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Plantáo PsicológÍco
em hospitnl psiquiátrico:
Novas Consideragões e
desenvolyimelto
Walter CautellaJunior
psicólc-rgos, psiquiatras, teíâpeutâs ocupacionais, processo tenha um significado nr:r quadro referencial
âssistentes sociais, recreacionistas e enfermeiros. clo cliente. Se a§uém procuÍâ aiuda é porque scnte
O serviço de psicnlogia começou a funcionar algo e não se considerâ apto pata tesolver sozinho.
em 1988 c utiliz,ava exclusivamenre grlrpos psicote- Sabemos que o kabalho psicológico só ó eficiente
rápicos e atendimentos indíviduais em psic<iterapia quando o indivíduo identi{ica sua demanda e se propõe
breve/focal para atender a rlemanda da clientela. Com a trabalhar com suâs questões. Comparecer ao grupo
o pâssâr do tempo, percebíamos certas limitações de por prcssão do médico ou da enfermâgem, cria um
. iiilll'
ais procedimentos quando utilizadas em siruações com ;,:|:1;,,-, clima ansiógeno e persecutório que nâo ajuda no
característicâs tão específicas. Como foi desctito :1::l.ii.!-al§. pÍocesso psicoterápico, mesmo que a intenção seja
:iar:::;iir:i
antedormente, este é um hospital cle cuÍtâpcrrnanência, iailiit', boa. À compc-rsição dos grupos tornava-se extre-
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o que acâíreta à interr.-cnção psicoterápica uma séria ::;,1:'1,',l
mâmente complicada, visto que a população yariava
:a:!)):::!.
dificuldade, pois estabelece um limite exteÍno concÍeto 't..1
muito em termos de nível intelectual, capacidade de
ilirl-:i
paÍa o pÍocesso. Àlém disto, sua população possui elaboração e de simbolização etc. Apesar da heterr»
:l.li i:);t
caracterÍsticas bastante peculiares por tratar-se,Je pessoas geneidade na compt>sição dos grupos poder ser
",,::t.:ii,li
ern quadro agudo cle doeoça com diferenres nír,eis de ;i;rrÍ.;:rri benéfica pela diversidade de experiências, o ponco
contato com â realidacle. I{á uma clificuldacle mainr t::::{* tempo de intervenção nos levava a tentar potenciaiizar
paÍa o processo se comparado a pessoas que Ínantêm !l1r;iaii:i ao máxirno a ação psicoterápica. §e a ação priorizava
um padrão neurótico. Resumidamenre, possuíamos os pacientes delirantes ou rleficitários do ponto de
itr,:;::li.l
pouco tempo para abcirdagern psicoiógica e a nossâ ;'i li lir;:r:ii: vista cognitivq çom certeza parte da população era
clientela era muittt heterogênea, pois em um mesmo colocacla à margem do processo. Pot outrn 1ado,
ii:.rl
setor do hospital temos yárÍas patologias, tais como: trit:r,lli.l,iti priorizando nossa a*ação em irrtegrantes corn maior
fleufoses, psicoses, tr-rxicof,lias etc. capacidade de elaboração e menos comprometidos
l.lir,il,::l
Àmbas as récniÇâs uulizadas exigern certos prú l' ::l l:a!..arl privaríamos a maioria da população.
'FI0RINI, Hector J.
requisitr:s para que o indivíduo possa tirar proveito Os atendimentos individuais tmrbérn sofriam
Teoria e Técnica de
da intervenção psicológica. À aborçlagem cle gÍupô suas limitaçôes, À técnica da psicoterapia breve Psicoterapias. 9a
exige certo tempQ para que a pessoa se inrcgre à deterraina que o psicoterapeuta estabeleça um foco para ediçã0. São Paulo:
cünâmica e âssumâ uma iclentidadc grupal. Ântes dissq ser abordaclo em um tempo pré determinado. Segun- trançisco AIves
I
ã açâo psicoterápica é superficial e lirnita-se aos Editora, l98S,
sintomas. Percebíamos que as pessoas que parucipavam ciente, primeirq em selr próprio terreÍro, aceitando
de tais gÍupos, muitas vezes, compareciam mobili- pruzq-{qtwz,eale-§çuspç,flLo-llle-.r-lsta sobre o proh]çq1a, e. GÍifo do Autor I
zadas por uma demandx institucional e não por uma só mais tar<le - depois de se orientar sobre os motivos
dçmanda pessoal. Bntslde-se por demanda reais clo paciente * há de pÍocurar utilizar essss motiv()s
institucional a pressão exercida pela instituição para para fomentar os obicúvos tetapêuticos que possàm
que as pcssoâs se vinculem a psicotcrapia.  instiruição pâÍecer de possível reaiização". O curto espaço de
vê essa necessidade e acredita nas conseqüências teÍnpo que os psicoterapeutas dispunham para eleger
positives que o processri pode trazer. À partir disso, o ftrco dos etendimentos podiam levar ir uma escolha
tenta yincular os inietnos sern o cuidadcl de que esse errônea. Durante nossa práúca percebíamos que rnuitas
114 11§
Plantão Psicológico: novos horizontes Plantão Psicologico em hospital psiquiátrico
t \rezes o foco eleito pelo psicoterapeuta não era o potencializar os recursos desta. Pelas suas çaracterísticas
R0GERS, carl R.
rnesmo que o cliente gostaria de abordar. Com o tempo e referencial reórico conseguiu ser eÍiciente frente a
Torna-se Fessoa.
o cliente cons€guia abandonar o foco adotado pelo heterogeneicladc da populaçãq urna vsz que Çeiltra-§e
381'ediçã0. São
psicoterapeuta e assumir sua yercladeira. demanda, na experiência do cliente. Sendo assim, é possír'el atender
Paulo: [ditora Fran-
cisco Álves, l9//. porém este movimenfo levâvâ tempo. Em uma a demanda do psicótico, do neuróticq do deficiente e
ROGERS, Carl R & internação de curto prazo, o tempo é um bem ptecioso do paciente cronificado, pois tal técnica nâo precisa quc
STEVÊNS B- De o cliente possuâ certos pré requisitos,
e que não porle ser desperdiçado.
PexoaBaraPessu:
Frenre â essâs dificuldades geradas pelas Com a premissa básica de colocar-se disponivel
0 Problena do Ser
Humano: üma Nova características da população e da própriâ instiruição, frente às necessiclades do cliente no momeflto do
Tendôncia ria Psi- fomos levados a pÍccurâr alternativas terapêuticas encontro e côm a peculiaridade deste poder ser único,
cologra. Sâo Paulo: eficientes. Nesse momerrt{}, o plafltão psicológico nos consegmimos uma tbordagem terapêutica e ficiente em
Pioneira, I976.
No entaüro,
pareÇcu ulna possibilidade bastante atraente. curto cspâço de tempq visto que o nível de ansiedacle,
ROGERS, Carl R. e
0utros. Em Busca ficava o desalio de utilizar uma técnica terapêutica que irritabilidade e agitação c{os intetnos diminuiu
de Vida: de Terapia nuncâ havia sido testada em tais condiçôes. sieniticantemente após o plantão psicológico.
Centrada no Cliente Nc ano de 1992 deseavolvemos o primeiro Após a implantação do serviço, começamos â
à Abordagem Cen^ plantâo psicológico em hospital psiquiátrico. O perceber mudanças significativas nas abordagens
trada na Psssoa.
procedimento consisLia em colocar à disposição da psicoterápicas que iá existiam (psicoterapia de gupo
SãoPaulo: Srmnus,
clientela um psicólogo preparado pârâ o atendimen- e psicoterapia indiviclual). Às pessoas que participavarn
1983.
W000, John K, e to, em um lugar pré estabelecido, e por urn tempo dos gruplls psicoterápicos não mais compareciatn
Outros (0r9.). Áâor- pré deterrninado. mobilizados por umâ demanda alheia (pressão insti-
dagem Centrada na tucionai). Utilizando-se do plantão psicológko, os in-
O referencial teóriço adotado é amplamente
Pessoa. Vitória:
influenciado pelo existencialismr: e a fenr:menr:logia ternos conseguiam identificar melhor a sua demanda
Editora FundaEao
Ceciliano Abel de etem com-o linha teririca ptincipal a abordagrm centrâdâ e isto levava a um salto qualitadvo flo seu desempenho
j
/
Almeida Univer- âp..c}ç-qtq' Â população alvo foi amplamenre avisada
. nt> (rrupo psicoterápico.
sidade Federal rlo tla disponibiüclade do profissional e da facilidade de Os atendimentos individuais tambêm foram
Espirito Santo, 1994.
âcesso atrar,és de cartazes e informaçôes rladas pelos influenciados pelo plantão psicológico. Atualmente, <r
outros profissionais. Previamente foi feit<l urn trabalho . i.r.: i tr,,::
processo psicoterápico indrvidual inicia-se frente ao
de sensibilização com esse s profissionais para que pu- r r,:lt r il::;t pedidc do cliente. Geralrnente, ele procutou o plantão
desscrn teÍ um entendirnento básico da técnica e do Ltl.,iir, psicr:lógicq conseguiu identificar sua demanda, esta-
referencial teórico adotado e, a partir disso, pudessem beleceu o foco do seu trabalho psicológico e preíeriu
falar da disponibiiidade do serviço. Âos pnucos, foram .'r,aa.:i1i::rjijl aborclá-lo de rnaneira mais sistematizada na psicote-
Se ap{oxir§ân,Jo e aprenderam como udlizer esse novo il a:,,.'ri:rr:.$irt:.r:
rapia individual, embora muitas das demandas acabem
insüurnento. Na verdade foram estabelecidos vários r j::ri.aa::,lii:...: l
::,::l::':,:llill::h.t
se resolvendo no próprio plant[o.
t..,.:.i,
:
Plantâo Psicológico: novos horizontes
Plantâo Psicológico em hospital psiquiátrico
qual grupo psicoterápico deterrninada pessoa terá lão é somente aquele que
considerar que doente
melhor benefício. Os encaminhamentos externos âpresentâ os sintomas, mas sim, todo o contexto a qual
tambérn tornararn-se mais eÍiçientes na medÍda em que
perteüce, no câso a íamília.
temos maior conhecimento da demanda pessoal.
Àquele que manifesta a tloença é intetnado e o
O plantão psicológicq
apesâr de sua grande hospital curnpre a sua função terâpêutica, no entânto,
ehciência, experimenta algumas limitaçôes no âmbito
quando este é devolvido pata a família, é, novamente,
hospitalar psiquiátrico, Pessoas em quadro deliranre inserido no iogo de tensões que permânece inalteraclo.
grâve, que estão rompidos com a lógica alheia e Há uma ggande possibiüdade cle novos sunos surgirem
submersos em sua realidade paralela, raramente âté o rnomento que o indivíduo pr:ssa elaborar cleÊ-
procuram o plantão, Coiocar-sc em contâto com o nitivamente sua posição nesse campo de tensões. É
outro é subrneter-se à lógica geral. Conseqüentementei
importante salientarmos que a famfia age de maneirl
isto leva a ineÍicácia da estrutura delirantc como defensiva, não iclenútlcandq ou identificando corn
mótodo tlefensir.o. Pacientes em quadro maníaco grandes dificuldades, a responsabilidadc no processo
podem aré procurar o planrão, porúnr, pela aceleraçào
de adoecimento do internadcr. É menos ansiógeno para
-.. tlos sess ptucutçlptíqilcott, geralmente, não conse6Srem
a {*miha depositar a doença em um único mernbrq
-
loEy,Henryeoutros. sç dcter ftentç as intervençôes. Nesse caso, o çaráter pois sendo assirn, sente-se imune, saudável e protegida'
Manual de ÊsiiTura- terapêutico é estabelecer um limite exteíno para a Desta Íbrma, podemos inferir que há um movimento
trâSaedição.Riode aceleraçào, vistO que o interno aão é efrciente nÊsse
Janeiro: Masson do inconsciente da família, e muitas vezes consciente, no
momeoto. Quadros de depressão profurrda, rambém;
il:i,;ü:"*""" não ptocuram o plantão psicoiógicq assim como qua-
inruito de perperuar a doença naquele que manife sta o
sintoma. Ta1 psicod.rnâmica expiicaria em parte o alto
dros catatoniformcs. nível de reinternações € "cronificações psicológicas",
A resposta positiva clos internos provou â pois, nesta breve çoncei:uaçãq não estarnos consi-
eÍicácia deste método interventivo, e fl{.:s levou a
deranclo bases orgânicas para a rloença mentâl.
prnsar a possibilidade de utilizá-lo em ourras situa- O setor de psicologia trabalha corn a hipótese
ções clcntro da rotina hospitalar. Â insutuição eviden- de que o indivíduo institucionalizado, através <1o
ciava certas demandas que pareciam ser da alçada
trabalho psicológico na insdtuição, pode se dar conta
do psicóIogo. Tais como: o arendimento à famíüa e
I r''il:1r:' dessa intrincada psicodinâmica e não mais ôcupâÍ o
à ptópria instituição. : _ l- n;,i,]
lugar de represertante simbólico da doença social. Não
Âtualmente parece seÍ de seÍrso comum que
se ffata de negat a fragilidade ôu os âspectos indivitluais
uma ação terapêutica não pode se restringir someflte
como p<ide pâÍecer, pois se e§te não suPQrtou â§
ao indivÍduo institucionalizado. Uma das fbrmas de
tensôes sociais é dcvido, tarnbóm, â âspectos internos
entendermos a doença mental é considerá-la corno :::. :1'r .:i: ru::
. .. :. r,r'il,l dc desenvolvimento pessoal.
truto de um jogo cle tensões dentro de um carnpo ,,:trr:,'l'riiili',
: :,:r'lri:i:,;lirr:. O indivíduo abandonando esse papel de doente
.rrij.:r'i' :rjii!,:t:
social, onde urn membro dessa soçiedade não te*r ilir:liirii,uta,1.1
llrii1':r,:r,:l:;l:. irá gerat um desequilibrio na psicodinâmica esta-
condições de lidar com as vicissirucles desse jogo e ir,:,.;rit,ti r:i!tr,
belecida e isso abrirá espaço Para um trabalho elabo-
rcaba rompendo em um surto psicótico ou uma rativo familiâr, ou pârâ que outio membro manifeste
descr>mpensação neurirtica. Este enfoque nos leva a rlir:
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parologicamente o conflito mal resolvido.
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118 . .i .:i., ji i.riart§1i:. 119
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Plantão Psirológico em hospital psiquiátrica
?Íantão Psicológico: llovos ho.izontes
uBArrsoN,G.eü,fos.
Vários âutores de várias linhas do pensâmento escuta centrada e seletiva na angristia desse familiar
llacia unaTeorÍa de La
psÍcokigico abordaram o papel cia famílis e do iog<> que buscou o serviço.
EsquizoÍrenia. Io:
SLUZKI, Carlos E. social no proÇesso de adoecimentq eviderciando certa
O atendimcnto farniliar deseovoh'ido pelo se-
(arg.)- InteraccÍón unanimirlarle ne.§te pont_o. Dentre eles, poclemos citar tor <le psicologia é bastante diíerente dos atendimen-
famiííar: A,partâs Ra ing e principalmente Harold F. tos realizâdos pelo serr,riço social e cô{po rnédico. No
FundamentaÍessobrc
Searles em seu artigço 'tlte tffal lo driue the other persan plantão psicológictt a família é ctllncada corno cliente.
Teoría y íécnica.
Buenos Aires: *N - On _ilement in ihe aetio/ogy and p.ryúotherilPJ aÍ
crary Já no atenclimento médico-familiar o intuito é obter
Conternporáneo,19/L dados e aprirsotâr â comPreensão da estrututâ dâ
A prárica clínica na institr"riçãtl, embasada nessa doençn atrar,és da hist/rria do paciente inseriilo no " SEARLES, H. F.I
u maneira de conceber a psicodinâmica da doença contextc familiar. Rrrtanto, nãtl há, prioritariamente, The EÍfort to Drive
LIDZ, T. e outros.
ElMedio lntrâÍamiliar rnentâl, tern gerado efeitos bastante posirivos, visto uma ação terapêutica voltada à família. O cliente é the Other Person
Crazy - 0n Elenent
Del Paciente Esguize que o número de pacientes que percebem o se'u lugar aquele que está interoado. Quanto ao §erviço sociâI, â ín the Aetiotogy and
frénico: Ia
dentro da dinâmica famiüar e que pedem atendimento stra ação visa o bem-estar do inclivícluo internado e a Psychotherapy oÍ
de la Schizophrenia. ln:.
rambém pera- firrnília, vem âumefltando progres- readaptação deste à st>ciedade de urna n:aneira meno§
IN: SLUZKI, CaTIo E.
^
siyamente. Â percepção do lugar qLle traumáticr. Novamente, <; foco encontfa-sc no pacientc
Callected Papers on
(or g). Inte racción Fa- ocupam, e a Schizophrenia and
miliar. Aporiu Funda-
não mais aceitação de todas as responsablüdade s pro- internado. Âmbos os atefldirnentos são imprescindÍvcis Reality Subjects.
nrentalessobreÍr
e depositadas sclbre estes, levam a rrma clesor- e de gtande importância Para o processo terapêutico Nova York: New
y Técnica. ietadas
York International
Àires: Tiempo Con- eanizaçâr> familiar câracterizâda pelo surgimento cle Forém, nâo abordam dc maneira a provocar muclanças
Universities, 1975.
temporáneo, I971. uma angústia generalizada. Tais sintomas foram com- na psicc,dinâmica familiar. Â utilização do plantão psi
ç.254-?83.
p. Bt-110,
provados através do aumento do número de famílias cológico sc jr:stifica pelas ÇaÍacterísticas da situação e
que pediam pârâ ser atendi<las pelo serviço de psi- rla população alvo, Gerahnentç, surge uma demanda
LAING, R. D. C
cok:gia aúavés do serviço social, recepção, funcio- (lue estâvâ reprimida pela impossibil,idade cle encontrâ-r
FSIIRSN,A Crn:t,r4
Loucura y Fanília: nários etc. Com o rurneflto da demanda, fez*se ne- um espaço proprio para que pudesse se manilestat
Famílias de Esqui- cessárir: estruturâr um espaço onde a angústia íamiliar Na dr-rença o foco tecai sernpre naquele que manifesta
zofrenicos. Mexico:
pudesse ser contidâ e trahalhacla. Âlém disso, está- os sintorsâs. t) plantão psicológico abre um e§pâço
Fondo de Cullura
Económica, 1967. virlrlos otimizando o trâtâm€nto psicológico realizado pâra que a f*mília manifeste seu mal-estar e suâs
(Biblioteca de Psico- na instltuiçâo abarcando de maneira mais abrangente questões. Âs características de tal procedimentô pâ-
o "fenômeno patológico". Íecem'nos faciJitat r: trabalho com esta sifuaçâo erner-
Frente ao acima relatadq quato anos depois da gencial, irnprevisír''el e desorsânjzadora que é o ;:doe-
ctiação do plantão psicológico. introduzimos um cimento. Àtravés do plantão psicológico tentar§os
serviço semelhante v<:ltado exclusivameqte para os fa- aproveitar o momento de ruptura que a doenç* men-
rojliares dos interlos, Foi abertn um espaço oncle a fa- ral gera na dinâmica familiar e na vida de quem adoece
mília é recebida como clienre. Não temos a prctensão e, a partir disso, proporcionar uma experiência mais
de acreditar que todÍts as famflias aceitam esse lugar saudável.
tranqülamente. Geralmente, o membro da famíia che- t{á aincla Çertos dados cle realidade que re-
ga até o serviço c.,m o seu discurso voltado ao elementtr forçam a apticabilidade dn plantão farniliar nessa
institucionalizado, e cabe ao plantonista fazer uma situação. A grande maioria da população alvo (familia)
Í24 r21
PlxntÃo Psicológico: nsvos horizontes Plantão fsicológico em hospital psiquiítrico
possui pouco ac(sso a situações que permitarn As pessoas que procurarn o plantão psicológico
uma relaçâo de aiuda. Isso ocorre por vários m<lti- não o fazem poÍque foram convocadas. Pottanto,
vos: falta de conhecimenro de sua própria demanda; podcmos inferit que há uma mobilização interna que
desinformação sobre r:s serviços disponíveis (psico- gerou essâ busca, Ta-l mobilização ó fator prim<lrdial
terapia individual, familiar, etc,); carência de recur- parâ que ôcôríâ mudanças. Â convocação para essa
sos públicos nessa área; e Íinalmente, indisporubili* forma de atendimento parece-nos pouco eficiente,
dade itnanceira da maioria daqueles que pÍocurâm,. embüÍâ possâ ocorrer se for de extrema importância
O plantão psicológico conseguel de cerra forma, pa{a o trabalhn psicológico realizado com o indivi
diminuir a distância dessas pessoas a uma relação de duo instirucionalizado. Desta fotma, a família deixt
ajuda eticaz.
de ocupar o lugar de cliente e a ação centrll*se no indi-
Outrc jusuficativr para a utilizaçào do plantão víduo iastirucionalizado. Neste ponto percebernos
reçai na Çrençâ fortemente difundida nos plantonistas outra diferença em relação ao *tendimento médiço e
que nem toda demanda precisa ser suprida pela ao de serviço sociel. Estes nã<; pertiem a eficácia pela
psicoterapia. Toclo indivíduo possui uma tendência convocação, pois não colocam a famfia como cl,iente
inerente para o progresso e uÍrrâ vez que a siruação de
cla mesma lbrma que colccamos.
impedirnento possâ ser aborclada, e uma flovâ vivên- O piantão psicológico, com suâ característica
cia possa surgir, o cliente está livre para seguir seu rumq
básica i1e abarcar o cliente naquele momentq possibilitt
até sentir nova necessidade de pâÍar e se redirecionar
um tÍabalho psicológico bteve , embora, tambóm, haia
É evidente que muitas vezcs â demanda é para psi- a possibilidade de um trabaiho mais longo se houver
coterapia, nesse caso é feito um encaminhamento pilâ a necessidade. O plantonista e o cliente podem decidir
serviços extcrnos. pela sessão ánica, proieto tcrapêutico (quatro sessões
Colocando a família como focq esramos râm- aproximadamente) ou pelo encaminhamento desse
bém contribuindo indiretamente corn o bem estar do membr,r familiar ou famfia parâ um processo mais
indivíduo institucionaiizaclo e cr>mplementando o traba-
bngo de psicoterapia farniliar (fora da instituição).
Iho psicológico que é realizado durante a intertração. À equipe e a institúção foram instruídas para
Para que o plantão pudesse ocorÍeÍ, foram aber-
favorecer a aproximação dos familiares a este serviço
tos horá*ios denro da programação, que coincidiam psicológicci. O acesso da clientela manfém-se o menos
Çom os horários de atendimento familiar realizado burcxratizado possír.el. Foram colocados na' recepção
pelos outros membros da eqúpe. Desta forma, na e dernais dependôncias sociais do hospital, ÇeÍtazes
medida eÍn que os membros da farnília vôrn manter informativos sobre a existência tlo serviço, üsponi-
contâro com o médico, assistente social ou visitar o bilidadç do psicólogo, local de atenclimento etc.
paciente internado, se desejarem, poderão ter âcesso Ern três anos de funcionamento o número de
ao arendimenro psicológico.
atendimcntos foi aumenhndo progressivameflte. De
Percebe-se que os rnétodos e técoicas adotad*.s
um âno para o outÍo tivemos um aumento suPerior a
são muito seÍnelhantes âo que ocorre para os ciientes
100Y0 no número t1e cüentes.
internados oestâ casâ. §ssa estrurura de atendimento  carência de suporte eKtemo pâÍx o§ familia-
tem vâltagens pa:a alcançâÍ nossos obietivos.
res flerou ur:ra situação aúpicn. O plantão psicológico
122 123
Plantão Psicoldgico: noyos horizontes Plantâo Psicológico em hospital psiqtriáÚico
r,ri,trii::
r:§ilj;;
.;':]..''ij
famihar é uma estfuturâ montâclâ prioritariamente doentes menais em ins*tuiçÕes há a necessidade cle
pata. dat colta das questões farniliares durante o "trâtarmos" concomitantemente a instituição.
periodo de internação. No entânto) petcebemos o Trabalharmos com a instituiÇão implica em
âumerito signi{icativo da procura do serviço mesmo oferecermos aos sells integrant.es conüções para falar
após a alta do cliente principal, Iss«: acaba gerando de suas questões! assim comq cle sua relação Çom estâ.
uma sobrecarga do serviçrt. Temos como nr:rma bási- Buscamos abotdar o coletivo âtrâvés do individual.
ca não recusâr o atendimento dessas pessoâs, porénr Frente ao acima Õtado toÍnou-se fundamental
tentâmos encaminhá-las pâra serviços externos. 'IâI oferecer aos profissionais da casa de saúde um esPâço
procura âcâba reforçandr: a consolidação desse espaço de continência. Não somente para abarcar a instin:içãq
cle cr:rntinôncia. No futuro temos o intuito dc dcsen- mas tarnbém para fomecer subsídios ao funcionário
volver urn ambulatório para dar conta dessa demanda que vive em contato direto com a doença mental'
na próprir instiruição. porém, para isso, precisaremos Quadtos psicóticos tendem a seÍ âmeaçadores para
aumentaÍ a equipe de plantonistas. aqueles que não estãô Prepxra<los psiquictmente' Â
desorganização do psicótico tende a âÍneaçaÍ a oídem
Fiéis à idéia de uma ação abrangente do cloente interna de quem convive com estes. Isto é preiuclicial
mentâ-I, comeÇâmos â pensaÍ a instituiçã<l como um para a saúde psíquica do funcionário e acaba refletindo
cLiente em potencial. Arualmente f,ca dific{ pensâÍmos na instituição, urnâ \,ez que irá utilizar-se de mecanismos
em umâ ação terapêutica eficiente, sem inserirmcrs no defensivos que preiudicâÍào a dinâmica instituciona|
píoc€sso aquele que se propõe "trat^r". Como exemplo destes mecanismos podemos citar a
Àbordando o hcspital com ^ indispodbilidade e a irritabi[dacle no trato corn o
a visão cla psicolo-
gia institucional, o entendernos Çomo um organismo cliente, faltas aa serviçq grande rctatividade da equipe
vivo que reage frente a sua população alvo. Desen- de apoio etc. Além de tais manifestações, havia uma
volve-se uma relação dialética entre a instituição e a demanda cxplicita por grande parte d«rs funcionários
clientela. As ações desta, assim como âs reações, vão que nos procutâvâm com a necessidade de falat de
interferir diretamente no andamento clo processo tera- suas experiências no cotidiano hospitalar e reotgaxzâ-
pêutico. Â importância da sanidade institucional sempre las de maneiíâ mâis sauclável.
foi amplamente discutida e valorizada. Se consideramos Ofetecer atendimento aos funciorrários tazia
o pÍocesso terapôutico pessoal do pro{issional de saúde uma série de questôes. Primeiramente havia a c{i-
mental comr> firndamental para a eficácia da abordagem, ficuldade de montar uma equipe para âtencleÍ essâ
nada mais razoâvel que utiüzarmos os mesmos parâ- nova clientela. Parccia-nos poucÕ eÍiciente que os
metros quando falamos da instituição de saúde mental. plantonistas da própria instituição atendessem a
,losé Bl-e.g.el' abordou corn precisào a inrincada psi- este público. Tal atitude seria tão incoerente quânto
lo BLEGER, ,tosé. codinâmica institucionai no âto terapêutico. Seguatlo um psicoterâper:tâ desenvolver uma "auto-terâPiâ". 'o BLEGER, Josê.
Temas em Psico- ele, há a tendência da instituição em se burocratizar na SabÍamos da impossitrilidade de abarcar a institui- Psico-Hiiene e Psi'
1',
*-lY:l* 1':::, sua ação tempêutica" Este processo sur[F como defesa. ção fazendo parte dela. Bleger conceituou com pre- cologiaInstitucionaL
Nueva Vision' 1980' Porto Âlegre: Artes
Âs estrutura^s das instinrições são as mesmâs de seu obje-
..i,trr:!11.:,,.
Médicas, 19M.
to de trabalho, Sendo assim, para trabalharmos com :: rlr: if::: :
l"RocERs, c.,L seu paciente, acre<litamos que atravós cle uma relação tologia. São Paulo,
neiro de seus sintomas. Como exemplo, podemos pen_
Tornar-se Pessoa. terapêutica com câÍâcterísticas específlcas, podemos Manole,1979.
sar no suieittl fóbico que restringe sua l-i<ia com meclo
São Paulo: Francisco
facilitar para que nosso cliente se equilil:re. f)esta frrrma,
Alves,197/" de encontrar o obieto de sua fobia., ou o obsessivo,
não aruamos sobre o mesmq porém acompanhamos que âpesâr de perceber a incoerência de seus pcÍl§*_
como instrümento facilitador pârâ esre equilíbrio. Ínentos obsessivos ou de seus rituais mágicos, seÍrte_se
Nlesmo em casos sraves, onde a ten<Jência da impotente frente a eles. Podemos citar ci delirante que
pessoa em estai:ilizâÍ*se em um rnodo saudável de interage com o mundo de maneira restrita a partir drs
funcionamento pârece estar irremediarrelmente com- suas convicções clelirantes. Este e um conceito méclico,
prometi<lo, â posturâ frente a ele, enfatizandr: seu no entasto, ele pode scr rnüto eficiente orientando a
aspecto saudável e seu poteflcial, costuma trazet ação psicológica em um hospital psiquiátrico.
respostâs positivas. Acreditamr:s que o psicoteÍapeutâ
Se considerarmos a doença mental como um
deva oferecer-se como ferramenta ao seu cliente. Â cerceâmento à liberdade, roda a açâo terapêuúca e o
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Plantáo Psicológico: novos horizontes
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