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Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da mulher
amada, colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor
não correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do
feudalismo, pois o trovador passa a ser o vassalo da amada (suserana) e espera receber um
benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não
correspondido).
Cantigas de Amigo
O trovador usa o artifício de falar como uma menina enamorada, do povo, que se dirige ao
amigo ou amado, que fala dele à própria mãe, às irmãs, às companheiras ou ao Santo da sua
devoção.
Estas cantigas são postas na boca de uma mulher solteira (sujeito poético), donzela, que
exprime os seus pequenos dramas e situações da vida amorosa.
Nas cantigas de amigo nota-se: o eu-lírico é feminino, apesar de escritas por homens;
ao contrário da cantiga de amor, onde o sentimento não se realiza fisicamente, na
cantiga de amigo (entende-se por amigo, o amado) há nítidas referências à saudade
física do amigo ausente.
Cantigas de Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o eu-lírico é um homem, nas de Amigo é
uma mulher (embora os escritores fossem homens). A palavra amigo nestas cantigas tem o
significado de namorado. O tema principal é a lamentação da mulher pela falta do amado.
Cantigas de Maldizer: através delas, os trovadores faziam sátiras diretas, chegando muitas
vezes a agressões verbais. Em algumas situações eram utilizados palavrões. O nome da pessoa
satirizada podia aparecer explicitamente na cantiga ou não.
Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada não aparecia. As sátiras
eram feitas de forma indireta, utilizando-se de duplos sentidos.
A Farsa de Inês Pereira é uma peça de teatro escrita por Gil Vicente, na qual retrata a ambição
de uma criada da classe média portuguesa do século XVI. Desafiado por aqueles que
duvidavam do seu talento, Gil Vicente concorda em escrever uma peça que comprove o
provérbio "Mais quero asno que me leve, que cavalo que me derrube".
Toda a peça gira à volta da personagem principal Inês Pereira que nunca sai de cena. As
didascálicas são escassas, não há mudança de cenário, e a mudança de cena é só pautada pela
entrada ou saída de personagens.
Todas as personagens desta farsa visam a critica social, por isso são chamadas
personagens tipo.
Resumo
Inês Pereira, moça simples e casadoira mas com grande ambição procura marido que seja
astuto e sedutor. A mãe de Inês, preocupada com a sua filha, sua educação e casamento,
incita-a a casar com Pero Marques, pretendente arranjado pela alcoviteira Lianor Vaz, no
entanto o lavrador não agrada Inês Pereira, por ser ignorante e inculto. Pero Marques, nunca
viu sequer uma cadeira, e isso não deixa de provocar o riso, assim funcionando como
mecanismo subliminar o autoelogio da Corte.
Inês Pereira recusa-o, pois pretende alguém que demonstre alguma cortesia, alguém que, à
boa maneira da Corte, saiba combater, fazer versos, cantar e dançar, alguém como Brás da
Mata, o segundo pretendente, que lhe é trazido pelos Judeus Casamenteiros, um pouco menos
sinceros e bem-intencionados do que Lianor Vaz. Mas Brás da Mata representa apenas o
triunfo das aparências, um simulacro de elegância, boa -educação e bem-estar social, que
acredita no casamento como solução para as suas dificuldades financeiras.
Este casamento depressa se revela desastroso para Inês, que por tanto procurar um marido
astuto acaba por casar com um, que antes de sair em missão para África, dá ordens ao seu
moço que fique a vigiar Inês e que a tranque em casa de cada vez que sair à rua. Brás da Mata,
era um escudeiro falido que casou com Inês de forma a poder aproveitar-se do seu dote.
Três meses após a sua partida, Inês recebe a prazeirosa notícia de que o seu marido foi morto
por um mouro. Não tarda em querer casar de novo, e é nesse mesmo dia que Lianor Vaz traz-
lhe a notícia que Pero Marques, continua casadoiro, de resto como este tinha prometido a Inês
aquando do primeiro encontro destes.
O ditado “mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube”, não podia ser
melhor representado do que na última cena da obra quando o marido a carrega em ombros
até ao amante, e ainda canta com ela “assim são as coisas”.
Trata-se, portanto, de uma sátira aos costumes da vida doméstica, jogando com o tema
medieval da mulher como personificação da ignorância e da malícia.
Personagens
Inês: representa a moça casadoira, fútil, muito preguiçosa e interesseira, que se casa duas
vezes, apenas para se livrar do tédio da vida de solteira. Não conseguindo casar-se na primeira
tentativa, garante-se na segunda, com o marido ingénuo. Apesar de seu comportamento
impróprio, consegue até mesmo a simpatia do público pela inteligência com que planeja seus
passos.
Lianor Vaz: é a alcoviteira, mulher na época assim chamada que arrumava casamentos,
revelando que a base da família está corrompida.
Mãe: apesar de dar conselhos à filha, acha importante que ela não fique solteira e torna-se
cúmplice das atitudes dela.
Pero Marques: é o marido bobo mas um lavrador abastado. Apesar de ser ridicularizado por
Inês, ele casa-se como ela e deixa que ela o maltrate e o traía.
Escudeiro: Preocupado em encontrar uma esposa, finge, e engana, criando uma imagem de
"bom moço" que depois se revela um tirano, e deixa Inês presa na sua casa mas ele é morto
por um mouro.
Moço: era um amigo do primeiro marido de Inês, que o ajuda a mentir para se casar com ela.
Tempo
Cómico
Estrutura da peça
Nesta farsa não existem divisões cénicas, mas é possível dividi-la em 3 atos. De assinalar a
importância da divisão em espaço interior e exterior. De notar o paralelismo presente nos
contrastes que Gil Vicente estabelece na construção do monólogo e diálogo inicial da peça, e
no monólogo e diálogo ocorridos após a noticia da morte de Braz da Mata. É através destes
paralelismos e contrastes que Gil Vicente expressa a mudança ocorrida com Inês.
Concluindo
Desta ação pode extrair-se que o que Inês mais queria, acabou por conseguir: a sua liberdade,
encontrada junto de Pero Marquez. A unidade da ação é dada pelo tema e pela personagem
principal, Inês Pereira.
Não há dúvida de que Gil Vicente demonstrou aos contemporâneos que nele não acreditavam,
e com esta peça, ser de facto, o grande criador das obras que fazia representar.
Inês Pereira
Inês é a personagem-tipo mais complexa de toda a história. Ao longo da peça, sofre uma
evolução (degradante) e, por isso, vai representar vários tipos sociais.
Inês solteira, é uma rapariga leviana e preguiçosa. Vê no casamento uma forma de se libertar
da mãe e de gozar da sua liberdade. Logo desde o início e ao longo de toda a peça mostra ser
astuta a planear as suas ações, contudo “sai-lhe o tiro pela culatra” quando casa com Brás da
Mata e recusa Pero Marques: julga os pretendentes não pelo caráter, mas pela aparência.
Após o casamento, Inês torna-se a mulher oprimida, porque Brás da Mata não a deixa sair de
casa e recebe alegremente a notícia de que este tinha sido morto na guerra por um mouro.
Decide, então, casar-se com Pero Marques que, apesar da rudeza, mostrava ser ingénuo e
complacente: o marido ideal para Inês poder gozar da sua liberdade há tanto desejada. Nesta
altura, torna-se na mulher adúltera desta história, fase final e mais degradante da personagem:
aproveita-se do pobre marido para a levar de encontro ao seu amante, o Ermitão, e ainda troça
da sua imbecilidade. Revela-se detentora de um caráter imoral e sem-vergonha.
Por toda a peça, Inês expressa a sua inteligência e ironia no planeamento dos seus passos.
Pero Marques
Pero Marques foi o primeiro pretendente de Inês, sugerido por Lianor Vaz. Inicialmente, esta
personagem representa o camponês rude e sem maneiras, até imbecil. É a personagem mais
ridicularizada da história, através do cómico de personagem, de situação e de linguagem.
Apesar de da primeira vez ter sido recusado por Inês, aceita casar-se com ela e não se
apercebe que está a ser traído por esta. É demasiado complacente com a mulher, deixando-a ir
onde bem entende e ainda carrega-a às costas para ir de encontro com o amante. Nesta fase,
tornasse no marido traído e enganado.
Brás da Mata
Brás da Mata aparenta ser, para Inês, o marido ideal: É um fidalgo discreto e meigo, que sabe
tocar viola. Todavia, a verdade é que não tem onde cair morto e o seu objetivo é o de casar
com uma rapariga rica e aproveitar-se do seu dote, para assim nunca mais ter de trabalhar.
Após o casamento com Inês, revela a sua verdadeira face: não deixa Inês sair de casa, nem falar
com ninguém e manda o Moço vigiá-la: é um marido tirano. Foi morto em combate por um
mouro o que, Inês revela, através da ironia, ter sido um ato covarde.
Bocage
Amor;
Morte;
Noite.
O Sermão da Sexagésima é, talvez, um dos seus sermões mais famosos. Pregado na Capela
Real, em Lisboa, em março de 1655, abre a série de quinze volumes dos sermões de Padre
Vieira, servindo de prólogo, ao mesmo tempo que encerra uma arte de pregar, inspirada pela
dialética conceptista, indo contra os excessos gongóricos.
"Do trigo que deitou à terra o semeador uma parte se logrou, e três se perderam. E por que se
perderam estas três? A primeira perdeu-se, porque a afogaram os espinhos; a segunda, porque
a secara as pedras; a terceira porque a pisaram os homens, e a comeram as aves. Isso é o que
diz Cristo; mas notai o que não diz." Padre António Vieira, em "O Sermão da Sexagésima."
O orador utiliza-se de passagens bíblicas estreitamente vinculadas às ideias que procura expor.
Diante do público, o orador consegue atingir os fiéis de modo direto e insinuante. Estes,
seduzidos pelo entrelaçamento das odeias, tomados de surpresa pela avalanche diabética,
deixam-se facilmente conduzir pelo orador. Utilizando uma linguagem simples, inteligente e
filosófica, digna de Sócrates e Platão, Padre Vieira envolve o ouvinte, fazendo-o chegar às
conclusões que ele almeja, ou seja, à verdade dos textos religiosos. Com toda a sedução de sua
retórica, o resultado é um só: o ouvinte assimila a mensagem do pregador.
Além das parábolas bíblicas, Padre Vieira utiliza jogos de ideias geniais ("Para um homem se ver
a si mesmo são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se
pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de
luz. Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos.") para, logo em seguida, associá-
los ao seu objetivo religioso ("Que coisa é a conversão de uma alma senão entrar um homem
dentro de si mesmo, e ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é necessária
luz, e é necessário espelho. O pregador concorre com o espelho que é a doutrina; Deus
concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento.
Ora, suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos:
de Deus, do pregador, e do ouvinte; por qual deles havemos de entender que falta? Por parte
do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?")
Parte I
O Padre Vieira pregou sobre a parábola do semeador, texto que se encontra no evangelho de
Mateus no capitulo 13: 1-9, 19-23:
Naquele dia, saiu Jesus e sentou-se à beira do lago. Acercou-se dele, porém, uma tal multidão,
que precisou entrar numa barca. Nela se assentou, enquanto a multidão ficava à margem. E
seus discursos foram uma série de parábolas. Disse ele: Um semeador saiu a semear. E,
semeando, parte da semente caiu ao longo do caminho; os pássaros vieram e a comeram.
Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque a terra
era pouco profunda. Logo, porém, que o sol nasceu, queimou-se, por falta de raízes. Outras
sementes caíram entre os espinhos: os espinhos cresceram e as sufocaram. Outras, enfim,
caíram em terra boa: deram frutos, cem por um, sessenta por um, trinta por um...
... Ouvi, pois, o sentido da parábola do semeador: quando um homem ouve a palavra do Reino
e não a entende, o Maligno vem e arranca o que foi semeado no seu coração. Este é aquele
que recebeu a semente à beira do caminho. O solo pedregoso em que ela caiu é aquele que
acolhe com alegria a palavra ouvida, mas não tem raízes, é inconstante: sobrevindo uma
tribulação ou uma perseguição por causa da palavra, logo encontra uma ocasião de queda.
Terreno que recebeu a semente entre os espinhos representa aquele que ouviu bem a palavra,
mas nele os cuidados do mundo e a sedução das riquezas a sufocam e a tornam infrutuosa. A
terra boa semeada é aquele que ouve a palavra e a compreende, e produz fruto: cem por um,
sessenta por um, trinta por um.
Como bom orador que era, Vieira tenta conquistar a docilidade se seu auditório com um
discreto elogio, também chama a tenção para a importância do tema pelo fato de ter viajado
tão longe para pregar para eles:
E se quisesse Deus que este tão ilustre e tão numeroso auditório saísse hoje tão desenganado
da pregação, como vem enganado com o pregador! Ouçamos o Evangelho, e ouçamo-lo todo,
que todo é do caso que me levou e trouxe de tão longe.
Segue falando sobre os pregadores que pregam em sua própria pátria, e os pregadores que
pregam em pátrias diferentes. Fala também sobre os diversos tipos de dificuldades que os
pregadores enfrentam e sobre a necessidade de serem perseverantes para superar as
dificuldades.
Argumentos:
1.A citação de passagens bíblicas, no caso em questão a que se encontra no livro de Ezequiel
cap.1, que fala sobre animais que não olham para trás. Assim como esses animais os
pregadores não podem desistir. Também cita Marcos 16:15, texto em que Jesus manda os
apóstolos evangelizarem toda criatura.
2.O exemplo dos missionários no Maranhão que sofreram, por amor ao evangelho:
Mas ainda a do semeador do nosso Evangelho não foi a maior. A maior é a que se tem
experimentado na seara aonde eu fui, e para onde venho. Tudo o que aqui padeceu o trigo,
padeceram lá os semeadores. Se bem advertirdes, houve aqui trigo mirrado, trigo afogado,
trigo comido e trigo pisado. Trigo mirrado: Natum aruit, quia non habebat humorem; trigo
afogado: Exortae spinae suffocaverunt illud; trigo comido: Volucres caeli comederunt illud;
Parte II
Na parte II, Vieira dá prosseguimento à introdução da mensagem, explicando o significado da
parábola do semeador.
Ele encerra essa parte II, com a proposição da mensagem. A proposição é uma declaração
simples do assunto abordado, tem a finalidade de mostrar aos ouvintes o tema principal da
mensagem. Geralmente tem uma sentença interrogativa, a resposta à essa questão é o eixo
sobre o qual os tópicos do sermão vão girar. Vieira usa esse recurso com verdadeira maestria:
Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se
tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um
sermão entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se
desengane. Que é isto? Assim como Deus não é hoje menos omnipotente, assim a sua palavra
não é hoje menos poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a
palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, porque não vemos hoje nenhum fruto da palavra
de Deus? Esta, tão grande e tão importante dúvida, será a matéria do sermão. Quero começar
pregando-me a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para aprender a pregar; a vós, que
aprendais a ouvir.
Parte III
Vieira finalmente entra no corpo do sermão, fala que existem três agentes na pregação, Deus o
ouvinte e o pregador. Desses três apenas um é responsável pelo sucesso na pregação, o
pregador.
Argumentos:
Não pode ser o ouvinte porque a Palavra de Deus tem o poder de convencer qualquer tipo de
ouvinte:
É tanta a força da divina palavra, que, sem cortar nem despontar espinhos, nasce entre
espinhos. É tanta a força da divina palavra, que, sem arrancar nem abrandar pedras, nasce nas
pedras. Corações embaraçados como espinhos corações secos e duros como pedras, ouvi a
palavra de Deus e tende confiança! Tomai exemplo nessas mesmas pedras e nesses espinhos!
Esses espinhos e essas pedras agora resistem ao semeador do Céu; mas virá tempo em que
essas mesmas pedras o aclamem e esses mesmos espinhos o coroem.
Deus não pode ser o culpado porque Ele é infalível. Essa é uma declaração de fé defendida no
concílio de Tridentino. Vieira usa novamente (como em todo o sermão), a parábola do
semeador para ilustrar a pregação do evangelho comparando-a com o semear. As causas são
Parte IV
Vieira segue falando sobre a culpa do pregador. Cita cinco qualidades importantes do pregador:
a pessoa que é, a ciência, a matéria, o estilo e a voz. Passa então a falar sobra cada uma dessas
qualidades.
A pessoa. O pregador prega não apenas aos ouvidos com suas palavras, prega também aos
olhos com suas atitudes. Mas as pessoas são falhas e esse não pode ser o principal problema.
Parte V
O estilo. Segundo Vieira o estilo dos pregadores de sua época era ruim. O pregador deve ter
um estilo simples e natural.
Argumentos:
O céu (natureza) foi o primeiro pregador. Cita o salmo 19, que diz que “os céus declaram a
glória de Deus e o firmamento proclama a obra de suas mãos...”
O estilo pode ser muito claro e muito alto; tão claro que o entendam os que não sabem e tão
alto que tenham muito que entender os que sabem. O rústico acha documentos nas estrelas
para sua lavoura e o mareante para sua navegação e o matemático para as suas observações e
para os seus juízos. De maneira que o rústico e o mareante, que não sabem ler nem escrever
entendem as estrelas; e o matemático, que tem lido quantos escreveram, não alcança a
entender quanto nelas há. Tal pode ser o sermão: -- estrelas que todos veem, e muito poucos
as medem.
Parte VI
A matéria, o sermão deve ser focalizado num único tema, muitos pregadores pregavam (e
pregam), sobre vários temas diferentes, isso apenas confunde os ouvintes. Fala sobre a
estrutura dos sermões e com domínio do assunto resume a arte homilética:
Argumentos:
1.Ele cita uma metáfora sobre a árvore e suas diversas partes que exemplifica a estrutura de
um bom sermão:
Uma árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhas, tem varas, tem flores, tem frutos.
Assim há de ser o sermão: há de ter raízes fortes e sólidas, porque há de ser fundado no
Evangelho; há de ter um tronco, porque há de ter um só assunto e tratar uma só matéria; deste
2.Cita Aristóteles e Túlio, filósofos gregos e professores de retórica. Citam também grandes
pregadores da história da Igreja que deixaram sua marca usando esse método: S. João
Crisóstomo, de S. Basílio Magno, S. Bernardo. S. Cipriano, S. Gregório S. Gregório, Santo
António de Pádua e S. Vicente Ferrer.
Parte VII
Nessa parte Vieira fala sobre a falta de ciência dos pregadores. O pregador deve buscar
conhecimento e originalidade ao invés de imitar outros pregadores. O pregador que não possui
ciência apenas imita os pregadores que ouviu, já os que tem ciência podem pregar de uma
forma original.
Argumentos:
1.Faz uma metáfora comparando a pescaria com a pregação. Segundo Vieira os apóstolos
pescavam com as próprias redes.
2.Fala também sobre as línguas de fogo que foram vistas sobre os apóstolos no dia de
Pentecostes quando eles foram batizados com o Espírito Santo (Atos cap.2), referindo-se a
forma diferente que eles tinham de pregar:
Porque não servem todas as línguas a todos, senão a cada um a sua. Uma língua só sobre
Pedro, porque a língua de Pedro não serve a André; outra língua só sobre André, porque a
língua de André não serve a Filipe; outra língua só sobre Filipe, porque a língua de Filipe não
serve a Bartolomeu, e assim dos mais. E senão vede-o no estilo de cada um dos Apóstolos,
sobre que desceu o Espírito Santo. Só de cinco temos escrituras; mas a diferença com que
escreveram, como sabem os doutos, é admirável.
Parte VIII
Vieira segue a mensagem falando da voz. Seria ela a causa do fracasso de muitos pregadores?
Segundo ele, a voz não é uma causa importante, isso porque uns tem a voz fraca outros a voz
forte, e isso varia também pelo estilo do pregador.
Argumentos:
Cita a Bíblia que fala de Jesus como alguém que prega sem bradar e João Batista que bradava
no deserto.
Vieira encerra essa parte levantando uma questão que aponta para o desfecho do sermão, e a
principal causa da falta de fruto que a pregação teve em seus dias:
Parte IX
Segundo Vieira os pregadores não pregam a Palavra de Deus. Isso porque eles mudam o
sentido do texto, se mudam o sentido pregam suas próprias palavras. O pregador não deve
impor significados ao texto, usando a Bíblia para defender suas ideias. Deve sim extrair do
texto o real significado.
Argumentos:
Para argumentar e exemplificar, ele cita a tentação de Cristo, texto que encontra-se no
evangelho de Mateus no capítulo 4:6-8. O diabo muda o sentido do que está escrito querendo
levar Jesus ao suicídio, O Senhor confronta Satanás com uma interpretação verdadeira das
escrituras:
O demónio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe:
Se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu
respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma
pedra {Sl 90,11s}. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus {Dt
6,16}.
Segundo Vieira, a mudança de sentido do que está escrito, transforma a Palavra de Deus em
palavras da pessoa que está falando, se homem palavra de homem, se demónio palavra de
demónio.
Parte X
Nessa última parte, Vieira fala que um dos maiores problemas é os pregadores terem medo de
cair em descrédito. Ficam adulando o povo em vez de pregar as verdades divinas. Diz que o
bom sermão não é aquele que faz os ouvintes se sentirem bem, e sim aquele que faz os
ouvintes se sentirem mal e refletirem sobre suas vidas para que busquem o perdão dos
pecados:
Argumentos:
1.Para argumentar ele cita o maior pregador e teólogo da história da Igreja, Apóstolo S. Paulo,
que sempre ensinou que o pregador deve pregar: “com infâmia ou com boa fama”, e também:
“se eu contentasse aos homens não seria servo de Cristo”.
2.Argumenta também citando o exemplo de um médico que não se preocupa se o tratamento
do doente é doloroso, e sim com o efeito benéfico desse tratamento, o importante é a
recuperação do paciente.
Vieira faz a conclusão de sua mensagem com uma aplicação prática, encerra a parte X
chamando a atenção dos ouvintes para a responsabilidade do pregador que prestará contas a
Deus, e convida as pessoas para se santificarem:
Advirtamos que nesta mesma Igreja há tribunas mais altas que as que vemos: Spectaculum
facti sumus Deo, Angelis et hominibus. Acima das tribunas dos reis, estão as tribunas dos anjos,
Considerações finais
11ºAno
Diferenças entre o clássico e o romântico
Clássico Romântico
Predomínio da razão. Predomínio do sentimento e da imaginação.
Culto da Antiguidade Clássica. Culto da Idade Média.
Objetividade. Subjetividade.
Equilíbrio, disciplina e clareza. Arrebatamento, exaltação.
Representação de um homem saudável, Representação de um homem carregado de
moralista, disciplinado. traumas, indisciplinado, instável e
egocentrista.
Gosto pela vida em sociedade. Gosto pela vida solitária e isolada.
A mulher é representada como deusa (um A mulher é representada como um anjo ou
reflexo do amor, divino, platónico). como um demónio.
Amor racional, intelectualizado. Amor sentimental e físico (sensorial).
Natureza luminosa, colorida, alegre e suave Natureza sombria, melancólica (locus
(locus amenus). horrendus).
Versificação rígida. Versificação livre.
Aspetos Poemas/Versos
Caracterização do “eu” “Prazer não sabia o que era/ Mas dor, não na
conhecia” (Quando Eu Sonhava);
“E infame sou, porque te quero; e tanto” (Não
te amo).
Caracterização do “tu” “Em toda a natureza/ Não vejo outra beleza/
Senão a ti – a ti” (Os Cinco Sentidos);
“Beleza és tu, luz és tu/ verdade és tu só”
(Ignoto Deo).
Relação eu – tu/ mulher-anjo/ mulher- “Anjo és (M.A), que me domina (M.D) ” (Anjo
demónio És);
“Não se enrede a rede nela/ Que perdido é
remo e vela/ Só de vê-la” (Barca Bela).
Dicotomia amor espiritual e amor físico/ “Divinas têm essas flores”; “A ti/ Ai a ti só
sensual meus sentidos/ todos num confundidos”
(Cinco Sentidos);
Anjo és.
Caracterização da Natureza “Acabava ale a terra/ Nos derradeiros
rochedos” (Cascais).
Coloquialidade “Ai! Não te amo, não” (Não te amo).
Liberdade poética (estrutura formal) Não te amo.
Cena I – Pero Safio ensaia Cortes de Júpiter e levanta suspeitas sobre a fidelidade de D.
Beatriz para com o Duque de Saboia.
Cena II - Pero, Bernardim e Paula: Estes últimos saem dos paços com ar comprometido;
Paula vai-se embora e Bernardim prepara-se para enfrentar Pero Safio.
Cena III – Pero identifica Bernardim e mostra-lhe que conhece o seu segredo. Esta
tenta convencê-lo a ficar calado. Nesta cena, Bernardim começa a delinear o seu plano
ao tomar conhecimento do enredo das Cortes de Júpiter.
Cena IV – Monólogo de Pero, mostrando-se incomodado por saber o segredo de
Bernardim e da Infanta.
Cena V – Conversa entre Pero e Chatel em que este último tenta “tirar nabos da
púcara”, mas Pero consegue sempre “dar a volta por cima”.
Cena I – Paula Vicente lamenta a vida que leva, a sua origem humilde. Entra Gil Vicente
e chama Paula. Paula (para si) lamenta a vida do pai, o facto de viver enganado. Paula
recebe um bilhete de Bernardim em que pede para ser recebido por ela e por seu pai,
Gil Vicente.
Cena II – Gil Vicente lamenta o facto de ter posto Joana a fazer de Moura. Paula relê a
carta de Bernardim e pede ao pai para o receber. Este manda chamar Bernardim, mas
avisa Paula que é uma imprudência.
Cena III – Conversa entre Paula e Gil Vicente sobre o auto e a Infanta. Paula diz que não
quer fazer o auto e amaldiçoa a Infanta, mas o pai recusa que a filha mostre ingratidão.
Gil Vicente elogia a filha e fala-lhe sobre a sua personagem no auto.
Cena V – É o ensaio geral que é feito de maneira apressada.
Cena VI – Bernardim Ribeiro ao ver o pajem põe a máscara para não ser reconhecido.
El-rei entra para a sala do trono e manda o mordomo-mor que aprontem as figuras e
que saia o auto. O grupo entra em palco.
Cena VII – Bernardim diz estar receoso em relação ao seu papel. Paula diz-lhe que
ainda está a tempo de desistir, mas este quer ver D. Beatriz. Paula e Bernardim falam
sobre o casamento da Infanta.
Cena VIII – Pero diz a Paula que se não a conhecesse teria ciúmes da moura.
Cena IX – Bernardim conclui que é impossível decorar o papel da moura, mas avança
para o palco.
Cena X – Rei D. Manuel está a gostar do auto e afirma a sua filha que esta vai ter
saudades de Portugal. Gil Vicente duvida que Bernardim se porte bem em palco.
Cena XI – Estão presentes em cena Bernardim e ditos. Decorrendo o auto, Bernardim
em trajos de moura entra em cena e começa a declamar os seus poemas. Gil Vicente
em pânico tenta orientar Bernardim, mas este não o entende. Gil Vicente pede a Pero
Safio para o retirar do palco, mas Pero pede para o deixar ficar e ver até onde vai, e diz-
lhe para o interromper a fala de Bernardim com a autoridade de Júpiter. Bernardim
ajoelha-se perante a Infanta e entrega-lhe o anel, esta apercebe-se que é Bernardim e
acaba por desmaiar. D. Manuel diz que não está feliz com o desenrolar do auto.
Cena XII – D. Beatriz; Saint-Germain, Chatel, Paula, Inês de Melo, Damas, etc. Saint-
Germain pede a Beatriz que o avise quando desejar partir. D. Beatriz pede a Paula que
a acompanhe e Chatel fica desconfiado.
Características da novela
Tempo da história
Personagens
Simão
Nasce em 1784.
Tem 15 anos, à data de inicio da ação, em 1801; estuda humanidades em
Coimbra.
Características hereditárias psíquicas e fisionómicas (anúncio do realismo):
“génio sanguinário”, rebeldia e coragem, inconformismo político – herança de
seu tio paterno, Luís Botelho (que matara um homem, em defesa de seu irmão
Marcos) e de seu avô paterno, Fernão Botelho (que fora encarcerado por
As grades simbolizam, não apenas as grades materiais que aprisionam Simão, mas aos
grilhões sociais que o condenam e motivam a sua clausura.
A janela, elemento que aparece na história amorosa shakespeariana, Romeu e Julieta,
é o local onde os dois amantes se veem pela primeira vez. Elemento de ligação entre o
interior e o exterior, a janela está conotada simbolicamente com a interioridade de
Simão e de Teresa e com a sociedade. Ela funciona, então, como cisão entre as
personagens e o espaço social em que estas se inserem. Associada aos olhos, órgãos
de perceção (a janela também se liga à recetividade da luz exterior) que, por sua vez,
são “o espelho da alma”; a sua simbologia situar-se-á ainda ao nível de dois outros
espaços presentes na obra, através dos sentimentos das personagens: o aqui (espaço
terreno de hostilidade) que se opõe ao além (espaço da esperança e da ilusão
fecundante).
Os fios simbolizam a ligação eterna dos amantes, que não se desfaz após a morte (os
fios envolvem as cartas de Teresa a Simão); a sua significação remete para a união total
do par amoroso. Por outro lado, os fios são também o símbolo da união dos diferentes
estados da existência – Simão e Teresa acreditam que permanecerão unidos após a
morte. Aliás, o facto de as cartas e os respetivos fios que as envolviam terem sido
lançados ao mar, espaço ligado à criação e à vida, permite a reafirmação desta ideia. O
fio remete igualmente para o destino, ligado ao mito das três parcas (a primeira dá o
fio, ou seja, a vida, a segunda enrola-o – trata-se da fase que corresponde à vida do
individuo – e a terceira corta-o – é o momento da morte). Aqui, o tempo associa-se ao
destino que terá que ser cumprido. Os fios separam-se das cartas, após a morte das
personagens, quando mariana, suicidando-se, as remete para o elemento líquido.
Podemos ainda relacionar os fios com a aranha, isto é, o fio evoca, neste sentido, a
ilusão, a realidade enganadora. Não esqueçamos que as grades que aprisionaram
Simão e Teresa não são mais do que o alargamento e a equivalência simbólica dos fios
(os fios da aranha formam a teia, que aprisiona os seres que nela caem). Simão, após a
morte, é envolto num lençol, o lençol, que lembra o sudário de Cristo e representa o
amor, a paixão, o sofrimento e a morte dos humanos (etimologicamente paixão
significa morte). Cristo morreu para redimir os pecados dos homens; Simão morre
vítimas dos seus iguais.
O mar. O corpo de Simão é deitado ao mar, fonte de vida e, metaforicamente, local de
renascimento. O mar espelha o céu, o espaço em que os amantes acreditavam como
único local onde poderiam realizar o seu amor puro, mas condenado pelos homens.
O avental assume, na obra, um valor polissémico – por um lado, associa-se à condição
social de Mariana; por outro, liga-se ao sofrimento, pois é com ele que Mariana limpa
as lágrimas que chora por Simão. Este elemento do traje de Mariana encontra-se,
também, no âmbito da referência ao seu estado de loucura ao saber que Simão ia ser
preso – é assim que, na cadeia da Relação do Porto, Simão tem sobre uma mesa um
caixote de pau-preto que, para além de conter as cartas de Teresa, “ramalhetes secos,
os seus manuscritos do cárcere de Viseu”, guardava igualmente o avental de Mariana,
“o ultimo com que ela, no dia do seu julgamento, enxugou as lágrimas e arrancara de
si no primeiro instante de demência”. Simão, antes, pedir a João da Cruz que cuidasse
de sua filha, pois ela tinha nascido “debaixo da [sua] má estrela”, o que a condenava a
Poesia
Cesário Verde
Poesia:
- Parnasianismo: “arte pela arte” Tendência artística que procura a confeção perfeita
através da poesia descritiva. Preocupação com a perfeição, o rigor formal, a regularidade
métrica, estrófica e rimática. Retorno ao racionalismo e às formas poéticas clássicas. Busca
da impessoalidade e da impassibilidade.
- Impressionismo:
- Poeta-pintor:
- Não canta motivos idealistas, mas coisas que observa a cada instante; descreve ambientes
que nada têm de poético.
Cidade Campo
Morte Vida
Poemas:
- “Bairro Moderno”:
- “Contrariedades”: -
Poesia do quotidiano.
Impressão que o “fora” deixa na alma do poeta (cruel, frenético, exigente,
impaciente)
Alteração do estado de espírito -> causa: depravação nos usos e nos costumes;
injustiça da vida pela doença que destrói a vizinha (abandono e exploração); recusa
dos jornais em publicarem os seus versos; fim do poema: intervencionismo,
denuncia e acusação do mundo injusto e pouco solidário.
- “Nós”:
- “De Tarde”
- “Em Petiz”
-“De Tarde”
- “Deslumbramentos”
- “Vaidosa”
- “Esplêndida”
- “Frígida”
- “A Débil”
Deslumbramentos
Síntese
A poesia, a cujo conjunto Pessoa queria dar o título Cancioneiro, é marcada pelo conflito entre
o pensar e o sentir, ou entre a ambição da felicidade pura e a frustração que a consciência-de-si
implica.
Pessoa considera que a arte “é o resultado da colaboração entre o sentir e o pensar”. Daí a
sensibilidade a fornecer à inteligência as emoções para a produção do poema.
Para exprimir a arte, o autor criativo precisa de intelectualizar o sentimento, o que pode levar a
confundir a elaboração estética com um ato de “fingimento”. O poeta parte da realidade mas
só consegue, com autêntica sinceridade, representar com palavras ou outros signos o
“fingimento”, que não é mais do que uma realidade nova.
Entrar no jogo artístico, fingir ao exprimir as emoções, mas com toda a dimensão de
sinceridade, implica e explica a construção da poesia de ortónimo.
Fernando Pessoa não consegue fruir instintivamente a vida por ser consciente e pela própria
efemeridade. Muitas vezes, a felicidade parece existir na ordem inversa do pensamento e da
consciência.
O tempo, na poesia pessoana, é um fator de degradação, porque tudo é efémero. Isso leva-o a
desejar ser criança de novo. Mas, frequentemente, o passado é um sonho inútil, pois nada se
concretizou, antes se traduziu numa desilusão.
Pessoa sente a nostalgia da criança que passou ao lado das alegrias e da ternura. Chora, por
isso, uma felicidade passada, para lá da infância.
O fingimento artístico
Para Fernando Pessoa, um poema “é produto intelectual”, e por isso, não acontece “no
momento da emoção”, mas resulta da sua recordação. A emoção precisa de “existir
intelectualmente”, o que só na recordação é possível.
A dor do pensar
Fernando Pessoa não consegue fruir instintivamente a vida por ser consciente e pela
própria efemeridade. Muitas vezes, a felicidade parece existir na ordem inversa do pensamento
e da consciência.
A nostalgia da infância
O tempo, na poesia pessoana, é um fator de degradação, porque tudo é efémero. Isso leva-
o a desejar ser criança novamente.
Pessoa sente a nostalgia da criança que passou ao lado das alegrias e da ternura. Chora,
por isso, uma felicidade passada, para lá da infância.
Características Estilísticas:
- Adjetivação expressiva
- Pontuação emotiva
- Uso de símbolos
Musicalidade: aliterações, transportes, ritmo, rimas, tom nasal (que conotam o prolongamento
do sofrimento e da dor)
Verso geralmente curto
Predominio da quadra e da quintilha
Adejectivação expressiva
Linguagem simples mas muito expressiva (significados escondidos)
Pontuação emotiva
Uso de simbolos
Fiel à tradição poética “lusitana” e não longe, muitas vezes, da quadra popular
A poesia é marcada pelo conflito entre o pensar e o sentir, ou entre a ambição da felicidade
pura e a frustração que a consciência-de-si implica.
Pessoa procura, através da fragmentação do eu, a totalidade que lhe permita conciliar o pensar
e o sentir. O intersecionismo entre o material e o sonho, a realidade e a idealidade surge como
tentativa para encontrar a unidade entre a experiência sensível e a inteligência.
A poesia do ortónimo revela a despersonalização do poeta fingidor que fala e que se identifica
com a própria criação poética, como impõe a modernidade. O poeta recorre à ironia para pôr
tudo em causa, inclusive a própria sinceridade que, com o fingimento, possibilita a construção
da arte.