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A peça “Felizmente Há Luar” de Luís de Sttau Monteiro tem como cenário a situação

política vivida em Portugal após as invasões francesas, com a família real a viver no Brasil e,
Portugal esquecido, governado e explorado pelos ricos e poderosos.

Sobre Gomes Freire de Andrade, embora sempre ausente, desenrola-se a história. É nele
que o povo, que vive miseravelmente e sem liberdade, põe a esperança de revolução. Mas o
governo regente, constituído por D. Miguel, o Principal Sousa, e Beresford, tendo ouvido pelos
delatores os rumores populares e apenas por capricho, mesmo sabendo da inocência de
Gomes Freire, e esquecendo as acusações e defesa efectuadas pela Matilde (a esposa do
general), condenam-no como forma de assustar e assegurar ao povo que nunca haveria
revolução.

As personagens divergem em dois tipos os poderosos e o povo. O povo é explorado,


miserável, e enclausurado, de consciências fechadas e um pouco enigmático (como Manuel e
Rita), de tal forma a que ao caos exterior as personagens reagem de uma forma imprevisível.
Dentro deste grupo ainda existem mais dois, Matilde e o seu melhor amigo, Sousa Falcão e, o
grupo dos traidores do povo com a ambição de melhores situações sociais.

Do lado dos poderosos, o inglês Beresford, representa o domínio e aproveitamento dos


ingleses da nossa situação (ele mesmo assume não gostar de Portugal e, que apenas gosta de
gozar despreocupadamente do poder que cá possui), o Principal Sousa representa a influência
da igreja no governo, que pretende a obscuridade de ideias do povo, e D. Miguel simboliza a
decadência do país.

Como já referi, Matilde esforça-se para salvar o seu marido, tanto junto do povo que o
glorificou e que agora o esquecem medrosamente, tanto junto dos regentes buscando, razões
desde políticas a religiosas, no entanto infrutiferamente, resignando-se com o martírio pela
liberdade do marido.

A obra tem como principal objectivo juntar duas situações análogas de dois tempos
históricos distintos. Foi escrita para criticar subversivamente o Estado Novo, buscando o
distanciamento histórico. As duas situações são tão semelhantes que a sua ideologia de
liberdade não escapou à Censura. Várias frases apontam para esta semelhança. Ainda, o título
“Felizmente há luar” é ambíguo, por D. Miguel, é no sentido de que o luar iria mostrar ao povo
todo o triste espectáculo da morte do general, porque prolongar-se-ia pela noite, quando dito
por Matilde é um grito de revolução, diz que felizmente a luz do luar mostra ao povo a
injustiça.

Penso que os discursos de Matilde são perfeitos, alguns até filosóficos, de uma
profundidade assustadora. Apreciei muito a sua defesa e argumentos.

O Drama é tipicamente constituído por diálogo intercalado com didascálias, que nos
apresentam a informação necessária ao entendimento da história. A escrita é muito acessível e
os recursos estilísticos quase inexistentes.

É um poderoso grito de revolta perante a injustiça, a força bruta do poder político e a


miséria das populações.
A Igreja é um dos alvos mais fortemente satirizados e criticados; a Igreja que esteve do
lado dos absolutistas, tolerou os ingleses e, mais tarde do lado de Salazar. A Igreja simboliza a
antítese das ideias que Stau Monteiro defende: a tolerância, a justiça social e a solidariedade,
incarnadas pela personagem Beresford, ou seja, as ideias liberais.

Um outro aspecto que esta peça denuncia é a brutalidade das forças policiais, ao serviço
de um governo despótico e que constituem mais um denominador comum entre a monarquia
pré-liberal e o Estado Novo.

A linguagem usada na peça é profundamente irónica e sarcástica. O latim,


constantemente usado pelos membros da Igreja reforça essa ironia de uma forma quase
humorística.

No fundo trata-se de uma obra intemporal: uma obra que aborda assuntos que estarão
sempre na preocupação de qualquer ser humano pensante. Uma obra que ficou
indelevelmente marcada nas páginas mais nobres da literatura portuguesa. Talvez ainda
estejamos no tempo da injustiça pois ainda são necessárias mudanças.

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