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Poética(s) Antiga(s): conceitos gerais e épica

Hesíodo, Teogonia, 27-28:

Sabemos muitas mentiras dizer símeis aos fatos


e sabemos, se queremos, dar a ouvir revelações.1

Heráclito de Éfeso, frag. 42

Homero merecia ser expulso dos certames e açoitado, e Arquíloco igualmente.2

Xenófanes de Colofão, frag. 11

Tudo aos deuses atribuíram Homero e Hesíodo,


tudo quanto entre os homens merece repulsa e censura,
roubo, adultério e fraude mútua.3

Platão, Íon e República:

a) Mania: "Costuma-se , sobretudo, recordar de Platão a representação mítica da "mania" ou inspiração como causa eficiente da
poesia: ou seja, [...] do processo irracional da criação artística."42

a.1) Íon, 533-534: [Sócrates]: "Pois todos os poetas dos versos épicos - os bons-, não por arte, mas estando inspirados e tomados,
falam todos esses belos poemas, e os cantadores- os bons- igualmente [...]. Pois é certo que os poetas nos dizem que é colhendo
nas fontes de mel de certos jardins e vales das Musas que nos trazem as melodias- tal qual as abelhas, também eles próprios dessa
maneira voando. E estão dizendo a verdade: porque o poeta é coisa leve, e alada, e sagrada, e não pode poetar até que se torne
inspirado e fora de si, e a razão não esteja mais presente nele. Até conquistar tal coisa, todo homem é incapaz de poetar e proferir
oráculos. [...] No resto, cada um deles é banal, pois não falam essas coisas por arte, mas por uma capacidade divina [...]. A maior
prova a favor de meu discurso é Tínico de Cálcis, que jamais fez outro poema que alguém se dignaria lembrar, a não ser o peã que
todos cantam, talvez a canção mais bela de todas - simplesmente (é o que ele próprio diz) "um achado das Musas". Nesse caso,
principalmente, o deus me parece demonstrar a nós, para que não tenhamos dúvida, que não são humanos esses belos poemas
nem dos homens, mas divinos e dos deuses, e que poetas não são nada mais do que intérpretes dos deuses, estando tomados,
cada um, por aquele que o toma. Para demonstrar isso, o deus, de caso pensado, cantou por meio do poeta mais banal a mais
bela canção."5

b) Objeção moral, os poetas mentem. República, II 378 d: “Que Hera foi agrilhoada pelo filho e que Hefesto foi arremessado do
alto por seu pai, quando ia defender sua mãe que estava sendo agredida, e tantas lutas entre deuses Homero narra em seu poema,
tudo isso não deve ser acolhido em nossa cidade [...]. É que o jovem não é capaz de discernir o que é alegoria e o que não é, mas,
quando tem essa idade, o que aprende das opiniões costuma tornar-se indelével e imutável. Talvez seja por essas razões que se
deve ter como muitíssimo importante que os primeiros mitos que os jovens ouçam sejam narrados da maneira mais bela possível
para que os levem na direção da virtude.”6

c) Objeção intelectual, os poetas como "imitadores". República, X 595 b d: "[...] coisas desse tipo [i.e, poesia, "imitação"] são uma
violência contra a inteligência de quantos ouvintes não têm, como antídoto, conhecê-las tais quais são."

1
Hesíodo. Teogonia. Tradução Torrano, J. (estudo e trad.). São Paulo: Iluminuras, 2003.
2
Heráclito de Éfeso. Trad, J. Cavalcante Souza. In: SOUZA, J.C. (Org.). Os pré-socráticos. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os pensadores).
3
Xenófnes de Colofão. Trad, Anna Lia A. A. Prado. In: SOUZA, J.C. (Org.). Os pré-socráticos. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os pensadores).
4
Berrio, A.G.; Fernandez, T.H. Poética tradicional. in Poética: tradição e modernidade. São Paulo: Littera Mundi, 2000, p. 8.
5
Platão. Sobre a inspiração poética (Íon) & sobre a mentira (Hípias Menor). Introdução, tradução e notas de André Malta. Porto Alegre: L&PM,
2005, pp. 33-35
6
Platão, A República. Tradução de Anna Lia A. de Almeida Prado. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
c1) Demonstração por exemplo, X 596 b-e: Sócrates: "[...] Há muitas camas e mesas. [...] E não costumamos dizer que o demiurgo
(i. e, o artífice) de cada um desses móveis volta os olhos para a ideia, e assim um deles fabrica camas e o outro, as mesas que nós
usamos, e que com as outras coisas se dá o mesmo? E que a ideia em si, não a fabrica nenhum dos demiurgos. Como poderia? [...]
Mas olha aqui! Qual será o nome que darás a este demiurgo? [...] O que faz todos os objetos quantos faz cada um dos que
trabalham com as mãos. [...] Esse mesmo trabalhador não só é capaz de fazer todos os móveis, mas tudo o que nasce da terra e
também cria os animais e, entre eles, também a si próprio e, além disso, cria a terra, o céu, os deuses e tudo o que há no céu e o
que há sob a terra, no Hades. [...] Não acreditas? [...] Não estás percebendo que, de certo modo, tu próprio seria capaz de criar
tudo isso? [...] Não é difícil, disse eu, mas pode ser realizado de muitas maneiras e com rapidez, se quiseres dar voltas por aí
levando um espelho nas mãos. Muito rapidamente criarás o sol, o que está no céu, rapidamente a terra, rapidamente a ti mesmo,
rapidamente os outros seres vivos, móveis, plantas e tudo que se falava agora a pouco." Glauco: "Sim! disse. Mas coisas aparentes
que, na realidade, não existem."

c2) Os poetas devem ser banidos da cidade, pois colocam a emoção à frente da razão, Rep. 606 e - 607 a: "Então, Glauco, falei eu,
quando topares com admiradores de Homero que dizem que esse poeta é o educador da Grécia e, no que diz respeito a
administração e educação, é humano e vale a pena, acolhendo-o e aprendendo com ele, viver a vida toda de acordo com esse
poeta; e é preciso beijá-los e saudá-los como pessoas que são tão excelentes quanto possível e conceder que Homero é o melhor
poeta e o primeiro entre os trágicos, mas saber que somente hinos aos deuses e encômios aos homens de bem devem ser
admitidos na cidade. Se porém, acolheres a sedutora musa na lírica ou na épica, o prazer e a dor reinarão na cidade em vez da lei
e do princípio que, entre nós, sempre foi tido como o melhor."

Aristóteles, Poética: passagens escolhidas7

a) Imitação (mímesis): "A epopeia, a tragédia, assim como a poesia ditirâmbica e a maior parte da aulética e da citarística, todas
são em geral imitações. Diferem, porém, umas das outras, por três aspectos: ou porque imitam por meios diversos, ou porque
imitam objetos diversos, ou porque imitam por modos diversos e não da mesma maneira." (I, 1447a 13)

b) Causas da poesia: "Ao que parece, duas causas, e ambas naturais, geraram a poesia. O imitar é congênito no homem (e nisso
difere dos outros viventes, pois de todos, é ele o mais imitador e, por imitação, apreende as primeiras noções), e os homens se
comprazem no imitado." (IV, 1448b 13)

c) Historiador x poeta: "[...] Não é ofício do poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer
dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta, por
escreverem em verso ou prosa (pois que bem poderiam ser postas em verso as obras de Heródoto, e nem por isso deixariam de
ser história, se fossem em verso o que eram em prosa) - diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as que
poderiam suceder. Por isso a poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a história, pois refere aquela principalmente u
universal, e esta, o particular." (IX, 1451a 36)

d) Definição da épica: "Quanto à imitação narrativa e em verso, é claro que o mito (fábula/enredo) desse gênero poético deve ter
uma estrutura dramática, como o da tragédia; deve ser constituído por uma ação inteira e completa, com princípio, meio e fim,
para que, uma e completa, qual organismo vivente, venha a produzir o prazer que lhe é próprio." (XXIII, 1459a 17)

e) Épica e história: "Também é manifesto que a estrutura da poesia épica não pode ser igual à das narrativas históricas, as quais
tem que expor, não uma ação única, mas um tempo único, com todos os eventos que sucederam nesses períodos a uma ou a
várias personagens, eventos cada um dos quais está para os outros em relação meramente casual. Com efeito a batalha naval de
Salamina e a derrota dos Cartagineses na Sicília desenvolveram-se contemporaneamente, sem que essas ações tendessem ao
mesmo resultado; e, por outro lado, às vezes acontece que em tempos sucessivos um fato venha após o outro, sem que de ambos
resulte comum efeito. No entanto, a maioria dos poetas adota esse procedimento. Por isso, como já dissemos, também por este
aspecto Homero parece elevar-se maravilhosamente acima de todos os outros poetas: não quis ele poetar toda a guerra de Troia,
se bem que ela tenha princípio, meio e fim (o argumento teria resultado vasto em demasia e, portanto, não seria compreendido
no conjunto; ou então, se fosse moderadamente extensa, também seria demasiado complexa pela variedade dos
acontecimentos). Eis por que desses acontecimentos apenas tomou uma parte, e de muitos outros se serviu como episódios [...]."
(XXIII 1459a 21)

7
Aristóteles. Poética. Trad. Eudoro de Sousa. Lisboa, Imprensa Nacional/ Casa da Moeda, 1986.
f) Extensão: "Quanto à extensão, justo limite é o que indicamos: a apreensibilidade do conjunto, de princípio a fim da composição.
[...] Para aumentar a extensão, possui a epopeia uma importante particularidade [...], porque narrativa, muitas ações
contemporâneas podem ser apresentadas, ações que sendo conexas com a principal, virão acrescer a majestade da poesia. Tal é
a vantagem do poema épico, que engrandece e permite variar o interesse do ouvinte, enriquecendo a matéria com episódios
diversos [...]." (XXIV 1459b 18)

f1) Episódios: “Nos dramas, os episódios devem ser curtos, ao contrário da epopeia que, por eles, adquire maior extensão. De
fato, breve é o argumento da Odisseia: um homem vagueou muitos anos por terras estranhas, sempre sob a vigilância [adversa]
de Posídon e solitário; entretanto, em casa, os pretendentes de sua mulher lhe consomem os bens e armam traições ao filho, mas,
finalmente, regressa à pátria e, depois de se dar a reconhecer a algumas pessoas, assalta os adversários e enfim se salva,
destruindo os inimigos. Eis o que é próprio do assunto; tudo o mais são episódios”. (XVII 1455b 15)

g) Métrica: "Quanto à métrica, prova a experiência que é o verso heroico (i. e, hexâmetro) o único adequado à epopeia [...]. Na
verdade, o verso heroico é o mais grave e o mais amplo e, portanto, melhor que qualquer outro se presta a acolher vocábulos
raros e metafóricos (também por esse aspecto a imitação narrativa supera as outras)." (XXIV 1459b 32)

h) Narrativa mista: "Homero, que por muitos outros motivos é digno de louvor, também o é porque, entre os demais, só ele não
ignora qual seja propriamente o mister do poeta. Porque o poeta deveria falar o menos possível por conta própria, pois assim
procedendo, não é imitador. Os outros poetas, pelo contrário, intervêm em pessoa na declamação e pouco e poucas vezes imitam,
ao passo que Homero, após breve introito, subitamente apresenta varão ou mulher, ou outra personagem caracterizada -
nenhuma sem caráter, todas que o têm." (XXIV, 1460a 5)

i) Maravilhoso e irracional: "O maravilhoso tem lugar primacial na tragédia; mas na epopeia, porque ante os nossos olhos não
agem atores, chega a ser admissível o irracional, de que muito especialmente deriva o maravilhoso. Em cena, ridícula resultaria a
perseguição de Heitor: os guerreiros se detêm e não o perseguem, e [Aquiles] que lhes faz sinal para que assim se quedem. Mas,
na epopeia, tudo passa despercebido. Grato, porém, é o maravilhoso; prova é que todos quando narram alguma coisa, amplificam
a narrativa para que mais interesse." (XXIV 1460a 12)

Horácio, Arte Poética: passagens escolhidas8

a) Métrica e matéria: "Em que metro se podem descrever os feitos dos reis, dos chefes, as tristes guerras, já o demonstrou
Homero." (v.73-4)

b) "Matéria a todos pertencente será tua legítima pertença, se não ficares a andar à volta no caminho trivial, aberto a todos, e
tão-pouco procurarás, como servil intérprete, traduzir palavra por palavra, nem entrarás como imitador, em quadro muito estreito
onde te impedirão de sair a timidez e a economia da obra. E não irás começar como outrora o escritor cíclico: "Eu cantarei a
fortuna de Príamo e a guerra famosa". que obra digna de tal exórdio nos dará o autor dessa promessa? Os montes parirão e
nascerá um pequenino rato. Quanto mais a preceito não começa este que nada constrói sem coesão: "Fala-me, ó Musa, do varão
que, após os tempos da conquista de Troia, cidades e costumes viu de tantos homens". Não pretende tirar fumo de um clarão,
mas sim do fumo tirar luz, para daí colher brilhantes prodígios: Antífates, Cila e Caríbdis com o Ciclope. Não inicia o retorno de
Diomedes pela morte de Meleagro, nem a guerra de Trioa pelos dois ovos (ab ovo); sempre se apressa para o desenlace e arrebata
o ouvinte para o meio da ação (in medias res), como se esta lhe fosse conhecida, e deixa de lado a matéria que ele sabe não poder
brilhar. De tal modo cria ficções, que nem o meio destoa do princípio nem o fim do meio." (v.-131-52)

8
Horácio. Arte Poética. Introdução, tradução e notas de R. M. Rosado Fernandes. Lisboa: Inquérito, 1984.

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