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A Influência da Família na Aquisição de

Modelos Agressivos pelas Crianças


Desenvolvimento Humano Eraldo C. Batista, Benedito A. Oliveira e Simone L.
Pires Maio/2011
11111
(Tempo de leitura: 14 - 28 minutos)

Resumo: O objetivo deste estudo é investigar as relações entre a


dinâmica familiar e o comportamento anti-social de 12 crianças de uma
escola da rede pública municipal de uma cidade do interior do Estado de
Rondônia. Utilizando-se de instrumentos que avaliam as práticas
educativas usadas pelos pais para com os filhos e a percepção da criança
frente ao suporte familiar recebido, o trabalho busca analisar a influência
da família no comportamento da criança. Os resultados gerais encontrados
apontam para uma correlação entre o comportamento agressivo destas
crianças e o ambiente familiar ao qual fazem parte. Assim, o estudo
conclui que estas famílias por meio de sua constelação e de suas práticas
educativas configuram-se como espaço gerador de modelos agressivos.
As considerações finais sinalizam a necessidade de futuros estudos para
expandir a compreensão do comportamento agressivo e sua relação com a
violência familiar.

Palavras-Chave: Comportamento agressivo; violência familiar;


criança; estilos parentais; práticas educativas.

The Influence Of The Family In The Acquisition Of Aggressive


Models By The Children.
Abstract: This study aimed to investigate the relationship between
the family dynamics and anti-social behavior of twelve children at a
municipal public school network in a provincial city of Rondônia. Using
instruments that evaluate the educational practices used by parents with
their children and the child`s perception facing the family support, the
study sought to analyze the influence of the family on the behavior of the
child. The results point towards a general correlation between the
aggressive behavior of these children and their family environment which
the children belongs. Thus, the study concludes that these families
through their behavior and their educational practices are configured as a
generator of an aggressive environment models. Final considerations
point to the need for further research to expand understanding of
aggressive behavior and its relationship with family
violence. Keywords: Aggressive behavior, family violence; child,
parenting styles, educational practices.

Introdução

Nas definições antropológicas, o foco de interesse do estudo acerca


das famílias consiste na estrutura das suas relações Berenstein (1988), ou
seja, no grau e na natureza do parentesco. De acordo com o autor, a
estrutura elementar de parentesco inclui três tipos de vínculos: o
consanguíneo (entre irmãos), de aliança (marido e esposa) e de filiação
(pais e filhos). Para Antoni & Koller (2000), o grupo familiar tem sua
definição psicológica como um conjunto de relações. Desta forma, a
família pode ser vista como totalidade, sistema ou grupo formado por
pessoas que se relacionam entre si, por parentesco e/ou por se
considerarem pertencentes àquele contexto.

Assim, o objetivo deste estudo é abordar os principais aspectos


referentes ao comportamento da família frente às condutas agressivas da
criança, enfatizando a importância da interação parental e as práticas
educativas utilizadas como modelos pelos pais sobre o desenvolvimento
comportamental da criança, privilegiando uma perspectiva essencialmente
psicológica. Num primeiro momento, discutem-se as consequências
negativas da violência vivida na família sobre o desenvolvimento
biopsicossocial da criança. Em seguida, apresentam-se alguns estudos que
fundamenta a influência da família na aquisição de modelos agressivos
pelas crianças, tal como Bandura (2008) que define que o comportamento
agressivo da criança é resultado da agressão modelada e reforçada pela
família. Partindo dessa premissa, entende-se que a pesquisa sobre
agressividade no contexto familiar é importante, pois dá maior
visibilidade sobre a questão e fornece melhores informações.

Considerando que a agressão vivenciada no âmbito familiar pode


interferir no comportamento da criança, Lisboa & Koller, (2001) assina
que a escola é um exemplo de microssistema ecológico no qual a
agressividade prejudica o desempenho acadêmico e o estabelecimento de
relações saudáveis e próximas. Assim, entende-se que uma das possíveis
soluções para a redução da agressividade da criança no espaço escolar
consiste em entender o seu próprio universo.

1. A Violência No Ambiente Familiar


Por ser o primeiro sistema no qual o individuo interage, a família
consiste num micro-sistema onde cada membro tem uma posição e um
papel socialmente definido, que reflete sua organização estrutural e
funcional Gomes et al 2007. O que nos remete que a família é
responsável pela sobrevivência física e psíquica da criança. Porém, nem
sempre essa imagem de proteção cumpre sua função. O interior da
família, lugar mitificado em sua função de cuidado e proteção, pode ser
palco de muitas violências.

O fenômeno da violência familiar é, infelizmente, universal,


favorecendo condições de riscos psicossociais para a família. Como
afirma Milani & Loureiro (2008), a violência no contexto familiar
constitui um fenômeno complexo, que envolve questões como a
desigualdade social e prejuízos na qualidade de vida que atingem as
famílias com comprometimento nas relações intrafamiliares e é
evidenciado pelo abuso de poder.

Existem várias definições de violência familiar. Para Koller (1999),


todo ato de violência tem em comum o fato de ser caracterizado
por “ações e, ou omissões que podem cessar, impedir, deter ou retardar o
desenvolvimento pleno dos seres humanos”. De acordo com a autora
existem três papéis no ato da violência, que podem ser confundidos,
mesclados ou não: o papel de vítima, o de autor e o de testemunha.
Considerando que todo ato de violência é sempre evidenciado pelo abuso
de poder, Eisenstein & Souza (1993), afirmam que a violência pode ser
observada como toda ação danosa à vida e à saúde do indivíduo,
caracterizada por maus-tratos, cerceamento da liberdade ou imposição da
força. Ou seja, a criança, por sua maior vulnerabilidade e dependência, se
torna vítima freqüente de atos abusivos.

Corroborando esta afirmação Bock, Furtado & Teixeira (2002)


postulam que a família, é, em muitos casos, um mito, pois muitas crianças
sofrem ali suas primeiras experiências de violência: a tortura psicológica,
a agressão física, o abuso sexual entre outras menos visíveis, porém tão
danosa quanto. A violência da qual a criança pode ser vítima, ocorre de
duas maneiras, como define Brancalhone (2003): a criança como parte
integrante da família, pode estar exposta à agressão direta - quando ela é o
alvo da agressão - ou indireta - quando presencia cenas de violência entre
os pais.

A violência familiar é um problema social grave que atinge toda a


população e precisa ser estudada sob múltiplos enfoques. Para alguns
pesquisadores é possível inferir que as várias modalidades de violência
ocorridas no ambiente familiar podem ser responsáveis por grande parte
dos atos violentos. Ou seja, a violência familiar tem sido associada com
agressividade infantil e delinqüência. Bandura (2008) assina que no caso
de respostas agressivas as crianças imitam o tipo de relacionamento
mantido com o modelo adulto e que a mera observação de modelos
agressivos parece ser condição suficiente para produzir respostas
imitativas de agressão. Ou seja, a observação de atos agressivos na família
pode ser imitada pela criança no seu cotidiano.
O comportamento agressivo é definido como toda ação que causa ou
implica danos ou prejuízos a alguém e é expresso de forma confrontativa
e/ou não-confrontativa. (Lisboa & Koller, 2001). Crianças agressivas
expressam suas dificuldades de interação e adaptação através de seus
comportamentos.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos


Mentais (DSM-IV-TR), o comportamento agressivo encontra-se, inserido
no quadro de transtornos de conduta, que é caracterizado por um padrão
persistente de comportamento que viola os direitos básicos dos outros e as
normas ou regras sociais importantes e apropriadas à idade (American
Psychiatric Association, 2003). Estudo realizado por Corrêa e Williams
(2000), sobre o impacto da violência conjugal na saúde mental das
crianças, concluiu que havia altos índices de depressão, agressividade,
isolamento e baixa autoestima em crianças que presenciaram atos
violentos entre os pais.

1.1. A Agressividade Aprendida Através Da Modelação

Assim como a violência, os conceitos de agressão e agressividade


envolvem múltiplos enfoques e direcionamentos. Stith (1993) citado por
Meneghel, Giugliani & Falceto (1998), assina que, a agressividade entre
crianças e adolescentes parece estar aumentando, porém este
comportamento pode ser resultado de uma conduta menos repressiva em
relação a este fenômeno. Por outro lado, as crianças podem estar mais
agressivas como resposta à violência estrutural da sociedade.
A teoria social da aprendizagem (Bandura, 1973) é de grande
importância para a compreensão da agressividade humana na medida em
que focaliza o papel do ambiente social na aquisição, manutenção e
modificação das respostas agressivas. De acordo com Bandura, Azzi,
Polydoro & cols, (2008), as principais fontes de estilos de comportamento
agressivo na sociedade moderna são a agressão modelada e reforçada pela
família, onde o sujeito: 1. Aprende um estilo de conduta agressivo; 2.
Alteram suas restrições sobre comportamento agressivo; 3. Torna-se
insensível e habituado com a violência. Ou seja, a agressividade aprendida
através da modelação. Bandura (2008) postula que quando adquirimos
novos comportamentos em decorrência da imitação de pautas de conduta
a partir de modelos, falamos em modelação. Assim, entende por
modelação: o processo de aquisição de comportamentos a partir de
modelos seja este programado ou incidental. Também se nomeia como
modelação a técnica de modificação de comportamento com o uso de
modelos. (Bandura, 1965a, 1972, 2008).

Quando os pais ferem-se mutuamente, a ansiedade dos filhos é


esmagadora, eles podem desenvolver um padrão crescentemente
agressivo em suas relações familiares, escolares e sociais (Wolff,
1985 apud Meneghel, Giugliani & Falceto1998).

Para (Bandura & Huston 1961, Bandura, Azzi, Polydoro & cols,
2008), a maior parte do repertório de socialização do indivíduo é
adquirida por meio da “identificação com adultos significativos na vida da
criança”. Ainda de acordo com o autor, pesquisas evidenciaram que a
exposição a modelos agressivos pode: a) aumentar a probabilidade de
imitação de comportamento agressivo; b) aumentar a imitação de
respostas verbais não agressivas, emitidas pelo modelo agressivo; c) levar
à imitação do comportamento agressivo, mesmo na ausência de
desempenho durante a observação, sem reforçamento adicional do
observador, e mesmo quando o modelo não fora reforçado ao exibir as
respostas agressivas.

2. Método/Amostra

Verificando a possibilidade de responder às questões propostas


foram utilizadas abordagens quantitativas e qualitativas como caminho
para a realização da pesquisa. Os sujeitos participantes desse estudo
foram doze crianças sendo nove do sexo masculino e três do sexo
feminino com idade entre nove e quatorze anos. Todos matriculados no
quarto ano das séries iniciais de uma escola da rede pública municipal do
interior do Estado de Rondônia.

De acordo com Gil (2008), o método comparativo procede pela


investigação de indivíduos, classes, fenômenos ou fatos, com vistas a
ressaltar as diferenças e similaridade entre eles. Seguindo este parâmetro
os sujeitos que fizeram parte deste estudo foram avaliados de acordo com
seu nível de agressividade.

3. Instrumento

Para a coleta dos dados foi utilizada a Escala de Percepção por


Professores dos Comportamentos Agressivos de Crianças na Escola
(Lisboa & Koller, 2001). A escala é constituída de 41 itens que avaliam o
comportamento da criança, medindo sua agressividade na escola. Cada
item representa uma afirmação, sendo que a resposta deve ser dada pelo
professor em uma escala do tipo Likert de 5 pontos - onde 1 corresponde a
discordo totalmente, e 5 corresponde à resposta concordo totalmente.

Utilizou-se também uma entrevista semi-estruturada com as famílias


para levantamento de dados contendo itens de caracterização (perfil sócio-
demográfico: sexo, classe social, idade, bairro), relacionamento e
dinâmica familiar.

Após a entrevista foi aplicado o Inventário de Estilos Parentais


(IEP). O objetivo deste instrumento é estudar a maneira utilizada pelos
pais na educação de seus filhos. O Inventário de Estilos Parentais (IEP) é
composto por 42 questões que correspondem ás setes práticas educativas,
cinco delas vinculada ao desenvolvimento do comportamento anti-social:
negligência, abuso físico, disciplina relaxada, punição inconsistente e
monitoria negativa, e duas que promovem comportamentos pró - sociais:
monitoramento positivo e comportamento moral. Cada questão consta de
uma frase à qual o respondente deve indicar a frequência com que a figura
materna/paterna age.

E para finalizar aplicou-se o Inventário de Percepção de Suporte


Familiar – IPSF. O instrumento é constituído de 42 questões distribuídas
em três fatores sendo eles:
 Afetivo-Consistente: esse fator contém vinte e um itens e
evidencia as relações afetivas positivas intrafamiliares, desde o
interesse pelo outro, até a expressão verbal e não-verbal de
carinho, clareza nos papéis e regras dos integrantes da família,
bem como habilidade nas estratégias de enfrentamento de
situações-problema;
 Adaptação Familiar: esse fator é composto de treze itens que
expressam sentimentos negativos em relação à família, como
isolamento, exclusão, raiva, vergonha, relações agressivas de
brigas e gritos, irritação, incompreensão, e ainda percepção de
relações de competição na família, interesse e culpabilidade entre
os membros em situações de conflitos;
 Autonomia Familiar: Composto por oito itens demonstra a
percepção de autonomia que a criança tem de sua família, o que
denota relações de confiança, privacidade e liberdade entre os
membros da família. O Inventário de Percepção de Suporte
Familiar – IPSF tem como objetivo avaliar as características da
família, bem como os tipos de suporte existentes.

4. Procedimento E Coleta De Dados

Em um primeiro momento foi feito contato com a direção da escola


para a apresentação do projeto, dos objetivos do estudo e a solicitação da
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a
participação dos professores na pesquisa. Após a aceitação os professores
receberam uma breve instrução sobre como preencher o instrumento a ser
utilizado por eles: a “Escala de Percepção por Professores dos
Comportamentos Agressivos de Criança na Escola” (Lisboa & Koller,
2001). Para a aplicação da escala foi extraído uma amostragem aleatória
de trinta e três alunos de um total de cento e trinta e nove, sendo vinte e
dois do sexo masculino e onze do sexo feminino. Os dados foram
coletados no período entre março à maio de 2010. Com base nos dados
fornecidos pelo instrumento, foram analisados os resultados e a partir
destes formou-se o grupo para o estudo.

Para análise da pontuação da Escala de Percepção por Professores


dos Comportamentos agressivos de Crianças na Escola (Lisboa & Koller,
2001), utilizou-se o critério usado por (Maldonado & Williams, 2005):
foram computados os pontos negativos (referente a comportamentos
agressivos), sendo diminuídos os pontos positivos (referente a
comportamentos positivos) da escala. Em seguida, foi calculada a média e
o desvio padrão. Após a definição do grupo (dezesseis alunos) a escola
forneceu os endereços para o contato com as respectivas famílias.

Em um segundo momento foi feito contato domiciliar com cada


família das crianças, onde foi feito o convite para a participação da
pesquisa e solicitando o seu Consentimento Livre e Esclarecido por
escrito, destas quatro rejeitaram o convite reduzindo o número de
participantes a doze sujeitos. Após a assinatura do termo cada família
respondeu a uma entrevista semi-estruturada, a qual teve por objetivo a
coleta de dados sócio-demográfico.
Para a aplicação do Inventário de Estilos Parentais (IEP) e do
Inventário de Percepção de Suporte Familiar – (IPSF), usou-se o seguinte
procedimento: a coleta de dados ocorreu de forma coletiva em sala de
aula, com duração de aproximadamente quarenta e cinco minutos para a
resposta de cada instrumento. Tomou-se o cuidado de se esclarecer o
objetivo da pesquisa que era avaliar a as práticas educativas utilizadas
pelos pais e a percepção sobre o suporte familiar. Informo-se também a
importância da resposta de todos os itens e a não-existência de respostas
certas ou erradas. Para análise destes itens foram calculados o coeficiente
individual de cada fator encontrando média e desvio padrão e em seguida
foi feito uma análise geral de cada instrumento.

5. RESULTADO E DISCUSSÃO

Após o levantamento dos dados, foram analisados os resultados


obtidos. Em um primeiro momento foram realizadas análises das
características das famílias através dos dados coletados com as crianças, e
constatou-se, com base nos testes estatísticos que há prevalência de
práticas educativas negativas. A utilização desta tem sido descrita na
literatura como prejudicial para o desenvolvimento da criança. Para
(Cecconello, De Antoni & Koller, 2003), tal prática contraria, portanto, a
Teoria dos Sistemas Ecológicos, pela qual a família deveria ser
primordialmente, um sistema no qual as relações são recíprocas e com
equilíbrio de poder.

5.1. Estilos Parentais


Quanto ao estilo parental observa-se que 66,6% das mães e 49,9 %
dos pais encontram-se na zona de estilo parental de risco. Para Gomide
(2006), aconselha-se a este grupo a participação em programas de
intervenção terapêutica, em grupo, de casal ou individualmente,
especialmente desenvolvidos para pais com dificuldades em práticas
educativas nas quais possam ser enfocadas as conseqüências do uso de
práticas negativas em detrimento das positivas.

Nota. E P R = Estilo Parental de Risco; E P Ab M = Estilo Parental


Abaixo da Média; E P Ac M = Estilo Parental Acima da Média.
Figura 1. Porcentagem média de pontos atribuídos aos estilos parentais
quanto às práticas educativas.

Para o grupo que se encontra abaixo da média o índice foi de 33,3%


das mães e 25% dos pais, para estes aconselha-se a participação em
grupos de treinamento de pais. Quanto aos que estão acima da média foi
de 16,6 % para as mães e 8,3 % para os pais. Essa diferença entre as
práticas educativas paternas e maternas pode ser justificada pela a
ausência da figura paterna em algumas famílias configuradas como
famílias monoparentais feminina.
O alto índice de estilos parentais de risco e abaixo da média se deve
a predominância das práticas educativas negativas nessas famílias como
mostra a figura 02. Dentre essas práticas encontra-se a punição
inconsistente a qual obteve o seguinte coeficiente: M=7,1 DP=0,73 para o
pai e M=7,6 DP=0,94 para a mãe. Isso demonstra que os pais orientam de
acordo com seu humor na hora de punir a criança, interferindo, sobretudo,
como assina (Gomide, 1998; 2006) na percepção do indivíduo,
prejudicando sua avaliação no que se refere aos efeitos que suas ações têm
sobre os outros e sobre o meio. Estudos realizados por Meneghel,
Giugliani & Falceto (1998) concluíram que adolescentes punidos tiveram
oito vezes mais chance de se tornarem violentos.

Quanto à negligência dos pais com as crianças há certa paridade


entre pai e mãe onde se obteve os seguintes coeficientes pai: M=7,2
DP=1,03; mãe: M=7,3 DP=0,90. Esta prática consiste na falta de ações
por parte da família perante aos aspectos médicos, educacionais,
higiênicos, de supervisão e físicos e abandono por parte dos responsáveis
podendo trazer conseqüências físicas e
psicológicas na vida da criança.

Outro fator analisado como subitem das práticas educativas negativa


foi o de disciplina relaxada, sendo pai: M=6,4 DP=1,17 e mãe: M=7,1
DP=0,79. Este item refere-se ao não cumprimento das regras
estabelecidas. Os pais estabelecem as regras, ameaçam e, quando se
confrontam com comportamentos opositores e agressivos dos filhos,
abrem mão de seu papel educativo, retirando-se do embate (Gomide,
2003; 2004; 2006).

Nota. P I = Punição Inconsistente; N = Negligência; D R =


Disciplina Relaxada; M N = Monitoria Negativa; A F = Abuso Físico.
Figura 02: Média de pontos atribuídos pelas crianças, nas subescalas do
IEP.

A monitoria negativa caracterizada pela geração de ambiente hostil


apresentando coeficientes: M=6,1 DP=0,87 para o pai e M=8,2 DP=0,96
para a mãe. Meneghel, Giugliani & Falceto (1998), afirma que o
comportamento agressivo das crianças está articulado com as múltiplas
formas de violência, explícitas ou não, que eles vivem no âmbito da
família. Para Bandura (1965b; 2008), a teoria da aprendizagem social faz
prognóstico de um aumento de respostas agressivas em decorrência do
fornecimento de modelos agressivos. Com base nestas afirmações e nos
resultados obtidos, podemos inferir que a agressividade apresentada por
estas crianças pode ser entendida como imitação de modelos agressivos.
O abuso físico intrafamiliar é multidirecional (Cecconello, De
Antoni & Koller, 2003), pois poderá ocorrer entre quaisquer de seus
membros, por exemplo: pais e filho (a), irmãos, casal, entre outros. Onde
muitas vezes é justificado e compreendido pelos membros familiares
como uma prática disciplinar (De Antoni, 2000; Pires, 1999). O abuso
físico e psicológico caracteriza-se pela prática dos pais disciplinarem seus
filhos através de práticas corporais negativas, ameaças e chantagem de
abandono e de humilhação do filho. Para este fator foram atribuídos os
seguintes números pai: M= 8,1 DP=0,87 mãe: M=7,9 DP=0,79. Estudos
realizados com famílias com história de abuso físico mostram que pais
abusivos tendem a desencadear menos situações de interação com seus
filhos do que os pais não abusivos (Kashani & Allan,
1998 apudCecconello at. al 2003). Ainda de acordo com o autor na
perspectiva social, o risco de abuso físico intrafamiliar está relacionado ao
isolamento social, à falta de uma rede de apoio social e afetivo e aos
eventos de vida estressantes, como dificuldades financeiras e desemprego.

5.2. Suporte Familiar

Os resultados também apontam para um baixo escore no que diz


respeito à percepção da criança frente ao suporte familiar recebido, ou
seja, estas famílias apresentam pouca afetividade entre os membros,
dificuldades no processo de adaptação e pouca autonomia familiar.

Tabela 01. Pontuação de itens assinalados por níveis de intensidade


em cada fator do IPSF.
A autoestima da criança depende em parte de elogios e críticas dos
pais, também depende dos padrões decisórios, de comunicação e da
disciplina da família. Observa-se que mesmo nas famílias consideradas
com bom suporte familiar o fator autonomia familiar ficou abaixo da
média não atingindo o escore mínimo aceitável que é valor 8. Portanto,
essas crianças dependem que suas famílias transmitem mais confiança a
elas para que se sintam mais seguras, para isso é necessário que seus pais
fundamentem seus pedidos com razões, envolvem seus filhos no processo
decisório da família, e estimulam a independência gradativa, detendo a
responsabilidade final.

6. A Família

Com relação às famílias participantes da pesquisa percebe-se que a


relação intrafamiliar é complexa, pois a falta de comunicação, somada à
dificuldade para resolver problemas em conjunto são fatores negativos na
criação dos seus filhos. Um dos desafios encontrado neste estudo foi a
resistência da família em abordar assuntos que diz respeito à convivência
entre seus membros e as práticas educativas utilizadas pelos pais para com
seus filhos, uma vez que algumas dessas famílias já foram convocadas ao
conselho tutelar para darem explicações sobre denúncias de negligências e
maus tratos com os filhos. Em algumas dessas famílias foram detectado
problemas com alcoolismos, vícios em jogatina e problemas com a
justiça. Fatores que também contribuem para a mudança de
comportamento intrafamiliares.

Estudos confirmam que crescer em uma família que possui um


alcoólatra é sempre um desafio, principalmente quando falamos do
contato direto de crianças com esta realidade. Portanto, pode-se inferir
que para estas existe maior chance para o desenvolvimento de transtorno
de conduta e dificuldades de entrosamento com outros colegas e pessoas
da sociedade.

6.1. Configuração Familiar

Quanto à configuração familiar constatou-se que 41,66% das


crianças convivem em família nuclear, ou seja, constituída por pai, mãe e
irmãos biológicos, 33,33% moram com a mãe e irmãos biológicos e
padrasto. Algumas famílias são constituídas apenas com a figura materna
como provedora do sustento e educação dos filhos (famílias
monoparentais). E isso se torna um agravante a mais já que a mãe precisa
ausentar-se durante dia para trabalhar. De acordo com especialistas
crianças que ficam muito tempo sozinhas se tornam mais vulneráveis,
apresentando incertezas quanto ao futuro e sua estabilidade, apresentando
sentimentos de solidão, tristeza, carência afetivas, frustração, revolta,
necessidade de atenção por terem perdido o pai e dificuldade de perdoar
em função de situações onde houve abandono.

Tabela 02: Dados de escolaridade, Renda Familar e Habitação

A renda familiar das famílias participantes variou entre oitenta reais


a dois salários mínimos, ou seja, entre R$ 80,00 a R$ 1040,00 obtendo
média de R$ 592,50 por famílias ou renda per capita de R$ 148,12. Vale
pontuar que parte dessa renda vem de programas sociais, uma vez que
75% das famílias recebem ajuda de programas assistenciais do governo
federal ou doações de instituições não governamentais. Assim, observa
que a baixa renda dessas famílias flerta com o baixo nível de instrução de
seus responsáveis. Ou seja, quanto maior for o nível de escolaridade do
indivíduo maior é sua chance de conseguir emprego e conseqüentemente
aumentar sua renda.

Quanto ao número de membros que convivem na mesma casa a


média obtida foi de 4,08 membros por família. À ocupação da figura
paterna predomina o trabalho autônomo e desempregado, enquanto mãe a
realidade é ainda mais grave já que 66,6% encontram-se desempregadas.

Esses números traduzem o grande contraste social em que vivem


essas famílias. Onde a realidade não diferente do restante do país em que
a distribuição de renda é desigual, ou seja, uma minoria é muito rica,
enquanto grande parte da população vive na pobreza e miséria. A falta de
oportunidade e o baixo nível de escolaridade traz como consequencia uma
renda familiar insuficiente para as necessidades básicas da família.

6.2. Nível De Instrução

Com relação ao nível de escolaridade 10 % dos pais e 41,6% das


mães são analfabetos ou semi-analfabetos; 50% dos pais e 16,6% das
mães estudaram apenas o primário (séries iniciais); 30 % dos pais e 25%
das mães têm o ensino fundamental completo e apenas 10 % dos pais e
16,6 % das mães concluíram o ensino médio. Resultado que confirmam as
estatísticas apresentadas, Guimarães (2010) conclui que “os indivíduos
que apresentam maior grau de educação possuem maior participação na
renda. Sujeitos com mais de 11 anos de estudo, apresentam sempre os
maiores retornos na renda”.

6.3. Habitação
No que diz respeito à moradia 33,33% dos participantes do estudo
moram em casa de familiares, 50% em casa própria e 16,66% residem em
casa alugada como demonstra a tabela 02.

De modo geral observa-se que um conjunto de fatores contribui para


que essas crianças se transformem em vítimas, vítimas de um sistema que
reprime, discrimina e não oferece oportunidades a elas. Dessa forma, as
suas agressões podem ser uma resposta a tudo aquilo que lhe é imposto.

Com relação à família o estudo confirma a hipótese proposta, de que


o núcleo familiar ao quais essas crianças estão inseridas configura-se
enquanto espaço de geração de comportamentos anti-sociais entre seus
membros.

7. Considerações Finais

Os resultados apresentados confirmaram os resultados do estudo


comparativo de Maldonado & Williams (2005) sobre os efeitos da
violência familiar sobre o comportamento das crianças. Neste os autores
concluíram que houve maior incidência de severidade de exposição à
violência familiar nas crianças do sexo masculino que apresentaram
comportamento agressivo na escola, quando comparadas às crianças do
mesmo sexo que não apresentam tal comportamento.

Também evidencia o que a literatura especializada postula, de que as


principais fontes de estilos de comportamento agressivo na criança são a
agressão modelada e reforçada pela família (Bandura, 2008). Ou seja, o
comportamento agressivo apresentado pela criança no contexto escolar
pode ser considerado reflexos, reprodução ou até mesmo devolução da
violência sofrida no ambiente familiar da qual a criança é a primeira
vítima. Onde a maioria está exposta a fatores de risco e parece não
apresentar rede protetora suficiente para minimizar esses efeitos.

Nesse sentido faz se necessário, portanto, a reestruturação da família


fundamentada em relações mais simétricas entre pais e filhos, que
possibilite mudança nos comportamentos não só da criança mais em toda
a família. “A tolerância às diferenças, as trocas permitidas, respeitando os
limites, e os papéis de cada membro do grupo, representa o forte vínculo
que torna a família o sustentáculo emocional do ser humano” (Day at.
al 2003). Todos os esforços que permitam o reforço deste espaço de
entendimento irão contribuir para um bom desenvolvimento
biopsicossocial da criança. Bowlby (2002) defende que as crianças
necessitam de um ambiente de afeto que lhes favoreça segurança para
viabilizar e garantir um desenvolvimento saudável.

Considerando-se os aspectos acima mencionados a respeito da


importância da família para o desenvolvimento da criança, bem como a
questão do ciclo de vida familiar, pode-se dizer que as experiências
vivenciadas pela criança, tanto no contexto familiar quanto em outros
ambientes nos quais ela está inserida, contribuem diretamente para a sua
formação possibilitando um aprendizado essencial para a sua atuação
futura.

Por essas razões, torna-se necessário o investimento em programas


de orientação para estes pais e/ou responsáveis com a finalidade de
instrumentalizá-los para poderem lidar de forma mais adequada com seus
filhos, auxiliando-os a fornecer orientações mais precisas que sirvam de
referência para as crianças. Assim, estes, por sua vez, podem ver os pais
como modelos positivos ao qual podem recorrer diante das dificuldades
de ajustamento que enfrentam.

Embora os resultados apontem para uma correlação entre o


comportamento anti-social da criança e o modelo familiar ao qual ela faz
parte, vale ressaltar que esse fator não pode ser considerado isolado, uma
vez que outras fontes geradoras de violência podem influenciar
diretamente na má conduta destas crianças. A precária condição sócio-
econômica, o contexto escolar onde muitas vezes o aluno pode usar a
agressão como um recurso contra o autoritarismo do professor, o meio
social e cultural e o preconceito recebido por elas, são fatores causadores
potenciais das agressões em suas vidas, onde a desigualdade social, por si
só, já é agressiva, e não oferece oportunidades a estas crianças.

Nesse sentido torna-se importante trazer para discussão e


comparação dados de pesquisa com crianças de diferentes classes sociais
sobre comportamento agressivo e violência familiar, já que os sujeitos
participantes deste estudo fazem parte de uma população imersa em uma
série de fatores que colaboram para a ocorrência de violência em maior
escala.

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