Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
CALVINO OU O CALVINISMO:
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO
REFORMADA PARA A AMÉRICA
LATINA 1
INTRODUÇÃO
1 “Calvin or Calvinism: Reclaiming Reformed Theology for the Latin American Contrext”, em Apuntes.
Reflexiones teológicas desde el margen hispano. Associación para la Educación Teológica Hispana, invierno
2004. “Calvino o el calvinismo: la tradición reformada para América Latina”, em Juan Calvino: Su vida y
obra a 500 años de su nacimiento. Leopoldo Cervantes-Ortiz, ed., Viladecavalls, Barcelona: Editorial Clie,
2009, p. 477-511. Agradeço aos doutores Elsie Anne McKee e Peter J. Paris, do Seminário Teológico de
Princeton, EUA, por seus comentários críticos à primeira versão deste trabalho. Tradução : Eduardo Galasso
Faria.
188 JOÃO CALVINO E O CALVINISMO
2 Para uma história geral da tradição calvinista-reformada e de suas origens no século XVI até a ortodoxia
escolástica, ver John T. McNeill, The History and Character of Calvinism, N. York: Oxford University Press,
1954 e Philip Benedict, Christ´s Church Purely Reformed: A social History of Calvinism, New Haven: Yale
University Press, 2002. Para um exame da ética social calvinista, ver John H. Leith, John Calvin Doctrine
of the Christian Life, Louisville: Westminster John Knox Press, 1989, e W. Fred Graham, The Constructive
Revolutionary: John Calvin and His Socio-Economic Impact, Richmond: John Knox Press, 1971.
3 Ver Arthur McGovern Liberation Theology and Its Critics: Toward an Assessment, Maryknoll: Orbis Books,
1989, para uma introdução e avaliação crítica deste movimento e de seus críticos. As fontes primárias mais
importantes da teologia da libertação latino-americana foram compiladas em Alfred T. Hennelly, Liberation
Theology: A Documentary History. Maryknoll: Orbis, 1990. Para uma apresentação sistemática destes
temas, ver Jon Sobrino e Ignacio Ellacuría, comp, e ed., Mysterium Liberationis: Fundamental Concepts
of Liberation Theology. Maryknoll: Orbis Books, 1993. Sobrino completou o projeto depois que seu colega
Ellacuría foi assassinado por causa de seu trabalho como pastor e educador em El Salvador, em 1989.
4 Ver Richard Shaull, La Reforma y la teologia de la liberación (1991), San José: DEI, 1993, (Em português,
A Reforma Protestante e a Teologia da Libertação. S. Paulo: Pendão Real, 1993) e Robert McAfee Brown,
Theology in a New Key: Responding to Liberation Themes. Philadelphia: The Westminster Press, 1978.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 189
5 Mark K. Taylor, “Immanental and Prophetic: Shaping Reformed Theology for Late Twentieth-Century
Struggle”, in Christian Ethics in Ecumenical Context: Theology, Culture, and Politics in Dialogue, Grand
Rapids: Eerdmans, 199, p. 156.
6 Ibid. p. 154. Neste artigo, Taylor utiliza as Ordenanças Eclesiásticas (1541) de Calvino com o objetivo de
ampliar a tese de Nicholas Wolterstorff de que a tradição reformada padece de dois erros: a compreensão
de uma ordem social justa que dificilmente tolera pontos de vista opostos e um triunfalismo recorrente que
impõe sua cosmovisão sobre os demais. Ver N. Wolterstorff, Until Justice and Peace Embrace. Grand Rapids:
Eerdmans, 1983.
190 JOÃO CALVINO E O CALVINISMO
7 Ver Jean-Pierre Bastian, “Protestantism in Latin America”, in The Church in Latin America: 1492-1992. Ed.
Enrique Dussel, Maryknoll: Orbis Books, 1992, p. 313-350 e Jean-Pierre Bastian, Historia del Protestantismo
en América Latina. México: CUPSA, 1990. Também John H. Leith, Introduction to the Reformed Tradition. A
Way of Being the Christian Community, ed. revista. Atlanta: John Knox Press, 1981, pp. 5-53. (Em português,
A Tradição Reformada, uma maneira de ser a comunidade cristã. Publicações João Calvino, S. Paulo: Pendão
Real, 1997)
8 J. P. Bastian, “Protestantism in Latin America”, p. 314-315.
9 Ibid. p. 325.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 191
e representativa.10
Embora José Miguez Bonino aceite a hipótese de Bastian de que
o aparecimento do protestantismo como força política e cultural na
América Latina deveu-se em primeiro lugar a fatores internos (ou seja,
o anseio popular por uma libertação política), ele adverte que esta
união de conveniência entre os missionários norte-americanos (com
sua espiritualidade pietista e conservadora) e os intelectuais latino-
americanos (com uma orientação mais secularizada) realizou-se em
meio a diferenças inconciliáveis: “Não me parece exagerado desconfiar
que aqui tivemos uma convergência de interesses mais que uma
semelhança de ideias”.11
Mesmo que o protestantismo latino-americano tenha, em certo
momento, abraçado o liberalismo político, em sua história mais
recente ele se caracterizou por um rígido fundamentalismo, no
mínimo apolítico e, no pior dos casos, um aliado de regimes políticos
autoritários e repressores. Esta análise foi elaborada pelo teólogo da
libertação Rubem Alves, tratando principalmente da tradição calvinista-
reformada no Brasil e argumentando que o traço característico deste
ramo do protestantismo é um acordo total e completo com uma série de
afirmações doutrinárias como pré-condição necessária para uma plena
participação na vida da igreja.12
Para Rubem Alves, o mais problemático é o fato que, ao mesmo
tempo em que muitos protestantes no Brasil chegaram a participar
de movimentos a favor da justiça social, adotando uma mentalidade
parecida com a dos católicos, a Igreja Presbiteriana do Brasil denunciou
tais esforços como sendo contrários ao Evangelho e expulsou de
seu seio pastores e leigos que participaram de lutas libertadoras. Na
verdade, quando o regime militar consolidou seu poder mediante atos
13 Ver Chistian Lalive D´Epinay, El refugio de las massas. Santiago: Pacífico, 1968. (Em português: O Refúgio
das Massas: estudo sociológico do protestatismo chileno. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970.)
14 Ver Richard Shaull e Waldo Cesar, Pentecostalism and the Future of the Christian Churches. Grand
Rapids:Eerdmans, 2000. (Em português: Pentecostalismo e Futuro das Igrejas Cristãs. Petrópolis/ S.
Leopoldo: Vozes/ Sinodal, 1999. NT)
15 J. Miguez Bonino, Rostros del protestantismo latinoamericano, cap. 1-3.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 193
19 Cipriano de Valera, mais conhecido pela edição revisada da Bíblia traduzida por Casiodoro de Reina (1602),
traduziu em 1597 a edição da Instituição de 1559. Não obstante, a maior parte da literatura disponível
atualmente cita a tradução inglesa dos comentários de Calvino ou dos textos originais latinos, o que sugere
que os leigos ou os não especialistas latino-americanos tiveram um acesso muito limitado à teologia de
Calvino. (Enquanto se amplia o espectro da atual investigação, estou me perguntando sobre a disseminação
e recepção da teologia de Calvino na América Latina, com o propósito de concluir este ponto com maior
certeza.) Aristómeno Porras confirma esta mínima influência da teologia de Calvino no continente ao afirmar
que Calvino e o calvinismo foram relevantes para o desenvolvimento do moderno Estado democrático na
América Latina, citando alguns textos importantes e influentes de ciência política, que mostram o papel
gerador da Instituição de Calvino. Ver A. Porras “Calvino e a cultura ocidental”, em Calvino Vivo, livro
comemorativo do aniversário de 450 anos da Reforma em Genebra (México: El faro, 1987, p. 149-157).
20 Florencio Galindo, El protestantismo fundamentalista: una experiencia ambígua para América Latina.
Estella: Verbo Divino, 1992, p. 107.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 195
21 S. Palomino López, “Herencia reformada y búsqueda de raíces”, em Calvino Vivo, p. 102-103. Também
neste livro, capítulo 9 (PJC).
196 JOÃO CALVINO E O CALVINISMO
22 João Calvino, Calvin´s Commentaries, v. XIX, reimpressão da Edinburgh edition, com vários editores e
tradutores. Grand Rapids: Baker Book House, reimpressão de 2003, p. 478- 479 (Romanos 13.1). Nota: foi
conservada a linguagem original.
23 J. Calvino, 1. A Instituição da Religião Cristã. S. Paulo: Editora UNESP, 2008. Tomo I, Livros I e II.
Tradução: Carlos Eduardo Oliveira com José Carlos Estêvão, Ilunga Kabebgele, Elaine Cristine Sartorelli
e Omayr José de Moraes Júnior. 2. A Instituição da Religião Cristã. S. Paulo: Editora Unesp, 2009. Tomo
II, livros III e IV. Tradução: Elaine Sertorelli, Omayr J. de Moraes Jr. IV, XX, ,31. As demais citações desta
obra de Calvino neste capítulo são extraídas desta edição e designadas apenas como A Instituição. NT.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 197
que, como súdito, não é dever do povo derrubar tiranos, “nada nos resta
senão implorar a ajuda do Senhor, em cujas mãos está o coração dos
reis e as mudanças dos reinos”. 24 O conselho de Calvino às vítimas da
opressão política – paciência e oração – se soma à aceitação passiva de
uma situação injusta, algo que os liberacionistas rechaçam, preferindo
uma resistência mais ativa ao invés da repressão.
Todavia, antes de descartar Calvino como recurso teológico para os
movimentos de libertação, é importante ter uma compreensão melhor
do contexto no qual ele fez esta advertência. As palavras da Instituição
citadas acima refletem as condições da França no momento em que
foram escritas (1535), quando os protestantes foram “cruelmente
oprimidos por um príncipe desumano”, “saqueados por um príncipe
avarento e pródigo”, “menosprezados e abandonados”, “afligidos pela
confissão do nome do Senhor por um rei sacrílego e infiel”.25 Estas
circunstâncias políticas devem ser consideradas quando se analisa a
advertência de Calvino. Tais palavras, que pedem para perseverar e
orar pela intervenção divina contra a crueldade humana, não devem ser
entendidas como uma justificação da passividade moral, uma vez que
a advertência feita aos “súditos” com escasso poder político é melhor
entendida como uma questão pastoral em relação a eles.
Em um país onde os súditos viviam sob a autoridade de um
monarca absolutista, que era defensor da ortodoxia católica – apesar
de suas alianças políticas com príncipes protestantes alemães – as
igrejas reformadas da França foram perseguidas como heréticas.
Enquanto, em 1525, menos de uma dezena de cidades havia abraçado
as práticas heréticas, em 1540, todas as regiões da França as haviam
examinado, com um número crescente de cidades que tentaram colocá-
las em prática a cada década, até 1560. A intensificação da marcante
perseguição aos protestantes ao longo da segunda metade da década de
1540 propiciou a primeira de várias ondas de refugiados para Genebra
e os escritos de Calvino apareceram continuamente no Index francês
26 Para uma história concisa das igrejas reformadas clandestinas na França, ver a discussão de Philip Benedict
sobre a construção e defesa de uma igrejas minoritária em Christ´s Churches Purely Reformed, p. 127-148.
27 Para um breve resumo sobre o caso dos Cartazes, ver Bernard Cottret, Calvin: A Biography. Trad. de M.
Wallace McDonald. Gand Rapids: Eerdmans, 2000, p. 82-88.
28 Ver Benedict, Christ´s Churches Purely Reformed, p. 66-67; Williston Walker, Richard Norris, David W.
Lotz e Robert Handy, A History of the Christian Church, 4a. ed. N. York: Charles Scribner´s Sons, 1985,
p. 455-465. (Em português: História da Igreja Cristã, 3ª. edição, S. Paulo: Aste, 2006.) Também Jaroslav
Pelikan, The Christian Tradition: Reformation of the Church and Dogma (1300-1700), Chicago,University
of Chicago Press, 1984, p. 313-322.
29 Calvino, cf. A Instituição, v. 1, p. 14, “Ao Potentíssimo e Ilustríssimo Monarca Francisco..”.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 199
30 Michael Satttler, “Brotherly Union of a Number of Children of God Concerning Seven Articles”, em The
Legacy of Michael Sattler, trad. e ed. de John H. Yorder, Scottdale, Herald Press, 1973, p. 37-38.
31 Ibid., p. 40.
200 JOÃO CALVINO E O CALVINISMO
49 Ibid. I, I, 1.
50 Ibid. I, I, 2.
51 Ibid. II, XVI, 3.
52 Ibid. I, VI, 1.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 207
53 Ronald S. Wallace, Calvin´s Docrtrine of the Word and Sacrament. Eugene, Wipf and Stock Publishers,
1982, reimpressão, 1997, p. 83.
54 Elsie Anne McKee, “Exegesis, Theology, and Development in Calvin´s Institutio. A Methodological
Suggestion”, em Elsie Anne Mckee and Brian G. Armstrong ed., Probing the Reformed Tradition: Historical
Studies in Honor of Edward A. Dowey, Jr. Louisville: Westminster/John Knox Press,1989, p. 155.
208 JOÃO CALVINO E O CALVINISMO
e juízos”. 63
A espada de Cristo é a Palavra pregada e seu cetro é o evangelho. Por
isso, não devemos nos surpreender diante do fato de que a pregação estava
no centro das atividades de Calvino em Genebra. Seu relacionamento
prolongado e difícil com o Conselho e o Consistório serve de modelo
para visualizar como a igreja utiliza a espada espiritual. Através do
sucessor de Calvino em Genebra, Teodoro Beza, percebemos o teor da
atuação de Calvino como pastor e mestre:
Além de pregar habitualmente todos os dias, semana após semana
e tantas vezes quanto lhe era possível, pregava duas vezes no
domingo. Ministrava aulas de teologia três vezes por semana,
participava das discussões no consistório e ditava uma conferência
inteira sobre a Escritura. Seguiu este programa sem interrupção até
a morte, inclusive em seu último período de enfermidade. 64
66 Amédée Roger, Histoire du peuple de Genève, 7 vs., Genève, J. Jullien, 1870-1883, v. 1, p. 86-94. Citado em
W. Fred Graham, The Constructive Revolutionary John Calvin and His Socio-Economic Impact. Richmond:
John Knox Press, 1971, p. 60. Aí se encontra uma descrição precisa, extraída diretamente das atas do Conselho,
das circunstâncias que provocaram o exílio de Farel e Calvino.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 213
67 Calvin, “Draft Ecclesiastical Ordinances (1541), p. 241. (Conforme tradução em português: “Ordenanças
Eclesiásticas (1541)”, em João Calvino Textos Escolhidos. Eduardo Galasso Faria ed., S. Paulo: Pendão
Real, 2008, p.197. NT)
214 JOÃO CALVINO E O CALVINISMO
68 Calvin, Ibid., p. 242, nota 21. (Conforme tradução em português: “Ordenanças Eclesiásticas , 1541”, em
João Calvino - Textos Escolhidos. Eduardo Galasso Faria ed., S. Paulo: Pendão Real, 2008, p. 199, Artigo
adicional. NT)
69 Ibid., citação dos registros do Conselho, 21 de maio de 1548.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 215
72 Ver Gustavo Gutiérrez, A Theology of Liberation: History, Politicis and Salvation. Trad. e ed. Sister Caridad
Inda e John Eagleson. Maryknoll: Orbis Books, 1988, rev., p. 3-12. (Em português: Teologia da Libertação,
Perspectivas. Petrópolis: Vozes, 1975. NT)
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 217
73 Ibid, p. XXXVIII.
74 Ibid, p. 76.
218 JOÃO CALVINO E O CALVINISMO
75 Calvino, Sermons on 2 Samuel: chapters 1-13. Trad. Douglas Kelly, Carlisle, The Banner of Truth Trust,
1992, p. 419.
76 Calvino, A Instituição, III, VIII, 8.
77 Para um inventário mais completo sobre a situação social de Genebra no século XVI, veja-se W. F. Graham,
The Constructive Revolutionary, p. 97-115; B. Cottret, Calvino, p. 157-181; P. Benedict, Christ´s Churches
Purely Reformed, p. 93-109, e Elsie Ann McKee, Diaconia in the Classical Reformed Tradition and Today.
Grand Rapids: W.B. Eerdmans Publishing Company, 1989, p. 47-60.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 219
78 Calvino, “Draft Ecclesiastical Ordinances (1541), p. 235-236. (Em português: João Calvino – Textos
Escolhidos. S. Paulo: Pendão Real, 2008, p. 191.)
79 Ver Jeannine E. Olson, Calvin and Social Welfare: Deacons and the Bourse Française. Cranbury, Associated
University Presses, Inc., 1989, para um estudo sobre esta situação em relação com os demais elementos do
sistema de beneficência na Genebra de Calvino. O autor observa que a Bourse Française (Bolsa Francesa,
NT) não é mencionada nas Ordenanças Eclesiásticas de 1541, uma vez que o fluxo maior dos refugiados
começou pouco tempo depois. Os registros indicam que, em algum tempo, por volta dos anos 1540, a
necessidade de um fundo alternativo de beneficência se tornou evidente e, em 30 de setembro de 1550, o
fundo foi estabelecido oficialmente.
220 JOÃO CALVINO E O CALVINISMO
80 Ibid, p. 39.
81 Calvino, “Draft Ecclesiastical Ordinances (1541)”, p. 237. (Em português: João Calvino – Textos Escolhidos,
S. Paulo: Pendão Real, p. 193. NT)
82 M. Taylor, “Immanetal and Prophetic”, p. 156.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 221
83 Para um panorama sobre a defesa de Calvino em favor dos refugiados franceses, ver W. F. Graham, The
Constructive Revolutionary, p. 97-115 e Olson, Calvin and the Social Welfare, p. 29-36. Para traduções da
correspondência pastoral de Calvino e a defesa em favor da justiça para as vítimas da perseguição política,
ver John Calvin. Writings of Pastoral Piety. Ed. e trad. Elsie Anne McKee, N. York, Paulist Press, 2001, p.
315-332.
84 J. Calvino, Writings on Pastoral Piety, p. 317-318.
222 JOÃO CALVINO E O CALVINISMO
Após a leitura destas cartas, fica claro que, para João Calvino, a
vida cristã não está isenta de lutas e aflição. Pelo contrário, a graça de
Cristo chega a nós em meio às provações da vida e, assim, nos permite
perseverar na fé apesar das adversidades, fazendo-nos compreender a
providência de Deus em meio à enfermidade, à prisão e inclusive, à
morte. Para ele, a vocação de todos os cristãos é “tomar a defesa dos
bons e inocentes contra as injustiças dos ímprobos, embora “incorra-se
necessariamente na ofensa e no ódio do mundo, e por isso nossa vida ou
nossa honra estarão sob perigo iminente”. 86
CONCLUSÃO
85 Ibid., p. 323.
86 Calvino, A Instituição III, VIII, 7.
REIVINDICANDO A TRADIÇÃO REFORMADA PARA A AMÉRICA LATINA 223