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Educação Infantil

Leitura
para bebês

Etapa 2:

Por que ler OBJETIVO DA ETAPA:


Compartilhar referencial teórico
para bebês?
Material pós-vídeo
Agora que você já viu o vídeo, vamos avançar nas reflexões
sobre esse tema.

René Datkine, um importante pesquisador francês do


desenvolvimento na primeira infância, explica em qual fase
a presença da leitura começa a ser importante na vida do
bebê e o porquê disso: “No decorrer do segundo semestre de
vida, o reconhecimento da representação de um ponto ou uma
imagem, por rudimentar que seja, pressupõe já uma organização
diferenciada: quando um bebê acaricia uma imagem, sabe que
ela representa algo que não é a coisa em si. Pode apropriar-se
da imagem, o que não é possível com o objeto em si nem tão
pouco com a representação mental do objeto, submetida ao
aleatório do fluxo psíquico. Organiza-se assim outra polifonia.
Para evitar que a ausência momentânea da mãe o conduza ao
desmoronamento, nasce o fantasma retrospectivo de uma mãe
que, até esse momento, havia estado sempre presente. Ao mesmo
tempo, o bebê constrói uma história na qual ele representa, com
seu desejo, o que a mãe estará fazendo em outro lugar, enquanto
desloca uma dessas duas histórias até as representações das
representações sobre as quais tem controle. O produto desse
deslocamento, cujo tema é aquilo que, supostamente, acontece
em outro lugar, vai ao encontro de histórias e canções que
refletem, diretamente, a presença e, indiretamente, o sonho da
figura materna.

Aqui é quando começam a ter lugar as diferenças entre o


desenvolvimento psíquico de crianças que desde o início vivem
em meios culturais em que predomina a língua narrativa da

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ficção e aquelas que vivem em condições menos favoráveis;


entre as crianças de famílias em que há livros e leitura e
aquelas de famílias na qual imperam o imediato da vida e as
tensões pouco elaboradas”.

Esse trecho apresenta questões que justificam o cuidado de


proporcionar aos bebês encontros com os livros e situações
em que se lê em voz alta, de forma rotineira e organizada,
que merece uma resposta reflexiva e aprofundada. Para
respondê-la é necessário tanto estudo quanto observação
atenta dos bebês, sua capacidade de aprender e de se
relacionar com o mundo.

Por isso, agora, recomendamos a leitura da entrevista com


o pesquisador colombiano Evélio Cabrejo-Parra, concedida
à NOVA ESCOLA.

Leitura na primeira infância é essencial


Para a construção do sujeito
Pesquisador colombiano radicado na França diz que
a leitura na primeira infância é fundamental para a
construção do sujeito e explica o que e como ler para
crianças desde os primeiros meses de vida
Por Elisa Meirelles (Nova Escola)

A maior companheira do ser humano, quem sabe a


única capaz de acompanhá-lo por toda a vida. Essa
é a definição de linguagem elaborada por Evelio
Cabrejo Parra, pesquisador colombiano radicado na
França, doutor em Linguística e mestre em Filosofia e
Psicologia.

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Quando nascemos, a voz é uma velha conhecida: a


partir do quarto mês de gestação, a audição do feto
passa a ser desenvolvida e ele começa a distinguir
vários aspectos acústicos.

Ao ler histórias para os pequenos, damos a eles a chance


de encontrarem nelas ecos de sentimentos que ainda
não conseguem explicar, embora os experimentem com
frequência. E assim começa para cada um de nós um
mergulho num universo particular.

O mundo em que crianças e livros se encontram é o


campo de investigação a que Parra, vice-diretor do
Departamento de Formação e Pesquisas Linguísticas
da Universidade Paris Diderot, na França, se dedica há
anos. Nesta entrevista, ele discorre sobre a revolução
que a literatura é capaz de fazer na vida da meninada
desde os primeiros meses de vida e explica
como a linguagem e o pensamento estão
intimamente conectados.

Suas pesquisas abordam a importância


de os bebês escutarem para a construção
da linguagem e da relação deles com as pessoas
que os cercam. Como é essa relação?
EVELIO CABREJO PARRA Quando estudamos os pequenos,
é preciso entender as competências naturais que
carregam consigo ao nascer, dentre elas, a faculdade
da linguagem. O bebê vem ao mundo com uma
sensibilidade muito grande à voz humana. Ao ouvir,
tenta construir significados. A voz se forma assim. Eu

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falo, por exemplo, porque escutei os meus pais quando


ainda estava no berço e comecei a roubar algumas
coisas da voz deles para construir a minha própria.

Por que ler para as crianças contribui para


o processo de aquisição da linguagem?
CABREJO PARRA Se o adulto fala com elas usando
unicamente a linguagem cotidiana, dando ênfase a
expressões como “Venha aqui”, “Pegue isso” e “Não
toque ali”, estará somente dando ordens, sem deixar
espaço para o processo de escutar, que não acontece
nessas situações. É durante a leitura que os bebês têm
a oportunidade de ouvir e esse tempo é fundamental.
Eles se colocam em posição de escuta e podem construir
significados à sua maneira: observam o rosto do leitor
e a direção do olhar dele e vão aprendendo o que é
um livro. Ao mesmo tempo, já possuem um pequeno
léxico usado no dia a dia – os verbos ser e estar, por
exemplo – e conseguem identificá-lo no texto lido.
Descobrem, então, que algo que está neles também
está na obra. Assim, começam a compreender os textos
de maneira prazerosa, tomam gosto pela leitura e
entendem o espaço cultural dos livros no mundo. Na
primeira infância, o hábito de ler deve ser integrado às
competências naturais que as crianças têm. Assim, elas
constroem significados para as coisas.

Por que é importante trabalhar com diversos tipos


de leitura logo na primeira infância?
CABREJO PARRA O falar cotidiano é pobre. Devemos
dar aos bebês a chance de desfrutar ao máximo as
possibilidades dos textos poéticos e literários. Nossa
língua é uma fonte inesgotável de produção de frases e

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de encontro de palavras, coisas que só são descobertas


pelos pequenos quando temos o hábito de ler muitas
histórias para eles. A partir de então, a linguagem
começa a se transformar em uma companheira para
toda a vida, possivelmente a única que estará sempre
à disposição para falar, escutar, sonhar, fantasiar. Por
meio dela, é possível colocar dentro de si harmonias
e significados diferentes, elaborando um capital
psicológico que poderá ser acessado em muitos
momentos. Temos dois nascimentos: um biológico e
outro psíquico, e a linguagem é a matriz simbólica da
construção do sujeito.

Como se dá a relação afetiva entre


as crianças e as histórias?
CABREJO PARRA Os bebês fazem projeções por meio do que
escutam: é assim que as obras entram em diálogo com
a psique. Elas permitem que, lentamente, eles comecem
a entender o que sentem, enviam ecos de questões
que ainda não entendem. Na infância, sofremos com
conflitos horríveis e fortes, que não entendemos e
os adultos ignoram: os ciúmes são imensuráveis, a
cólera é tremenda e até perigosa, e a tristeza, terrível.
Embora essas sensações estejam incorporadas quando
temos pouca idade, elas ainda não estão centradas
culturalmente. Então, não temos como pensar nelas.

Que características as obras devem ter para


proporcionar esse laço de afetividade?
CABREJO PARRA Os bons livros para bebês são aqueles
que falam com eles, e não sobre eles. É importante,
por exemplo, que haja consonância entre a obra e o
que estão vivendo. No período de ambivalência, que

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vai dos 4 meses ao final do primeiro ano, os pequenos


tendem a ter um comportamento nervoso. Nesses
momentos, podem ser lidas histórias que falem da
questão por meio de metáforas. Assim, eles encontrarão
uma representação de sua própria vida interior. O
texto vai ajudá-los a se sentir compreendidos. Outra
recomendação é não trabalhar com obras muito
simples. Melhor optar por aquelas bem construídas,
que não se deixam interpretar definitivamente e podem
ser retomadas sempre que se quiser viajar de um jeito
diferente.

Na escola, como organizar uma seleção


de obras para ler para a turma?
CABREJO PARRA Não é interessante escolher os livros
apenas se baseando em critérios adultos. O ideal é
deixar que os pequenos também decidam. Por volta de 1
ano, eles mesmos já são capazes de eleger os livros que
lhes interessam, primeiramente observando as cores
da capa e outras características que mais chamam a
atenção e, em segundo lugar, considerando a história
em si. Sugiro ao professor a seguinte experiência:
organizar uma seleção de bons títulos, colocar todos
apoiados em uma parede, em frente ao grupo, e explicar
que vai contar a história que cada um escolher. No
fim de um programa de leitura estruturado, de três ou
quatro semanas, é possível ver cada um segurando um
livro, esperando que a história seja lida em sala.

Muitas crianças querem ouvir sempre a mesma


história. Isso é um problema?
CABREJO PARRA Não. Quando elas gostam de um texto,
é comum pedirem que ele seja lido um número

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incontável de vezes. Saber por que essa identificação


ocorre é difícil, mas o mais importante é compreender
e considerar que os pequenos necessitam encontrar
novamente algo que está dentro de si e imaginá-lo por
uma vez mais. É um processo de internalização.

Que atitudes um adulto deve ter ao ler uma história?


CABREJO PARRA A primeira coisa é ter disponibilidade
para amar as obras destinadadas às crianças. Isso pode
parecer um pouco romântico, no entanto, durante a
leitura de um adulto para uma criança, é preciso haver
cumplicidade. Se você não gostar da história lida, não
adianta nada. As pessoas generosas são capazes de
fazer uma espécie de regressão: permitem que o bebê
que foram um dia no passado fale com o outro que está
ali diante delas. Isso torna o contato mais profundo
entre eles. Também é importante não atormentá-los
fornecendo um resumo do texto logo no princípio ou
explicar palavra por palavra lida. Se a criança comenta
a leitura, é interessante que o leitor faça uma festa,
comemore, para que ela se dê conta de que está sendo
ouvida de verdade.

Por que é interessante os pequenos manusearem


os livros mesmo havendo o risco de rasgá-los?
CABREJO PARRA Os bebês buscam as obras para tentar
lê-las, e não para destruí-las. Eles se interessam ao ver
os adultos folheando-as e querem imitar. Os que têm
pouca ou nenhuma experiência nessa tarefa rasgam
alguns exemplares ou os colocam na boca por não
saberem manuseá-los. Apesar disso, aos poucos, podem
se transformar em pessoas que vão utilizar gestos
compatíveis com o comportamento leitor. O livro é um

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objeto que necessita do contato com o ser humano para


se transformar em um objeto de cultura. Ao mesmo
tempo, uma das funções da leitura na primeira infância
é permitir que o bebê ultrapasse o sujeito físico e
alcance o cultural.

O que acontece quando as crianças chegam à escola


sem antes terem tido algum contato com a leitura?
CABREJO PARRA Se nunca pegaram um livro nas mãos nem
viram um exemplar em casa, elas simplesmente não
sabem do que se trata nem como aquilo deve ser usado,
para que serve. Ao tentar abri-lo, é comum o educador
dizer “Não é assim” e “Não faça isso” por várias vezes.
O pequeno percebe, então, que vários colegas sabem
o que fazer com o objeto, e ele não. Com esse cenário,
o livro pode começar a se transformar em alvo de
humilhação e angústia, e ele acaba preferindo fechá-
lo. Isso é muito grave porque esses são os meninos e
as meninas que muitas vezes acabam abandonando a
escola sem aprender a ler e escrever.

Como evitar problemas como esse


e fomentar a leitura desde cedo?
CABREJO PARRA O caso da Colômbia, por exemplo, é muito
interessante. O governo tem dado prioridade à primeira
infância, o correspondente aos quatro primeiros anos da
vida escolar, e dedica bastante foco à leitura. Acredito
que deveria haver um movimento como esse em todos
os países. Isso ajudaria a criar um espaço para os
bebês nas bibliotecas públicas, algo muito importante,
por exemplo, para as famílias que não dispõem de
condições financeiras para comprar livros.

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