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O Direito

O Direito na Sociedade:
 Direito: fenómeno humano e social - Surge onde existem homens e relações humanas.
Regras que balizam e regulam comportamentos.
 Direito: “a ordem” ou “uma ordem” da sociedade? - É uma das ordens que regulam os
comportamentos por regras. Mas há mais: Ética; Moral; Religiosa; Social;
 Ordem normativa:
 Ordem religiosa;
 Ordem moral;
 Ordem de trato social;
 Ordem jurídica - Estabelece as regras do relacionamento humano que têm de
ser cumpridas;
 Características da ordem jurídica:
 Imperatividade;
 Indispensabilidade - define as regras essenciais para o relacionamento humano
e cria o indispensável. Regras de observância estrita, tornando-se indispensável,
para a convivência das pessoas. Regras absolutamente indispensáveis a este
relacionamento;
 Estatalidade - Regras que provêm do estado;
 Coercibilidade - Possibilidade de por vários recursos, coagir e impor o
comportamento. Medidas de coação. Cumprindo forçosamente, aplicando pela
força. É imposto á pessoa através da força aquilo que lhe era devido;
 Exterioridade - O direito só se preocupa com o que se reflete no exterior do
indivíduo. Só contém regras que regulam os comportamentos que se
exteriorizam.

Direito:
“ordem existente com o sentido de um dever ser, em cada sociedade, destinada a
estabelecer os aspectos fundamentais da convivência e a criar condições para a realização
das pessoas, e que se funda em regras com exigência absoluta de observância”.

Ramos do Direito - Sub-Partes da ordem jurídica, que se agrupam em torno de coisas


específicas:
 A unidade da ordem jurídica e os ramos do Direito;
 Conteúdo dos ramos do Direito e os critérios de delimitação:
 Distinção tradicional entre Direito Público (regula as relações entre as pessoas
e o aparelho de regulação) e Direito Privado (regula as relações entre as
pessoas);
 Emergência de novos ramos do Direito;
 O Direito da Saúde e a sua evolução histórica - Começaram a aparecer novos ramos
no direito, um deles foi o direito da saúde.

Direito da Saúde:
“Conjunto de regras jurídicas aplicáveis às acções de saúde”;

“Sistema de normas jurídicas que disciplinam situações que têm a saúde por objecto
imediato ou mediato e regulam a organização e o funcionamento das instituições destinadas
à promoção e defesa da saúde”.
Objetos do Direito da Saúde:
 Direito Médico ou Biomédico ou Direito da Medicina;
 Direito dos Doentes/Utentes;
 Direito Hospitalar ou Direito das instituições de saúde;
 Direito da Saúde Pública;
 Direito das Profissões de Saúde:
 Direito da Enfermagem - Leis e regras que regulam os comportamentos dos
enfermeiros com vista á promoção da saúde.

Caraterísticas do Direito da Saúde:


 Na perspetiva do bem saúde: direito de personalidade e Direito da Saúde Pública;
 Interdisciplinaridade: Direito Público e Direito Privado (Código Civil – conjunto de
regras que se destinam a regular as relações entre as pessoas em pé de igualdade);
 Transversabilidade - Abrangem realidades muito vastos, não só no ramo da saúde;
 Fontes diversas (Instrumentos: 1-Leis; 2-Decretos-Lei; 3-Convenções; 4-Portarias) e
complexas;
 Recente, imperfeito e em constante evolução;
 Interpenetração com princípios bioéticos.

Autonomia do Direito da Saúde enquanto ramo do Direito:


 Sistema de normas articulado e complexo (defesa, promoção e manutenção da saúde);
 Saúde: objecto sistemático e científico;
 Conjunto articulado e específico de princípios (autonomia, consentimento necessário e
informado, confidencialidade dos dados, direito de informação).

O Estado de Direito
O Estado de Direito – Disciplina o funcionamento dos órgãos na criação das regras e
princípios, formulando sobre esses órgãos regras e princípios orientadores (regras e
princípios só são validos se respeitarem a constituição Portuguesa, ou seja, quanto
estiverem conforme a CRP (Constituição da Republica Portuguesa). Esta pressupõe a
existência de 1 norma superior – a Constituição: esta é a norma fundadora da organização
social e do exercício do poder, mas tem que ser permeável, ou seja, pode sofrer alterações.
Só se aprovam regras que estejam de acordo com a CRP. Se não estiverem conforme a
CRP, são inconstitucionais).

Elementos essenciais:
 Origem: Doutrina alemã do Séc. XIX;
 Portugal: Constituição da República Portuguesa de 1976 como primeiro passo da sua
conceptologia constitucional em Portugal [artigos 2.º e 9.º/al. d)] - Portugal e a ordem
jurídica Portuguesa adotaram o estado de direito.
 Significância:
 Estado constitutivo de preceitos jurídicos;
 Estado conglobador e integrador de um amplo conjunto de regras e princípios
que densificam a ideia de sujeição do poder a princípios e regras jurídicas,
garantindo aos cidadãos, liberdade, igualdade e segurança;
 Proteção dos cidadãos contra a prepotência, o arbítrio e a injustiça
(especialmente por parte do Estado).
Estado de Direito Democrático – Elementos Essenciais da democracia política:
 Soberania popular (artigo 2.º e 3.º/1 da CRP) ou Vontade popular (artigo 1.º);
 Poder político exercido através do sufrágio universal igual direito e secreto (artigo 10.º
da CRP);
 Participação democrática dos cidadãos na resolução dos problemas nacionais [artigo 9.º/
c) da CRP];
 Papel da descentralização: Autonomia local e regional (artigo 225.º/2 e 235.º/1 da CRP).
Estado de Direito Democrático – Estado Democrático Constitucional:
A Constituição é, diretamente, a lei que rege a organização e o exercício do poder
político.
Estado de Direito Democrático, sob este ponto de vista, significa, pois, à partida,
que o poder se forma e se exerce “nos termos da Constituição”, que a Democracia assenta
na “juridicidade constitucional”.

Estado de Direito Democrático – Bases:


 Pluralismo político:
 Liberdade de expressão e manifestação de opiniões políticas;
 Liberdade de organização política:
o Pluralismo de organizações de acordo com as várias conceções
políticas;
o Pluralismo de formas de organização política (partidos, associações
políticas, organizações populares de base, etc.)
 Exceção (artigo 46.º/4 da CRP): organizações racistas ou que perfilhem a
ideologia fascista;
 Direitos fundamentais;
 Pluralismo de expressão e de organização política – relação direta:
 É o pluralismo que consubstancia a competição de diferentes projectos político-
partidários pelo sufrágio popular bem como o direito de oposição e os direitos das
minorias (artigo 114.º da CRP)
 Pluralismo de expressão e direitos fundamentais – relação direta:
 Há vários direitos fundamentais que constituem garantia do pluralismo,
designadamente os de expressão (artigo 37.º e ss da CRP), associação (artigo 46.º da
CRP), partidos políticos (artigo 51.º da CRP), manifestação (artigo 45.º da CRP),
etc., os quais desse modo passam a ser não apenas direitos fundamentais dos
cidadãos (vertente subjetiva), mas também elementos institucionais do sistema
democrático-constitucional (vertente objetiva).

O Sistema Jurídico Português (Principal fonte de direito: LEIS)


Traços gerais:
 Família: sistema jurídico de direito civil ou romano-germânico de tradição continental
europeia:
 Principal fonte de Direito não é a jurisprudência mas a legislação codificada e
escrita (leis);
 Lei: caracteriza-se por conter regras gerais (generalidade – indeterminabilidade de
sujeitos) e abstratas (abstração – indeterminabilidade de situações) de onde emanam
soluções específicas para cada caso (Regras que se destinam a um Universo de
sujeitos não especificados. Aplicam-se a todos, mas só aquele que se adaptar, será
vinculado à regra. Assim tem se obedecer às 2 anteriores características para ser
considerada Lei);
 O costume (pratica reiterada, vinculada e com convicção dos sujeitos) ocupa na
prática um lugar modesto;
 Jurisprudência (não constitui regra) (resultante de decisões dos Tribunais) surge
como um elemento subordinado à lei.

Elementos de qualquer sistema jurídico:


 Sistemático – referente às relações de interdependência lógica e formal entre as normas
jurídicas que o integram;
 Ordenador – função reguladora das relações sociais - Todas as leis têm de ter esta
vocação de regular relações sociais.

Caraterísticas fundamentais e sua expressão no sistema jurídico português:


 Hierarquia (uma lei mais alta sobrepõe-se sempre a uma lei inferior. No caso de
incompatibilidade prevalece sempre a lei mais alta. Assim o Sistema Jurídico Português
é assente na Hierarquia) – critério fundamental de estruturação das relações existentes
entre as múltiplas normas jurídicas em que se decompõe o sistema jurídico;
fundamento da validade do comando jurídico hierarquicamente inferior e exigência de
concordância e compatibilidade do comando hierarquicamente inferior com o
comando superior;
 Descentralização (as normas jurídicas são aprovadas por varias instancias e não apenas
por uma) – existência de vários níveis de decisão normativa (produção legislativa;
produção normativa infralegislativa; produção jurídica não normativa);
 Unidade (garante a coerência. Todas as ideias de descentralização estão assentes numa
ideia de unidade para que não haja contradições. É um carater unificador baseado em
vários critérios) – coerência do sistema jurídico resultante de: expressão de uma Ideia
de Direito comum por todos os comandos jurídicos; fundamento repousa na
existência de uma norma fundamental e pressuposta; Princípio da exclusão das
antinomias ou contradições:
 Critério hierárquico (norma superior prevalece sobre a inferior)/Critério
cronológico (a lei posterior prevalece sob a anterior. Este critério apenas se
aplica em leis que estão no mesmo nível hierárquico)/Critério de especialidade
(a norma ou lei especial prevalece sob a norma geral, se forem ambas do
mesmo nível hierárquico)/Critério de competência (é o critério mais residual.
Prevalece a lei que tiver sido emanada pelo órgão que tiver essa competência
para aprovação da mesma);
 Plenitude (dar uma solução para todos os casos indispensáveis, deixando às outras
ordens a regulação que lhe compete (à ordem jurídica) – o sistema jurídico deve conter
critérios de solução para todos os litígios juridicamente relevantes; distingue-se da
vocação totalitária (no sentido de não dever ter a pretensão de regular todos os aspetos
da vida em sociedade); há domínios da vida social cuja regulação e disciplina é
suficientemente acautelada por outras formas de ordenação; exige-se, sim que o
sistema jurídico permita uma resposta adequada a todos os casos concretos, seja pela
existência de normas específicas (na falta de previsão especifica para um caso: Regras –
somente casos concretos) seja pelo recurso aos princípios gerais (vocação geral de
regulação) (normas jurídicas).
A Hierarquia das Leis
Fontes de Direito:
 Sentido técnico-jurídico ou formal: formação e revelação das regras jurídicas;
 Hierarquia:
Constituição

Atos criadores
de Direito
Internacional

Atos Legislativos (Lei


e Decreto-Lei)

Atos Normativos de
Constituição – topo de todo Administração
o Sistema Jurídico. Todas as Leis prevalecem sob outras, ou
seja, são hierarquicamente superiores;

Atos criadores de Direito Internacional - Ex: Pactos, convenções, acordos, em que o


país assina com outros estados/organizações. O único ato criador de direito internacional
que prevalece sob a constituição e porque esta assim o reconhece, é a declaração universal
dos direitos do homem (Artigo 17º CRP);
Atos Legislativos:
 Lei – Provém sempre a Assembleia da República;
 Decreto-Lei – provém do governo;
 Artigo 164º e seguintes – elenco das matérias que pertencem em exclusivo à AR, a
ambos e apenas do governo (o sobrante);
 Lei e Decreto-Lei têm exatamente o mesmo valor – no entanto prevalece entre eles
o critério de competência (determinante para resolver situações de conflito neste
caso). Exemplo: A AR emana uma Lei da sua competência e o Governo decide
decretar sob a mesma coisa. Qual a que prevalece em caso de incompatibilidade? A
da AR segundo o critério de competência;
 Único caso em que uma Lei prevalece sob um Decreto-Lei: Lei de valor reforçado
(lei de valor especial) – irá prevalecer sob todas as outras leis e decretos-lei. Ex: Lei
de Bases da Saúde.

Atos Normativos de Administração - Ex: Portarias, regulamentos, circulares, despachos,


normas, orientações, etc..
Não provém do GOV nem da AR, mas sim da administração. Estão na base e por
isso estão subordinados a todas as outras. As soluções normativas têm de estar em
conformidade com tudo o que está acima das mesmas. Se não tiverem em conformidade
com a constituição, são Inconstitucionais. Se não estiverem em conformidade com as Leis
e Decretos-lei, são Ilegais. (este principio aplica-se no geral e não só aos atos normativos de
Administração.

 Fontes de Direito - Plano Internacional – Entidades:


 Organização das Nações Unidas – atos criadores do direito internacional;
 Organização Mundial da Saúde – atos normativos;
 Conselho da Europa – órgão composto por várias entidades;
 União Europeia – parlamento europeu
 Fontes de Direito - Plano Interno:
 Constituição da República Portuguesa;
 Lei de Bases da Saúde – lei de valor reforçado;
 Estatuto do Serviço Nacional de Saúde;
 Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros;
 Estatuto da Ordem dos Enfermeiros;
 Outras leis

O Direito e Justiça
A representação da Justiça
Os símbolos da Justiça:
 Na Grécia, a Justiça teria sido representada pela deusa Diké (filha de Thémis) que, de
olhos abertos, segura uma espada e uma balança ou por Thémis exibindo só uma
balança, ou ainda uma balança e uma cornucópia;
 Mais tardiamente, em Roma, é a figura da deusa romana Ivstitia que aparece de olhos
vendados, sustentando uma balança já com o fiel da balança ao meio;
 Representação da Justiça, ao longo dos tempos, é sugestiva da sua própria evolução;
 Pensa-se que as deusas gregas da Justiça, Thémis ou Diké, armadas de espada, sem o
fiel da balança, representam uma realidade epistemológica e normativa anterior e
menos desenvolvida que a deusa romana Ivstitia com fiel da balança. A atividade do
executor simbolizada pela espada punitiva perde importância, para os romanos, face à
valorização do conhecimento, do intelecto e do rigor, simbolizados pelo fiel da
balança, alegórico ao pretor romano;
 Nas primeiras representações conhecidas, a deusa da Justiça surge de rosto descoberto,
sem venda, aparentemente aludindo à necessidade de ter os olhos bem abertos e
observar todos os pormenores relevantes para a justa aplicação da Lei, só mais
tardiamente a figura da deusa se revela de olhos vendados. Não vê, porque a lei é igual
para todos.

 A representação da Justiça é uma deusa sentada, não contemplando o céu, como se


dizia da Diké grega, mas segurando os atributos que se vulgarizaram: balança e espada;
 Esta representação de Rafael aparenta ser absolutamente grega, e grega do período
tardio (a romana não tem espada), salvo na direção do olhar da deusa;
 Se a deusa em si mesma é praticamente toda moldada pelo ideal helénico, já as tábuas
transportadas pelos seus acólitos remetem para o paradigma romano.

“A Justiça como Virtude e o Direito”


Da Justiça como divindade à Justiça como Princípio:
 “A justiça começa por ser identificada com uma divindade, Themis ou Diké na Grécia,
Iustitia em Roma;
 Daí se passará à Justiça como virtude no interior da cosmovisão clássica e medieval,
embora a virtude clássica seja excelência, arete, e a mundividência medieval haja
cristianizado (à sua maneira) quase todas as virtudes, que tinham um significado
diverso, com outra “respiração” e timbre, no pensamento grego, desde logo10;
 Sucede-lhe outra época, outra perspetiva, em que a justiça surge como valor. E já todo
um outro estilo é o de um tempo em que a justiça surge em especial como princípio.
Desde logo, princípio jurídico, com aplicação jurídica muito mais diretamente
invocável em tribunal11. Certamente a Justiça-princípio terá mais a ver com o universo
primacialmente “gnoseológico” que, segundo Reale, é o nosso contemporâneo;
 E contudo, everything old is new again: e hoje pode perfeitamente compatibilizar-se
uma noção de Justiça como valor, virtude e princípio, e, se a Justiça não é divindade,
os seus cultores são, como dizia Ulpiano, verdadeiros sacerdotes. Ou deveriam sê-lo. “

Principio:
 É o elemento primeiro e imanente do futuro, algo que evolui ou se desenvolve;
 A causa primitiva e não imanente da geração ou de uma ação;
 Numa demonstração logica, as premissas são principio em relação à conclusão;
 Para designar a pessoa, cuja vontade é causa de movimento ou de transformação;
 O sentido do começo de uma linha ou de uma estrada, o ponto e partida de um
movimento.

Fundamento:
 Fundamentação metafisica dos costumes – encontrar o último fundamento da
moralidade;
 “Imperativo categórico”, i.e., um princípio que é fundamento último para todas as
ações humanas;
 O dever ser exige uma causa originária que lhe dê fundamento: a liberdade;
 Sentido de razão justificativa;
 A faculdade de determinar-se na ação segundo a representação de certas leis é a razão
pratica.

Justiça – 1ª síntese:
 De força divina em conceito filosófico e em função social;
 Associa, no percurso:
 Preceitos da conduta, configurando certos limites;
 Noção que incorporou a transgressão e a retribuição;
 Imposição humana – lei de carater mural;
 Noção de “limite”.

Do bom para o justo:


 Platão – justiça é lei e convenção;
 Ricoeur coloca “o justo entre o legal e o bom”
 Testemunho ontogenético – indignação precoce contra a injustiça; aparece
primeiro o sentimento de injustiça e a indignação;
 Consideram-se os critérios objetivos da justiça, da “justa distância” entre os
antagonistas ou as partes em conflito, a mediação de um terceiro e a
imparcialidade.
 Ideia de justiça – ao nível deontológico dividida entre a “referência ao bem” e a
“atração pelo estatuto puramente processual” das operações;
 Tríade:
 Prática social (uma instância superior decide entre reivindicações nascidas de
interesses ou direitos opostos);
 Os canais de justiça (o aparelho judiciário);
 Os argumentos da justiça (cujo confronto é exemplo notável de emprego
dialógico da linguagem).
 Aristóteles - a direção da ação aponta como modelo o bom cidadão
 Divisão aristotélica - a justiça distributiva, relativa aos contratos e justiça
corretiva;
 Rawls:
 Doutrinas deontológicas e teleológicas
 A Teoria da Justiça de Rawls;
 Justiça, como “a virtude primeira das instituições sociais tal como a verdade o é para
os sistemas de pensamento” - o seu objecto é «a justiça social (...), a estrutura básica da
sociedade”; a conceção da justiça tem de fornecer “um padrão” de avaliação dos
aspectos distributivos da sociedade; ideia estruturante central: a de sociedade como um
“sistema equitativo de cooperação ao longo do tempo”

“Uma teoria da Justiça”


John Rawls
 A justiça de vocação institucional parte de Rawls, em que, de alguma forma, a
imaginação da ‘posição original’ e a alegoria do ‘véu da ignorância’ asseguram a
equidade da situação de deliberação inicial. Pessoas livres e iguais, preocupadas em
promover os seus interesses que desconhecem quais serem, cumprem as condições
necessárias à tomada de decisão;
 Ficção de um contrato social:
 Acordo com duas peculiaridades de partida:
o A teoria da posição original – o véu de ignorância;
o As condições e razões da escolha dos princípios de justiça.
 O problema da escolha de princípios é muito difícil e que o conteúdo do acordo reside
exatamente na aceitação desses princípios (e não na adesão a um tipo de sociedade ou
forma de governo);
 Ligação da teoria da justiça à teoria da escolha racional assim como a “outra forma de
justificar uma descrição concreta da posição inicial” por via das convicções refletidas:
 Um equilíbrio refletido - “juízos ponderados são apenas aqueles formulados
em condições favoráveis ao exercício do sentido de justiça»;
 A procura de um bem social maior não pode obter-se atropelando os direitos
básicos – violaria o “basic sense of fairness”;
 Maximização da parte minimal numa situação de partilha desigual;
 Recusa sacrificial (aliás, a conceção de justiça visa fazer da «vítima sacrificial»
um «parceiro igual»).
 A tomada de decisão em situação de incerteza tem de passar pela adoção da regra do
maximin e, depois, ancorada nela, os dois princípios de justiça e a respetiva regra de
prioridade.
 Princípios de justiça – o primeiro relativo à igualdade e o segundo tratando de
resolver o problema das partilhas desiguais.
 Ricoeur recusa a ideia ascética de uma conceção puramente formal da justiça e a
visualizasse, não a ser escolhida sob o véu da ignorância mas debatida no espaço
público de manifestação (que caracteriza o domínio do público).
 Os membros da sociedade estabelecem um contrato, comprometem-se uns
com os outros;
 A promessa e o pacto desempenham um papel de primeiro plano – um
consentimento partilhado de seres livres e racionais face às implicações da
equidade.
Justiça – 2ª síntese:
 De acordo com Ricoeur, o argumento que convence a escolher os princípios
rawlsonianos de justiça é retirado da teoria da decisão, num contexto de incerteza - o
maximin (escolha da posição que maximize a parte mínima), já que nenhum dos
parceiros sabe do seu lugar na sociedade;
 Dos conceitos centrípetos:
 "Convicções bem ponderadas“;
 “Equilíbrio refletido”;
 O problema da estabilidade (o «sentido da justiça» e a «justiça como
equidade»).
 Ideia central de uma sociedade de cooperação, regida pelo pluralismo razoável;
 “A nosso ver, a Justiça não se identifica com qualquer desses valores, nem mesmo
com aqueles que mais dignificam o homem. Ela é antes a condição primeira de todos
eles, a condição transcendental de sua possibilidade como atualização histórica. Ela
vale para que todos os valores valham”;
 “Cada época histórica tem a sua imagem ou a sua ideia de justiça, dependente da escala
de valores dominante nas respetivas sociedades, mas nenhuma delas é toda a justiça,
assim como a mais justa das sentenças não exaure as virtualidades todas do justo”;
 O Direito (ius) é objecto da Justiça (iustitia) e a Justiça (a origem e mãe do Direito) é a
vontade (ou desejo em si próprio) constante e perpétua de atribuir a cada um (cada
pessoa) aquilo que é seu (a coisa devida, que este ou esta tem o direito de ter);
 Deste modo, podemos enunciar a ontologia do Direito em três tópicos:
 A Justiça (a vontade perpétua do justo – donde o Direito deriva e para que
tende: afinal seu alpha e omega);
 A Pessoa (cada um tem direitos – e todos temos direitos);
 O Seu (suum, a coisa devida, o devido ou o justo – aquilo que alguém possui).
 O Direito é arte boa e équa de atribuição do seu a seu dono, de fazer Justiça.”;
 Como se determina o “suum” de cada um? Pelo simples voltar ao statu quo ante, pela
mera reposição da ordem instituída, dos “direitos adquiridos”?;
 Não se duvidará que tal pode ser prático, mas escasso, e realmente injusto em muitos
casos. Não fora a vaga de fundo dos Direitos Humanos, que abalou esse titularismo
estrito, ainda hoje certamente alguns advogariam essa pretensa reine Rechtslehre,
teoria pura do direito à outrance baseada no simples “restituir”;
 A verdade, porém, é que mesmo os titularistas, para quem só se possui algo por título
que funde tal “propriedade” (contrato, testamento, lei, aquisição originária, usucapião,
etc.), acabam por reconhecer que a natureza humana é um título, e mesmo os
governos mais anti-sociais acabam, se tiverem alguma disponibilidade financeira ou se
se virem a braços com muita contestação nas ruas, por abrir mão das teorias e instituir
na prática mecanismos que assegurem um mínimo dos mínimos de subsistência aos
indigentes. Ou seja, por todo o lado se não consegue fugir ao dedo acusador da
necessidade de uma justiça social.

Justiça – 3ª síntese:
 O Direito é objecto da Justiça;
 A Justiça é a vontade constante de atribuir a cada um aquilo que é seu;
 Ontologia do Direito em três tópicos:
 A Justiça;
 A Pessoa;
 O Seu, a coisa devida.
Ricoeur, O Justo
Arquitetura da Justiça
 Primeiro nível:
 A vida ética é o desejo de uma realização pessoal, com e para os outros, sob a
virtude da amizade e, em relação com um terceiro, sob a virtude da justiça;
 A primeira característica do justo é como uma figura do bom, com e para o
outro, que não é simplesmente o da relação interpessoal, mas um terceiro, um
“cada qual”.
 Segundo nível - a vida ética é o respeito de si, do outro e de todas as formas regradas
da justiça, através das estruturas processuais. Predicação de «obrigatório» para as
acções;
 Terceiro nível - nasce do encontro com as situações trágicas, sob a pergunta “como
decifrar a própria vida nas situações de incerteza, de conflito ou de risco?” e a
sabedoria prática surge como o “juízo bem ponderado” na situação do “trágico da
ação”, em face ao conflito. Figura do equitativo.

Arendt, a banalidade do mal


 Arendt retoma as duas proposições afirmativas de Sócrates;
 § “É melhor suportar a injustiça do que praticá-la”;
 § “Seria melhor para mim que a minha lira ou um coro que eu dirigisse estivesse
desafinado, e que multidões de homens discordassem de mim do que eu, sendo um,
estivesse em desarmonia comigo próprio e me contradissesse”;
 Pensar é uma tarefa da solidão – faço companhia a mim mesma - mas não do
desacompanhamento (“quando sou um e estou sem companhia”);
 A diferença e a alteridade configuram-se, assim, como “as verdadeiras condições para a
existência do eu espiritual do homem, porque esse eu existe somente em dualidade”;
 Temos de chegar a alguma espécie de acordo connosco mesmo, e “é melhor estar em
desacordo com o mundo inteiro do que estar em desacordo com a única pessoa com
quem se é forçado a viver quando se deixou para trás a companhia dos outros”

A Personalidade e Capacidade Jurídica


Personalidade Jurídica - só respeita às pessoas. Significa que a pessoa é suscetível de ser
titular de direitos e obrigações. É uma aptidão pré-existente das pessoas de serem
suscetíveis ao direito, sendo que este requer-lhes personalidade:
 Idoneidade ou aptidão para receber – para ser centro de imputação deles – efeitos
jurídicos (MA, in MP, p. 194);
 Ferrara: «a abstrata possibilidade de receber os efeitos da ordem jurídica», sendo «o
fundamento e a pré-condição de todo o direito e um status» (In MP, nota 193, p. 194);
 ...sujeito de direito ente suscetível de ser titular de direitos e obrigações.

Capacidade Jurídica:
 “A concreta medida de direitos e obrigações de que sejam suscetíveis” (Menezes
Cordeiro);
 Capacidade de gozo (titular de todos os direitos e obrigações da sua esfera (beneficio):
 Também chamada capacidade de direito, respeita à titularidade de direitos, de
situações jurídicas;
 Capacidade de exercício (capacidade de agir livremente sob os direitos e obrigações):
 “Também designada capacidade de agir, que é a suscetibilidade que a pessoa
tem de exercer pessoal e livremente os direitos e cumprir as obrigações que
estão na sua titularidade”.
A Constituição da República Portuguesa (CRP): princípios
fundamentais; direitos e deveres fundamentais
Princípios fundamentais:
 Princípio da Dignidade Humana:
 Fundamento e limite da ação do Estado;
 A ordem jurídica e a irredutibilidade, insubstituibilidade e irrepetibilidade de
cada pessoa;
 O papel dos direitos fundamentais e a enunciação e proteção oferecida pela
Constituição como concretização da Dignidade Humana;
 A subordinação da vontade popular à Dignidade da pessoa humana;

 Princípio do Estado de direito democrático (remissão):


 A pertença do poder político ao povo e o respetivo exercício de acordo
com a regra da maioria;
 A subordinação do poder político à Constituição com a consequente
fiscalização jurídica dos atos de poder;
 A interação dos princípios da soberania do povo e dos direitos
fundamentais e a mediatização dos princípios da constitucionalidade e da
legalidade;
 A democracia económica, social e cultural: referência à sociedade e tradução
na exigência de democracia na sociedade de modo a proporcionar a todos
igualdade de oportunidades ou de condições para o exercício dos seus
direitos;
 O aprofundamento da democracia participativa e as suas duas aceções:
o Participação política dos cidadãos;
o Participação sectorial (artigo 64.º, n.º 4).

Direitos e deveres fundamentais:


 Direitos Fundamentais:
 “Direitos do homem, jurídico-institucionalmente garantidos e limitados
espácio temporalmente, objetivamente vigentes numa ordem jurídica
concreta”

Direitos, Liberdades e Garantias Direitos Económicos, Sociais e Culturais


 Direitos, Liberdades e Garantias:
o Direitos de liberdade, cujo destinatário é o Estado, e que têm
como objeto a obrigação de abstenção do mesmo, relativamente à
esfera jurídico-subjetiva por eles definida e protegida;
o Gozam de uma densidade subjetiva reforçada que conduz à
tendencial conformação autónoma e disponibilidade por parte dos
seus titulares;
o Reconhecidos, garantidos e protegidos pelas normas
constitucionais;
o Conteúdo fundamental é determinado logo a nível jurídico-
constitucional;
o Dotados de aplicabilidade direta, não obstante poder caber ao
legislador ordinário a tarefa de assegurar a sua efetividade e a
concordância prática com outros bens ou direitos
constitucionalmente protegidos;
 Direitos económicos, sociais e culturais:
o Artificialidade da contraposição aos direitos, liberdades e
garantias;
o Consistem em direitos a prestações ou atividades do Estado,
ainda que se encontrem alguns de natureza negativo-defensiva;
o O destinatário não é apenas o Estado, mas também a generalidade
dos cidadãos;
o Sujeitos ao regime geral dos direitos fundamentais, mas não
beneficiam do regime especial dos direitos, liberdades e
garantias, a não ser que sejam análogos destes.

 Distinção entre Direitos do Homem e Direitos Fundamentais:


 Direitos do homem – direitos válidos para todos os povos e em todos os
tempos, associados à natureza humana e daí o seu carácter inviolável,
intemporal e universal;
 Direitos Fundamentais – direitos do homem, jurídico-institucionalmente
garantidos e limitados espaciotemporalmente, objetivamente vigentes
numa ordem jurídica concreta.

 Direitos Fundamentais – Regime geral:


 Igualdade jurídico-formal ou igualdade perante a lei;
 Distinção da igualdade real (artigo 9.º, alínea d) da CRP):
o Sentidos:
 Negativo: vedação de privilégios (situações de vantagem
não fundadas) e discriminações (situações de
desvantagem) - Artigo 13.º/2 – fatores de desigualdade
inadmissíveis têm carácter meramente exemplificativo;
 Positivo: tratamento igual de situações iguais, tratamento
desigual de situações desiguais, tratamento proporcional,
tratamento das situações como existem e como devem
existir.

Enquadramento jurídico do sistema de saúde português: Constituição;


Lei de Bases da Saúde; Lei de Saúde Mental
“Conjunto articulado de todos os recursos humanos, financeiros e materiais de
propriedade pública, privada ou mista que a administração central, as regiões
autónomas, as autarquias e outras entidades reúnem para assegurar o direito à proteção
da saúde da população, em particular a prestação de cuidados de saúde de acordo com
as suas necessidades”
Serviço Nacional de
Saúde - “Conjunto ordenado e hierarquizado de instituições e de serviços oficiais
prestadores de cuidados de saúde, funcionando sob a superintendência ou a tutela do
Ministro da Saúde”;

Rede Nacional de Prestadores de Cuidados de Saude – engloba os profissionais livres com


acordo SNS, entidades privadas com acordo SNS e serviço nacional de saúde;

As diversas fontes de
Responsabilidade no Exercício da Enfermagem
A Responsabilidade Civil:
 Relação Jurídica de prestação de cuidados de saúde/enfermagem
 Pressupostos:
o Facto;
o Ilicitude/Incumprimento ou Cumprimento defeituoso;
o Culpa;
o Danos (Patrimoniais/Não Patrimoniais);
o Nexo de Causalidade.

Contratual – contrato de prestação de serviços de saúde;

Extra-Contratual – relação juriica fundada na lei


Outras fontes de regulação do exercício profissional
Carreira de enfermagem da função pública:

 Instrumentos de Regulamentação Coletiva de Trabalho:


 São uma fonte de direito específica do contrato de trabalho em funções
públicas, constituindo fonte de regulação da relação de trabalho para além
da lei;
 Podem ser negociais ou não negociais, consoante, respetivamente, as suas
normas sejam ou não fruto da concordância obtida no decurso da
negociação de um acordo coletivo de trabalho;
 IRCT negociais: acordo coletivo de trabalho, acordo de adesão e decisão de
arbitragem voluntária;
 IRCT não negociais: regulamento de extensão e decisão de arbitragem
necessária;
 Objeto de regulamentação coletiva: matérias reguladas pelo Regime do
Contrato de Trabalho em Funções Públicas, desde que das suas normas não
resulte o contrário e sejam contratadas condições mais favoráveis para os
trabalhadores, as matérias reguladas pela LVCR, quando esta expressamente
o preveja; as matérias reguladas por outras leis, quando estas expressamente
o prevejam;
 Impossibilidade de afastamento das normas dos instrumentos de
regulamentação coletiva de trabalho por contrato de trabalho, salvo quando
daquelas normas resultar o contrário e este estabeleça condições mais
favoráveis para o trabalhador.

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