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NÚCLEO DE COMPLEMENTAÇÃO

PEDAGÓGICA

CURSO DE NÚCLEO DE
COMPLEMENTAÇÃO
Coordenação Pedagógica – IBRA

DISCIPLINA

ENFRENTANDO A INDISCIPLINA E
A VIOLÊNCIA NA ESCOLA
Sumário

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3
2. O QUE É ESCOLA? ............................................................................................. 5
2.1. Origens .................................................................................................... 5
2.2 Definições ......................................................................................................... 5
2.3. Para que servem as escolas e as famílias ......................................................... 6

2.4. A família como contexto de desenvolvimento humano .................................. 7

2.5. A família e suas configurações ........................................................................ 8


2.6. Vínculos familiares como pontos de apoio: Implicações para o
desenvolvimento .......................................................................................................... 10
3. A ESCOLA COMO UM CONTEXTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO ............. 13
3.1. A escola tem sua função social ..................................................................... 13
3.2. Compreendendo as relações existentes entre a família e a escola ........... 15

3.3. As expectativas de futuro e impotência dos professores ........................... 20

3.4. Atitudes docentes PA melhoria comportamental dos alunos .................... 21

4. O PSICOLOGO ESCOLAR, O INTERMEDIADOR ............................................... 23


4.1. O aconselhamento psicológico na escola ..................................................... 24
4.2. Desafios e perspectivas ............................................................................... 25

5. REFERENCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS ................................................. 27


1. INTRODUÇÃO

Intervenções terapêuticas eficazes precisam ser


realizadas com base na compreensão integral do indivíduo, e esta
compreensão acontece através de uma postura diagnóstica por parte
dos profissionais durante todo o período de contato com o paciente.
Esta postura engloba: conduta investigativa, estabelecimento de
vínculo, troca de informações entre os profissionais que cuidam do
mesmo indivíduo, reavaliações periódicas das intervenções realizadas
e replanejamento, caso se faça necessário. A escola e a família têm
suma importância na formação educacional do educando.
A escola no contexto contemporâneo vem sendo um local
para o aprendizado e desenvolvimento de estudos, para a aquisição de
conhecimentos, mas ela é utilizada principalmente para o processo de
socialização entre os jovens, porem seu referencial de criação, sua
estrutura esta baseada no processo de disciplina. Disciplina está que é
bem caracterizada pela sociedade disciplinar que visa aplicar a
docilização dos corpos. Como em um grande processo de ortopedia
social, visando o enquadramento de todos as normas da instituição.
Contudo nossa sociedade constituiu mudanças, o controle
excessivo sobre as normas de conduta já não se aplicam mais. Os
contextos sociais, culturas e políticos que vivenciamos ocasionaram e
estimularam estas mudanças. Tendo como o maior exemplo disto a
mudança comportamental, pelo qual passou o indivíduo estudante.
Antes o sujeito passivo desta relação de poder, agora o ativo e muitas
vezes o principal personagem do contexto.
As dificuldades estabelecidas nesta relação de poder
muitas vezes podem se mostrar de forma bastante explicita na sala de
aula. Com isto observamos o surgimento do aluno com problemas ou
mais conhecido como indisciplinado. Sendo um dos principais
problemas da escola atualmente; com os altos índices de indisciplina
dentro da unidade escolar.
Vivemos em um contexto onde os pais de alguns alunos
têm dificuldades em abordar e aplicar a disciplina em seu ambiente
familiar devido a diversos fatores; o que acarreta um comprometimento
no processo de socialização, e aprendizagem deste mesmo aluno
dentro da escola provocando uma convivência interpessoal tumultuada.
Há alguns anos atrás, vem instalando-se na nossas
sociedade, e de maneira especial em nossas escolas, a convicção de
que os estudantes vão sendo cada vez mais indisciplinados e mal-
educados, mostram comportamentos que interrompem o clima
acadêmico da escola, quando nesse contexto protagonizam agressões
verbais e físicas, furtos e destruição do mobiliário, e outros.
É necessário e essencial à educação saber estabelecer
limites e valorizar a disciplina, e para isso é necessário a presença de
uma autoridade saudável. O segredo que vai fazer um diferencial entre
autoritarismo do comportamento de autoridade adotado para que outra
pessoa torne-se mais educada ou disciplinada está no respeito à auto-
estima.

As escolas, cuja tarefa é introduzir os alunos nas normas


da sociedade, na maioria das vezes se omitem. O estudo é essencial,
portanto os filhos têm obrigação de estudar. Caso não o façam, terão
sempre que arcar com as conseqüências de sua indisciplina

Precisamos fazer despertar o interesse de pais e


educadores os limites da disciplina numa maneira bem-humorada e
realista, mostrando que tanto pais quanto professores, são educadores,
e não podem se esquivar da tarefa de apontar na medida certa os
limites para que os jovens se desenvolvam bem intelectualmente e
consigam viver bem e em harmonia.

As crianças aprendem como comportar-se em sociedade


ao conviver com outras pessoas, principalmente com os próprios pais.
A maioria dos comportamentos infantis é aprendida por meio da
imitação, da experimentação e da invenção.

A instituição escola ainda persistindo em seu conceito


disciplinar se recusa a enxergar para além dos muros da escola, se
extingue, de qualquer responsabilidade com relação a indisciplina
acadêmica , se recusa a analisar o porquê de tais comportamentos, e
muitas vezes, não considerando problemas familiares, econômicos ou
psicológicos pelos quais passam seus estudantes e que
consequentemente influenciam diretamente em seu comportamento no
âmbito escolar, afinal o estudante e só um indivíduo que tende a
manter o mesmo padrão comportamental em ambientes diferentes.

2. O QUE É ESCOLA?

Entende-se por escola a instituição que se dedica ao


processo de ensino entre alunos e docentes. A escola e uma das
instituições mais importantes na vida de uma pessoa, talvez também
como uma das primordiais da família, já que na atualidade se
estabelece que uma criança faça parte da escola desde a sua infância
para finalizar aproximadamente na idade adulta.
Lugar com autoridades capazes de nos ensinar.
Lugar de aprendizado, ensino e capacitação. Lugar de informatização.

2.1. Origens

As sociedades mais complexas foram surgindo, assim


como as instituições políticas e as práticas econômicas. Com isso,
passou-se a pensar que a educação familiar não seria mais suficiente,
e aí começaram a surgir os primeiros professores que eram
especializados em repassar conhecimentos. Não havia ainda, no
entanto, um espaço específico para aprender: isso era feito em casa.

Professores eram contratados por aquelas famílias que


tinham condições financeiras para dar aula às crianças da casa.

2.2. Definições

Instituição que tem o encargo de educar, segundo progra


mas e planos sistemáticos, os indivíduos nas diferentes idades da sua
formação;
Edifício onde se ministra o ensino;
Conjunto formado por alunos, professores e outros funcionários
O termo escola deriva do latim schola e refere-se ao
estabelecimento onde se dá qualquer gênero de instrução. Também
permite fazer alusão ao ensino que se dá ou que se recebe, ao
conjunto do corpo docente e discente de um mesmo estabelecimento
escolar, ao método, ao estilo peculiar de cada professor/docente para
ensinar, à doutrina, aos princípios e ao sistema de um autor.

As escolas são oriundas de um longo processo de


transformações, escolhas, idéias e dedicação. Na antiguidade, a
educação infantil era uma preocupação presente em diversas das
civilizações existentes. Isso era feito em casa, e os valores e
conhecimentos eram passados para os filhos. Havia uma grande
quantidade, já nessa época, de conhecimentos que eram considerados
importantes e deviam ser passados, mas também uma divisão do que
meninos e meninas deveriam aprender separadamente de um
estabelecimento de ensino.

.
2.3. Para que servem a escola e a família?

A escola e a família compartilham funções sociais,


políticas e educacionais, na medida em que contribuem e influenciam a
formação do cidadão (Rego, 2003). Ambas são responsáveis pela
transmissão e construção do conhecimento culturalmente organizado,
modificando as formas de funcionamento psicológico, de acordo com
as expectativas de cada ambiente. Portanto, a família e a escola
emergem como duas instituições fundamentais para desencadear os
processos evolutivos das pessoas, atuando como propulsoras ou
inibidoras do seu crescimento físico, intelectual, emocional e social.
Na escola, os conteúdos curriculares asseguram a
instrução e apreensão de conhecimentos, havendo uma preocupação
central com o processo ensino-aprendizagem.
Já, na família, os objetivos, conteúdos e métodos se
diferenciam, fomentando o processo de socialização, a proteção, as
condições básicas de sobrevivência e o desenvolvimento de seus
membros no plano social, cognitivo e afetivo.
A integração entre escola e família tem despertado,
recentemente, o interesse dos pesquisadores (Davies, Marques &
Silva, 1997; Marques, 2002; Oliveira & cols., 2002), principalmente no
que se refere às implicações deste envolvimento para o
desenvolvimento social e cognitivo e o sucesso escolar do aluno.
Para, Polônia, A. C., & Dessen, M. A. (2007), os
ambientes familiar e escolar, são descritos como contextos de
desenvolvimento humano, ressaltando a importância do
estabelecimento de relações apropriadas entre ambos.
A primeira seção trata da família e de seu espaço como
agente socializador, onde é enfatizado aspectos relacionados às
configurações familiares, à rede social de apoio e aos vínculos
familiares e suas implicações para o desenvolvimento humano.
Na segunda seção, a escola é destacada como um
contexto de desenvolvimento, priorizando uma reflexão sobre sua
função social, suas tarefas e papéis na sociedade contemporânea,
especificamente no que diz respeito ao cenário político- pedagógico.
A terceira seção apresenta argumentos na direção de
estimular o envolvimento entre a família e a escola. E enfatiza-se a
necessidade de envidar esforços para que haja uma melhor
compreensão das relações família-escola, de modo a assegurar que
ambos os contextos sejam espaços efetivos para a aprendizagem e o
desenvolvimento humano.

2.4. A Família como contexto de desenvolvimento


humano.

A família, presente em todas as sociedades, é um dos


primeiros ambientes de socialização do indivíduo, atuando como
mediadora principal dos padrões, modelos e influências culturais
(Amazonas, Damasceno, Terto & Silva, 2003; Kreppner, 1992, 2000).
É também, considerada, a primeira instituição social que,
em conjunto com outras, busca assegurar a continuidade e o bem estar
dos seus membros e da coletividade, incluindo a proteção e o bem
estar da criança.
A família é vista como um sistema social responsável pela
transmissão de valores, crenças, Idéias e significados que estão
presentes nas sociedades (Kreppner, 2000). Ela tem, portanto, um
impacto significativo e uma forte influência no comportamento dos
indivíduos, especialmente das crianças, que aprendem as diferentes
formas de existir, de ver o mundo e construir as suas relações sociais.
Como primeira mediadora entre o homem e a cultura, a
família constitui a unidade dinâmica das relações de cunho afetivo,
social e cognitivo que estão imersas nas condições materiais, históricas
e culturais de um dado grupo social. Ela é a matriz da aprendizagem
humana, com significados e práticas culturais próprias que geram
modelos de relação interpessoal e de construção individual e coletiva.
Os acontecimentos e as experiências familiares propiciam a formação
de repertórios comportamentais, de ações e resoluções de problemas
com significados universais (cuidados com a infância) e particulares
(percepção da escola para uma determinada família). Essas vivências
integram a experiência coletiva e individual que organiza, interfere e a
torna uma unidade dinâmica, estruturando as formas de subjetivação e
interação social.
E por meio das interações familiares que se concretizam
as transformações nas sociedades que, por sua vez, influenciarão as
relações familiares futuras, caracterizando-se por um processo de
influências bidirecionais, entre os membros familiares e os diferentes
ambientes que compõem os sistemas sociais, dentre eles a escola,
constituem fator preponderante para o desenvolvimento da pessoa.
Portanto, as transformações tecnológicas, sociais e
econômicas favorecem as mudanças na estrutura, organização e
padrões familiares e, também, nas expectativas e papéis de seus
membros. E a constituição e a estrutura familiar, por sua vez, afetam
diretamente a elaboração do conhecimento e as formas de interação
no cotidiano das famílias (Amazonas & cols., 2003; Campos &
Francischini, 2003). Portanto, ela é a principal responsável por
incorporar as transformações sociais e intergeracionais ocorridas ao
longo do tempo, com os pais exercendo um papel preponderante na
construção da pessoa, de sua personalidade e de sua inserção no
mundo social e do trabalho (Távora, 2003; Volling & Elins, 1998).
No ambiente familiar, a criança aprende a administrar e
resolver os conflitos, a controlar as emoções, a expressar os diferentes
sentimentos que constituem as relações interpessoais, a lidar com as
diversidades e adversidades da vida (Wagner, Ribeiro, Arteche &
Bornholdt, 1999). Essas habilidades sociais e sua forma de expressão,
inicialmente desenvolvidas no âmbito familiar, têm repercussões em
outros ambientes com os quais a criança, o adolescente ou mesmo o
adulto interagem, acionando aspectos salutares ou provocando
problemas e alterando a saúde mental e física dos indivíduos (Del
Prette & Del Prette, 2001).

2.5. A Família e suas configurações

Os membros de famílias contemporâneas têm se


deparado e adaptado às novas formas de coexistência oriundas das
mudanças nas sociedades, isto é, do conflito entre os valores antigos e
o estabelecimento de novas relações (Chaves, Cabral, Ramos, Lordelo
& Mascarenhas, 2002). Como parte de um sistema social, englobando
vários subsistemas, os papéis dos seus membros são estabelecidos
em função dos estágios de desenvolvimento do indivíduo e da família
vista enquanto grupo (Dessen, 1997; Kreppner, 1992, 2000). Por
exemplo, ser adolescente crescendo em uma família ‘nuclear
tradicional’, com irmãos biológicos, é diferente de sê-lo em uma família
recasada, coabitando com padrasto e irmãos não biológicos.
Sendo composta por uma complexa e dinâmica rede de
interações que envolve aspectos cognitivos, sociais, afetivos e
culturais, a família não pode ser definida apenas pelos laços de
consanguineos, mas sim por um conjunto de variáveis incluindo o
significado das interações e relações entre as pessoas (Petzold, 1996).
A própria concepção científica dela evidencia o
entrelaçamento das variáveis biológicas, sociais, culturais e históricas
que exercem grande influência nas relações familiares, constituindo a
base para as formas contemporâneas dela. Os laços de
consanguinidade, as formas legais de união, o grau de intimidade nas
relações, as formas de moradia, o compartilhamento de renda são
algumas dessas variáveis que, combinadas, irão permitir a identificação
de 196 tipos de famílias, produto de cinco subsistemas resultantes da
concepção ecológica de micro, meso, exo, macro e cronossistema
(Petzold, 1996).
De acordo com a concepção proposta por Petzold (1996),
a combinação derivada do microssistema tem como base as relações
diádicas, isto é, como os genitores interagem, com destaque para o
grau de intimidade: se o estilo de vida é compartilhado ou separado, se
esta relação é considerada heterossexual ou homossexual, se há
alteridade no poder ou não. Já aquelas influências provenientes do
mesossistema compreendem as relações com os filhos, ou seja, a sua
presença ou ausência, se eles são biológicos ou adotivos e se moram
com os pais ou não. No tocante ao exossistema do grupo familiar, esse
engloba os contextos e as redes sociais que asseguram o sentimento
de pertencer a um grupo especial, social ou cultural, tais como as
relações mantidas por laços de consangüinidade ou casamento,
vínculos de dependência ou autonomia financeira ou emocional.
E o macrossistema reflete os valores e as crenças
compartilhadas por um conjunto de pessoas, por exemplo,
relacionadas ao fato de a união ser civil ou não, de a relação ser
estável ou temporária, de os cônjuges habitarem ou não o mesmo
espaço físico. E, por fim, o cronossistema diz respeito às
transformações da família na sociedade, incluindo as suas diferentes
configurações ao longo do tempo, dentre as quais a família extensa e a
monoparental.
O próprio conceito de família e a configuração dela têm
evoluído para retratar as relações que se estabelecem na sociedade
atual.
Não existe uma configuração familiar ideal, porque são
inúmeras as combinações e formas de interação entre os indivíduos
que constituem os diferentes tipos de famílias contemporâneas
(Stratton, 2003): nuclear tradicional, recasadas, ano parentais,
homossexuais, dentre ou trás combinações. Os padrões familiares vão
se transformando e reabsorvendo as mudanças psicológicas, sociais,
políticas, econômicas e culturais, o que requer adaptações e
acomodações às realidades enfrentadas(Wagner, Halpern & Bornholdt,
1999).
E, os arranjos familiares distintos que vão surgindo, por
sua vez, provocam transformações nas relações familiares, nos papéis
desempenhados pelos seus membros, nos valores, nas funções
intergeracionais, nas expectativas e nos processos de desenvolvimento
do indivíduo.
Portanto, a família, hoje, não é mais vista como um
sistema privado de relações; ao contrário, as atividades individuais e
coletivas estão intimamente ligadas e se influenciam mutuamente. O
que ocorre na família e na sociedade é sintetizado, elaborado e
modificado provocando a evolução e atualização dela e de sua história
na sociedade (Kreppner, 1992).
A família também é a responsável pela transmissão de
valores culturais de uma geração para outra. Essa transmissão de
conhecimentos e significados possibilita o compartilhar de regras,
valores, sonhos, perspectivas e padrões de relacionamentos, bem
como a valorização do potencial dos seus membros e de suas
habilidades em acumular, ampliar e diversificar as experiências.
De acordo com Kreppner (2000), a família e suas redes
de interações asseguram a continuidade biológica, as tradições, os
modelos de vida, além dos significados culturais que são atualizados e
resgatados, cronologicamente.
Ao desempenhar suas funções, dentre as quais a
socialização da criança, a família estabelece uma estrutura mínima de
atividades e relações em que os papéis de mãe, pai, filho, irmão,
esposa, marido, e outros são evidenciados. Todavia, a formação dos
vínculos afetivos não é imutável, pelo contrário, ela vai se diferenciando
e progredindo mediante as modificações do próprio desenvolvimento
da pessoa, as demandas sociais e as transformações sofridas pelo
grupo sócio-cultural (Kreppner, 2000). De acordo com este autor, além
de se adaptar às mudanças decorrentes do crescimento dos seus
membros, a família ainda tem a tarefa de manter o bem estar
psicológico de cada um, buscando sempre nova estabilidade nas
relações familiares.
Neste processo contínuo de busca por estabilidade, as
famílias contam ou não com o suporte de uma rede social de apoio,
que permite a elas superarem (ou não) as dificuldades decorrentes de
transições do desenvolvimento (Dessen & Braz, 2000).
Independente das que ocorrem no âmbito familiar, elas
são produtoras de mudanças que podem funcionar como aspectos
propulsores ou inibidores do desenvolvimento, influenciando, direta ou
indiretamente, os modos de criação dos filhos. No entanto, a principal
rede de apoio da família é oriunda das próprias interações entre seus
membros. Contatos negativos, conflitos, rompimentos e insatisfações
podem gerar problemas futuros, particularmente nas crianças. Por
outro lado, relações satisfatórias e felizes entre marido e esposa
constituem fonte de apoio para ambos os cônjuges, sobretudo para a
mulher (Dessen & Braz, 2005).

2.6. Vínculos familiares como pontos de apoio:


implicações para o desenvolvimento

Os laços afetivos formados dentro da família,


particularmente entre pais e filhos, podem ser aspectos
desencadeadores de um desenvolvimento saudável e de padrões de
interação positivos que possibilitam o ajustamento do indivíduo aos
diferentes ambientes de que participa. Por exemplo, o apoio parental,
em nível cognitivo, emocional e social, permite à criança desenvolver
repertórios saudáveis para enfrentar as situações cotidianas (Eisenberg
& cols., 1999).
Por outro lado, esses laços afetivos podem dificultar o
desenvolvimento, provocando problemas de ajustamento social (Booth,
Rubin & Rose-Krasnor, 1998). Volling e Elins (1998) mostraram que o
estresse parental, a insatisfação familiar e a incongruência nas atitudes
dos pais em relação à criança geram problemas de ajustamento e
dificuldades de interação social.
As figuras parentais exercem grande influência na
construção dos vínculos afetivos, da auto-estima, auto conceito e,
também, constroem modelos de relações que são transferidos para
outros contextos e momentos de interação social (Volling & Elins,
1998). Por exemplo, pais punitivos e coercitivos podem provocar em
seus filhos comportamentos de insegurança, dificuldades de
estabelecer e manter vínculos com outras crianças, além de problemas
de risco social na escola e na vida adulta.
Booth e cols (1998) investigaram o apoio social e
emocional de mães e de outras pessoas envolvidas com a criança e
suas repercussões na adolescência e vida adulta. Eles observaram que
a qualidade da relação mãe-criança é transferida, posteriormente, para
outras relações interpessoais, na escola e no grupo de amigos.
Paralelamente, identificaram que a qualidade da relação com os pares
e amigos pode compensar a baixa qualidade de interação com as
mães. Os laços afetivos asseguram o apoio psicológico e social entre
os membros familiares, ajudando no enfrentamento do estresse
provocado por dificuldades do cotidiano (Oliveira & Bastos, 2000). E os
padrões de relações familiares relacionam-se intrinsecamente a uma
rede de apoio que possa ser ativada, em momentos críticos,
fomentando o sentimento de pertença, a busca de soluções e
atividades compartilhadas.
No entanto, nem sempre as famílias constituem uma rede
de apoio funcional e satisfatória ou, mesmo, melhor que outras.
Dell’Aglio e Hutz (2002) compararam estratégias de enfrentamento
entre crianças institucionalizadas e as que viviam com suas famílias e
não encontraram diferenças nas de busca de apoio social e ação
agressiva.
Segundo os autores, muitas vezes, as instituições têm
condições físicas, materiais e organizacionais e contam com
profissionais e rotinas que estabelecem uma rede social de apoio forte
e adequada. Portanto, o desenvolvimento de estratégias de
enfrentamento apropriadas é influenciado pela qualidade das relações
afetivas, coesão, segurança, ausência de discórdia e organização, quer
na família ou na instituição. Tais aspectos constituem importantes
fatores de proteção para o indivíduo, favorecendo o desenvolvimento
de habilidades e competências sociais e, conseqüentemente, sua
capacidade de adaptação às situações cotidianas (Chaves, Guirra,
Borrione & Simões, 2003).
Diante dos problemas e desafios enfrentados pela família,
e sem uma rede de apoio social que promova a superação do estresse,
a resolução de conflitos e o restabelecimento de uma dinâmica familiar
saudável, as famílias podem desenvolver padrões de relacionamento
disfuncionais, tais como: maus tratos à criança, violência intra familiar,
abuso de substâncias, conflitos. Nesses casos, as instituições públicas
ou privadas, incluindo a escola, têm um papel importante oferecendo
apoio, direta ou indiretamente, portarás pessoas envolvidas com a
criança e suas repercussões na adolescência e vida adulta. Eles
observaram que a qualidade da relação mãe-criança é transferida,
posteriormente, para outras relações interpessoais, na escola e no
grupo de amigos. Paralelamente, identificaram que a qualidade da
relação com os pares e amigos pode compensar a baixa qualidade de
interação com as mães.
Os laços afetivos asseguram o apoio psicológico e social
entre os membros familiares, ajudando no enfrentamento do estresse
provocado por dificuldades do cotidiano (Oliveira & Bastos, 2000). E os
padrões de relações familiares relacionam-se intrinsecamente a uma
rede de apoio que possa ser ativada, em momentos críticos,
fomentando o sentimento de pertença, a busca de soluções e
atividades compartilhadas.
No entanto, nem sempre as famílias se constituem uma
rede de apoio funcional e mesmo satisfatória ou, melhor que outras.
Dell’Aglio e Hutz (2002) compararam estratégias de enfrentamento
entre crianças institucionalizadas e as que viviam com suas famílias e
não encontraram diferenças nas de busca de apoio social e ação
agressiva.
Segundo os autores, muitas vezes, as instituições têm
condições físicas, materiais e organizacionais e contam com
profissionais competentes e rotinas que estabelecem uma rede social
de apoio forte e adequada.
Portanto, o desenvolvimento de estratégias de
enfrentamento apropriadas é influenciado pela qualidade das relações
afetivas, coesão, segurança, ausência de discórdia e organização, quer
na família ou na instituição. Tais aspectos constituem importantes
fatores de proteção para o indivíduo, favorecendo o desenvolvimento
de habilidades e competências sociais e, conseqüentemente, sua
capacidade de adaptação às situações cotidianas (Chaves, Guirra,
Borrione & Simões, 2003).
Frente aos problemas e os desafios enfrentados pela
família, e sem uma rede de apoio social que promova a superação do
estresse, a resolução de conflitos e o restabelecimento de uma
dinâmica familiar saudável, as famílias podem desenvolver padrões de
relacionamento disfuncionais, tais como: maus tratos à criança,
violência intra familiar, abuso de substâncias e conflitos. Nesses casos,
as instituições públicas ou privadas, incluindo a escola, têm um papel
importante oferecendo apoio, direta ou indiretamente, por meio de
programas de educação familiar (Dessen & Pereira-Silva, 2004) ou de
elaboração de políticas públicas para a promoção da saúde. Estas
devem considerar os fatores de estresse e estimular a formação de
redes de apoio social, seja na própria comunidade ou nos centros de
atendimento à população, seja na escola, já que esta ocupa um lugar
de destaque nas sociedades contemporâneas.

3. A escola como um contexto de


desenvolvimento humano

A escola se constitui um contexto diversificado de


desenvolvimento e aprendizagem, isto é, um local que reúne
diversidade de conhecimentos, atividades, regras e valores e que é
permeado por conflitos, problemas e diferenças (Mahoney, 2002). É
nesse espaço físico, psicológico, social e cultural que os indivíduos
processam o seu desenvolvimento global, mediante as atividades
programadas e realizadas em sala de aula e fora dela (Rego, 2003).
O sistema escolar, além de envolver uma gama de
pessoas, com características diferenciadas, inclui um número
significativo de interações contínuas e complexas, em função dos
estágios de desenvolvimento do aluno. Trata-se de um ambiente
multicultural que abrange também a construção de laços afetivos e
preparo para inserção na sociedade (Oliveira, 2000).

3.1. A escola tem sua função social

A escola emerge, portanto, como uma instituição


fundamental para o indivíduo e sua constituição, assim como para a
evolução da sociedade e da humanidade (Davies & cols., 1997; Rego,
2003). Como um microssistema da sociedade, ela não apenas reflete
as transformações atuais como também tem que lidar com as
diferentes demandas do mundo globalizado. Uma de suas tarefas mais
importantes, embora difícil de ser implementada, é a de preparar tanto
alunos como professores e pais para viverem e superarem as
dificuldades em um mundo de mudanças rápidas e de conflitos
interpessoais, contribuindo para o processo de desenvolvimento do
indivíduo.
Coerente com essa concepção, à escola compete
propiciar recursos psicológicos para a evolução intelectual, social e
cultural do homem (Hedeggard, 2002; Rego, 2003). Ao desenvolver,
por meio de atividades sistemáticas, a articulação dos conhecimentos
culturalmente organizados, ela possibilita a apropriação da experiência
acumulada e as formas de pensar, agir e interagir no mundo, oriundas
dessas experiências. Concomitantemente, ela proporciona o emprego
da linguagem simbólica, a apreensão dos conteúdos acadêmicos e
compreensão dos mecanismos envolvidos no funcionamento mental,
fundamentais ao processo de aprendizagem. Assim, a atualização do
conhecimento cultural e sua organização constante são premissas
importantes para entender o papel dela e sua relação com a pessoa
em desenvolvimento.
A escola é uma instituição social que tem objetivos e
metas determinadas, que emprega e reelabora os conhecimentos
socialmente produzidos, com o intuito de promover a aprendizagem e
efetivar o desenvolvimento das funções psicológicas superiores:
memória seletiva, criatividade, associação de idéias, organização e
sequência de conhecimentos, dentre outras (Oliveira, 2000).
Ela é um espaço em que o indivíduo tende a funcionar de
maneira preditiva, pois, em sala de aula, há momentos e atividades que
são estruturadas com objetivos programados e outros mais informais
que se estabelecem na interação da pessoa com seu ambiente social.
Por exemplo, na escola, o aluno tem rotinas como hora do intervalo e
do lanche, em que os objetivos educacionais se dirigem à convivência
em grupo e à inserção na coletividade. No tocante às atividades
acadêmicas, espera-se, por exemplo, que os alunos dominem a
interpretação, as regras fundamentais para expressão oral, a escrita e
realizem cálculos de forma independente.
O currículo escolar estabelece objetivo e atividades,
conforme a série dos alunos, facilitando o acompanhamento do
processo de ensino-aprendizagem, nas diferentes faixas etárias. Desde
o maternal até a educação de adultos, a escola tem peculiaridades em
relação à sua estrutura física, à organização dos conteúdos e
metodologias de ensino, respeitando e considerando a evolução do
aprendiz, bem como articulando os conhecimentos científicos, às
experiências dos alunos. Por exemplo, no ensino médio, espera-se que
o aluno apresente um raciocínio capaz de forma hipóteses, demonstre
autonomia nos estudos e pesquisas, enquanto que, no fundamental, os
objetivos se dirijam ao domínio das operações complexas, empregando
materiais concretos e experiências advindas do contexto familiar do
aluno (Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental,
2001).
Marques (2001) destaca que a função da escola no
século XXI tem o objetivo precípuo de estimular o potencial do aluno,
levando em consideração as diferenças socioculturais em prol da
aquisição do seu conhecimento e desenvolvimento global. Sob este
prisma, ele aponta três objetivos que são comuns e devem ser
buscados pelas escolas modernas: (a) estimular e fomentar o
desenvolvimento em níveis físico, afetivo, moral, cognitivo, de
personalidade; (b) desenvolver a consciência cidadã e a capacidade de
intervenção no âmbito social; (c) promover uma aprendizagem de
forma contínua, propiciando, ao aluno, formas diversificadas de
aprender e condições de inserção no mercado de trabalho. Isto implica,
necessariamente, em promover atividades ligadas aos domínios
afetivos, motor, social e cognitivo, de forma integrada à trajetória de
vida da pessoa. Marques (2001) enfatiza também a importância das
tarefas desempenhadas em sala de aula que favorecem as formas
superiores de pensar e aprender, tais como memória seletiva,
criatividade, raciocínio abstrato, pensamento lógico, tendo o professor
uma função preponderante nesta mediação.
Para Wallon, as idéias da mediação do conhecimento
realizadas pelo professor, por meio de materiais concretos, padrões e
modelos de aprendizagem e comportamento, permitem que, na sala de
aula, se incorpore uma ação coletiva que se estrutura e funciona
graças ao uso de estratégias específicas, como o trabalho em grupo e
aos pares, e a realização de atividades recreativas, competitivas e
jogos (Almeida, 2000).
No entanto, o uso de estratégias deve ser adaptado às
realidades distintas dos alunos e professores, às demandas da
comunidade e aos recursos disponíveis, levando em conta as
condições e peculiaridades de cada época ou momento histórico.
Neste sentido, é importante identificar as condições evolutivas dos
segmentos: professores, alunos, pais e comunidade, em geral, para o
planejamento de atividades no âmbito da escola.
Em síntese, a escola é uma instituição em que se
priorizam as atividades educativas formais, sendo identificada como um
espaço de desenvolvimento e aprendizagem e o currículo, no seu
sentido mais amplo, devem envolver todas as experiências realizadas
nesse contexto. Isto significa considerar os padrões relacionais,
aspectos culturais, cognitivos, afetivos, sociais e históricos que estão
presentes nas interações e relações entre os diferentes segmentos.
Dessa forma, os conhecimentos oriundos da vivência familiar podem
ser empregados como mediadores para a construção dos
conhecimentos científicos trabalhados na escola.
3.2. Compreendendo as relações existentes entre a
família e a escola

Para compreender os processos de desenvolvimento e


seus impactos na pessoa, é preciso focalizar tanto o contexto familiar
quanto o escolar e suas inter-relações (Polonia & Dessen, 2005). Por
exemplo, o planejamento de pesquisa sobre violência na adolescência
deve incluir tanto as variáveis familiares, que podem contribuir
significativamente para a manutenção de comportamentos anti-sociais
na escola, quanto as relacionadas diretamente com a escola, como o
baixo desempenho acadêmico, que, aliadas aos fatores interpessoais,
acentuam este problema (Ferreira & Marturano, 2002; Oliveira & cols.,
2002).
Outros exemplos bastante conhecidos são a evasão e
repetência escolar. Sabe-se que a estrutura familiar tem um forte
impacto na permanência do aluno na escola, podendo evitar ou
intensificar a evasão e a repetência escolar.
Dentre os aspectos que contribuem para isto estão as
características individuais, a ausência de hábitos de estudo, a falta às
aulas e os problemas de comportamento (Fitzpatrick & Yoles, 1992).
Em todos estes fatores, a família exerce uma poderosa
influência. Embora um sistema escolar transformador possa reverter
esses aspectos negativos, faz-se necessário que a escola conte com a
colaboração de outros contextos que influenciam significativamente a
aprendizagem formal do aluno, incluindo a família (Fantuzzo, Tighe &
Childs, 2000).
É importante ressaltar que a família e a escola são
ambientes de desenvolvimento e aprendizagem humana que podem
funcionar como propulsores ou inibidores dele.
Estudar as relações em cada contexto e entre eles pode
constitui fonte importante de informação, na medida em que permite
identificar aspectos ou condições que geram conflitos e ruídos nas
comunicações e, consequentemente, nos padrões de colaboração
entre eles. Nesta direção, é importante observar como a escola e,
especificamente, os professores empregam as experiências que os
alunos têm em casa.
Face à leitura, é muito importante que a escola conheça
e saiba como utilizar as experiências de casa para gerir as
competências imprescindíveis ao letramento. A interpretação de textos
ou a escrita podem ser estimuladas pelos conhecimentos oriundos de
outros contextos, servindo de auxílio à aprendizagem formal.
As pesquisas têm demonstrado que os pais estão
constantemente preocupados e envolvidos com as atividades escolares
dos filhos e que dirigem a sua atenção à avaliação do aproveitamento
escolar, sendo isto independente do nível socioeconômico ou
escolaridade (Polonia & Dessen, 2005).
Os pais supervisionam e acompanham não somente a
realização das atividades escolares, mas também adotam, em suas
residências, estratégias voltadas à disciplina e ao controle de
atividades lúdicas. Estas ações permitem a eles analisarem,
identificarem e realizarem intervenções nos processos de
desenvolvimento e aprendizagem dos filhos (Sanders & Epstein, 1998).
Ainda, neste aspecto, Epstein (citado por Marques, 2002)
destaca o envolvimento dos pais em atividades, em casa, que afetam a
aprendizagem e o aproveitamento escolar. Este envolvimento ocorre
sob diferentes formas de acompanhamento das tarefas (monitorar a
sua realização), ou, ainda, em orientações sistemáticas do
comportamento social e engajamento dos filhos nas atividades da
escola, realizadas por iniciativa própria ou por sugestão da escola.
Os laços afetivos, estruturados e consolidados tanto na
escola como na família permitem que os indivíduos lidem com conflitos,
aproximações e situações oriundas destes vínculos, aprendendo a
resolver os problemas de maneira conjunta ou separada. Nesse
processo, os estágios diferenciados de desenvolvimento,
característicos dos membros da família e também dos segmentos
distintos da escola, constituem fatores essenciais na direção de
provocar mudanças nos papéis da pessoa em desenvolvimento, com
repercussões diretas na sua experiência acadêmica e psicológica;
dependendo do nível de desenvolvimento e demandas do contexto, é
possibilitado à criança, quando entra na escola, um maior grau de
autonomia e independência comparado ao que tinha em casa, o que
amplia seu repertório social e círculo de relacionamento.
Neste caso, a escola oferece uma oportunidade de
exercitar um novo papel que propiciará mecanismos importantes para o
seu desenvolvimento cognitivo, social, físico e afetivo, distintos do
ambiente familiar.
Outro aspecto a ser destacado nas pesquisas e
programas é a formação das redes sociais de apoio. Deve-se, então,
caracterizar as dimensões distintas de envolvimento, seja na família ou
na escola, e descrever como e quando essa rede de relações e apoio à
pessoa em desenvolvimento pode ser utilizada.
Na família, há o reconhecimento do papel dos pais,
irmãos e outras pessoas que convivem com a criança ou adolescente e
sua contribuição para o desenvolvimento geral e acadêmico.
Na escola, destacam- se os professores e os pares, uma
vez que estes se envolvem cotidianamente em atividades programadas
e realizam intervenções importantes que afetam o processo de ensino
e aprendizagem. Considerando que as redes de apoio são constituídas
pela diversidade de interações entre as pessoas, são estas que
permitem a construção de repertórios para lidar com as adversidades e
problemas surgidos, possibilitando sua superação com sucesso
(Ferreira & Marturano, 2002).
No tocante à colaboração escola-família, é importante
enfatizar a necessidade de se estruturar atividades apropriadas à série
do aluno, particularmente em se tratando da participação dos pais no
seu acompanhamento.
Segundo Desland e Bertrand (2005), a necessidade ou
não de supervisão aos filhos, depende das demandas implícitas ou
explícitas deles que, por sua vez, estão relacionadas a fatores como
idade, independência, autonomia e desempenho como aluno.
Esses autores vão além, afirmando que, ao participarem,
os pais se predispõem e se sentem referendados pelos filhos,
acionando recursos que envolvem a ajuda e o acompanhamento;
quando os filhos mostram necessidade de trabalharem sozinhos, os
pais se afastam, reduzindo seu nível de supervisão e auxílio às tarefas
escolares. Esta é uma questão polêmica que requer investigações mais
detalhadas, considerando a série do aluno, as competências exigidas
pela escola e a necessidade de autonomia e independência do aluno.
Apesar dos esforços, tanto da escola quanto da família, em
promoverem ações de continuidade, há barreiras que geram
descontinuidade e conflitos na integração entre estes dois
microssistemas. Uma das dificuldades na integração família-escola é
que esta ainda não comporta, em seus espaços acadêmicos, sociais e
de interação, os diferentes segmentos da comunidade e, por isso, não
possibilita uma distribuição equitativa das competências e o
compartilhar das responsabilidades. Carneiro (2003) afirma que a
mudança deste paradigma depende de uma transformação na cultura
vigente da escola e que o projeto político-pedagógico poderia ser um
dos meios para promover esta inserção.
Ainda, as formas de avaliação adotadas, bem como as
estratégias para superar as dificuldades presentes no processo ensino-
aprendizagem, de maneira a incluir a família, exigem que as escolas
insiram essa discussão no projeto pedagógico, como forma de
assegurar a sua compreensão e efetivar a participação dos pais que é
ainda um ponto crítico na esfera educacional. Com isso, pode-se
romper o estereótipo presente da preocupação centrada apenas nos
resultados acadêmicos (Kratochwill, McDonald, Levin, Bear-Tibbetts &
Demaray, 2004).
Além disso, o conhecimento dos valores e práticas
educativas que são adotadas em casa, e que se refletem no âmbito
escolar e vice-versa, são imprescindíveis para manter a continuidade
das ações entre a família e a escola (Keller-Laine, 1998). Sendo assim,
as escolas devem procurar inserir no seu projeto pedagógico um
espaço para valorizar, reconhecer e trabalhar as práticas educativas
familiares e utilizá-las como recurso importante nos processos de
aprendizagem dos alunos. Mas, a colaboração entre esses contextos
deve levar em consideração as diferenças culturais, a formação para
cidadania e a valorização de ações e de decisões coletivas (Kratochwill
& cols. 2004; Marques, 2002). As educativas verificadas no âmbito das
relações interpessoais e nos resultados acadêmicos dos alunos, têm
reflexos na participação efetiva e na integração escola-família,
assegurando uma continuidade entre os dois segmentos.
Portanto, as escolas deveriam investir no fortalecimento
das associações de pais e mestres, no conselho escolar, dentre outros
espaços de participação, de modo a propiciar a articulação da família
com a comunidade, estabelecendo relações mais próximas.
A adoção de estratégias que permitam aos pais
acompanharem as atividades curriculares da escola, beneficiam tanto a
escola quanto a família. As investigações de Keller-Laine (1998) e de
Sanders e Epstein (1998) enfatizam que é necessário planejar e criar
ações que assegurem as parcerias entre estes dois ambientes, visando
a busca de objetivos comuns e de soluções para os desafios
enfrentados pela sociedade e pela comunidade escolar.
A Psicologia Institucional, como um modelo conceitual
pertencente à Psicologia Social, propõe-se a atuar compreendendo a
estrutura, a dinâmica e a Psicologia das instituições, juntamente institui
como estratégia de trabalho que oferece instrumentos teóricos para
respaldar a entrada do psicólogo na escola como profissional que tem
como função ouvir e atuar sobre as queixas apresentadas pela
instituição no contexto escolar como um todo.
A indisciplina esta ligada diretamente a fatores sociais, que atravessam
as paredes da escola. A família e os meios de comunicação, mas
precisamente internet e TV são formadoras de subjetivação, quando as
mesmas apresentam características positivas estimulam os alunos
para realizarem atividades dinâmicas e de socialização sem
ocorrências de transtornos , porém quando ocorre o contrario as
consequências são desastrosas levando a ocorrência de um estimulo,
um reforço negativo para esses jovens.
Alguns dirão que a educação e os ensinamentos de
limites são para ser ensinados nas famílias. Têm razão os que assim
pensam. Ocorre que as famílias, têm tido pouco tempo e não
conseguem cumprir o seu papel de educação das crianças. Além disso,
a televisão ainda exerce uma influência negativa no que tange à
aquisição de limites pelas crianças. Então, o "problema" estoura na
escola, dentro e fora das salas de aulas.
3.3. As expectativas de futuro e impotência dos
professores

As expectativas de futuro profissional dos alunos são


relativamente baixas, a concepção da importância de aquisição do
conhecimento escolar se torna quase inexistente, sendo o mais
importante a diversão, e esta pratica muitas vezes estimulada pelos
próprios pais, partindo do seguinte pensamento, ser possível
sobreviver e adquirir bens de consumo sem escolarização.

Observamos também que existe um sentimento de


impotência por parte dos professores relacionados ao processo de
aprendizagem dos alunos; que muitas vezes com problemas familiares,
como vivendo em situação de misera ou cujo responsável não ofereça
apoio necessário ao processo educacional conseguintemente
apresentam um rendimento escolar insatisfatório e conturbado.
O professor precisa desempenhar seu papel, o que inclui
disposição para dialogar sobre objetivos e limitações e para mostrar ao
aluno o que a escola (e a sociedade) espera dele. Só quem tem
certeza da importância do que está ensinando e domina várias
metodologias consegue desatar esses nós. De acordo com a psicóloga
e pesquisadora em educação Tânia Zagury (Revista Nova Escola,
edição nº149, jan./fev.02) Quando há relacionamento de afeto e um
professor atencioso, qualquer caso pode ser revertido em pouco
tempo.
O preparo e bom senso do professor é o elemento chave
para que essas questões possam ser melhores abordadas. A
problemática varia de acordo com cada etapa da escolarização e,
principalmente, de acordo com os traços pessoais de personalidade de
cada aluno. De um modo geral, há momentos mais estressantes na
vida de qualquer criança, como por exemplo, as mudanças, as
novidades, as exigências adaptativas, uma nova escola ou,
simplesmente, a adaptação à adolescência. As crianças e
adolescentes como ocorrem em qualquer outra faixa etária, reagem
diferentemente diante das adversidades e necessidades adaptativas,
são diferentes na maneira de lidar com as tensões da vida. É
exatamente nessas fases de provação afetiva e emocional que vêem à
tona as características da personalidade de cada um, as fragilidades e
dificuldades adaptativas.
Há um ditado chinês que diz que, ‘se dois homens vêm
andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se
encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um;
porém, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um
carregando uma idéia e, ao se encontrarem, eles trocam as idéias,
cada homem vai embora com duas’. Quem sabe é esse mesmo o
sentido do nosso fazer: repartir idéias, para todos terem pão...
(CORTELLA, 1998, p. 159).

3.4. Atitudes docentes para melhoria


comportamental dos alunos

Quando imaginamos uma sala de aula, pensamos em um


lugar onde os alunos estejam em silêncio, prestando atenção ao
professor, que está dando aula, onde os alunos, quando querem
perguntar, levantam a mão e só podem falar após autorização do
professor. Nessa relação valorizam-se mais o professor, como se o
ensino-aprendizagem partisse do mais sábio para o menos sábio, do
mais experiente para o menos experiente. E como vimos na relação na
sala de aula todos aprendem. E o professor deve principalmente
aprender como se relacionar melhor com seus alunos e desenvolver
sua aprendizagem. Este desnível provocado pela idéia de que o
professor sempre sabe mais sobre tudo pode dar maior poder ao
professor. Esse poder, muitas vezes, gera alunos passivos, e
obedientes, mas pouco envolvidos no processo ensino-aprendizagem.
Sobre isso os conhecimentos da área de psicologia nos ensinam que:

 É importante, na sala de aula, estabelecer uma


relação que favoreça a construção conjunta do conhecimento;
 O professor é mediador no processo de
aprendizagem e responsável pelas condições para que ela ocorra;
 O conhecimento prévio, trazido pelo aluno, deve
ser valorizado e uti1izado na construção do conhecimento.

O que sempre se nota na relação professor-aluno é uma


diversidade muito grande, própria das diferenças existentes entre os
sujeitos.
Você pode observar que tanto o aluno “problema” como o
aluno “excelente” possuem uma característica comum, que é o querer
se mostrar, ou tornar-se visível. Eles se tornam visíveis, fazendo o
professor feliz ou o fazendo sofrer. É importante notar que, enquanto
esses tipos de alunos aparecem mais, os outros, considerados
“normais”, correm o risco de cair em uma zona sombria, do
esquecimento. Não podemos nos esquecer de que cada aluno é
singular, único, diferente do outro.
O fato de se dar importância para os aspectos que são
considerados negativos ou positivos do comportamento de um aluno
pode fazer com que não prestemos atenção na relação que estamos
construindo com ele dia-a-dia. Essa postura provavelmente fará com
que evidenciemos uma prática muito comum, que é a superficialidade
com que a escola ou cada um de nós se relaciona com os outros, com
o saber e com a própria vida.

Dessa maneira, aquilo que consideramos problema, na


nossa relação com os alunos, deve ser transformado em um momento
de reflexão sobre nossa prática, sobre as dúvidas que aqueles alunos-
problema fazem nascer em nós a respeito de nosso papel de
professores-educadores. Cabe então, ao professor, enquanto
educador, participar da formação de seus alunos, garantindo uma
relação que evite que uns se calem, outros apenas obedeçam e outros
dominem, estabelecendo condições para a colaboração, a
compreensão mútua e uma boa comunicação.

A intervenção do professor é de fundamental importância


para que as interações sociais que acontecem na sala de aula e que
façam parte da formação de todos os que dela participam. É importante
fornecer aos alunos referencias que possibilitem uma relação de
confiança e respeito mútuo para que as questões afetivas, emocionais,
presentes no processo de aprendizagem, possam ser discutidas e com
novos significado.

O papel do professor é desafiador pois deve: Estimular e


mediar o conhecimento com seus alunos. Para exercer esse papel, é
necessário:

 Que sejam criadas atividades que possam


promover reflexão coletiva
 Que a relação professor-aluno seja parte do
conhecimento a ser construído na sala de aula,
 Que sejam utilizados os recursos existentes em
sua região, no desenvolvimento das atividades pedagógicas que
promovam a disciplina necessária ao processo de aprendizagem.
 O professor não pode esquecer que, antes de mais
nada ele é um agente cultural, um pesquisador em potencial e um
contínuo aprendiz. Como disse Guimarães Rosa: “Professor é quem,
de repente, aprende”, e em sua prática escolar ficam alguns desafios,
tais como:
 Transformar os problemas identificados nas
relações com seus alunos em condições para se trabalhar a formação
da cidadania.
 Sair do lugar de autoridade detentora do saber e do
poder, e aprender a lidar com as indisciplinas presentes na sala de
aula.
 Possibilitar que as relações professor-aluno e
aluno-aluno sejam uma relação de confiança que dê conta das
questões afetivas que permeiam o processo de ensino-aprendizagem.
 Resgatar, juntamente com seus alunos, os papéis
de autores que elaboram escrevem e constroem a história.
 Realizar intervenções que propiciem aos alunos
saber respeitar as diferenças, estabelecer vínculos de confiança e uma
prática cooperativa e solidária.

4. O psicólogo escolar, o intermediador de


conflitos

Diante a esta situação temos a figura do psicólogo no âmbito


educacional. O mesmo atua em vários seguimentos dentro da área
educacional, dentre eles seu maior foco encontra- se nos alunos e em
seus pais ou responsáveis respectivamente.
O mesmo não tem uma rotina de trabalho pré-
estabelecida, pois sua profissão visa o compromisso com a formação
permanente no que diz respeito a valores, sempre analisando ,
discutindo, questionando diversas situações do cotidiano do ambiente
escolar.

Ele é um dos principais responsáveis pelo acompanhamento


educacional e social dos alunos “problema” como são popularmente
conhecidos os alunos indisciplinados.
Atuar junto a esses menores a fim de estimulá-los em
relação a ambições pessoais é um de seus principais objetivos, o que
os torna muitas vezes uma espécie de mentor e exemplo a seguir para
os alunos.

Nos primórdios da psicologia escolar se acreditava que o


psicólogo deveria fazer um trabalho clinico dentro da escola, corrigindo
os alunos que não se enquadravam nas normas pré-estabelecidas pela
sociedade, definidas como condutas normais. Porém compreendemos
que atualmente este processo é desenvolvido em conjunto, no qual a
escola, os alunos e pais são ouvidos para uma construção coletiva na
qual não se responsabiliza apenas uma das partes no processo de
indisciplina acadêmica.
Devido a este fator compreendemos que quanto mais
próximo os pais forem da escola melhor será o desenvolvimento
educacional de seus filhos e melhor será a relação aluno, docente,
família, pois os pais como exemplos do primeiro grupo social no qual o
jovem foi inserido poderão entender o porquê das dinâmicas de
trabalho desenvolvidos na escola, e como ocorre o duelo das forças
internas e externas da escola ; mas precisamente em relação a
comportamentos violentos e inadequados na unidade escolar.
A violência apresentada pelos alunos muitas vezes é um
reflexo do meio social onde estão inseridos, sendo a família o primeiro
grupo social ao qual somos inseridos, é importante a participação da
mesma em todo este processo a fim de se produzir uma significativa
mudança não só no âmbito escolar mas também no convívio social
como um todo.

O que essas escolas que se localizam em áreas de risco


tentam fazer é reduzir a influência negativa do meio. Uma das
maneiras usadas pelas diretoras é a de valorizar a ética e os princípios
relacionados ao estudo e ao trabalho, apresentando bons exemplos.
Antes de tudo, essas referências têm de estar dentro da própria escola.
Afinal, o respeito nas relações pessoais deve ser uma lição que se
ensina e se aprende diariamente.
"A forma de receber os estudantes, planejar e conduzir
as atividades e o próprio comportamento dos adultos, transmitem
valores. Os alunos certamente se lembrarão de gestos e atitudes de
consideração e solidariedade que presenciaram e os usarão como um
modelo durante a vida (...)
O propósito de ser uma referência positiva para os jovens
deve estar claro também para a comunidade. Por isso, é fundamental
que o gestor tenha um bom relacionamento com as famílias e os
vizinhos da escola e que os acontecimentos sejam sempre discutidos.
"O silêncio pode transmitir a mensagem equivocada de
que aquela situação é normal e aceitável (...). Isso não quer dizer, de
forma alguma, fazer acordo ou qualquer tipo de negociação com
traficantes para preservar a segurança da escola. Os especialistas são
unânimes: não é função dos educadores negociarem nem entrar em
conflito, para não colocar em risco a própria vida e a de quem transita
pela instituição. “É o estado que deve cuidar da segurança pública”.
(HEIDRICH;2010;p.03)

4.1. O aconselhamento psicológico na escola


O aconselhamento psicológico aborda diversas áreas de
atuação como, por exemplo, pessoais, sociais, educacionais e
vocacionais.
A abordagem utilizada neste trabalho visa atingir
aspectos pessoais e educacionais dos alunos envolvidos, sendo estes
desenvolvidos através de encontros individuais e posteriormente
através de seções grupais.
Através do aconselhamento psicológico direcionado aos
alunos o psicólogo consegue abordar temas que são observados como
tabu pelo ambiente escolar, como a falta de adequação do conteúdo
passado em sala de aula, para a realidade vivenciada pelos alunos, o
abandono dois pais e o uso de drogas por exemplo.
O aconselhamento psicológico tem como base a teoria de Carl Roges,
(1978) que visa estimular a superação de problemas acreditando nas
potencialidades de cada um e possibilitando que certos problemas
sejam solucionados em um curto espaço de tempo.
Na escola o aconselhamento visa estimular o processo
de conscientização dos alunos em relação as suas vidas, fazendo os a
passarem a crer em si mesmos, ou seja, elaborarem sonhos futuros.
Este processo foi realizado através da valorização dos indivíduos,
fazendo-os crer que há outra possibilidade de existência para além das
que eles vivenciam hoje, tendo como ponto de partida os
procedimentos psicológicos aplicados na escola através das dinâmicas
de grupo e das seções individuais.
O Aconselhamento Psicológico tem como teoria a de Carl
Rogers,(1978) com a abordagem centrada na pessoa, em seus
sentimentos, conflitos e percepções, acreditando na potencialidade do
homem e consequentemente capacidade de crescer e dar novos
significados a sua vida.
A técnica do Aconselhamento está relacionada à
resolução de problemas, a tomada de decisões e ao
autoconhecimento, permite a pessoa trabalhar com seus recursos em
um curto espaço de tempo, além de possibilitar o atendimento e
acolhimento de uma grande demanda. Esse tipo de apoio tem ação
educativa, preventiva e situacional voltada para soluções de problemas
imediatos, é mais direcionada a ação do que a reflexão com sentido
preventivo. Esse atendimento se trata de um momento onde a pessoa
pode se recuperar e encontrar abrigo durante a sua caminhada.
(COMAR, 2014, p.1)
4.2. Desafios e perspectivas

A família não é o único contexto em que a criança tem


oportunidade de experienciar e ampliar seu repertório como sujeito de
aprendizagem e desenvolvimento.
A escola também tem sua parcela de contribuição no
desenvolvimento do indivíduo, mais especificamente na aquisição do
saber culturalmente organizado em suas distintas áreas de
conhecimento.

Como destaca Szymanski (2001), as ações educativas da


escola e da família apresentam nuances distintas, quanto aos
objetivos, conteúdos, métodos e questões interligadas à afetividade,
bem como quanto às interações e contextos diversificados.
Na escola, as crianças investem seu tempo e se
envolvem em atividades diferenciadas ligadas às tarefas formais
(pesquisa, leitura dirigida) e aos informais de aprendizagem (hora do
recreio, excursões, atividades de lazer). Contudo, neste ambiente, o
atendimento às necessidades cognitivas, psicológicas, sociais e
culturais é realizado de maneira mais estruturada e pedagógica do que
nos de casa.
As práticas educativas escolares têm também um cunho
eminentemente social, uma vez que permitem a ampliação e inserção
dos indivíduos como cidadãos e protagonistas da história e da
sociedade.
A educação em seu sentido amplo torna-se um
instrumento importantíssimo para enfrentar os desafios do mundo
globalizado e tecnológico. Apesar da complexidade e dos desafios que
a escola enfrenta, não se pode deixar de reconhecer que os seus
recursos são indispensáveis para a formação global do indivíduo.
Conhecendo a escola e suas funções, deve-se acionar
fontes promotoras de saúde, tais como as redes sociais com a
comunidade escolar, os profissionais da escola - psicólogos,
pedagogos e orientadores educacionais, que são gabaritados (ou
deveriam ser) para realizar intervenções coletivas. É nesse espaço que
as reflexões sobre os processos de ensino-aprendizagem e as
dificuldades que surgem em sala ou em casa são realizadas (Rocha,
Marcelo & Pereira, 2002; Soares, Ávila & Salvetti, 2000).
Entretanto, como sublinham Soares e cols (2000), apesar
de a escola desenvolver aspectos inerentes à socialização das
pessoas e ser responsável pela construção, elaboração e difusão do
conhecimento, ela vem passando por crises vindas do cotidiano, que
geram conflitos e descontinuidades como a violência, o insucesso
escolar, a exclusão, a evasão e a falta de apoio da comunidade e da
família, entre outros.
Neste caso, o cenário político passa a exercer uma
influência preponderante para a solução das crises, que extrapolam o
cotidiano das escolas.
Para superar os desafios que enfrentam, hoje, uma das
alternativas é promover a colaboração entre escola e família (Polonia &
Dessen, 2005), tarefa complexa que tem despertado o interesse de
vários pesquisadores.
A família e a escola constituem os dois principais
ambientes de desenvolvimento humano nas sociedades ocidentais
contemporâneas. Assim, é fundamental que sejam implementadas
políticas que assegurem a aproximação entre os dois contextos, de
maneira a reconhecer suas peculiaridades e também similaridades,
sobretudo no tocante aos processos de desenvolvimento e
aprendizagem, não só em relação ao aluno, mas também com todas as
pessoas envolvidas.

(...) a Psicologia, mediante as intervenções


psicopedagógicas, muito pode contribuir para o
desenvolvimento não só educacional, mas do ser
humano como um todo, com suas técnicas e parcerias
que se unem a favor do outro. É necessário aceitar que
cada sujeito tenha sua construção social, cultural e uma
história de vida. O importante é sermos éticos e
trabalharmos em função do outro. (FERREIRA, A.
da S.; PACHECO, A. B. 2010,p.71)

Para os psicólogos o aprendizado visa ao


desenvolvimento cognitivo, intelectual, afetivo, social e ao
aprimoramento do potencial humano, considerando que cada indivíduo
tem seu tempo e sua forma para desenvolver todos esses aspectos.
Sendo assim, o psicólogo deve olhar para as pessoas com respeito e
sempre acreditar que todos são capazes de aprender, melhorar,
mudar, ao mesmo tempo, compreender o limite de cada um.

A presença do psicólogo escolar não é realidade na


grande maioria das escolas brasileiras, porém se percebe os benefícios
que esse profissional pode trazer à aprendizagem dos alunos através
da identificação e intervenção nos casos que se fizerem necessários,
como nos casos de ajustamentos, bem como orientações para a
direção da escola, da equipe pedagógica e dos pais. O trabalho do
psicólogo escolar, de acordo com Novaes:
Tem como meta principal o ajustamento do
indivíduo, além disso, a sua prática profissional envolve
ação junto a diretores, professores, orientadores e pais
com a finalidade de conseguir condições que favoreçam
o desenvolvimento da personalidade do escolar, não
ficando as suas funções limitadas apenas ao diagnóstico
de alunos considerados problemas ou difíceis. (1972,
p.24)

Novaes diz ainda que:


Cabe ao psicólogo escolar a aplicação dos
princípios da psicologia da aprendizagem, da motivação,
do desenvolvimento e do ajustamento para o estudo do
comportamento da criança escolar e do seu meio
educacional com o objetivo de facilitar a aprendizagem e
o desenvolvimento humano através de prevenção,
identificação, avaliação e reeducação dos problemas
educacionais nos diversos níveis de escolaridade. (1972,
p.26)
Os psicólogos devem ter um domínio de conhecimentos
teóricos e práticos sobre as dificuldades de aprendizagem e de
relacionamentos, que possam encontrar em meio aos alunos, já que um
diagnóstico precoce possibilitará o melhor desenvolvimento da criança, quer
seja na aprendizagem quer seja no desenvolvimento pleno.

De acordo com Darley:

O diagnóstico na educação está ligado à identificação dos


problemas específicos, devendo ser, primeiramente, encontrado o problema
mais frequente naquele meio escolar (econômico, social, do professor, etc.),
possibilitando assim, uma orientação e aconselhamento apropriados. (apud NOVAES,
1972, p.82)
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