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A década da Agenda 21
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ocorrem de maneira eqüitativa ou inclusiva no sustentáveis de exploração dos recursos naturais
plano mundial. Estudos mostram que a integração não competem com aqueles produzidos de modo
global pela economia e pelas comunicações é predatório. Agrava-se isso com a prevalência de
seletiva: alguns países dela se beneficiam, outros políticas protecionistas e distorções tarifárias e
não. Mesmo dentro dos países, os benefícios não tarifárias nos grandes mercados interna-
sociais e políticos são díspares. Níveis de cionais que obstaculizam a entrada de produtos
comércio e de investimento externo direto oriundos dos países em desenvolvimento. Os
indicam que cerca de 30% da população mundial subsídios à agricultura, por exemplo, forçam uma
não se beneficiou de forma alguma com a expansão da fronteira agrícola nos países em de-
globalização. Quedas nos preços dos produtos de senvolvimento colocando em perigo a proteção de
base, sustentáculo das exportações dos países em áreas florestais ou ricas em biodiversidade, con-
desenvolvimento, concorreram para aprofundar correndo para a perda de um patrimônio estraté-
sua marginalização no mercado internacional2. gico para o desenvolvimento dos países pobres.
Ora, a evolução do cenário internacional A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
durante a década que se seguiu Sustentável, em Joanesburgo,
à adoção da Agenda 21 A Conferência de de 26 de agosto a 4 de
claramente indica que, não Joanesburgo se distingue setembro próximo, terá como
obstante sua condição de um de seus objetivos centrais
referência apontada acima,
das demais conferências debruçar-se sobre as causas do
sua tradução no plano organizadas pelas Nações cumprimento insuficiente dos
concreto ficou aquém do com- Unidas, na última década, compromissos assumidos no
promisso assumido pelos Rio pela comunidade interna-
Governos no Rio de Janeiro em
ao volta r-se para o aspecto cional, especialmente no que
1992. Não se tornaram da implementação dos tange às recomendações da
realidade, no nível adequado, compromissos assumidos Agenda 21. A Conferência de
os recursos financeiros novos e Joanesburgo se distingue, por
adicionais3; tampouco logrou-
na Rio-92. conseguinte, das demais confe-
se maior intensificação da rências organizadas pelas
transferência de tecnologia. Nações Unidas, na última
No entanto, o esforço de década, ao voltar-se para o
diversos países em desenvolvimento de adotarem aspecto da implementação dos compromissos
legislações mais protetivas da propriedade assumidos na Rio-92. Destacam-se, para esse fim,
intelectual – uma exigência reiterada dos países entre outras, as questões relativas à erradicação
industrializados durante as negociações para que da pobreza e à mudança dos padrões insusten-
se pudesse intensificar a transferência de táveis de produção e consumo que prevalecem nas
tecnologia – não se concretizaram os mecanismos sociedades industrializadas. O desafio político que
previstos na Agenda 21 para intensificar o fluxo se coloca para os Governos e para a sociedade civil
tecnológico entre o Norte e o Sul que permitiria a é saber precisamente o escopo das possibilidades
este último inserir-se no caminho do para compromissos operativos por parte da
desenvolvimento sustentável. comunidade internacional, em particular dos
Apesar da retórica quanto ao imperativo da países industrializados, que permitam a implemen-
sustentabilidade, a verdade é que os bens e tação das recomendações da Agenda 21.
serviços produzidos segundo metodologias O desenvolvimento sustentável não é algo que
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possa ser atingido apenas por uma parcela da Joanesburgo, pois as decisões no plano da política
comunidade internacional. Ele envolve múltiplos comercial podem ser um estímulo para um novo
enfoques segundo as características e as condições padrão de desenvolvimento e de bem estar.
de cada nação e somente será eficaz se for universal. As discussões em Joanesburgo devem, portanto,
A concretização das decisões da Conferência ser vistas de maneira integrada nas dimensões
do Rio, em particular da Agenda 21, exige tornar social, econômica, ambiental e política. Será
competitivas as metodologias e práticas de uso necessário ter presente que as necessidades das
dos recursos naturais e produção de bens e nações são distintas e que as necessidades das
serviços que viabilizam o desenvolvimento susten- futuras gerações serão diferentes daquelas da
tável. Tornar o desenvolvimento sustentável com- geração atual. O desenvolvimento, tal como o
petitivo é um elemento essencial para transformar conhecemos, tem por premissa a concepção
o paradigma de desenvolvimento prevalecente. A protestante de que a riqueza é algo intrinse-
competitividade é um atrativo poderoso para o camente bom para o homem. A acumulação da
envolvimento do setor privado na realização dos riqueza desde a Revolução Industrial baseou-se na
compromissos da Agenda 21, embora tal idéia de que a natureza era um bem comum da
envolvimento não se substitua àquele assumido humanidade. Todavia, o uso indiscriminado dos
pelos Estados na Conferência do Rio. Os Governos recursos naturais despertou as nações para a
têm uma parcela importante de contribuição para necessidade de sua conservação como um requisito
a promoção dessa competitividade mediante para o próprio exercício de sua soberania. A res-
políticas públicas, reforço institucional, apoio ponsabilidade dos Estados pela conservação dos
financeiro e tecnológico que estimulem o recursos naturais e pela proteção do meio
abandono das práticas predatórias vigentes. ambiente é comum mas é também diferenciada em
Nesse contexto, a questão do acesso aos função das capacidades de cada um. Um dos
mercados ganha especial relevância. A nova desafios de Joanesburgo reside exatamente em
rodada de negociações comerciais, no âmbito da refletir esse princípio numa vontade política clara
OMC, lançada em Doha, em novembro passado, de implementar as decisões acordadas no Rio em
entrelaça-se com os objetivos da Conferência de 1992.
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