encontrado em livros didáticos e
paradidáticos (material complementar de ensino), enciclopédias, jornais,
revistas (científicas, informativas, etc.).
Por sua vez, o tipo descritivo está mais engajado na
caracterização minuciosa de algo, sem ter, necessariamente, o
objetivo de informar ao leitor. A linguagem utilizada na descrição nem
sempre é objetiva ou impessoal e sua estrutura não obedece
necessariamente a regras.
No entanto, como já vimos, é bastante comum que um texto (um
gênero textual) apresente diversos tipos textuais em sua estrutura, o que
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dificulta a diferenciação. Assim, fique tranquilo! Dificilmente a questão


cobrará uma diferenciação precisa entre o tipo expositivo e o tipo
descritivo.

INJUNÇÃO OU INSTRUÇÃO

O texto injuntivo é aquele que aconselha o leitor, indica como


realizar uma ação, prediz acontecimentos e comportamentos.
Utiliza geralmente linguagem objetiva e simples.

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Como o emissor procura influenciar o comportamento do receptor,


há o predomínio da função conativa ou apelativa, bem como do uso
de tu, você ou o nome da pessoa, além dos vocativos e
imperativos.
É comum em discursos, sermões e propagandas que se dirigem
diretamente ao consumidor – instruções de uso de um aparelho; leis;
regulamentos; receitas de comida; guias; regras de trânsito.
O texto injuntivo é também chamado de instrucional ou
prescritivo.
Como exemplo, temos aqui um trecho do poema de Viviane Mosé,
intitulado “Receita para lavar palavra suja”:

Mergulhar a palavra suja em água sanitária.


Depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio-dia.
Algumas palavras, quando alvejadas ao sol,
adquirem consistência de certeza,
por exemplo, a palavra vida.
Existem outras, e a palavra amor é uma delas,
que são muito encardidas e desgastadas pelo uso,
o que reco menda esfregar e bater insistentemente na pedra,
depois enxaguar em água corrente. (...)

Note que se trata de um texto literário do gênero poesia. Quanto ao


tipo textual, predomina a injunção, que apresenta orientações, conselhos
ou advertências ao leitor.

Linguagem Culta, Linguagem Popular e Níveis de


Formalidade 62456350391

Como vimos agora, ao contrário dos tipos textuais (que são


limitados), existem incontáveis gêneros textuais.
Justamente por serem ilimitados, os gêneros costumam ser
cobrados de maneira diversa pelas bancas. Geralmente, pede-se ao
candidato a adaptação do texto de acordo com o ambiente em que será
veiculado. Dessa maneira, cabe a você analisar se o texto está
corretamente ambientado – ou, nos casos em que não esteja, é
você quem deverá realizar a retextualização.

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Essa retextualização vai exigir alguns conhecimentos que veremos agora.


O primeiro aspecto que devemos avaliar em um texto é seu
nível de formalidade. Ou seja, você deve fazer algumas indagações:
quem lerá o texto? Quem redigiu o texto? Em que contexto ele será
veiculado e qual o objetivo desse texto? A partir daí, vamos observar se a
linguagem utilizada no texto está de acordo com o contexto observado.
Um exemplo para que você entenda melhor: caso um candidato
tenha que redigir uma redação em algum certame público, ele deverá
utilizar determinado nível de linguagem (vocabulário, modo de escrita,
correção gramatical, etc.) diverso daquele exigido em um texto
publicitário, ou em um livro infantil.
Repare que, para cada gênero textual citado no exemplo
(redação em certame, texto publicitário, livro infantil), deve ser
utilizada uma linguagem adequada ao respectivo contexto
sociocultural. Esse fenômeno de adequação da linguagem ao
contexto (histórico, geográfico e sociocultural) é conhecido como
variação linguística.
A partir dessas diferenças, podemos indicar dois níveis de linguagem
(os mais cobrados nas provas):
- Linguagem Culta ou Padrão
- Linguagem Popular ou Coloquial

A seguir, veremos cada uma delas com detalhes.


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LINGUAGEM POPULAR OU LINGUAGEM COLOQUIAL

Quando falamos em Linguagem Popular (ou Coloquial), estamos nos


referindo àquela linguagem utilizada no cotidiano, no dia a dia das
pessoas. Por isso, ela também é conhecida como variante espontânea.
A principal característica da linguagem popular é a falta de preocupação
com as regras rígidas da gramática normativa.

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Vejamos alguns elementos linguísticos presentes na linguagem popular:


 Coloquialismos: expressões próprias da fala. Ex: “pegue leve”.
Também é bastante comum o uso de “a gente” no lugar de “nós”.
 Vícios de linguagem: erros de regência e concordância; erros de
pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo, etc.
 Expressões vulgares e gírias. Ex: João ficou “grilado” ontem.
 Formas reduzidas: contrações realizadas para agilizar a comunicação
cotidiana. Ex: “pra” (para), “num” (em um), “cê” (você), “to” (estou).

LINGUAGEM POPULAR OU LINGUAGEM COLOQUIAL

A linguagem culta ou linguagem padrão é aquela que obedece


às regras da gramática normativa.
Ela é a linguagem ensinada nas escolas e a que assegura a unidade da
língua nacional.
Por esse motivo, é menos espontânea e pouco sujeita a
variações. É a preferida na linguagem escrita.
Está presente em diversos gêneros textuais: aulas, conferências,
sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV,
programas culturais, etc.
As provas de concurso público costumam exigir do candidato
que ele saiba adequar cada gênero textual ao nível de linguagem
cabível (portanto, não existe certo e errado, mas sim o mais
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adequado para cada contexto).


Mas atenção! As provas exigem que o candidato domine as
normas da linguagem culta, justamente para as situações em que ela
seja a mais adequada. Desse modo, as nossas aulas seguintes serão
dedicadas ao estudo das normas da língua culta.
Agora, devemos atentar para um aspecto fundamental, bastante
necessário para a resolução de questões de concurso!

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Os conceitos que aprendemos acima (linguagem culta e linguagem


popular) nem sempre podem ser atribuídos a um texto de maneira radical.
Isso porque existem graus diferentes de formalidade e
informalidade.
Assim, um texto pode seguir a norma culta da língua (ou seja, pode
estar de acordo com as regras gramaticais), mas, ao mesmo tempo,
utilizar uma linguagem mais informal. O que deve ser levado em conta
é sempre a adequação da linguagem ao gênero textual.
Quando lemos um documento escrito por autoridade pública, por
exemplo, é de se esperar que o texto não apenas observe as regras
gramaticais, mas que possua também um elevado grau de formalidade.
No entanto, quando lemos um texto literário (uma crônica), é comum que,
embora obedeça às regras gramaticais, o grau de formalidade seja
reduzido.
Essa informalidade também tem sido bastante comum em textos de
jornais e revistas, com intenção de aproximar o leitor ao texto. No
entanto, assim como no exemplo acima, é imprescindível a observância
das regras gramaticais.
Observe o trecho abaixo, retirado de um texto jornalístico, que já foi
utilizado em certame público:

Debruçando-se sobre o estudo do exercício da política, Maquiavel


dissecou a anatomia do poder de sua época: dos senhores feudais e da
igreja medieval. E, por isso mesmo, por botar o dedo na ferida, foi
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considerado um autor maldito. Ele se mostra preocupado com o fato de


que na política não existem regras fixas. Governar, isto é, tomar atitudes
políticas, é um trabalho extremamente criativo e, por isso mesmo, sem
parâmetros anteriores. Assim, essa preocupação do filósofo, por incrível
que pareça, torna-se um bom instrumento para repensarmos a ética.
Hoje, com o fim das garantias tradicionais, estamos todos mais ou
menos na posição do príncipe de Maquiavel — isto é, em um mundo de
incertezas, dentro do qual temos de inventar nossa melhor posição. É
mergulhado nesse mundo de incertezas, de instabilidade social e política,
de culto ao individualismo, que construímos nossa identidade, nosso
modo de agir. Como seres humanos, nosso fim último é a felicidade.
Como indivíduos sociais, precisamos entender que, por melhores que
sejam nossos objetivos na vida, os meios para alcançá-los não podem

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entrar em contradição com a nobreza dos fins. Desse modo, não basta
termos fins nobres, é necessário também que os meios para alcançá-los
sejam adequados a essa nobreza.

Planeta, jul./2006, p. 59 (com adaptações).

Acertou a questão no certame quem assinalou como verdadeira a


seguinte afirmativa:
No texto, a expressão figurada que indica um uso coloquial, isto é,
menos formal da língua, é: "botar o dedo na ferida" (L. 3).
Assim, perceba que o mais importante é saber adequar a linguagem
ao nível de formalidade exigido pelo gênero textual. É dessa forma que o
tema tem sido cobrado pelas bancas de concurso.

Caro aluno,

Chegamos ao final da nossa aula demonstrativa.

Esta aula teve como objetivo expor alguns conceitos iniciais da disciplina e
apresentar para você uma ideia de como será o nosso curso.

Como eu falei, o estudo da Língua Portuguesa é fundamental para o


sucesso em qualquer concurso público. Assim, para um aprendizado mais
amplo e efetivo, não veremos apenas os aspectos gramaticais, também
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estudaremos a interpretação de textos e faremos muitos exercícios.

Espero que tenha aproveitado a nossa aula e o aguardo no próximo


encontro.

Vou adorar acompanhar você durante sua preparação.

Um grande abraço e bons estudos!

Professora Ludimila

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