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São produtos e serviços exclusivos, que vão desde consultas de Cada etaPa do Seu negóCio
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Gestão da Fraude Transacional e a A gestão eficiente da fraude pode evitar vendas pro-
Contribuição dos Dados de Bureau blemáticas e contribuir para a satisfação do cliente. As
técnicas comuns de gestão da fraude utilizam dados
Thaine Clemente de Souza históricos das transações para predizer se o compor-
Guilherme Barreto Fernandes tamento da compra é típico de um fraudador ou não.
Este trabalho apresenta o ganho obtido quando se in-
serem nas análises as informações de um bureau.
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Tendências do Cadastro Positivo no Brasil: Projeções O estudo atendeu a seu objetivo de mensurar a expe-
das Principais Variáveis Impactadas e Cenários riência dos principais países que adotaram o Cadastro
Positivo e, por analogia, conforme Armstrong (2001),
Carlos Augusto Passos foram projetadas as tendências das variáveis spread
Renata Giovinazzo Spers bancário, crédito oferecido pelo setor bancário, crédi-
James T. C. Wright to ao setor privado, inadimplência, taxa real de juros,
crescimento do PIB e taxa de juros de empréstimos
para o Brasil.
37
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Palavra do Editor
A importância de informações de a inadimplência, menor e taxas de juros, re-
bureau tanto de pessoas físicas, como ju- duzidas. Os autores argumentam que o ca-
rídicas foi demonstrada nos artigos sobre dastro positivo, que reúne informações so-
“Tendências do Cadastro Positivo no Brasil” bre hábitos de pagamento dos consumido-
de Carlos Augusto Passos, Renata Giovina- res, tornou-se hoje uma ferramenta impor-
zzo Spers e James T.C. Wright e sobre “Ges- tante e ágil para a tomada de decisões de
tão de Fraude Transacional e a Contribuição oferta de crédito. A aprovação da lei do Ca-
dos Dados de Bureau” de Thaine Clemente dastro Positivo no Brasil levantou questões
de Souza e Guilherme Barreto Fernandes. importantes especialmente referentes aos
No artigo sobre fraude transacional foi en- principais impactos dessa ferramenta nos
fatizado que hoje ela constitui um dos prin- indicadores financeiros nacionais e aos ce-
cipais motivos para os fechamentos das lo- nários estruturais que poderiam ser cons-
jas virtuais, e, portanto, a sua gestão é uma truídos. O trabalho propõe lançar um olhar
ferramenta da máxima importância. Os au- prospectivo para o Brasil até 2018, a partir
tores, Thaine de Souza e Guilherme Fernan- da experiência do Cadastro Positivo utiliza-
des esclarecem que nas compras não pre- do em países considerados culturalmente
senciais o banco não se responsabiliza pe- similares ao Brasil, e estabelece um compa-
las perdas e o prejuízo gerado é todo do lo- rativo com uma amostra de países distantes
jista. Citam como compras não presenciais culturalmente do Brasil. Utilizou-se como
aquelas em que não há a verificação de se- abordagem de projeção de cenários, a ana-
nha, assinatura, ou de algum método de se- logia e como principais variáveis compara-
gurança tradicional do banco e os princi- tivas, os indicadores financeiros do Banco
pais tipos são aquelas efetuadas via internet Mundial e do Fórum Econômico Mundial. O
e televendas. Os autores apresentam no es- estudo atingiu seu objetivo de mensurar a
tudo o ganho ao inserir informações de um experiência dos principais países que ado-
bureau na análise afirmando que elas agre- taram o Cadastro Positivo e, por analogia
gam valor significativo e consistente aos re- conforme Armstrong (2001) foram projeta-
sultados. Ilustram a tese com dois cases: o das as tendências das variáveis spread ban-
primeiro de uma empresa de telecom e o cário, crédito oferecido pelo setor bancário,
segundo de uma empresa varejista, que ti- crédito oferecido ao setor privado, inadim-
veram incremento em torno de 8 p.p. e 4 p.p. plência, taxa real de juros, crescimento do
na taxa de detecção de fraude nas faixas de PIB e taxa de juros de empréstimos para o
escore de maior risco, após o uso da infor- Brasil, nos próximos anos.
mação de bureau. O artigo dos professores Alceu
No artigo sobre Tendências do Ca- Souza, Liliane Gomes, Luiz Carlos Duclós e
dastro Positivo, os autores Carlos Augusto Wesley Vieira da Silva , aborda o emprego
Passos, Renata Giovinazzo Spers e James da combinação de variáveis macroeconô-
T.C. Wright referem-se às pesquisas que micas e informações contábil-financeiras
comprovam que os países, onde há simetria para analisar a insolvência de empresas de
da informação, a oferta de crédito é maior, capital aberto. Eles apresentam uma análi-
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Gestão da Fraude
Transacional e a
Contribuição dos
Dados de Bureau
Introdução
Nas últimas décadas, a evolução das tecnologias de in-
formação e de transmissão de dados e a criação da internet
marcaram uma nova fase do processo de globalização da eco-
nomia. Nesse novo cenário surge, como grande inovação no
mundo econômico, o comércio eletrônico, possibilitando a rea-
lização de operações comerciais sem a definição exata do local
de origem e destino.
Fonte: www.e-commerce.org.br
Projeção: Serasa Experian
Fonte: http://www.e-commercebrasil.org/numeros/top10-maiores-lojas-online/
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cia dados como e-mail, telefone e IP (Proto- Os pontos citados ilustram análises
colo da Internet – identificação do computa- realizadas a partir dos dados da transação.
dor em uma rede). As validações cadastrais, como por exem-
Exemplos significativos de caracte- plo, a verificação se a data de nascimen-
rísticas das transações que podem ser ob- to declarada pelo comprador no momen-
servadas ao gerir a fraude são: perfil de e- to da compra é igual à data de nascimento
-mail (e-mail tem nome do comprador, e- do CPF cadastrada no bureau, ou se o ende-
-mail tem palavras estranhas, como por reço do CPF no bureau é o mesmo ende-
exemplo: fraudador@provedor.com), prove- reço da transação, aumentam a eficiência
dor do e-mail, data e hora da compra, ca- dessa gestão expressivamente. Portanto,
tegoria do produto comprado e geolocali- o matching de informações cadastrais com
zação do IP. Provedores de e-mail gratuitos um bureau adiciona consistência à preven-
tendem ser mais arriscados que os pagos, e ção da fraude. O Gráfico 4, ilustra o exem-
ainda, compras durante a madrugada e de plo da variável desenvolvida através do ma-
produtos de fácil revenda são característi- tch de endereço com o bureau, que verifica
cas comuns às operações fraudulentas. Por se o CPF atrelado ao endereço no bureau é o
fim, se a região de entrega do produto/ser- mesmo CPF da transação. O resultado mos-
viço for a mesma do IP, a chance de fraude tra que quando os CPFs são iguais o risco
diminui. O Gráfico 3 mostra a diferença da de fraude diminui.
odds das transações quando pelo menos Além da validação dos dados (ma-
um item comprado é eletrônico. Note que tch), outras informações do bureau podem
as transações que contêm itens eletrônicos ser utilizadas. Saber se algum dado (ende-
são mais arriscadas que as demais. reço, telefone, CPF, etc.) já foi comprometi-
do com fraude no mundo físico ou se o CPF liar os lojistas nas vendas e na prevenção
foi furtado em uma data próxima à data da das fraudes.
transação são exemplos de informações en- Em termos de técnicas de ajus-
riquecedoras para a análise. O case apre- te dos modelos, foram utilizadas as técni-
sentado adiante evidencia que aproxima- cas de regressão logística (Hosmer e Le-
damente uma a cada três transações rea- meshow , 2000) ou redes neurais (Bernar-
lizadas com CPF inexistente é fraudulenta. da, 2007). Contudo, mais importante que a
Além disso, outra informação relevante é técnica aplicada, são as informações que
verificar se o telefone informado na compra buscam capturar o perfil do fraudador.
é um telefone público, quando isso aconte- Os cases apresentados a seguir
ce o risco de fraude aumenta, como visuali- utilizam variáveis da transação e variá-
zado no Gráfico 5 abaixo. veis do bureau da Serasa Experian. Den-
tre as informações da transação estão
categoria do item comprado, valor da
compra, BIN do cartão utilizado, dentre
■ Gráfico 5 Odds ((Fraude na Categoria/ outras. Alguns exemplos de variáveis de
Fraude Total)/(Bons na Categoria/Bons match com o bureau são: o endereço do
Totais)) Variável Telefone Público CPF no bureau é o mesmo endereço de
entrega da transação, o nome atrelado
ao CPF no bureau é o mesmo nome da
transação, a data de nascimento é a mes-
ma. As informações puras do bureau da
Serasa Experian foram as de que o CPF
já teve documentos roubados e a quanti-
dade de telefones instalados atrelados ao
mesmo CPF, dentre outras.
Guilherme Fernandes
Bacharel em estatística pela Universidade Federal de São Carlos e mestre em economia pelo Insper-SP. Atual-
mente é responsável pela área de Inovação em Analytics na Serasa Experian, onde está desde 2010. Sua experi-
ência se concentra em modelagem de risco de crédito e fraude. Anteriormente trabalhou na área de modelagem
de risco de crédito PJ por 4 anos num dos maiores bancos brasileiros. Guilherme pode ser contatado por guilher-
me.fernandes@br.experian.com.
Referencial Teórico
BERNARDA, T. Redes Neurais Artificiais - Teoria e Prática, LTC Editora, 2ª Ed., 2007
HOSMER, D.W.; LEMESHOW, S. Applied Logistic Regression, Nova Iorque, Wiley, 2000.
KOU, Y.; LU, C.; Sinvongwattana, S. Survey of Fraud Detection Techniques. p. 749-754, 2004.
UOL Notícias. O Titanic do e-commerce brasileiro encontrou seu iceberg. E agora?. Disponível em http://bjc.
uol.com.br/2012/03/11/o-titanic-do-e-commerce-brasileiro-encontrou-seu-iceberg-e-agora-b2w/ e acessado em
09/01/2013.
WARD, Theresa. Strategies for Reducing the Risk of eCommerce Fraud. A First Data White Paper. p. 1-11,
2010.
Tendências do
Cadastro Positivo no
Brasil: Projeções das
Principais Variáveis
Impactadas e
+
++++++
Cenários +
+
++
Carlos Augusto Passos
+
++
Renata Giovinazzo Spers
James T. C. Wright +
17
Resumo
Pesquisas comprovam que nos países onde a assime-
tria da informação é reduzida há maior oferta de crédito, menor
inadimplência e taxas de juros reduzidas. Dessa forma, o ca-
dastro positivo, que reúne informações sobre hábitos de paga-
mento dos consumidores, tornou-se uma ferramenta relevante
para a tomada de decisões de oferta de crédito em curto pra-
zo. O advento da aprovação da lei do Cadastro Positivo no Bra-
sil levantou questões importantes sobre quais seriam os prin-
cipais impactos dessa ferramenta nos indicadores financeiros
nacionais e os cenários estruturais que poderiam ser constru-
ídos a partir da experiência que o Cadastro Positivo teria no
País. O presente trabalho busca lançar um olhar prospectivo
para o Brasil até 2018, a partir da experiência de Cadastro Po-
sitivo de países culturalmente similares ao Brasil, comparativa-
mente a uma amostra de países distantes culturalmente, utili-
zando como abordagem de projeção de cenários a analogia e,
como principais variáveis comparativas, os indicadores finan-
ceiros do Banco Mundial e do Fórum Econômico Mundial. O es-
tudo identificou que os melhores resultados no futuro estão re-
lacionados às variáveis de inadimplência, de taxa real de juros
e de crescimento do PIB brasileiro. Além disso, haveria melho-
rias significativas nas variáveis infraestrutura e ambiente eco-
nômico, ligeira melhora na saúde e educação/ ensino superior;
e fracos avanços em relação ao potencial do mercado de tra-
balho, tamanho de mercado e, principalmente, inovação, entre
outros aspectos projetados.
sicas e jurídicas no Brasil, em dia com seus Conforme Gitman (2009), o nível da
compromissos financeiros. taxa de juros age como um dispositivo re-
Cabe salientar que no Brasil já vi- gulador que controla o fluxo de fundos no
goravam os cadastros com informações ne- mercado. Dessa forma, o Governo Federal,
gativas, disciplinada por meio da Lei 8.078, representado na autoridade monetária do
de 11/09/1990 do Código de Defesa do Con- Banco Central, avalia as condições da eco-
sumidor, em seu artigo 43. Esses cadas- nomia, para tomar medidas que aumentem
tros, em sua maioria, utilizam apenas infor- ou reduzam as taxas de juros e, assim, con-
mações básicas de seus clientes, tais como trolar a inflação e o crescimento econômi-
dados cadastrais: nome, endereço, dívidas co. De forma geral, quanto menor a taxa
ativas, relacionamentos comerciais, ren- de juros, maior o fluxo de fundos e, portan-
da atual e estimada, profissão, ocupação to, maior o crescimento econômico; quanto
e cônjuge. Todavia, essa forma de análise mais alta a taxa de juros, menores o fluxo de
omite questões importantes como o volume fundos e o crescimento econômico.
de compromissos financeiros adquiridos Jappelli e Pagano (1999) provaram
pelo pretendente ao crédito, o valor e o pra- que a oferta de crédito ao setor privado é
zo de pagamento desses compromissos e maior e a inadimplência é menor onde o
qual foi a pontualidade desse pretenso con- compartilhamento de informações é com-
sumidor em situações anteriores, relaciona- pleto. Além disso, em relação ao PIB, o cré-
do à informação positiva. dito ao setor privado tem maior volume de
Assim, entre os principais objetivos recursos nos países onde o compartilha-
da criação do Cadastro Positivo no Brasil, se- mento das informações é maior, em relação
gundo os próprios líderes do Congresso Na- ao verificado nos países de menor fluxo de
cional (Agência Senado, 2011) estão o de me- informações. Baron e Staten (2000) postu-
lhorar a qualidade e diminuir o custo do cré- lam que nos países onde não há Cadastro
dito oferecido pelo credor. Ainda, adjacentes Positivo, é cobrada uma taxa média de juros
a esse objetivo, do ponto de vista legal, disci- que reflete a experiência coletiva do merca-
plinar o uso do serviço é relevante; do ponto do, o que, de certa forma, é injusto, pois o
de vista econômico, reduzir os spreads ban- consumidor que tem bons hábitos de pa-
cários, as taxas de juros e o nível de inadim- gamento acaba pagando pelo consumidor
plência e do ponto de vista social, mudar a que não tem.
conduta e os hábitos de pagamento dos bra- Os empréstimos bancários são tam-
sileiros, valorizando-se a adimplência. bém influenciados pelo maior volume de in-
Os objetivos acima mencionados formações de crédito, pois afetam principal-
são complementares, pois aprimorar a qua- mente as políticas dos bancos (Levine apud
lidade do crédito significa oferecer ao toma- Jappelli e Pagano, 1999).
dor melhores condições de acesso ao cré- Diante dos aspectos anteriores, a
dito, e consequentemente, o aumento do questão que surge para a pesquisa é: sob
consumo. Esse aumento tende a beneficiar o ponto de vista de indicadores financeiros
o crescimento do PIB, com reflexos positi- relevantes de países que já têm histórico de
vos na inadimplência, nas taxas de juros e Cadastro Positivo, qual seria a tendência
nos spreads bancários. desses indicadores para o Brasil? Quais ce-
19
nários estruturais poderiam ser factíveis em de julho de 2011, converteu a medida provi-
longo prazo? sória 518/10 na Lei n°. 12.414 (2011), que regu-
Dessa forma, o principal objetivo lamentou o Cadastro Positivo no Brasil.
desse estudo é o de mensurar a experiên- Dessa forma, conforme a referi-
cia dos principais países que adotaram o da lei entende-se que o Cadastro Positivo
Cadastro Positivo e, por analogia, confor- pode oferecer o histórico de crédito de pes-
me Armstrong (2001), projetar a tendência soa jurídica ou física para fins de crediário.
das variáveis spread bancário, crédito ofe- Por histórico de crédito a lei determina que
recido pelo setor bancário, crédito ofereci- o Cadastro Positivo seja um conjunto de da-
do ao setor privado, inadimplência, taxa real dos financeiros e de pagamentos relativos
de juros, crescimento do PIB e taxa de ju- às operações de crédito e obrigações de pa-
ros de empréstimos para o Brasil, nos próxi- gamento adimplidas ou em andamento por
mos anos. Além disso, quais seriam os pos- pessoa natural ou jurídica.
síveis cenários estruturais para o país nos Crédito diz respeito à troca de bens
próximos oito anos levando em considera- e serviços no momento presente por uma
ção uma amostra de países culturalmente promessa de pagamento futuro (SILVA,
semelhantes ao Brasil e uma amostra geral 2006). Crédito “é a transação comercial em
extraídos do estudo do Fórum Econômico que um comprador recebe imediatamente
Mundial (SCHWAB, 2011). um bem ou serviço adquirido, mas só fará o
A pesquisa busca oferecer uma vi- pagamento depois de um tempo determina-
são tendencial sobre as principais variáveis do” (Sandroni,1999 p.140). Todas as empre-
de impacto no fluxo de capitais no País, de sas, que também não possuem em sua es-
forma a contribuir para a tomada de deci- trutura os serviços de crediário, têm a pre-
são ou posicionamento dos principais agen- ferência em receber seus pagamentos por
tes interessados no assunto. seus produtos ou serviços à vista. Todavia,
O estudo não tem a pretensão de o importante crescimento do consumo das
explorar relações de causalidade e impacto classes de renda mais baixas e a pressão
entre as variáveis e o Cadastro Positivo, mas dos concorrentes obrigam a maioria das lo-
apenas de informar qual foi o desempenho jas de varejo, em especial as que negociam
dos países após sua implantação, além de bens de consumo duráveis, a vender a cré-
cruzar variáveis sociais e políticas para ela- dito. Assim, vender a crédito envolve con-
boração dos cenários. fiança em que o devedor irá cumprir suas
obrigações de pagamento junto ao credor
Referencial Teórico: no prazo estabelecido.
Cadastro Positivo e Na etapa de aquisição e concessão
Elementos Relacionados de crédito uma organização precisa agili-
zar seu processo de aprovação, mensurar o
1. O Cadastro Positivo risco de cada cliente, ajustar o meio de pa-
e Conceitos Fundamentais gamento ideal ao cliente, maximizar o valor
Após as reflexões dos principais de crédito e juros, de acordo com o perfil
agentes e os legisladores sobre o Cadastro do cliente, e determinar o seu potencial de
Positivo, a Presidente Dilma Rousseff, em 9 consumo, aumentando assim a eficiência
20
Fonte: Konuma, Claudia M. Cultura nacional e cultura organizacional. Artigo. Junho/2001. Disponí-
vel em <http://www.ead.fea.usp.br/tcc/trabalhos/Artigo_ClaudiaKon.pdf> Acesso em: 25 nov. 2011.
ses dos grupos seja respeitada e prevaleça no Brasil, mais recentemente, como: a des-
(Hofstede, 1991). tinação de uma pequena proporção do PIB
Dentre as Dimensões de Hofstede, para ajuda aos países pobres, investimen-
a mais equilibrada é a do índice de mascu- tos em armamento e nas forças armadas
linidade, pois não é possível definir o país e prioridade à sustentação do crescimento
como masculino ou feminino, embora haja econômico (Hofstede, 1991).
uma ligeira tendência à feminilidade. Essa
tendência torna o país voltado para uma so- 3. Indicadores Financeiros
ciedade de bem estar, mais solidária, con- e de Competitividade
tudo, permissiva, ou seja, as leis não cos- Os principais indicadores financei-
tumam ser respeitadas. Outro aspecto im- ros selecionados para serem analisados
portante é que nas culturas mais femininas, nos países do cluster do Brasil e demais pa-
há um número importante de mulheres elei- íses estudados, segundo critérios e concei-
tas em cargos políticos e há complementa- tos do The World Bank (2011), foram: Spre-
riedade entre homens e mulheres nas tare- ad Bancário, que é a taxa de juros cobrada
fas, nesse país. Alguns rompantes de mas- pelos bancos em empréstimos aos clientes
culinidade também podem ser observados principais menos a taxa de juros paga pe-
23
tados foram então tabulados e ponderados tes - Bank nonperforming loans to total gross
de acordo com a classificação atribuída loans (%); Taxa Real de Juros - Real interest
pelos entrevistados. rate (%); Crescimento Anual do PIB - GDP
A amostra de países que fez par- growth (annual %); e Taxa de Juros dos Em-
te deste estudo representa cerca de 35% préstimos - Lending interest rate (%).
do PIB mundial, 35% da população mun- Foi realizado levantamento jun-
dial, 27% do PIB per capita e 33% da par- to a Miller, M.(2000); Luna e Austin (2002);
ticipação do PIB mundial pela paridade do Chakravarti e Beng (2005) e Banisar (2006)
poder de compra (PPP), segundo dados do sobre o ano de aprovação da lei do Cadas-
WEF (SCHWAB, 2011). tro Positivo nos países selecionados e ape-
Os elementos apresentados nos nas os dados dos países que tiveram legis-
três itens do referencial teórico servem lações favoráveis ao Cadastro Positivo fo-
como base para aplicação da pesquisa, ram considerados, conforme descrito na
conforme detalhado a seguir nos itens de Tabela 1.
metodologia e análise dos resultados. Os países foram classificados no
aplicativo Excel com os dados do ano de
Abordagem aprovação da lei do Cadastro Positivo como
Metodológica sendo o ano zero e os dados relativos ao ano
A pesquisa teve o caráter descriti- seguinte como ano 1, ano 2, ano 3, respecti-
vo que, segundo Acevedo e Nohara (2006), vamente, fazendo que todos os anos de en-
narra as características de um grupo e es- trada dos diversos países ficassem alinha-
tima a proporção dos elementos de deter- dos no ano zero e os demais nos anos res-
minada população que apresente caracte- pectivos, exclusive para os dados do Brasil.
rísticas comportamentais de interesse da A quantidade de anos posteriores ao ano
pesquisa. A pesquisa descritiva não objeti- zero indica o tempo de experiência do país
va explicar o fenômeno investigado, apenas com o Cadastro Positivo. Após o nivelamen-
descrevê-lo. to de todos os países, procedeu-se a con-
A pesquisa se iniciou com a busca versão de todos os dados para uma base de
por dados financeiros de países seleciona- nível 100, partindo do ano zero. Dessa forma
dos pelo seu histórico com o Cadastro Posi- o ano zero ficou igual a 100 e os anos poste-
tivo, padronizados junto ao The World Bank riores seguiram a relação. Foram extraídas
(2011), relacionados às principais variáveis as medianas de cada ano, a partir do ano 1,
que sofrem impacto do cadastro positivo: de forma a compor todos os indicadores fi-
Spread Bancário (Taxa de empréstimo me- nanceiros de cada ano extraídos pela me-
nos a taxa de deposito - Interest rate spread diana dos dados dos países naquele ano es-
/ lending rate minus deposit rate, %); Crédi- pecífico. Foi adotado para corte de tempo
to Interno Oferecido pelo Setor Bancário % de experiência o período de oito anos, dada
do PIB - Domestic credit provided by banking a quantidade de países com tal experiência
sector (% of GDP); Crédito Interno para o Se- para validar o critério de mediana. Após os
tor Privado % do PIB - Domestic credit to pri- oito anos de história dos indicadores, par-
vate sector (% of GDP); Inadimplência (To- tiu-se para a pesquisa de quais países fa-
tal de Empréstimos Bancários Inadimplen- riam parte do cluster do Brasil e quais paí-
25
Fontes: Banisar, D. (2006); Chakravarti, R. e Beng, H. C.(2005); Luna, S. A. Austin, J.B. (2002); Mil-
ler, M.(2000).
26
Notas: PDI – Power Distance Index, IDV – Individualism, MAS – Masculinity, UAI – Uncertainty Avoidance Index.
n.d. – não disponível. Fontes: Hofstede, Geert. Dimensions of national Cultures. Schwab, Klaus. The Global
Competitiveness Report 2011–2012.
27
ses fariam parte da amostra geral de com- te, entraram no cômputo de projeção geral,
paração (Tabela 2). sem influência da divisão de cluster cultural
Foram pesquisados os clusters ba- de Hofstede. As duas divisões podem ser vis-
seados em Hosfstede (1991), pela técnica de tas na Tabela 2.
análise de conglomerados (Cluster Analysis), Os dados apresentados e suas varia-
conhecida também como análise de agrupa- ções anuais, a partir do ano zero, dos países
mentos, que é uma técnica estatística de in- do cluster do Brasil e do cômputo geral deram
terdependência que permite agrupar casos origem a dois cenários projetados para Brasil
ou variáveis em grupos homogêneos em fun- em cada uma das variáveis financeiras de im-
ção do grau de similaridades entre indivíduos, pacto do Cadastro Positivo.
a partir de variáveis predeterminadas (Fáve- Assim, a variação ponderada média
ro, Luiz P.; Belfiori, Patrícia; Silva, Fabiana L., linear entre o ano zero e o último ano, chama-
2009). do ano oito, por analogia, gerou as variações
Para Pohlmann (2009) esta é uma médias anuais de possível impacto do Cadas-
das técnicas de análise multivariada cujo pro- tro Positivo nas variáveis utilizadas.
pósito primário é reunir objetos, baseando-se Ainda, pelo estudo do WEF (Schwab,
nas características destes objetos analisados. 2011), informações como os três principais
Conforme Fávero et al. (2009), o obje- problemas registrados no país, escores de
tivo da técnica de análise de conglomerados infraestrutura, ambiente macroeconômico,
é segmentar as observações em grupos ho- saúde e educação primária, ensino superior
mogêneos internamente, heterogêneos entre e treinamento, eficiência do mercado de tra-
si e mutuamente exclusivos. Assim, elemen- balho, tamanho de mercado e inovação foram
tos semelhantes, com base em suas caracte- levantadas deste estudo, para fundamentar
rísticas, serão identificados. possíveis cenários benchmarking para o futuro
Ainda de acordo com Fávero et al. do Brasil. Das duas amostras possíveis, clus-
(2009), na análise de conglomerados, as ob- ter do Brasil e amostra geral, foram extraídos
servações são agrupadas segundo algum os dados dos países que ficaram acima do 3º.
tipo de métrica de distância, e as variáveis são Quartil da amostra nas duas bases, de forma
agrupadas conforme medidas de correlação que os indicadores atuais do Brasil pudessem
ou associação. Para realização das análises, o ser confrontados com os melhores indicado-
pacote estatístico SPSS fornece ampla gama res de cada grupo de países, o que, por ana-
de possibilidades. Foi utilizado o software logia, poderiam representar o futuro do Brasil
SPSS 18 para a divisão do cluster ao qual o após oito anos de Cadastro Positivo.
Brasil faz parte sob o ponto de vista das qua- A técnica de projeção e cenário
tro dimensões culturais de Hofstede. A quin- utilizada foi a de analogia, de acordo com
ta dimensão de Hofstede, chamada de Índice o referencial metodológico de Armstrong
de orientação de longo prazo não foi utilizada (2001). Dessa forma, o procedimento para
neste estudo em razão da amostra de países análise preditiva por analogia envolve eta-
dessa dimensão ser muito baixa. pas adaptadas dos princípios de previsão
Os demais países que tiveram histó- de demanda apresentados por Armstrong
rico com o Cadastro Positivo, mas não se en- (2001); são elas:
quadraram no cluster do qual o Brasil faz par- • Estruturação do problema, onde
28
■ Figura 2 Projeção das Principais Variáveis Financeiras do Brasil pelas Duas Amostras
spread bancário em 8 anos, ficando em cerca Para a amostra geral a elevação seria ligei-
de 22%. ramente inferior, 62,8%.
Quanto ao crédito interno oferecido No cluster do Brasil e na amostra
pelos bancos em relação ao PIB (Figura 2), com todos os países a inadimplência cai-
haveria crescimento de 16 pontos percentu- ria significativamente, partindo de 3,8%
ais até 2018, ou seja, o percentual de crédito em 2010 para 1,6% em 2018 e ficaria simi-
em relação ao PIB passaria dos atuais 97,8% lar à taxa atual de países como Coréia do
para 114,1% em 2018, no cluster do Brasil e Sul, Israel, Noruega, Panamá e Paraguai
108,5% na amostra total de países. (Figura 2).
Para o crédito fornecido ao setor A taxa real de juros deverá cair
privado em relação ao PIB (Figura 2), have- cerca de 17,7 pontos percentuais nos
ria um aumento de 7,8 pontos percentuais clusters do Brasil e na amostra com to-
no acumulado de 8 anos para os clusters do dos os países, nos próximos 8 anos, des-
Brasil, ou seja, a taxa parte dos atuais 57%, sa forma, passaria de 30,4% (Figura 2),
segundo dados do Banco Mundial, para segundo dados do Banco Mundial, para
64,8% do PIB brasileiro em 2018, ainda mui- 12,7%, próxima à taxa real de juros peru-
to abaixo da taxa chilena que é de 90,2%. ana (13,8%) e ainda distante das taxas de
juros da República Checa (7%) e da Gua- educação e mercado de trabalho (Figura 4).
temala (7,7%). • O Tamanho de mercado registraria
Em relação à taxa de juros dos em- pequeno crescimento, o que, possivelmente,
préstimos (Figura 1), a tendência é de maior impediria o Brasil de resolver o problema de
redução na amostra de todos os países, onde forte regulamentação fiscal.
haverá queda de 9,2 pontos percentuais em • Como principais problemas: o Bra-
relação à taxa de 2010. A atual taxa de 40% sil passaria a ter o excesso de burocracia go-
deverá ser reduzida para 30,7%, nesta pers- vernamental, dificuldades com a legislação
pectiva, ficaria ainda muito acima da taxa do trabalhista e acesso a financiamento. Es-
Paraguai em 2010. Na perspectiva do cluster ses são típicos problemas dos países do gru-
do Brasil essa taxa seria de 31,2%. Dessa for- po citado acima, conforme levantamento do
ma, não encontrando ainda países próximos World Economic Forum (Schwab, 2011).
a ela por estar muito alta. • Em relação aos índices de Hofste-
Por fim, no PIB brasileiro (Figura 3), de, com a melhoria na saúde e educação, e
espera-se crescimento médio de 4,2% e 4,1% ampliação do mercado de trabalho como re-
ao ano para o cluster do Brasil e para a amos- sultado do desenvolvimento econômico, a
tra geral, essas taxas de crescimento médio sociedade brasileira diminuiria a distância
seriam similares hoje à taxa de países como em relação ao poder com o passar dos anos
Bolívia (4,2% ao ano), Bulgária (4,1% a.a.) e Is- e aumentaria o grau de participação das mu-
rael (4% a.a.). lheres no ambiente. Em contrapartida, a ten-
dência ao individualismo aumentaria, junta-
1. Cenários Estruturais mente com a aversão à incerteza, típicas das
do Brasil em 2018 sociedades mais modernizadas.
Levando em consideração os princi- • Já no cluster do Brasil, haveria avan-
pais países benchmarking hoje, de acordo com ços significativos nas variáveis infraestrutu-
o WEF (Schwab, 2011), relacionados pelos cri- ra e ambiente econômico, ligeira melhora na
térios de clusters do Brasil e de amostra ge- saúde e educação / ensino superior; e fracos
ral de todos os países, os possíveis cenários avanços em relação ao potencial do merca-
foram levantados para os escores estruturais: do de trabalho, tamanho de mercado e, prin-
• Haveria melhores resultados para a cipalmente, inovação (Figura 4). A burocracia
amostra geral em todas as variáveis, uma vez e a corrupção tenderiam a registrar aumento
que países como Holanda, Alemanha, Cana- considerável, passando a ser um dos proble-
dá, Noruega, Japão e Coreia do Sul fariam mas principais do país, uma vez que haveria
parte desse grupo de países benchmarking. poucos avanços na educação e ensino supe-
• O Brasil teria importante salto em rior. Forte regulamentação fiscal se manteria
infraestrutura, hoje considerado na pesquisa como problema registrado hoje. Os principais
como um dos principais problemas do País. países benchmarking deste cluster são em boa
• Avanços significativos em inova- parte países da América Latina da amostra,
ção e ambiente econômico, poderiam tam- acrescentando a República Checa, Bulgária,
bém resolver o problema das elevadas taxas Espanha, Tailândia e Coréia do Sul.
de juros apresentadas hoje. • Em relação aos índices de Hofste-
• Fortes avanços na área da saúde, de, pouco mudaria em relação ao ambiente
32
Fonte: Schwab, Klaus. The Global Competitiveness Report 2011–2012. World Economic Forum 2011.
Geneva, Switzerland 2011. Disponível em: <http://www.weforum.org/reports/global-competitive-
ness-report-2011-2012> Acesso em: 02 dez. 2011.
cultural atual, já que o Brasil já faz parte des- tra sugestão seria a replicação deste es-
te cluster. tudo utilizando os critérios do Banco Cen-
tral do Brasil para as principais variáveis,
Considerações Finais uma vez que diferem dos critérios utiliza-
Conforme pôde ser observado, as dos pelo Banco Mundial.
principais variáveis relacionadas ao Cadas- Os indicadores de Hosftede guar-
tro Positivo registraram, em algum grau, dam uma relação interessante com os da-
melhoria para os países que o adotaram, dos do Fórum Econômico Mundial, pelas
independente do tempo em que foi ado- características de escores apresentadas e
tado, de maneira alinhada às pesquisas pelos problemas apontados nas duas pes-
apresentadas no referencial teórico. Have- quisas.
ria a necessidade de um estudo mais apro- Melhores resultados nas variáveis
fundado para identificar se essas melho- econômicas da amostra do cluster do Brasil,
rias foram, de fato, atribuídas ao Cadastro com maior redução dos spreads bancários,
Positivo, podendo haver uma comparação aumento da oferta de crédito bancário, de
com países que ainda não o adotaram. Ou- crédito ao setor privado, da taxa real de ju-
33
James T. C. Wright
Engenheiro Civil pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1975), Mestre em Engineering Management
- Vanderbilt University (1977), e Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo (1990). Atual-
mente é Professor Doutor da Universidade de São Paulo e Coordenador de Projetos da Fundação Instituto
de Administração, incluindo os cursos MBA Executivo Internacional, International MBA e Americas MBA .
Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração de Empresas, atuando principal-
mente nos seguintes temas: cenários, logística, e-commerce, bens populares e telecomunicações.
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Análise da Insolvência
de Empresas
Combinando Variáveis
Macroeconômicas e
Informações
Contábil-Financeiras
Alceu Souza
Liliane Gomes
Luiz Carlos Duclós
Wesley Vieira da Silva
38
Resumo
Este artigo analisa a probabilidade de insolvência de
empresas brasileiras de capital aberto, combinando 12 variá-
veis macroeconômicas e 19 contábil-financeiras. A análise em-
pírica usou dados de 63 empresas listadas na Bovespa e per-
tencentes a 17 setores segundo a classificação da base de da-
dos Economática, para o período de dezembro de 2000 a se-
tembro de 2009. A previsão de insolvência foi calculada a partir
da metodologia KMV adaptada do Modelo de Merton e defini-
da por Löffler e Posch (2007). A análise foi feita, primeiramen-
te, dividindo-se a amostra em dois grupos, por meio do méto-
do de Hierarchical Cluster, sendo o primeiro grupo formado por
empresas com maior probabilidade de insolvência e o segundo
com menor probabilidade. Em seguida, foi aplicada a regres-
são logística para a geração de seis modelos distintos a fim de
identificar as variáveis mais relevantes. Constatou-se que os
fatores contábil-financeiros foram mais relevantes do que os
fatores macroeconômicos para explicar a probabilidade de in-
solvência. Não se obtiveram evidências de que a presença do
Índice de Governança Corporativa pode influenciar ou melho-
rar a situação financeira das empresas. Espera-se que este es-
tudo contribua para o aprofundamento do conhecimento na
área de gestão de riscos, principalmente por meio da preocu-
pação em transmitir de forma clara e precisa os passos meto-
dológicos adotados, bem como as análises efetuadas.
quentemente, foram criados mais modelos das empresas de capital aberto com ações
para a análise de dados, que ampliaram as negociadas na BOVESPA, explicam a pro-
opções para a análise da situação financei- babilidade de insolvência, baseando-se na
ra das empresas. aplicação de um modelo de mensuração
O Brasil passou recentemente por de risco, para o período entre dezembro de
um período de estabilidade financeira, fato 2000 e setembro de 2009?
que vem auxiliando o desenvolvimento da Para responder a essa questão foi
economia e o aprofundamento do estudo formulado o objetivo geral de avaliar a pro-
das relações mercadológicas para o en- babilidade de insolvência de empresas bra-
tendimento dos riscos existentes. Barbosa sileiras de capital utilizando-se uma combi-
(2006) ressalta que o uso das variáveis ma- nação de variáveis macroeconômicas e in-
croeconômicas para mensuração dos ris- formações contábil-financeiras.
cos de insolvência, remete às premissas da O trabalho foi estruturado em cinco
análise de riscos, com os chamados “C’s” seções que podem ser resumidas da seguin-
do crédito, que servem de base às políti- te forma: a primeira refere-se à introdução; a
cas de crédito vigentes na maioria das em- segunda apresenta referencial teórico-empí-
presas. Essa técnica implica uma análise rico; a terceira trata da metodologia; a quar-
profunda do tomador do crédito, que inclui ta diz respeito à apresentação e análise dos
a situação do setor de atuação do mesmo. dados e a quinta refere-se às considerações
Isto é, para liberação do empréstimo, atre- finais.
la-se indiretamente a capacidade do toma-
dor às variações macroeconômicas. Referencial
Os modelos de análise de risco ba- Teórico-Empírico
seados em informações contábil-financei- Existem diversas técnicas empre-
ras, fornecem um aprimoramento do en- gadas para identificar e calcular os riscos
tendimento financeiro de empresas ou de crédito possíveis dentro de uma empre-
setores industriais e auxiliam no geren- sa ou instituição. Algumas dessas técni-
ciamento dos riscos quando favorecem a cas usam um conjunto de análises qualitati-
avaliação dos controles e das políticas de vas com uma pequena parcela de técnicas
crédito. Por outro lado, somente a utiliza- quantitativas que são consideradas como
ção de variáveis contábil-financeiras não técnicas qualitativas. Outras técnicas usam
é suficiente, pois se estará desprezando uma menor escala de análises qualitativas
a relação existente entre ciclos econômi- em detrimento das quantitativas, conside-
cos e insolvência (WILSON apud BARBO- rando-as como técnicas quantitativas.
SA, 2006). Com base no exposto anterior-
mente, o presente trabalho visa responder, 1. Técnicas Qualitativas
a partir da utilização de um modelo que en- de Análise de Risco de Crédito
globa variáveis macroeconômicas e infor- Os modelos qualitativos de análi-
mações contábil-financeiras, ao seguinte se de riscos envolvem alto grau de julga-
problema de pesquisa: mento dos analistas de uma empresa ou
A combinação de dados macro- instituição. Em geral, são modelos que
econômicos e dados contábil-financeiros podem auxiliar na identificação de ca-
40
Técnicas Descrição
C’s do Crédito Esta técnica é empregada para identificação de características similares
aos tomadores de créditos. O objetivo principal é reduzir o risco a
partir do entendimento dos fatores e das características comuns que
o influenciam. O chamado C’s do crédito abrange 5 características
principais, a saber: caráter, capacidade, capital, colateral e condições.
Análise Cadastral Para Securato (2002, p. 60) a análise cadastral começa pela confecção
da ficha cadastral. Essa análise visa buscar indícios de possíveis
problemas e a identificação de situações que impeçam a concessão
do crédito. As principais observações devem ser: a) qualificação da
empresa; b) histórico ou tradição da empresa no setor; c) controle
de capital; d) capacidade administrativa ou gerencial; e) capacidade
instalada; f) fornecedores; g) mercado de atuação; h) análise da
composição da carteira de clientes e i) referências bancárias.
Análise por Rating Basicamente, as análises de rating classificam os créditos em faixas de
risco. Estas faixas auxiliam na formação das Provisões para Perdas, para
a concessão de novos créditos, renegociação de créditos em atraso, etc.
Por outro lado, a incorreta classificação dos créditos pode prejudicar
as empresas envolvidas. Com isso, é necessário a implementação de
controles eficientes e o atendimento a critérios definidos e consagrados.
Essas análises demandam alto grau de julgamento dos analistas
envolvidos, contudo, não é descartado o uso de técnicas estatísticas
para auxílio da adequada classificação dos créditos (SILVA, 2006).
dade da estrutura) podem ser considera- (2002) ressalta que o titular da opção, ou com-
das como opções. prador, ao pagar o prêmio fixado pelo seu ven-
Para Black e Scholes (1973) opções dedor, adquire um direito e não uma obrigação
são instrumentos que dão o direito de comprar de compra de um ativo ao contrário do vende-
ou vender um ativo, dada certas condições e dor, que contrai uma obrigação de venda do
em determinado período de tempo. Securato ativo pelo preço determinado e no prazo fixado.
In(At /L)+(r+σ2/2)(T–t)
C=A0.N(d1)–E.e -i.t.N(d2) E=VN(d1)–Fe -rTN(d2) d1=
σ√T-t
In(A0/E)+(r+0,5σ2)T In(V/F)+(r+0,5σ2v)T
d1= d1=
d2=d1–σ√T-t
σ√T σ v√T
InAt+(μ–0,5σ2)(T–t)–InL
d2=d1–σ√T d2=d1–σ v√T DD=
σ√T-t
PD=Ф[–DD]
Modelo Black & Scholes: C representa o valor do prêmio da opção de compra europeia; A0 é
o preço corrente da ação; E representa o preço de exercício da opção de compra; i é a taxa li-
vre de risco; σ2 variância da taxa contínua de retorno da opção; T é o tempo até a data do ven-
cimento. Modelo Merton: E representa o valor de mercado do patrimônio da empresa; V é o va-
lor total da firma; F é o total das dívidas da empresa; r é a taxa livre de risco; N é a função da dis-
tribuição normal cumulativa padrão; T representa o tempo até a maturidade da dívida; σ v é a vo-
latilidade do valor da empresa. Modelo KMV: L é o total das dívidas representado pelo total do
passivo; T-t é o tempo até a maturidade das dívidas; Ф denota a distribuição normal cumulati-
va; µ-0,5σ2 representa a taxa logarítmica da mudança no valor dos ativos (volatilidade); At o va-
lor de mercado dos ativos; r representa a taxa livre de risco; DD representa a distância para a
perda ou default; PD representa a probabilidade de perda ou default; ln é a variação logarítmica.
Fonte: Modelo Black & Scholes (SECURATO, 2002, p. 301-302); Modelo de Merton
(BHARATH; SHUMWAY, 2004, p. 5) e Modelo KMV (LÖFFLER; POSCH, 2007, p. 29-30)
43
2007 não apresentou resultados discrepan- indicado para uma grande quantidade de
tes, contudo, mostra-se ineficiente e não dados.
d2 = d1 – σ√T–t (2.2)
PD = Ф[–DD] (2.4)
Base
1 1 Selecionadas
3 10 18
7 6 2 11 25
9 6 14
4 20 25
6
1 1
2 6 10
3 3 1 5
3 2 10 5
1 4 6
0 0 0 0 0
Textil
Papel e celulose
Comércio
Alimentos e bebidas
Construção
Eletroeletrônicos
Máquinas industriais
Mineração
Outros
Petróleo e gás
Telecomunicações
Transporte e serviços
Veículos e peças
Finanças e seguros
Fundos
Minerias não metais
Software e dados
Agro e pesca
Energia elétrica
Química
Siderurgia e metalurgia
Modelo Descrição
O método utilizado para seleção do modelo com base nas
Somente com variáveis
variáveis contábil-financeiras foi o forward stepwise, pelo critério
contábil-financeiras
de máxima verossimilhança (ou melhor, Likelihood Ratio – LR).
O método utilizado foi o forward stepwise, pelo critério de máxima
verossimilhança (ou melhor, Likelihood Ratio – LR). Utilizou-se um nível de
Somente com as variáveis
significância de 5% para a entrada das variáveis e 10% para sua exclusão
macroeconômicas
sem a presença da constante no modelo. A variável dependente foi
considerada a variável dicotômica “Grupo” sem ponderação estatística.
Como método de estimação considerou-se o backward stepwise (que
retira as variáveis de acordo com seu poder preditivo), pelo critério
Com a combinação
de máxima verossimilhança (ou melhor, Likelihood Ratio – LR). Os
das variáveis contábil-
parâmetros de estimação dos modelos foram 5% de significância para
financeiras e
a inclusão das variáveis e 10% para sua exclusão com a presença da
macroeconômicas
constante no modelo. A variável dependente considerada refere-
se a variável dicotômica “Grupo” sem ponderação estatística.
Modelo somente com variáveis contábil-financeiras para um período
mais curto compreendido entre o terceiro trimestre de 2001 e o terceiro
trimestre de 2007. Como método de estimação considerou-se o forward
Com variáveis contábil-
stepwise, pelo critério de máxima verossimilhança (ou melhor, Likelihood
financeiras e a redução
Ratio – LR). Os parâmetros de estimação dos modelos foram 5% de
do período de análise
significância para a inclusão das variáveis e 10% para sua exclusão. A
variável dependente considerada refere-se a variável dicotômica “Grupo”
sem ponderação estatística e sem a presença da constante no modelo.
Modelo somente com as variáveis macroeconômicas incluindo o Índice
de Governança Corporativa para um período mais curto compreendido
entre o terceiro trimestre de 2001 e o terceiro trimestre de 2007.
Somente com as variáveis Como método de estimação considerou-se o backward stepwise (que
macroeconômicas e a retira as variáveis de acordo com seu poder preditivo), pelo critério
inclusão do Índice de de máxima verossimilhança (ou melhor, Likelihood Ratio – LR). Os
Governança Corporativa parâmetros de estimação dos modelos foram 5% de significância
para a inclusão das variáveis e 10% para sua exclusão. A variável
dependente considerada refere-se a variável dicotômica “Grupo” sem
ponderação estatística e sem a presença da constante no modelo.
Após a identificação das variáveis mais significativas na análise a
regressão, estas variáveis foram combinadas para geração de um terceiro
Com a combinação
modelo visando identificar quais variáveis seriam mais relevantes se
das variáveis
consideradas em conjunto. Como método de estimação considerou-se
contábil-financeiras,
o forward stepwise, pelo critério de máxima verossimilhança (ou melhor,
macroeconômicas e o
Likelihood Ratio – LR). Os parâmetros de estimação dos modelos foram 5%
Índice de Governança
de significância para a inclusão das variáveis e 10% para sua exclusão com
Corporativa
a presença da constante no modelo. A variável dependente considerada
refere-se a variável dicotômica “Grupo” sem ponderação estatística.
52
Observados Grupo
Modelo % Corretos Total %
Grupo 0 1
0 76,88 109,47 41,26
1 70,25
1 39,68 275,33 87,40
0 1484 424 77,78
2 68,96
1 280 80 22,22
0 1904 4 99,79
3 84,74
1 342 18 5
0 1321 4 99,70
4 85,33
1 227 23 9,20
0 1272 53 96,00
5 81,40
1 240 10 4,00
0 1318 7 99,47
6 85,08
1 228 22 8,80
A variável LnAT apresenta ainda in- presas, enquanto que em um período mais re-
fluência positiva no Modelo 1 (que somente cente, o aumento significativo do índice é que
conta com a inclusão de variáveis contábil-fi- se refletiu em um aumento da probabilidade
nanceiras) corroborando com o trabalho efe- de insolvência das empresas.
tuado por Dionne et al. (2006) e descrito no As variáveis macroeconômicas
Capítulo destinado a descrição das variáveis MLnX – Variação do Logaritmo do Total das
designadas a testes. Contudo, quando o pe- Exportações Brasileiras no Período, MPIB -
ríodo de análises sofreu uma redução, como Variação do Logaritmo do Produto Interno
é o caso das análises do Modelo 4, seu co- Bruto e MTxUS$ - Variação do Logaritmo da
eficiente foi negativo. Com isso, pode-se in- Taxa de Câmbio foram consideradas relevan-
terpretar que, devido à diferença no período tes nos Modelos 2 e 5 (os que contém unica-
de análise, o tamanho da empresa passa a mente variáveis macroeconômicas) e apresen-
ser um fator que influencia as empresas a se taram coeficiente negativo na regressão.
manterem solventes. Das variáveis apresentadas somen-
A variável macroeconômica MTx- te a MTxUS$ proporcionou um comporta-
Des – Variação do Logaritmo da Taxa de De- mento fora do esperado, conforme descrito na
semprego apresenta um coeficiente negati- apresentação das variáveis selecionadas para
vos no Modelo 5 (que foi calculado somente este estudo. Com isso, foi possível observar
com a inclusão de variáveis macroeconômi- que, quando a economia brasileira encontra-
cas) mas, quando consideradas em conjunto -se aquecida (representada pelas Exportações
com as variáveis contábil-financeiras, apre- e pelo volume de riqueza produzida na forma
senta um coeficiente positivo. Em relação à do PIB), verifica-se uma menor probabilidade
sua interpretação nos modelos, esperou-se de insolvência das empresas. Contudo, a in-
que esta variável possuísse correlação posi- versão do coeficiente da variável MTxUS$
tiva com a probabilidade de insolvência, uma que apresentou um efeito negativo na proba-
vez que ela representa uma espécie de ter- bilidade de insolvência, pode ser justificada
mômetro da economia. Um coeficiente ne- pelas políticas econômicas brasileiras que fa-
gativo indica que a maior quantidade de de- zem uso da manipulação das taxas de câmbio
sempregados reflete uma menor probabilida- e juros (visando o maior controle da economia
de de insolvência das empresas. com consequente redução da inflação e au-
Já a variável MIBOVESPA foi con- mento do PIB). A variável Mselic – Variação
siderada relevante nos Modelos 2 e 5 ( nos do Logaritmo da Taxa Selic que representa os
quais só foram consideradas as variáveis ma- juros na economia, também foi selecionada no
croeconômicas). Sendo que, para o Modelo 2, Modelo 2 com coeficiente negativo. As variá-
seu coeficiente estimado foi negativo indican- veis MIGC – Variação do Logaritmo do Índi-
do haver uma relação inversa entre o aumento ce de Governança Corporativa e MlnM – Va-
do índice IBOVESPA e a probabilidade de in- riação do Logaritmo do Total de Importações
solvência das empresas, e no Modelo 5, o coe- Brasileiras no Período foram consideradas re-
ficiente mostrou-se positivo. Com isso, é pos- levantes no Modelo 5. Com isso, é possível ve-
sível verificar que em um período maior de rificar que a presença do MIGC gera corre-
análise, as reduções no índice é que influen- lação negativa com a probabilidade de insol-
ciaram a probabilidade de insolvência das em- vência das empresas. Esta relação justifica-se
55
mesmo que indiretamente, devido à necessi- melhor desempenho são os Modelos 5 (para
dade surgida no período (final de 2001) do au- um período mais curto e somente com variá-
mento do volume e da qualidade dos contro- veis macroeconômicas) e o Modelo 1 (somente
les das empresas. A presença da MlnM apre- com as variáveis contábil-financeiras). Segun-
senta influência positiva na probabilidade de do o trabalho desenvolvido por Dionne et al.
insolvência, ou seja, o maior volume de impor- (2006) o modelo que melhor se adequa aos da-
tações pode ser traduzido como uma maior dos é aquele com a combinação de variáveis
probabilidade de insolvência. macroeconômicas e contábil-financeiras, por
As variáveis MIPCA – Variação do considerar em sua análise uma riqueza maior
Logaritmo do Índice de Preços ao Consumi- de dados. Esta constatação não foi encontra-
dor Amplo e MLnRecTrib – Variação do Lo- da nas análises efetuadas.
garitmo da Receita Total da União foram con- O teste de hipóteses utilizado para
sideraras relevantes no Modelo 2 (que consi- medir a acuracidade do poder preditivo do
dera somente as variáveis macroeconômicas). modelo foi o Teste de Hosmer-Lemeshow. Os
Segundo o modelo, o coeficiente positivo do resultados do teste, conforme apresentado
MIPCA indica que quando há maior inflação na Tabela 3, valendo-se de um nível de signi-
aumenta a probabilidade de insolvência das ficância de 5%, demonstra que não é possí-
empresas. Já as variações negativas na recei- vel rejeitar a hipótese nula de que os modelos
ta tributária representada pela variável MLn- não possuem boa acuracidade. Para analisar
RecTrib influenciam no aumento da probabi- o desempenho dos Modelos, foi efetuada a
lidade de insolvência. análise por meio da Curva ROC. Os valores
Outra variável considerada relevante das Curvas ROC calculados estão represen-
a este estudo foi a variável financeiro-contábil tadas na Figura 2.
LiqGer – Liquidez Geral, incluída no Modelo 1, Dos modelos calculados pode-se
apresentando coeficiente positivo. Com isso, verificar que os Modelos 2 e 5, que somen-
é possível verificar que quanto maior o valor te incluem variáveis macroeconômicas em
desse indicador maior é a probabilidade de as sua análise, apresentam um coeficiente de
empresas se tornarem insolventes. Ou seja, a 0,5 na apuração da curva ROC. Isso indica
falta de geração de recursos financeiros no que a presença ou a ausência deste modelo
curto prazo influencia na capacidade das em- para o conjunto de dados analisados não in-
presas de honrar as dívidas. fluência na qualidade discriminante dos da-
A Estatística Wald verifica se os co- dos ou não gera melhores resultados que a
eficientes estimados para as variáveis inde- sua não aplicação.
pendentes são estatisticamente diferentes de Os demais modelos (Modelo 1, 3, 4
zero. Os dados da Estatística Wald analisa- e 6) apresentaram coeficientes entre 0,7 e
dos foram considerados significantes, indica- 0,8 com um aceitável poder discriminante.
do a rejeição da hipótese nula de que os coefi- Isso significa que a utilização de qualquer
cientes da equação são iguais a zero e de que um desses modelos melhora a qualidade
as variáveis independentes selecionadas não discriminante das probabilidades de ocor-
produzem efeito sobre a variável dependente. rência ou não da insolvência, e são capazes
Segundo os testes de adequação de- de identificar um grande número de dados
monstrada pela Tabela 3, os modelos com de forma adequada.
56
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,73 0,76 0,76
0,71
0,30
0,50 0,50
0,20
0,10
0
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5 Modelo 6
Financeiro- Macroeconômicas Combinado Financeiro- Macroeconômico Combinado
contábil contábil Menor período Menor período
Menor período
Dionne et al. (2006) destaca que as na Bolsa de Valores de São Paulo, a partir da
análises efetuadas pelos valores da Curva seleção de fatores (variáveis) contábil-finan-
ROC auxiliam na redução dos erros Tipo I e ceiras e macroeconômicos.
Tipo II. Para os modelos analisados, é possí- Para descrever os resultados obtidos
vel verificar que há equilíbrio entre a capaci- e a forma como foram atingidos, é necessá-
dade de identificar os casos que possuem as rio começar pelo terceiro objetivo proposto ini-
características analisadas (especificidade) cialmente: o de estimar a probabilidade de in-
e os que não possuem (sensibilidade). Sen- solvência das empresas. Para se atingir a esse
do que esta capacidade é melhor identifica- objetivo foi efetuado o cálculo da probabilida-
da nos Modelos 4 e 6, cuja análise reflete-se de de insolvência das empresas aplicando-se
em um período menor, bem como, no Mode- o modelo KMV que representa uma evolução
lo 3 do que nos demais modelos. do Modelo Estrutural de Merton.
Após o cálculo da probabilidade de
Conclusão insolvência, as empresas foram segregadas
O objetivo maior desta pesquisa foi o por meio da Análise de Conglomerados (ou
de identificar os fatores que melhor explicas- Cluster Analysis) formando dois grupos distin-
sem a probabilidade de insolvência das em- tos com 10 empresas identificadas com maior
presas de capital aberto que negociam ações probabilidade de insolvência contra 53 em-
57
presas com menor probabilidade de insolvên- babilidade de insolvência das empresas para
cia. Este procedimento foi necessário devido à a amostra selecionada. Com isso, foram gera-
aplicação da metodologia de regressão logísti- dos três modelos distintos: Modelo 1, somen-
ca que parte de uma variável binária para a ex- te com variáveis contábil-financeiras; Modelo
plicação de um fenômeno. 2, somente com variáveis macroeconômicas
Foram identificados primeiramente e Modelo 3, com a combinação das variáveis
23 indicadores. Destes, as variáveis DispAT – contábil-financeiro identificadas no Modelo 1
Disponível sobre o Ativo Total, DispAP – Dis- mais as variáveis macroeconômicas identifi-
ponível sobre Ativo Permanente, LiqImed – Li- cadas no Modelo 2.
quidez Imediata e Beta não eram representati- Assim foi possível verificar que o Mo-
vas em nenhum setor, não fornecendo dados delo 3 (que faz uso combinado das variáveis
suficientes para análises, com isso resolveu-se contábil-financeiro e macroeconômicas) apre-
por desconsiderá-las da base de dados final. sentou um melhor poder discriminante (anali-
As variáveis independentes EndCP sado por meio da Curva ROC, cujo coeficiente
– Endividamento de Curto Prazo, PLAt – Pa- foi de 0,73) que os dois outro modelos (Modelo
trimônio Líquido obre Ativo, LiqCor – Liqui- 1 apresentou o coeficiente de 0,71 e o Modelo
dez Corrente e ExgAt - Endividamento Total 2 , o coeficiente de 0,50). O Modelo 2 não apre-
por apresentarem alta correlação com outras sentou estatisticamente poder discriminante,
variáveis independentes que pode ser carac- ou seja, sua aplicação não tem qualquer influ-
terizado como multicolinearidade, também ência na melhoria da qualidade discriminan-
foram desconsideradas da análise. Com isso, te dos dados ou não gera melhores resultados
a análise contou com um total de 15 variáveis que a sua não aplicação. Na prática, significa
contábil-financeiras identificadas na literatu- dizer que adivinhar os resultados sem auxilio
ra como relevantes no estudo da insolvência de uma análise estatística, gera o mesmo efei-
das empresas. to que fazer uso deste modelo.
Foi efetuada a revisão de literatura so- As variáveis que foram selecionadas
bre o uso de variáveis macroeconômicas para no Modelo 3 com seus respectivos coeficien-
explicação das relações financeiras, uma vez tes foram: EstAT (-10,31), FornecV (-0,92), LLRB
que, seu uso na explicação da insolvência não (-0,11), CapGir (0,00), Constante (-0,66) e MRI
é comum no Brasil. Com base na revisão efe- (7,36). Esse resultado aponta que para essa
tuada, identificaram-se primeiramente 12 va- amostra, as variáveis contábil-finaneiras foram
riáveis macroeconômicas, destas, a variável mais relevantes para explicar a probabilidade
MlnRecTot – Variação do Logaritmo da Recei- de insolvência das empresas do que as variá-
ta Total da União foi desconsiderada da amos- veis macroeconômicas.
tra por apresentar alta correlação com outras Procurou-se atender ao quarto ob-
variáveis independentes o que pode ser carac- jetivo deste trabalho por meio de aplicação
terizado como multicolinearidade. Com isso, da regressão logística para um período in-
foram selecionadas para análise 11 variáveis ferior de análises, que compreendeu o ter-
macroeconômicas. ceiro trimestre de 2001 (Setembro de 2001)
Também foram gerados os mode- até o terceiro trimestre de 2007 (Setembro
los de regressão logística visando identificar de 2007). Esse período foi intencionalmente
quais as variáveis que influenciaram na pro- escolhido pois representa o período em que
58
o IGC passou a ser divulgado. Foram ge- qualidade discriminante do modelo, a exem-
rados três modelos distintos, a exemplo das plo do Modelo 2 calculado anteriormente.
análises anteriores: Modelo 4, somente com Não foi possível obter evidências sa-
variáveis contábil-financeiras; Modelo 5, so- tisfatórias de que a presença do IGC influen-
mente com variáveis macroeconômicas e ciou ou não a melhora da situação das em-
Modelo 6, com a combinação das variáveis presas, uma vez que nos dois Modelos com
contábil-financeiro identificadas no Modelo melhor desempenho esta variável não foi
4 mais as variáveis macroeconômicas iden- considerada relevante.
tificadas no Modelo 5. Espera-se que este estudo contri-
Os Modelos 4 e 6 apresentaram me- bua para o aprofundamento do conhecimen-
lhor poder discriminante (apurado com base to na área de gestão de riscos, principalmente
na Curva ROC para os modelos que foi de pela preocupação em transmitir de forma cla-
0,76) em relação ao Modelo 5 (cujo coeficien- ra e precisa os passos metodológicos adotados,
te foi de 0,50). Com isso, foi possível obser- bem como as análises efetuadas. Esta pesqui-
var que o modelo apurado com base somen- sa teve por meta apresentar os resultados rele-
te em variáveis macroeconômicas não afeta a vantes sem, contudo, esgotar o tema abordado.
Autores
Alceu Souza
Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação em Administração da PUCPR. E-mail: alceu.souza@pucpr.br
Liliane Gomes
Mestre em Administração Estratégica pela PUCPR. E-mail gomesliliane@yahoo.com.br
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60
Responsabilidade
Socioambiental
nas Instituições
Financeiras
Resumo
O Banco Central do Brasil na abertura do encontro “Rio
+20”, em junho de 2012, colocou em audiência pública duas minu-
tas de Resoluções que dispõem sobre a implementação da res-
ponsabilidade socioambiental nas instituições financeiras e sobre
a elaboração e divulgação do Relatório de Responsabilidade Socio-
ambiental.
O Banco Central do Brasil pretende com essas duas Reso-
luções, que os bancos estabeleçam um padrão mínimo de gestão
para os diversos aspectos que constituem, de forma transversal, a
responsabilidade socioambiental nas suas decisões dos negócios.
O Banco Central (BC) determina que gias e incentivar a substituição de práticas cau-
o estabelecimento e a implementação da Po- sadoras de impactos socioambientais negati-
litica de Responsabilidade Socioambiental se- vos por novas maneiras de produzir, respeitan-
jam adequados ao porte, natureza do negócio, do o meio ambiente e a dignidade humana.
complexidade dos produtos e serviços das ins- A conscientização sobre os desafios
tituições financeiras, tendo em vista que essas ambientais e sociais precisa ser iniciada nas ins-
empresas são essenciais à aceleração da efeti- tituições financeiras na alta administração não
vação do desenvolvimento sustentável. “A res- ficando adstrita a um departamento isolado, po-
ponsabilidade socioambiental das organizações dendo, assim, perpassar por todos os níveis hie-
é tema disseminado nos últimos anos no Brasil rárquicos, permear todas as ações das institui-
e no mundo, constituindo uma preocupação ex- ções financeiras, e, em consequência, esten-
teriorizada pela sociedade civil e pelos agentes der-se para todos os seus clientes.
econômicos que postulam alcançar um desen- Portanto os bancos passam a incen-
volvimento sustentável, economicamente viável, tivar seus clientes para que se espelhem ne-
ambientalmente sustentável e socialmente jus- les, no que se refere às práticas de responsa-
to”, justifica o BC. O banco afirma, ainda, que o bilidade socioambiental e de governança cor-
sistema financeiro está passando por um pro- porativa.
cesso de incorporação de ações ligadas à res- Essa atitude dos bancos se multipli-
ponsabilidade socioambiental, preparando-se cará e promoverá mudanças culturais em re-
para a aplicação de estratégias que permitirão lação à sustentabilidade corporativa, passan-
implementar medidas consistentes. Como os do a influenciar toda a sociedade.
bancos alavancam as atividades econômicas,
por meio de suas linhas de crédito podem fo- Riscos Ambientais x Riscos
mentar as boas práticas socioambientais, con- Financeiros
tribuir para o desenvolvimentos de serviços e O BancoCentral do Brasil define
produtos sustentáveis, promover novas tecnolo- risco socioambiental como a possibilida-
62
tentabilidade. Trabalhou 33 anos no Banco Noroeste e Banco Santander. Foi Diretor de Crédito Rural. Foi Diretor da FE-
BRABAN . Atualmente é Gerente de Produtos de Riscos Socioambientais, na SERASA, aonde vem desenvolvendo cri-
exclusivamente na web.
de conteúdos.
Acesse:
serasaexperian.com.br/tecnologia-de-credito, e