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REDE FUTURA DE ENSINO

RAFAEL OLIVEIRA DA SILVA

AS RELAÇÕES ENTRE A GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIREITOS


HUMANOS

OURINHOS
2018
RAFAEL OLIVEIRA DA SILVA

REDE FUTURA DE ENSINO

AS RELAÇÕES ENTRE A GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIREITOS


HUMANOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado como


requisito parcial à obtenção do título especialista
em GESTÃO ESCOLAR.
Orientador: Ana Paula Rodrigues.

OURINHOS
2018
AS RELAÇÕES ENTRE A GESTÃO DEMOCRÁTICA E DIREITOS HUMANOS

RESUMO:
Este presente trabalho pretende reunir aspectos gerais de como funciona uma gestão escolar
democrática que esteja aliada aos Direitos Humanos. Tal relação pretende demonstrar quais
avanços a sociedade pode alcançar a partir de atitudes democráticas dentro do ambiente
escolar, além da importância do envolvimento de todos nas decisões que a escola possa
enfrentar. A partir das reflexões deste trabalho, pode-se entender que a escola é o local de
modificação do indivíduo através de suas potencialidades desenvolvidas a partir de uma
gestão democrática, pensando no aluno como centro de todo processo educacional,
valorizando e respeitando as diferenças existentes entre todos, demonstrando o que pode ser
construído a partir da cidadania e da manifestação da consciência crítica.

PALAVRAS-CHAVE: Democracia; Direitos Humanos; Gestão Escolar; Gestão


Democrática.

ABSTRACT:
This paper aims to gather general aspects of how a democratic school management that is
allied to Human Rights works. This relationship aims to demonstrate what advances society
can achieve from democratic attitudes within the school environment, as well as the
importance of involving everyone in the decisions that the school can face. From the
reflections of this work, one can understand that the school is the place of modification of the
individual through its potentialities developed from a democratic management, thinking of the
student as the center of every educational process, valuing and respecting the differences
between all, demonstrating what can be constructed from citizenship and the manifestation of
critical consciousness.

KEYWORDS: Democracy; Human rights; School management; Democratic management.


1 – INTRODUÇÃO

A ideia de gestão democrática e as discussões que surgem em volta deste tema vem
acontecendo com frequência no meio acadêmico e, consequentemente no ambiente escolar,
por conta da complexidade presente neste conceito. Vários são os trabalhos acerca deste tema
e de todos os seus desdobramentos, desde os mecanismos da gestão democrática, passando
pela democratização da gestão e, por conseguinte, as eleições para diretor e conselhos
escolares. Este trabalho visa oferecer mais uma ponte de estudos que possa gerar debates e
reflexões acerca dos aspectos teóricos e conceituais da gestão democrática, passando pelo
crivo dos Direitos Humanos para a construção de uma escola mais democrática,
possibilitando, também, um projeto de sociedade. Ao se usar o conceito de democracia ligado
aos Direitos Humanos, permite a escola revisitar suas ações e práticas cotidianas redefinindo
seus projetos na ideia da emancipação humana e de inclusão democrática.
A democracia dentro do ambiente escolar deve contribuir a movimentar a pensar e
encaminhar todos os possíveis processos de democratização, pois a partir do momento em que
o coletivo assumir a concepção democrática, as práticas de gestão irão fortalecer os processos
político-ideológicos sobre o modelo de sociedade que defende, além da formação humana que
se pretende a partir da educação. Já a questão dos Direitos Humanos é imprescindível numa
comunidade democrática, pois pensar os valores humanos é alertar para o fato de que a
constituição da proposta educativo-pedagógica possibilita a investida na transformação social
a partir das necessidades da própria sociedade, em atender os direitos básicos do ser humano.
Convém considerar que democracia e Direitos Humanos se articular através da
interdependência que existe entre ambos, pois a democracia representa a condição de
reconhecimento, proteção e ampliação dos Direitos Humanos e este exige o alargamento da
democracia em sua plena função social.
“A democracia é algo de incerto e improvável e nunca deve ser tida como garantida. É
sempre uma conquista frágil, que precisa ser defendida e aprofundada” (MOUFFE, 2003, p.
21), a qual através de uma gestão participativa possibilite a todos os envolvidos terem voz,
garantias e equidade garantidas através de uma legislação e consciência coletivas.

2 – MATERIAL E MÉTODOS

Pela diversidade sobre o conceito de democracia, neste artigo será usado o pensamento
de Ernest Laclau e Chantal Mouffe, pois possibilitam pensar a gestão que contribui para a
construção de uma sociedade mais dinâmica que respeite a igualdade frente a diversidade,
além de objetivar a construção de uma escola com maior inclusão e emancipação do coletivo
que dela participa. Tal prerrogativa é importante pois foge dos postulados ligados à lógica
liberal-burguesa que prevalece nas sociedades capitalistas, que postulam conceitos fechados
de democracia.
Laclau e Mouffe investigam a noção de democracia radical, a qual se pauta na
aceitação da pluralidade a partir da ideia de indeterminação do social, trazendo à tona um
novo imaginário político criando uma base radical e libertária. A nova ideia de democracia
vem superar o projeto iluminista, de uma perspectiva essencialista que, historicamente, tem
inspirado várias concepções de mundo, principalmente no que tange ao fazer político,
trazendo uma crítica contundente ao racionalismo e subjetivismo, concepções estas que
embasam as várias análises da realidade que possui múltiplas dimensões, do qual se pode
fazer ligações com o pensamento pós-moderno.
Segundo Laclau e Mouffe:
“foi somente a partir do momento em que o discurso democrático se dispôs a
articular as diferentes formas de resistência à subordinação, que surgiram as
condições que permitiram a luta contra diferentes tipos de desigualdade” (2015, p.
49).
É a partir da consciência aos diversos tipos de subordinação que surgem as primeiras
tentativas de resistência à desigualdade, o que seria essencial para a construção de uma
sociedade mais justa e democrática, a partir da movimentação da própria classe explorada. É
foi a partir do “princípio democrático da liberdade e da igualdade teve, primeiro, que se impor
como nova matriz do imaginário social; ou, em nossa terminologia, constituir um ponto nodal
fundamental na construção do político”, fato que ocorreu há cerca de duzentos anos, no
Ocidente, em que “a lógica da equivalência foi transformada no momento fundamental da
produção do social” (idem).
É no reconhecimento do sujeito pleno em sua categoria mais dinâmica, que a ideia de
democracia deve fincar suas bases, pois no que tange a pluralidade de cada indivíduo dentro
da sociedade, pode-se pensar numa democracia mais atuante.
“a renúncia à categoria do sujeito, como entidade unitária, transparente e
suturada, abre caminho para o reconhecimento da especificidade dos
antagonismos constituídos na base de diferentes posições de sujeito e, logo,
para a possibilidade de aprofundamento de uma concepção pluralista e
democrática”. (LACLAU, MOUFFE, 2015, p. 49 ).
Laclau e Mouffe encontram o fio condutor para as bases de uma democracia radical e
plural, na compreensão do sujeito que está envolvido em múltiplas posições, do qual rejeita a
ideia de o sujeito está preso em um princípio fundante “positivo e unitário”. Negar tal
proposição permite que a sociedade admita o pluralismo, de forma radical pois é no
reconhecimento de diferentes identidades que o sujeito encontra em si a validade, sem que o
sujeito precise buscar num “fundamento positivo, transcendente ou subjacente (...) este
pluralismo radical é democrático na medida em que a auto-construtividade de cada um de
seus termos é o resultado dos deslocamentos do imaginário igualitário”. (p. 58)
É a partir dessa radicalização da democracia, que o pluralismo se torna a ferramenta
essencial para as mudanças sociais, possibilitando reduzir práticas individualistas,
racionalistas ao romper com o universalismo, o que possibilita a abertura de espaços para a
articulação das várias expressões de lutas e reconhecimento das minorias de forma
democrática.
Reconhecer estes processos é afirmar que a democracia radical e plural são
fundamentais no processo de luta pela conquista da autonomia do indivíduo para a ampliação
dos espaços políticos, na busca por um base de equivalência igualitária. Isto permite que o
indivíduo reconheça sua pluralidade e visão como sujeito descentrado, o que é imprescindível
para que ocorra uma transformação radical da sociedade.
Mas um fato importante a se reconhecer é que efetivar este princípio democrático nas
escolas é desafiador, visto que, a consciência democrática ainda é problema a ser resolvido.
Para além da democracia em si, o que importa neste trabalho, é a aliança que se faz entre
gestão e democracia, pois deve-se observar a participação efetiva de toda comunidade, não só
escolar, para que a sociedade possa sinalizar as questões de maior relevância e fragilidade.
Tais questões demostram a dificuldade da escola por em prática as relações que podem se
estabelecer entre a comunidade escolar e órgãos representativos de toda sociedade para que
possa ser implantado uma gestão democrática.
Segundo Dourado, pode-se tomar como sentido da gestão democrática:
“(...) Gerir democraticamente uma escola pública, uma organização social dotada de
responsabilidades e particularidades, é construí-la coletivamente. Isto significa
contrapor-se à centralização do poder na instituição escolar, bem como primar pela
participação dos estudantes, funcionários, professores, pais e comunidade local na
gestão do estabelecimento, na melhoria da qualidade do ensino e na luta pela
superação da forma como a sociedade está organizada.” (DOURADO, 2006, p. 30).
A escola pública é considerada um dos espaços mais democráticos da sociedade, pois
contém em si conceitos como liberdade, expressão, fomento ao estudo, diversidade,
cidadania, compromisso ético-político, etc. Tal espaço, pode-se considerar como um lugar que
se inicia a mudança a partir da consciência de luta, no qual a “utopia é guardada pelos
oprimidos e marginalizados. São eles que sonham e são os portadores da consciência
subversiva e perigosa” (BOFF, 1991, p. 58).
Boff faz um estudo a partir dos latinos americanos, criando uma nova abordagem que
se volta para a leitura ético-ecológica, importante para a construção de uma sociedade que se
baseia nos Direitos Humanos, além de pensar em um mundo sustentável econômica, política e
socialmente. Pensando sobre tal assertiva, pode-se perceber que a utopia que surge a partir
dos oprimidos tem significado especial, pois sinaliza mudanças que vão de encontro à ordem
dominante.
A gestão escolar é, também, questão política, pois não se limita a apenas uma ação
técnico-burocrática. Não se exclui a técnica, a burocracia da gestão, mas deve-se pensar que
estas não devam sobrepujar as dimensões ético-política da Gestão Escolar.
Para que a gestão escolar se efetive de fato, é necessário que esteja vinculada aos
projetos, políticas públicas e tendências metodológicas e epistemológicas, que se pode
observar a partir das condições históricas de cada sociedade, da qual Paro identifica que:
A administração escolar está, assim, organicamente ligada à totalidade social, onde
ela se realiza e exerce sua ação e onde, ao mesmo tempo, encontra as fontes de seus
condicionantes. Para um tratamento objetivo da atividade administrativa escolar é
preciso, portanto, que a análise dos elementos mais especificamente relacionados à
administração e à escola seja feita em íntima relação com o exame da maneira como
está a sociedade organizada e das forças econômicas, políticas e sociais aí presentes
(PARO, 2008, p.13).
Todas as atividades dentro do ambiente escolar, sejam administrativas ou pedagógicas,
precisam ser examinadas minuciosamente do ponto de vista ético-político, para que se possa
verificar a formulação, operacionalização e avaliação dos projetos inseridos na gestão escolar,
além dos programas e políticas educacionais.
Segundo Paro, existe uma conexão entre o exame da totalidade de eventos históricos
com a própria administração escolar: existe uma ligação entre a administração escolar e a
totalidade social no qual se encontram os condicionantes diversos, além da interdependência
entre as diferentes maneiras como a sociedade está organizada a partir da práxis de gestão
escolar.
A partir de tal pensamento, pode-se perceber que uma gestão da educação não deve
pretender ser neutra, se distanciando do dinamismo social, político, econômico, cultural, etc.
Quando sua função é exercida no interior de uma escola, o gestor educador deve estar sensível
as transformações que surgem no mundo. Por isso Paro indica que há uma reflexão intrínseca
da condição do ser humano: ser sujeito e produto da própria história. Como um sujeito age
sobre a natureza, na construção de relações sociais formatando um novo tipo de mundo,
enquanto produto, sentir o impacto de tudo que foi produzido e o que produziu como agente
social.
Diante deste quadro explicitado até o momento, não se pode deixar de falar sobre
participação, que está no cerne da democracia, além de ser uma necessidade do tempo
presente, evidenciando que:
A participação está na ordem do dia devido ao descontentamento geral com a
marginalização do povo dos assuntos que interessam a todos e que são decididos por
poucos. O entusiasmo pela participação vem das contribuições positivas que ela
oferece (BORDENAVE, 1994, p.12)
A ideia de participação se efetiva não como modismo e nem como uma condição de
privilégio. Está ligada intimamente com uma lógica social marcada pela insatisfação com o
Estado.
A participação, por assim dizer, é parte fundamental da democracia, pois sua
efetivação depende da coletividade em conjunto para que o sistema democrático funcione de
fato. Quando se fala em participação, algo que se pode trazer à tona, são os Direitos
Humanos, estabelecidos em convenção pela ONU (Organização das Nações Unidas) que trata
sobre a igualdade de todas as pessoas do globo perante a lei. Pensar em uma gestão
democrática é estabelecer vínculos com os Direitos Humanos, pois este assunto requer uma
estreiteza entre os dois conceitos.
Como pertencente a todos, os Direitos Humanos são fundamentais para garantir a
participação plena de todas as pessoas na vida. Por serem universais, indivisíveis e
interdependentes, assume a condição de inalienável, por pertence ao ser humano, intrínseco à
sua natureza, pois trata-se de tudo que existe na pessoa humana pelo simples fato dela ser
humana (RICOUR, 1985).
Discutir igualdade como princípio básico dos Direitos Humanos ligado à democracia
deve-se compreender tal fator para além da homogeneização, relacionado à diferença,
pressupondo que o direito à igualdade é o direito à diferença.
“o direito à diferença é corolário da igualdade na dignidade. O direito à diferença
nos protege quando as características de nossa identidade são ignoradas ou
contestadas; o direito à igualdade nos protege quando essas características são
destacadas para justificar práticas e atitudes de exclusão, discriminação e
perseguição” (BENEVIDES, 2007, p. 340).
Segundo Boaventura, “temos direito a reivindicar a igualdade sempre que a diferença
nos inferioriza e temos direito de reivindicar a diferença sempre que a igualdade nos
descaracteriza” (BOAVENTURA, 2007, p. 34). A igualdade se opõe à desigualdade e não à
diferença, como é do senso comum. A desigualdade estabelece hierarquização na
coletividade, já a diferença estabelece a relação de horizontalidade entre as partes.
É necessário por em prática as diretrizes dos Direitos Humanos, pois:
“embora seja necessário e indispensável, não basta reconhecer e afirmar os direitos
no plano político e jurídico. É preciso realizar, acima de tudo, um trabalho de
formação que atinja corações e mentes. Um trabalho de educação no sentido mais
amplo, que parta da consciência dos valores para o convencimento de que sua
transformação em práticas é o único caminho para a construção de uma sociedade
justa para todos”. (GENEOVOIS, 2007, p. 10).
Paulo Freire, como lembra Genovois, sempre reconheceu que a sociedade em si deve
trabalhar os Direitos Humanos, valorizando a dignidade da pessoa humana, ao considerar que
“cada ser é único e tem direitos intrínsecos à sua própria natureza de direitos que são iguais a
todos, universais, indivisíveis, reclamáveis e alienáveis” (2007, p. 10-11).

3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a construção do Projeto Político Pedagógico, é necessário que a comunidade


escolar e o gestor se envolvam num processo amplo. Segundo Luck, o gestor deve ter algumas
ações especiais para desenvolver uma escola mais democrática e participativa na criação de
uma “visão de conjunto associada a uma ação de cooperação; promover um clima de
confiança; estabelecer demandas de trabalho centradas nas ideias e não em pessoas; e,
desenvolver a prática de assumir responsabilidades em conjunto” (LUCK, 1996, p. 20). A
ideia básica que deve acompanhar o gestor são os mecanismos de bem estar coletivo, que
permite garantir a aprendizagem dos estudantes de forma eficiente.
O gestor deve estar conectado com a contemporaneidade entendendo sua influência no
trabalho que se desenvolve na escola, para prescrever situações, projetos e ações educativas
que viabilizem a construção de conhecimento de forma significativa nos estudantes, além da
sociedade em geral. Com isso, a relação entre o projeto político pedagógico e os Direitos
Humanos são:
“Na verdade, tal projeto político-pedagógico deve se configurar como uma
expressão de direitos humanos. E ainda que estes se constituam em seus
norteamentos por um conjunto de princípios e diretrizes, e não expressem
necessariamente uma perspectiva programática, vêm direcionando análise do campo
ético-político nacional e internacional, pelo menos em termos de projeto
sociopolítico.” (VEIGA & ARAUJO, 2007, p.11)
A necessidade de se elaborar um plano pedagógico aliado aos Direitos Humanos, a
partir dos princípios, metas e diretrizes da escola é importante na perpetuação da defesa,
prevenção e promoção dos direitos básicos da criança e do adolescente, que necessita de
proteção e garantias integral e especial (BRASIL, 2007, p. 29).
O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) que foi desenvolvido
em 2007 tem como um dos princípios básicos a ideia de que os Direitos Humanos devem “ser
um dos eixos fundamentais da educação básica e permear o currículo, a formação inicial e
continuada dos profissionais da educação, o projeto políticopedagógico da escola, os materiais
didático-pedagógicos...” (p.32). Por isso, a ideia básica na formação profissional de todo
corpo que compõe a estrutura escolar deve ser pautada nos princípios da educação em
Direitos Humanos, que devem estar expressos no Plano Pedagógico, para a formação de
pessoas conscientes dos direitos sociais, políticos, civis, etc.
É preciso também atentar para o fato de que o mesmo plano deve alcançar os
princípios de que a ação possa favorecer “a inclusão da educação em direitos humanos nos
projetos político-pedagógicos das escolas, adotando práticas pedagógicas democráticas
presentes no cotidiano” (idem, p.33). Com isto, a partir da criação do plano pedagógico, a
facilidade em entender a efetivação da educação nos moldes da legislação vigente torna-se
acessível à toda equipe quanto aos estudantes e, extrapolando, à toda sociedade.
A partir do mesmo plano, pode-se perceber a impossibilidade de se pensar a prática
pedagógica desvinculada de todas as questões sociais que se fazem presente, além de uma
cultura de respeito aos Direitos Humanos, o qual cabe aos órgãos públicos e de toda a
sociedade executar ações na formação continuada dos professores e equipe gestora,
permitindo efetivar esse entendimento, erradicando do ambiente escolar ““[...] todas as formas
de preconceito e violações de direitos no ambiente escolar;” (BRASIL, 2010, p. 33). O
objetivo de tal movimento a partir da gestão escola é efetivar uma cultura escolar inclusiva e
que possa frear as violações dos princípios de alteridade.
A gestão quando alicerçada nos Direitos Humanos possibilita uma ampliação dos
processos e caminhos pelos quais a coletividade escolar possa passar ao tratar adequadamente
seus membros. Vale ressaltar que a partir do trabalho coletivo entre instituições, órgãos e
comunidade, há a possibilidade do desenvolvimento de um trabalho institucional que
beneficie toda a coletividade. Tal articulação seria uma das ferramentas que elaborariam
formas de maior aprendizagem, relacionando os Direitos Humanos à prática de toda a escola.
Construir um projeto político e pedagógico no qual toda a comunidade escolar
participe, viabiliza a análise de uma rede educacional que vislumbre posicionamentos que se
adequem às diferentes realidades das crianças e adolescentes.
O projeto político pedagógico deve ser acompanhado por toda a comunidade, não
somente a escolar, mas a sociedade que dela faz parte, por ser um documento que define as
propostas educacionais o qual precisa da participação efetiva que irá colaborar em toda a
elaboração adequada de tal documento, que possibilite e incentive a cidadania plena em toda a
coletividade envolvida.
Neste processo, o gestor é quem irá assimilar todo o conceito de gestão democrática,
exercendo sua função coerentemente, de forma a proporcionar a escola formas variadas de
construções didático-pedagógicas, valorizando as ações dos profissionais da educação além da
comunidade local. É importante salientar que os conceitos vinculados ao Regimento Escolar
devem ser repensados constantemente, para que seja proporcionado um ambiente pautado nos
Direitos Humanos, fortalecendo a prevenção e intervenção que possibilite proteger crianças e
adolescentes.

4 – CONCLUSÃO

O Regimento Escolar deve ser um instrumento na luta pela cidadania e sua promoção,
além de prevenir a violação aos Direitos Humanos a toda sociedade. Para que isto ocorra é
necessário o envolvimento ativo de toda comunidade escolar elaborando ou revisando tal
documento, para que todos os princípios que regem a vida escola estejam atrelados à
educação em Direitos Humanos.
Toda documentação escolar precisa ser repensada, possibilitando a inclusão da
temática dos Direitos Humanos, pontuando de forma adequada todas as estratégias que
previnam a violão dos Direitos Humanos, além da reflexão de possíveis intervenções quando
houver violações dos direitos básicos de toda coletividade. Tal processo só se dará
efetivamente se toda coletividade participar ativamente na elaboração de todos os documentos
que envolvem a gestão escolar, pois só assim, de forma democrática, a vida escolar terá
validade em relação ao que a sociedade almeja. O Conselho Escolar com sua função
deliberativa e consultiva, também é um grande auxiliador quando atua de forma plena na luta
pelos Direitos Humanos em todo ambiente escolar. Fortalecer todos os mecanismos de
atuação democrática contribui de forma plena no desenvolvimento de uma escola autônoma e
democrática, que defenda os Direitos Humanos básicos.
Vários são os documentos que incluem o tema cidadania e democracia nos currículos
escolares, mas há de se atentar para o fato de que os desafios são muitos, e que reescrever a
história da educação brasileira deve passar pelos Direitos Humanos, para despertar a
consciência plena e, principalmente, a transformação social. A escola é um dos principais
lugares que tem importância fundamental na reescrita dos códigos de conduta, edificando uma
sociedade mais justa, discutindo e instrumentalizando formas de solidariedade e fraternidade
diante dos desafios contemporâneos.
Tal trajetória não pode ser vista de forma individualizada, pois a ação democrática
prevê a participação da coletividade, e não fique confinada em gabinetes e documentos, mas
deve ser concretizada no ambiente escolar, transpondo para o cotidiano todos os conceitos que
fazem parte dos Direitos Humanos. Pode ocorrer de que os envolvidos com a educação se
percebam sozinhos em todo este processo e diante deste desafio, pois a sociedade se encontra
distante da escola e dos problemas que a instituição enfrenta com relação à violência,
transgressões da própria ideia de humanidade, preconceitos, enfim, o que acaba por parecer
que as politicas públicas sejam insuficientes para a promoção dos projetos pautados na
democracia e nos Direitos Humanos. São muitos os contrastes e diferenças que fazer parte do
cotidiano escolar, o que pode enfraquecer as lutas dos educadores na promoção de uma
educação mais democrática, além da própria gestão ser pensada de forma mais coletiva, para a
construção de uma sociedade mais justa e humana. É importante salientar que a escola é,
muitas vezes, o único lugar de oportunidade no qual os alunos possam construir atitudes,
comportamentos, saberes e críticas que promovam de forma consciente a democracia plena,
transportando tais conceitos para a vida fora da escola.
Quando se trata da educação, as ações tem um peso muito maior que o próprio
discurso, pois através da crítica à própria instituição, suas práticas e princípios que a
construção de uma vivência mais humana possa garantir a sobrevivência dos ideais e valores
expressos nos Direitos Humanos. Tem que haver a discussão constante dos compromissos da
escola para com a sociedade, alicerçando todas as suas ideias, transportando para a realidade
de cada indivíduo formas de emancipação do pensamento e do próprio ser humano como ser
autônomo em constante transformação.
O espaço escolar é o formador de indivíduos aptos para o exercício d uma cidadania
plena que se realiza a partir de uma educação cidadã, possibilitando a compreensão da
justiça, que se baseia em princípios como igualdade, respeito as normas estabelecidas,
participação, reconhecimento do outro, etc. Para que se possa avançar nesse sentido, a relação
que se dá entre toda a coletividade dentro e fora da instituição escolar, deve ser
horizontalizada no que se refere ao envolvimento democrático de todos nos problemas
escolares e na construção de espaços no qual todos possam ser inseridos como partes
fundamentais, consolidando práticas democráticas.
Dentre as conclusões que este trabalho visou se preocupar está a realização de uma
prática democrática dentro da escola a partir da gestão, além da cidadania e justiça que se
pode observar na escola, destacando que a organização coletiva de toda a comunidade escolar
mobiliza diferentes princípios democráticos. Neste contexto, pode-se perceber que as ações
que envolvem toda a comunidade escolar acabam por exigir uma postura de articulação que
possa promover a participação de todos os envolvidos nos processos decisórios, na
socialização do conhecimento e a participação no enfrentamento dos desafios que a
contemporaneidade impõe.
A gestão democrática deve ser constante, num envolvimento de toda comunidade
escolar, superando as dificuldades do cotidiano, buscando qualidade nas relações de ensino e
aprendizagem. Neste processo de implementação democrático pautado nos Direitos Humanos,
é necessário que o Projeto Político Pedagógico esteja em constante análise diagnóstica ao
considerar aspectos sociais, culturais, históricos e econômicos presentes nas diversas
realidades da sociedade. Para isto é necessário que os objetivos educacionais e especificidades
da escola sejam conhecidos por todos. A partir do conhecimento da realidade, a participação
democrática nas decisões, acaba por reconhecer as dificuldades com vistas as metas para o
avanço educacional.
Ao não se considerar tais questões, cria-se um empecilho para a prática de uma gestão
escolar democrática. A escola é a formadora principal do indivíduo cidadão, organizando as
relações em seu interior nos princípios democráticos e nos Direitos Humanos, realizando uma
ação pedagógica que seja coerente com os princípios estabelecidos e propostos pela legislação
vigente, estando expressos no Plano Político Pedagógico, nos ideais da comunidade e na ação
prática de toda coletividade.
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