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O corpo cúmplice da vida: considerações

TEMAS LIVRES FREE THEMES


a partir dos depoimentos de mulheres
obesas de uma favela carioca

The body accomplice of life: perception


of fat women body from a carioca slum

Vanessa Alves Ferreira 1


Rosana Magalhães 2

Abstract The current article presents conclu- Resumo O presente artigo apresenta conclusões
sions of a developed research in ENSP/Fiocruz, as de uma pesquisa desenvolvida na ENSP/Fiocruz,
part of a master degree course, about the relation como parte do curso de mestrado, sobre a relação
between poverty and obesity from the symbolic entre pobreza e obesidade a partir da apreensão
structure seizure around the body. The research da construção simbólica em torno do corpo. A
had as a goal examining the perception about the pesquisa teve por objetivo investigar as percepções
body of a fat women group living in a carioca acerca do corpo de um grupo de mulheres obesas
slum, from the use of the qualitative methodolo- moradoras de uma favela carioca, a partir do em-
gy, using the technique of the semi-structured in- prego da metodologia qualitativa, utilizando a
terview. The final researches in this work showed técnica da entrevista semi-estruturada. Os resul-
that among the Rocinha women was in force tados obtidos neste trabalho revelaram que entre
proper standards of body that tied little esthetic as mulheres da Rocinha vigoravam padrões pró-
attributes. The examined women noticed the obe- prios de corpo que pouco se vinculavam a atribu-
sity in a different way. It was felt through clinical tos estéticos. A obesidade era percebida de forma
symptoms as for example: “leg pains”, “back diferenciada pelas mulheres investigadas. Ela era
pains”, “lack of breath”, “less disposition”. It was sentida através de sintomas clínicos tais como:
still possible to observe that the fat body was “dor nas pernas”, “dor na coluna”, “falta de ar”,
sometimes valorous among the group, tied to “menor disposição”. Foi possível, ainda, verificar
work and the social condition. These results lead que o corpo obeso era por vezes valorizado no
us to believe that the obesity assume proper out- grupo, vinculando-se ao trabalho e à condição so-
lines in the different contexts and social groups. cial. Tais resultados nos conduzem a acreditar que
For this reason we believe to be necessary the ful- a obesidade assume contornos próprios nos dife-
fillment of new research dates about the obesity rentes contextos e grupos sociais. Por essa razão,
1 Faculdades Federais theme in Brazil. acreditamos ser necessária a realização de novas
Integradas de Diamantina. Key words Obesity, Poverty, Public health agendas de investigação sobre a temática da obe-
Rua da Glória 187, sala 25, sidade no Brasil.
Centro, 39100-000,
Diamantina MG. Palavras-chaves Obesidade, Pobreza, Saúde pú-
vanessa.nutr@ig.com.br blica
2 Departamento de
Ciências Sociais da Escola
Nacional de Saúde Pública,
Fiocruz.
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Ferreira, V. A. & Magalhães, R.

Introdução de ser menos freqüente. Particularmente neste


grupo, o uso do corpo pode compreender uma
O corpo é um instrumento natural do homem visão mais utilitária, fruto da importância da
e cada grupo social imprime uma expectativa força física nas ocupações desempenhadas.
em torno dele1. Para Foucault2, em qualquer Dentro dessa perspectiva, para muitas mulhe-
sociedade o corpo é um lócus de poder, sujeito res das classes populares o corpo pode se apre-
a coerções e domínios ou a experiências de sentar como condição para a produção do tra-
confronto e resistência. A nosso ver, o corpo se balho. No cotidiano de luta pela sobrevivência
reveste de interpretações e significados. Ao diária – duras e longas jornadas de trabalho,
“corpo se aplicam sentimentos, discursos e prá- incluindo os afazeres domésticos e os cuidados
ticas que estão na base de nossa vida social”3. É com os filhos –, o corpo tende a não ser perce-
através do corpo que os indivíduos se manifes- bido em toda sua plenitude11. No Brasil, o es-
tam no mundo e revelam sua posição na socie- tudo de Zaluar12 revelou que para as mulheres
dade. Dentro dessa perspectiva, o corpo se so- das classes populares a obesidade era por vezes
brepõe aos limites do biológico, às condições valorizada como elemento de força. Silva13, por
materiais de vida, e assume também dimensões sua vez, verificou em seu estudo com mulheres
socioculturais fundamentais. Valores simbóli- obesas de baixa renda que a obesidade era um
cos relacionados à obesidade podem, dessa for- atributo sexual importante no grupo. O corpo
ma, variar entre sistemas e grupos sociais em erótico e sensual era representado pelas formas
diferentes contextos históricos4, 5, 6. Observa-se arredondadas. Para Muraro11, as mulheres po-
atualmente que a corpulência, que no passado bres “não se vêem com seus próprios olhos: elas
já esteve associada à idéia de saúde no imagi- se vêem com os olhos do homem [...]”.
nário coletivo, tem seu significado completa- Nesta direção, Popkin14 verificou mudanças
mente transformado em algumas sociedades5, positivas no padrão alimentar de subgrupos da
6, 7, 8. Para Fischler4: [...] há um século nos países população norte-americana com melhor nível
ocidentais desenvolvidos os gordos eram amados; socioeconômico e, em contrapartida, o surgi-
hoje, nos mesmos países, amam-se os magros. Pa- mento de problemas ligados ao excesso alimen-
drões definidos para a obesidade assumem, tar nos grupos sociais de menor renda do país,
dessa forma, contornos distintos em cada so- especialmente a população hispânica e negra.
ciedade4, 7, 8. Ainda segundo Popkin14, estes grupos tendem a
De acordo com Boltanski9, as preocupações apresentar os índices mais elevados de obesida-
relacionadas ao corpo variam entre as camadas de nos Estados Unidos. Peña & Bacallo15, por
sociais. Quanto mais elevada a hierarquia so- sua vez, constataram o crescimento da obesida-
cial, maiores são os cuidados estéticos. Nas clas- de entre os segmentos mais desfavorecidos nos
ses sociais privilegiadas, observa-se o maior países latino-americanos e do Caribe.
consumo de produtos de tratamento para o A perspectiva da construção social do cor-
corpo e a prática de um estilo de vida mais sau- po tem servido de fundamento para diferentes
dável. No Brasil, Lifschitz10 observou mudanças trabalhos socioantropológicos12, 13, 16, 17, 18. De
no imaginário alimentar de segmentos mais fa- acordo com Berger & Luckmann19, sendo a so-
vorecidos economicamente, com a emergência ciedade uma realidade ao mesmo tempo objetiva
do que ele denominou de discursos em torno e subjetiva, qualquer adequada compreensão
do “natural”. Envolve a proliferação da “boa ali- teórica relativa a ela deve abranger ambos estes
mentação” e da escolha de alimentos na sua for- aspectos. A partir desta consideração, este estu-
ma “in natura”. Essas ações, segundo Boltanski9, do buscou uma aproximação com o vocabulá-
podem ser explicadas pela relação mais reflexi- rio sobre o corpo, a vida, o trabalho e a obesi-
va com o corpo por parte desses segmentos, em dade em mulheres moradoras da favela da Ro-
função do melhor nível educacional e da maior cinha, usuárias de uma unidade básica de saú-
inserção do grupo em ocupações de cunho in- de do município do Rio de Janeiro. O artigo
telectual. Além disso, para Sobal6 a condição apresenta conclusões de uma pesquisa desen-
material de vida do grupo permite a adesão a volvida na ENSP/Fiocruz, como parte de dis-
práticas mais saudáveis de vida, tendo em vista sertação de mestrado, sobre a relação entre obe-
os recursos financeiros, assim como a maior fle- sidade e pobreza. O desenho metodológico do
xibilidade de horários e autonomia. trabalho de campo e seus principais resultados
Inversamente, segundo Boltanski9, a aten- são discutidos a seguir.
ção prestada ao corpo nas classes populares po-
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Histórias e vivências de vida: ções de vulnerabilidade social, tais como as co-
a metodologia e o universo social munidades carentes.
da pesquisa O trabalho de campo foi realizado em en-
contros semanais, totalizando 12 entrevistas.
A pesquisa qualitativa assume como tarefa cen- Após traçarmos o diagnóstico da obesidade a
tral a compreensão da realidade humana vivida partir do parâmetro do Índice de Massa Cor-
socialmente20. Neste tipo de metodologia, a preo- poral (IMC), proposto pela Organização Mun-
cupação central não é a quantificação, mas sim a dial de Saúde – com ponto de corte no valor
compreensão intrínseca de seu objeto de análi- igual ou superior a 30 kg/m2 25 –, foram levan-
se21. Assim, é priorizado um amplo universo de tadas informações sobre as condições de vida e
valores, percepções, hábitos e atitudes dos sujei- pobreza a partir de uma cesta de indicadores
tos. A pesquisa qualitativa busca a superação da sociais, tal como tem proposto a literatura26, 27,
análise pautada numa postura quantificadora 28. Esses foram os principais critérios utilizados
dos fenômenos sociais, assumindo inicialmente para a seleção do grupo a ser entrevistado. As
uma postura de confronto frente à atitude tradi- entrevistas foram realizadas em sala cedida pe-
cional positivista de aplicar ao estudo das ciên- lo CMS e seguiram o roteiro de campo redefi-
cias humanas os mesmos princípios e métodos das nido após a realização do pré-teste. Nesta eta-
ciências naturais22. O modelo qualitativo de aná- pa, optamos pela técnica da entrevista semi-es-
lise dos fenômenos privilegia o significado das truturada, entendendo por entrevista semi-es-
práticas e escolhas sociais, e não a quantificação truturada aquela que parte de certos questiona-
dos fenômenos. Neste campo do saber, a reali- mentos básicos apoiados em teorias e hipóteses,
dade social é o próprio dinamismo da vida indi- que interessam à pesquisa e que, em seguida, ofe-
vidual e coletiva com toda a riqueza de significa- recem amplo campo de interrogativas, fruto de
dos [...]20. A pesquisa qualitativa parte do pres- novas hipóteses que vão surgindo à medida que
suposto de que a consciência é mais condiciona- se recebem as respostas do informante22. Na eta-
da pela inconsciência do que o contrário23. São, pa de análise do conteúdo, foi realizada a trans-
assim, incorporadas dimensões mais profundas crição das entrevistas na íntegra. Posterior-
de análise, ou seja, as mediações interiorizadas mente, foi feita uma leitura flutuante, em que o
pelos sujeitos. Para a abordagem social, a reali- material transcrito foi lido simultaneamente
dade representa o próprio dinamismo da vida. com a escuta das entrevistas. Em seguida, reali-
O real nunca está acabado, mas em permanente zamos uma leitura minuciosa de todo o mate-
construção, sendo continuamente desdobrado. rial, em que foram sublinhadas as idéias prin-
É este caráter complexo e dinâmico que o per- cipais ligadas à fundamentação teórica. Os te-
mite existir. mas emergentes foram mapeados e, em segui-
O estudo realizou-se entre os anos de 2002 da, foram então pontuados os aspectos mais
e 2003 no Centro Municipal de Saúde Píndaro importantes a serem discutidos. Por fim, foi
de Carvalho Rodrigues, localizado no bairro da elaborada a listagem das respostas das entrevis-
Gávea, zona sul do município do Rio de Janei- tadas. Para Triviños22, os resultados de uma
ro. Foram entrevistadas mulheres usuárias do pesquisa só assumem um caráter científico se
setor de nutrição da unidade e moradoras da apresentarem “a coerência, a consistência, a
favela da Rocinha. O CMS da Gávea, inaugura- originalidade e a objetivação”.
do em 1976, pertence atualmente à Prefeitura
da Cidade do Rio de Janeiro e desenvolve os Favela da Rocinha:
programas de assistência integral à saúde da o espaço social como mosaico
criança, do adolescente, da mulher, do adulto e
do idoso. Possui uma população adscrita de A favela da Rocinha encontra-se situada no
cerca de 210 mil habitantes24 e abrange os bair- morro Dois Irmãos, na zona sul do município
ros de Ipanema, Lagoa, Jardim Botânico, Gávea do Rio de Janeiro, ao longo da Estrada da Gávea
e São Conrado; e, ainda, as comunidades da e do trecho da auto-estrada Lagoa-Barra, que se-
Rocinha, do Vidigal, Vila Canoas, Parque da Vi- para os bairros nobres de São Conrado e Gávea,
la da Cidade, Chácara do Céu e Horto. Carac- fazendo parte da área de planejamento AP-2.
teriza-se por ser uma região extremamente he- Em 1993, através da Lei no 1995 de 18 de junho,
terogênea, com fortes contrastes sociais, onde a Rocinha foi outorgada bairro. Os dados acer-
residem grupos populacionais de alto poder ca do contingente populacional da Rocinha,
socioeconômico e outros submetidos a situa- ainda que controversos, revelam a expansão e o
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desenvolvimento da favela ao longo dos últimos serviços básicos, encontram-se na parte plana
anos. Em 1999, o Iplan-Rio adscreveu 47 mil ha- da favela, tal como o Largo do Boiadeiro, onde
bitantes. Contudo, a associação de moradores se localiza grande parte do comércio local30, 31.
do bairro afirma que a população atualmente é A diversidade sociocultural e de infra-es-
composta de duzentos mil habitantes, com taxas trutura também está presente na Rocinha. O
anuais de crescimento de 3,07% 29. tamanho e a variedade da Rocinha, considera-
A localização peculiar da Rocinha, próxima da a maior favela da América Latina, podem ser
ao bairro da Gávea, um dos locais mais nobres percebidos através dos inúmeros estabeleci-
da cidade do Rio de Janeiro, impõe aos mora- mentos públicos e privados existentes no local.
dores conviver com diferença sociais marcan- A associação de moradores do bairro estima a
tes. Mas os contrastes não se limitam apenas aos existência de 2.500 estabelecimentos comer-
bairros adjacentes. É possível identificar ainda ciais30, 31, 32, 33. No que se refere às atividades
diferenças internas significativas na favela. A de lazer, essa população encontra disponível a
população da Rocinha é composta, sobretudo, praia de São Conrado, o Clube Emoções (casa
de adultos jovens, com um contingente maior de shows), a Escola de Samba GRES Acadêmi-
de indivíduos do sexo feminino. No que se refe- cos da Rocinha e, ainda, atividades alternativas
re à renda, observou-se uma faixa de rendimen- dispersas, tais como grupos de teatro, arte, pin-
tos entre um a cinco salários mínimos. O perfil tura, música; bares e biroscas com espaço para
dos moradores revela, ainda, que a maior parte danças nordestinas, como o forró; e bailes po-
deles são oriundos da região Nordeste. Quanto pulares de funk. Neste sentido, a favela da Roci-
às ocupações de trabalho, a população masculi- nha se apresenta como um verdadeiro mosaico
na desempenha predominantemente atividades socioeconômico e cultural, sendo, portanto,
no comércio e na indústria, enquanto as mu- extremamente complexa. A heterogeneidade
lheres estão inseridas no setor de serviços, tais das favelas cariocas tem sido debatida atual-
como as atividades de doméstica. O perfil de mente por diferentes autores e institutos de
saúde da população da Rocinha caracteriza um pesquisa34, 35, 36.
quadro sanitário de áreas de aglomeração sub-
normal, onde as doenças comumente diagnos- Percepções do corpo
ticadas referem-se a: hepatite A, dengue, doen- e a concepção da obesidade
ças diarréicas, respiratórias e de pele30.
No que se refere às condições de infra-es- Entre as doze mulheres entrevistadas, sete
trutura, a Rocinha dispõe de rede elétrica for- apresentaram obesidade classe I (IMC=30,0-
necida pela Companhia Elétrica Light e existe 34,9kg/m2) e cinco obesidade classe II (IMC=
uma rede parcial da Companhia Estadual de Á- 35,0-39,9kg/m2), com riscos de co-morbidade
gua e Esgoto (Cedae). A rede de esgotamento moderado e grave, respectivamente25. No que
sanitário, contudo, não é disponibilizada para diz respeito à faixa etária de nosso universo de
todos os moradores. Verifica-se na Rocinha um pesquisa, as mulheres apresentaram idades que
sistema de saneamento ainda deficiente. A co- variaram entre 34 a 60 anos, com média de ida-
leta de lixo é realizada pela Companhia de Lixo de de 48 anos. A maior parte das mulheres en-
Urbano (Comlurb), em parceria com os agen- trevistadas era proveniente da região Nordeste
tes comunitários da favela. Entretanto, a limpe- do país. Das doze informantes: quatro eram
za pública é precária e há o permanente acú- naturais do estado do Ceará, três da Paraíba,
mulo de lixo30. Ainda segundo o estudo, a es- duas da Bahia e uma de Sergipe. Somente duas
trutura dos domicílios também é heterogênea. mulheres revelaram ter vindo de estados da re-
Além de barracos, existem casas de alvenaria e gião Sudeste: uma do interior de Minas Gerais
cerâmica, e prédios, entre outros tipos de cons- e uma do interior do Rio de Janeiro. O perfil
trução. O acesso a essas habitações ocorre atra- das entrevistadas reflete em grande parte o
vés de becos, ruelas e escadarias irregulares, se- contingente populacional da Rocinha, com-
melhantes às de áreas faveladas, e, também posto especialmente de nordestinos. Todas as
através da Estrada da Gávea. Nas áreas mais entrevistadas eram moradoras da favela da Ro-
distantes, as partes mais altas da favela, como a cinha. A árdua vida na terra natal, com o traba-
denominada Rua 1, e nos sub-bairros mais ca- lho no roçado, é transformada em um cotidia-
rentes, como o Barcelos, as condições de sanea- no igualmente difícil, marcado pela dupla jor-
mento são deficientes. Os domicílios com maior nada de trabalho, que inclui os afazeres domés-
infra-estrutura, no que diz respeito ao acesso a ticos, os cuidados com os filhos, as ocupações
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do trabalho, a rotina de subir e descer as ladei- ção da família, o trabalho formal e, ainda, a roti-
ras e escadarias da favela, as tensões desenca- na de subir e descer as ladeiras da favela. Em
deadas pela falta de dinheiro, pelo convívio meio a esse cotidiano de vida, o corpo das mu-
com a criminalidade e a violência. Esta realida- lheres se revela como um corpo para a produ-
de foi expressa freqüentemente através de de- ção, muitas vezes desapercebido pelo grupo11.
clarações do tipo: “É muita luta”; “Eu me sinto Neste sentido, as mulheres apreendem a obesi-
cansada”; “À noite eu estou morta”; “Exausta”. dade de múltiplas formas e, até mesmo, afastan-
Na análise dos indicadores combinados, do-se das concepções usualmente presentes no
que teve por objetivo discriminar mulheres campo da saúde e da nutrição. A obesidade é
submetidas a condições de vulnerabilidade so- uma categoria comumente empregada no meio
cial, observamos que, no que se refere à cor, as acadêmico, mas que pode não expressar os dife-
mulheres entrevistadas eram em sua maioria rentes contornos do problema para as mulheres.
pretas ou pardas. Esta característica está inti- As percepções acerca do corpo revelaram
mamente relacionada à pobreza no Brasil37. A que o excesso de peso no grupo se relaciona es-
baixa escolaridade também é uma característi- sencialmente ao aparecimento de sintomas clí-
ca dos pobres no Brasil. A esse respeito, de nicos diversos, à menor agilidade e à menor
acordo com o Núcleo de Estudos de Políticas disposição para o trabalho. Estar obesa para as
Públicas da Universidade Estadual de Campi- mulheres da Rocinha é sentir “cansaço”; “falta
nas38, mais da metade dos chefes de famílias de ar”; “dores nas pernas”; “problemas na colu-
pobres é analfabeta ou tem no máximo três na”. Algumas mulheres relacionam as transfor-
anos de estudo. As mulheres da Rocinha apre- mações do corpo a dois eventos de vida: o ca-
sentaram baixo nível educacional: menos de samento e a gravidez: “Foi depois de casar”;
três anos de estudo. Este perfil se relaciona “Eu acho que foi depois da gravidez do meu fi-
também com menores oportunidades e chan- lho”. A relação entre gravidez e obesidade femi-
ces de conquistar postos de trabalho de maior nina tem sido destacada por alguns autores39,
qualificação e melhor condição salarial. Neste 40. No entanto, em geral, as alterações nas for-
sentido, as mulheres se encontravam inseridas mas do corpo, com o aumento do peso, são
em postos de trabalho de menor prestígio, percebidas por intermédio de médicos e profis-
exercendo atividades de diarista, doméstica, sionais de saúde em consultas de rotina: Quan-
costureira, manicure, artesã, entre outras. A do eu percebi, eu já estava assim, eu nem notei;
precarização do mercado de trabalho impõe “Eu vim tratar da pressão, aí a doutora achou
ainda o trabalho sem vínculos trabalhistas, em que eu estava acima do peso e me mandou pra
que as mulheres exercem suas atividades sem nutrição; Eu vim à clínica geral e a doutora fa-
carteira assinada. A desqualificação das ocupa- lou: você tem que perder peso, a senhora está
ções exercidas por essas mulheres se reflete nos muito acima do peso.
baixos rendimentos: a média salarial observada Notadamente, as mulheres da Rocinha não
foi de um a dois salários mínimos mensais. Os se percebem enquanto obesas, aqui parece vigo-
arranjos familiares eram múltiplos: existiam rar uma imagem corporal distinta da verificada
núcleos do tipo mulher e cônjuge com filhos; em outros grupos sociais. A obesidade para as
mulher sozinha com filhos ou netos; viúvas so- mulheres associa-se à pouca energia e à pouca
zinhas; e solteiras. E a maior parte das infor- disposição para o trabalho, ao cansaço, à falta
mantes foi considerada chefe do domicílio. de ar, às dores na coluna; raramente se relacio-
Neste sentido, segundo Rocha37, famílias che- na com atributos estéticos. Entretanto, o corpo
fiadas por mulheres são mais vulneráveis à po- magro assume certa ambigüidade. Em oposição
breza. A pobreza é ainda marcadamente asso- ao corpo gordo, o corpo magro é mais ágil: “Vo-
ciada a condições insatisfatórias de serviços bá- cê magra faz as coisas rápido, gorda não, cansa”.
sicos, como a rede de saneamento básico e a No entanto, se ficar magra é ter maior disposi-
limpeza pública. Foi observado déficit no equi- ção, pode também significar a privação de ali-
pamento de infra-estrutura e serviços, o que mentos, a doença: “Perder peso é ficar magra, é
torna a vida do grupo ainda mais penosa. ficar doente, sem comida.” A valorização do
O corpo obeso das mulheres da Rocinha de- corpo obeso revela-se, portanto, implícita no
nuncia as situações adversas a que estão subme- grupo. Se o corpo magro associa-se à privação
tidas em seu cotidiano de vida. A batalha diária de alimentos, à fraqueza e à doença; em contra-
de vida inclui os afazeres domésticos, os cuida- ponto, o corpo obeso passaria a estar vinculado
dos com os filhos, o gerenciamento da alimenta- às noções de suficiência alimentar, força e saú-
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de. Entretanto, observa-se que esta concepção é transgressores das normas e regras. No entan-
relativizada, ou seja, ao mesmo tempo em que to, pouco a pouco, as mulheres vão revelando
o corpo obeso é desejado por estar relacionado os dilemas ligados à superação da obesidade:
ao vigor e a saúde, também é julgado como “pe- Com a comida que tenho em casa, eu não consi-
sado” e, portanto, menos ágil. Nesse aspecto, o go; Se eu tivesse um salariozinho melhor pra eu
corpo magro passa a ser valorizado. Contudo, comprar mais coisa que ajudasse; A verdura é
entre um corpo magro ágil e magro doente, o muito difícil, nem todo o pobre compra aquele
último parece ser o mais ameaçador, já que pa- negócio de verdura [...] por isso que eu não faço
ra as classes populares a doença é o maior im- dieta, porque eu não posso, não posso comer legu-
pedimento para a realização do trabalho12. Tais mes direito.
concepções revelam a relação do corpo com o No entanto, a desigualdade no acesso à ali-
trabalho e enfatizam a noção do corpo utilitá- mentação adequada não parece ser o único as-
rio, apto à execução das atividades rotineiras e pecto relacionado ao corpo obeso. Assim, dian-
do trabalho informal9. te da diversidade de alimentos, os critérios de
Ferreira41 verificou concepções de corpo seleção dos itens parecem se aproximar do pa-
específicas em sua investigação numa vila de drão de consumo alimentar da infância, espe-
classe popular, localizada na periferia de Porto cialmente da vida no Nordeste, com a escolha
Alegre. A relação que alguns moradores estabe- de alimentos próximos ao consumido no roça-
leciam com o corpo evidenciava a necessidade do. Dessa forma, a memória alimentar se revela
de distinguir-se de outros que apresentavam o es- no universo de alimentação das mulheres da
tereótipo da pobreza: corpos sujos, desnutridos, Rocinha: Eu fui criada na roça comendo isso; Eu
às vezes consumidos pelo álcool, com marcas de gosto [fritura] porque eu fui acostumada assim;
violência. Segundo Bourdieu42, a sociedade im- Na roça, a comida é muito pesada, é feita naque-
prime ao corpo princípios de divisão social e la banha; Arroz, feijão [...] dispensa qualquer
de oposição, que são utilizados como forma de coisa. Eu acho que é porque eu fui acostumada
justificar a distinção de classe. Neste sentido, o assim.
corpo obeso entre mulheres pobres seria uma O papel do alimento enquanto elemento de
maneira de diferenciação social em relação ao conforto para a amenização dos dilemas diá-
corpo magro e esbelto das mulheres burguesas. rios, das angústias, das perdas, das tensões oca-
Nesse contexto, a perda de peso torna-se sionadas pela falta de recursos, pela violência,
muito mais uma exigência dos profissionais de pela responsabilidade com a casa e os filhos,
saúde do que propriamente uma demanda for- também surge na fala das mulheres da Rocinha:
te das mulheres: “Eu preciso emagrecer, isso to- Quando eu tô tristinha, eu vou lá e como; Pra mim
dos os médicos falam.” Ao mesmo tempo, a é nervoso; Eu acho que é muita responsabilidade,
conciliação entre as recomendações médicas e agora eu tenho que cuidar de dois filhos, eu tenho
o cotidiano é difícil e, muitas vezes, acaba ge- que dar conta de duas vidas; Se eu tivesse um ho-
rando sentimentos de culpa e impotência: Se eu rário certo de alimentação, uma dieta balancea-
fizer uma dieta legal, procurar fazer as coisas di- da. Orbach44 se refere a um sintoma singular
reitinho, eu perco peso; Eu tenho que levar mais que, segundo a autora, ocorre em muitos indi-
a sério; Eu sou muito desorganizada, eu não al- víduos com problemas de excesso de peso: a
moço na hora certa, eu como qualquer coisa, eu “fome emocional”. Diferente da necessidade de
não caminho; Eu acho que foi falta de atenção saciar a sensação física ocasionada pela falta do
minha mesmo, se eu tivesse um pouco mais de alimento, a “fome emocional” diz respeito à uti-
cuidado, fosse mais atenciosa com que eu como, lização da comida para apaziguar inquietações
eu acho que eu ia acabar perdendo. Para Bau- emotivas. Para a autora, os sentimentos são mui-
drillard43, é nos regimes alimentares que se des- to parecidos com a comida. Se você dá atenção ao
cortina a pulsão agressiva em relação ao corpo sentimento e se permite vivenciá-lo, ele irá satis-
[...]. Nesta perspectiva, o corpo se transforma fazê-lo44. Orbach44 alerta ainda que muitas ve-
num objeto ameaçador, que deve ser vigiado e zes a própria sensação de fome amedronta de-
reduzido permanentemente. Segundo Fis- terminados indivíduos, principalmente quando
chler4, para a sociedade de consumo os gordos tiveram experiências indesejáveis no passado
são percebidos como os únicos responsáveis como, por exemplo, quando não dispunham de
por sua condição. São gordos “porque comem comida suficiente na infância. Por essa razão,
muito e são incapazes de se controlar”. De mo- muitas pessoas comem antes que possam sentir
do implícito, são julgados socialmente como fome. Numa das falas das entrevistadas esse
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comportamento de compensação emocional diano de vida das mulheres da Rocinha se ex-
em situações de privação aparece: [...] quando pressa num perfil de corpo obeso. A obesidade
eu enfartei, eu saí do hospital bem magrinha, de- revela também mediações simbólicas impor-
via ter continuado daquele jeito, mas os dias que tantes. Nesta dimensão, o corpo obeso é o ele-
eu passei lá eu acho que a dieta de lá me fez mal. mento de conforto que ameniza as adversida-
Claro que não fez, né? Eu falo assim me fez mal des vividas no cotidiano em meio à pobreza.
pelo olho grande de quando eu saí. Porque lá eu Assim, angústias e tensões são aplacadas e deli-
não comia isso, e na minha casa tinha, então eu mitam um perfil de excesso de peso. A obesida-
comia; lá não tinha aquilo, na minha casa tinha, de apresenta, portanto, múltiplos determinan-
eu comia, entendeu? Aí eu fui engordando, quan- tes. O corpo obeso é, dessa forma, cúmplice da
do eu fui perceber, eu já estava gorda. história de vida das mulheres da Rocinha. É
através dele que o grupo preserva sua identida-
de e encontra refúgio para os inúmeros dilemas
Considerações finais impostos pela vida, em meio à pobreza e à es-
cassez. Esses resultados chamam a atenção para
A seleção de um grupo de mulheres obesas – a apreensão da obesidade enquanto uma face
usuárias de um serviço básico de saúde, locali- da pobreza urbana no Brasil. Neste sentido,
zado na região metropolitana do município do torna-se importante sinalizar a necessidade da
Rio de Janeiro, o CMS da Gávea, e moradoras criação de novas agendas de pesquisa e ensino
da favela da Rocinha –, submetidas à condição capazes de sistematizar, à luz de evidências em-
de vulnerabilidade social, foi extremamente píricas e aprofundamento conceitual, novas
útil para reconhecer a complexidade e os dife- abordagens sobre as relações entre obesidade,
renciais do perfil de obesidade no país. A plu- pobreza e saúde. A realização de investigações
ralidade de circunstâncias vividas pelas mulhe- que viabilizem a aproximação com a experiên-
res da Rocinha revelou a combinação de ele- cia da obesidade de maneira plural e interdisci-
mentos materiais, culturais e simbólicos ope- plinar pode favorecer um olhar compreensivo
rando na freqüência da obesidade no grupo. sobre o problema e, também, alternativas de
Nesta perspectiva, podemos dizer que o coti- enfrentamento.

Colaboradores Referências
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