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INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE DADOS:

MENDELEY & IRAMUTEQ


VOLUME I

Coimbra, 2018

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Índice
Etapas de uma Investigação ..............................................................................................5
Primeira Etapa: Pergunta de Partida ou Problema de investigação .................................................... 6
Segunda Etapa: a exploração ............................................................................................................... 6
Terceira Etapa: A Problemática............................................................................................................ 8
Quarta Etapa: A Construção Do Modelo De Análise ............................................................................ 9
Quinta Etapa: A Observação .............................................................................................................. 12
Sexta etapa: A análise das informações ............................................................................................. 16
Sétima Etapa: Discussão e Conclusão ................................................................................................ 26

Anexo 1 ............................................................................................................................ 29

Anexo 2 ............................................................................................................................ 32

IRaMuTeQ passo-a-passo ................................................................................................ 32

1. Instale o software “R” .............................................................................................. 33


Análises do Iramuteq ...................................................................................................... 38
Tipos de análises possíveis com o IRAMUTEQ .................................................................. 40
Análises sobre corpus textuais:.......................................................................................................... 40
Análises sobre tabelas indivíduos / palavras: .................................................................................... 40
ANÁLISES SOBRE CORPUS TEXTUAIS .................................................................................................. 40
COMO ANALISAR DADOS TEXTUAIS NO IRAMUTEQ ......................................................... 44

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Índice de figuras
Figura 1: etapas de uma investigação ............................................................................... 5

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Uma análise fiável de dados é essencial para qualquer organização, já que só assim os
decisores podem tomar decisões fundamentadas. Mas analisar os dados não é o único
passo num processo analítico – para melhor suportar qualquer decisão temos que estar
aptos a planear o projeto; a recolher os dados; a aceder‐lhes e geri‐los facilmente; a
analisar os dados e, finalmente, a partilhar os resultados obtidos. O processo analítico
compõe‐se por cada uma destas etapas. Para executar uma análise completa, qualquer
analista necessita de um conjunto de ferramentas integradas e que lhes facilitem
o trabalho . É disso que trata este primeiro volume.

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ETAPAS DE UMA INVESTIGAÇÃO

1.ª etapa
• Pergunta de partida
• Formulação de um problema

2.ª etapa
• Exploração
• Literatura cientifica
• Métodos de recolha da informação

3.ª etapa
• Problemática

4.ª etapa
• Modelo de análise

5.ª etapa
• Observação

6.ª etapa
• Análise das informações
• analise dos dados

7.ª etapa
• Discussão
• Conclusão

FIGURA 1: ETAPAS DE UMA INVESTIGAÇÃO

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PRIMEIRA ETAPA: PERGUNTA DE PARTIDA OU PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO
A melhor forma de começar um trabalho de investigação em ciências da vida, consiste
em esforçar-se por enunciar o projecto sob a forma de uma pergunta de partida. Com
esta pergunta, o investigador tenta exprimir o mais exactamente possível aquilo que
procura saber, elucidar, compreender melhor. A pergunta de partida servirá de
primeiro fio condutor da investigação.
Para desempenhar correctamente a sua função, a pergunta de partida deve apresentar
qualidades de clareza, de exequibilidade e de pertinência:

As qualidades de clareza são: Ser precisa; Ser concisa e unívoca.


As qualidades de exequibilidade são: Ser realista; ser mensurável
As qualidades de pertinência são: Ser uma verdadeira pergunta; Abordar o
estudo do que existe, basear o estudo da mudança no funcionamento; Ter uma
intenção de compreensão dos fenómenos estudados.
A formulação do problema consiste em dizer, de maneira clara e compreensível, qual a
dificuldade que se procura resolver, limitando o seu campo e apresentando suas
características. A formulação deve ser enunciada a respeito de um problema
específico, limitado e bem caracterizado. Problemas genéricos acarretam dificuldades
grandes para a investigação. Para a formulação de qualquer problema científico, é
preciso considerar: o registo de dados, o enquadramento teórico, as premissas e as
incógnitas (Figueiredo & Pocinho).

SEGUNDA ETAPA: A EXPLORAÇÃO


Cumprida a 1.ª etapa é chegado o momento das leituras
A leitura da literatura crítica deve ser acompanhada de imediato pela redação de
notas(Quivy & Campenhoudt, 1992). Do trabalho realizado nas bibliotecas (clássicas e
eletrónicas), resulta uma massa de informação armazenada pelo investigador, em
formato de papel e ficheiros informáticos.

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A pesquisa das fontes primárias (autores do estudo original) deve ser realizada quando
o trabalho de consulta da literatura crítica já vai num estado muito avançado, porque:
a) Parte importante das fontes primárias pode ser identificada a partir da
literatura crítica. O trabalho de heurística sobre as fontes primárias, impressas e
manuscritas, deve assentar num conhecimento tanto quanto possível exacto das que
já foram anteriormente estudadas.
b) Iniciar cedo demais a pesquisa das fontes primárias pode ocasionar a
repetição inútil de trabalho feito por outros (esforço desnecessário para localizar
fontes já estudadas ou, pelo menos, conhecida; transcrição de manuscritos já
publicados). Da mesma forma, também se deve começar pela consulta das publicações
eletrónicas e só depois as impressas e manuscritas.
Assim este processo implica:
Identificar as fontes de informação relevantes para o tema
Inventariar os documentos pertinentes, anotando as referências e as
características
o Comece pela sua pergunta de partida;
o Identifique em conformidade os temas de leitura que lhe parecem mais
relacionados com a pergunta de partida;
o Faça o registo preliminar desses temas;
Recolher diferentes perspectivas
Ler e tirar notas
Confrontar documentos, ideias e pontos de vista
Trocar ideias com diferentes interlocutores
o Consulte algumas pessoas informadas;
o Proceda à pesquisa de documentos, valendo-se das técnicas de
pesquisa bibliográfica disponíveis nas bibliotecas (clássicas e
eletrónicas).

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TERCEIRA ETAPA: A PROBLEMÁTICA
A problemática é a abordagem ou a perspectiva teórica que se decide adoptar para
tratar o problema colocado pela pergunta de partida.
É uma maneira de interrogar os fenómenos estudados.
Construir a sua problemática é atribuir uma resposta à pergunta acerca de como
abordar o fenómeno em estudo(Quivy & Campenhoudt, 1992).
Conceber uma problemática pode fazer-se em dois momentos:
1. Num primeiro momento faz-se o balanço das problemáticas possíveis,
elucidam-se e comparam-se as suas características. Para esse efeito, parte-
se dos resultados do trabalho exploratório. Com a ajuda de pontos de
referência (esquemas de inteligibilidade, modos de explicação) fornecidos
pelas aulas teóricas ou por obras de referência, tenta-se esclarecer as
perspetivas teóricas que subentendem as abordagens encontradas e podem
descobrir-se outras;
2. Num segundo momento escolhe-se e explicita-se a sua própria problemática
com conhecimento de causa. Escolher é adoptar um quadro teórico que
convenha ao problema e sobre o qual se tenha um domínio suficiente. Para
explicar a sua problemática redefine-se da melhor forma possível o objeto
da investigação, precisando o ângulo sob o qual se decide abordá-la e
reformulando, se necessário, a pergunta de partida, de modo que ela se
torne a pergunta central da investigação. Paralelamente, expõe-se a
orientação teórica escolhida, o referencial teórico, reorganizando-o em
função do objeto de investigação, de forma a obter um «sistema conceptual
organizado» apropriado ao que se investiga.
O referencial teórico é a base que sustenta qualquer pesquisa científica. Antes de
avançar, é necessário conhecer o que já foi desenvolvido por outros pesquisadores.
Assim, o estudo da literatura, contribui em muitos sentidos: definição dos objetivos do
trabalho, construções teóricas, planeamento da pesquisa, comparações e validação.
Após a definição do assunto a pesquisar elabore o referencial teórico, segundo o
método REVISÃO (Reunir; Estruturar; Verificar; Identificar; Selecionar; Apresentar e Otimizar):

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1. Reúnir a bibliografia. Comece com pelo menos 25 referências para ter
uma visão panorâmica sobre o assunto.
2. Estruturar o trabalho, observando com atenção as referências e
identificando a estrutura hierárquica do assunto que pesquisa, nas
obras que consulta. A estrutura hierárquica vai do assunto mais geral ao
mais específico.
3. Verificar a cientificidade da bibliografia reunida, leia com atenção e liste
as ideias principais.
4. Identificar as ideias principais a serem aproveitadas no trabalho. Não se
esqueça de indicar as fontes de cada ideia. Para o efeito atribua um
rótulo a todas as ideias para facilitar sua referência futura
5. Selecionar e seccionar as ideia e organizá-las por assunto (normalmente
entre 3 a 4 secções e 3 ou 4 subseções para cada secção).
6. Apresentar o referencial teórico seguindo a sequência hierárquica
predefinida. As ideias abordadas por diversos autores são as mais
consistentes e por isso preferenciais.
7. Otimize o referencial teórico sintetizando as principais ideias discutidas
no seu texto e apontando para as questões de pesquisa em aberto na
literatura.

QUARTA ETAPA: A CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE


O modelo de análise é o prolongamento natural da problemática.
Articula de forma operacional as teorias que serão finalmente retidas para orientar o
trabalho de observação e da análise composto por conceitos e hipóteses.
O modelo de análise consiste na construção de hipóteses. Estas apresentam-se sob a
forma de proposições de resposta às perguntas postas pelo investigador e constituem
respostas provisórias e relativamente sumárias que guiarão o trabalho de recolha e
análise dos dados e que terão, por sua vez, de ser testadas, corrigidas e aprofundadas.
A sua formulação pode ter por base dois métodos:
O hipotético-indutivo, cuja construção parte da observação, o indicador é de
natureza empírica, e a partir dele constroem-se novos conceitos e hipóteses;

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O hipotético-dedutivo, em que a construção parte de um conceito que é a base
do modelo de interpretação, este modelo gera hipóteses, conceitos e
indicadores para os quais se terão de procurar correspondentes no real.
Uma hipótese é uma proposição que prevê uma relação entre dois termos que,
segundo os casos, podem ser conceitos ou fenómenos. É, portanto, uma proposição
provisória, uma suposição que deve ser verificada. Por conseguinte, a hipótese será
confrontada, numa etapa posterior da investigação, com dados de observação.

FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES
Uma hipótese científica deve ser apresentada usando referências claras e observáveis,
não podendo depender de interpretações subjetivas. Como Já foi mencionado o
problema científico é enunciado sob a forma de uma sentença interrogativa; já a
hipótese, por sua vez, constitui uma sentença afirmativa. Por Exemplo. “Fumar causa
cancro de pulmão”.
A proposição "Fumar causa cancro de pulmão " é uma hipótese. Hipóteses científicas
são proposições que especificam a natureza da relação entre dois ou mais conjuntos de
observações. No exemplo exposto, o primeiro conjunto de observações relaciona-se
com o hábito de fumar, e o segundo, relaciona-se com as modificações das
observações ou medições do estado clínico dos doentes no que se refere ao cancro do
pulmão.

CARACTERÍSTICAS DA HIPÓTESE CIENTÍFICA


As hipóteses devem apresentar algumas características para que sejam cientificamente
aceitáveis:
Contestabilidade Empírica
Compatibilidade da hipótese com o conhecimento científico existente
Uma boa hipótese só pode ser feita quando já se tem algum domínio do tema em
pesquisa, de forma que se possa fazer uma predição, mais ou menos elaborada, sobre
o que esperar durante a pesquisa.
Sendo que o papel da suposição é de orientação, ela deve ser capaz de poder
estabelecer relações entre os diversos elementos do problema e precisam ser
colocadas como relações de causa-efeito, precisa correlacionar aspectos do problema,

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ser aceite, ou rejeitada, com a realização de experimentos, pesquisas ou análises. A
resposta a uma boa teoria deve ser conclusiva, do tipo: a afirmação ou é verdadeira ou
não é, não sendo possível considerar válida somente uma parte dela, ou aceitá-la sob
ressalva.
A situação hipotética deverá ser escrita de modo simples, de escrita bem
esclarecedora e deve resumir o mínimo possível de elementos variáveis, de
preferência construir uma hipótese para cada variável, permitindo a aceitação ou
rejeição; deve ser passível de verificação por experimentos, pesquisas ou análises;
cada situação hipotética deve ter limites, não podendo albergar todas as variáveis do
problema de pesquisa; deve determinar a relação entre variáveis da pesquisa e a sua
redação deve ser simples e direta.

VARIÁVEIS
Variável é, convencionalmente, o conjunto de resultados possíveis de um fenómeno.
As variáveis podem ser:
a. Quantitativas – quando seus valores são expressos em números (salários dos
operários, idade dos alunos de uma escola etc.). Uma variável quantitativa que
pode assumir, teoricamente, qualquer valor entre dois limites recebe o nome
de variável contínua (resultam de infinitos valores possíveis que correspondem
a alguma escala contínua que cobre um intervalo de valores sem vazios,
interrupções ou saltos); uma variável que só pode assumir valores pertencentes
a um conjunto enumerável (Isto é, o número de valores possíveis é 0, ou 1, ou 2
e assim por diante) recebe o nome de variável discreta.
b. Qualitativas – quando seus valores são expressos por atributos: sexo
(masculino – feminino), cor da pele (branca, preta, amarela, vermelha, parda)
etc.;
Outra maneira comum de classificar dados é usar quatro níveis de mensuração:
nominal, ordinal, intervalar e razão.
Existe ainda a definição de variáveis segundo a naturesa da sua contribuição para a
explicação do fenómeno em estudo: variável dependente (a que é explicada) e
variável independente (a que explica).

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QUINTA ETAPA: A OBSERVAÇÃO
A observação compreende o conjunto das operações através das quais o modelo de
análise é confrontado com dados observáveis. Ao longo desta etapa são, reunidas
numerosas informações, que serão analisadas sistematicamente numa etapa
posterior.
Conceber esta etapa de observação equivale a responder a três perguntas: Observar o
quê? Em quem ou quantos? Como?
Observar o quê? O que é pertinente.
Os dados a reunir para a verificação das hipóteses ou resposta às questões são
determinados pelos indicadores das variáveis e chamam-se dados pertinentes ou
principais. O conhecer o nível de mensuração das variáveis é fundamental para esta
fase.
VARIÁVEIS (DADOS) QUANTITATIVAS CONTÍNUAS E DISCRETAS
Quando trabalhamos com dados quantitativos, é importante usar as unidades de
medida apropriadas, tais como dólares, horas, metros, e assim por diante. Devemos
ter especial cuidado em observar referências como “todas as quantidades estão em
milhares de dólares” ou “todos os tempos estão em centésimos de segundo” ou “as
unidades são quilogramas”. Ignorar tais unidades de medida pode levar a conclusões
muito erradas.
O Nível Intervalar de Mensuração é como o nível ordinal, com a propriedade adicional
de que a diferença entre quaisquer dois valores de dados tem significado real. No
entanto, os dados nesse nível não têm um ponto inicial zero natural, mas uma unidade
de medida (arbitrária, porém fixa) como é o caso das Eras marcadas por Anos: Os anos
1000, 2000, 1776 e 1492. (O tempo não começa no ano 0, de modo que o ano 0 é
arbitrário e não um ponto inicial zero natural que represente “nenhum tempo”.). O
zero é relativo, isto é, convencional como é o caso das escalas termométricas. O zero
é convencional em todas, bem como a distância entre dois traços contíguos – os
chamados GRAUS. O valor de 0ºC pode parecer um ponto inicial, mas é arbitrário e não
significa ausência total de calor. Como 0ºC não é um ponto inicial zero natural, é
errado dizer que 50ºC é duas vezes mais quente do que 25ºC. Mas não há dúvida de
que A é bem mais quente que B.

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O Nível de Mensuração de Razão é o nível intervalar com a propriedade adicional de
que há também um ponto inicial zero natural (onde zero indica que nada da
quantidade está presente). Para valores nesse nível, diferenças e razões são, ambas,
significativas. O 4º nível define a chamada escala de razão ou RACIONAL. Essa escala é
muito parecida com a anterior, excepto quanto à origem: o zero é absoluto, isto é, o
zero é ausência do atributo.
Em função disso, todas as operações aritméticas passam a ter sentido e, portanto,
NÃO HÁ CÁLCULO QUE NÃO POSSA SER FEITO.
Exemplos:
Preços: Os preços de livros-texto (€0,00 representa nenhum custo, e um livro de
€180,00 custa o dobro de um livro de €90,00).
Este nível de mensuração é chamado nível de razão porque o ponto inicial zero torna
as razões significantes.
VARIÁVEIS QUALITATIVAS (OU CATEGÓRICAS) NOMINAIS E ORDINAIS
O Nível Nominal de Mensuração é caracterizado por dados que consistem em nomes,
rótulos ou categorias apenas. Os dados não podem ser ordenados (tal como do menor
para o maior). É o nível de mensuração mais baixo, mais rudimentar possível. Sua
escala de medida chama-se NOMINAL. A base, o fundamento para a atribuição dos
números é de natureza QUALITATIVA, DISTINTIVA.
Os dados nominais não têm ordenação ou significado numérico, pelo que não devem
ser usados para cálculos. Algumas vezes, usam-se números associados às diferentes
categorias (especialmente quando os dados são codificados para computador), mas
esses números não têm qualquer significado matemátimo e qualquer média calculada
com eles não tem sentido. Este nível de mensuração presta-se a CODIFICAÇÕES e estas
comportam, no máximo, CONTAGENS.
Exemplos:
o Sim/não/indeciso; vermelho, preto, azul, branco;casado, solteiro, viúvo;
etc….
o Números de telefones: 239 488030
o Número de processo clinico: 45061967
o Número de identificação: 10

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O Nível Ordinal de Mensuração podem ser classificados segundo uma ordem lógica,
mas diferenças entre os valores dos dados (códigos) ou não podem ser determinadas
ou não tem significado. Este nível já é um pouco mais elaborado que o anterior e
corresponde ao que popularmente se designa por ORDENAÇÃO; a escala de medida
chama-se ORDINAL.
Exemplo:
o Postos: ranking das 5 mulhores universidades portuguesas ”. Esses postos
(primeiro, segundo, terceiro, e assim por diante) determinam uma
ordenação. No entanto, as diferenças entre os postos não têm significado.
Por exemplo, a diferença de “segundo menos primeiro” pode sugerir 2 - 1 =
1, mas essa diferença de 1 não tem significado porque não é uma
quantidade que possa ser comparada a outras tais diferenças. A diferença
entre a primeira e a segunda, universidade, não é a mesma que a diferença
entre a segunda e a terceira instituição.
o Classificações de uma disciplina: Um professor de faculdade atribui notas
A, B, C, D ou F. Essas notas podem ser arranjadas em ordem, mas não
podemos determinar as diferenças entre elas. Por exemplo, sabemos que A
é maior do que B (assim, há uma ordem), mas não podemos subtrair B de A
(assim, a diferença não pode ser encontrada).
o Notas de uma disciplina: se o João tirou 18 e Margarida, 9, podemos
concluir que João sabe mais que Margarida, embora NÃO se possa concluir
que João saiba o dobro do que ela sabe, daí que apesar de produzirem
medidas numéricas que permitem obter médias com sentido, esta variável
seja, muitas vezes, tratada como ordinal.
Dados ordinais fornecem informações sobre comparações relativas, mas não as
magnitudes das diferenças. Usualmente, os dados ordinais não devem ser usados para
cálculos, tais como uma média, mas essa orientação é, algumas vezes, violada (tal
como quando usamos as notas para calcular o desempenho médio da turma).

Observar em quem ou quantos? O conjunto da população considerada ou somente


uma amostra representativa ou significativa desta população. Trata-se, pois, de

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circunscrever o campo das análises empíricas no espaço geográfico e social, bem como
no tempo.
Existem regras para se selecionar uma amostra, pelo que é necessário compreender os
conceitos. Primeiro deve-se definir a a unidade de observação. Isto é: são pessoas,
documentos ou fenómenos? Depois devem-se escolher corretamente os sujeitos do
estudo para garantir que os resultados representem fielmente o que ocorre na
população de interesse. A saber
• População é um conjunto completo de pessoas que apresentam um
determinado conjunto de características (parâmetros), e amostra é um
subconjunto da população. O Caso é o objecto de interesse num
indivíduo (doença, resultado clinico, etc), enquanto a população é o
grupo de onde são originados os casos.
Podemos distinguir dois tipos de amostragem: a probabilística e a não-probabilística. A
amostragem será probabilística se todos os elementos da população tiverem
probabilidade conhecida, e diferente de zero, de pertencer à amostra. Caso contrário,
a amostragem será não probabilística.
As técnicas da estatística pressupõem que as amostras utilizadas sejam probabilísticas,
o que muitas vezes não se pode conseguir. No entanto o bom senso irá indicar quando
o processo de amostragem, embora não sendo probabilístico, pode ser, para efeitos
práticos, considerado como tal. Isso amplia consideravelmente as possibilidades de
utilização do método estatístico em geral.
A utilização de uma amostragem probabilística é a melhor recomendação que se deve
fazer no sentido de se garantir a representatividade da amostra, pois o acaso será o
único responsável por eventuais discrepâncias entre população e amostra, o que é
levado em consideração pelos métodos de análise da Estatística Indutiva.
Amostras não-probabilísticas são também, muitas vezes, empregadas em trabalhos
científicos, por simplicidade ou por impossibilidade de se obterem amostras
probabilísticas, como seria desejável. No entanto processos não-probabilísticos de
amostragem têm também sua importância. Sua utilização, entretanto, deve ser feita
com cuidado.

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SEXTA ETAPA: A ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES
Apenas conhecemos corretamente um método de investigação depois de o termos
experimentado. Antes de escolhermos um é, portanto, indispensável asseguramo-nos,
junto de investigadores que dominem bem, da sua pertinência em relação aos
objetivos específicos de cada trabalho, às suas hipóteses e aos recursos de que
dispomos. Os panoramas que apresentamos não substituem, de forma alguma, esta
maneira de proceder, mas pensamos que pode ser útil para a preparar.
O termo «método» já não é aqui entendido no sentido lato de dispositivo global de
elucidação do real, mas num sentido mais restrito, o de dispositivo específico de
recolha ou de análise das informações (assunto desta sexta etapa), destinado a testar
hipóteses de investigação. Neste sentido restrito, a entrevista de grupo, o inquérito
por questionário ou a análise de conteúdo são exemplos de métodos de observação.
No âmbito da aplicação prática de um método podem ser utilizadas técnicas
específicas, como, por exemplo, as técnicas de amostragem. Trata-se então de
procedimentos especializados que não têm uma finalidade em si mesmo. Da mesma
forma, como já referimos, os dispositivos metodológicos fazem necessariamente apelo
a disciplinas auxiliares, como, a matemática, a estatística, medicina, psicologia social…
Partindo do pressuposto que o método é o caminho pelo qual fazemos algo, de
maneira a atingir um objetivo que exige a organização do conhecimento e experiências
prévias, então temos que definir o foco da pesquisa para determinar o método.

Quantitativa Qualitativa
Explicativa Compreensiva
preocupa-se com as causas preocupa-se com o“como”: em compreender os
fenômenos, se refere ao mundo dos símbolos

o objecto de estudo é o facto o objecto de estudo é o significado


o investigador afasta-se do facto investigado o investigador envolve-se com o fenomeno de
interesse
o objetivo da pesquisa é a testagem de o objetivo da pesquisa é a compreensão;
hipóteses; descrição e estabelecimento de explanação,apreensão e interpretação da relação
correlações (estatísticas) e causais entre factos de significações dos fenómenos para os indivíduos
e a sociedade
a amostra é representativa de uma população a amostra é Intencional: sujeitos individualmente
eleitos; tamanho pequeno

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a análise de dados é feita com recurso a A análise de é de conteúdo: categorias por
Técnicas estatísticas, habitualmente feitas por relevância teórica de repetição
especialistas
os intrumentos de dados permitem a obtenção Os instrumentos de recolha de dados permitem a
de resultados objectivos e fidedignos obtenção de resultados válidos
os resultados são expressos em linguagem Tópicos redigidos, com observações do campo e
matemática (tabelas, quadros), habitualmente citações literais(falas), não separados da discussão
em separado no relatório
a discussão dos resultados levam à Existe discussão e Interpretação simultânea à
confirmação ou rejeição das hipóteses apresentação de resultados, revisão de hipóteses,
previamente definidas e consequente conceitos ou pressupostos
generalização dos resultados e conclusões
NB: O melhor método de analise das informações é sempre aquele que mais ajuda na
compreensão do fenómeno a ser estudado

Estudo Piloto
É um experimento praticamente idêntico ao projetado para uma investigação, contudo
preliminar e exploratório, é realizado antes da execução da experiência definitiva. O
estudo piloto é útil em vários aspetos da investigação, orientando o pesquisador
quanto à constituição dos grupos de estudo, às características da solução desejada, à
adequação das técnicas utilizadas e à exequibilidade da pesquisa.

Estratégias de análise de dados

SE A ABORDAGEM FOR QUANTITATIVA


Primeiro examine seu estudo, identifique o que quer com sua análise estatística,
devendo, para isso, especificar claramente as várias questões a que quer que sua
análise estatística responda (conhecer a associação ou verificar as diferenças). Comece
por escrever as suas questões de pesquisa e hipóteses. Depois identifique a variável
dependente e independente bem como os seus níveis de mensuração. Apos estar na
posse dessa informação consulte a figura que se segue e vai ver que tudo começa a
ficar mais fácil.
Como segundo passo na escolha da estatística apropriada, verifique se sua variável
dependente é adequada para a estatística paramétrica. A estatística paramétrica
envolve pelo menos dois pressupostos iniciais: o primeiro é se a variável dependente

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segue uma distribuição normal e, o segundo, é se os dados entre diferentes sujeitos
são independentes ou emparelhados/relacionados. Portanto, uma variável
dependente qualitativa ou categórica não se enquadra neste tipo de estatística,
devendo usar o enfoque da estatística não paramétrica.
Assim recorremos a estatística paramétrica quando analisamos variáveis
dependentes contínuas. Se essas variáveis violam os pressupostos e não tem como
corrigir essa violação, então deve utilizar a estatística não paramétrica. Só tem duas
opções: ou aprende a lidar com a Estatística não paramétrica ou então aumenta o
tamanho da amostra.
Examine cada variável dependente uma por uma nesse processo. Nem todas terão as
mesmas características.
NIVEIS DE MENSURAÇÃO

Nominal Ordinal Quantitativa


Testes para uma
amostra/ variável TESTE DE QUI-QUADRADO -TESTE DE KOLMOROGOV-
DA ADERÊNCIA SMIRNOV
TESTE DE QUI-QUADRADO DA TESTE DE KOLMOROGOV- -TESTE T PARA UMA
ADERÊNCIA SMIRNOV AMOSTRA *

Variáveis Independentes
Qualitativas Quantitativa
Nominal Nominal/ dicotómica Ordinal/ Grupo
TESTE DE QUI-QUADRADO DA TESTE DE QUI-QUADRADO Regressão
INDEPENDENCIA DA INDEPENDENCIA
KAPPA DE COHEN
Variáveis Dependentes

MACNEMAR

Q DE COCHRAN

Ordinal TESTE DE QUI-QUADRADO


INDEPENDENCIA
DA TESTE DE QUI-QUADRADO
DA INDEPENDENCIA
RHO DE SPEARMAN

TESTE DE U DE MANN-WHITNEY (2) RHO DE SPEARMAN

TESTE DE H DE KRUSKAL-WALLIS (+2) W DE WILCOXON (2)

KAPPA DE COHEN (2)

Quantitativa TESTE T DE STUDENT PARA DADOS


INDEPENDENTES * (2)
TESTE T DE STUDENT
EMPARELHADOS * (2)
W DE WILCOXON (2)
TESTE DE U DE MANN-WHITNEY (2)

TESTE ANOVA DE UM CRITÉRIO E R DE PEARSON *


RESPECTIVO POST-HOC * (+3)
RHO DE SPEARMAN RHO DE SPEARMAN

TESTE DE H DE KRUSKAL-WALLIS e U POR TESTE ANOVA MEDIDAS


GRUPO (+3) REPETIDAS * (+2)
TESTE FRIEDMAN (+2)

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Definir quais as estratégias estatísticas a utilizar exige o conhecimento das lições
anteriores.
As mais robustas estratégias estatísticas exigem que as variáveis apresentem
propriedades intervalares para que sejam obtidos resultados fidedignos.
Contudo na investigação com seres humanos nem sempre é possível termos variáveis
quantitativas, por isso para cada teste estatístico paramétrico existe um equivalente
não paramétrico mas destes últimos existem vários que não tem equivalente
paramétrico.

Por exemplo se tanto a nossa variável dependente (VD) quanto a independente (VI)
forem nominais e quisermos conhecer a associação entre elas podemos recorrer ao
qui-quadrado (x2) da independência; se ambas forem ordinais podemos recorrer ao
rho de spearman mas se forem quantitativas e cumprirem com os restantes pré-
requisitos da estatistica paramétrica (simétricas, mesocurticas e distribuição normal)
podemos utilizar o teste r de Pearson.

Se em vez de querermos ver umas associação ou correlação pretendermos verificar se


existem diferenças na distribuição de uma variável (VD) em função de outra com nivel
de mensuração nominal e dicotómica (VI) então podemos utilizar o teste t de Student
para amostras independentes (caso estejam cumpridos os prerequisitos impostos à VD
ié, quantitativa, simétrica e apresente distribuição aproximadamente normal) ou o seu
equivalente não paramétrico u de Mann-Whitney (caso não estejam cumpridos os pré-
requisitos da estatistica paramétrica mas a VD tenha um nivel de mensuração no
minimo ordinal).

Para além das análises supra apresentadas tem outras mais robustas, como é o caso
das regressões, das factoriais ou descriminantes. Adeqúe a estratégia ao seu objectivo.

SE A ABORDAGEM FOR QUALITATIVA


O método quantitativo é oriundo da corrente filosófica Positivista enquanto o
posicionamento metodológico qualitativo é oriundo do Interpretacionismo.

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Os estudos qualitativos apresentam-se como tipos de estudo, o estudo de campo,
estudo de casos, Investigação-ação ou Investigação participante, para os quais não há
fórmulas ou receitas predefinidas para direcionar os pesquisadores. Basicamente, a
análise dos dados depende diretamente da capacidade e do estilo do pesquisador,
contudo as três etapas que geralmente são seguidas na análise de dados qualitativos
são redução, exibição e conclusão/verificação.
A redução constitui-se no processo de seleção, que abrange a focalização,
simplificação, abstração e a transformação de dados originais em sumários
organizados de acordo com os padrões definidos pelos objetivos originais da pesquisa.
A redução corresponde ao início do processo analítico, nesta etapa são tomadas
decisões de organização, agrupamento e codificação de categorias. A
A exibição/apresentação equivale à organização dos dados oriundos do
processo de seleção, faculta a análise sistemática das semelhanças e diferenças e seu
inter-relacionamento. A análise de informações na etapa de apresentação pode ser
constituída por textos, diagramas, mapas, ou matrizes formando uma nova maneira de
organizar as informações.
A conclusão/verificação, distinta do modelo adotado nas pesquisas
quantitativas, consiste na elaboração de revisão para conceituar o significado dos
dados, suas regularidades, padrões e explicações, para posteriores testes de validade.
O modelo qualitativo expressa que as conclusões obtidas são dignas de crédito,
defensáveis, garantidas e capazes de suportar explicações alternativas.

Quando der inicio ao seu estudo qualitativo, primeiro examine seu estudo, defina as
categorias conceptuais. As categorias são conceitos indicados pelos dados — não são
os dados propriamente ditos. Defina as propriedades que descrevem as categorias em
análise, as possibilidades, laços, ligações entre as categorias e suas propriedades

Como na pesquisa qualitativa, são utilizadas observações e entrevistas – que podem


ser abertas ou semiestruturadas, conforme um plano pré-estabelecido. As informações
colhidas nem sempre rendem comparações exatas como na metodologia quantitativa,
mas a ideia é compreender as particularidades de uma situação.

Margarida Pocinho Página 20


As variáveis acima citadas também servem para ponderar os dados obtidos. No
entanto, em vez de gráficos ou tabelas, o investigador tem de ser mais narrativo e
descritivo. O relatório fica mais calcado nas descrições e na seleção de trechos
importantes e dos depoimentos.
A transcrição completa das entrevistas ou dos cadernos de campo pode aparecer nos
apêndices do trabalho. Já o texto principal deve conter apenas as passagens
relevantes, que ajudem a atingir os objetivos e responder ao problema de pesquisa.
O processo de investigação qualitativa é indutivo, no sentido em que o investigador
constrói os próprios conceitos, abstrações, princípios e teorias a partir dos detalhes.

Como segundo passo gere as questões analíticas (são questões eventualmente mais
distantes das questões do estudo mas próximas de conceitos ou conduzindo a
conceitos associados, as questões analíticas ligam-se a conceito e a ligação/articulação
dos conceitos constitui a teoria substantiva)
• Desenvolva as categorias através da contagem (frequências), das
regularidades, da avaliação de plausibilidades; agrupando o que parece
semelhante segundo um dado critério (clustering) e construir metáforas.
separar variáveis . Deve proceder ao factoring (colocar hipóteses de que factos
ou palavras aparentemente díspares têm algo em comum ou são algo em
comum), identificar relações entre variáveis e variáveis intervenientes e por fim
construir cadeias lógicas de evidência (integração de categorias e hipóteses)

Margarida Pocinho Página 21


Nesta fase deve proceder à Identificação das Ideias Centrais (IC), das Expressões
Chaves (EC) e enquadrá-la numa teoria para uma posterior construção e análise do
Discurso do Sujeito Coletivo (DSC).
Uma escolha analítica pode ser exemplificada desta forma
Objetivo IC EC Teoria DSC
1 A gestão Holística se As relações sociais
preocupa com a interação de trabalho
da organização como um remetem ao sentido
“(…) eu sinto que somos todo e não com a soma das das relações
mais do que colegas ou partes isoladas e para isso familiares
Entrega
colaboradores, somos depende em especial das
uma família” pessoas que organizam o
trabalho sob a forma de
1
células autogeridas .

“(…) sempre se reparte,


mas quem trabalha mais A justiça é percebida
e tem mais como uma atitude
Justiça
responsabilidades indispensável
Conhecer as merece ganhar mais
principais (…).”
características
Justiça organizacional: as
da gestão
perceções de justiça são
participada
incrementadas, se ocorre
“(…) se for necessário,
um tratamento digno e
trabalhamos nas folgas
respeitador por parte da A cooperação
para que cumprirmos
chefia, o grau de aceitação fortalece as relações
Cooperação com as datas acordadas.
das decisões aumenta e
(…) Estivemos no
surgem várias reações
processo não os vamos 2
deixar na mão.” positivas .

A participação
“(…) todos devem
agrupa todos os
Participação participar. O interesse é
elementos
de todos”

1
Leite, Francisco Tarciso & outros (2000) Por uma Teoria da Gestão Participativa: Novo Paradigma de
Administração Para o Século XXI. Fortaleza: Universidade de Fortaleza
2
Rego, A. (2002) Comportamentos de Cidadania nas Organizações, Amadora, McGraw-Hill

Margarida Pocinho Página 22


Mas as análises de dados textuais ou lexicais também podem (e devem) ser realizadas
através de software como é o caso do IRAMUTEQ (veja anexo2).
Ao contrário dos estudos quantitativos que estão vocacionados para analisar medidas
ou algo que seja mensurável, os estudos qualitativos têm como foco analisar factos ou
fenómenos que não podem ser mensurados através de unidades de medidas ou
mesmo sendo mensuráveis, pretende-se analise o aspeto simbológico do fenómeno.
Assim, um estudo quali ou quanti deve ser configurado em função da forma de análise
dos dados pretendida e não do tipo de dado recolhido. Ambas as tipologias possuem
vários MÉTODOS para delinear os estudos, o que configura-se em outra forma de
caracteriza o estudo. Por exemplo, um estudo quantitativo pode ser transversal ou
coorte, dependendo como as variáveis de desfecho e independentes são coletadas. Da
mesma forma, os estudos qualitativos também têm sua classificação baseada a partir
do modo que os dados são colhidos. O equívoco que muitos pesquisadores cometem
está em confundir dados qualitativos com análise qualitativa. São coisas distintas e
precisam ser esclarecidas:
Os dados qualitativos provém de variáveis qualitativas, as quais têm a característica de
adjetivar ou qualificar os participantes. Por exemplo: o nome do indivíduo, cor do
olhos, sexo, classe social e outros.
Os dados qualitativos podem ser analisados de forma Quanti ou Quali. Quando se
utiliza uma análise para verificar quantas vezes o nome "Maria" surge num texto ou
entrevista, ou se pretende observar quais grupos de palavras são mais comuns entre
homens e mulheres, se aplica-se uma abordagem Quanti do tipo “análise de
frequências”, com envolvimento de contagem e probabilidades. Por outro lado, ao se
analisar os dados de uma entrevista sob a ótica simbológica das palavras produzimos
uma análise Quali, como na Análise de Discurso de Bardin.

Margarida Pocinho Página 23


Como esclarecido acima, podemos analisar dados qualitativos, como textos e
entrevistas transcritas, através de uma estratégia quantitativa, seja para estimar a
frequência de palavras, comparar grupos quanto às frequências de palavras ou mesmo
análises mais complexas e multivariada com diversas variáveis incorporadas na análise
como no método Classificação Hierárquica Descendente (CHD) presente no
IRAMUTEQ.

Desta forma, fica evidente que estudos que analisam os dados textuais através dos
métodos expostos anteriormente são da tipologia quantitativa. Mas isto não restringe
o estudo apenas a esta tipologia, podendo também integrar abordagens qualitativas
por meio dos diversos métodos de análise simbólica.

Outro fator muito importante reside em interpretar as análises produzidas pelos


métodos estatísticos embutidos nos softwares de análise de texto junto ao corpo
integral do texto ou entrevista não caracteriza-se como tipologia qualitativa. A
interpretação dos resultados é parte inerente à qualquer abordagem, seja ela Quanti
ou Quali. Da mesma forma que interpreto a análise em uma tabela de contingência

Margarida Pocinho Página 24


após um teste qui-quadrado, preciso também interpretar as análises na CHD e os
dendrogramas produzidos a luz do contexto maior, e isto não se traduz em abordagem
qualitativa. É preciso existir uma teoria simbológica por traz da interpretação para
configura-se em uma abordagem qualitativa.

É preciso acrescentar que os softwares estatísticos são apenas ferramentas que


aceleram o processo de análise por meio de algoritmos matemáticos.

Os métodos de análise são as teorias e as fórmulas de cálculos utilizados nos


aplicativos computacionais.

SE A ABORDAGEM FOR MULTI-MÉTODOS OU MIXED METHODS


A abordagem multimétodos parte do princípio que não existe um método específico
que seja mais apropriado, mas que todos os métodos têm falhas e vantagens que
podem ser compensadas e reunidas num mesmo programa de pesquisa (Sommer &
Sommer, 1980; Webb, Campbell, Schwartz, Sechrest & Grove, 1981). No prefácio do
Handbook of Mixed Methods in Social and Behavioral Research os editores chamam de

Margarida Pocinho Página 25


“terceiro movimento metodológico” o esforço de se usar métodos combinados de
pesquisa. Surge, portanto, como resultado das controvérsias envolvidas entre os dois
movimentos anteriores: a pesquisa quantitativa, que dominou a maior parte do século
XX, e a reação de foco qualitativo, característica das duas últimas décadas (Tashakkori
& Teddlie, 2003)
Para Waszak e Sines (2003) esse esforço multi-metodológico já começa a ser
considerado essencial na investigação. Na abordagem multimétodos o objeto de
investigação é o que determina os métodos a serem utilizados pelo pesquisador, como
alternativa às abordagens que procuram selecionar objetos ou facetas de um objeto a
partir do domínio de um método específico, a chamada “ditadura do método”
(Bernstein, 1983). Além das limitações a que estão sujeitas, as abordagens uni-
metodológicas podem incorrer no risco de ter seus dados ajustados ao sistema de
medida (ao que se mede), deixando de cumprir sua função pragmática (Howe, 1988).

SÉTIMA ETAPA: DISCUSSÃO E CONCLUSÃO


Chegada a esta etapa é um momento de sintetizar os resultados e a sua interpretação
deduzida da pesquisa.
A DISCUSSÃO é onde o autor exporá os seus depoimentos pessoais, comentando a
amostra utilizada, os procedimentos apresentados no método e os seus resultados. Os
factos são apresentados friamente, com objectividade. O pesquisador confrontará seus
resultados com os de outros autores (da literatura pertinente), respeitando sempre a
ordem cronológica dos mesmos.
A CONCLUSÃO: é a fase que responde à proposição formulada e que deu origem ao
estudo. É a apresentação legítima e imparcial dos resultados, de modo claro e conciso.
Muitas vezes, a discussão aparece em conjunto com as conclusões, omitindo-se aquele
ponto do trabalho. Seja a conclusão um ponto isolado ou conjunto com a discussão é
aqui que se aceitam ou rejeitam as hipóteses.
Se a discussão for efectuada em conjunto com a conclusão devem explicar-se os
resultados recorrendo-se aos conhecimentos científicos que existem sobre a temática

Margarida Pocinho Página 26


em estudo, não esquecendo de referir os seguintes aspectos: Amostra; Síntese dos
resultados pertinentes e hipotetizados; Discussão dos resultados de cada hipótese;
Limitações e Sugestões.

Margarida Pocinho Página 27


Margarida Pocinho Página 28
Anexo 1
• O gerir artigos e referências é fundamental para economia de tempo de
estudantes, pós-graduandos e autores no geral. Principalmente os que tem
uma base de dados superior a 50 artigos
• O Programa Mendeley gere-as e faz muito mais.
• Permite compartilhar os artigos com amigos
• sublinhar e colocar anotações nos PDFs (formato mais usado para artigos
científicos).
• Não usar um gerenciador de artigos ou de referências representa um atraso
semelhante a digitar uma tese em uma máquina de escrever. .
• Existem milhares de gerenciadores, neste link
http://en.wikipedia.org/wiki/Comparison_of_reference_management_softwar
e tem a lista completa.
• O Mendeley é o melhor deles e além de tudo, é gratuito.
• Criar a sua Biblioteca virtual e física
• Gerir seus documentos e referências
• Citar corretamente sem esforço em qualquer tipo de norma
• Partilhar referências com colegas ou grupos
• que é Mendeley?
• Mendeley é software académico gratuito (Win, Mac & Linux) para
gerir, partilhar, anotar e citar seus artigos científicos…
• E uma rede de investigação para gerir seus artigos online, descobrir
tendências de investigadores na sua área de interesse.
• Existem formas diferentes de criar sua biblioteca: Adicione ficheiros
individuais ou pasta inteiras; Watch a folder, importa automaticamente
seus PDFs ; Adicione base de dados EndNote/BibTex/ RIS ou arraste &
large um ficheiro PDF diretamente para o painel central da biblioteca
• o Mendeley tenterá extrair os detalhes dos documentos
automaticamente, Inserir o DOI, PubMed, ou Arxe ID e clicar na lupa

Margarida Pocinho Página 29


para iniciar a pesquisa ajudará a que os detalhes do documento sejam
atualizados ou adicionados automaticamente
• O Web Importer ajuda a guardar citações diretamente da internet
• Sincroniza a sua biblioteca
1. Parte 1- Criar uma conta e instalar o programa
• Para criar sua conta no Mendeley e instalar o software, acesse:
www.mendeley.com
• 1º Passo: registo no Mendeley; Preencher os campos com seus
dados.

• Parte 2- Inserindo os artigos e deixando suas referências corretas
• Como colocar seus artigos no Mendeley e sincronizar com sua conta online.
• Caso tenha dificuldades em entender o conceito de identificadores digitais veja
este vídeo.
http://www.youtube.com/watch?v=iFbybKBHdeg&feature=player_embedded
• Parte 3- Colocando notas e sublinhando artigos científicos
• Neste vídeo veja como sublinhar, anotar e como procurar os artigos em sua
biblioteca.
• http://www.youtube.com/watch?v=0mU795H__s0&feature=player_embedded
• Parte 4- Cópia de segurança dos artigos
• Como ter uma pasta de backup dos artigos do Mendeley no seu computador e
na nuvem do Mendeley.
http://www.youtube.com/watch?v=pJyJHkEPZrA&feature=player_embedded
• Parte 5 – Compartilhamento de artigos
• Como compartilhar artigos com colegas para colaboração científica.
• http://www.youtube.com/watch?v=WKBdVw3z2j0&feature=player_embedded
• compartilhar os artigos anotados com colegas para colaboração científica.
• A unica forma de fazer isso é usando o WATCHED FOLDERS.
Clica-se em TOOL>OPTIONS>WATCHED FOLDERS
• Da mesma forma é possível suprimir do Mendeley dados que você não quer
que saia nas referências

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• Caso opte por reinstalar o mendeley tenha MUITO CUIDADO para nao perder
seus dados.
• É preciso ter CERTEZA que uma cópia dos seus PDF está na nuvem, por isso
sincronize.
• 1- se intalar o mendeley no seu novo computador ele já aloca
automaticamente seus artigos o processo acabou…
mas, verifique se tudo está la, principalmente os PDF…
• 2- caso os dados e principalmente os PDF nao estejam la, o que aconteceu é
que os dados e arquivos não estão na nuvem…
então sincronize todos os seus PDF
para isso clique em
– all documents => edit settings => synchronize attached files ou Clique
no botao SYNC e depois verifique se esta tudo na nuvem
uma vez que os dados estejam na nuvem, eles serão transferidos
automaticamente para o seu equipamento
• lembre-se de fazer uma cópia através do FILE ORGANIZER, por segurança e
praticidade…
• REPITO: se desinstalar o Mendeley do seu pc antigo e os PDF ANTES DA
SINCRONIZAÇÃO vai perder os arquivos…
• por ultimo não deixe o mendeley desktop instalado com sua senha num
computador que não esteja sobre seus cuidados, pois outra pessoa pode entrar
nele e apagar dados, que serão automaticamente apagados da nuvem e do seu
novo equipamento portanto se não quiser usar mais o seu pc desconecte da sua
conta Mendeley…

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Anexo 2

IRaMuTeQ passo-a-passo
O IRAMUTEQ é um Software distribuído sob a GNU GPL (v2) que permite a análise
estatística do corpo de textos e tabelas individuais/caracteres. O mesmo ancora-se no
software R aplicado em ambiente de SL para computação estatística e gráficos (análise
quantitativa) e na linguagem de programação Python. Segundo Camargo e Justo (2013)
o software viabiliza diferentes tipos de análise de dados textuais, desde aquelas bem
simples, como a lexicografia básica, que abrange sobretudo a lematização e o cálculo
de frequência de palavras, análises multivariadas como classificação hierárquica
descendente, análise pós-fatorial de correspondências e análises de similitude. Por
meio deste software, a distribuição do vocabulário pode ser organizada de forma
facilmente compreensível e visualmente clara com representações gráficas pautadas
nas análises lexicográficas. O IRAMUTEQ reproduz o método de classificação descrito
por Reinert (1983), classificação hierárquica descendente sobre uma tabela contendo
as formas sólidas e segmentos de texto. Também executa pesquisas específicas de
segmentação definida: estatística clássica textual, análise de similaridade nas formas
sólidas de um corpo cortado em segmentos de texto.

Para instalar o software gratuitamente em seu computador, basta fazer o download do


software R em www.r-project.org e instalá-lo; e em seguida fazer o download do
software IRaMuTeQ em www.iramuteq.org, e instalá-lo também.
É necessário que antes de instalar o IRaMuTeQ se instale o R, pois este software
utilizará o software R para processar suas análises.

Margarida Pocinho Página 32


1. INSTALE O SOFTWARE “R”
Execute o software

Escolha o idioma

Instale segundo a sequencia

Margarida Pocinho Página 33


Apos instalar o R começe a instalar o software IRaMuTeQ (setup_iramuteq-0.7-alpha2)
na mesma pasta onde foi instalado o R. Exemplo: Program files. Se não for instalado na
mesma pasta, o Iramuteq pode não reconhecer as bibliotecas do R, mesmo se o
caminho for informado em Preferências do Iramuteq.
Execute o software

Escolha o idioma

Faça a sequência que se segue

Margarida Pocinho Página 34


Após instalar o software abra-o, se automaticamente ele fizer atualizações de pacotes
do R, deixe o processo ir até o final (geralmente há uma demora nesta etapa). Pode
aparecer uma tela apontando que a instalação está incompleta, listando alguns
pacotes, clique em OK

Aguarde o tempo necessário para atualização completa dos arquivos do software R.

Margarida Pocinho Página 35


Abra novamente o software IRaMuTeQ e clique em Edition e depois Preférences. O
software está em francês e vamos mudar para português.

Na língua de interface escolha o idioma com que vai trabalhar e em "Verifique


instalação de pacotes R", clique em "Verificar". Caso ainda haja bibliotecas a instalar
aparecem umas janelas pretas com letras a correr, não estranhe, espere o tempo
necessário, até que apareça a seguinte janela

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Clique em OK em ambas as janelas e feche o software
Volte a abrir o IRAMUTEQ e veja que já está em Português

Importante: para finalizar a instalação do IRaMuTeQ vá novamente a


http://www.iramuteq.org/telechargement e descarregue e copie o arquivo
complementar “Rgraph.R” e cole na pasta “Rscripts” substituindo o arquivo já
instalado. O caminho para encontrar a referida pasta geralmente é: “C: Arquivos de
programas (x86) /iramuteq / Rscripts”.

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Atualizar o dicionário em português é muito importante pois é o que contém termos e
suas variantes(Dicionário de termos). É utilizado pelo sistema para classificação das
palavras conforme o tipo gramatical, a fim de identificar as palavras ativas e
suplementares do corpus.
O Dicionário de lemmes, criado a partir de um corpus submetido à análise estatística e
contém o lema (palavra sem flexão), suas variantes e sua frequência de ocorrência. – A
Lematização é o processo de deflexionar uma palavra para determinar o seu lema. Por
exemplo, as palavras gato, gata, gatos, gatas são todas formas do mesmo lema: gato.
No Iramuteq existem regras próprias de lematização. Os verbos são convertidos ao
infinitivo, os substantivos ao singular e os adjetivos ao masculino singular. O Iramuteq
realiza a lematização a partir dos dicionários, sem realizar a desambiguação.

Nota: Se a instalação do R foi correta, bem como das bibliotecas, o Iramuteq encontra
todas as bibliotecas e fica pronto para proceder às análises. Caso tenha algum
problema na instalação do R ou das bibliotecas, o Iramuteq não conseguirá trazê-las e
continuará solicitando a sua atualização toda vez que se entrar no Iramuteq ou, ainda,
não executará as análises porque as bibliotecas não existem. Pode ser, ainda, que ele
não encontre o R e informe que o R não está instalado. Nesse caso, não adianta
acrescentar o caminho do R em Edição/Preferências porque ele continuará não
encontrando as bibliotecas. A solução desse problema normalmente envolve a
desinstalação do Iramuteq e do R e nova instalação nas pastas corretas.

ANÁLISES DO IRAMUTEQ
1. Estatísticas textuais Esta análise executa estatísticas simples sobre o “corpus” e
fornece: o número de textos e segmentos de textos; frequência média e total
das palavras; e classificação gramatical das palavras, de acordo com o
dicionário.
2. Classificação Hierárquica Descendente (CHD) Nesta análise o sistema procura
obter classes formadas por palavras que são significantemente associadas com
aquela classe (a significância começa com o qui-quadrado = 2). Ele apresenta

Margarida Pocinho Página 38


um esquema hierárquico de classes, tornando possível inferir quais ideias o
corpus textual deseja transmitir
3. Análises de especificidades e AFC:
a. A análise de Especificidades associa textos com variáveis, ou seja,
possibilita a análise dos textos em função das variáveis de
caracterização. Todo corpus possui variáveis associadas estabelecidas
pelo pesquisador. Por exemplo: sexo, escolaridade, Estado, etc. Essa
análise permite, então, comparar os resultados por variável (por
exemplo entre homens e mulheres, etc).
b. A Análise Fatorial por Correspondência (AFC) é uma representação
gráfica dos dados para ajudar a visualização da proximidade entre
classes ou palavras.
4. Análises de similitudes
a. Mostra um grafo que representa a ligação entre palavras do corpus
textual. A partir desta análise é possível inferir a estrutura de
construção do texto e os temas de relativa importância, a partir da
coocorrência entre as palavras.
b. Ela auxilia o pesquisador na identificação da estrutura da base de dados
(corpus), distinguindo as partes comuns e as especificidades, além de
permitir verificá-las em função das variáveis descritivas existentes.
5. Nuvem de palavras
a. Mostra um conjunto de palavras organizadas em forma de nuvem. As
palavras são apresentadas com tamanhos diferentes, ou seja, as
palavras maiores são aquelas que detêm maior importância no corpus
textual, a partir do indicador de frequência ou outro escore estatístico
escolhido. É uma análise lexical mais simples, porém, bastante
interessante, na medida em que possibilita rápida identificação das
palavras-chaves de um corpus, isto é, a rápida visualização de seu
conteúdo, pois as palavras mais importantes estão mais perto do centro
e graficamente são escritas com fonte maiores

Margarida Pocinho Página 39


TIPOS DE ANÁLISES POSSÍVEIS COM O IRAMUTEQ

ANÁLISES SOBRE CORPUS TEXTUAIS:


1) Estatísticas textuais clássicas.
2) Pesquisa de especificidades a partir de segmentação definida do texto
(análise de contraste de modalidades de variáveis).
3) Classificação Hierárquica Descendente (CHD) conforme o método descrito
por Reinert (1987 e 1990). 4) Análise de similitude de palavras presentes no
texto.
5) Nuvem de palavras.

ANÁLISES SOBRE TABELAS INDIVÍDUOS / PALAVRAS:


1) CHD conforme algorítimo proposto por Reinert (1987).
2) CHD por matrizes de distância.
3) Análise de similitude (por exemplo, de palavras resultantes de evocações livres).
4) Nuvem de palavras.
5) Descrição e X2 .

ANÁLISES SOBRE CORPUS TEXTUAIS


A análise textual é um tipo específico de análise de dados, na qual tratamos de
material verbal transcrito, ou seja, de textos.
Essa análise tem várias finalidades, sendo possível analisar textos, entrevistas,
documentos, redações etc.
A partir da análise textual é possível descrever um material produzido por um
produtor, seja individual ou coletivamente, como também pode-se utilizar a análise
textual com a finalidade relacional, comparando produções diferentes em função de
variáveis específicas que descrevem quem produziu o texto.
Para que se possa compreender a análise textual, é necessário inicialmente explicitar
alguns conceitos importantes:

Margarida Pocinho Página 40


As noções de corpus, "texto" e "segmento de texto"

Corpus
O corpus é construído pelo pesquisador. É o conjunto texto que se pretende
analisar.
Exemplos
a. numa pesquisa documental se um pesquisador decide analisar os
artigos que saíram na sessão de saúde de um jornal, em um
determinado período temporal, o corpus seria o conjunto destes
artigos.
b. um conjunto de 40 transcrições de entrevistas não diretivas
sobre um tema, feitas por um pesquisador no âmbito de um
estudo de casos.
c. um corpus composto de 200 respostas a uma questão aberta,
que faz parte de um questionário empregado como instrumento
de uma pesquisa do tipo sondagem.

Textos
Como já vimos nos exemplos relativos a um corpus, a definição destas unidades é
feita pelo pesquisador e depende da natureza da pesquisa. Se a análise vai ser
aplicada a um conjunto de entrevistas, cada uma delas será um texto. Caso a análise
diga respeito às respostas de "n" participantes a uma questão aberta, cada resposta
será um texto e teremos "n" textos. Quando se tratar de artigos de jornais, atas de
reuniões, cartas, etc.; cada exemplar destes documentos será um texto. Um conjunto
de textos constitui um corpus de análise. O corpus adequado à análise do tipo
Classificação Hierárquica Descendente deve constituir-se num conjunto textual
centrado num tema. O material textual deve ser monotemático, pois a análise de
textos sobre vários itens previamente estruturados ou diversos temas resulta na
reprodução da estruturação prévia dos mesmos. No caso de entrevistas, onde há
falas que produzem textos mais extensos, desde que o grupo seja homogéneo, é

Margarida Pocinho Página 41


suficiente entre 20 e 30 textos. Se o delineamento é comparativo, sugerem-se pelo
menos 20 textos para cada grupo. Em se tratando de respostas a questões abertas de
um questionário, cada texto será composto da adição dos trechos obtidos das
respostas somente quando elas se referirem a um mesmo tema (uma mesma
questão ou pergunta). Caso as questões referiram-se a temas ou aspetos diferentes,
é necessário realizar uma análise para cada questão. Como mencionado
anteriormente, a análise é sensível à estruturação do estímulo que produz o material
textual, e isto é uma importante fonte de invalidação das conclusões. Quando as
respostas apresentarem uma média em torno de três a cinco linhas, é necessário um
número bem maior de respostas para a constituição de um corpus de análise (refere-
se aqui a um número mínimo em torno de uma centena de textos).
Os textos são separados por linhas de comando também chamadas de "linhas com
asteriscos". No caso de entrevistas, por exemplo, como cada uma delas é um texto,
elas necessariamente devem começar com uma linha de comando. Esta linha informa
o número de identificação do entrevistado (do produtor do texto que se segue) e
algumas características (variáveis) que são importantes para o delineamento da
pesquisa (como sexo, faixa etária, afiliação a determinados grupos, nível social e
cultural, etc.). Isto depende de cada pesquisa e o número de modalidades de cada
uma destas variáveis depende do delineamento da pesquisa e do número de textos
recolhidos. É desejável certo balanceamento das modalidades das variáveis da linha
de comando, e parcimónia quanto ao número de variáveis utilizadas.

Segmentos de Texto
São excertos de texto, na maior parte das vezes, do tamanho de três linhas,
dimensionadas pelo próprio software em função do tamanho do corpus. Os
segmentos de textos que são considerados o ambiente das palavras. Seu tamanho
também pode ser configurado pelo pesquisador. Numa análise padrão, após
reconhecer as indicações dos textos a serem analisados, é o software IRAMUTEQ que
divide os textos do corpus em segmentos de texto. Como o pesquisador pode
configurar a divisão dos segmentos de texto, no caso de uma grande quantidade de
respostas curtas a uma pergunta aberta de um questionário, aconselha-se que os
segmentos de texto sejam definidos enquanto textos, ou seja, enquanto a resposta

Margarida Pocinho Página 42


dada à questão. Neste caso configura-se o software a não segmentar os textos
componentes do corpus.

POSSIBILIDADES DE ANÁLISE DE DADOS TEXTUAIS NO IRAMUTEQ


O IRAMUTEQ oferece a possibilidade de diferentes formas de análise de dados
textuais, desde as bem simples, como a lexicografia básica (como cálculo de
frequência de palavras), até análises multivariadas (classificação hierárquica
descendente, análise pós-fatorial) (Lebart & Salem, 1994; Doise, Clemence &
LorenziCioldi, 1992).
I) Análises lexicográficas clássicas
a. – Identifica e reformata as unidades de texto,
b. identifica a quantidade de palavras, frequência média e hapax (palavras
com frequência um),
c. pesquisa o vocabulário e reduz as palavras com base em suas raízes
(formas reduzidas),
d. cria do dicionário de formas reduzidas,
e. identifica formas ativas e suplementares.
II) Especificidades
a. – Associa textos com variáveis, ou seja, possibilita a análise da produção
textual em função das variáveis de caracterização.
b. É possível modelo de análise de contrastes das modalidades das variáveis
e também a apresentação em plano fatorial.
III) Método da Classificação Hierárquica Descendente (CHD)
a. – Os segmentos de texto são classificados em função dos seus respetivos
vocabulários, e o conjunto deles é repartido em função da frequência das
formas reduzidas. A partir de matrizes cruzando segmentos de textos e
palavras (em repetidos testes do tipo X 2), aplica-se o método de CHD e
obtém-se uma classificação estável e definitiva (Reinert,1990). Esta análise
visa obter classes de segmentos de texto que, ao mesmo tempo,
apresentam vocabulário semelhante entre si, e vocabulário diferente dos
segmentos de texto das outras classes (Camargo, 2005). A partir dessas
análises em matrizes o software organiza a análise dos dados em um

Margarida Pocinho Página 43


dendograma da CHD, que ilustra as relações entre as classes. O programa
executa cálculos e fornece resultados que nos permite a descrição de cada
uma das classes, principalmente, pelo seu vocabulário característico
(léxico) e pelas suas palavras com asterisco (variáveis).
b. análise fatorial de correspondência feita a partir da CHD. Com base nas
classes escolhidas, o programa calcula e fornece-nos os segmentos de
texto mais característicos de cada classe (corpus em cor) permitindo a
contextualização do vocabulário típico de cada classe.
O que são estas classes de palavras e de segmentos de texto?
Em termos de programa informático, cada classe é composta de vários segmentos de
texto em função de uma classificação segundo a distribuição do vocabulário (formas)
destes segmentos de texto.

IV) Análise de similitude


a. – Esse tipo de análise baseia-se na teoria dos grafos (Marchand &
Ratinaud, 2012) e é utilizada frequentemente por pesquisadores das
representações sociais (cognição social). Possibilita identificar as
coocorrências entre as palavras e seu resultado traz indicações da
conexidade entre as palavras, auxiliando na identificação da estrutura da
representação.
V) Nuvem de palavras – Agrupa as palavras e as organiza graficamente em
função da sua frequência. É uma análise lexical mais simples, porém
graficamente interessante.

COMO ANALISAR DADOS TEXTUAIS NO IRAMUTEQ


Para realizar a análise o primeiro passo é configurar o corpus a ser analisado. Isso que
deve ser feito de acordo com os seguintes procedimentos:
1- Colocar todos os textos (entrevistas, artigos, textos, documentos ou
respostas a uma única questão) num único arquivo de texto. Jamais
abra estes arquivos ou qualquer outro gerado pelo IRAMUTEQ com
aplicativos da Microsoft (Word, Excel, WordPad ou Bloco de notas),

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pois eles produzem bugs com o Unicode (UTF-8), o usado pelo
IRAMUTEQ.
2- Separar os textos com linhas de comando (com asteriscos). Por
exemplo, para cada entrevista ser reconhecida pelo software como
um texto, elas devem começar por uma linha deste tipo.
Exemplo de uma linha de comando (com asteriscos):
**** *n_014 *sex_1 *posic_1 *cur_2
Digitar quatro asteriscos (sem espaço em branco antes deles), um espaço branco
depois, um asterisco e o nome da variável (sem espaço branco entre eles), um traço
em baixo da linha (underline) e o código da modalidade da variável (também sem
espaço branco entre eles), um espaço em branco e depois o asterisco da segunda
variável, e assim por diante. Esta linha exemplo foi extraída de uma pesquisa realizada
em comentários na internet referentes a um ensaio fotográfico com mulheres obesas.
Ela indica que o material textual que a segue (comentários em determinado site)
refere-se ao indivíduo nº 014 (utiliza-se três dígitos, pois a amostra tem mais de 99
indivíduos e menos de 1000), de sexo masculino (onde 1= masculino; 2= feminino),
com posicionamento favorável em relação ao ensaio fotográfico (onde 1= favorável; 2=
contra; 3=neutro); e cujo comentário teve entre 11 e 50 “curtidas” (onde 1= até 10; 2=
11 a 50; 3= mais de 50). Imediatamente após esta linha com asterisco teclar ENTER, e
sem tabulação e linha em branco digite ou coloque o texto correspondente a este
indivíduo.
3- Corrigir e revisar todo o arquivo, para que os erros de digitação ou
outros não sejam tratados como palavras diferentes.
4- A pontuação deve ser observada, no entanto sugere-se não deixar
parágrafos (devido à dificuldade entre nós no uso correto dos
mesmos).
5- No caso de entrevistas ou questionários, as perguntas e o material
verbal produzido pelo pesquisador (intervenções e anotações) devem
ser suprimidos para não entrar na análise.
6- Não justifique o texto, não use negrito, nem itálico ou outro recurso
semelhante.

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7- É desejável certa uniformidade em relação às siglas, ou as usa sempre
ou coloque tudo por extenso unido por traço underline. Por exemplo:
ou oms ou organização_mundial _de_saúde.
8- As palavras compostas hifenizadas quando digitadas com hífen são
entendidas como duas palavras (o hífen vira espaço em branco). Caso
necessite-se analisar palavras compostas hifenizadas ou não, una-as
com um traço underline. Ex: "alto-mar" fica "alto_mar"; “terça-feira”
fica “terça_feira”; e “bate-papo” fica “bate_papo”.
9- Todos os verbos que utilizem pronomes devem estar na forma de
próclise, pois o dicionário não prevê as flexões verbo-pronominais. Ex:
No lugar de “tornei-me”, a escrita deve ser: “me tornei”.
10- Números devem ser mantidos em sua forma algarísmica. Ex: usar
“2013”, no lugar de “dois mil e treze”; “70” no lugar de “setenta”.
11- 11- Não usar em nenhuma parte do arquivo dos textos os seguintes
caracteres: aspas ("), apóstrofo ('), hífen (-), cifrão ($), percentagem
(%) e nem asterisco (*). Este último é usado somente nas linhas que
antecedem cada texto (linhas de comando).
12- O arquivo com o corpus preparado no processador de texto deve ser
salvo em uma nova pasta criada no desktop, somente para a análise,
com um nome curto, como texto codificado (nome_do_arquivo.txt).

Exemplo de extrato de um corpus **** *n_014 *sex_1 *posic_1 *cur_2


Achei interessante o trabalho dele, pois muitas pessoas geralmente não estão
satisfeitas com o corpo e acabam esquecendo a sensualidade, achando que ninguém
lhe acha atraentes. Essas meninas deram seu melhor dentro das limitações delas e
ficou ótimo! Amei. Parabéns ao artista e as modelos.
**** *n_016 *sex_1 *posic_1 *cur_2
Ainda bem que há pessoas que nadam contra a maré da nossa cultura de massas e nos
proporciona uma visão mais abrangente do espaço e das pessoas que habitam ao
nosso redor. Uma bela iniciativa do fotógrafo e uma linda lição de autoestima das
modelos.
CONTINUA /.../

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Outro exemplo
**** *RS_canc_cmama
morte, recontrução, pena, sofrimento, cabelo, esperança, dor, mama, sofrimento,
homem, cura, quimioterapia, pessoa, mama, careca, hospital, dor, soro, dor, implante,
quimioterapia, tristeza, radioterapia, dor, avô, medo, sofrimento, coragem, angústia,
luta, desespero, identidade, solidão, feminidade, injustiça, soutiens, tabaco, corpo sem
mamas, morte, pús, hospital, insegurança, sofrimento, auto-estima, quimioterapia,
tratamentos, luta, recontrução mamária, careca, mama, pele, caroço, coração, mulher,
mama, gaglio sentinela, quimioterapia, tatuagem, radioterapia, reconstrução, morte
**** *RS_canc
morte, pena, cabelo, dor, sofrimento, cura, pessoa, careca, dor, dor, quimioterapia,
radioterapia, avô, sofrimento, angústia, desespero, solidão, injustiça, tabaco, morte,
hospital, sofrimento, quimioterapia, luta, careca, pele, coração, mama, quimioterapia,
radioterapia, morte, desespero, quimioterapia, morte, doença, hospital, familia,
sofrimento, emoção, dor, saudade, força, doença, maligno, mortal, respeito, medo,
força, mama, intestinos, colo do útero, sofrimento, quimioterapia, dor, morte,
sofrimento, tristeza, sofrimento, dor, tratamento, morte, sofrimento, infelicidade
**** *RS_cmama
recontrução, sofrimento, esperança, mama, homem, quimioterapia, mama, hospital,
soro, implante, tristeza, dor, medo, coragem, luta, identidade, feminidade, soutiens,
corpo sem mamas, pús, insegurança, auto-estima, tratamentos, recontrução mamária,
mama, caroço, mulher, gaglio sentinela, tatuagem, reconstrução, morte, desespero,
quimioterapia, peito, medo, mulher, familia, sofrimento, emoção, mãe, mulher,
guerreira, mulher, maratona, mastectomia, esperança, fé, lutar, queda de cabelo,
quimioterapia, radioterapia, mamilos, mulheres, rastreio, doença, incurável, doença,

Copiar o texto que foi colocado o word e colar no bloco de notas (pois na hora de
salval ele permite guardar em documento txt e codificação UTF8 com o nome
corpus_nome e fechar
Abrir Iramuteq/arquivo/abrir um corpus textual/ corpus_nome

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Dar ok e esperar pacientemente
Depois aparece

Se o texto for pequeno dimuir os segmentos de texto

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Ative as 4 e deixe as outras como suplementares

OBS: Após preparar o corpus, recomenda-se que se leia o mesmo atentamente,


especialmente no que se refere às linhas de comando. O IRAMUTEQ não possui
ferramenta para verificação e correção do corpus. Essa verificação precisa ser realizada
pelo pesquisador antes de lançar o procedimento de análise dos dados.

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