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EAD

Bourdieu: Definição do
Campo Religioso

1. OBJETIVOS
• Reconhecer e interpretar a linguagem religiosa.
• Compreender e analisar o campo religioso e o papel do
cientista social.
• Analisar e identificar a religião como uma forma de luta
política.

2. CONTEÚDOS
• Linguagem religiosa.
• Religião como uma forma de luta política.
• Estruturada e estruturante.
• Campo religioso e o papel do cientista social.
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3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Novamente, a ideia é utilizar todos os conceitos que já
estudamos para interpretar os fatos, além de estabele-
cer paralelos com as unidades anteriores, pois, assim,
podemos ter uma visão geral de todas as unidades.
2) O conceito de secularização foi brevemente apresenta-
do na unidade anterior. As discussões em torno de tal
conceito são amplas, envolvendo as obras de diferentes
autores, como Weber, Berger e Bourdieu. Não faz parte
dos nossos objetivos discutir toda a amplitude do con-
ceito, sugerimos que você pesquise sobre o assunto.
3) Volte às unidades anteriores para entender e recordar
os conceitos propostos. Consulte sempre o Glossário
quando surgirem ideias que ainda não foram completa-
mente assimiladas.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Chegamos à última unidade do nosso curso, na qual discuti-
remos alguns aspectos da obra do sociólogo francês Pierre Bour-
dieu.
A influência de sua obra não se restringe à Sociologia da Reli-
gião, mas, evidentemente, será neste ponto que nos deteremos. É
a esse sociólogo que devemos uma das expressões mais utilizadas
pelos pesquisadores da área de religião: campo religioso.
Veremos que ela possui forte inspiração weberiana, mas foi
o modo como Bourdieu a construiu que consagrou a expressão.
Mas nosso interesse vai muito além da cunhagem de uma
expressão. A reflexão de Bourdieu sobre a religião resgata a con-
tribuição de Marx, Durkheim e Weber para a temática, além de
desdobrar algumas pontes para o trabalho de Berger.
© U6 - Bourdieu: Definição do Campo Religioso 105

Desse modo, teremos uma última unidade um pouco dife-


rente das anteriores, pois ao invés de fazermos uma reconstrução
sistemática da obra de Bourdieu, vamos utilizá-la para rediscutir os
autores trabalhados ao longo do curso, apresentando as especifici-
dades da sua análise e construção teórica.
Vamos começar?

5. A LINGUAGEM RELIGIOSA
Começamos nossa discussão partindo de um capítulo já con-
siderado um clássico de Bourdieu sobre a religião, Gênese e estru-
tura do campo religioso, presente em uma obra intitulada A eco-
nomia das trocas simbólicas. O título da obra já nos revela diversas
especificidades do trabalho de Bourdieu.
A menção à economia e ao processo de troca nos remete,
novamente, para a noção de mercado religioso. O termo "simbó-
licas" já nos indica a noção da religião como um tipo de repre-
sentação sobre a realidade. Temos, depois, o título do capítulo
nos revelando as pretensões do autor: explicar como se formou e
como funciona o campo religioso. Diante de tal empreendimento
é claro que ele não poderia deixar de trabalhar com os três pilares
da Sociologia.
Vamos começar dizendo que ele considera a religião como
língua, um instrumento de comunicação e conhecimento, um veí-
culo simbólico, ao mesmo tempo estruturado e estruturante, que
fornece as condições da possibilidade de consenso quanto ao sen-
tido dos signos e ao sentido do mundo que permitem construir.
Seria, justamente, aquilo que Bourdieu vai chamar de campo
religioso, em uma imagem baseada, conforme mencionado ante-
riormente, na noção weberiana de esfera religiosa. Complicado?
Vamos tentar analisar as diferentes partes da definição ante-
rior para clarificá-la um pouco melhor:

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• A religião é uma forma de linguagem, ou seja, uma forma


de comunicação entre os homens, capaz de transmitir al-
guma mensagem. A língua de um povo é justamente um
grande sistema simbólico, que nomeia tudo que nos ro-
deia, permitindo a troca de informações entre as pessoas.
Ao falarmos, por exemplo, em "maçã", temos certeza de
que a pessoa corretamente iniciada na nossa linguagem
não vai confundir tal fruta com um abacaxi. A religião é,
portanto, um tipo de linguagem que transmite uma men-
sagem simbólica específica.
• Mas o que devemos entender pelo fato de ela ser "estru-
turada e estruturante"? Isso quer dizer que a religião pos-
sui uma estrutura própria, assim como toda forma de lin-
guagem possui a sua. Tal estrutura foi desenvolvida pelos
homens. Mas ela é um tipo de "estrutura estruturante",
o que significa que ela é capaz de criar outras estruturas.
Se continuarmos com o paralelo com a linguagem, talvez,
tudo fique mais claro: a linguagem possui uma estrutura
própria, desenvolvida pelos homens, mas a linguagem é
que vai estruturar o próprio pensamento humano (quan-
do pensamos, o fazemos em certa língua, seguindo seus
padrões gramaticais), nos ajudando a construir novas es-
truturas de explicação da realidade.
• Mediante as estruturas da linguagem, temos a possibi-
lidade de consenso quanto ao significado das palavras
(lembre-se do exemplo da maçã, citado anteriormente).
O mesmo ocorre com a religião. Como linguagem, ela
nos fornece a possibilidade de construir um sentido para
o mundo por meio, justamente, dos simbolismos religio-
sos que empregamos, criando a possibilidade de um con-
senso mais geral possível sobre tal construção. É possível
perceber como tal concepção aproxima-se das obras de
Durkheim, Weber e Marx, pois a religião aparece como
construção humana que fornece sentido ao mundo, mas
que passa também a reproduzi-lo segundo suas próprias
representações.
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Bourdieu considera necessário compreender a Sociologia


das Religiões como parte da Sociologia do Conhecimento, ou seja,
como parte da tentativa de estudar como o conhecimento huma-
no foi socialmente construído.

6. A RELIGIÃO COMO UMA FORMA DE LUTA POLÍTICA


Bourdieu recorda-nos que Weber dizia que as diferentes re-
ligiões, como sistemas de organização das crenças e das práticas
religiosas, acabavam por formar grupos de especialistas, responsá-
veis pela manutenção da doutrina, os quais competiam pelo con-
trole dos chamados "bens de salvação", ou seja, de todas as possi-
bilidades oferecidas para a salvação do fiel. Sobre isso, vejamos a
seguinte passagem:
Neste ponto, Weber está de acordo com Marx ao afirmar que a re-
ligião cumpre uma função de conservação da ordem social contri-
buindo, nos termos de sua própria linguagem, para a "legitimação"
do poder dos "dominantes" e para a "domesticação dos domina-
dos" (BOURDIEU, 1999, p. 32).

A proximidade destacada é justamente com a noção da


religião como sendo o ópio do povo, que encontramos em um
momento da análise de Marx que já debatemos. Mas fica muito
distante da discussão de Weber sobre a racionalidade própria da
esfera religiosa, a qual se basearia em valores de origem propria-
mente religiosa, que podem, em determinados períodos históri-
cos, terem sido utilizados para a manutenção da ordem política.
Isso quer dizer que mesmo considerando-se os exemplos
de usos da religião como forma de dominação das massas, não
é possível desqualificar o que existe de específico no âmbito da
esfera religiosa, que é justamente o elemento que lhe dá o nome.
O exemplo mais óbvio disso seria o papel da Igreja durante toda a
Idade Média.
Bourdieu afirma que: “[...] basta perceber que os especialis-
tas religiosos devem forçosamente ocultar a si mesmos e aos outros
que a razão de suas lutas são interesses políticos”. (Ibid., p. 54).

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O que isso significa? Que atrás de toda luta religiosa, de todo


debate teológico, teríamos, na verdade, uma disputa política pelo
controle de uma instituição com capacidade de exercer um contro-
le sobre a vida de seus fiéis.
Mas tal luta estaria disfarçada pela própria doutrina religio-
sa, escondida inclusive daquelas pessoas encarregadas de produzi-
-la. O que Bourdieu sugere é que "[...] a explicação das práticas e
crenças religiosas mediante ao interesse religioso dos produtores
ou dos consumidores pode dar conta da própria crença." (Ibid., p.
54). Quer dizer que seria possível explicar as crenças, partindo dos
interesses existentes nas ações dos que produzem a religião e os
que a consomem, ou seja, o grupo dos fiéis.
Assim, a religião é colocada em uma perspectiva determinis-
ta e bastante limitada, já que afirma que estaria sempre orientada
para certos interesses privados, que são, na verdade, indetermi-
náveis.
Desconsidera-se, desse modo, todos os aspectos subjetivos
dos diversos personagens envolvidos no campo religioso. Bour-
dieu perde, em sua análise, a dimensão da ação individual, enqua-
drando os diferentes comportamentos dentro da noção de papéis
sociais, que seriam comportamentos assumidos e exercidos pelas
pessoas em determinados contextos.
Entretanto, para manter a analogia utilizada por Bourdieu,
vemos que cada ator interpreta o seu papel de certa maneira, con-
forme a sua carga de experiências pessoais, imprimindo caracte-
rísticas novas ao seu personagem, não previstas pelo modelo ideal
criado por seu suposto autor.
O maior problema é que Bourdieu criou uma noção dema-
siadamente rígida, terminando, ainda, involuntariamente, por
desconsiderar as possibilidades transformadoras e contestadoras
da ação humana, deixando a impressão de que a reprodução e
a continuidade das instituições religiosas ocorreriam de maneira
mecânica, como se não houvesse nenhuma reinterpretação e ree-
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laboração dos seus valores. O grande problema seria saber, afinal,


quem determinou o conteúdo político da religião, se ele é escondi-
do tanto dos seus produtores como dos seus receptores?
Em outras palavras, a religião contribui para a imposição (dissimu-
lada) dos princípios de estruturação da percepção e do pensamen-
to do mundo e, em particular, do mundo social, na medida em que
impõe um sistema de práticas e de representações cuja estrutu-
ra objetivamente fundada em um princípio de divisão da política
apresenta-se como a estrutura natural-sobrenatural do cosmos
(Ibid., p. 33-34).

Já discutimos como a religião fornece um esquema para a


percepção do mundo, ao mesmo tempo em que molda as próprias
estruturas do pensamento que constrói tal percepção do mundo,
ponto que foi destacado pelo próprio Berger, assim como, em al-
guma medida, pelos autores que ambos procuram trabalhar.

Esse parágrafo refere-se à discussão que Berger e Bourdieu fa-


zem com base em Marx, Durkheim e Weber!

O problema é quando ele considera que tais estruturas de


percepção são orientadas por interesses políticos em última ins-
tância.
Durkheim tentou mostrar que tudo, na sociedade, poderia
ser reduzido à religião, que seria o fato social determinante na sua
organização, a base de tudo que existe. Já Bourdieu, a substitui
pela política, mas sem determinar corretamente quais seriam tais
interesses, de que forma eles são elaborados e por quem.
Teríamos, então, um conteúdo político na religião, porém in-
determinado, o qual perpassaria a estrutura de formação da cons-
ciência religiosa, mas sem que possamos determinar quais são os
seus autores, o que também torna impossível a determinação es-
pecífica sobre qual seria o conteúdo especificamente político den-
tro da mensagem religiosa.

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Se na teoria do mercado religioso o erro é ficar muito centralizado


em uma lógica econômica, aqui trata-se de focar tudo por meio da
política.

Informação Complementar––––––––––––––––––––––––––––––
Veja você que isso torna o conceito de religião muito próximo ao do fato social
durkheiminiano: uma vez que o fato social é determinado pelo conjunto dos in-
divíduos em sociedade, todos tomam parte da sua elaboração, o que o torna,
também, obra de cada indivíduo, que é responsável por reproduzi-lo nos seus re-
lacionamentos com outros indivíduos, sem que haja um responsável direto pelo
seu aparecimento.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

7. ESTRUTURADA E ESTRUTURANTE
Para nos aprofundarmos na questão do poder estruturante
de toda religião, nada melhor do que começarmos com uma cita-
ção:
[...] a análise da estrutura interna da mensagem religiosa não pode
ignorar impunemente as funções sociologicamente definidas que
ela cumpre: primeiro, em favor dos grupos que a produzem e, em
seguida, em favor dos grupos que a consomem (Ibid., p. 43).

Vimos que para Bourdieu, a religião é um sistema simbólico


estruturado que funciona como princípio de estruturação. A reli-
gião é passível para uma análise sociológica, pois cumpriu a fun-
ção social de justificar a existência do indivíduo em certa posição
social.
Tais funções sociais diferenciam-se dependendo do grupo
ou da classe, da posição que esse ocupa na estrutura das relações
de classe e na divisão do trabalho religioso. Isso nos remete para
a oposição entre o sagrado e o profano, conforme discutimos em
Eliade e que aparece do seguinte modo em Bourdieu:
A oposição entre os detentores do monopólio da gestão do sagra-
do e os leigos, objetivamente definidos como profanos, no duplo
sentido de ignorantes da religião e de estranhos ao sagrado e ao
corpo de administradores do sagrado, constitui a base do princípio
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da oposição entre o sagrado e o profano e, paralelamente, entre


a manipulação legítima (religião) e a manipulação profana e pro-
fanadora (magia ou feitiçaria) do sagrado, quer se trate de uma
profanação objetiva (ou seja, a magia ou a feitiçaria como religião
dominada), quer se trate da profanação intencional (a magia como
antirreligião ou religião invertida) (Ibid., p. 43).

Os leigos são profanos. A magia e a feitiçaria também, pois


se propõem a tentar manipular o sagrado.
Nosso autor argumenta que:
As crenças e práticas comumente designadas cristãs (sendo este
nome a única coisa que têm em comum) devem sua sobrevivência
no curso do tempo à sua capacidade de transformação à medida
que se modificam as funções que cumprem em favor dos grupos
sucessivos que as adotam (Ibid., p. 52).

Tal afirmação significa que a religião só teria sobrevivido ao


tempo por conta do papel que prestou aos grupos que a adotaram.
Voltamos, então, à afirmação que a Igreja contribui para a
manutenção da ordem política, por meio da sua contribuição para
a manutenção da ordem simbólica (afinal seria uma forma de lin-
guagem), com uma lógica de funcionamento que resulta da ação
conjugada das coerções internas e das forças externas.
As coerções internas seriam justamente por parte dos con-
troladores das instituições religiosas, os que monopolizam o sa-
grado. As forças externas seriam as pressões da clientela de fiéis:
Neste sentido, por estar investida de uma função de manutenção
da ordem simbólica em virtude de sua posição na estrutura do
campo religioso, uma instituição como a Igreja contribui sempre
para a manutenção da ordem política (Ibid., p. 72).

Isso quer dizer que manter a ordem política é manter, ao


mesmo tempo, o seu próprio papel dentro da sociedade.

8. O CAMPO RELIGIOSO E O PAPEL DO CIENTISTA SOCIAL


Em outro texto, Coisas Ditas, Bourdieu fornece um alerta ao
cientista social que estuda a religião, afirmando que é preciso pen-
sar, inicialmente, qual lugar ocupamos dentro desse campo religio-

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so, pois é mais fácil nos defendermos de uma moral do que de uma
moral disfarçada em ciência.
Entretanto, ele estava refletindo sobre um ponto colocado
como central, logo ao início de nosso curso: estamos fazendo a
análise sociológica da religião e não proselitismo religioso. Isso
não quer dizer que o pesquisador não possa ter suas próprias cren-
ças, mas somente que é preciso ter clareza de quais são elas, de
tal modo que se possa controlá-las no momento de elaboração da
reflexão.
Ele faz tal alerta porque pretende afirmar que o religioso,
na sociedade moderna, estaria em processo de dissolução. Esse
processo estaria ocorrendo mediante uma concorrência vinda de
outras áreas, como a psicanálise, que atua justamente ajudando
as pessoas a fornecerem um sentido para suas vidas. Conforme
nosso autor ressalta:
Para se defenderem contra a concorrência de tipo novo que certos
leigos lhes fazem indiretamente – os psicanalistas, por exemplo –
eles são obrigados a emprestar armas do adversário, expondo-se
a serem levados a aplicá-las a si mesmos; ora, se os padres psica-
nalisados começam a encontrar na psicanálise a verdade do sacer-
dócio, não vemos de que maneira eles dirão a verdade pastoral da
psicanálise (BOURDIEU, 1990, p. 121).

Aqui ele trabalha com o conceito de secularização. Outras


áreas, desenvolvidas pelas ciências, começam a ocupar os espaços
antes tomados pela religião. Para Bourdieu:
O clérigo tradicional só conserva o monopólio sobre o ritual social:
ele tende a não ser mais do que o organizador das cerimônias so-
ciais – enterros, casamentos etc., sobretudo no campo. (Ibid., p.
125).

Existe, aqui, uma proximidade com a noção que vimos em


Berger da religião, sendo restringida cada vez mais ao espaço fa-
miliar.
O campo religioso seria, então, justamente este espaço de
luta pela permanência, conforme Bourdieu:
© U6 - Bourdieu: Definição do Campo Religioso 113

[...] um espaço - o que eu chamaria de campo - no interior do qual


há uma luta pela imposição da definição do jogo e dos trunfos ne-
cessários para dominar nesse jogo.
[...] todo campo religioso é o lugar de uma luta pela definição, isto
é, a delimitação das competências, competência no sentido jurídi-
co do termo, vale dizer, como delimitação de uma alçada (Ibid., p.
119-120).

É importante perceber a relação dessas afirmações com nos-


sas discussões anteriores. A religião é uma forma de linguagem
que ajuda a estabelecer certa ordem, que reflete interesses polí-
ticos.
Veja você que o campo da política é o campo das disputas
pelo poder, dos embates entre os projetos de controle da socieda-
de. O campo religioso, então, seria justamente o espaço em que as
religiões disputam para manterem sua influência no processo de
definição do sentido do mundo.
Mas não é uma disputa somente entre as diferentes reli-
giões, entendidas aqui como as agências organizadoras do sagra-
do. A disputa ocorre com todos os setores da sociedade, que tam-
bém atuam como definidores de sentido. "Os agentes que estão
em concorrência no campo de manipulação simbólica têm em
comum o fato de exercerem uma ação simbólica." (Ibid., p. 121).
Tais agentes manipulam as visões e as estruturas de percepção do
mundo, as palavras (linguagem) empregadas para expressá-lo e,
por meio delas, os princípios da construção da realidade social.
Visto dessa forma, o papel da discussão sobre as religiões
nos dias hoje assume um aspecto fundamental.

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, na sequência, as questões propostas para verificar
seu desempenho no estudo desta unidade:

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1) Estudamos em detalhes o significado do título do artigo de Bourdieu aqui


analisado, A economia das trocas simbólicas. Explique qual é o significado
do título do artigo.

2) Vimos que a obra de Bourdieu procura conciliar as contribuições de Marx,


Durkheim e Weber na elaboração do conceito de religião. Identifique as con-
tribuições de cada um desses autores para o conceito elaborado por Bour-
dieu.

3) A religião também é vista, na obra de Bourdieu, como uma forma de con-


trole, de dominação. Explique a perspectiva de Bourdieu sobre o papel do-
minador da religião e quais as principais objeções que podemos fazer a ela.

4) Defina, afinal, o que é o campo religioso, de acordo com o conceito elabo-


rado por Bourdieu.

10. CONSIDERAÇÕES
Ao final deste caderno creio que o necessário não é realizar
aqui um resumo geral, que certamente seria muito simplório, dei-
xando de lado partes importantes das nossas reflexões.
O fundamental é resgatar o sentido geral da religião dentro
da Sociologia. O sociólogo não pode ver a religião de outra forma
senão como uma construção social, que ajuda a ordenar a socie-
dade, variando aqui, enormemente, as maneiras de interpretar tal
construção.
Mas tudo que foi dito não significa que a Sociologia e as ciên-
cias de maneira geral, menosprezem a religião. Muito pelo contrá-
rio! O espaço que a sua discussão teve, e ainda tem, é somente
reflexo da importância de tal temática.
O que cabe à ciência é tentar decifrar as estruturas dos fe-
nômenos que se propôs a estudar. Feito esse trabalho, cabe aos
homens em sociedade definirem seus próprios rumos e atribuírem
sentidos a nossa existência.
Nesta unidade, foi possível reconhecer a linguagem religio-
sa, compreender o campo religioso e o papel do cientista social,
bem como, também, analisar a religião como uma forma de luta
política.
© U6 - Bourdieu: Definição do Campo Religioso 115

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Nosso estudo encerra-se aqui, mas não nosso diálogo. Você,
ao optar pela Educação a Distância, tem, além de todos os seus
colegas de curso, o seu tutor para contar. Sempre que necessitar
de nossa ajuda, não tenha receio em nos contatar.
Foram muitas atividades, interatividades, horas de leitura e,
com isso, nosso dever está cumprido. Mais do que isso! Alguns dos
tópicos aprendidos aqui continuarão a ser refletidos ao longo de
todo o curso, pois são imprescindíveis à nossa formação.
A reflexão e a atualização diária de seus conhecimentos so-
bre religião e seus desdobramentos devem servir de motivação
para sua pesquisa. É um hábito que contribuirá para a compreen-
são desta área do saber.
Continue pesquisando e discuta com seus colegas diferentes
respostas para os antigos problemas, afinal, o caminho é construí-
do a cada passo! Espero que, nesta caminhada rumo ao saber, nos
encontremos novamente para novas buscas.
Foi um prazer conhecer, ensinar e aprender com você!

12. E-REFERÊNCIAS
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comunicação social na promoção da doutrina da fé. Vaticano: 1992. Disponível em:
<http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_
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Disponível em: <http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/
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116 © Sociologia da Religião

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