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Ser Psicólogo Social: quais desafios

enfrentamos para atuar na


comunidade, com a comunidade
Psicologia Social Escrito por: Elisângela Maria dos Santos Silva

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Resumo: Toda comunidade traz em si alguma


particularidade e até mesmo uma complexidade. Quando
observamos as camadas mais pobres da nossa sociedade,
percebemos que nelas existem pessoas com pensamentos
diferentes, culturas diferentes, histórias de vida singulares, mas
que se cruzam, se complementam, numa realidade social
estereotipada, fragmentada pelo capitalismo, pelas desigualdades
e descrença nos poderes, na sociedade e no ser humano. O papel
do psicólogo é de fundamental importância, pois este profissional
faz o uso de seus conhecimentos para poder intervir nos sistemas,
contribuindo pela busca de melhores condições às comunidades e
seus membros. O psicólogo depara-se com diversas situações que
na maioria das vezes chocam, mas que é necessário abrir novos
espaços para a resolução desses problemas sociais, buscando
melhores condições de vida. Tomaremos como base ao nosso
discurso a inserção profissional no espaço saúde, para refletirmos
o que vem sendo construído e o que nos falta concretizar para
podermos afirmar que as políticas públicas na saúde estão sendo
realmente aplicadas e quais vem sendo as contribuições de nossa
classe profissional para que isso aconteça.
Palavras-chave: Psicologia Social, intervenção, comunidade,
saúde, políticas públicas

Introdução

A Comissão Nacional de Direitos Humanos e o Conselho


Federal de Psicologia construíram juntos uma forte militância em
torno da questão dos Direitos Humanos na Psicologia. Tornou-se
um movimento grandioso, que trouxe uma aspiração maior à
profissão nos últimos tempos.

Este novo tipo de trabalho proposto aos psicólogos trouxe


uma modelagem nova à profissão já que, por muito tempo o
atendimento psicoterápico durante a década de 80, atendia
somente a clientelas seletas e elitistas que mantiveram a imagem
do profissional psicólogo como alguém que prestava um serviço
selecionador. Além disso, a quantidade de profissionais lançados
no mercado de trabalho já estava sendo maior que a demanda
oferecida pela sociedade. Se continuasse a crescer dessa maneira,
trazendo consigo oportunidades, senão para todos, mas para a
grande maioria dos profissionais, pouco provável seria trazer estas
discussões sobre inclusão social e direitos humanos para o meio
profissional e acadêmico. O resultado seria uma grande formação
de profissionais formados para atender dentro de seus consultórios
aqueles que pagassem cada vez mais. E isto não é algo provável
para a sociedade atual.

Podemos considerar então, que na hora certa, a metodologia


de trabalho mudou. As crises econômicas de 1990 dificultaram
ainda mais o espaço deste profissional e a Reforma da
Constituição, em 88, trouxe um novo eixo, uma nova direção para
os profissionais. Os direitos sociais, as políticas públicas, o
advento do SUS (Sistema Único de Saúde), o ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente) trouxeram uma amplitude de meios
para o psicólogo trabalhar na área da saúde, justiça e social.

Porém, a partir deste momento, o psicólogo encontrou-se


frente ao desconhecido. Não tinham uma formação específica para
trabalhar no meio social e muito menos uma prática para atender
ao novo tipo de clientela pobre da sociedade. Então, a partir daí,
surgiu a necessidade de se inventar e ainda estamos neste ponto
de invenção, uma intervenção, uma maneira de como atender esta
nova demanda, tão diferente da que por muito tempo foi atendida.
A estas alturas todos ficaram perdidos entre os vários discursos e
escolas teóricas que muito pouco ajudavam a pensar numa
metodologia de trabalho.

Este encontro de novos caminhos de trabalho ao psicólogo


pode trazer uma reflexão sobre os processos sociais existentes,
sobre os contextos de vida na sociedade, passando a mostrar os
males existentes e o que ela precisaria necessariamente para ser
atendida e ser melhorada.

A violação dos direitos humanos trouxe uma discussão


sobre a maneira que o Estado oferece estes direitos ao mesmo
tempo em que os tira. Esta discussão só pode ser aberta a partir do
momento em que o psicólogo passou a intervir e aplicar a luta
pelos direitos humanos no seu trabalho. Mesmo trabalhando para
o Estado, ele passou a perceber estes movimentos negativos e
passou a militar contra, defendendo os direitos humanos. Então,
de mero espectador passou a ser um cobrador de ações positivas.

A Comissão Nacional de Direitos Humanos trouxe à


Psicologia a inquietude diante destes fatos, mostrando que ao se
tratar de seres humanos, este assunto passa a ser da ordem
psicológica já que seu objetivo é trabalhar pelo bem estar e pela
saúde mental das pessoas. E, se tratando de Diretos Humanos,
nada mais justo que a junção da psicologia, que também trabalha
com seres humanos.

Enfrentar o sofrimento mental sem dúvida traria muitas


ações, muitos movimentos, muitas criações de políticas públicas,
enfim, traria a necessidade de eliminar o mal-estar existente na
sociedade, evitando um sofrimento desnecessário.

Toda comunidade traz em si alguma particularidade e até


mesmo uma complexidade.

Quando observamos as camadas mais pobres da nossa


sociedade, percebemos que nela existem pessoas com
pensamentos diferentes, culturas diferentes, histórias de vida
singulares, mas que se cruzam, se complementam numa realidade
social estereotipada, fragmentada pelo capitalismo, pelas
desigualdades e descrença nos poderes, na sociedade e no ser
humano.

O papel do psicólogo na comunidade é de fundamental


importância, pois este profissional faz o uso de seus
conhecimentos para poder ajudar as pessoas que sofrem pela falta
de melhores condições. O psicólogo depara-se com diversas
situações que na maioria das vezes chocam, mas que é necessário
abrir novos espaços para a resolução desses problemas sociais,
buscando melhores condições de vida.

Desde os tempos mais remotos, as pessoas desfavorecidas


sofrem com graves problemas de exploração, opressão, pobreza,
falta de oportunidades, preconceitos, discriminação. Mas isso vem
sendo estudado e há quem tente solucionar. Dentro de uma
comunidade é necessário comprometer-se com as diversas
mudanças a serem feitas e aproximar-se dessa população
oprimida. Ainda é possível trabalhar nessas pessoas uma
consciência mais crítica, fazendo com que elas busquem uma
identidade pessoal.

Como militantes dos direitos humanos, através de seus


inúmeros trabalhos e de suas campanhas, o psicólogo é visto na
sociedade como um operador da inclusão social e também se vê
como uma pessoa, um profissional que vem discutindo o que se
tem feito durante tanto tempo acerca dos problemas sociais e da
exclusão provocada pelas “anormalidades” que a sociedade criou.

O modo que a sociedade lida com esta imagem e a relação


que a Psicologia tem com este assunto, foi uma importante questão
colocada em pauta pelo Conselho de Psicologia. E cada ponto
discutido nestes debates fomenta ainda mais a intervenção e a
vontade deste profissional exigir e cobrar de todos a existência dos
Direitos Humanos.

A Psicologia Social, os Psicólogos e as Políticas Públicas


da Saúde: da Reflexão à Ação

A Psicologia Social estuda o comportamento dos indivíduos


em suas relações sociais.

Para Augusto Comte, considerado o fundador da Psicologia


Social, seu questionamento estava em como este indivíduo
poderia ser construtor e construído, causa e conseqüência nestas
relações. E foi com este pensamento que os psicólogos sociais
procuraram, através de várias pesquisas, resposta para as
crescentes tensões sociais desencadeadas no pós Primeira Guerra
Mundial.

Durante muito tempo a sociedade foi usada como fonte de


“escavação arqueológica” para explicar o comportamento do
indivíduo, “traços de personalidade, atitudes, motivos, quando
não por instintos”. (Lane, 1994)
A Psicologia Social produziu pesquisas e mais pesquisas em
busca de formar teorias sociais. O profissional passou a ser visto
como acadêmico pesquisador. Concomitantemente a Psicologia
Social começou a entrar num processo de crise. E aqui no Brasil
este processo se deu devido a forma de trabalho do psicólogo que
exportava idéias e teorias de outros contextos sociais que não se
articulavam com a nossa realidade, muitas vezes trabalhando de
forma elitizada. Conforme nos diz Lane (1994), “não temos
utilizado esta ciência para responder às questões sociais
específicas do momento histórico em que vivemos”, ficando a
Psicologia Social à margem sem construir um projeto de
transformação social significativo.

Atualmente a Psicologia ampliou a visão da relação do


sujeito com a sociedade. Da linha de pesquisa passou para a linha
de ação. As psicologias ganharam um foco sócio-político
trabalhando o sujeito como um ser social, ativo e transformador
instrumentalizando-o para a conquista de uma melhor qualidade
de vida. É neste contexto de transformação, de preocupação com
o sujeito em sua comunidade, que a Psicologia Social trará suas
contribuições através das intervenções, capacitações dos atores
sociais, articulações entre os pólos do igual e do diferente,
informações e comunicações.

Mas, para trabalharmos num contexto de transformação


precisamos entender que o sentido é transformar+ ação. Para
melhor explicitarmos, traremos um exemplo de Boarini (1989)
onde em seu trabalho Estágio em posto de saúde: prática e
reflexão, podemos acompanhar como se deu o processo de
inserção de grupos de estagiários no espaço Posto de Saúde
Comunitário do bairro de Mandacarú, no município de Maringá.

O primeiro grupo iniciou suas atividades em agosto de 1984


sendo o estágio feito na área de Psicologia Clínica e trabalho,
supervisionados por dois professores das respectivas áreas.
As queixas principais vindas da supervisora-enfermeira do
Posto de Saúde era que havia baixo índice de procura ao
atendimento prestado no posto devido a instituição se localizar
numa comunidade com alto nível sócio-econômico, porém, o que
constatou-se foi uma realidade de miséria, péssimas condições de
saúde e desinformação sobre os serviços sociais oferecidos para a
comunidade.

De início os estagiários trabalharam a divulgação dos


serviços oferecidos pelo posto, desenvolveram treinamentos dos
funcionários, instrumentalizando os atendentes da instituição para
acompanhar um grupo de gestantes. Em seguida, abriu-se
oportunidade ao atendimento psicoterápico individual onde, de 32
pessoas que procuraram a terapia, apenas 2 deram continuidade
enquanto os demais limitaram-se apenas ao primeiro encontro.

O trabalho foi desenvolvido no período de um ano dando


sequência com um novo grupo de estagiários. Como no primeiro,
o novo grupo priorizou o atendimento individual e tiveram o
mesmo insucesso. Também tentaram um trabalho de grupo com
as pessoas que se encontravam na sala de espera, mas, as
dificuldades encontradas estavam desde a linguagem, a dinâmica
à própria aceitação do trabalho. O terceiro grupo a continuar o
estágio também priorizou o atendimento individual e sem
nenhuma surpresa, não obteve êxito.

A exposição dos trabalhos realizados pelos três grupos foi


motivo de reflexões acerca das dificuldades enfrentadas.
Surgiram, portanto, dois questionamentos: por que os estagiários
resistem à um trabalho grupal e priorizam o atendimento
individual mesmo que este seja inviável nesta instituição?As
dificuldades encontradas deveriam ser solucionadas dentro ou
fora da experiência?

A prática do estágio tem significativa importância para o


aperfeiçoamento do aluno. No entanto, discutir a formação do
psicólogo é de fundamental importância principalmente neste
caso onde a prática entra em desajuste com a teoria, ou seja,
muitas vezes os recursos teóricos são mal aplicados às reais
condições do exercício do profissional, e não se adequam às reais
experiências numa sociedade de classes.

No caso do posto de saúde a dificuldade está no fato de os


estagiários não perceberem que na realidade daquela comunidade
suas prioridades não adequam uma terapia individual, e sim um
atendimento médico, onde se encontra a maior demanda do posto.
Onde as necessidades básicas não se encontram atendidas,
dificilmente uma terapia psicológica será percebida. Isso não
significa que diante das necessidades básicas desassistidas o
homem não passe por sofrimentos, problemas emocionais e não
tenha direito a um atendimento terapêutico psicológico.

No entanto, como diz o Boarini “são as condições materiais


que determinam a consciência” e se o estagiário não conseguir
perceber esta condição poderá criar uma falsa idéia de que as
teorias aprendidas funcionam apenas às classes dominantes. É,
portanto, diante dessas considerações que questionamos se uma
terapia individual que desconsidera as condições materiais do
indivíduo está realmente comprometida com a igualdade e a
liberdade que cada um possui para procurar o melhor para si, e se
a prática psicológica nesta condição mostrada acima realmente
alcança uma classe desfavorecida tirando da psicologia essa
“marca” de elitizada ou dominante.

A questão mais preocupante é que, se em anos passados a tentativa (nem


sempre eficiente) de focalização das atenções dos psicólogos para as classes
subalternas, no contexto da rearticulação do movimento popular (de corte
antiditatorial), era fortemente motivada por um reconhecimento da
importância do comprometimento social da ação profissional, hoje, o quadro
nos parece radicalmente diverso. A ação profissional dos psicólogos que atuam
no campo da saúde (ao menos considerados os exemplos que temos em mãos,
o que não representa, necessariamente, a ausência de outras formas de
inserção) nos indica uma extensão da prática convencional (calcada no modelo
médico) com uma escassa ou nenhuma problematização dessa forma de
intervenção, reforçando um dos aspectos mais dramáticos da prática dos
profissionais que atuam no setor social público: o acesso desqualificado por
parte de parcelas cada vez maiores da população aos serviços básicos no setor
social. (YAMAMOTO, 2003, p.49-50)
Com o exemplo do estágio no posto de saúde e a reflexão
trazida por Yamamoto podemos perceber uma sutil relação entre
ambas. Praticar uma clínica individualizada num contexto onde as
necessidades divergem com tal prática desqualifica o trabalho do
profissional, o atendimento ao público-alvo, passando a imagem
de que tal intervenção não é direcionada para todos ou, se é
direcionada, direciona-se de maneira pobre, simplista, sem
relevantes resultados ao sujeito. Além de uma imagem elitizada,
estudos sobre a profissão nos mostram que durante muito tempo
as grandes áreas da psicologia no Brasil foram a Clínica, Escolar
e Organizacional. Deste modo podemos entender porque muitos
estudantes saem de suas graduações com idéias focadas e
fechadas. A constituição da psicologia como campo de saber
direcionado ao estudo do homem se contradiz quando suas
práticas não se adequam à realidade brasileira, reforçando assim a
sua tendência elitista e minimizando sua importância no social, na
comunidade.

Foi partindo da reflexão sobre o tipo de assistência que a


psicologia estava dando a comunidade que os modelos de atuação
começaram a ganhar outro rumo, outra perspectiva, direcionando-
se cada vez mais às representações sociais, num contexto
comunitário.

Mas para discutir esta questão de uma maneira não


prolongada nos direcionaremos a atuação do psicólogo no campo
saúde que, a princípio, deu-se através das Unidades Básicas de
Saúde – desenvolvendo intervenções- e nos Núcleos e Centros de
Atenção Psicossocial (NAPS|CAPS) no tratamento manicomial.

O psicólogo passou a atuar para a comunidade e não na


comunidade,no sistema saúde, seguindo o mesmo modelo
tradicional. Sua intervenção apenas reproduzia o modelo clínico,
sem problematizar a adequação ou desenvolvimento de novos
modelos que suprissem as exigências do serviço público e suas
faltas.

O compromisso social da psicologia, que era o de


transformar sua práxis sob uma ética que possibilitasse resolver
os problemas sociais brasileiros, apontasse práticas que
fortalecessem a população, oferecendo-a autonomia para
enfrentar a situação de vulnerabilidade social só pode ser
concebida quando a psicologia ganhou voz nas políticas públicas.

Além de garantir um espaço na construção de políticas


públicas, a profissão ganhou novos referenciais de atuação na
sociedade. A exemplo, o CREPOP, Centro de Referência Técnica
em Psicologia e Políticas Públicas, que tem por objetivo
identificar, sistematizar, documentar e disponibilizar práticas
desenvolvidas pelos psicólogos, através das políticas públicas
existentes e da construção de novas políticas públicas, dentro da
sociedade. O CREPOP

surgiu para oferecer à Psicologia um novo olhar sobre os compromissos com


as Políticas Públicas e com os Direitos Humanos... traz, como principal
propósito, ampliar a atuação dos psicólogos e das psicólogas na esfera pública,
expandindo a contribuição profissional da Psicologia para a sociedade
brasileira e, conseqüentemente, colaborando para a promoção dos Direitos
Humanos no país. (CREPOP, 2007, p. 11.)
A psicologia ganhou autonomia e a responsabilidade de
produzir ações na sociedade. Sua característica de profissão
elitizada desmoronou. Sua intervenção que outrora se concentrava
apenas na clínica, agora tem por obrigação transformar-se numa
intervenção comunitária, mais humanizada. O que nos presenteia
com as “Psis” sociais, comunitárias, da saúde e muitas outras
variáveis que chegam ao mesmo cociente: a comunidade.

Agora, sabemos que o psicólogo para atuar na saúde (CRAS,


SUS,NAPS,CAPS etc.) possui suas referências dentro dos
parâmetros atribuídos pelo Conselho Federal de Psicologia e pelas
Políticas Públicas.

Ainda que pareça ter sido solucionado o problema


inicialmente apontado para a atuação na saúde, estamos longe de
ter alcançado este patamar de um serviço integral, universal e
igualitário, defendido pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Existem muitos percalços com relação ao “querer” atuar na
comunidade e “ter” que atuar nas instituições praticando a clínica
tradicional. Não sabemos se ainda existem resquícios da formação
fragmentada, se existem limites para a criação de novas políticas
públicas ou se as dificuldades advêm de uma “politização do
poder”.

O que sabemos é que, ao analisar a psicologia como atuante


na saúde pública, temos que refletir quais são os compromissos
ético-políticos prioritários em suas ações. Se antigamente a
psicologia estava associada a patologias, desvios, doenças e
promoção da saúde, hoje ela precisa ter uma característica
despatologizante, mas além de despatologizar a patologia
enquanto doença, é necessário despatologizar a sociedade
enquanto doença social, enquanto um câncer incurável. Uma das
ferramentas é a intervenção psicossocial que intera sujeito e meio
social, direcionando às diversas áreas, visando o bem-estar
psicossocial dos indivíduos, organizações, comunidades, grupos,
instituições, não perdendo sua característica de pesquisa-ação. Ou
seja, conforme Sarriera (2000), “a intervenção psicossocial diz
respeito à relação indivíduo e coletivo, na interação dos sistemas
macro-meso-microsociais”.

Nossa realidade nos traz uma imagem de sociedade


desigual, violenta, com baixo nível educacional, altos índices de
preconceito e exclusão, prostituição, drogadição entre outros
problemas sociais. Tal imagem torna-se marginalizada, distante
de uma possibilidade de mudança. É muito comum imaginarmos
que os grandes problemas sociais encontram-se apenas nas
favelas, nos morros, nas comunidades, estereotipando a população
pobre pela falta de elementos positivos (educação, emprego,
saúde, etc.) e pelo excesso de elementos negativos. E neste
contexto o papel da intervenção psicossocial passa a ser o de agir
sobre os fatores psicológicos insatisfatórios que podem ocorrer em
diversas situações; diferentes instituições, condições sociais,
desenvolvimento da personalidade, mudanças diversas,
momentos críticos. A intervenção psicossocial age onde existe um
mal estar, não significando dizer que seu grupo-alvo são apenas
os “desfavorecidos”, pois até mesmo nas classes mais altas
existem problemas.

A intervenção psicossocial trabalha definindo prioridades


para que não corra o risco de perder o foco dos objetivos
imediatos. Possui caráter preventivo, já que seu objetivo maior é
o bem-estar psicossocial e uma melhor qualidade de vida das
pessoas, grupos, instituições e comunidades. Por ter recebido
influências da psicologia institucional, através do trabalho
preventivo, desenvolve a psico-higiene, que é uma maneira de
enfrentar os problemas e situações do cotidiano buscando este
bem-estar psicossocial. Também busca compreender a realidade
sócio-histórica e cultural de cada grupo-alvo para identificar suas
necessidades, que variam para cada contexto social.

E é dentro desta identificação da realidade grupal e suas


necessidades, suas peculiaridades que o processo de intervenção
psicossocial se adapta. O trabalho de pesquisa-intervenção
psicossocial é algo novo, portanto, está longe de se esgotar este
tema já que as produções de conhecimentos vêm-se aumentando
a cada dia.

Percebemos então que, psicologia, políticas públicas e


comunidade estão intrinsecamente implicadas na construção do
social. Ainda que existam dificuldades para a atuação do
psicólogo na saúde no âmbito social, esta dificuldade não é
isolada. Lembremos que
...a psicologia social têm múltiplas “histórias” e “atualidades”, que a psicologia
social são “muitas”. Portanto, proponho pensar a saúde para além de um eixo
temático de psicologia social, mas como campo necessariamente
interdisciplinar, que desafia todas as especialidades à construção de práticas
coletivas, individuais e comunitárias. (KIND, 2007, p. 266)
Nossa reflexão teve o intuito de posicionar o profissional
psicólogo numa maneira crítica acerca de sua atuação, mostrando
que para atuarmos na saúde, direcionando-a a comunidade,
precisamos assumir um novo compromisso com esta, procurando
conhecer sua realidade, suas necessidades, melhorando a
qualidade de vida das pessoas, reassumindo nosso pacto com os
direitos humanos e utilizando de nossa autonomia para defender,
criar e fiscalizar as políticas públicas. Esperamos que possamos
levantar questionamentos sobre este compromisso, que não é só
do psicólogo mas também de outros profissionais que se
preocupam com as transformações sociais.

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