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1.Introdução
Resumo
A VOZ DE UM ENGENHEIRO - Evidentemente, coagido pela força bruta, vencido pelo número,
vejo-me forçado a continuar o meu caminho sem chapéu. Mas esse puto (Cristo) me paga!
(som de castanholas. Tumulto).
VOZES - Viva la gracia! Outro toro! Mi cago en dios! Viva o senhor do Sábado! Tira o chapéu,
Flávio! Péo, péo! Fora! Não tira! Deus da burguesia! Fora! Põe o chapéu! Desacata esse
veado! Fora! Fora!”
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Outra intervenção cultural aconteceu quando ele vestia saia, blusa do
Cruzeiro, chapéu e levando uma mala, dizendo que ia pegar a (inexistente)
ferrovia para Martinho Campos.
Alberto e seu livro fazem pensar em José Agrippino de Paula: temos que
viver as coisas que Oswald de Andrade escreveu. Alberto vive a contracultura
dos anos 60 e o modernismo de 22.
O livro mistura crônicas autobiográficas em que ele insere Bom
Despacho no mundo do cinema com poemas sempre inspirados por um
determinado filme. Em sua imagética somos levados a uma Bom Despacho
que não existe mais, a Bom Despacho em que a biblioteca pública era ao lado
do cinema e o cinema apresentava produções que tinham interesse tanto para
os intelectuais quanto apelo para a imprensa e as massas. Alberto é
profundamente marcado pela história e memória de Bom Despacho, numa
verdadeira geografia sentimental: cinema, biblioteca e a Mata do Batalhão.
Escrevendo de forma bela sobre sua infância em Bom Despacho nos anos
1980, ele coloca a cidade dentro do cinema. Escrever sobre cinema de certo
forma é estar no cinema, é de certa forma fazer cinema. Alberto também é um
pensador sofisticado.
Alberto nasceu nos anos 60, sua juventude foi nos anos 80. Foi da geração
X, a que fez a difícil transição entre a geração 68 e a geração do novo milênio,
assim como viveu a mudança da ditadura militar para a democracia em
meados dos anos 1980.
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imbuído de luminosas utopias, num tempo em que elas estavam se desfazendo
com a utopia hippie e a utopia comunista tornando-se ultrapassadas.
Alberto disse a Padre Antônio que entrar na igreja de vestido e salto alto
para dizer às pessoas que características masculinas e femininas são próximas
de ser um artista Pop e assim dedicou sua vida aos outros.
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E também quis mostrar que características masculinas e femininas estão
mais próximas do que a gente pensa. E que seu gesto foi um gesto de amor ao
povo de Bom Despacho. O Padre Antônio concordou. Alberto também disse ao
Padre Pedro que foi funcionário público e dedicou sua vida aos outros. Não
realizou, então, seu sonho de ser um artista pop e assim dedicou sua vida aos
outros. O Padre Pedro respondeu: “você é Jesus, Alberto. Agora é a vez de
Maria.”
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Hoje vivemos a prosperidade de uma era tecnológica nunca vista antes. Outras
de suas influências: Émile Zoula, Gustave Flaubert, Germinal, Naná, Madame
Bovary, Bouvard e Pecouchet. O documentário Imagine sobre a vida de John
Lennon também foi muito influente, bem como o modernismo de 22 e a
contracultura de 1968. Ele diz do documentário Imagine sobre John Lennon no
texto O Artista.
A memória cinematográfica faz com que ele veja a própria vida enquanto
um filme e vice-versa, que aplique na vida o que vê nos filmes: “quando
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escolhemos um amor, não temos certeza do final” (COIMBRA, 2017, P. 50).
Alberto utilizou-se bastante do processo do flashback, voltando às suas
memórias de infância e adolescência: “roubávamos mexericas e íamos para a
casa chupá-las, falar das meninas e soltar o periscópio” (COIMBRA, 2017, p.
51).
No primeiro ano de Grupo meu pai, no final do ano, me falou para enviar um cartão de
Natal para minha professora Vera Couto. Enviei. Em 1988 quando eu fazia terapia
com o psicanalista Marco Aurélio Baggio descobri que a Pantera Gil do seriado As
Panteras, que a Fanch Fawcett-Majors era a Dona Vera. É porque quando eu tinha
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onze anos eu via a Fanch Fawcett-Majors no seriado eu fiquei fã dela. Fui a banca de
revista e pedi uma revista Cinerium como pôster de atriz. Na sessão de psicanálise
com Marco Aurelio ele me dises que meu pai me fez o pedido me mostrando que a
Vera Couto era uma mulher que vale a pena. Eu queria era ser uma mulher como a
Farrah. E gritei. Em 1980 era o footing. As pessoas ficavam andando na Praça ao
redor da Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Despacho (COIMBRA, 2018).
Um grande triunfo de Alberto foi ter feito análise durante dez anos.
Resolveu seu trauma com seu pai e tornou-se seu amigo. Viveu sua lenda
pessoal, para ele, todo mundo tem que desenvolver o seu dom e fazer o que
gosta. A psicanálise torna-nos melhores amigos.
O livro traz textos que ele escreveu ao longo da vida, tendo o cinema
como mediador. No poema Leolo, inspirado no filme de mesmo nome, Alberto
descreve a confusão de lidar com a homossexualidade na adolescência, o que
o deixou inseguro. Bianca representou seu tesão hetero que virou uma ruína
romana. Semelhante a cena final do filme Satiricon de Federico Fellini, só que
no caso de Alberto a ruína romana é seu desejo por mulher: “O meu desejo em
silêncio! A Itália! (...). Grito seu nome entre ruínas romanas! Minha solidão...”
(COIMBRA, 2017, p. 44).
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Durante o filme Cléopatra, de Elizabeth Taylor, viu a imagem de
Cleópatra deitada na cama e a cobrinha andando no chão. Alberto ficou parado
na porta e ficou pensando em sua homossexualidade. Era um indício.
Alberto vivenciou sua homossexualidade nos anos 90, pois queria ter um
relacionamento sério com um homem, mas depois recalcou-a, vivendo com
uma companheira, mas voltou a ser gay depois da morte de sua ex-mulher,
desistindo então das mulheres. Alberto conta que, nos anos 90, os homens não
o desejavam para namorar e relacionar a sério. Ficou triste e decepcionado e,
para se reorganizar, leu os livros Filosofando e Iniciação à Filosofia de Marilena
Chauí.
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Alberto é jornalística como a de Ernest Hemingway. As influências de literatura
brasileira são: Machado de Assis, Clarice Lispector, Rubem Braga, João do
Rio, Jorge Amado, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Outras obras que
influenciam são: o Romanceiro da Inconfidência. Outras obras revolucionárias
são tais como Grande Sertão Veredas.
Situação parecida se deu em outubro de 1956, porém desta vez a experiência fora
premeditada e resultara de suas reflexões em torno do que definiu com Dialética da
Moda. Flávio de Carvalho caminhou de saia pelo centro de São Paulo: era a
Experiência n º 3. Para ele, a roupa era o fator que mais influenciava o homem
"porque é aquilo que está mais perto do seu corpo e o seu corpo continua sempre
sendo a parte do mundo que mais interessa ao homem". Denominou o curioso
modelito que trajava de "new look" para "o novo homem dos trópicos". O "new look"
era composto por saia cor-de-rosa prissada -acima dos joelhos antes de Mary Quant,
camisa verde e... meia arrastão e sandália de couro cru. Portanto, a despeito de seu
pensamento sobre a condição da moda, está explícita a intenção performática de
chamar atenção ao corpo na ação (MACHADO, 2018).
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aspiração de ir um passo além de um Flávio Carvalho. As experiências não
seriam extraordinárias, o extraordinário tornou-se cotidiano. A frase, para
Pessoa, está num contexto em que o poeta faz uma dura crítica aos diluidores:
Alberto assume a intervenção cultural não como algo inferior, mas como
fusão da arte e da vida, além de uma atitude apologética, de pioneiro, de
alguém que, ao intervir no espaço público, atrai para si ouvidos que querem
ouvir as verdades que têm a dizer. No final do livro, no texto Neblina Sobre
Teresópolis, ele utiliza a metáfora do desastre ocorrido na cidade como
metáfora para a morte de sua heterossexualidade e o renascimento de sua
homossexualidade. Alberto viu isso como perda de vidas e perda de vida para
ele mesmo, por ter vivido anos reprimido. O poema Neblina Sobre Teresopolis,
além de referir-se à frase “Diadorim é minha neblina”, uma bela passagem em
Grande Sertão, Veredas:
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pensamento e comportamento libertário inserido no meio da sociedade. O
poema Neblina Sobre Teresópolis é o encontro de um rapaz com um homem
mais velho que é referência para ele:
Era o ano de 1984. Deixa-me contar direito, tenho 17 anos, um senhor se aproxima de
mim sorrindo e se apresenta: --Meu nome é Edgar. Um homem de seus 36 anos. Alto,
olhos bonitos. –Ei, meu jovem! Posso ajudá-lo, Sr? –Respondo. –É a primeira vez que
vejo o mar, sou de Minas. –Eu também sou, Responde Edgar (COIMBRA, 2017, p.
138).
A primeira vez que visitou o escritor Maxime Du Camp, Baudelaire foi apresentado a
ele com os cabelos pintados de verde. Como o malicioso Du Camp não queria nada
observar, Baudelaire gritou: “você não vê nada de anormal em mim?” E seu
interlocutor impassível respondeu: “Todo o mundo tem os cabelos mais ou menos
verdes; se os seus fossem azuis da cor do céu, isso poderia me surpreender: mas
cabelos verdes, há muitos chapéus em Paris. A anedota, contada por Du Camp ele
mesmo, é divertida. O leitor divertido pelas provocações baudelairianas descobriu
outros dentro da soma biográfica consagrada ao poeta por Marie-Christine Natta. A
especialista em dandismo traça o retrato de um escritor insaciável, adepto da arte
aristocrática de desagradar (HAYAT, 2018).
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adiante: insere suas experiências no cotidiano, não as considera excepcionais
e sim banais, rotineiras. Para Alberto Coimbra, devemos ser mais eróticos e
não ficar rezando, pois a vida do pobre é difícil. Deveríamos ser mais eróticos,
começar uma fala mais erótica junto às pessoas.
Alberto Coimbra pretende, com seu livro Impressões de Cinema, ser tão
revolucionário quanto Grande Sertão Veredas foi em seu tempo, ao levantar,
pioneiramente, a questão do gênero e diversidade ao tratar do amor de
Riobaldo por Diadorim. A linguagem jornalística de Alberto Coimbra pode ser
associada a Ernest Hemingway.
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No interior do museu está exposta uma caricatura desenhada para a
Vanity Fair, em 1933, em que Hemingway aparece vestido com uma tanga e
jogando tônico capilar nos peitorais. Em outro mostruário está uma foto do
escritor quando bebê. Aparece vestido de menina, algo comum no começo do
século XX, quando os bebês eram vestidos dessa forma durante seu primeiro
ano de vida. Mas sua mãe, uma pintora e cantora de ópera chamada Grace,
decidiu prolongá-lo por muitos anos mais. De fato, criou Hemingway e sua irmã
Marcelline, 18 meses mais velha, como se fossem gêmeos, e os vestiu
indistintamente como se ambos fossem meninos ou meninas, segundo seu
humor.
Hendrickson também descreve sua difícil relação com seu filho mais
novo, Gregory, que praticou o transformismo por toda sua vida e acabou
mudando de sexo aos 63 anos. Morreu com o nome de Gloria em uma prisão
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para mulheres na Flórida, na qual acabou por praticar exibicionismo em via
pública. Uma vez, quando era pequeno, Hemingway o surpreendeu provando
as meias-calças de sua mãe. Mais tarde lhe diria: “Você e eu viemos de uma
tribo estranha”. Para Hendrickson, Gregory/Gloria realizou o que seu pai só
admitia em seu foro interior e em algum texto clandestino. “Por isso existia uma
relação de amor e ódio entre eles”, afirma. Dearborn diz que essa foi a cela de
onde nunca conseguiria escapar: “Em um mundo melhor, Hemingway teria
furado as orelhas”.
4. Conclusão
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O livro não pode ser entendido sem um mergulho na vida e nas
intervenções culturais de Alberto Coimbra, grande artista, escritor e ativista da
contracultura em Bom Despacho. Na prosa albertiniana, obra e arte estão
fundidas. Coimbra dá um passo adiante de Flávio de Carvalho, o famoso
performer que saiu de minissaia em São Paulo em 1956. Alberto assume a
posição do flaneur no Rio de Janeiro, assim como vai mais além dos cabelos
verdes de Baudelaire, atitude que também o inspira em sua fusão arte/vida. Ele
incorpora em sua prosa a contracultura e o Modernismo de 22, assim como o
cinema mundial e outras artes.
5.Referências Bibliográficas:
15
VICENTE, Alex. Um Supermacho em Dúvida. A Face Oculta de Hemingway
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/21/cultura/1508590742_519728.html.
<<Acesso em 26 de julho de 2018>>.
6. Videografia:
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