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Introdução
Como se sabe, é muito comum a utilização das linhas de transmissão para transportar um sinal de
RF de uma antena para um receptor. Um exemplo muito conhecido é o receptor de televisão, que possui
um cabo (paralelo) ligado à antena, normalmente do lado de fora da casa. Nesse caso, o cabo está
servindo para trazer o sinal modulado da antena para o receptor. O fenômeno inverso também é bastante
comum. É o caso, por exemplo, de uma estação de radiodifusão, ou então de uma estação amadora de
PX e PY.
Aparentemente as condições de emprego da linha de transmissão são idênticas nos dois casos,
mas na realidade há algumas diferenças. Por exemplo, no segundo caso as intensidades das correntes e
potências envolvidas são pelo menos umas centenas ou milhares de vezes maiores que no primeiro caso,
e por isso mesmo precisa-se de cabos que suportem essa potência. Quanto maior a potência, maior
deverá ser a dimensão do cabo, e, portanto maior a sua rigidez mecânica. Como podemos ver, não basta
simplesmente ligar um fio na saída (ou entrada) de um aparelho e esperar que o mesmo funcione de
acordo. Existe uma série de regras e conceitos fundamentais que devem ser observados; é o que
procuraremos estudar a partir de agora.
Figura 1- Uma linha de transmissão pode ser considerada como uma série de
elementos associados convenientemente
A vantagem dessa substituição é que se pode partir da análise do que acontece em cada “pedaço”
isolado, o que é bem mais simples, e depois, com os resultados obtidos, estender a análise para toda a
linha. Como a linha pode ser de qualquer tamanho daremos, portanto, todas as grandezas na forma
x/metro (ohms/metro, Henry/metro, etc.); a fim de que possamos comparar duas linhas diferentes, sem
dificuldades. Às vezes algumas grandezas são dadas na forma x/Km, principalmente nos catálogos de
fabricantes, sendo fácil de se perceber que a grandeza é a mesma. Vejamos então cada uma dessas
constantes individualmente.
Constantes Primárias
Não deixa de ser uma grandeza que define a maior ou menor facilidade da passagem de corrente
por um dado material de um determinado comprimento. Ela á diretamente proporcional à resistividade
do material condutor e varia com o inverso da área da seção do condutor, isto é, quanto maior for a área
da seção, menor será a resistência à passagem de corrente.
Trabalhando com radiofreqüência, ocorre um fenômeno interessante: quanto maior for a
freqüência utilizada, mais pela superfície do condutor a corrente circulará; isto é chamado de efeito
pelicular. Observe a figura 2; nota-se um condutor cortado por onde passa um sinal de RF. Na superfície
do mesmo, a densidade de corrente é máxima, sendo que vai diminuindo gradualmente conforme se
aproxima do centro.
O efeito pelicular explica alguns tipos de condutores de que provavelmente você já ouviu falar.
Os condutores, como não conduzem quase nenhuma corrente em seu centro, podem muito bem ser
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substituídos por tubos, que por serem ocos apresentam a vantagem de economizar peso e material. No
caso de se trabalhar com altas potências, pode-se ainda fazer circular um líquido refrigerante por dentro
do mesmo, aumentando assim a sua capacidade de condução de corrente.
Condutância
Em corrente continua, a condutância é definida como sendo o inverso da resistência entre dois
condutores de uma linha de transmissão. Em corrente alternada esse valor tende a aumentar, devido ao
fato de que as perdas aumentam no dielétrico (isolante) da linha.
Se a resistência pode ser considerada como uma medida que indica o quanto um determinado
condutor se opõe à passagem da corrente elétrica, diz se que a condutância é um valor que mostra o
quanto um isolante permite a passagem da corrente elétrica. Na figura 3, considerando o isolante como
um mal condutor, a condutância poderia ser representada como uma série de elementos ligados entre os
dois condutores da linha, e por isso a representação em paralelo como demonstra as figuras 1 e 3.
Capacitância
Considerando os dois condutores igualmente espaçados de uma linha paralela do tipo mostrado
na figura 3, como sendo as placas de um capacitor, chega-se a conclusão de que a mesma apresenta uma
certa capacitância por metro. Qual é essa capacitância? Isso é um valor que é dado pelo fabricante, mas
que por simples analogia com o capacitor normal, de placas paralelas, pode-se dizer em que caso é
maior ou menor. Quando a distância d entre os condutores for aumentada, a capacitância diminuí, e
quando o raio dos condutores for aumentado, mantendo-se a distancia constante, a capacitância aumenta.
As linhas coaxiais também apresentam uma certa capacitância por metro, mas neste caso o capacitor é
cilíndrico.
Indutância
Cada um dos condutores que compõem a linha apresenta uma certa indutância própria, que é
função de sua geometria. A associação de dois condutores tem como conseqüência o aparecimento de
uma interação entre as indutâncias individuais de cada um, resultando para o conjunto uma indutância
diferente que dependerá das individuais e do espaçamento d entre os condutores. Como a interação entre
os mesmos tende a diminuir a indutância total, quanto mais afastado estiver, maior será a indutância
resultante.
Constantes Secundárias
Existem outras constantes que são conseqüência direta daquelas vistas até agora. Fixada a
geometria e os materiais que compõem a linha, ficam automaticamente determinadas duas outras
características, que são: impedância característica e constante de propagação. Vejamos então cada uma
delas em separado.
Impedância Característica
Observe as figuras lA e 1B, e suponha que se pudesse prolongar indefinidamente a linha, ou seja,
fazer com que ela tivesse um tamanho infinito. Nesse caso, se medíssemos a impedância na sua entrada
(entre os terminais A e B), o valor obtido nessa medida seria a sua impedância característica. Pode-se
considerá-la também como sendo a impedância Z0, que ligada entre os terminais C e D da figura 1B,
refletiria na entrada da linha (terminais A e B), a mesma impedância Z0.
O conceito de impedância característica é importante por sua propriedade que veremos agora.
Quando temos um gerador qualquer, com uma resistência interna Ri, conforme mostra a figura 4, e
fixamos o valor da tensão E e da resistência Ri, a potência fornecida pelo gerador para a carga Rs, varia
com o valor desta última, isto é, conforme variarmos Rs, iremos mudando a potência dissipada pela
mesma. Portanto, será que essa potência aumenta quando Rs aumenta, ou será que é o contrário? O que
acontece realmente é o seguinte: quando Rs for igual a Ri, tem-se a máxima transferência de potência do
gerador E para a carga, e quando Rs for menor ou maior do que Ri, a potência transferida será menor.
Assim, pode-se tomar os valores da figura 4 e calcular, só para comprovar o que foi dito.
Dessa forma verifica-se que para os valores de Rs acima e abaixo do valor de Ri, a potência é
menor. Essa situação piora se nos afastamos ainda mais do valor de Ri. Como podemos perceber, isso
deu origem à chamada condição de máxima transferência de potência de um circuito para outro.
Por esse motivo é que se diz que na saída de um determinado amplificador precisa ser ligado um
alto-falante com, digamos, 8 Ω. Isso ocorre porque a impedância de saída desse amplificador é 8Ω , e
nesse valor é que se tem a máxima transferência de potência. Qualquer outro valor não dará o mesmo
rendimento e, além disso, corre-se o risco de queimar o aparelho; observe como a corrente aumenta no
caso b.
Agora que já se sabe como é importante casar a saída de um circuito com a entrada do seguinte,
suponha o que aconteceria se ao ligar esses dois circuitos, usassem um cabo com uma impedância
característica diferente da impedância de saída dos circuitos? A resposta é simples: não haveria máxima
transferência de potência.
O que se costuma fazer é usar linha de transmissão com a impedância característica adequada
para aquele aparelho. Como exemplo, pode-se usar o televisor, que tem uma impedância de 300Ω, e
para que possa ligá-lo à antena, será necessário uma linha paralela de 300Ω. Note bem, que a antena tem
que ter a mesma impedância da entrada do televisor e da linha.
Para facilitar, porém, utilizaremos o gráfico da figura 5. No caso dos cabos coaxiais, esse gráfico
pode ajudar a identificar o valor da impedância de um cabo encontrado guardado em um canto qualquer
da casa. O trabalho de ter que procurar essas anotações pode ser evitado procurando verificar
primeiramente se na capa externa do coaxial não está gravado o valor impedância.
Constante de Propagação
É uma outra constante secundária que depende das quatro constantes vistas inicialmente. A
constante de propagação é composta de duas partes: responsável pela atenuação e responsável pela
velocidade de fase. Veja cada uma delas com mais detalhes.
A constante de atenuação, como o próprio nome diz, é a responsável pela diminuição da
amplitude do sinal, ao longo da linha. Entretanto, se aplicamos um sinal na entrada da linha, sabemos
que quanto maior ele for, maior será a atenuação sofrida pelo sinal. Qualquer linha real apresenta perdas
e o caso sem perdas só pode ser obtido na teoria.
A atenuação depende basicamente de dois fatores, relativamente claros: um e a resistência do
próprio fio de que é composta a linha, e o outro é a condutibilidade do dielétrico entre os dois
condutores. O primeiro é responsável por uma certa oposição à passagem de corrente, devido ao
condutor empregado na linha, que por melhor que seja, nunca será um condutor perfeito. O segundo, já é
exatamente o contrário, sendo o responsável por uma corrente de fuga entre os dois condutores através
do dielétrico (isolante), isso acontecendo exatamente por não existir na prática um isolante perfeito.
A constante responsável pela velocidade de fase, já é um fenômeno bem mais simples de se
entender. Todo o sinal aplicado numa linha tem uma velocidade de propagação, que é menor que a
velocidade da luz. O quanto essa velocidade será menor, é determinado pelas características construtivas
Já vimos que existem fatores que causam distorção e quais os efeitos causados devido a ela.
Vejamos como á que se faz para diminuir ou anular esses efeitos.
Existe uma condição, chamada de condição de Heaviside, (condição de ionização) que é dado
pela igualdade.
R/L = G/C
Onde:
R = resistência
G = condutância
L = indutância
C = capacitância
Normalmente, a relação R/L é bem maior que G/C, portanto o que se procura fazer é diminuir a
primeira ou aumentar a segunda. Com a finalidade de satisfazer essa condição, pode-se agir sobre
qualquer um dos quatro termos de igualdade. Aumentando G, aumentaremos as perdas da linha, o que
não é interessante. Se aumentarmos L e diminuirmos C, o espaçamento entre os condutores aumenta, o
que nem sempre é viável. Na prática, costuma-se aumentar a indutância L diminuindo a relação R/L. O
processo mais comum, no entanto, é o de carregamento indutivo da linha. A cada distância são
colocados na linha indutores. Por aumentarem a indutância total da linha, esses indutores diminuem a
relação R/L, tornando a igualdade verdadeira. A linha fica desse modo próxima do caso ideal,
permitindo a transmissão de sinais sem problemas de distorção (figura 6).
A linha só funcionara bem abaixo de uma certa freqüência, que praticamente está por volta de 5
Khz. Como para linhas telefônicas (300-3400 Hz) essa limitação é perfeitamente aceitável (sendo às
vezes até desejável) isso não influirá no funcionamento do sistema.
Vimos até aqui as principais características elétricas de linhas, tanto para RF como para linhas
telefônicas. Mostraremos, nas páginas seguintes, uma tabela com diversas características de alguns tipos
de linhas.
Para cada aplicação específica, precisa-se de um tipo diferente de linha. Com esse propósito,
procure observar os diversos tipos de linhas e cabos comerciais mais usados, para que os mesmos sejam
utilizados corretamente.
Figura 8- As figuras mostram a linha paralela 300 (A) e a linha paralela aberta (B)
2)Cabo coaxial
Consiste em um condutor colocado coaxialmente a outro, sendo este último como um tubo que
envolve o primeiro. Coaxial significa, com o mesmo eixo, e, portanto o primeiro condutor deve ser
mantido no centro do segundo condutor. Normalmente, isso é feito, usando-se um material dielétrico
que envolve o condutor central garantindo a simetria cilíndrica ao conjunto. Em torno desse dielétrico é
trançada uma malha de fios de cobre, que toma o lugar do segundo condutor, mas assegurando ao
Em microondas é também usada a linha coaxial rígida, que tem o condutor externo formado por
um tubo sólido, nesse caso, utilizando-se de espaçadores só em alguns pontos da linha. Desta forma,
procura-se diminuir as perdas que neste tipo de linha são bem maiores. Ainda nessa faixa de freqüência,
é bastante comum o emprego, em substituição às linhas coaxiais, dos guias de onda, os quais apresentam
perdas bem menores.
A vantagem principal da linha coaxial sobre as demais reside basicamente no fato de ter um dos
seus condutores (o externo) atuando como uma blindagem para o outro (o interno). Desta forma, as
interferências que poderiam atrapalhar o sinal, são detidas na capa externa e desviadas para terra. O
mesmo acontece com o sinal mandado pelo cabo coaxial. Como ele está totalmente circundado pela
malha, o campo eletromagnético fica restrito ao espaço existente entre os condutores, não se espalhando
mais além, evitando problemas de interferência em outros aparelhos. Percebe-se então que a única
simetria existente na linha é a cilíndrica, e por esse motivo os condutores não estão balanceados um em
relação ao outro; por isso a chamamos de desbalanceada.
A vantagem da linha desbalanceada sobre a balanceada é que a primeira pode passar perto de
estruturas metálicas, dentro de canos metálicos e até ser enterrada, porque já é desbalanceada. Já um
cabo paralelo, do tipo usado em televisores, ao passar por um cabo metálico ou por uma janela, pode
ficar desbalanceado e ter suas características alteradas (como uma brusca mudança em sua impedância),
resultando em uma imagem fraca e cheia de fantasmas entre outras coisas.
O cabo coaxial, porém não apresenta só vantagens, nem muito menos é melhor do que o outro
tipo de linha. Para cada aplicação específica existe um cabo adequado, e é por isso que existem vários
tipos. Como desvantagem podemos citar o próprio desbalanceamento, que em muitas cargas (as
simétricas) exige que seja balanceada para que não haja problemas de alimentação. Outra desvantagem
seria relativa aos materiais de que são construídos os cabos. A capa do mesmo possui um aditivo que,
com o tempo e em exposição ao calor e ao sol, acaba por migrar para a malha de cobre e daí para o
dielétrico (polietileno), alterando suas propriedades, o que faz com que as perdas no dielétrico
3) Cabos telefônicos
Naturalmente que existem outros tipos de menor interesse para nós. Entretanto, seria interessante
falarmos sobre eles. Falaremos inicialmente sobre a linha diaxial, a qual consiste de dois condutores
igualmente espaçados envolvidos por uma malha externa, que serve de blindagem. São semelhantes ao
cabo coaxial, tendo características bem parecidas. Pode-se até considerar que seja uma linha paralela
envolvida por uma capa de blindagem, e dessa maneira aproveita-se ao mesmo tempo as vantagens dos
dois tipos de linha.
Outro tipo semelhante ao cabo coaxial é o cabo para microfone. O mesmo nada mais é do que o
coaxial para RF em miniatura, pois os níveis de tensão são bem menores. Assim, como a linha diaxial,
existe também um cabo duplo para microfone, servindo isso como comparação, porém os cabos internos
são torcidos um sobre o outro. Ressaltamos que devido à baixa freqüência com que trabalham, as
propriedades que tem os cabos e linhas para RF não se aplicam às linhas para áudio. Para que isso possa
ocorrer, seria necessário estar lidando com comprimento da ordem do comprimento de onda do sinal de
áudio, isto é, em torno de algumas centenas de quilômetros ou mais.
E muito importante que, quando da compra, qualquer dúvida deve ser esclarecida através da
consulta a manuais dos fabricantes, visto existir uma série de outras informações que não nos interessam
por ora.
O comprimento da linha não influi na condição de ter ondas estacionarias ou não sobre a mesma.
Isso acontece quando temos alguma descontinuidade qualquer na linha, ou então uma terminação
inadequada, como é o caso do exemplo acima.
A terceira propriedade interessante é a apresentada por trecho de linha, com comprimento de λ/4,
que tem a particularidade de apresentar num dos extremos exatamente o inverso da impedância colocada
no outro. Para calcularmos, primeiramente efetuamos o que se chama de normalização, dividindo o
valor considerado pelo valor da impedância característica da linha. A desnormalização é exatamente o
inverso, isto é, multiplica-se por esse valor.
Assim, se quisermos saber qual a impedância vista na saída de um trecho de λ/4, quando
colocamos na entrada uma carga de Z= 25 Ω, temos:
25 1
a) Primeiro a normalização: =
50 2
1 2
b) Trecho de λ/4 inverte a impedância: = =2
1/ 2 1
que é o valor onde poderá ser medido na saída do trecho de λ/4 com instrumentos adequados.
A mais importante aplicação, entretanto, é quando temos uma das extremidades em curto.
Seguindo os passos A e B, citados anteriormente, nota-se que o inverso de um curto (um curto seria uma
impedância Z = 0 ) é 1/0 que é igual a infinito. Isso na realidade não é infinito, pois devido à própria
condutividade do cobre não ser total, um curto não é perfeito, mas de qualquer modo, o valor de
impedância que aparece na outra extremidade é muito elevado e pode ser aproveitado na construção de
“baluns”. Veremos isso mais adiante.
A quarta característica da linha de transmissão que talvez seja a de maior importância, é relativa
a uma linha terminada com uma carga igual à sua impedância característica. Nesse caso, a impedância
vista em qualquer ponto da linha será sempre constante e igual à impedância característica. Nessas
condições, temos a chamada linha casada, que apresenta as seguintes vantagens:
a) Já foi visto que a potência fornecida a linha é totalmente absorvida na carga, não ocorrendo
reflexões. Portanto é mais bem aproveitada.
b) Não ocorrendo reflexões, não teremos ondas estacionárias no cabo, o que poderia causar
irradiação de RF por parte do mesmo, indo interferir em outros serviços ou no próprio.
c) Qualquer que seja o comprimento da linha usada terá perfeito casamento de impedâncias,
pois no outro extremo do cabo teremos sempre o mesmo valor (o da impedância
característica).
d) Quando ocorre o casamento de impedâncias, sabemos pela máxima transferência de
potência, que a potência fornecida pelo transmissor (ou gerador de RF) à carga é máxima.
Pelas vantagens enumeradas acima, torna-se evidentemente que devemos deixar sempre qualquer
instalação nessas condições.
As linhas de retardo também são um emprego das linhas de transmissão, particularmente do
cabo coaxial, no qual se aproveitam as características que ele tem de guiar a onda eletromagnética entre
seus condutores. Assim, podemos facilmente obrigar a onda a percorrer um caminho maior (ou menor),
simplesmente aumentando (ou diminuindo) o tamanho do cabo coaxial, fazendo com que o sinal chegue
ao seu destino com um certo atraso (ou avanço).
Medida de perdas
Nas páginas anteriores, vimos que devido a alguns problemas característicos das linhas de
transmissão, tais como infiltração de umidade, migração do PVC para o dielétrico, etc., poderiam ser
aumentadas as perdas. Vejamos como podemos determinar essas perdas e saber se a linha está ainda
utilizável, ou não. O processo todo é bastante simples. Para começar, é necessário por em curto-circuito
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os terminais de um dos extremos da linha. Para isso recomenda-se descascar um pedaço da malha
externa e soldá-la ao condutor central. No outro extremo da linha deve ser colocado um medidor de
R.O.E. e em seguida um gerador de RF, na freqüência em que se deseja fazer a medida (figura 11).
Figura 11- Disposição a ser empregada para se medir as perdas de uma linha de transmissão
O resultado acima indica que se colocamos um sinal na entrada da linha, e o compararmos com o
que aparecer na saída da mesma, a relação de potência entre os dois será de 2,5 dB.
Se a linha estiver boa, teremos uma leitura muito grande para R.O.E., digamos 10, ou ainda mais.
Nesse caso as perdas seriam:
10
Perdas = = 1 dB (ou menor)
10
Nota-se então que quanto melhor estiver a linha, maior será a leitura. Por esse motivo é
desejável, ao se efetuar a medição, que se faça em grandes trechos de linha, principalmente porque a
maioria dos medidores de R.O.E. só tem a escala graduada até 3:1, sendo os demais valores indicados
somente por um traço vermelho indicando perigo ou proibido.
Com esse valor medido de perdas na linha, deve-se proceder a uma comparação com os valores
indicados na figura 8. Mas se acontecer do valor estar muito diferente daquele indicado, o cabo deve ser
trocado.
A linha de transmissão apresenta como uma de suas características próprias à impedância. Pode
acontecer o caso de querermos saber esse valor de um cabo coaxial que não tenha identificação
nenhuma, mas sem ter que usar a tabela da figura 5, a qual não é acessível naquele instante. Sabemos
Mas é preciso tomar 2 precauções: primeiro, não se deve usar uma linha de tamanho múltiplo de
λ/2; segundo, os resistores comuns, que se encontram a venda no comércio, não são bons para serem
usados como carga puramente resistiva. Devido a particularidades de processo de fabricação, o mesmo
pode apresentar uma componente reativa que é mais evidente nas freqüências mais altas. Essa
componente reativa, junto com o valor do resistor, dará uma falsa leitura no instrumento, indicando
estacionárias mesmo quando Zc (se fosse puramente resistivo) se igualar à impedância da linha. Por esse
motivo é necessário o emprego de resistência puramente resistiva quando se fizer essa medida.
É sempre bom lembrar a diferença entre impedância e resistência. Sabemos que indutores e
capacitores também oferecem uma resistência à passagem de corrente. A essa resistência de natureza
diferente da oferecida por um resistor, da-se o nome de reatância. Reatância indutiva no caso do indutor
(XL) e capacitiva no caso do capacitor (XC). Quando em uma carga estiverem presentes a resistência e
uma das duas reatâncias, temos uma impedância.
Outra grandeza que merece ter seu valor determinado com maior precisão é a velocidade de
propagação. Às vezes, devido a não homogeneidade do material empregado como dielétrico, pode
acontecer de para dois lotes diferentes do mesmo cabo coaxial termos diferentes velocidades de
propagação. É, portanto, necessário saber medir essa propriedade.
Para medir usa-se um osciloscópio e a montagem indicada é mostrado na figura 13.
Como sabemos, uma linha que tenha um comprimento de λ/2, apresenta numa extremidade a
mesma impedância que for colocada na outra. Colocando nessa primeira extremidade um curto circuito,
e variando a freqüência do gerador de RF, ao passarmos pela freqüência em que o comprimento total da
linha corresponder a λ/2, teremos refletido na entrada o curto, e então o osciloscópio indicará uma
diminuição brutal da amplitude do sinal observado. Fora dessa freqüência, o osciloscópio indicará
algumas variações de amplitude, pois a cada freqüência corresponderá uma diferente impedância na
entrada do cabo, e, portanto, diferentes valores de corrente. Quando ocorrer de estarmos na freqüência
procurada, a atenuação será brusca e a amplitude vista no osciloscópio será quase zero.
Com o valor da freqüência indicado pelo gerador, calculamos λ e em seguida λ/2. O
comprimento da onda é dado pela fórmula:
V 300
λ= =
F F ( Mhz )
depois, basta dividir o comprimento do cabo ℓ por λ/2. O resultado é o quanto o comprimento de onda
no ar () é maior do que aquele na linha (2ℓ). A velocidade de propagação no cabo será também,
segundo a mesma proporção, menor que aquela no ar. Vejamos um exemplo prático para pôr as coisas
em ordem.
Temos uma linha de 6m de comprimento, cabo coaxial, e desejamos saber qual é a velocidade de
propagação nele. Montamos então o circuito da figura 13, e observando o osciloscópio vamos variando
lentamente a freqüência do gerador. Na freqüência de ressonância, o osciloscópio indicará o curto e
assim, com a freqüência encontrada, determina-se λ/2. Suponhamos que a freqüência seja 17,5 MHz;
temos então:
300
λ= = 17,14m então λ/2 = 8,57 m
17,5
onde ℓ = 6 m Então:
6
= = 0,7 que é o valor procurado
/2 8,57
Esse valor indica que o comprimento de onda no cabo é de 70% (0,7 x 100), daquele no ar, ou
então que a velocidade de propagação no cabo é 70% daquele no ar, o que no fundo é a mesma coisa.
IMPORTANTE: Para não acontecer de fazermos a medida com um múltiplo de λ/2 (que também
V V 300 300
λ= = F = = = 25 Mhz
F 2X 6 12
Concluímos, pois, que se a velocidade no cabo fosse igual aquela da luz do ar, a freqüência seria
25 MHz. Como ela é um pouco menor a freqüência deverá ser proporcionalmente menor. Basta então
colocar o gerador em 25 MHz e ir baixando a sua freqüência. Quando pela primeira vez acontecer do
osciloscópio indicar um zero (ou curto-circuito) obteremos a certeza de que temos somente meio
comprimento de onda λ /2 no cabo (e não um múltiplo).
Outra observação é quanto ao osciloscópio e seu sincronismo. Não é necessário ter a figura
constantemente sincronizada em sua tela. Basta medirmos a amplitude do sinal e quando ela ficar
bruscamente pequena, teremos o valor procurado.
Aprenderemos agora uma maneira prática de compreender como funciona esse medidor, que é
bastante empregado em radiotransmissão.
A primeira coisa a ser vista é como se pode captar uma informação sobre o que está percorrendo
a linha de transmissão. Se tivermos um sinal de RF percorrendo, por exemplo, um cabo coaxial, o
campo no seu interior variará conforme varia a intensidade do sinal eletromagnético. Colocando um fio
isolado dentro do cabo coaxial, entre a sua malha e o dielétrico interno, esse fio isolado servirá como
uma sonda que captará uma informação do que corre lá dentro. Tomando-se dois extremos do fio
isolado e montando-se o esquema da figura 14, teremos um medidor de potência de saída, além de
R.O.E.
O sinal é captado pelo fio entre os dois condutores. Sabemos que existem componentes que se
refletem em ambos os extremos da linha. Todas as componentes que percorrem a linha do transmissor
para a antena induzirão no condutor, corrente que terão o sentido permitido por D1. Após passar o diodo,
esse sinal é filtrado pelo capacitor C e indicado no microamperímetro. Os componentes que percorrem o
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cabo no sentido inverso só serão indicados no medidor quando o diodo D2 estiver no circuito. Como a
parcela refletida é a que nos dá o coeficiente de ondas estacionárias, basta calibrarmos a escala de
acordo, que teremos um medidor de R.O.E.
Devido ao fato de que a potência irradiada pela antena ser proporcional às componentes que vão
no sentido transmissor antena, basta calibrar uma outra escala, em cima da primeira, para os valores
indicados quando D1 está no circuito, escala esta que indicaria potência irradiada. Assim, quando
quisermos saber qual a potência transmitida ou a R.O.E., basta mudarmos a chave CH1 de posição.
Torna-se necessário uma explicação: como o próprio nome diz, R.O.E. é uma relação entre os
componentes que percorrem a linha nos dois sentidos. É preciso que uma delas seja constante para
podermos graduar a escala da outra. O procedimento adotado é o seguinte:
a) colocamos a chave para a posição de potência transmitida;
b) ajusta-se o potenciômetro P1 para deflexão máxima do ponteiro. Com isso estamos fixando
um dos parâmetros;
c) nestas condições podemos graduar a escala de R.O.E
Ao mudarmos a CH1 para R.O.E., se tivermos uma indicação de meia escala, isto equivale a 3:1
de estacionária ou 25% de potência refletida, e assim a escala ficará totalmente determinada. Portanto,
toda vez que quisermos saber a R.O.E., será preciso ajustar o aparelho da mesma forma, senão a medida
não representará a realidade.
Quanto à escala de potência transmitida, pode ser feita uma que varie de 0 a 100 W, e que para
diversas posições de potenciômetro P1, indique proporcionalmente: 0 a 10 W = a 100 W ou 0 a 1000 W
ou até um pouco mais, em nosso medidor.O seu multímetro também pode servir para esse medidor,
bastando usá-lo na escala de microamperes (0,05 μA-DC), ou se não a possuir, na menor escala de
miliampéres que tiver. No último caso, o aparelho será menos sensível a baixas potências. Cuide para
deixar sempre o potenciômetro P1 na posição de máximo valor quanto for iniciar uma medida; isso
evitará que se queime o medidor. Ajuste sempre o aparelho antes de medir a R.O.E., senão ela não terá
validade.
Um elemento que faltava para completar o circuito transmissor - antena é exatamente o trecho
que une o cabo coaxial à antena. Essa ligação nem sempre é apenas um conector simples, como no caso
do extremo do transmissor. No transmissor sabemos que a saída é 50Ω (ou 75 Ω), mas no caso da antena
torna-se um pouco diferente. Conforme o caso a impedância pode ser totalmente diferente, apresentando
altos valores de reatância, etc. Os diversos acopladores são basicamente de dois tipos: simétricos e
assimétricos. Os assimétricos são aqueles que são alimentados por linhas desequilibradas como o cabo
coaxial, e tem um dos extremos sempre, ou quase, ligado à massa. Já os simétricos são alimentados por
linhas equilibradas, como a linha aberta, por exemplo, e tem o mesmo conjunto de sintonia usado para o
desequilíbrio só que agora possuem dois, um para cada lado da linha. Aproveitando que estamos falando
sobre balanceamento de linhas, vejamos se é possível transformar uma linha desequilibrada em
equilibrada.
Quando usamos uma carga equilibrada, como é o caso de 1 dipolo, torna-se necessário que se
tenha um equilíbrio entre as correntes nas duas seções do dipolo para que não haja uma descontinuidade
Figura 15- Três baluns para ligar linhas desequilibradas as cargas equilibradas
Conforme havíamos visto antes, a seção de λ/4 apresenta entre seus terminais uma impedância
que é o inverso daquela que está no outro extremo. No caso do curto-circuito, observamos que essa
impedância era infinita, ou pelo menos, bem elevada. Neste caso o que podemos fazer é colocar essa
impedância elevada em paralelo com os terminais do dipolo, evitando assim a circulação de corrente
pela malha externa, e dessa maneira equilibrando o sistema: Observe ainda a figura 15B, sendo somente
uma outra versão do mesmo balun. Note que o mesmo é apenas uma capa de material condutor (por
cima da capa de PVC do cabo), que deve envolver o cabo aproximadamente até uns dois centímetros da
boca do coaxial. Este tipo de balun é uma boa alternativa para melhorar a antena de dipolo λ/2.
Uma outra possibilidade é o uso de uma seção de λ/2 de comprimento, só que ligada de uma
maneira diferente das duas anteriores. A terminação nesse caso também será equilibrada, só que agora
apresentando uma impedância de entrada bem mais elevada que aquela da linha (da ordem de quatro
vezes mais). Portanto, devem ser usadas cargas adequadas (ver figura 15C).
Existem também os baluns feitos com núcleos de ferrite, os quais apresentam o mesmo efeito
que aqueles feitos com cabos coaxiais. Esse tipo já se encontra à venda no comércio especializado, a
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Telecomunicações – João Carlos de Oliveira
maioria dos quais já vem no formato de isolador central, sendo fácil a sua instalação. Quando
adquirirmos um desses, devemos especificar qual é a relação de transformação que desejamos, isto é, o
quanto à impedância da antena é maior (ou menor) que a do cabo de alimentação. As relações de
transformação mais comuns são 1:1 (um para um) e 4:1. Encontram-se também 2:1 e 3:1, só que mais
raramente. Devemos também nos certificar qual a potência máxima admissível no balun, para saber se
e adequado ao nosso sistema.
O Gama-Match
Esse é um outro tipo de casador para linhas desbalanceadas. Se lembrarmos que a distribuição de
ponto para que tenhamos um casamento de impedâncias entre o cabo e a antena, ou pelo menos o ponto
onde a R.O.E. é mínima. Nesse caso o dipolo é um condutor continuo sem ser interrompido no meio.
Figura 16- O Gama-Match, por ser um sistema desbalanceado, casa uma linha desbalanceada a um
sistema desbalanceado (o dipolo)
O T-Match
Um último tipo que talvez compense incluir em nossa lista é o Trans-Match, Match-Box ou
caixa de casamento de impedância. Se tivermos uma antena no telhado que pretendemos usar para mais
de uma faixa de freqüência é possível usar esse tipo de acoplador. O mesmo é uma associação de L’s e
C’s que permitem casar praticamente qualquer impedância com a impedância de entrada do transmissor
(figura 18).
Quando desejamos usar a disposição indicada na figura 18A, o que acontece é o seguinte: ajusta-
se os valores de L e C de modo a que tenhamos leitura mínima na R.O.E. Esse casador de impedância,
casa a do transmissor com a linha, e, portanto tem as suas vantagens, mas o casamento da antena com a
linha não ocorre, não eliminando assim R.O.E. da linha, a qual pode ser medida se desejarmos, bastando
inverter o casador com o medidor de R.O.E. após já se ter feito a regulagem.
Figura 18- Disposição para uso do casador de impedância e o seu respectivo esquema (para antenas
com pequenos valores de resistência de irradiação).
Usando a antena Long-Wire, que nada mais é do que um fio esticado entre dois suportes
quaisquer, esse casador é de grande interesse, pois pode acertar a impedância da Long-Wire para que
seja ressonante em qualquer freqüência. Para isso deve-se ligar o terminal negativo a massa, e o outro,
que é o próprio terminal correspondente ao terminal central do coaxial (terminal vivo), deve ser ligado
no Long-Wire. A operação dessa antena é muito cômoda, pois permite a obtenção sempre de uma
R.O.E. 1:1. Seu ganho, no entanto é menor que o do dipolo.
Existem ainda muitos outros tipos de acopladores, mas como sempre, a função dos mesmos á
casar a antena ao cabo de alimentação, para não termos estacionárias.