principalmente por óxido de alumínio (Al2O3) e outros compostos em menores quantidades, como sílica, dióxido de titânio, óxidos de ferro e silicato de alumínio. Esse mineral foi descoberto pelo geólogo e mineralogista francês Pierre Berthier, em 1821.
Rocha de bauxita. Foto: Branko Jovanovic / Shutterstock.com
A formação da bauxita resulta da decomposição de rochas
alcalinas, provocada pela infiltração da água das chuvas nas rochas ao longo de milhões de anos. A coloração avermelhada desse minério é determinada pela presença de óxidos de ferro. Sendo assim, as rochas que apresentam de 2% a 4% de óxido de ferro são chamadas de bauxita branca, enquanto aquelas que possuem até 25% de óxido de ferro são chamadas de bauxita vermelha.
A bauxita é a principal fonte natural de alumínio (terceiro elemento
mais abundante na natureza), e a maior parte de sua extração mundial é destina à obtenção desse elemento. Para que seja economicamente aproveitável, a bauxita deve apresentar no mínimo 30% de óxido de alumínio. Processo Hall-Héroult
O alumínio metálico é produzido, em escala comercial, por meio
de eletrólise da alumina obtida, praticamente, pelo processo Bayer. A redução direta do óxido de alumínio para alumínio metálico até hoje não é um processo competitivo. O processo eletroquímico utilizado na obtenção desse metal consiste na eletrólise da alumina dissolvida em criolita (3NaF.AlF3) fundida (p.f. 1.010o C), com baixas concentrações de aditivos não decompostos (ex. fluoretos de alumínio, cálcio, magnésio e lítio). A mistura atua como fundente da alumina. Com a passagem da corrente contínua através da solução, o oxigênio migra para o anodo de carbono com o qual reage, gerando dióxido de carbono na superfície anódica. Ao mesmo tempo ocorre a redução do alumínio na superfície do catodo, conforme as equações seguintes.
O potencial reversível desta reação, calculado com base em dados termodinâmicos, é de 1,15 V. Na prática comercial, a tensão de decomposição está na faixa de 1,5-1,7 V, principalmente, devido à sobretensão anódica. A resistência ôhmica de condutores e eletrodos aumenta a tensão de operação da célula de 4 para 5 V.
Na prática, o alumínio é depositado no catodo, com eficiência
farádica de 85-90%. A perda na eficiência é, principalmente, devido à reoxidação do alumínio depositado no catodo, pela ação do CO2 gerado no anodo (Huglen et al., 1986), segundo a reação a seguir: 2Al + 3CO2 ⇔ Al 2O3 + 3CO
Os metais dissolvidos no eletrólito que apresentam um
potencial de redução menos negativo que o do alumínio (Eo = -1,662 V, em água a 25o C) são reduzidos e aparecem em quantidades variadas no alumínio. Aqueles com potenciais de redução mais elevados, como lítio, cálcio, sódio e magnésio, permanecem no eletrólito. Alguns dos óxidos não metálicos (ex.: os fosfóricos) atuam como venenos, reduzindo a eficiência farádica.
A eletrólise é realizada em temperaturas na faixa de 10-20o C
acima do ponto de fusão do eletrólito. A faixa operacional de temperatura do eletrólito entre 935 e 975o C é considerada típica, e o teor de alumina varia entre 1 e 6%. Quando a concentração de alumina aproxima-se de 1%, uma reação diferente ocorre no anodo, que forma um filme de gás com elevada resistência na superfície anódica, o que provoca um aumento na tensão da célula para uma faixa de 20 a 40 V. Tal condição recebe a denominação de efeito anódico. A eletrólise normal volta ao 292 Bauxita estado inicial com o aumento da concentração da alumina e a ruptura do filme de gás sobre a superfície anódica.
Embora a eletrólise possa ser feita usando-se apenas criolita
como fundente, descobriu-se que certos aditivos, como fluoreto de alumínio, aumentam a eficiência farádica. A adição de fluoreto de cálcio reduz a temperatura de operação, reduzindo o ponto de fusão do eletrólito; entretanto, apresenta o inconveniente de aumentar a densidade do banho. Já o fluoreto de lítio, normalmente adicionado na forma de carbonato, aumenta a condutividade elétrica do banho e diminui sua densidade. O fluoreto de magnésio, também presente no banho em algumas usinas, é geralmente adicionado na forma de MgO, para aumentar a condutividade e diminuir a densidade do eletrólito; porém o seu uso, assim como o do fluoreto de lítio, estão limitados a pequenas quantidades, porque, em caso de co-deposição com o alumínio, prejudicam suas propriedades mecânicas (Grjotheim e Welch, 1980).
A demanda de energia elétrica para produção de alumínio é
significativamente elevada. Dessa forma, o processo de obtenção de alumínio foi aperfeiçoado com a finalidade de otimizar o consumo de energia. Cabe lembrar que, em 1940, a indústria consumia cerca de 24.000 kWh/t de alumínio produzido. Atualmente, esse valor caiu para 13.000 kWh/t. Todavia, ainda se atribui ao processo o ônus de ser aquele que mais demanda energia entre todos os processos metalúrgicos (Mártires, 2001). Esses argumentos justificam a localização das unidades industriais, para produção de alumínio metálico, próximas às hidrelétricas, às minas de carvão, ou mesmo nos países onde há energia elétrica com abundância e baixo custo. Aplicações: Alumina utilizada na fabricação de prótese humana As cerâmicas de alumina com elevada densidade e pureza (Al2O3 > 99,5%) são usadas na fabricação de próteses humanas, especificamente, de quadris e dentárias. Tais aplicações se devem à sua excelente resistência à corrosão, boa biocompatibilidade, elevada resistência ao desgaste e alta resistência mecânica. Além disso, o produto favorece à formação de uma fina camada de tecido fibroso que envolve a peça cerâmica, permitindo uma ótima fixação do implante. Esses e outros motivos favoreceram a intensa utilização de cerâmicas a base de alumina, em próteses humanas, nos últimos 20 anos.
Alguns implantes dentários são monocristais, entretanto as
peças cerâmicas de alumina são granulados finos policristalinos de Al2O3-α, prensados e sinterizados numa faixa de temperatura entre 1.600 e 1.700o C. Na sinterização é 298 Bauxita adicionada pequena quantidade de óxido de magnésio (MgO < 0,5%) para auxiliar o processo e limitar o crescimento dos grãos durante a sinterização.
A resistência à fadiga, a resistência mecânica e a tenacidade à
fratura dos materiais cerâmicos policristalinos à base de Al2O3 são propriedades mecânicas que dependem do tamanho do grão e da percentagem de aditivos usados na sinterização. As cerâmicas de alumina com tamanho médio do grão menor que 4 µm e pureza acima de 99,7% exibem boa resistência à flexão e excelente resistência à compressão.
De modo geral, as variedades de aplicações do alumínio estão
relacionadas com suas características físico-químicas, por exemplo, a resistência à corrosão e a alta condutibilidade elétrica e térmica. Quando finamente pulverizado, o alumínio é utilizado como combustível para alguns foguetes e na produção industrial de explosivos. Ele faz parte da estrutura de embarcações, veículos terrestres e aéreos. No revestimento de embalagens, destacando as latas e as embalagens usadas em sucos e leites. Na construção civil, compondo a estrutura de portas, esquadrias, janelas, portões, divisórias, entre outros. Em ferramentas além de outros materiais do cotidiano. Nas redes de transmissão elétrica como um componente da liga de cobre usada, principalmente em transmissão a longas distâncias Em recipientes para armazenamento de substâncias sob temperaturas extremamente baixas, conhecidos como meios criogênicos. O alumínio é aplicado além de tantas outras que seria impossível enumerá-las.