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SOCIEDADES POR AÇÕES

1 Considerações Iniciais

 Espécies – sociedade anônima e a sociedade comandita por ações


 Previsão Legal – a sociedade anônima sujeita-se às regras da Lei de Sociedade por
Ações (LSA), n. 6404/76. A LSA sofreu nos últimos anos alterações, que merecem
destaque e que foram introduzidas pela Lei 9.457/97, Lei 10.303/01 e pelo Novo Código
Civil (Lei 10.406/02), aplicável no caso de omissão da LSA. Já a sociedade em comandita
por ações é regida pelos artigos 1090 a 1092 do CC/02, e se submete, no caso de omissão
dessas normas, ao regime da sociedade anônima.

2 - Um pouco de história...
 A doutrina divide a trajetória das Sociedades Anônimas em três períodos distintos.
São eles:
 Outorga – A personalização e a limitação da responsabilidade dos acionistas eram
privilégios concedidos pelos monarcas e, em geral, ligavam-se a monopólios colonialistas.
 Autorização – Decorria de uma autorização governamental.
 Regulamentação – Caracterizado pela liberdade de constituição da Sociedade Anônima,
dependendo a sua personalidade jurídica e a limitação de responsabilidade dos acionistas
apenas de um registro, no órgão próprio, e a observância do regime legal específico.
 Origem no Brasil – No período colonial e no início do Império, as Sociedades Anônimas
se constituíram por outorga do poder real ou imperial. Por exemplo, o Banco do Brasil.
 Foi introduzido por um decreto imperial o sistema de autorização governamental no
Código Comercial de 1850. Em 1882, o país buscando a tendência dos outros países
centrais do capitalismo, incorporou o sistema da regulamentação. A partir disso, essa
autorização só se tornou exigido em hipóteses excepcionais: sociedades estrangeiras,
seguradoras, bancos,....
 Também na disciplina da constituição de uma S.A mediante a captação pública de
recursos a autorização do governo ainda é exigível. Em 1976, criou-se a Comissão
de Valores Mobiliários (CVM), e reformou-se por completo a lei.
 Mudanças – A constituição de uma Sociedade Anônima por meio de uma subscrição
pública passou a depender de uma autorização do governo. Caso, o fundador não a
solicitar terá a alternativa de constituir a Sociedade Anônima por subscrição particular.
 Portanto, visualizamos no nosso direito societário no que concerne uma S.A, uma
dualidade de sistemas: o de regulamentação para as companhias fechadas e o de
autorização para as abertas.

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3 – Conceito de Sociedade Anônima
 Conceito – “Anônima é a sociedade empresária com capital social dividido em valores
mobiliários representativos de um investimento (as ações), cujos sócios têm, pelas
obrigações sociais, responsabilidade limitada ao preço de emissão das ações que
titularizam” (Fábio Ulhoa Coelho)
 Para um melhor entendimento do conceito extraído do livro Curso de Direito
Comercial, vol. 2, 8º ed, 2005, temos que nos valer de conceitos e explicações sobre:
valor mobiliário, capital social e preço de emissão. Vejamos:
 O valor mobliliário como uma alternativa de investimento destaca uma principal
característica da participação societária, qual seja, o investidor se torna sócio da
sociedade. A figura do sócio na anônima ganha respaldo principalmente nos resultados
econômicos que essa sociedade possa gerar. Assim, a disciplina da participação societária
em uma Sociedade Anônima tem o objetivo de proporcionar sua circulação mais ágil, com
vistas à facilitação da liquidação do investimento.
 O capital social de uma S.A é composto por ações. Assim, é constituído por um
conjunto de valores mobiliários emitidos pela companhia. Representa a contribuição
que os sócios dão para a sociedade desenvolver a sua atividade econômica.
 Para o sócio o capital social é uma alternativa de investimento. Para a sociedade
anônima é um instrumento para a captação de recursos.
 Valor da ação de uma companhia depende das circunstâncias e dos objetivos da
avaliação. Assim, o preço de emissão representa um dos valores atribuíveis à ação,
corresponde ao que foi desembolsado pelo subscritor, em favor da companhia
emitente, para fins de titularizar a participação societária. Representa a medida de
responsabilidade do acionista pelas obrigações sociais, ou seja, pelo preço de
emissão das ações é o máximo que o acionista pode vir a perder, caso a empresa
explorada pela S.A tenha a sua falência decretada.
 Os acionistas só se comprometem pelo que subscreveram e não integralizaram, ou
seja, pelo preço de emissão das ações. Por exemplo, se este for pago à vista, a
falência da sociedade não implicará qualquer prejuízo ao acionista, se, no entanto, o
pagamento do preço de emissão das ações for parcelado, e a falência sobrevier
antes do término do pagamento das prestações, então o acionista será responsável
pelos valores correspondentes.
4 Características da Sociedade Anônima
 A partir do conceito extraído da legislação se depreendem as duas principais
características da Sociedade Anônima: capital social é divido por ações e a
responsabilidade dos acionistas está limitada ao preço de emissão das ações

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subscritas e/ou adquiridas. Ressalte-se que, o preço de emissão das ações não se
confunde com o seu valor nominal ou de negociação.
 Sociedade de Capital – significa que os títulos representativos da participação societária
(ação) são livremente negociáveis, ou seja, nenhum acionista pode impedir o ingresso de
quem quer que seja no quadro associativo. É permitido a penhora da ação em execução
promovida contra o acionista. Também, no caso de falecimento do titular da ação, não será
impedido o ingresso de seus sucessores no quadro associativo, por ser uma sociedade
institucional. Assim, o herdeiro ou legatário de uma ação, transforma-se em acionista da
S/A.
 Natureza Jurídica – sempre mercantil (art. 2º, parágrafo primeiro, da LSA)
 A sociedade anônima é sempre empresária independente do seu objeto social (art. 982,
parágrafo único do CC/02 c/c art. 2º, parágrafo primeiro da LSA). Nesse sentido, mesmo
que o objeto social de uma S/A seja atividade econômica civil, esta será sempre
empresária. Por exemplo, imaginemos uma companhia constituída só por dentistas para a
prestação de serviços de odontologia pelos próprios acionistas, embora tenha por objeto
uma atividade não empresarial, será necessariamente empresária e estará sujeita ao
regime-jurídico comercial, tendo em vista a adoção do tipo societário escolhido (S/A). Os
demais tipos societários não seguem essas regras, em função da natureza de sua
atividade podem ser simples ou empresárias, salvo, como já vimos, quanto às cooperativas
(sempre sociedade simples).
 Conclusões – A sociedades por ações, inclusive a anônima, é sempre mercantil, ou
seja, encontra-se sujeita à falência e pode requerer a recuperação judicial, qualquer
que seja o seu objeto.
 Nome Empresarial – só adota denominação, mas é admissível incluir nome de pessoas
homenageadas. Por exemplo: Construtora Andrade Gutierrez S/A. Deve vir acompanhado
das expressões: Sociedade Anônima (por extenso) ou S/A na frente, após o nome ou
mesmo no meio do nome; ou utiliza-se a expressão “Companhia” (apenas na frente do
nome). Por exemplo: “Companhia ABC” (ver art. 3º, LSA).
 Observação – o caput do art.1160 do Código Civil determina que a companhia deverá
operar sob denominação designativa do seu objeto social. Com isso, as sociedades
anônimas devem fazer constar de seu nome o seu objeto social. Por exemplo: S/A
Hipermercado Comilão.
 Objeto Social – deve estar descrito de maneira precisa o objeto social deste tipo
societário, sendo permitido qualquer objeto lícito, inclusive a participação em outras
sociedades (ver art. 2º, LSA).1

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Ver material da primeira aula sobre Direito Societário no que se refere ao objeto social e a prática de atos
“ultra vires”.

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5 Classificação das Sociedades Anônimas
 Companhia Aberta e Companhia Fechada – a companhia aberta é aquela cujos valores
mobiliários de sua emissão estejam admitidos à negociação no mercado de valores
mobiliários, que atualmente representa a Bolsa de Valores e o mercado de balcão. Por
outro lado, a companhia fechada, não tem seus valores mobiliários sujeitos à negociação
naquele mercado (art.4º, LSA).
 Valores mobiliários são todos os papéis negociáveis e emitidos pelas companhias,
tais como: ações e debêntures (esses valores serão estudados em tópico específico).
 Companhias Abertas – na companhia aberta basta que os seus valores mobiliários sejam
admitidos à negociação na Bolsa ou no mercado de balcão, para ser considerada aberta.
Por outro lado, é irrelevante se os valores mobiliários de sua emissão efetivamente são
negociados nessas instituições (ART. 4º, LSA).
 Requisitos para admissão – para que uma companhia aberta tenha seus valores
mobiliários admitidos à negociação na Bolsa ou mercado de balcão necessita obter do
governo federal uma autorização. A autarquia responsável para conceder essa autorização
denomina-se CVM – Comissão de Valores Mobiliários. Essa autarquia foi criada pela Lei
6385/76, e juntamente com o Banco Central é responsável pela supervisão e controle do
mercado de capitais, de acordo com as diretrizes traçadas pelo Conselho Monetário
Nacional.
 Objetivo do controle do governo federal – está relacionado com a proteção do investidor
“popular” em especial e com o papel que tais entidades desempenham para a economia
nacional.
 Regime jurídico aplicável às companhias abertas – Visa conferir ao investimento em
ações a segurança possível, com o intuito de fortalecer o mercado acionário e a motivar as
pessoas a ingressar nele como investidores.
 Liquidez é o atributo do investimento relacionado á facilidade de redisponibilização
do dinheiro correspondente.
 Nestes termos, é preciso traçarmos as alternativas de investimento em ações de
companhia aberta e fechada. Vejamos:
 Caso o dinheiro estiver investido em ações, a sua redisponibilização, dar-se-á com a
sua venda. Na medida que as ações estão disponíveis para negociação na bolsa de
valores ou no mercado de balcão, porque emitidas por uma S.A aberta, haverá
maiores chances de encontrarem-se compradores interessados em adquirí-las. Já as
ações que não são negociadas no mercado de valores mobiliários, por se tratar de
valores emitidos por uma S.A fechada, será consideravelmente menor o número de
pessoas interessadas na aquisição e maior a dificuldade de encontrá-las.

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 Conclusão – O investimento em uma companhia aberta tem maior liquidez que o
realizado por uma fechada. Assim, as normas jurídicas aplicáveis à S.A aberta -
controlada pela CVM, á obrigatoriedade de demonstrações financeiras periódicas e
de ocorrência de fatos relevantes – tais exigências devem ser explicadas pela
tentativa de criar uma alternativa de investimento o quanto possível segura e com
maior liquidez do que de uma companhia fechada.

6 – Mercado de Capitais
 No mercado de capitais desenvolvem-se operações de compra e venda de valores
mobiliários emitidos por companhias abertas. Assim, o titular de ações de uma
companhia aberta pode vender ou não as suas ações no mercado de capitais. Isto
quer dizer, que o acionista tem a opção de vender para um particular e negocia com
ele um valor e as condições de pagamento, operando-se a alienação fora do
mercado. Porém, se dá ordens ao seu corretor, e, este, no pregão da bolsa de
valores, negocia a ação com o corretor do interessado na compra, então a alienação
ocorre no mercado de capitais. Já o titular de ações de uma companhia fechada não
pode vender neste mercado e, sim, a pessoas de que conhece.
 A sociedade anônima que pretender captar recursos junto á generalidade de
investidores, oferecendo-se publicamente como uma alternativa de investimento
para as pessoas só poderá fazê-lo por meio de um sistema estruturado e controlado
pelos órgãos do governo federal, que é o mercado de capitais. Em termos gerais, o
direito societário brasileiro não permite ninguém criar um mercado paralelo de
captação dos recursos de investidores no geral.
 Classificação econômica do mercado de capitais: mercado primário e secundário.
 O mercado de capitais primário compreende as operações de subscrições de ações
e outros valores mobiliários. Já o secundário, representa a compra e a venda
(acionista irá negociar a ação vendendo-a para outra pessoa).
 Esta classificação é relevante para entendermos alguns institutos da S.A. Por
exemplo, na companhia aberta o acionista detém direito de preferência na
subscrição de ações, mas não na sua alienação.
 Direito de preferência do acionista no mercado primário – Nas negociações no
mercado primário as ações devem ser oferecidas primeiro aos acionistas, ao passo
que, as negociações no mercado secundário não existe esta obrigatoriedade.
 No setor primário do mercado de capitais, paga-se pela ação o seu preço de
emissão, enquanto, no secundário, o valor de negociação; no primário, o credor de
pagamento é a sociedade emissora, já no secundário, é o acionista.

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6.1 – Comissão de Valores Mobiliários
 Natureza jurídica e funções – A CVM é uma autarquia federal, encarregada de
normatizar as operações com valores mobiliários, autorizar a sua emissão e negociação,
bem como autorizar a fiscalização das companhias abertas e os agentes que operam no
mercado de capitais.
 Sanções – A CVM pode aplicar as sanções de advertência, multa, suspensão do cargo de
administrador de companhia aberta, ou inabilitação para o seu exercício, proibições de
atos ou operações, além de suspensão ou cassação de autorização ou registro.

6.2 – Bolsas de Valores


 Bolsas de Valores – entidades privadas (associação civil, com ou sem fins lucrativos, ou
sociedades anônimas), resultante da associação de sociedades corretoras, que exerce um
serviço público com monopólio territorial; sua criação depende de autorização do Banco
Central e seu funcionamento é controlado pela CVM.
 Objeto social – Manter local ou sistema adequado à realizações de compra e venda de
títulos ou valores mobiliários.
 Funções – As bolsas de valores tem como função primordial ampliar o volume de
negociações com os valores mobiliários das companhias abertas, de modo a conferir uma
maior liquidez ao investimento correspondente. Na verdade, representa o chamado pregão
dos valores mobiliários, ou seja, o encontro diário dos representantes das sociedades
filiadas à bolsa. O objetivo desses encontros é a realização de contratos de compra e
venda de ações, debêntures e demais valores emitidos pelas companhias abertas.
 Conclusão – As negociações realizadas em bolsa representam o mercado
secundário, ou seja, correspondem a transferência de titularidade do valor
mobiliário, do vendedor para o comprador. Já as sociedades corretoras filiadas a
determinada bolsa de valores atuam, no pregão, como representantes do interesse
de seus clientes (os investidores), materializado em ordens de compra e venda, no
sentido de tentarem a aquisição ou alienação de ações e demais valores mobiliários
da companhia aberta.
 Observação – Neste mercado bursístico, não há a colocação de ações novas pela
sociedade emissora, já que o segmento primário se desenvolve em outros
mercados, qual seja, o mercado de balcão.

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6.3 Mercado de Balcão
 Mercado de Balcão – é toda operação relativa a valores mobiliários realizados fora da
Bolsa de Valores, por sociedade corretora e instituição financeira ou sociedades
intermediária autorizadas para tal.
 Observação – existe a opção da companhia aberta poder registrar na CVM para ter os
seus valores mobiliários negociados apenas perante o mercado de balcão ou também
neste e na Bolsa de Valores.
 Funções – A operação típica do mercado de balcão é a colocação de novas ações de
emissão de companhia aberta junto aos investidores por meio de um banco. Porém, o
mercado de balcão está ligado ao mercado primário e também o secundário, podendo ser
instrumento de negociação de valores mobiliários de companhias abertas entre os seus
titulares.
 Agentes que atuam no mercado de balcão – a) instituições financeiras e demais
sociedades de distribuição de emissão de valores mobiliários, atuantes em conta própria
ou na qualidade de agentes da companhia emissora; b) sociedades com objeto voltado à
compra para a revenda de valores mobiliários em circulação; c) corretores de valores
mobiliários. Representa hoje, o chamado mercado de balcão “desorganizado”.
 Bolsa de Valores x Mercado de Balcão – a Bolsa só opera com o mercado secundário,
ou seja, para venda e aquisição de valores mobiliários das companhias abertas. Enquanto
que, o mercado de balcão também opera com o mercado primário, ou seja, para a
subscrição de valores mobiliários. Por exemplo: a emissão de novas ações, não poderá ser
feita na Bolsa, mas admite-se no mercado de balcão.
 Sociedade Anônima Nacional – considera-se nacional a companhia constituída de
acordo com a legislação brasileira e com sede de administração localizada no Brasil,
sendo irrelevante a nacionalidade do capital ou dos acionistas.
 Sociedade Anônima Estrangeira – organizada de acordo com a legislação estrangeira,
ou com sede no exterior.

6.3.1 – Mercado de Balcão Organizado


 Origem – Em 1996, a CVM regulamentou, a constituição e funcionamento de entidades do
mercado de balcão organizado (EMBOs). Trata-se de sociedades civis ou comerciais,
autorizadas a funcionar mediante o registro na CVM, cujo objeto é a prestação de serviços
a investidores e outros agentes do mercado de capitais, similar o que as bolsas prestam
aos corretores filiados, ou seja, a EMBO deve manter um sistema eletrônico que viabilize
adequadamente a realização de operações de compra e venda de valores mobiliários.
 Requisitos para admissão no mercado de balcão organizado – O valor mobiliário
deve constar previamente, do registro para a negociação neste mercado de balcão

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organizado a ser concedido pela CVM, a ser providenciado pela companhia
emissora. Porém, se for admitido a negociação dos valores mobiliários de uma
companhia em mais de uma EMBOs , esses valores não podem mais ser negociados
em bolsa. Em 2000, a CVM admitiu a negociação simultânea desses valores tanto na
bolsa quanto nas EMBOs.
 Autorização – Para que os valores de uma companhia aberta sejam negociados no
mercado de balcão organizado deve ter a aprovação dos acionistas
7 AÇÕES
7.1 Valor das Ações
 Conceito de Ação – “É o valor mobiliário representativo de uma parcela do
capital social da sociedade emissora que atribui ao seu titular a condição de
sócio desta”. (FÁBIO ULHOA COELHO)
 Importante – se alguém indagar quanto vale as ações de uma companhia, a reposta
dependerá do seguinte esclarecimento: Que tipo de valor se quer saber? A ação de
uma S/A irá variar de acordo com os objetivos de avaliação. Nesse sentido, em função
do objetivo perseguido, o seu valor pode ser:

7.1 Valor nominal


 É aquele resultante da operação matemática de divisão do valor do capital social pelo
número de ações. O estatuto social pode expressar este valor ou não; no primeiro
caso, temos a ação com valor nominal, no segundo, temos a ação sem valor
nominal, em que cada uma terá vantagens específicas.
 Garantias aos acionistas – As ações com valor nominal garantem aos acionistas
contra a diluição de seu patrimônio acionário, na hipótese de aumento de capital
social com emissão de novas ações.2
 Outra função – Redução de seu capital social motivada por sua excessividade.
No caso de redução do capital social o valor recebido pelo acionista por ação
cancelada é o nominal. No caso de manter o número de ações o acionista receberá
parte do valor delas. Caso haja ações sem valor nominal o acionista receberá a partir
da divisão do capital social pelo número de ações, ou seja, receberá a mesma
importância que lhe seria paga casos os estatutos tivessem atribuído um valor nominal
às mesmas.

7.2 Valor Patrimonial


 Valor Patrimonial – é o valor da participação do titular da ação no patrimônio líquido
da companhia. Nesse sentido, representa a operação matemática de divisão do

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Sobre o tema trataremos mais adiante em tópico específico.

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patrimônio líquido pelo número de ações em que se divide o capital social. É o valor
devido ao acionista em caso de liquidação da sociedade ou amortização da ação ( ver
art. 44, parágrafo segundo, LSA)
 Importante – o valor nominal, quando existente, é previsto no estatuto social. Já o
valor patrimonial se pode conhecer pelas demonstrações contábeis que a sociedade
anônima é obrigada a levantar ao término de cada exercício social.
7.3 Valor de Negociação
 Valor de Negociação – é o preço que o titular de determinada ação consegue obter
quando da sua alienação. Esse valor pago pelo adquirente é determinado por uma
série de fatores econômicos, como as perspectivas de rentabilidade, o patrimônio
líquido da sociedade, o desempenho do setor em que ela atua,...
 Observação – O valor de negociação da ação é aquele contratado entre as partes, por
livre manifestação de vontade, entre quem a aliena e quem a adquire. O principal
elemento que as partes levam em consideração, para chegar ao acordo diz respeito às
perspectivas de rentabilidade da empresa.
 Relação entre o valor patrimonial e o valor de negociação (exemplo) – Para que o
aluno possa compreender melhor a relação entre esses dois valores é preciso
vislumbrarmos o seguinte exemplo. Vejamos:
 Por exemplo, imaginem uma sociedade anônima dedicada ao ramo de
informática, necessariamente o seu objeto social não exige uma estrutura
patrimonial elevada, já que se dedica ao ramo de desenvolvimento de programas
de computador. Assim, seu patrimônio líquido terá valor reduzido, já que será
composto de equipamentos de informática e mobiliários usados, bens
essenciais ao desenvolvimento da empresa, mas de pequeno valor de troca. Já
as perspectivas de rentabilidade desse negócio podem ser elevadas de acordo
com a celebração de novos contratos. Em geral, nesse tipo de sociedade a
tendência é ter um valor de negociação das ações maior que o valor patrimonial.
 Variações - O valor de negociação também pode variar de acordo com as espécies
de ações, varia se esta é ordinária ou especial, isto é, como são diferentes os direitos
titularizados para aqueles acionistas que detém ações preferenciais e ordinárias,
inclusive na hora de distribuir dividendos, isso costuma a interferir nas perspectivas de
rentabilidade do investimento, e, como conseqüência, o valor de negociação que cada
espécie alcança no mercado.
 Outras variações – Outro motivo em que o valor de negociação das ações de uma
companhia podem variar é decorrente da venda de ações que detenham controle nas
deliberações sociais. Assim, desde que adquiridas “todas” a um preço unitário, essas
ações de controle valem mais, na hora da negociação, que as demais, porque está

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sendo transacionada uma participação societária qualificada, que dará direito ao
adquirente administrar a sociedade anônima.
 Classificação do valor de negociação:
 Valor de mercado – Relativo às ações de companhia aberta negociadas na bolsa de
valores, no mercado de balcão ou no mercado de balcão organizado.
 Valor de negociação privada – pertinente ás ações de quaisquer companhia quando
transacionas fora do mercado de capitais.
 Conclusão – O valor de negociação é sempre o resultado de acordo entre o
comprador e o vendedor. Mas a aceitação de um preço maior ou menor irá variar,
desde aqueles relacionados às particularidades da companhia emissora até
aqueles decorrentes de fatores políticos ou macroeconômicos.

7.4 Valor Econômico


 Valor Econômico – é aquele calculado por avaliadores ativos, através de técnicas
específicas e representa o montante que é racional pagar por uma ação, em vista das
perspectivas de rentabilidade da companhia emissora.
 Conclusão – O objetivo do cálculo é mensurar o preço que provavelmente um
negociador racional deveria pagar pela ação, caso fosse vendida. Assim, a definição
do valor econômico é importante na preparação das propostas ou na delimitação das
transigências interessantes durante as negociações para a aquisição da ação.

7.5 Preço de EMISSÃO


 Preço de Emissão – é o preço pago por quem subscreve a ação, à vista ou
parceladamente. Destina-se a mensurar a contribuição que cada acionista dá para o
capital social, e, eventualmente, para reserva de capital da companhia, bem como
representa o limite de sua responsabilidade subsidiária. O preço de emissão é aquele
fixado pelos fundadores quando da constituição da companhia, e pela assembléia
geral ou pelo conselho de administração, quando do aumento do capital social com
emissão de novas ações.
 Importante – se a companhia tem o seu capital social representado por ações com
valor nominal, o preço de emissão das ações não poderá ser inferior ao seu valor
nominal. Caso, o preço de emissão das ações seja superior àquele representado
nominalmente, a diferença chamada ágio, constituirá reserva de capital, que poderá
posteriormente ser capitalizada (art. 13 c/c 200, LSA).
 Conclusão – Ao ser fixado o preço de emissão das ações correspondentes ao
aumento do capital social, a companhia deve observar determinados parâmetros

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legais, que visam impedir a diluição injustificada do patrimônio de seus acionistas ,
bem como aproximá-los dos demais valores atribuíveis à participação societária.

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8 Classificação das Ações
 Conceito – valores mobiliários representativos de unidade de capital social de uma
sociedade anônima, que conferem aos seus titulares uma série de direitos e deveres.
 Previsão Legal – Arts. 11 ao 43, LSA.
 As ações de uma companhia podem ser classificadas utilizando três critérios:
espécies, forma e classes.
 Pela espécie, as ações são classificadas de acordo com os direitos e vantagens
conferidos aos acionistas e contempla três categorias: ordinárias, preferenciais e de
fruição. Já o segundo critério analisa o ato de transferência de titularidade do valor
mobiliário e o distingue em ações nominativas e escriturais. Por fim, o último
critério diz respeito à especificação dos direitos titularizados pelos acionistas, com
o objetivo de atrair os diversos interesses dos investidores atuantes no mercado, e
se traduz na identificação de cada categoria por letra (classe A, B OU C,...).

8.1 Classificação segundo as espécies:


 Ordinárias – são ações que conferem aos seus titulares a plenitude dos direitos
sociais, abrangendo, inclusive, o direito de voto. Esses direitos essenciais estão
catalogados no art. 109, LSA. São ações de emissão obrigatória. Não há sociedade
anônima sem ações dessa espécie.
 Observação – As ações ordinárias como dito acima conferem aos seus titulares o
direito de voto na assembléia geral, de modo que o acionista detentor de mais da
metade das ações dessa espécie é controlador da companhia. E, pode, por essa
razão eleger administradores, aprovar a maior parte das alterações estatutárias,...
 Ordinarialistas podem ser, portanto: controladores e minoritários.
 Temos também outras espécies de ações: preferenciais e de fruição

8.1.1 Ações Preferenciais


 Preferenciais – como exsurge do próprio nome, são ações que conferem aos seus
titulares preferências e vantagens especiais, que fogem da natureza das ações
ordinárias.
Preferências – Arts. 17 e 18, LSA. São elas:
 Prioridade na distribuição de dividendos - uma das formas de participação dos
lucros da sociedade.
 Prioridade no reembolso de capital (com ou sem prêmio).
 Cumulação das vantagens anteriores.
 Vantagens políticas (art. 18, LSA)

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 Como vimos acima, as preferenciais não admitidas à negociação no mercado de
capitais podem conceder vantagens de natureza estritamente política (art. 18,
LSA). Porém, quando a vantagem reconhecida aos preferencialistas diz respeito
à situação privilegiada na distribuição dos resultados da sociedade, ela se
denomina dividendo preferencial ou prioritário , do qual são modalidades o
mínimo e o diferencial.
 Garantia de dividendo mínimo ao preferencialista – A companhia ao distribuir num
exercício, lucros entre os acionistas, deve, em primeiro lugar, atribuir, a título de
dividendos, para os detentores de ações preferenciais, pelo menos o valor naquele
previsto.
 Conclusão – A garantia de dividendo mínimo representa a preferência na
repartição dos resultados positivos da sociedade, enquanto não é pago aos
preferencialistas o montante referido pelos estatutos, os ordinarialistas nada
podem receber a título de dividendos.
 Garantia de dividendo fixo ao preferencialista
 DIVIDENDO FIXO X DIVIDENDO MÍNIMO – Quando os lucros da sociedade ,
repartidos entre os acionistas, são suficientes para atender a vantagem estatutária dos
preferencialistas e também pagar os ordinarialistas, e mesmo assim restem recursos a
serem distribuídos, daí, se o dividendo preferencial for fixo, os recursos restantes
apenas serão repartidos entre os ordinarialistas. Porém, se for mínimo, igualmente
distribuído entre todos os acionistas.
 Praticidade das ações preferenciais – O investidor pode optar em adquirir ações
preferenciais de uma companhia porque considera satisfatória a vantagem preceituada
pelos respectivos estatutos. Por outro lado, é conveniente para a S.A comtemplar nos
seus estatutos uma preferência capaz de atrair os interesses dos investidores.
Restrições às ações preferenciais:
 Subtração do direito de voto é admissível ou restrição parcial (art. 111, LSA).

 O preferencialista sem direito de voto torna-se um mero prestador de capital. Tem


direito de fiscalizar como a S.A está sendo administrada, mas não pode interferir
nessa administração. Quando omisso os estatutos na negativa desse direito aos
titulares de ações preferenciais, eles poderão votar do mesmo modo que os
ordinarialistas. Para a previsão dessa restrição é necessário prevê expressamente
no estatuto.
 Neste caso, podem os titulares adquirirem o direito de voto, se a companhia deixar de
pagar os dividendos num prazo não superior à três exercícios (art. 111, parágrafo primeiro,
LSA). Configurada essa hipótese, a cláusula estatutária de privação ou restrição ao direito
de voto tem a eficácia suspensa, e os preferencialistas podem votar amplamente nas

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assembléias gerais até receberem o dividendo que têm direito. Porém, se a preferência
concedida ao não é o direito a dividendo mínimo ou fixo, mas alguma outra vantagem
(amortização ou reembolso das ações), não existe na lei nenhuma previsão expressa ao
direito de voto.
 Assim, esse direito de voto poderá ser exercido pelo titular da ação preferencial até o
pagamento do dividendo fixo ou mínimo a que tem direito. Para a definição do ato a partir
do qual a cláusula negativa ou restritiva do voto torna a ser eficaz, importa na distinção
entre dividendo cumulativo e não cumulativo. O dividendo cumulativo não pago em
determinado exercício, deve ser acrescido ao do seguinte e essa cumulatividade deve ser
expressa (art. 17, p. 4º, LSA). A cumulatividade das vantagens importa no direito dos
preferencilaistas receber, em exercícios futuros, o dividendo fixo ou mínimo que
eventualmente a companhia não pode pagar naquele ano.
 Matérias que os acionistas preferenciais tem direito de voto - Composição do
conselho fiscal, por exemplo, um de seus membros é escolhido pelos
preferencialistas sem direito de voto, em eleição separada (art. 167, p. 4º, a, LSA); na
assembléia de constituição, a cada ação atribui-se um voto, independente da
espécie ou classe (art. 87, p, 2º, LSA)
 A RESTRIÇÃO QUANTO AO DIREITO DE VOTO AOS PREFERENCIALISTAS TAMBÉM
NÃO PODE SER CONSIDERADA ABSOLUTA, OU SEJA, O ESTATUTO PODE
ESTABELECER RESTRIÇÕES PARCIAIS. Uma ou mais classes de ações
preferenciais podem negar o direito de voto aos seus titulares em determinadas
matérias somente.
 O número de ações preferenciais sem direito de voto, ou sujeitas à restrição no exercício
desse direito, não pode ultrapassar a 50% do total das ações emitidas (art. 15, parágrafo
segundo, LSA). Essa limitação permite organizar o poder de controle junto às sociedades
anônimas.
 Previsão antes de 2001 de um limite maior de ações preferenciais sem direito à voto
(2/3). Assim, após a entrada em vigor da reforma legislativa aplica-se o limite de 50%.

8.1.2 Ações de Fruição


 De Fruição ou de Gozo – são as que resultam, se assim dispuser o estatuto ou
determinar a Assembléia Geral Extraordinária, da amortização das ações ordinárias ou
preferenciais. Nesse sentido, são ações despidas de capital social, pois resultam da
distribuição ao acionista de quantias que poderiam tocar-lhe em caso de liquidação da S/A,
mas sem ocorrer a redução do capital social (art. 44, parágrafo quinto, LSA).

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 A amortização consiste na antecipação ao acionista, no valor que ele receberia, caso
a sociedade anônima fosse disssolvida e liquidada. Essa antecipação não pode
afetar o capital social. Nestes termos, procede-se à simulação contábil, definindo-se
em balanço de determinação, o valor do patrimônio líquido da companhia quando da
sua amoritização. Calculada a proporção cabível em cada ação (valor patrimonial),
paga-se ao acionista integral ou parcialmente. Se a amorização é total, prevê a lei a
possibilidade de substituição das ações titularizadas pelos acionistas beneficiários
com a operação por ações de fruição.

Restrições quanto ás ações de fruições:


 Restrições relativas às ações de fruição caso não sejam definidas pelos estatutos,
devem ser estabelecidas nas assembléias gerais.
 Limitações legais aos acionistas com ações de fruição que não dependem de
previsão estatutária ou determinação em assembléia geral, ou seja, restrições que
alcançam todos os acionistas com ações integralmente amortizadas: a) concorrem ao
acervo líquido da sociedade somente após a compensação em favor das ações não
amortizadas; b) ao exercerem o direito de recesso, o reembolso das ações também é
objeto de compensação; c) não tem o direito de juros sobre o capital próprio.
 Observação – As ações preferenciais se dividem em classes de acordo com o complexo
de direitos ou restrições, que nos termos dos estatutos, forem conferidos aos seus
titulares. Por outro lado, as ações ordinárias, em tese, não deveriam ser divisíveis em
classes, pois conferem aos seus titulares o mesmo conjunto de direitos. No entanto, a lei
possibilita aos estatutos da companhia fechada a previsão de classes de ações ordinárias,
em função de sua conversibilidade em ações preferenciais, exigência de nacionalidade
brasileira do acionista ou o direito de eleger, em separado, membros dos órgãos da
administração (art 16, LSA).
 Importante – As ações ordinárias de uma companhia aberta não poderão ser dividas em
classes.

8.1.2 Classificação quanto á forma:


 Pela forma, critério que leva em conta o ato de transferência da titularidade das
ações, pode esta ser nominativas ou escriturais.
 Ações Nominativas x Ações Escriturais – o critério de diferenciação de uma forma e
outra leva em conta o ato jurídico que opera a transferência de titularidade da ação, ou
seja, a maneira pela qual são transmissíveis.

15
 Ações Nominativas – circulam mediante registro no livro próprio da sociedade emissora
(art. 31, LSA)
 Ações Escriturais – são mantidas, por autorização ou determinação dos estatutos, em
contas de depósito em nome de seu titular. São ações desprovidas de certificado e sua
circulação ocorre por lançamento da operação nos registros próprios da instituição
financeira depositária, a débito da conta de depósito do alienante e a crédito da conta de
depósito do adquirente (art. 34, LSA). O acionista prova a titularidade pela exibição do
extrato fornecido pelo banco.
 Importante – Anteriormente à Medida Provisória que deu origem à Lei n. 8021/90, as
ações eram classificadas quanto à forma em: nominativas, endossáveis e ao portador ou
escriturais. Com a nova redação que esta Lei conferiu ao art. 20, LSA, foram extintas as
formas, ao portador e endossável. Somente sendo admitidas as ações nominativas ou
escriturais.
 Observação – Os estatutos de uma companhia fechada podem estabelecer limites quanto
à livre circulação das ações representativas de seu capital social, desde que, não impeçam
à sua negociação e nem sujeitem o acionista ao arbítrio dos órgãos da administração ou à
maioria dos acionistas (art.36, LSA). Por exemplo: previsão do direito de preferência para a
compra de ações reconhecido aos demais acionistas da companhia. Nesse caso, o
acionista que queira vender suas ações é obrigado a oferecê-las, inicialmente, aos demais
integrantes do quadro associativo da anônima.
 Restrição – A circulação das ações da companhia aberta não poderá sofrer qualquer
restrição por parte dos estatutos.
 Forma – As ações nominativas são documentadas sob a forma de certificados, em
regra, de emissão da companhia, conforme os ditames traçados no art. 24, LSA. No
entanto, poderá a companhia contratar os serviços de guarda e escrituração dos livros de
registro e transferência de ações, bem como de expedição de certificados, a uma
instituição financeira autorizada pela CVM, denominada de “agente emissor de
certificados”. Neste caso, só cabe a esta instituição a prática dos atos relativos aos
registros e emissão de certificados (art. 27, LSA).

9 Emissão e subscrição de ações


 O direito societário disciplina duas diferentes modalidades de operações pelas quais
a S.A capta recursos necessários ao desenvolvimento de sua atividade econômica:
capitalização e a securitização. Nas duas, os instrumentos de captação são valores
mobiliários, estando à ação relacionada à capitalização.

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 Capitalização x Securitização – A capitalização significa o financiamento da
sociedade anônima através da emissão de ações. Já a securitização, significa o seu
financiamento pela emissão de outros valores mobiliários.
 Assim, todas as ações emitidas pela companhia , na constituição ou no aumento do
capital social, devem ser subscritas, caso contrário a operação como um todo se
compromete, perdendo eficácia todos os atos de subscrição.
 Subscrição – É ato unilateral de vontade da pessoa interessada em ser titular da ação
emitida. Por meio dele, o subscritor adere às condições estabelecidas pela sociedade
emissora (preço de emissão, condições de pagamento, data de vencimento). Caso seja um
novo investidor deve também se sujeitar às regras do estatuto da sociedade emissora.
 A subscrição é considerada como um ato irrevogável.
 Subscrição pública x particular.

10 Circulação de Ações
 A EMISSÃO E A SUBSCRIÇÃO COMO JÁ TIVEMOS A OPORTUNIDADE DE
ANALISAR SÃO OPERAÇÕES REALIZADAS NO MERCADO PRIMÁRIO DE AÇÕES.
 A AÇÃO TAMBÉM PODE SER VENDIDA NO MERCADO SECUNDÁRIO, NO CASO DE
O ACIONISTA VENDER SUA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA, DEIXANDO DE SER
TITULAR DAS AÇÕES CORRESPONDENTES. Neste caso, a operação envolve dois
investidores, sendo um vendedor e um comprador, o primeiro credor do valor de
negociação, a ser pago pelo segundo. Neste mercado secundário, ocorre o que se
chama de circulação de ações.
 Assim, a livre circulação das ações é princípio fundamental do regime jurídico das
sociedades anônimas. Por isso, é sempre considerada uma sociedade de capital.

10.1 Ações não integralizadas


 Ações não integralizadas são aquelas cujo preço de emissão não está inteiramente
pago. Assim, mesmo antes do pagamento integral do preço de emissão, a ação pode
ser alienada, obedecidas algumas restrições legais. Pelo pagamento das prestações
faltantes, permanece solidariamente responsável o subscritor, nos dois anos
seguintes à alienação.
 Restrições legais – As ações emitidas pela companhia aberta somente podem ser
negociadas depois que o acionista pagou pelo menos 30% do seu preço de emissão (art.
29, LSA).
 Apenas podem ser objeto de transferência, pela sociedade emissora aberta, ações
com preço de emissão não pago no percentual da lei quando se tratar de

17
transmissão independente da vontade do acionista (sucessão causa mortis ou
adjudicação judicial).
 Conclusão – Tanto na sociedade aberta quanto na fechada, nos dois anos seguintes à
transferência das ações, isto é, se nominativa deve se operar a transferência no livro
próprio da sociedade emissora; se escritural, à contabilização pela instituição financeira
depositária, o alienante e o adquirente respondem, de forma solidária, perante a sociedade
pela integralização do valor mobiliário. Transcorrido esse prazo, cessará a
responsabilidade do alienante, e a sociedade somente poderá cobrar do adquirente da
ação a complementação do preço de emissão (art. 108, LSA).

10.2 Negociações com as próprias ações


 A lei proíbe à sociedade anônima a negociação com as suas próprias ações, com o
intuito de preservar a integridade de seu capital social. Estabelece, contudo,
algumas, exceções como a compra para cancelamento, a compra de ações
recebidas por doação e outras.
 Há apenas quatro situações, delineadas na lei, que autoriza a companhia a negociar
com as suas próprias ações. A primeira abrange três hipóteses de pagamento aos
acionistas pelas ações. São elas: Resgate, Amortização e Reembolso
 Resgate – consiste no pagamento das ações, para retirá-las definitivamente de circulação,
com a devida redução ou não, no capital social (art. 44, parágrafo primeiro, LSA).
 Amortização – consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem
redução do capital social, de quantias que lhe poderiam tocar em caso de liquidação da
companhia (art. 44, parágrafo segundo, LSA).
 Reembolso – é a operação pela qual, nos casos previstos em lei, a companhia paga ao
acionista dissidente de deliberação da assembléia geral o valor de suas ações (art. 45,
LSA). É um direito potestativo do acionista.
 Segunda exceção: compra de ações com a finalidade de mantê-las “em tesouraria”,
este é o “status” da ação negociável, enquanto á titularidade cabe á própria
companhia emissora ou cancelá-las. Também pode ocorrer no caso de transmissão
a título gratuito (doação)
 Observação – As ações adquiridas pela companhia ou metidas em tesouraria não
conferem à sociedade emissora, direito á dividendos, direito à voto enquanto
permanecem nesse “status”.
 Terceira exceção – Autorização à companhia a revender as ações adquiridas com
recursos de seus lucros ou reservas ou mediante doação e a venda de ações declaradas
caducas e integralizadas pela própria sociedade (art. 107, p. 4º, LSA).

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 Quarta exceção (só para as companhias abertas) – Redução do capital social com
restituição do dinheiro aos acionistas de parte do valor das ações.
 Previsão legal quanto às exceções à proibição genérica de a sociedade anônima
comprar e vender ações de sua própria emissão : art. 30, parágrafo 1º da LSA.
 Exceção não prevista em lei: venda de ações caducas integralizadas com lucro de
reservas (exceto a legal), depois de frustradas as tentativas de cobrança judicial do
acionista remisso ou leilão especial na bolsa de valores (art. 107, LSA).
 Objetivos que embasam a proibição legal de negociação da companhia com as
próprias ações: garantir a integridade do capital social e impedir que a sociedade
emissora interfira na oscilação da cotação de suas ações no mercado de capital
(atendimento das normas baixadas pela CVM para impedir ofertas ou demandas
artificiais).3
10.3 Suspensão da Circulação das Ações
 A suspensão da negociação das ações, estabelecidas pela CVM, bolsa ou EMBOS,
é uma medida de correção e prevenção de práticas irregulares no mercado de
capitais. Não se confunde com a suspensão de serviço de certificados,
determinada pela sociedade emissora com vista à sua racionalização. Esta última é
ato da sociedade anônima aberta que emite ação nominativa, com vistas à
racionalização de tratamento de certas questões.
 Suspensão de serviços de certificados (art. 37, LSA) – Não impede a negociação
das ações no mercado de capitais. Apenas restringe o comprador de praticar o ato
de titularidade quanto à transferência do valor mobiliário, que é o registro da
transação nos livros próprios da sociedade emissora.
 Conseqüências – O adquirente não poderá exercer o direito de acionista enquanto
estiver em curso a suspensão (art. 37, parágrafo único, LSA).
 Conclusões – Quanto a suspensão das negociações das ações, vimos que é um ato
promovido pela CVM, bolsa ou EMBO, com efeito circunscritos aos agentes e
mecanismos institucionais do mercado de capitais. Assim, não pode ser restringida
essa negociação privada do valor mobiliário, mesmo durante esse período de
suspensão. A compra e venda de ações nesse mercado aberto é ato plenamente
eficaz, ainda que a negociação esteja suspensa no mercado de capital.

10.4 Cancelamento da Ação


 O cancelamento da ação é ato da sociedade anônima emissora que retira o valor
mobiliário de circulação, em termos definitivos. O cancelamento pode ser: objetivo,

3
Conferir Curso de Direito Comercial,vol. 02, Fábio Ulhoa, p. 122, sobre às restrições apresentadas pela
CVM à respeito às companhias abertas.

19
pretendido pela S.A, através de operação específica para atingi-lo, ou apenas o
efeito de certo ato societário, como a redução do capital social.

10.4.1 Cancelamento como objetivo


 Alternativa – Resgate (art. 44, p.1º, LSA) e a compra para fins de cancelamento (art.
30, p. 1º, b, LSA)
 Resgate x compra para fins de cancelamento – Em caso de resgate o valor ou
critério para a sua definição está definido no estatuto, pela ação resgata a
sociedade pode pagar o valor econômico, patriminial,...Já com relação à compra
para cancelamento o valor é livremente negociado entre as partes.

10.4.2 Cancelamento como efeito


 O cancelamento das ações com a sua retirada definitiva de circulação, pode ser em
decorrência da redução do capital social. Sobre as seguintes razões: excessividade
de capital ou caducidade das ações.
 Vimos que a redução do capital social por excessividade pode importar a restituição
a cada acionista, de parte do valor nominal de suas ações, ou a restituição de todo
valor nominal de algumas delas.
 Caducidade das ações – conferir art. 107, p. 4º, LSA.

11 Certificado de Ações
 Conclusões – Em sintonia com o processo de despapelização dos instrumentos
jurídicos, os certificados de ações encontram-se em via de desaparecimento.
Isto é, o registro de titularidade da participação societária e de sua circulação é
feito, hoje em dia, em meio magnético. Assim, como o direito brasileiro já admite,
desde 1976, as ações escriturais, não se reclama uma mudança legislativa para a
disciplina da nova forma de registro, como ocorreu em outros países.
12 Depósito ou Custódia de Ações
 Situações em que os bancos são considerados depositários de ações de uma
companhia: como operadores de ações escriturais, agentes emissores de certificados
ou como custodiantes de ações fungíveis.
 Operações de ações escriturais – A instituição financeira abre para cada
acionista, uma conta de depósito de ações e responsabiliza-se pelo registro das
negociações desses valores mobiliários, creditando os adquiridos e debitando
os alienados na conta.

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 Agentes emissores de certificados – Presta a companhia emissora os serviços de
escrituração do livro de registro, o de transferência de ações nominativas, bem como a
emissão de certificados.
 Custodiantes de ações fungíveis - Contrato de depósito entre o banco e o acionista. O
titular das ações irá depositá-la em mãos de uma instituição financeira. O banco passa
a representá-lo perante a companhia emissora.
 Registro da transferência das ações para o nome da instituição financeira (art. 41, p.
3º, LSA)
13 Oneração de Ações
 Para onerar as ações que tiutlariza, o acionista não necessita da
concordância da companhia emissora, nem dos demais sócios. Porém, o ato
de constituição da garantia somente se aperfeiçoa , com a averbação do
instrumento de caução ou penhor no registro próprio.
 Constituição de Ônus Reais – opera-se mediante averbação no “Registro de Ações
Nominativas”. E as ações escriturais na instituição financeira depositária (art. 39, LSA)
 Penhor – não impede o acionista de votar (art. 39, LSA).
 Alienação Fiduciária em Garantia – credor impedido e devedor somente pode
exercer o direito de voto nos termos do contrato (art. 40, LSA).
 Usufruto – só é possível o direito de voto mediante acordo entre as partes.
 Observação – ver arts 113 e 114, LSA.

21
14 Constituição da Sociedade Anônima
 O tema da constituição encontra-se dividido em três níveis: I) pelos requisitos
preliminares (arts 80 e 81, LSA); II) modalidades de constituição (arts. 82 a 93, LSA); III)
providências complementares (arts. 94 a 99, LSA).
 Requisitos Preliminares (fase pré-constitutiva): a) Subscrição de todo o capital social
por pelo menos duas pessoas (não se exige mais, o número de sete), ou seja, é exigível
que todas as ações representativas do capital social estejam subscritas. Com a
subscrição das ações, a pessoa torna-se titular da ação emitida por uma S/A. Essa
subscrição é irretratável; b) Realização, como entrada, de, no mínimo, 10% do preço das
ações subscritas em dinheiro. Em se tratando de instituição financeira essa entrada deve
ser de 50%; c) Depósito das entradas em dinheiro no Banco do Brasil ou
estabelecimento bancário autorizado pela CVM. Este depósito deve ser feito pelo
fundador, até 5 dias do recebimento das quantias devidamente pagas, em nome do
subscritor e em favor da companhia em constituição. Uma vez concluído o processo de
constituição da companhia deverá ser levantado o montante depositado. Porém, se este
processo não se concluir em 6 meses do depósito, poderá ser levantado pelo subscritor
à quantia por ele paga.
 Modalidades de Constituição da Sociedade Anônima (fase constitutiva) - a)
constituição por subscrição pública (fundadores buscam recursos para a constituição
da sociedade junto com investidores); b) constituição por subscrição particular
(inexiste esta preocupação por parte dos fundadores).
 Elementos caracterizadores da Subscrição Pública – art. 19, parágrafo 3º, da Lei
6385/76.
 Importante – sempre que o fundador de uma companhia pretender utilizar os
mecanismos do artigo supramencionado deverá mencionar as normas relativas para a
subscrição pública (arts. 82 a 87, LSA), é também chamada pela doutrina, constituição
sucessiva, pois irá passar por várias fases. Já se o fundador optar pela subscrição
particular, adotará os critérios estabelecidos no art. 88, LSA. Também é chamada pela
doutrina, como constituição simultânea.

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 Subscrição Pública – início com o registro na CVM, cujo pedido deve estar instruído
com o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento, o projeto dos
estatutos e o prospecto.
 Observação – A CVM pode condicionar a concessão desse registro a alterações no
prospecto ou no projeto que não se revelarem por satisfatórios. Porém, se o estudo de
viabilidade econômica e financeira não condiz com os requisitos estabelecidos pela CVM
(inviabilidade ou temeridade da empresa), será indeferido o registro. Pode, também, a
CVM negar o registro com base na inidoneidade dos fundadores. Para conseguir o
registro deve ser contratada pelo fundador da companhia instituição financeira para
intermediar as ações no mercado.
 Concedido o registro da emissão e da sociedade na CVM, passa-se para uma
segunda fase, que compreende a subscrição das ações representativas do capital
social. Senão vejamos:
 Subscrição das ações representativas do Capital Social – neste caso, o investimento
é oferecido ao público pela instituição financeira intermediária. Nesse sentido, quem
pretender subscrever ações dessa companhia deve procurar a instituição financeira para
assinar o boletim ou a lista de subscrição, instrumentos que viabilizam o negócio jurídico.
Também será possível a subscrição por carta que atenda os requisitos fixados no
prospecto. E, sendo em dinheiro a integralização, o subscritor é obrigado a pagar a
entrada.
 Capital totalmente Subscrito – os fundadores devem convocar a assembléia de
fundação para avaliar os bens submetidos para a integralização, e, se for o caso,
deliberar sobre a constituição da companhia. Nesta assembléia de constituição, todas as
ações, independente da espécie, conferem aos seus titulares o direito de voto.
 Requisitos de Constituição – uma vez confirmada a observância de todas as
formalidades legais e não se opondo subscritores representativos de mais da metade do
capital social, será proclamada a constituição da companhia, nomeando-se, em seguida,
administradores e fiscais. O projeto do estatuto só pode ser alterado por deliberação
unânime dos subscritores. Finalizando, com esta fase, a constituição da companhia
constituída por subscrição pública.
 Subscrição Particular – poderá processar-se por deliberação dos subscritores reunidos
em assembléia de fundação ou por escritura pública. Na primeira hipótese, todos os
subscritores devem assinar o projeto de estatuto; na segunda, todos eles devem assinar
a escritura pública que conterá determinados requisitos fixados em lei (art. 88, parágrafo
2º, LSA).
 Independente do tipo de modalidade de constituição da companhia prevê a lei
determinadas regras gerais – ver arts. 89 a 93, LSA.

23
 Necessidade de registro e publicação dos atos constitutivos da companhia.
Somente depois de cumpridas todas essas providências acima mencionadas é que
a companhia poderá dar início à exploração das suas atividades comerciais, de
maneira regular (fase pós-constitutiva).
 Importante – quando houver a incorporação de bem ao capital social, deverá ser
providenciada pelos primeiros administradores, a transferência dos mesmos para a
companhia no registro competente. Por exemplo: se for bem imóvel, no Registro de
Imóveis, se marca, no INPI,... A certidão dos atos constitutivos da Junta Comercial é o
instrumento hábil para instrumentalizar essa transferência.
 Observação – A companhia não responde pelos atos ou operações praticados pelos
primeiros administradores antes de cumpridas as formalidades de constituição, mas a
assembléia geral pode deliberar em contrário (art. 99, parágrafo único, LSA).

15 Valores Mobiliários
 Conceito – representam títulos de investimento que a sociedade anônima emite para a
obtenção de recursos que necessita.
 Objetivo – Em função da espécie do valor mobiliário emitido é necessário observar duas
modalidades de captação de recursos: capitalização e securitização;
 Capitalização – A S/A emite ações e o investidor que a subscreve se torna sócio dela.
 Securitização – Emissão dos demais tipos de valores mobiliários, e o investidor passa a
titularizar perante a companhia emissora demais direitos conforme o valor subscrito, além
de ser admitido a emissão de valores mobiliários conversíveis em ações.
 Valores mobiliários x títulos de crédito – Para a maioria dos comercialistas os
valores mobiliários não são considerados espécies de títulos de crédito, pois não
apresentam os atributos destes últimos (documento de crédito, executividade,
cartularidade, literalidade e autonomia das obrigações).
 Ação – valor mobiliário representativo do capital social, que foi objeto de um tópico
específico, em vista da complexidade do tema (arts. 11 ao 43, LSA).
 Debêntures – Arts. 52 a 74, LSA.
 Partes Beneficiárias – Arts. 46 a 51, LSA.
 Bônus de Subscrição – Arts 75 a 79, LSA.
 Nota Promissória – Inst. da CVM n.134/90.

15.1 – Debêntures
 Conceito – Títulos representativos de um contrato de mútuo, em que a companhia é
mutuaria e o debenturista o mutuante. È um título emitido pela companhia, desde que, haja
aprovação da assembléia geral, representando um empréstimo que ela contrai. A empresa

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que emite a debênture é denominada de companhia emissora, enquanto que o investidor,
é denominado debenturista.
 A partir da emissão de debêntures a S.A é capaz de captar recursos, ou seja, cada
investidor ao subscrever esse valor mobiliário e pagar a sociedade emissora o preço
correspondente, está emprestando dinheiro a ela. No vencimento da debênture a
companhia irá pagar o devido ao debenturista , como que devolvendo o dinheiro
emprestado. Os valores, as garantias, os prazos e as obrigações das partes são
estabelecidos nos certificados ou na escritura de emissão.
 Direitos dos Debenturistas – direito de crédito perante a companhia nas condições
fixadas por um instrumento elaborado por esta, chamado de “escritura de emissão”. Tal
instrumento estabelece se o crédito é monetariamente corrigido ou não, as garantias
desfrutadas pelos debenturistas, as épocas de vencimento das obrigações e demais
requisitos determinados em lei (ver arts. 53 a 57 c/c art. 59, LSA). São eles:
 Juros fixos ou variáveis (art. 56, LSA).
 Participação nos lucros (art. 56, LSA).
 Prêmio de Reembolso (art. 56, LSA).
 Vencimento – Geralmente o vencimento é estabelecido em longo prazo ( 8 ou 10
anos), em que a sociedade emissora paga ao debenturista o reembolso do valor
mobiliário sendo admissível a antecipação deste por amortizações periódicas
previstas no certificado ou na escritura de emissão. Neste reembolso deve ser
acrescido pelo menos juros fixos e variáveis e correção monetária.
 Correção Monetária com base nos coeficientes fixados para correção de títulos da
dívida pública, na variação da taxa cambial ou em outros referenciais não
expressamente vedados em lei (art. 54, parágrafo segundo, LSA).
 As debêntures também são negociáveis.
 Compra e venda x resgate – Entre a compra e venda e o resgate há uma diferença
essencial, naquela a sociedade emissora realiza negociações com o debenturista e
paga e recebe o preço de comum acordo entre eles; já com relação ao resgate a
companhia por um ato unilateral, retira o valor mobiliário de circulação, mediante o
pagamento ao debenturista de montante previamente estipulado.
 Possibilidade de conversibilidade em ações – art. 57, LSA
 Operacionalização - A emissão de debêntures pode ser pública ou privada. No caso de
emissão pública, a sociedade deve pedir autorização da CVM; no segundo basta a
comunicação. Além disso, devem ser adotadas providências no registro de empresas e de
imóveis e outros atos para a implementação de eventuais garantias.
 Requisitos para emissão de debêntures – a) registro na Junta Comercial e a
conseqüente publicação da ata de assembléia geral ou do conselho de

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administração, em que a operação foi aprovada; b) inscrição da escritura de emissão
na Junta; c) constituição das garantias reais, como penhor, hipoteca, se houver.
 Não atendimento das formalidades – Responsabilidade civil dos administradores.
 Agente Fiduciário dos Debenturistas – a comunidade de debenturistas pode ser
representada por um agente fiduciário, nomeado pela escritura de emissão. Sempre que
as debêntures forem distribuídas ou admitidas no mercado, a nomeação de agente
fiduciário é obrigatória. Porém, se a negociação das debêntures não se fizerem no
mercado será facultativa a sua intervenção. Por outro lado, pode exercer essa função a
pessoa física que preencher os requisitos que a lei estabelece para os administradores,
bem como a instituição financeira autorizada pelo Banco Central do Brasil, observados os
impedimentos previstos no art. 66, parágrafo terceiro, LSA. (sobre o assunto, ver os arts.
66 a 70, LSA).
 Espécies de Debêntures – a) com garantia real, em que um bem, pertencente ou não à
companhia, é onerado. Por exemplo: hipoteca de um imóvel; b) com garantia flutuante,
que confere aos debenturistas um privilégio geral sobre o ativo da companhia, em que
terão preferência sobre os credores quirografários, em caso de falência da companhia
emissora; c) quirografária, cujo titular concorre com os demais credores sem garantia, na
massa falida; d) subordinada ou “subquirografária”, em que o titular tem preferência
apenas sobre os acionistas, em caso de falência da companhia devedora (art. 58, LSA)
 Conclusão - A mais relevante implicação quanto as quatro espécies de debêntures
diz respeito a ordem de pagamento do reembolso do debenturista na falência da
sociedade anônima emissora. Nestes termos, se a companhia não se encontra falida,
não existem diferenças entre debêntures com garantia flutuante, quirografárias e
subordinadas quanto ao exercício dos direitos dos debenturistas. Já com relação as
debêntures com garantia real, apresentam particularidades próprias, pois na
hipótese de inadimplemento das obrigações desta companhia não falida, por
exemplo, se no vencimento ou na data estabelecida para a amortização parcial, ela
não pagar aos debenturistas conforme estabelecido na escritura de emissão,
estando o valor mobiliário garantido por hipoteca incidente sobre imóvel da sede da
emissora, poderá ser movida execução com a respectiva penhora sobre este bem,
ainda que seja superior ao crédito executado.
 Observação – as debêntures podem ter cláusula de conversibilidade em ações e podem
ser nominativas e escriturais.
 Regra geral do limite de emissão da debênture – não poderá ultrapassar o capital social
da companhia (art. 60, LSA)

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 Exceções: a) debênture com garantia real (80% do bem); b) com garantia flutuante (70%
do ativo); c) subordinada (não há limite previsto para a emissão) – art. 60, parágrafo 4º,
LSA.
 Observação: O art. 60 da LSA, ora revogado, determinava, como descrito acima, que o
valor total das emissões de debêntures quirografárias não podia ultrapassar o capital social
da companhia (regra). Todavia esse limite poderia ser excedido até alcançar 80% do valor
dos bens gravados, próprios ou de terceiros, no caso das debêntures com garantia real. Já
no caso de debêntures com garantia flutuante, o limite poderia ser excedido até alcançar
70% do valor contábil do ativo da companhia, diminuído do montante de suas dividas
garantidas por direitos reais. O dispositivo revogado também atribuía á CVM competência
para fixar outros limites para a emissão de debêntures negociadas em bolsa ou no
mercado de balcão, ou a serem distribuídas no mercado. A emissão de debêntures
subordinadas não estava condicionada a nenhum limite. TODAS ESSAS RESTRIÇÕES
NÃO MAIS EXISTEM.
 Debêntures perpétuas – Esses tipos de debêntures possibilitam a organização do poder
de controle da companhia, na medida em que os debenturistas aportam recursos na
empresa, mas não titularizam os direitos de acionistas (art. 55, p. 3, LSA).
 Praticidade – Por exemplo, uma companhia com capital social pequeno emite apenas
ações ordinárias, subscritas na totalidade ou majoritariamente, pelos fundadores
interessados em controlar a empresa; para captar os recursos que necessita para o
desenvolvimento do objeto social, emite debêntures subordinadas, subscritas em
percentual reduzido, pelos fundadores, e, na sua maioria pelos prestadores de capital. Na
escritura de emissão estabelece-se que os debenturistas terão o direito de crédito
equivalente à totalidade do lucro líquido apresentado em cada exercício. Dessa forma, os
prestadores de capital terão exatamente o retorno que almejavam quando se interessaram
pela companhia e os fundadores não correrão o risco de perder o poder de controle.
15.2 – Partes Beneficiárias
 Conceito – Títulos negociáveis sem valor nominal e estranhos ao capital social, que
conferem aos seus titulares um direito de crédito eventual, consistentes na participação
dos lucros da companhia emissora, em percentual nunca superior a 10% dos seus lucros,
na forma estabelecida pelo art. 46, LSA.
 Alienação ou atribuição – esses títulos poderão ser alienados ou atribuídos. No caso, da
atribuição, esta pode ser onerosa mediante a retribuição em prestação de serviço e
também, pode ser gratuita.
 Exemplo – Se a companhia contratou os serviços de um administrador de empresa
para reorganizar a sua estrutura e combinou pagar-lhe além de honorários, uma
participação nos lucros durante certo prazo, a obrigação decorrente desta última

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pode ser documentada por uma parte beneficiária. Já a emissão gratuita é
decorrente normalmente em favor de entidade beneficente de empregados da
sociedade anônima (art. 48, p. 1º)
 Importante – A companhia aberta não pode emitir partes beneficiárias.

 Prazo de Duração – nunca superior a 10 anos, no caso de títulos emitidos gratuitamente,


salvo se emitidos em favor de sociedade ou fundação beneficente de empregados da
companhia. Nesta hipótese, os estatutos poderão fixar a duração do título livremente.
 Observação – as partes beneficiárias podem conter cláusula de conversibilidade em
ações, devendo, neste caso, ser constituída uma reserva especial para capitalização.
 Alteração dos Estatutos – caso seja alterado o estatuto social que importe na
modificação ou redução das vantagens conferidas aos titulares das partes beneficiárias,
esta alteração somente terá eficácia após sua aprovação, pela metade, no mínimo, dos
titulares das partes beneficiárias desde que estejam reunidos em assembléia.
 Comprometimento – Apenas 10% dos seus lucros art. 46, p, 2º)

15.3 – Bônus de Subscrição


 Conceito – São títulos de investimento de pouca presença no mercado de valores
mobiliários, pois conferem aos seus titulares o direito de subscreverem ações da
companhia emissora, quando do futuro aumento do capital social da mesma. Por outro
lado, o titular desse bônus, não estará dispensado do pagamento do preço de emissão
dessas ações.
 Objetivos – são títulos criados pela sociedade anônima para uma alienação onerosa
ou como vantagem adicional para aqueles subscritores de suas ações ou
debêntures.
 Conclusão – Ao emitir ações novas, a S.A que possui bônus de subscrição em circulação
deve oferecê-las primeiro, aos investidores detentores desse valor mobiliário e não aos
acionistas. Porém, a companhia deve oferecer esses bônus aos sócios. Assim, o acionista
que deseja conservar a preferência no aumento do capital social não pode deixar de
subscrever esses bônus, que são oferecidos preferencialmente.

15.4 – Notas Promissórias


 A CVM disciplinou através da Instrução n. 134/90, a emissão de notas promissórias
destinadas ao público, ou seja, é um valor mobiliário destinado à captação de
recursos para restituição a curto prazo (30 dias no mínimo e o máximo de 180 dias).

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Também conhecido como “commercial papers”, na qual esse valor só pode ser
negociado mediante endosso em preto com a cláusula de garantia.

16 Capital Social
16.1 A função do capital social
 A sociedade anônima não tem a obrigação de restituir, com acréscimos
remuneratórios os recursos aportados a título de capitalização. Já os decorrentes da
securitização ou financiamento bancário, esta companhia responderá na condição
de devedora. Por exemplo, se a S.A não paga determinada obrigação, o credor pode
executar os bens de sua propriedade sendo irrelevante o maior ou menor capital
social. Assim, ao avaliar uma sociedade anônima os analistas não dão importância
para o capital social, prestando maior atenção nos resultados, ativo, passivo,
liquidez,...
 Princípio da intangibilidade atribuível ao capital social
 Conclusão – O capital social não mede a contribuição dos sócios quando as ações
são subscritas a preço superior ao seu valor nominal.
 Essa parte que supera o valor nominal é denominada de reserva de capital. Assim, a
contribuição dos sócios pode ser medida pelo capital social mais a reserva de
capital constituída pelo ágil da subscrição, se existente.

16.2 Formação do capital social


 Subscrição x integralização
 Capital subscrito é o montante recursos prometidos pelos sócios para a formação
da sociedade; o integralizado representa o que efetivamente os sócios lhe entregam.
 O capital social da Sociedade Anônima pode ser integralizado com dinheiro (hipótese
mais comum), bens e créditos.
 Integralização do Capital Social em Bens - é necessário realizar-se a avaliação
desses bens, que deve ser feita seguindo as regras fixadas em lei (art. 8º, LSA). São
elas:
 Requisitos- Devem ser contratados três peritos, ou uma empresa especializada, para a
elaboração de um laudo fundamentado com indicação dos critérios e dos elementos de
comparação utilizados e instruídos pelos documentos relativos ao bem. Este laudo será
objeto de votação em assembléia geral da companhia. Se o valor obtido nesse laudo for
aprovado pelo órgão social e aceito pelo subscritor, ocorre a integralização do capital
social pelo bem avaliado. Pode ser qualquer bem, corpóreo ou incorpóreo (registro de
marca, patente,..), pode ser usado para a integralização do capital social da companhia.

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O bem transfere-se à título de propriedade para a companhia, salvo no caso de
usufruto, por exemplo, e a responsabilidade desse subscritor equipara-se a de um
vendedor.
 Integralização por Créditos de Titularidade do Subscritor – nesse caso deve ser
observada a responsabilidade do subscritor pela existência do crédito e a solvência do
devedor. O certificado de ação integralizada só pode ser expedido após a realização
desse crédito (art. 23, parágrafo 2º, LSA).

16.3 Capital social e a reserva de capital


 Como já analisamos os recursos advindos com o recebimento do preço de emissão
das ações são apropriados na conta do capital social. Porém, parte deles, pode ser
destinada á formação de reserva de capital. A diferença entre uma e outra
apropriação consiste nas vedações de uso de recursos de cada conta.
 Princípio da intangibilidade do capital social – Significa que não podem ser
empregados pela companhia no pagamento de dividendos ou juros sobre capital aos
acionistas e só podem ser restituídos aos sócios quando da dissolução da companhia,
mediante redução do capital social ou no reembolso feito à conta do capital social.
 Liberdade – Por outro lado, a sociedade poderá utilizar livremente os recursos
contabilizados como capital social na exploração da empresa com a compra de
insumos, pagando empregados, emprestando,...
 Reserva de capital – Os recursos contabilizados na reserva de capital só podem ser
utilizados para o resgate ou reembolso de ações, absorção de prejuízos,
pagamentos de dividendos preferenciais ou outras hipóteses legais (art. 200, LSA).
 Uma outra diferença é que a reserva de capital só pode ser formada por dinheiro.
Enquanto, o capital social pode ser formado por dinheiro, bens ou créditos como já
vimos.

16.4 A mora do acionista


 Dever do acionista – integralização do capital social (art. 106, LSA)
 Mora do acionista (subscritor ou adquirente) – NÃO paga parcela pelo preço de
emissão, nas condições estipuladas no boletim, estatuto ou chamada
 Conseqüências - Acionista devedor de juros, correção monetária e multa estatutária
não superior a 10%. Também pode ser considerado remisso, expondo-se a duas
providências tomada pela companhia. A primeira delas, diz respeito à possibilidade
da companhia mover execução judicial do valor devido e seus acréscimos, já que a
lei define que o boletim de subscrição ou o aviso de chamada de capital como títulos
executivos extrajudiciais. Segundo, as ações do remisso podem ser vendidas por

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sua conta e risco na bolsa de valores. Essa venda é feita por meio de um leilão
especial, e que por isso, pode ser também admissível em caso das fechadas (art.
107, p. 3º). Essas providências podem ser feitas simultaneamente, mas se uma delas
der resultado a outra deve ser interrompida. O lance mínimo obtido nesse leilão deve
ser o do valor nominal das ações. Caso não tenham valor nominal deve ser o
resultado da divisão do capital social pelo número de ações.
 Resultados infrutíferos – integralização das ações pela própria sociedade se
possível (contabilização de lucros ou reservas).
 Conseqüência – Caducidade das ações com o desligamento do acionista remisso e a
reversão em favor da sociedade que pode posteriormente aliená-las.
 Insuficiência de lucros ou reservas - A companhia deve declará-las caídas em comisso,
ou seja, a partir dessa declaração corre-se o prazo de um ano para que a sociedade possa
encontrar interessados na compra do valor mobiliário. Vencido esse prazo, não há mais
instrumentos legais para a companhia buscar a integralização de seu capital social, daí
deve se operar a redução deste.

16.5 Aumento do capital social


 Observação – o capital social também pode ser aumentado. Porém, nem sempre
decorre do ingresso de novos recursos na companhia. Pode ocorrer nas
seguintes hipóteses:
 Emissão de Ações – há efetivo ingresso de novo recursos no patrimônio social. Esse
aumento pode ser deliberado por Assembléia Geral Extraordinária (art. 166, IV, LSA) e
tem por pressuposto, a realização de pelo menos ¾ do capital social (art. 170, LSA).
Esse aumento também pode ser decorrente de deliberação da assembléia geral ou do
conselho de administração, nos limites do capital autorizado (art. 166, II, LSA).
 Razões para o aumento do capital social em relação a emissão de novas ações -
É uma forma da S.A obter recursos para a manutenção ou o desenvolvimento de sua
atividade econômica. E deve haver alteração no estatuto.
 Ações não subscritas - A operação está totalmente comprometida, devendo a
sociedade cancelar as novas ações e devolver aos subscritores as quantias
devidas e formalizar pela assembléia geral o restabelecimento do montante
anterior à deliberação do aumento.

16.5.1 Aumento de capital sem novos recursos

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 Valores Mobiliários – a conversão de debêntures ou partes beneficiárias em ações.
Neste caso, em virtude da redução do passivo, ocorre o aumento do patrimônio líquido
da compahia.
 Capitalização de Lucros e Reservas – a assembléia geral ordinária pode reservar uma
parcela do lucro líquido ou de reservas para reforço do capital social, emitindo-se ou não
novas ações, mas sempre sem o ingresso de novos recursos (art. 169, LSA). Essa
capitalização de lucros ou reservas, é chamada pela doutrina de aumento gratuito de
capital social, pois não importa a alteração do patrimônio líquido da sociedade.

16.5.2 Capital autorizado


 Capital Autorizado – o estatuto da companhia pode autorizar o aumento do capital
social de maneira diferente, desde que seja realizado dentro de um certo limite, sem
necessidade de sua alteração. A medida visa a agilizar o processo de decisão e
emissão de novas ações. Este limite é chamado de “capital autorizado”. O estatuto
deverá, quando fixar esse capital autorizado, definir qual o órgão competente para
decidir sobre a emissão de novas ações, se vai ser a assembléia geral ou o conselho de
administração.

16.5.3 Opção de compra de ações


 Verifica-se o aumento do capital social com o ingresso de novos recursos quando
os titulares de opção de compra de ações (normalmente administradores ou
executivos de nível elevado), exercem os seus direitos, nas condições definidas
em Plano aprovado pela Assembléia Geral, devidamente autorizada pelo estatuto,
e no limite do capital autorizado. Nestes termos, são criadas ações para a entrega
dos beneficiários do plano, não possuindo nesse caso os acionistas direito de
preferência na subscrição.

16.6 Redução do Capital social


 Redução do Capital Social – o capital social, por outro lado, pode ser também
reduzido. Causas: a) excesso do capital social, quando se constata o seu
“superdimensionamento”; b) irrealidade do capital social, quando ocorre prejuízo
patrimonial (art. 173, LSA).
 Perda do capital social – Mero ajuste do dispositivo estatutário à realidade
econômica da companhia. Na verdade, nada obriga a redução do capital social por
esse motivo, podendo a companhia seguir regularmente as suas atividades, a
respeito da acentuada diferença do capital social e os recursos que de fato
titulariza. Por isso, é incomum esta operação.

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 Capital social excessivo – Se o capital social não estiver totalmente integralizado,
e o montante da redução coincide com a parcela não integralizada, procedem-se
as formalidades cabíveis, de modo a alterar os estatutos e o registro das ações.
Se, por outro lado, o capital estava totalmente integralizado os recursos podem
permanecer na sociedade , como reserva de lucro ou ser restituído aos acionistas.
 Redução compulsória do capital social – Se não for substituído o acionista
dissidente, reembolsado à conta do capital social, e não à de lucros e reservas,
depois de transcorridos 120 dias da publicação da ata da assembléia que deu
ensejo á retirada (art. 45, p. 6º). O segundo caso verifica-se com o transcurso do
prazo de um ano sem que tenha a companhia conseguido encontrar interessados
na compra de ações caídas em comisso (art. 107, p. 4º).
 Consequências – restituição aos acionistas de parte do valor das ações ou diminuição
do valor destas, quando não estiverem totalmente não-integralizadas, à importância das
entradas já feitas. Na verdade, a lei busca proteger os credores da companhia e, por
isso, sujeita à eficácia da deliberação da assembléia geral ao transcurso do prazo de 60
dias após a publicação de sua presente ata. Neste interregno, os credores
quirografários existentes à data da publicação terão o direito de manifestar a oposição
quanto à redução deliberada, hipótese em que o arquivamento da ata da assembléia
geral fica condicionado ao pagamento ou ao depósito judicial do crédito do oponente.
Para que ocorra a redução do capital social, também é exigido a aprovação da maioria
de seus debenturistas, reunidos em assembléia especial (art. 174, LSA).

16. 7 A Subcapitalização
 A questão da subcapitalização societária envolve, basicamente o direito dos
credores da sociedade e a responsabilidade dos acionistas pelas obrigações
sociais. Nestes termos, faço a seguinte indagação: O direito brasileiro
responsabiliza os sócios pela subcapitalização da compahia?
 Esse erro de calculo não enseja nenhuma responsabilidade dos acionistas. Por
outro lado, se a falta de recursos da sociedade é suprida por terceiros, não
acionistas, mediante financiamento bancário, mútuo ou securitização, também não
se indaga de eventual responsabilidade dos sócios, ainda que na hipótese de
falência da companhia.
 Outro caminho – Se em vez de aumentarem o capital social com a subscrição de novas
ações, os acionistas preferem buscar os mesmos recursos, à título de financiamento
(securitização ou mutuo), em caso de falência da sociedade, eles concorrem com os
demais credores pelo crédito relacionado a esse aporte. Indaga-se, nesse caso, se eles
não deveriam ser responsabilizados pela subcapitalização da companhia.

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 Responsabilidade do Acionista Controlador – um outro ponto que deve ser discutido
nesse tópico, é a responsabilidade do acionista controlador em face da subcapitalização
da sociedade anônima. Ocorre quando o capital social é ostensivamente inferior ao
necessário para o desenvolvimento do objeto social. Para obter os recursos que faltam
a companhia se vale de empréstimos feitos pelo próprio acionista controlador. Este, em
vez de subscrever novas ações, contrai um mútuo com a sociedade, para apresentar-se
em caso de falência desta, não como um acionista, mas como um credor a mais, por
vezes preferencial. Caso não haja empréstimo, pode ser atribuída responsabilidade ao
controlador em caso de subcapitalização, fundada no fato de configurar abuso da forma
societária a constituição de pessoa jurídica sem os recursos indispensáveis ao seu
desenvolvimento.
 A subcapitalização e a teoria da desconsideração da personalidade jurídica.

17 ÓRGÃOS SOCIAIS
 Principais órgãos da companhia: assembléia geral, conselho de
administração, diretoria e conselho fiscal. O estatuto poderá prever outros
órgãos.

17.1 Assembléia Geral

 Funções – órgão máximo da Sociedade Anônima, de caráter exclusivamente


deliberativo, que reunirá todos os acionistas com ou sem Direito de voto.
 Ações sem direito de voto – Ações preferenciais nominativas.
 Exceções – Deliberação da constituição, eleição em separado dos membros
do conselho de administração ou fiscal, não pagamento de dividendos fixos
ou mínimos,... Apenas assegurado o direito de discussões das matérias em
pauta (art. 125. p. único, LSA)
 Convocação – Exigência legal de realização de assembléia geral nos quatro
meses imediatamente seguintes ao término do exercício social, para fins de
apreciação de matérias específicas. Esta é chamada de assembléia geral

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ordinária e que deve ser realizada anualmente e as matérias para as
discussões em pauta devem ser aquelas elencadas no art. 132, da LSA.
 São elas:
 A) Tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as
demonstrações financeiras;
 B) Deliberar sobre a distribuição do lucro líquido e a distribuição dos
dividendos;
 C) Eleger os administradores e fiscais, se for o caso.
 Outros temas – Convocação de assembléia geral extraordinária.
 Quorum de deliberações:
 Quorum de instalação – presença de acionistas que representem ¼ do capital
votante, em primeira convocação, sendo que, a falta de quorum não poderá dar
início às votações. (art. 125, LSA)
 Exceção – proposta de reforma dos estatutos (2/3 do capital social votante), nos
termos do art. 135, LSA.
 Segunda convocação – instalação com qualquer número de acionistas.
 Aprovação de propostas dirigidas à assembléia geral – vontade de acionistas
titulares de ações com direito de voto representativas de mais da metade do
total de ações com direito de voto presentes à reunião daquele órgão,
descontados os votos em branco., ou seja, deve ser exigido a maioria
absoluta, conforme dispõe o art. 129, LSA.
 Exceção – exigência de quorum qualificado (art. 136), mais da metade, no
mínimo, do capital social votante, ou seja, 50% das ações com direito de
voto.
 Empate – no caso da proposta contar com a aprovação de metade dos acionistas
com direito de voto e a outra metade discordar, será o caso de empate que deve
ser resolvido conforme dispõe o art. 129, p. 2º, LSA.
 O quorum de deliberação simples ou qualificado pode ser aumentado pelos
estatutos da companhia.
 Prescrição – prescreve em 2 anos a anulação de deliberações tomadas em
assembléia, em virtude de vício da convocação ou da instalação, infração da lei ou
do estatuto, ou ainda, por erro, dolo, fraude ou simulação. (rt. 286, LSA)

17.2 Conselho de Administração


 Órgão facultativo.
 Funções – Trata-se de um órgão colegiado de caráter deliberativo, ao qual a lei
atribui parcela da competência à assembléia geral, com vistas a agilizar a tomada de

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decisões de interesse da companhia, Sendo que, deve ser um órgão obrigatório nas
sociedades anônimas abertas, nas de capital autorizado e nas de economia mista
(art. 138, p. 2º, 239, LSA)
 Composição – Mínimo de três conselheiros e máximo pode ser fixado pela
companhia. Somente o acionista é elegível para o cargo (art. 146).
 Destituição e eleição – fica à cargo da assembléia geral.
 Prazo de duração do mandato – não pode ser superior a três anos.
 Deliberações – Maioria dos votos, se o estatuto não prevê quorum qualificado para
algumas matérias (art. 140)

17.3 Diretoria
 Funções – órgão de representação legal da companhia e de execução das deliberações
da assembléia geral e do conselho de administração.
 Previsão no estatuto para a Diretoria:
 1º - número de membros, nunca inferior a dois, ou o mínimo e máximo permitidos.
 2º - duração do mandato não superior a três anos.
 3º - modo de substituição dos diretores.
 4º - atribuições e poderes de cada diretor.

 Diretores – Não precisam necessariamente serem acionistas da companhia, e são


eleitos pelo conselho de administração, se houver, ou pela assembléia geral, caso
inexista o conselho de administração. Até 1/3 dos membros do conselho de administração
podem também integrar a diretoria.
 Representação legal – Compete aquele diretor designado no estatuto, ou no caso
de omissão, o que deliberar o conselho de administração. Se inexistir qualquer dos
dois casos a representação legal competirá a qualquer dos diretores da companhia
(art. 144, LSA).
 Reeleição dos membros do conselho de administração e da diretoria (art. 140, III, E
143, LSA).

17.3 Conselho FISCAL


 Órgão de existência obrigatória, mas de funcionamento facultativo, composto de no
mínimo três e no máximo de cinco membros, sejam eles acionistas ou não.
 Observação – Se o estatuto da companhia prevê o funcionamento facultativo deste
órgão, este deverá ocorrer por deliberação da assembléia geral, por proposta de
acionista que represente, na sociedade fechada, 10% das ações com direito de voto

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ou 5% das ações sem direito de voto. Quanto as abertas os percentuais são
menores, fixados pela CVM, em função do capital social.
 Extensão das mesmas restrições atribuíveis aos administradores também deve ser
extensíveis aos membros do conselho fiscal.
 Não pode ser eleito fiscal – O membro de órgão da administração, empregado da
companhia ou da sociedade por ela controlada ou do mesmo grupo, bem como cônjuge,
parente até o terceiro grau do administrador (art. 162, p. 2º).
 TITULARES DE AÇOES PREFERENCIAIS SEM DIREITO DE VOTO – PODEM ELEGER,
EM SEPARADO UM MEMBRO DO CONSELHO FISCAL. O mesmo direito recai sobre o
acionista minoritário que represente no mínimo 10% ou mais do capital social (art. 161, p.
4º, LSA).
 Função – Destinado à fiscalização dos órgãos da administração, com o intuito de
proteger os interesses da companhia e de todos os acionistas.
 Competência – ver art. 163, LSA.

18 ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE
 ADMINISTRADORES (GÊNERO) – regras jurídicas aplicáveis tanto aos membros do
conselho de administração quanto aos da diretoria (ver arts. 145 a 160, LSA).
 DEVERES:
 1º Dever de Diligência – Arts. 153 e 154, LSA
 2º Dever de Lealdade – o administrador não pode utilizar em proveito próprio ou de
terceiro, informações pertinentes os planos e interesses da companhia e ao qual
teve acesso devido ao cargo que ocupa (art. 155). Também não pode intervir em
qualquer operação social em que tiver interesse conflitante com o da S/A (ART. 156)
 Descumprimento do dever de lealdade – Crime de concorrência desleal (art. 195, XI,
P. 1º, LPI)
 3º Dever de Informar – o administrador de uma companhia aberta tem o dever de
informar, imediatamente, à Bolsa de Valores e divulgar pela impressa, qualquer
deliberação dos órgãos sociais ou determinado fatos relevante, que possa influir, de modo
ponderável, da decisão dos investidores que atuam no mercado de valores mobiliários
(art. 157, p. 4º). Tem tem o dever de informar aos demais acionistas os negócios sociais
(art. 157, caput, e p. 1º, LSA).
 Interpretação do Art. 158, LSA – Se o administrador realizar os atos regulares de gestão
ao qual estava obrigado não será responsável pelas obrigações assumidas pela
companhia por ato regular de gestão. No entanto, poderá responder por atos ilícitos que
causar, com culpa ou dolo, ainda que dentro de suas atribuições ou poderes, ou com
violação da lei ou do estatuto social.

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 Conseqüências – Ao que preceitua o art. 158, LSA, a companhia está autorizada a
promover contra o administrador a sua responsabilização judicial, por prejuízo que
tenha lhe causado, mediante prévia deliberação em assembléia geral. Neste caso, o
administrador será destituído do cargo de administração e substituído conforme
dispuser o estatuto da companhia.
 Não responsabilização – Caso a própria companhia retardar a propositura da
competente ação por mais de 3 meses, pode qualquer acionista fazê-lo em nome da
companhia. É o caso de substituição processual conforme preceitua o art. 159, p. 3º,
LSA). Porém, se a assembléia decidiu pela não responsabilização do administrador,
os acionistas que representarem pelo menos 5% ou mais do capital social poderão,
em nome da companhia, promover a competente ação judicial. É o que os
doutrinadores chamam de “substituição processual originária” (art. 159, p. 4º, LSA)
 Prescrição – A ação para a responsabilização dos administradores prescreve em três
anos, a contar da publicação da ata da assembléia geral que deliberou o balanço referente
o exercício em que o ilícito aconteceu.
 Prescrição da ação penal ou da sentença penal definitiva, caso o fato ensejador da
ação de responsabilidade civil deva ser objeto de apuração na esfera criminal (art.
287, II, b, 2, 288) – deve ser contado o mesmo prazo.
 Responsabilidade administrativa dos administradores perante a CVM – Multa,
advertência ou até a suspensão do exercício do cargo ou inabilitação pela CVM.
 Responsabilização dos administradores por danos causados a terceiros. Exemplos:
 1º - Relação de consumo – Os consumidores têm ação contra os administradores
que conduziram a companhia fornecedora à falência ou inatividade decorrente à má
administração (ART. 28, CDC)
 2º - Direito do INSS cobrar dos administradores as dívidas previsenciárias da
sociedade anônima, nos termos do art. 13, p. único, da Lei 8620/91.
 3º - Também os administradores de operadoras de planos de assistência à saúde
respondem subsidiariamente pelos direitos contratuais e legais de consumidores,
prestadores de serviço e fornecedores, bem como pelas obrigações fiscais e
trabalhistas da sociedade (art. 35-j, Lei 9656/98).

19 Acionistas
 DEVER PRINCIPAL – PAGAR O PREÇO DE EMISSÃO DAS AÇÕES QUE SUSCREVEU
(ART. 106)
 Vencimento – Estipulado no estatuto ou no boletim de subscrição.

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 Omissão – Chamada dos subscritores, por avisos publicados na imprensa, por três
vezes, pelo menos, estabelecendo um prazo não superior que 30 dias para o devido
pagamento.
 Conseqüências do não pagamento – Acionista está constituído em mora
independente de qualquer interpelação.
 Constituição da mora – o acionista deverá pagar o principal de seu débito,
acrescidos de juros, correção monetária e multa não superior a 10%. Deve existir a
previsão estatutária.
 Conseqüências tomadas pela companhia contra o acionista remisso:
 1º Cobrança judicial;
 2º Leilão especial na Bolsa de Valores; Caso não consiga deve:
 A) Declarar a caducidade das ações, apropriando-se das entradas já realizadas.
 B) Poderá integralizar as ações, se possuir fundos ou reservas para vendê-las no
futuro.
 C) Caso não possua fundos ou reservas, terá a companhia o prazo de um ano para
conseguir um comprador. Caso não consiga será reduzido o capital social, por
decisão em assembléia geral, em importância correspondente.
 Direitos essenciais dos acionistas – art. 109, LSA.
 1º - Participação nos resultados sociais – art. 109, I E II. LSA.
 Exceção – Se a S/A é devedora de INSS, a lei de custeio da Seguridade Social proíbe
a distribuição de lucros na sociedade com débitos junto ao INSS (LEI 8212/91, art.
52).
 Fiscalização dos negócios sociais – Ex: art. 105 e o conselho fiscal.
 Direito de Preferência - art. 171, p. 1º, LSA)
 Direito de Retirada – Acionista dissidente de determinadas deliberações em
assembléia geral (arts. 136, I a VI e IX, 230 E 252) ou de companhia cujo controle foi
desapropriado (art. 236, p. único), tem o direito de se retirar da sociedade recebendo
o reembolso de suas ações.
 Cálculo do Reembolso – valor patrimonial das ações do acionista dissidente (art. 45,
p. 3º e 4º, LSA).
 Direito de voto não é considerado essencial, tendo em vista que existem ações que
não conferem aos seus titulares o direito de voto.
 Pode o acionista responder civilmente pelo caso de voto abusivo ( é aquele que
causa dano à companhia ou a outro acionista ou para obter para si ou para outrem
vantagem indevida).
 Voto conflitante – o acionista não poderá votar nas deliberações sobre o laudo de
avaliação de bens com os quais pretender a integralização de suas ações, nem na

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aprovação de suas contas como administrador, nem nas questões que possam
beneficiá-lo de modo particular ou nas que tiver interesse conflitante com o da
companhia (art. 115, p. 1º).
 Conseqüência – A decisão que for tomada em virtude de voto conflitante é anulável, e
pode o acionista ser responsabilizado por eventuais danos.

19.1 ACORDO DE ACIONISTAS


 Liberdade – Os acionistas podem, livremente, compor seus interesses por acordo que
celebrem entre si. Com isso, terão a proteção do Direito Civil, no que se refere aos
contratos em geral. Porém, em determinadas matérias caso esses acionistas celebrarem
acordos entre si, devem se sujeitar especificamente a Lei de S/A. São elas:
 Se o acordo tem em vista matérias que se referem ao poder de controle, o exercício
do direito de voto, a compra e venda de ações ou a preferência de sua aquisição, o
registro desse acordo frente à companhia deverá conter : A) a companhia não
poderá praticar atos contrários o conteúdo do acordo; B) poderá ser obtida a
execução específica do que foi pactuado, mediante ação judicial.
 Conseqüências do descumprimento no caso do direito de preferência.
 Descumprimento do acordo cujo objeto é o exercício do direito de voto.
Observações:
 1º Não pode ocorrer a venda de votos, fato tipificado como crime segundo a Lei de
S/A. O que as partes podem acordar é a uniformização da política administrativa.
 2º - O chamado voto de “verdade” não pode ser objeto de acordo. Nesta categoria
devem ser incluídos o voto de acionistas em matérias homologatórias, como por
exemplo, aquelas que dizem respeito á aprovação das contas dos administradores
ou do laudo de avaliação dos bens para a integralização do capital social.

19.2 PODER DE CONTROLE


 Acionista Controlador – O acionista (grupo de acionistas vinculados por acordos de
votos) titular de direito de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria
de votos na assembléia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores e
usa, efetivamente desse poder para dirigir as atividades sociais e orientar o
funcionamento dos órgãos sociais é considerado acionista controlador (art. 116,
LSA)
 Requisitos para ser considerado controlador:
 A) Ser maioria societária (não no sentido de deter a maioria do capital social, mas no
de possuir ações que lhe garantam a maioria nas decisões tomadas pelas 3 últimas
assembléias).

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 B) Fazer uso dos direitos decorrentes desta situação para dirigir a sociedade.
 Abuso de poder – O acionista controlador responde pelos danos que causar por
abuso de poder, nos termos do art. 117 (exercício abusivo do poder de controle).
 Outras hipóteses que responsabilizam o controlador da Sociedade Anônima.
Exemplos:
 Dívidas previdenciárias da companhia decorrente de dolo ou culpa.
 Se instituição financeira – Na hipótese de decretação pelo Banco Central de
liquidação extrajudicial e intervenção (Lei 9447/97). TAMBÉM pode ser
responsabilizado o acionista controlador de seguradora, entidade de previdência
privada aberta e companhia de capitalização (Lei 10.190/01).
 Negociações com ações que detém o poder de controle – Costumam ser negociadas
em valor substancialmente maior que as demais., inclusive as ordinárias emitidas
pela sociedade.
 “Prêmio de Controle” – O prêmio de controle é quando alguém adquire ações que
possibilitam passar a controlar a Sociedade Anônima, não está acrescendo em seu
patrimônio não só o direito de participar dos lucros e resultados, mas também, por
exemplo, o de eleger administradores, definir a estratégia geral da empresa,
reestruturar a sociedade, aumentar o capital social,... Por isso, é justo e racional
pagar mais pelas ações de sustentação de controle.
 Acionistas minoritários devem condicionar o ingresso na sociedade com à “cláusula
da saída conjunta”, no estatuto ou em acordo de acionistas (“tag along”) – Quer dizer
que o acionista controlador só pode vender as suas ações a quem se comprometa a
adquirir também as ações dos beneficiados com essa cláusula. Viabilizando a distribuição
do prêmio de controle entre os acionistas com direito de saída conjusta.
 Essa cláusula de saída conjunta está prevista na lei em favor dos acionistas com
direito de voto. Assim, a alienação das ações com poder de controle só pode ser
feita mediante condição de o adquirente adquirir, por oferta pública, as demais ações
com direito a voto daquela sociedade, pagando no mínimo 80% do preço pago pelas
do controlador (art. 254 – A, LSA). Já os acionista preferencialistas sem direito de
voto só podem exercer o direito de saída conjunta se tiver previsto como vantagem
estatutária.

20 Demonstrações Financeiras
 Exercício social – Art. 175,LSA.
 Findo o exercício social, a diretoria deve providenciar o levantamento de
demonstrações contábeis. São elas:
 A) Balanço Patrimonial;

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 B) Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados;
 C) Demonstração do resultado do exercício;
 D) Demonstração das origens e aplicações dos recursos.

 Observação – Tais demonstrações devem basear-se na escrituração mercantil da S/A e


serão publicadas para a futura apreciação da assembléia geral Ordinária (art 132, I,LSA)
juntamente com o relatório dos administradores.

21 LUCROS, RESERVAS E DIVIDENDOS


 O RESULTADO DO EXERCÍCIO revelado na respectiva demonstração financeira, tem
a sua destinação em parte definida pela lei. Vejamos:
 1º - Após a absorção de prejuízos acumulados, a provisão do IR (Imposto de Renda)
(art. 189, LSA) e o pagamento das participações estatutárias de empregados,
administradores e partes beneficiárias (art. 190, LSA), o lucro líquido durante o
exercício terá dois possíveis destinos: a) ficará em mãos da própria sociedade ou
será distribuído aos acionistas a título de dividendos. Sendo que, uma parcela dos
lucros permanecerá obrigatoriamente na companhia para a constituição da reserva
legal e outra será obrigatoriamente distribuída aos acionistas a título de dividendo
obrigatório. O restante será determinado pela Assembléia Geral Ordinária, podendo
aprovar ou não a proposta da Diretoria (art. 192). PARA TANTO, ABREM-SE TRÊS
ALTERNATIVAS: A CONSTITUIÇÃO DE RESERVA DE LUCRO, DISTRIBUIÇÃO DE
DIVIDENDOS OU CAPITALIZAÇÃO (AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL).
 RESERVA DE LUCRO: RESERVA LEGAL (5% do lucro líquido, desde que não
ultrapasse a 20% do capital social). Só pode ser utilizada para o aumento do capital
social ou para a absorção de prejuízos., temos as RESERVAS ESTATUTÁRIAS,....
 Reservas de capital – Embora não integram o capital social da companhia, guardam
relação com ele (art. 182, p.1º). Utilização desses recursos somente para a absorção
de prejuízos, após o exaurimento dos lucros acumulados e das reservas de lucro,
utilizando-se a legal por ultimo (art. 189, p. único), o resgate de partes beneficiárias
ou o pagamento de dividendos preferenciais, se previstas tal possibilidade no
estatuto (art. 200, LSA).
 RESERVA DE REAVALIAÇÃO (ART. 8º, LSA)
 Dividendos Obrigatórios – Parcela do lucro líquido da sociedade que a lei determina
seja atribuído entre os acionistas (art. 202). Porém, esses dividendos obrigatórios
asseguram aos acionistas minoritários algum retorno de seus investimentos,
impedindo que o controlador reinvista na companhia todos os resultados gerados.
 Não distribuição de dividendos obrigatórios. Casos:

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 A) Se os órgãos da administração informarem à assembléia geral que a situação
financeira da companhia não é compatível com o seu pagamento;
 B) Por deliberação de assembléia geral de companhia fechada, se não tiver oposição
dos acionistas presentes.
 Conseqüências – Esses lucros não distribuídos constituirá reserva especial, e serão
distribuídos aos acionistas quando possibilitar a situação financeira da companhia.
 Dividendos Prioritários – SÃO AQUELES DEVIDOS AOS ACIONISTAS
PREFERENCIAIS E PODEM SER, FIXOS OU MÍNIMOS.
 Momento de apropriação dos dividendos prioritários – deve ser apropriado
contabilmente após a constituição de reserva legal, mas antes da constituição das
demais reservas de lucro.
 Observação – Se o pagamento dos dividendos prioritários consumir toda a parcela
dos lucros destinada aos acionistas, os titulares de ações ordinárias não receberão
qualquer soma naquele exercício.
 Proibição – A legislação previdenciária proíbe a distribuição de dividendos entre os
acionistas enquanto a se encontrar em débito com o INSS.
 Sanção – A própria companhia será apenada e não os próprios acionistas.

21 DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO
 Previsão legal – arts. 206 a 218, LSA.
 Art. 219, LSA – A S/A pode ser extinguir pelo encerramento da liquidação, que se
segue à dissolução, ou pela incorporação, fusão, cisão com versão de todo o
patrimônio em outras soiedades.
 A dissolução pode ser: de pleno direito, por decisão judicial, ou por decisão de
autoridade administrativa competente.
 Causas determinantes da dissolução de pleno direito:
 A) Término do prazo de duração;
 B) Casos previstos nos estatutos;
 C) Deliberação em assembléia geral por acionistas detentores, de no mínimo,
metade das ações com direito a voto;
 D) Por unipessoalidade incidente;
 E) Extinção de autorização para poder funcionar.
 Causas de dissolução judicial:
 A) Anulação da constituição da companhia, proposta por qualquer acionista.
 B) Irrealização do objeto social, provada por acionista que represente, pelo menos
5% do capital social.

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 C) Falência
 Dissolução parcial – Reembolso de acionista dissidente.
 Morte de acionista.
 A exclusão de acionista não é possível.
 Dissolução por vontade de acionistas – Art. 136, VII.
 Dissolução – Liquidação.
 Liquidação irregular – responsabilização do liquidante ou mesmo de acionista com
a conseqüente ação judicial em 1 ano, contado da publicação da ata de
encerramento da liquidação (art. 287, I, b, LSA).

22 Transformação, Incorporação, fusão e cisão


 Aplicação da LSA – Os procedimentos de reorganização de empresas que envolverem
pelo menos uma Sociedade Anônima devem ser regulamentados à disciplina da Lei de
S/A. Não havendo operação nenhuma de sociedade deste tipo deve ser buscado o Código
CIVIL (ARTS. 1113 a 1122).
 TRANSFORMAÇÃO – É A OPERAÇÃO DE MUDANÇA DE TIPO SOCIETÁRIO. Sendo
que, a transformação não acarreta a extinção da pessoa jurídica, nem cria outra
nova. É o mesmo sujeito de direito coletivo anterior à transformação que
permanece.
 Procedimento – Deve atender ao mesmo procedimento das formalidades de
constituição da companhia resultante. Aprovação unânime dos acionistas, salvo se
o ato constitutivo já admite a transformação.
 Direito de retirada (art. 221, LSA)
 Incorporação – Operação pela qual uma sociedade absorve outra ou outras, as quais
deixam de existir.
 Fusão – União de duas ou mais sociedades, para dar nascimento a uma nova.
 Cisão – é a transferência de parcelas do patrimônio social para uma ou mais
sociedades, já existentes ou constituídas na oportunidade.
 Direito de retirada do acionista da sociedade que foi incorporada em outra. Já o
acionista da sociedade incorporadora não detém este direito. Também no caso de
fusão.
 CISÃO – Só há direito de retirada se acarretar a participação de acionista em
sociedade com objeto social diferente ou dividendos obrigatórios menores que os
da cindida, o integrante de grupo que não pertencia a cindida.
 DIREITOS DOS CREDORES:
 1º - Na transformação eles continuam titularizando as mesmas garantias dadas pelo tipo
societário anterior.

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 2º - Na incorporação e na fusão, o credor prejudicado pela nova situação da
sociedade poderá pleitear em juízo a anulação da operação. Falindo a sociedade
incorporadora ou resultante de fusão, os credores poderão requerer no juízo
falimentar a separação das massas.
 3º - Na cisão ocorre a solidariedade entre as sociedades resultantes da operação
por todas as obrigações da cindida. Caso o instrumento da cisão preveja que as
sociedades resultante obrigar-se-ão somente pelas dívidas a elas transferidas, o
credor poderá se opor a essa distribuição de responsabilidades no prazo de 90 dias
(art. 223, LSA).
 Incorporação, fusão ou cisão de sociedade anônima emissora de debêntures não
poderão ocorrer sem a prévia aprovação de debenturistas, reunidos em assembléia,
a menos que se assegure o resgate do valor mobiliário nos 6 meses seguintes (art.
231, LSA).
 Incorporação e fusão – Deliberação do CADE (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica).

23 Grupos de sociedade e consórcio


 Tipos – grupos de fato, de direito e consórcio
 A regulamentação destes tipos encontram-se ao final da Lei de S/A. Ver e analisar os
artigos.
 Subsidiária Integral – art. 206, I, d, LSA.
 Grupos de fato- Estabelece-se entre sociedades coligadas (são aquelas em que uma
participa com 10% ou mais do capital social da outra sem controlá-la) ou entre
controladora e controlada (controladora é aquela que detém o poder de controle de
outra companhia).
 Demonstrações financeiras ente os grupos de fato – legislador desejou maior
transparência entre elas. VER ARTS 247 A 250, LSA.
 GRUPOS DE DIREITO – é o conjunto de sociedade cujo controle é titularizado por
uma brasileira (a sociedade comandante ou holding) e que, mediante convenção
acerca de combinação de esforços ou participação de atividades ou
empreendimentos comuns, formalizam esta relação interempresarial. Deve constar a
palavra identificadora de sua designação (“grupo” ou “grupo de sociedades” – art.
267) e devem estar registrados na Junta.
 GRUPO – NÃO TÊM PERSONALIDADE JURÍDICA.
 NÃO HÁ SOLIDARIEDADE, EM REGRA, ENTRE AS SOCIEDADES QUE FAZEM
PARTE DESTE GRUPO., EXCETO PERANTE A LEI ANTITRUSTE E PELAS DÍVIDAS
TRABALHISTA (ART. 2º, P. 2º, CLT).

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 Relações de consumo – não há em regra subsidiariedade entre as sociedades de um
mesmo grupo, salvo quanto as obrigações relacionadas ao contrato de consumo
(art. 28, p. 2º, CDC).
 Consórcio – Se duas sociedades quiserem combinar seus esforços e recursos para
o empreendimento em comum. As consorciadas respondem pelas obrigações
especificadas no instrumento de consórcio, já que estes não detém personalidade
jurídica própria.
 Não há solidariedade assumida entre elas, exceto nas obrigações relacionadas ao
direito do consumidor *(art. 28, p. 3º) e nas licitações (Lei 8666/93, art. 33).
 Observação – A constituição de grupo de sociedade e de consórcio estão sujeitas à
aprovação do CADE, sempre que resultar 25% ou mais do mercado relevante ou se
qualquer das sociedades agrupadas tiver faturamento expressivo.
 Retirada de acionista da companhia que participar de grupo societário – ver art. 137,
II, LSA – EXERCEM ESSE DIREITO SE AS SUAS AÇÕES NÃO POSSUEM LIQUIDEZ.

24 Sociedade de Economia Mista


Conceito – Sociedade anônima cujo capital social é constituído por recursos
provenientes, em parte majoritária, do poder público, e em, parte minoritária, dos
particulares.
 Previsão legal – ver arts. 235 a 240, LSA.
 Atendimento do art. 238, LSA.
 Conseqüências – responsabilidade objetiva da administração pública

 Obrigatoriedade – ter conselho de administração e fiscal PERMANENTE. Ver


arts. 239 e 240, LSA.

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