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APRENDENDO HISTÓRIA:
EXPERIÊNCIAS
PRODUÇÃO:
LAPHIS – Laboratório de Aprendizagem Histórica da UNESPAR
Leitorado Antiguo – UPE
Projeto Orientalismo
Aprendendo EDIÇÃO:
História: Edições Especiais Sobre Ontens
EXPERIÊNCIAS
Página | 2
FICHA BIBLIOGRÁFICA
ASSUMPÇÃO, Luis F. Bantim; BUENO, André; CAMPOS, Carlos E.; CREMA,
Everton; NETO, José Maria de Sousa. Aprendendo História: Experiências.
União da Vitória: Edições Especiais Sobre Ontens, 2019.
ISBN: 978-85-65996-66-2
Disponível em www.revistasobreontes.site
SUMÁRIO
CONVIDAD@S
LINGUAGEM E EDUCAÇÃO HISTÓRICA: PENSANDO O PROJETO BAQUAQUA
Bruno Rafael Véras de Morais e Silva e Tatiane de Lima Santos - 9
AUTOR@S
HISTORIOBIOGRAFIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CONSOLIDANDO EXPERIÊNCIAS
DE EDUCAÇÃO HISTÓRICA EM ESCOLA PÚBLICA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL
Ana Valeria Abbeg e Samara Elisana Nicareta - 31
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 7
Aprendendo
História:
CONVI
DAD@S
EXPERIÊNCIAS
Página | 8
LINGUAGEM E EDUCAÇÃO HISTÓRICA: PENSANDO O PROJETO
BAQUAQUA
Bruno Rafael Véras de Morais e Silva
Tatiane de Lima Santos
Aprendendo
O Projeto Baquaqua é uma ação de história pública e ele parte de uma História:
dupla reflexão. De lado tem como pressuposto ser uma ferramenta de EXPERIÊNCIAS
atuação política no campo de educação e do outro um espaço de debates e Página | 9
construção de conhecimento acadêmico. O formato escolhido para o
desenvolvimento deste projeto foi o da historiografia digital (Digital History)
através de website, mídias sociais, vídeo profile, além de publicações
acadêmicas formais. [DOUGHERTY; NAWROTZKI, 2013].
Cada uma das seções merece uma posterior escrita mais detida e
expandida, mas trazê-las juntas e de maneiras interconectadas permite-nos
pensar o projeto dentro de uma perspectiva transdisplinar. Dito isto,
convidamos o leitor a conhecer o projeto (www.baquaqua.org) e a vida de
Mahommah Gardo Baquaqua, nascido na África por volta de 1824,
escravizado no Brasil em 1845, publicando seu relato autobiográfico em
1854 (Interesting Narrative, Biography of Mahoammah G, Baquaqua, A
Native of Zoogoo, in the interior of Africa (A Convert to Christianity,) with a
Description of That Part of the World; including the Manners and Customs of
the Inhabitants, Detroit, 1854) como um abolicionista.
Fig. 01.
Ilustração “Sugar Mill” (Engenho de Açúcar). Henry Koster. Travels in Brazil.
London, 1819 (Disponível em: http://www.loc.gov/pictures/item/89711148/
acessado em 25/02/2019)
A intenção primordial deste projeto é que ele seja acessado por pessoas em
vários países do mundo Atlântico e seus materiais usados de forma criativa,
nesta mesma dimensão. Tomando como conceito o envolvimento do público
de vários países das Américas, Europa e África, o website é alimentado
constantemente com novos conteúdos. A cada série de conteúdos inseridos,
a página criada no Facebook para o Projeto Baquaqua
(www.facebook.com/mgbaquaqua), faz chamadas para que o público os
acessem, criando constantes acessos em vários países. Estas chamadas
feitas de maneira constante são feitas pelo menos em português, inglês e
francês.
****
Fig. 02
Logomarca do Projeto Baquaqua. Criação de Tatiane Lima (Disponível em:
http://www.baquaqua.org, acessado em 25/02/2019).
Fig. 03
Edifício da prefeitura de Nova York onde Baquaqua foi chamado para o
julgamento de sua fuga em 1847. Ilustração de 1838, Lockwood, Manhattan
Move Uptown, 2.
Fig. 04
Ilustração produzida por Tatiane Lima baseada nem ilustração de 1838 da
prefeitura de Nova York para o livro ilustrado do Projeto Baquaqua.
Fig. 05
Recorte de ilustração de Mahommah Gardo Baquaqua em A.T. Foss and
Edwards Mathews. Facts for Baptist Churches. Utica, 1850.
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 17
Fig. 06
Ilustração de Mahommah Gardo Baquaqua produzida por Tatiana Lima em
atividade interativa de livro ilustrado do Projeto Baquaqua.
Fig. 07
Ilustração para colorir produzida por Tatiane Lima de Baquaqua e seus
novos amigos na cidade de Chatham, Canadá, em 1854 (Disponível em:
http://www.baquaqua.org, acessado em 25/02/2019). A imagem foi
inspirada em fotografia de 1860. Chatham-Kent Museum, 85.27.2.15,
N674, Bk 2#15.
Fig. 08
Ilustração para colorir produzida por Tatiane Lima de Baquaqua e sua
família em Djougou (Disponível em: http://www.baquaqua.org, acessado
em 25/02/2019). A imagem foi inspirada nas descrições presentes na
biografia de Baquaqua, bem como em suas cartas.
Referências
Bruno Rafael Véras de Morais e Silva é coordenador do Projeto Baquaqua e
do Freedom Narratives Project. Atualmente é doutorando em História e
professor tutor na York University, Canada.
PIRES, Vera Lúcia. A interação pela linguagem: prática social mediadora das
relações socioculturais. Nonada Letras em Revista. Porto Alegre, ano 14, n.
17, p. 87-100, 2011.
Aprendendo
Introdução História:
Pensar o Ensino de História Antiga é um ato reflexivo, que exige EXPERIÊNCIAS
contextualização e sensibilidade para gerar resultados no campo Página | 21
educacional do Brasil. Logo, o uso dos Ambientes Virtuais é essencial para a
produção de um saber ativo, que seja capaz de envolver os discentes.
Assim, apresentaremos um levantamento das bases digitais que podem ser
utilizadas em sala de aula para os conteúdos de Roma Antiga. Com isso,
espera-se possibilitar uma postura social que valorize e instigue o gosto
pelo aprendizado de História, em nossa atualidade, pois se em colégios,
universidades e outros espaços sociais – mídia, jornais, rodas de amigos
etc. – são buscados caminhos para a renovação do sistema de Educação,
em outros espaços se procura suprimir a função social da História, como
vimos nos debates da BNCC de 2017 para o Ensino Médio. Portanto, isso
serve de incentivo aos docentes e a sociedade para a problematização da
importância de se educar os jovens para a cidadania e a diversidade, em
épocas de obscurantismo e retrocesso social.
Nota-se que o PCN pretende que o aluno seja o agente principal de seu
conhecimento, sem desvalorizar o papel do professor [BRASIL. MEC. PCN,
2000]. Assim, a perspectiva de construção de um saber com base na
compreensão de que a educação escolar não se limita a fazer uma seleção
entre o que há disponível da cultura em um dado momento histórico, mas
tem por função tornar os saberes ensinados efetivamente transmissíveis e
assimiláveis. Para isso, exige-se um trabalho de reorganização,
reestruturação ou de mediação didática que dá origem a configurações
cognitivas tipicamente escolares, capazes de compor uma cultura escolar
sui generis, com marcas que transcendem os limites da escola [MONTEIRO,
2003]. Nesse sentido, o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação
(TICs) são essenciais para o aprendizado.
Recomendações de leituras:
Para compreensão sobre o processo de letramento e aprendizagem digital,
recomendamos o site MILD - Manual de instruções para a literacia digital. O
site português conta com a contribuição brasileira do Prof. Dr. Alex Martire
– USP. O MILD é um interessante portal que desenvolve o conhecimento
dos usuários sobre as esferas da leitura, mídia e cidadania digitais. Acesse o
site disponível em: https://mild.rbe.mec.pt/. Outro recurso digital que
podemos utilizar em sala de aula é o Google Arts & Culture. O site
possibilita aos usuários uma visualização e interatividade com diversos
museus, assim podendo explorar o acervo, observar o espaço interno das
salas e o conceito museológico que foi adotado. O acesso ocorre pelo site:
https://artsandculture.google.com/
Agradecimentos
Agradeço ao Prof. Dr. André Bueno pelo convite para essa conferência, o
trabalho em conjunto nas mesas do Simpósio Online, assim como pelos
anos de amizade. Aproveito para manifestar a minha gratidão ao Prof. Dr.
Alex Martire, um pioneiro em ciberarqueologia no Brasil, o qual dedicou
uma parcela do seu tempo para contribuir com suas considerações a esse
estudo. Não menos importante, agradeço ao Prof. Ms. Luis Filipe Bantim de
Assumpção pelo, gratificante, trabalho conjunto em nossa mesa de
aprendizagem histórica no Simpósio.
Referências
BALOT, Ryan K. Rethinking the History of Greek and Roman Political
Thought. In: BALOT, Ryan K.(Org.). A Companion to Greek and Roman
Political Thought. Massachusetts-EUA; Oxford - Reino Unido:Wiley-Blackwell
Publishing Ltd, 2009, p. 3 – 19.
BRASIL. Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e bases da
educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, dez. 1996.
LÉVY, P. Cibercultura. 34. ed. Rio de Janeiro: Ed. 34, v. 34, 1999.
E mais,
“Se a memória é socialmente construída, é óbvio que toda documentação
também o é. Para mim não há diferença fundamental entre fonte escrita e
fonte oral. A crítica da fonte, tal como todo historiador aprende a fazer,
deve, a meu ver, ser aplicada a fontes de tudo quanto é tipo. Desse ponto
de vista, a fonte oral é exatamente comparável à fonte escrita. Nem a fonte
Aprendendo escrita pode ser tomada tal e qual ela se apresenta.” (POLLAK, 1992, p.9)
História:
EXPERIÊNCIAS Desta forma, nos aproximamos da concepção de Bosi (1994), que a história
Página | 32 de vida é uma narrativa da vida de cada um, uma maneira pessoal como o
sujeito reconstrói suas memórias, do modo como ele pretende que sua vida
seja narrada. Em sentido semelhante temos a afirmação de Paulilo (1999,
p.140-1): “Através da história de vida pode-se captar o que acontece na
intersecção do individual com o social, assim como permite que elementos
do presente fundam-se a evocações passadas. Podemos, assim, dizer, que
a vida olhada de forma retrospectiva faculta uma visão total de seu
conjunto, e que é o tempo presente que torna possível uma compreensão
mais aprofundada do momento passado.” Pois junto a sua história pessoal
torna-se inevitável a constituição da própria noção de temporalidade,
sequenciamento, organização tempo-espaço, e a relação direta com outras
histórias de vida, seja dos pais, avós, tios e outros familiares que
apresentarão vivências significativas e práticas sociais específicas acerca da
vida da criança.
Feita a leitura do livro “O livro da Família” de Todd Parr e feita uma roda de
conversa sobre o livro, indagando: Qual trecho as crianças mas gostaram?
Quais as imagens mais interessantes? Quais os tipos de famílias que
aparecem no livro? E a sua família é parecida com alguma que estava no
livro?
Após a roda de conversa cada criança desenhará sua família numa folha
separada para exposição no mural. Procedeu-se a leitura do livro “Um amor
de família” de Ziraldo onde estão presentes os parentescos (pai, mãe, tio,
tia, vô, vó, irmão etc.) Roda de conversa: Quem são os personagens do
livro? Vocês tem avós, tios e primos? Vocês sabem o que é uma árvore
genealógica? Apresentação da árvore genealógica. Após a explicação, os
alunos deverão construir a sua própria árvore genealógica, que será
exposta no mural externo a sala. A atividade culminou com a elaboração de
dois produtos: um Mural coletivo e um álbum da vida individual.
Referências
Ana Valeria Abbeg - Mestranda em Educação: Teoria e Prática (UFPR)
Samara Elisana Nicareta - Doutoranda em Educação (UFSC)
QUEIROZ, M.I. Relatos orais: do “indizível” ao “dizível”. In: VON SIMSON Aprendendo
(org.) Experimentos com Histórias de Vida: Itália-Brasil. São Paulo: Vértice, História:
1988. EXPERIÊNCIAS
Página | 35
RANZI, S. M. F. Fontes orais, História e saber escolar. Educar em Revista,
Curitiba, n. 18, p.29-42, 2001. disponível em
www.scielo.br/pdf/er/n18/n18a04.pdf Acesso em 07 abr. 2016.
OFICINA DE FOTOGRAFIAS: UMA REFLEXÃO SOBRE O USO DA
FONTE ICONOGRÁFICA NO ENSINO DE HISTÓRIA
Ana Patrícia da Silva
Maria Jocilene de Lima
Aprendendo
História: O uso da imagem na Ciência Histórica não é recente, desde seu
EXPERIÊNCIAS aparecimento ela vem sendo utilizada, porém não como um documento a
Página | 36 ser problematizado, mas sim como ilustração, como se fosse apenas para
aguçar os sentidos do leitor ao ver a materialização do que estava escrito
no documento. Com o advento da História Nova, por volta dos anos de
1970 e 80, quando a História passa por um momento de crise dos
paradigmas, os historiadores repensam não apenas a ciência em si, como
também as fontes e metodologias utilizadas:
Fig. 1
http://www.portodesantos.com.br/wp_porto/wp-
content/uploads/2018/04/05.10.1901-1024x843.jpg
A partir desse objetivo, fizemos uma seleção variada de imagens, entre elas
a fotografia dos trabalhadores e engenheiros na construção do porto de
Santos em 1901, onde os bolsistas buscaram realizar uma discussão sobre
os elementos que podem ser observados em uma fotografia e as possíveis
interpretações que esses elementos sugerem. Como um dos intuitos da
oficina era trabalhar as percepções dos alunos, primeiramente questionou-
se para a possível temporalidade da fotografia, ou seja, se ela era antiga ou
atual. Como era de se esperar, os alunos falaram que se trata de uma foto
antiga e ressaltaram o fato da fotografia ser em preto e branco, os fazendo
chegar a essa conclusão. Os bolsistas destacaram que nem sempre uma
captura em preto e branco significará que se trata de uma fotografia antiga,
visto que existem recursos para deixá-la assim, por isso é importante
analisar outros elementos, como a qualidade da foto e a indumentária dos
sujeitos registrados. Sobre a indumentária da época também foi
problematizado o fato dela sugerir uma distinção social entre os indivíduos,
o que é possível perceber entre os engenheiros e os demais trabalhadores
com seus trajes mais simples.
Fig. 2
http://obviousmag.org/archives/2010/01/camera_mamute.html.jpg?v=201
51117184912
Ao final da oficina foi proposto que, a partir das reflexões feitas em sala de
aula acerca da fotografia, bem como os conceitos de Patrimônio, História e
Memória, debatidos no primeiro encontro, os alunos registrassem através
de fotografias, utilizando como ferramenta o celular, o que eles
consideravam enquanto patrimônio em suas comunidades, sempre atentos
ao fato de que patrimônio estava para além do material. Outro ponto
constantemente destacado constava na responsabilidade que eles teriam
com seus registros, pois não se tratava apenas de uma atividade para
contribuir com uma exposição fotográfica e lhes proporcionar uma nota,
suas fotografias seriam de grande contribuição para o registro histórico de
suas comunidades. Ao fim, o que começou como um projeto para destacar
lugares e manifestações culturais importantes para os alunos enquanto
indivíduos poderão um dia ser utilizados como fontes históricas por
pesquisadores.
Referências
Ana Patrícia da Silva graduanda do curso de Licenciatura em História da
Universidade Estadual do Ceará (UECE), Campus Limoeiro do Norte e
bolsista pelo programa de Residência Pedagógica da Capes. Subprojeto
coord. pela Profa. Dra. Ivaneide B Ulisses.
Introdução
A fotografia, além de ser o registro dos locais, fatos e pessoas que nos é
importante, nos leva a lugares que ainda não visitamos, pode também ser
considerada como uma fonte importante de dados, fatos e informações que
se soubermos explorar corretamente a transforma em um poderoso recurso
didático (TURAZZI, 2005).
A fotografia, segundo Sontag (1986) passou a ser o registro por fiel que,
por meios gestos captados a imagem deixa indícios de modos de fazer, de
viver e de pensar dos homens com suas gravuras, mapas, gráficos,
pinturas, lembranças, utensílios, ferramentas, festas, cerimônias, rituais,
intervenções na paisagem, edificações etc. As fontes iconográficas
passaram a ter variados sentidos literário, poético e jornalístico, etc.
Assim, é que o presente projeto teve por objetivo utilizar a fotografia como
materialização da memória escolar. Dessa forma, as questões que
permearam esse projeto de pesquisa foram pautadas nas seguintes
proposições, a partir da utilização da fotografia: Quais lembranças do
cotidiano escolar permeiam a memória e cultura escolar de alunos e
professores? Como essa cultura escolar e memórias contribuem para a
construção e reconstrução da história da educação da capital do Maranhão?
Como alunos e professores percebem as mudanças educativas no espaço
tempo no ambiente escolar através da fotografia?
Resultados
A fotografia tem se mostrado uma importante ferramenta no trabalho
interdisciplinar resultando no olhar que analisa a cultura escolar
possibilitando a materialização de uma memória a ser preservada como
fonte de informação para a pesquisa histórica, pois na sociedade da
informação, vivemos um consumo excessivo de imagens, onde o
fundamental é saber interpretá-las, ou ressignificá-las de modo que, o
indivíduo seja capaz de desvendar seus vários sentidos. Assim, diante da
necessidade de uma quebra de paradigma educativo, o uso da fotografia no
projeto “A fotografia e a materialização da memória escolar” contribuiu para
o rompimento de uma aprendizagem fragmentada e instrucionista.
Laercio de Guine Bissau para São Luís MA- Ana Carolina 2ª ano
Referências
Possui graduação em História e Pedagogia pela Universidade Federal do
Maranhão e em Pedagogia Especialista em Psicopedagogia e Psicologia da
Educação Mestra em História Ensino e Narrativas pela Universidade Estadual
do Maranhão e Doutoranda e Educação pela Universidade Estadual do
Ceará.
MARTINS, Lúcia Araújo Ramos; PIRES, Gláucia Nascimento da Luz; MELO, Aprendendo
Francisco Ricardo Lins Vieira de. (org.). Inclusão: compartilhando Saberes. História:
2. ed. Petrópolis, R.J: Vozes, 2008. EXPERIÊNCIAS
Página | 47
MIGNOT, A. C. V.; CUNHA, M.T.S. (org.). Práticas de Memória Docente. São
Paulo: Cortez, 2003.
Aprendendo
História: Introdução
EXPERIÊNCIAS Durante os quatro anos da graduação recebemos uma preparação teórica
Página | 48 para nos tornamos professoras, mas para que isto se torne eficaz, é
necessário entrelaçar esta teoria com a prática dentro do ambiente escolar,
assim, esta formação poderá ser muito mais enriquecedora. As salas de
aula das escolas de nível fundamental e médio, muitas vezes se mostram
muito mais complexas e desafiadoras do que aprendemos nos livros, já que
o público discente é muito grande e muito distinto, portanto, é fundamental
que a prática e a teoria andem sempre lado a lado.
O Estágio Supervisionado
Durante a graduação de licenciatura em História na UENP possuímos no
terceiro e no quarto ano a matéria de Prática de Ensino de História I e II,
respectivamente, que está interligada com o estágio obrigatório do curso.
São realizadas aulas presenciais com discussões teóricas, apresentações de
regências para a professora orientadora, observações em salas de aula,
participações em atividades desenvolvidas pela instituição concedente,
aplicações de regências e participação no evento Seminário Supervisionado
de História promovido pela IES, totalizando 640 horas de atividades.
É nesta etapa da graduação que temos contato direto com o ambiente
escolar, o Estágio Supervisionado nos traz a oportunidade de intervir de
forma investigativa e reflexiva na escola, com os alunos, professores e toda
a comunidade. Porém, devemos nos lembrar que a parte prática se dá
durante todo o curso sempre atrelada a teoria que tem o papel de
Aprendendo
“iluminar e oferecer instrumentos e esquemas para análise e investigação História:
que permitam questionar as práticas institucionalizadas e as ações dos EXPERIÊNCIAS
sujeitos e ao mesmo tempo, colocar elas próprias em questionamento, uma Página | 49
vez que as teorias são explicações sempre provisórias da realidade”.
(PIMENTA, p. 43).
Neste sentido, buscamos pensar todo o curso como teórico e prático, já que
há a necessidade de um para que o outro aconteça. Isto nos possibilitou
perceber o estágio como uma pesquisa capaz de analisar o ambiente
escolar, aplicar nossos conhecimentos e superar situações de fracasso
baseadas nas teorias aprendidas, claro que dentro de nossos limites.
Vivenciar o ambiente escolar como estagiárias nos abre uma realidade
totalmente distinta de tudo o que já experimentamos, no estágio voltamos
aos bancos escolares não mais como alunas, mas não também como
professoras, o estágio é como caminhar pela sua futura profissão, mas um
caminhar acompanhado, supervisionado, um caminhar de mãos dadas.
Conclusão
O estágio nos proporcionou uma nova visão sobre o ambiente escolar.
Aprendemos na universidade como a prática e a teoria devem sempre
caminhar juntas para que a atividade docente seja a melhor possível, o
estágio nos proporcionou experimentar um pouco desta prática, mas de
uma forma em que estávamos amparadas por nossos orientadores.
Por fim, acreditamos que o estágio nos possibilitou uma visão mais humana
da prática docente, entendemos a limitação dos espaços e também dos
profissionais frente a uma educação tão maltratada pelo aparelho do
Estado. Compreendemos que a relação aluno professor deve ser sempre a
mais humana possível, pois todos nós já possuímos uma bagagem e sempre
podemos aprender com nossos alunos, assim como ensina-los.
Referências
Andressa Fernanda Pereira é graduada em História pela Universidade
Estadual do Norte do Paraná (UENP).
LUCIANO, Gersem dos Santos. O Índio Brasileiro: o que você precisa saber
sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/
Museu Nacional, 2006.
Aprendendo
História: O Programa Institucional de Monitoria na disciplina História Social e
EXPERIÊNCIAS Econômica da Amazônia, teve como intuito criar um sistema de cooperação
Página | 54 dentro de sala de aula aproximando o docente das reais dificuldades dos
discentes, proporcionando um horário de atendimentos individualizado aos
alunos matriculados na disciplina (os discentes poderiam tirar dúvidas por
e-mail ou pessoalmente, nos horários preestabelecidos para as atividades
de monitoria 20 h semanais), e em especial no caso do aluno-monitor o
projeto propicia a vivência de experiências novas e satisfatórias para a
formação docente em História. Ou seja, a monitoria é um projeto de ensino
que no caso dos cursos de licenciatura é um programa que favorece uma
iniciação da experiência docente ao aluno-monitor.
No que tange ao tema Cabanagem podemos notar que houve uma boa
receptividade e compreensão sendo possível de observar nas escolhas de
tema para desenvolver material didático, a Cabanagem foi o segundo tema
mais recorrente.
“Do que foi dito pela totalidade dos envolvidos na pesquisa (professores,
estudantes e monitores), infere-se que a monitoria é uma proposta de
trabalho que solicita competências do monitor para atuar como mediador
das aprendizagens; investe nas possibilidades que cada estudante tem para
aprender; fortalece os professores orientadores a continuarem abrindo
oportunidades para que os estudantes potencializem sua aprendizagem.”
(Frison, 2016, p.148)
Referências
Iolanda de Araújo Mendes é graduanda do Curso de Licenciatura Plena em
História (IETU/Unifesspa), foi bolsista do Projeto Integrado de Monitoria em
História Social e Econômica da Amazônia e bolsista de Projeto de Extensão.
E-mail: iolandaamendes@gmail.com.br.
Aprendendo
Em sala de aula, o tema “Independência da América Hispânica” é muitas História:
vezes tratado de maneira rasa. Nota-se, que há poucas produções didáticas EXPERIÊNCIAS
e dinâmicas envolvendo o tema. Por isso, dedicamos nosso olhar à essa Página | 59
temática dentro do projeto “Caixa de História”, com a perspectiva sobre a
moda, e a produção de um álbum com imagens para serem
problematizadas.
A ideia da Caixa de História não é limitar o professor, mas sim trazer uma
diversificação para o ensino, com isso, fica a cargo do educador verificar a
melhor forma de aproveitar o que ela tem a oferecer e ampliar a proposta,
usar outros temas, levar outras fontes para a sala de aula.
As fotos escolhidas são do acervo cedido pela família e baixadas via internet
(COSTA, 2014). É preciso analisá-las atentamente, uma vez que não são
fotos espontâneas como aparentam ser.
Fig. 2
PEREIRA, Anna L.; PARRA, Ligia D.; MONTEIRO, Anna L.; FLORZ, Elaine C.
(2018) Foto do interior do álbum “A moda conta História”
Fig. 3
PEREIRA, Anna L.; PARRA, Ligia D.; MONTEIRO, Anna L.; FLORZ, Elaine C.
(2018) Foto do interior do álbum “A moda conta História”
A foto a seguir, assim como outras fotos do período do Contestado, reflete a
intenção de demonstrar os caboclos como rendidos ao poder do exército, já
na fase final do conflito. Nessa imagem é possível problematizar com os
alunos, as roupas dos indivíduos: quem eram os sertanejos, o exército e a
família do fazendeiro Henrique Wolland (também presente na foto).
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 63
Fig. 4
PEREIRA, Anna L.; PARRA, Ligia D.; MONTEIRO, Anna L.; FLORZ, Elaine C.
(2018) Foto do interior do álbum “A moda conta História”
Fig. 5
PEREIRA, Anna L.; PARRA, Ligia D.; MONTEIRO, Anna L.; FLORZ, Elaine C.
(2018) Foto do interior do álbum “A moda conta História”
Durante o início do século XIX, a Espanha era uma potência devido ser dona
de um grande império colonial e ultramarino. Entretanto, alguns
acontecimentos a levam a uma grande instabilidade, como quando
Napoleão obriga Fernando VII a devolver o trono da Espanha aos franceses.
Fig. 6
PEREIRA, Anna L.; PARRA, Ligia D.; MONTEIRO, Anna L.; FLORZ, Elaine C.
(2018) Foto do interior do álbum “A moda conta História”
Nesse contexto, Goya trata dos sujeitos daquela barbárie, dos homens,
mulheres, crianças e idosos que foram afetados pela crueldade dos
exércitos. Goya pinta os protagonistas da história. A Guerra da
Independência é marcada por extrema violência, combates de corpo a
corpo, frequente uso de armas brancas, facas e facões são usados pela
população para a defesa dos povos e das cidades. Retrata além disso, os
abusos constantes que as mulheres sofriam e também a pobreza daquela
população.
Sob o título “Si son de outro linage”, nessa pintura podemos observar como
as classes sociais são bem distintas, o rosto massacrado dos mendigos é
muito marcante de frente para a boa indumentária dos oficiais, além de
bem vestidos aparecem gozando de boa saúde.
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 67
Fig. 7
PEREIRA, Anna L.; PARRA, Ligia D.; MONTEIRO, Anna L.; FLORZ, Elaine C.
(2018) Foto do interior do álbum “A moda conta História”
Fig. 8
PEREIRA, Anna L.; PARRA, Ligia D.; MONTEIRO, Anna L.; FLORZ, Elaine C.
(2018) Foto do interior do álbum “A moda conta História”
Outro sujeito importante que Goya retratou foi o senhor Gaspar Melchor de
Jovellanos, um escritor espanhol, jurista e político esclarecido.
Fig. 9
PEREIRA, Anna L.; PARRA, Ligia D.; MONTEIRO, Anna L.; FLORZ, Elaine C.
(2018) Foto do interior do álbum “A moda conta História”
COSTA, Paulo José da. Porto União da Vitória sob olhar de Claro Jansson
(1912), 2014, in: https://paulodafigaro.blogspot.com/search?q=contestado.
Introdução Aprendendo
O presente artigo discorre sobre a experiência de Estágio Supervisionado, História:
apresentado como componente curricular obrigatório do 3º ano do curso de EXPERIÊNCIAS
licenciatura em História, da Universidade Estadual do Paraná - Campus de Página | 71
União da Vitória. O estágio foi realizado no ano de 2018 no Colégio Estadual
Francisco Neves Filho, localizado no município de São João do Triunfo,
estado do Paraná, com a turma do sexto ano dos anos finais do ensino
fundamental. O tema abordado foi “O Egito Antigo” e a partir deste,
buscou-se relacionar o passado com o cotidiano, oportunizando ligações
entre passado/presente, bem como, propôs-se problematizações acerca dos
conteúdos trabalhados.
Assim, Silva (2011, p. 200) afirma que a “[...] educação histórica apresenta Aprendendo
possibilidades de pesquisas no campo do ensino da história nas escolas, das História:
aprendizagens e, ainda, contribui com as inovações das metodologias de EXPERIÊNCIAS
aula”. Além disso, procura responder as problematizações do ensino Página | 73
inerentes ao contexto escolar e social dos educandos e surge a possibilidade
de compreensão do pensamento histórico dentro ou fora da escola, para
analisar as relações que se estabelecem entre o conhecimento histórico e a
vida, ou seja, as considerações de todas as experiências humanas.
Além disso, realizar avaliações no decorrer das aulas não constitui uma
simples tarefa, pois a partir dos instrumentos avaliadores é possível
perceber não somente se os(as) educandos(as) entenderam os conteúdos,
mas também como construíram o saber, as especificidades que possuem, o
modo de pensar e agir, quais competências desenvolveram mais e o que
será preciso ser retomado. Sobre isso, Hoffman afirma: “Avaliar
competências significa observar o aluno em sua capacidade de pensar e agir
eficazmente em uma situação, buscando soluções para enfrentá-la, apoiado
em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. O aprender envolve
situações interativas, engajamento pessoal e a busca de conhecimentos em
momentos sucessivos e complexos”. (HOFFMANN, 2011, p. 62).
Considerações finais
As aulas da disciplina de história precisam levar em conta as experiências
dos(as) educandos(as) para que possam estabelecer um sentido do que
estão aprendendo. O ensino que não leva em conta as vivências dos(as)
educandos(as) está fadado ao fracasso e ao desuso em sua vida prática.
Nessa perspectiva, durante o estágio, com o uso de exemplos e a abertura
para o diálogo, houveram aproximações entre os conhecimentos históricos
das experiências e saberes que os(as) educandos(as) já possuíam.
Referências
Aquilles Trindade é acadêmico do 4º ano do Curso de Licenciatura em
História da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), campus de União
da Vitória.
Conclusão
Percebe-se que os estudantes ficam extremamente curiosos. Após ficarem
sabendo que participariam de uma aula na qual um peixe seria mumificado, Aprendendo
questionam diariamente em que momento iria acontecer a experiência. História:
Questionamentos similares ocorrem ao longo do ano inteiro, sempre no EXPERIÊNCIAS
sentido de observar a múmia mais uma vez. Durante a manipulação do Página | 81
peixe, as turmas geralmente ficam focadas no experimento. Praticamente
todos os estudantes entregaram todas as etapas do projeto.
Além de tudo o que foi exposto, o projeto de ensino foi prazeroso para o
professor envolvido com a realização do experimento. Perceber que os
estudantes de fato estão aprendendo é extremamente grafiticante, pois o
maior objetivo do professor é a construção de conhecimento e quando ela
acontece, todo o resultado de seu trabalho é recompensado.
Referências
Artur Duarte Peixoto é professor de história da Rede Municipal de Ensino de
Porto Alegre e doutorando em História, pela UFRGS.
Revista Ciências Hoje das Crianças. n. 178, Instituto Ciências Hoje, abril de
2007.
O bairro onde a escola está situada deu origem a cidade, antes chamada
Pedra, com uma população de mais de três mil pessoas, sendo um dos mais
antigos bairros da cidade. O mesmo sofre de problemas ambientais e
sociais, tais como: saneamento básico em péssimas condições, pouca
assistência à saúde, alto índice de desemprego, marginalizado e na
periferia.
A ciência como bem definiu Bloch tinha como objeto os homens, mas,
precisava trazer a sua especificidade, e algo que a distinguisse das demais
ciências sociais. O tempo, ou melhor, os “homens no tempo”. No seu
desenvolvimento e transformações, os historiadores se laçaram a outras
práticas, mas nunca perderam a sua dimensão particular, como diria Burke:
Sabemos também que o enunciado não é proferido pela primeira vez na Aprendendo
história, e que dependendo do Estado e dos sujeitos que proferem tomam História:
novas formas e novos sentidos, que cabe ao pesquisador desvelar, seja na EXPERIÊNCIAS
antiguidade clássica, no movimento positivista e até mesmo nos dias de Página | 85
hoje.
Referências
Ayrton Matheus da Silva Nascimento é licenciando no curso de História da
UFAL
Maria Elzita Alves Aragão é licencianda do curso de História da UFAL
Percebemos então que há uma busca para ampliação do que seria uma
cultura da educação, onde práticas e paradigmas tradicionais não mais
sustentam ou dão conta de todas as mudanças sociais e culturais. O
conhecimento torna-se algo conjunto e a realidade dos alunos e professores
essenciais na constituição de um novo currículo. É nessa visão de ampliação
do ensino que propomos a inserção das HQs como instrumentos
pedagógicos capazes de permearem e unirem as diferentes culturas e
realidades presentes na comunidade escolar. Veremos a seguir.
Fig.1. Capitão América socando Hitler (Captain América Comics #1, de Jack
Kirby e Joe Simon, 1941)
A própria História das HQs durante o século XX pode vir a ser tema de aula,
tornando-se uma amalgame de instrumento pedagógico e objeto de estudo.
Com a avalanche de histórias com temáticas “super” e a reformulação das
origens de seus poderes, há também o surgimento de um código de censura
imposto nas HQs durante a década de 50, conhecido como Comics Code
Authority (CCA). Sua implantação é recorrente da preocupação de que as
HQs poderiam ser danosas ao público jovem, os desmoralizando e
incentivando atos violentos e rebeldes, sendo necessário a criação de um
código de ética que controlasse o tipo de conteúdo que poderia ser
abordado [NACHTIGALL, 2014, p. 188]. João Guerra aprofunda mais essa
questão ao demonstrar publicações que serviam de base para esse código:
Fig.2. Alan Scott e seu namorado (Earth 2 #2, de James Robinson e Nicola
Scott, 2012)
Outro exemplo também da tentativa de romper preconceitos e colocar as
Histórias em Quadrinhos em diálogo com os principais assuntos sociais e
globais, pode ser visto através de outro Lanterna Verde, sendo mais
específico, Simon Baz. O que diferencia este Lanterna do Alan Scott não foi
uma abordagem acerca da sua orientação sexual, mas sim sua origem
étnica: um muçulmano que vive nos EUA pós atentados as Torres Gêmeas. Aprendendo
Sua história consiste então em sua vivência numa sociedade que o História:
persegue por conta da sua religião, onde a todo momento tem que provar EXPERIÊNCIAS
que não é um terrorista e se afirmar como um cidadão norte-americano: Página | 93
“Simon: É por isso...é por isso que eu tava roubando carros. Eu precisava
de dinheiro.
Agente federal 1: Por quê?
Simon: Pro filho da minha irmã. Sem o Nazir, ela tá criando o menino
sozinha.
Agente federal 2: Explodir a fábrica foi uma vingança pessoal ou uma
mensagem de outra pessoa?
Simon: Eu não sabia para onde ir. Eu não sabia o quão grande a bomba
era.
Agente federal 2: Era grande. Grande o suficiente para derrubar todo o
prédio. Mas então, quem o ajudou a orquestrar o plano? Onde o senhor se
encaixa nisso?
Simon: Eu sou um ladrão de carros, não um terrorista.” [JOHNS, 2012;
MAHNKE, 2012]
Referências
Bruno Ferreira Cardoso é bacharel em História pela UERJ. O trabalho foi
orientado pelo Prof. Dr. Carlos Eduardo da Costa Campos ATRIVM / UFMS.
Aprendendo GUERRA, F.V. A crônica dos quadrinhos: Marvel comics e a história recentes
História: dos Estados Unidos (1980-2015). Tese (Doutorado em História) – Instituto
EXPERIÊNCIAS de Ciências Humanas e Filosofia - Universidade Federal Fluminense, Rio de
Página | 94 Janeiro, 2016.
JOHNS, Geoff; MAHNKE, Doug. Green Lantern #0, 2012. Disponível em:
https://www.dccomics.com/comics/green-lantern-2011/green-lantern-0.
Acessado em: 05 mar. 2019.
KIRBY, Jack; SIMON, Joe. Captain America Comics #1, 1941. Disponível
em:
https://www.marvel.com/comics/issue/7849/captain_america_comics_1941
_1. Acessado em: 05 mar. 2019.
Em primeiro lugar, cremos que o maior legado deixado por essa célebre
obra foi constituir a base do que Veiga-Neto conceituou como as pragas
pedagógicas. Na visão desse pesquisador, características comuns nas
licenciaturas, sejam elas o excesso de metodologias e receituários didáticos,
assim como os messianismos delirantes que desejam reformar o mundo
através da educação, foram fortalecidos na esteira da proposta de
Comenius. Como resultado, não apenas somos cobrados como também
tendemos a esperar da educação e dos nossos componentes curriculares
aquilo que eles, talvez, não possam por si só nos oferecer (VEIGA-NETO,
2012). Se lembrarmos que entre as exigências de uma suposta educação
contemporânea estariam a formação de sujeitos não apenas em termos de
Aprendendo conhecimentos, mas também no que tange à cidadania, ao mercado de
História: trabalho, ao espírito científico, à cultura pluralista e aos direitos humanos, é
EXPERIÊNCIAS possível quem sabe perceber como as teleologias pedagógicas têm um
Página | 96 grande potencial para nos frustrar.
É óbvio que essas duas perspectivas não se coadunam a uma proposta que
deseja transpor didaticamente os conteúdos históricos e geográficos para os
Ensinos Fundamental e Médio. Por dois simples motivos. Inicialmente,
porque há um caráter subjetivo nessas duas disciplinas que não se encaixa,
de antemão, a um presente educacional em que termos como “eficiência”,
“eficácia”, “produtividade”, “cientificidade” e “empreendedorismo” rondam –
às vezes mais do que deveriam – os currículos da Escola Básica. De forma
semelhante, são as próprias características conjunturais, circunstanciais,
subjetivas, imprevisíveis - e mesmo acidentais - encontradas em parte
significativa das reflexões das Ciências Humanas, que inviabilizam um
planejamento docente ancorado em planos de aula construídos a priori por
alguém de fora do contexto escolar. Com efeito, é assumindo um papel de
criação artesanal, procurando fazer da sua aula uma obra de arte mais do
que um manual mecânico, que o professor das humanidades conseguirá
marcar terreno num panorama que só pode ser autoral.
Nessa conjuntura que não se fecha, mas está sempre em aberto e no devir,
o trabalho docente não segue modelos nem, tampouco, impõe soluções.
Sabe conscientemente que os universais ficam do lado de fora da sala de
aula, e só são bem-vindos quando utilizados à guisa de desconstrução. Em
outro viés, o professor que pratica a Educação Menor igualmente sabe
muito bem que o currículo que lhe é imposto para executar, como se fosse
ele um “apertador de botões” de uma fábrica fordista, não é sagrado e nem
biblicamente intocável, mas um pergaminho maleável e híbrido, cheio de
frestas e linhas de fuga (DELEUZE, 1990) que permitem a introjeção de
elementos novos e vivos. Por outro lado, esse docente também sabe que as
matrizes de referências e as bases curriculares de boas samaritanas nada
têm, sendo infiltradas por relações de poder e saber de ponta a ponta; logo,
ele põe sob vigilância essas diretrizes, até mesmo indo de encontro a elas
em diversos momentos.
Considerações Finais
Com um pé na Educação Menor e outro na Didática da Tradução, pensamos
ter disponível um motor de transmissão que torna o ensino de História e
Geografia mais significativo e diferente. Sem a busca da verdade positivista,
e evitando os campos minados da Redenção Iluminista e sua Modernidade
Pedagógica. Não nos interessa considerar nossa didática como a mais
correta. Não temos o direito de prescrever aos professores como dar as
suas aulas. Opostamente a tudo isso, nosso objetivo é sinalizar alguns
enfoques e lançar algumas reflexões, principalmente, para mostrar que,
como professores-criadores, podemos ser mais livres do que pensávamos
ser.
Referências
Bruno Nunes Batista é Licenciado em Geografia. Mestre e Doutor em
Geografia. Professor de Geografia no Instituto Federal Catarinense.
Aprendendo Baseado nesses critérios foi possível observar como os discentes avaliaram
História: os livros didáticos de história do ensino fundamental. Muitos dos estudantes
EXPERIÊNCIAS não conseguiram realizar o trabalho dentro do que foi proposto, em termos
Página | 102 de estrutura do texto. Porém, foi possível observar suas interpretações em
relação as histórias que os livros didáticos e como os professores da escola
pública se relacionam com os conteúdos gerados nos livros. A maioria dos
graduandos disseram que os autores dos livros se limitavam a um material
apenas decorativo ou de consulta, sem a preocupação de fato de expor de
modo satisfatório as especificidades dos povos coloniais da América.
Segundo os alunos, os livros analisados apontavam de forma explícita o
maniqueísmo, termos como mocinhos, vilões, conquistadores e
conquistados. Mas será se os livros apresentam de fato essa característica?
Eis uma questão a ser pensada, todavia a aqueles livros de história mais
atuais que apresentam uma interpretação ou tradição historiográfica
direcionada aos modelos mais recentes de narrativa histórica, que é a
tradição contemporânea dos movimentos dos Annales. Porém, o que mais
prevaleceu nesta avaliação foi a tradição historiográfica cientificista, a
história contada a partir de uma concepção vinculada a política, a tradição
herdada do século XIX. Aproximada a disciplina histórica como científica.
“Não é fácil elaborar um livro didático. Isso supõe tanto o domínio das
conquistas didáticos pedagógicas –pois se trata de atividade extremamente
complexa, como é o ensino–, como também o conhecimento preciso e
atualizado dos conteúdos que são trabalhados.” [BEZERRA, 1999, p. 196].
Que por sinal não é nada fácil, é necessário muito cuidado e dedicação e
compromisso por parte dos autores. Já em relação a avaliação posso dizer
que não é fácil ser professor, é um ofício que exige muito compromisso.
Mas é um trabalho belo, orientar quem deseja aprender e desenvolver-se
em algo, principalmente quando há interesse e quando vemos o progresso Aprendendo
por parte dos discentes. Apesar de ainda estar no processo de formação História:
reconheço e já experimentei um pouquinho deste prazer de poder auxiliar EXPERIÊNCIAS
estudantes em sala de aula. A monitoria é como um norte que pode nos Página | 103
aproximar de inúmeras possibilidades.
“Nesse sentido, esse programa tem como objetivos maiores: despertar para
a relevância do ensino e da formação de professores para o ensino superior
e estimular professores a envolverem os estudantes de graduação no
processo de ensino-aprendizagem, inserindo nesse contexto a pesquisa e a
extensão”. (DIAS, 2007, p. 39).
Referências
Carolina Lima Costa, Graduanda do curso de Ciências Humanas/Sociologia
pela Universidade Federal do Maranhão-UFMA. Membro do projeto de
pesquisa “Hístor: cultura e epistemologia” Coordenadora do projeto profª
Drª Alina Silva Sousa de Miranda. E-mail: klc12lc@gmal.com
A partir dos dados desta primeira atividade foi elaborado o primeiro círculo
de potência. O conceito de círculo de potência foi desenvolvido por Jacques
Rancière ao analisar a experiência do professor de francês e monarquista
Joseph Jacotot durante o seu exilio nos Países Baixos em 1789 e se aplica a
uma didática que tenta repetir o processo de aprendizagem do cotidiano
onde aprendemos sem que ninguém nos explique, mas por esforço próprio
percebemos e construímos conhecimento. Nesta metodologia o professor é
responsável por construir um ambiente educacional com atividades que
estimule o aluno a por meio de sua inteligência superar desafios e produzir
conhecimento, conjunto o qual chamamos de círculo de potência. A
atividade do primeiro círculo propõe aos estudantes uma determina ação,
que problematiza a naturalização dos direitos trabalhistas. Os alunos tinham
uma linha do tempo e uma lista de direitos conquistados e deveriam
ordena-los na sequência que achavam verdadeira. Antes eram questionados
sobre: se os direitos eram conquistados aos poucos ou de uma vez? E por
que? Qual seria o primeiro direito conquistado, quando e por que? Depois
eles comparavam a linha que fizeram com a linha da chave de resposta. Em
seguida respondia o que mudou de uma pra outra e por que? O que chamou
a atenção na linha? Por que o direito das domésticas foi o último a ser
conquistado? Qual direito falta os trabalhadores conquistarem e quanto
tempo levaria para isso?
Na sala dos alunos mais velhos a atividade foi bem sucedida. A turma após
breve discussão afirmou que os direitos trabalhistas foram conquistados aos
poucos devido as lutas dos trabalhadores. A hipótese inicial deles é que o Aprendendo
primeiro direito conquistado foi o direito a greve, por esta ser a maior arma História:
dos trabalhadores e que possivelmente isto teria ocorrido na década de EXPERIÊNCIAS
1930, contudo não conseguiram dizer o porquê de tal periodização. Após Página | 109
formularem sua linha e compararem com a chave de resposta o que
chamou a atenção deles foi do direito a 8h de trabalho ser tão recente. Em
relação ao direito trabalhista das domésticas a hipótese que formularam foi
que elas conquistaram por último por serem mulheres. A turma chegou à
conclusão que os direitos que ainda querem conquistarem são a redução do
tempo de espera pra férias de 12 meses para 6 meses e a redução da
jornada de trabalho para 6h, estimam que levará entre 10-20 anos para
alcançarem. Ao longo das discussões que ocorreram durante o processo de
elaboração da respectiva linha do tempo da turma foi demonstrado o
interesses por história do trabalho feminino e dos jovens aprendizes.
“Fagner, cujo sobrenome é Queiroz Rocha, tem 21 anos. Ele fez cursos de
datilógrafo e padeiro antes de se inscrever nas aulas de telemarketing.
“Tenho que ganhar dinheiro”, explica. Foi feirante, frentista, forneiro,
garçom e recepcionista. Conhece o ambiente profissional dos frigoríficos, já
fechou caixa, trabalhou em padaria e efetuou, como diz, “auxílio e apoio a
força de vendas”. Tradução: panfletagem em cruzamentos. Sua mais
recente experiência no mundo do trabalho foi como lavador de carros num
centro automotivo, onde conseguiu ser promovido a frentista depois de três
dias de trabalho. Fagner, que pretende terminar o supletivo em meados do
próximo ano, inscreveu-se no curso do professor Isaac Martins porque
sentia dificuldade em vender pelo telefone. Realista, também sabe que a
escola indica alunos para empresas”. (BARBARA, 2006)
Conclusões
Os experimentos utilizados na pesquisa conseguiram estabelecer uma
relação clara entre os esquemas explicativos que os alunos usavam para
justificar suas respostas as atividades e os perfis sócio etários do mesmos.
A experiência de classe marca o entendimento destes sujeitos sobre a
história.
Aprendendo Referências
História: Cláudio Correia de Oliveira Neto é historiador especialista em EJA e mestre
EXPERIÊNCIAS em História;
Página | 112
ALMEIDA, Adriana de. EJA: uma educação para o trabalho ou para a classe
trabalhadora? Revista Brasileira de Educação de Jovens e Adultos, vol. 4, n.
8, 2016.
BOM Dia, meu nome é Sheila. Direção: Angelo Defanti. Rio de Janeiro:
Cavideos Produções, 2009. HDV (17 min.), Colorido
Disponível em
<http://portacurtas.org.br/filme/?name=bom_dia_meu_nome_e_sheila >
Acesso em 23 jun.2017.
Sabemos que este processo não acontece de imediato, com o passar dos
tempos muitas perguntas surgiram, e vamos construindo assim, nosso
conceito, no qual, podemos construir nos projetos educacionais em cima
deste conhecimento, durante esse período surgem muitos questionamentos
acerca da educação e condições sociais dos nossos discentes. Com esta
visão metodológica a escola vai aproximando os conhecimentos que já
temos, nossos embasamentos teóricos, com a pratica social de nossos
discentes, sendo capaz de elaborar um bom plano de trabalho em conjunto
com sua comunidade escolar.
“Com a classe social a que nos referimos, porque a criança é um ser social e
histórico, não é abstrata não é um modelo teórico de desenvolvimento, para
conhecê-la melhor é necessário sempre levar em conta suas condições reais
de vida a origem social a cultura, pois é a partir desse contexto que
determinamos que ela construa seu conhecimento.” (AROEIRA, 1996, p.22)
Inicialmente aprendemos que a Educação Social são temas que devem ser
mais investigados e debatidos no meio acadêmico, com estes
conhecimentos históricos, aprendemos e conhecemos através do estudo da
história da educação como ela é importante para que não cometamos os
mesmos erros do passado, para que tenhamos a oportunidade de organizar
o presente.
Existem recursos que estão interligados com a atual educação, cujo objetivo
é contribuir para uma educação igualitária num futuro ainda incerto, mas
próximo aos olhares do ser humano. Portanto a construção das políticas
educacionais e suas repercussões nas reformas de ensino e na esfera atual,
faz com que os indivíduos demonstrem diferentes reações dependendo dos
momentos que vivenciam, tanto nas escolas como na família. A educação
Contemporânea aborda importantes questões no Brasil, a qual sofre
consequências do tempo histórico, ligado às interferências políticas, sociais
e econômicas.
Referências
Clebia Ramos de Oliveira é professora da Educação Básica em Goiás,
Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Goiás-UEG,
Especialista em Métodos e Técnicas de Ensino pela Universidade Salgado de
Oliveira - UNIVERSO e Mestranda em História pela Pontifícia Universidade
Católica de Goiás-PUC - Goiás
Aprendendo
A presente proposta de ensino de História pode ser aplicada com públicos História:
de ampla faixa etária. Ela partiu do desafio desencadeado pela EXPERIÊNCIAS
reestruturação curricular do Curso de História da Unespar, campus de União Página | 119
da Vitória, a vigorar em 2019. De forma experimental, na disciplina de
História da América, articulamos as práticas dos componentes curriculares à
curricularização da extensão universitária. Ou seja, buscamos desenvolver
um método de ensino dinâmico e versátil dentro da universidade pensando
a acessibilidade de cada local, propondo materiais simples e de própria
confecção de professores e alunos. Certamente as mudanças previstas em
lei trarão novos desafios, mas também novas oportunidades para o ensino
de História. Principalmente neste momento em que o desempenho dos
alunos brasileiros no Ensino Fundamental e Médio é infelizmente, em
termos internacionais, inexpressiva.
O local escolhido para ministrar uma audiência com os alunos foi a Praça do
Contestado, que esta localizada entre os limites de Porto União-SC e União
da Vitória (PR). Trata-se de um ponto turístico que, se bem explorado pode
trazer novas possibilidades de interpretação da realidade cotidiana para os
alunos. Entendemos que nestas novas leituras podem ser exploradas
temáticas que ampliam nosso conhecimento acerca da cultura e da história
local, além de acontecimentos trágicos de nossa história. O referido local é
composto de uma fonte de água e da história local da Guerra do Contestado
ilustrada nos pequenos muros que contornam partes da praça e uma
estátua do monge João Maria. Figura histórica que está impregnada no
imaginário religioso local e regional. Há também, bandeiras imponentes de
ambos os estados do Paraná e Santa Catarina. Alguns marcos turísticos que
referenciam a ferrovia, o trabalho e os costumes locais. Segundo Eloy
Tonon “O movimento do Contestado foi um movimento social, dotado de
características próprias. Delimitado a uma região de 48 mil km², disputada
política e judicialmente entre os estados do Paraná e Santa Catarina.
Envolveu a população sertaneja que vivia no interior catarinense e parte do
território paranaense, ainda, as forças de segurança estaduais, o exército
republicano e os vaqueanos.” (TONON, 2010).
Referências
Débora do Rocio Pacheco da Silva e Libiane Karina Orth são acadêmicas do
curso de Licenciatura em História da Universidade do Estado do Paraná-
UNESPAR Campus de União da Vitória e fazem parte da primeira turma a
desenvolver o projeto de Caixa de História da América sobre a supervisão
do professor Dr. Michel Kobelinski desta instituição.
Ela passou a trabalhar juntamente com a ciência história, cada uma com
sua aérea de atuação, com um objetivo em comum.
Para nos ajudar melhor na tentativa de criar um aporte teórico que nos dê
sustentação para a segunda parte deste artigo, além das discussão já aqui
pontuadas, é necessário trazer também alguns reflexos deste debate dentro
da sociedade brasileira. A discussão dentro do Brasil sobre o ensino de
história teve um grande crescimento a partir do final da ditadura civil-
militar brasileira (1964-1985), visto que durante os anos do regime, devido
a opressão e autoritarismo por parte dos militares, era dificílimo se discutir
o ensino de história, como pontuado no começo deste artigo, a disciplina,
historicamente, sempre foi usada por regimes para se tentar criar uma
imagem idealizada do mesmo, bem como legitimar a sua atuação, e no
Brasil não foi diferente, não existia um ambiente de livre discussão, e
alguns temas importantes para a nossa sociedade eram censurados dentro
da sala de aula. Com o fim do regime, a situação foi melhorando
gradativamente, porém a herança de 21 anos de um ensino voltado a
glorificação de ideais de um determinado regime não é fácil de ser
superada.
Meu raciocínio foi o seguinte, pedi para que o aluno se imaginasse como um
brasileiro pobre do século XIX, contemporâneo a Guerra. E que quando ele
iria comprar carne para alimentar sua família, ele possuía duas opções. A
primeira seria a carne estrangeira da Argentina ou do Uruguai, que era de
melhor qualidade e no período anterior à guerra, era também mais barata.
A segunda opção seria a gaúcha, mais cara e de pior qualidade. A reação do
aluno ao ser exposto a estas duas opções, foi de naturalmente escolher a
carne estrangeira, visto a condição econômica a qual vivia. A segunda
situação foi projetada no pós guerra, já com a carne estrangeira mais cara.
Desta vez, o aluno escolheu a carne gaúcha. Após isto comparamos as duas
situações, no primeiro momento, a população poderia escolher a carne mais
para e de melhor qualidade, preterindo a nacional. No entanto, isto não era
mais possível, pois as medidas de proteção encareceram a carne
estrangeira, e agora a gaúcha seria de preferência da população. Ou seja,
no segundo cenário, o povo estava pagando mais caro por um produto de
pior qualidade, sendo prejudicado assim com a medida. Em seguida
perguntei a turma quem seria o beneficiário desta política, e a resposta foi a
elite gaúcha, pois agora seu produto estaria sendo massivamente
comprado. Assim foi compreendido o caráter elitista da Guerra.
Aprendendo
História: Introdução
EXPERIÊNCIAS O texto é uma reflexão da atividade em torno do ensino de história local em
Página | 136 Limoeiro do Norte - Ceará a partir do uso da Fotografia. Tais atividades
foram realizadas na escola de Ensino Médio Lauro Rebouças, no período da
tarde, como parte integrante do desenvolvimento estão os alunos Renato
Silva e Felipe Cavalcante, alunos do curso de História da Universidade
Estadual do Ceará Campus Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos
(FAFIDAM), onde os mesmos cursaram a disciplinado de Estágio II
Educação Patrimonial e também pelo programa Residência Pedagógica
durante o segundo semestre do ano de 2018.
Objetivo
A utilização da fotografia como uma fonte/documento para o estudo e
ensino, auxiliando a produção de conhecimento sobre a cidade de Limoeiro
do Norte - Ceará. Com objetivo de trabalhar as fotografias enquanto fontes,
promovendo a produção e absorção eficiente de conhecimento pelos alunos,
possibilitando assim a aprendizagem acerca dos patrimônios culturais
localizados na cidade de Limoeiro do Norte. Bem como inserção do olhar
crítico nos jovens sobre o processo institucionalização dos patrimônios
locais e reconhecimento de suas potencialidades histórico-sociais.
Metodologia
Como relatado acima a proposta era se trabalhar os patrimônios históricos
culturais materiais e imateriais do município de Limoeiro do Norte de acordo
com a temática da disciplina.
Fig. 1
Fig. 2
Resultados
Este projeto teve como por objetivo realizar um debate juntamente com os
alunos do primeiro ano do ensino médio sobre Patrimônios Históricos e
Culturais. Esta atividade realizada no segundo semestre de 2018 teve como
resultados a desconstrução de estereótipos as vezes cristalizados pela
população sobre a institucionalização dos patrimônios; compreensão acerca
da produção de curta-metragem valendo-se principalmente das fotografias
e a percepção dos alunos sobre a utilização de registros imagéticos variados
para o estudo da narrativa histórica.
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 140
Fig. 3
Referência Bibliográfica
Felipe Cavalcante graduando do curso de Licenciatura Plena em História
pela Universidade Estadual do Ceará.
Renato da Silva Sampaio de Oliveira graduando do curso de Licenciatura
Plena em História pela Universidade Estadual do Ceará.
Aprendendo
História: O crescimento e popularização das mídias tem ocupado um espaço cada vez
EXPERIÊNCIAS maior no cotidiano, contribuindo e influenciando cada vez mais as diferentes
Página | 142 esferas sociais. Diante desta constante aproximação, o ambiente escolar
também é influenciado por este processo de desenvolvimento, visto que a
educação, e em especial o ensino de história, como considera a historiadora
Katia Abud (2003), passa por mudanças e transformações ao longo do
tempo, o que acompanha as mudanças sociais.
Consideramos que esta aula, tendo o filme “Pantera Negra” (2018) como
recurso didático e mediando uma associação da película com conteúdos
históricos, fora bem recebida pelos alunos, que se mostraram animados e
participativos em diversos momentos da aula. Mesmo que a utilização de
filmes em sala não seja constante para eles, percebemos um bom
acolhimento e maturidade ao assistir as partes selecionadas e comentar
sobre elas. Também consideramos a pesquisa bem efetuada, visto que a
grande maioria a realizou e que este tipo de atividade e produção de um
texto não é de constante aplicação pelos demais professores.
Referências
Gabrielle Legnaghi de Almeida é graduanda em História (Licenciatura) pela
Universidade Estadual de Maringá.
NIANI, Djibril Tamsir (ed.). História geral da África, vol. IV: África do século
XII ao XVI. Brasília: UNESCO, 2010.
REFLEXÕES SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE O SABER HISTÓRICO
EXPERIMENTADO NA GRADUAÇÃO E O SABER HISTÓRICO ESCOLAR
VIVENCIADO NO ESTÁGIO
Geilza da Silva Santos
Ellen Cristine Alves Silva Canuto
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS Será que a prática se diverge tanto assim da teoria? Como podemos
Página | 146 instituir essa união? Até que ponto podemos utilizar os métodos ensinados
na graduação no espaço escolar? Esses questionamentos são recorrentes no
campo educacional, pois o debate entre teoria e prática nos remete a uma
discussão complexa frente às problemáticas vivenciadas no cotidiano
escolar.
Devemos discutir a produção fílmica como uma fonte histórica que traz
consigo subjetividades, proporcionando aos alunos um exercício de análise
crítica frente aos fatos históricos abordados nos filmes. Deste modo, trata- Aprendendo
se de inserir o uso da imagem fílmica no ensino, como forma de aguçar a História:
conscientização dos alunos sobre as diferenças de objetos e métodos. EXPERIÊNCIAS
Apresentá-los como uma discussão junto à historiografia, colocando os Página | 149
contrapontos existentes e a subjetividade de sua produção. Pois, como bem
coloca a autora Abud (2010), o filme não carrega uma verdade absoluta,
assim como a história, isso porque, são frutos de escolhas e interpretações.
Por isso é importante contextualizá-lo como fonte de pesquisa associado ao
conhecimento histórico, no qual são produzidos por pesquisas a fim de
relacioná-los, mostrando as diferentes visões de interpretação do mesmo
fato e suas diferentes causas para as mudanças históricas. Conforme nos
chama atenção o autor Catelli.
Aprendendo Como em boa parte do mundo globalizado, por volta dos anos 80, um
História: gênero musical começa a ganhar espaço em Moçambique. Diversos
EXPERIÊNCIAS estudiosos trabalham com a hipótese de que esse estilo musical nasceu nos
Página | 152 anos 70 no bairro do Bronx, periferia da cidade de Nova Iorque nos Estados
Unidos da América. Esse modo de fazer música, desde o início, assume a
característica de prática engajada, com uma postura crítica e de afronta
contra as injustiças sociais. Com letras recheadas de denuncias , o rap saiu
das periferias de Nova Iorque e começou a ganhar espaço e visibilidade nos
mais diversos cantos do mundo.
“Em 1974, havia um médico para cara 17.349 habitantes e mais da metade
dos profissionais de saúde encontravam-se na capital, então Lourenço
Marques; no domínio do ensino, a taxa de analfabetismo era de 93%, havia
3.800 estudantes universitários, dos quais apenas 40 negros. A
administração do território, a estrutura econômica e social do país, gizadas
para alcançar os objetivos do poder colonial e completamente dominadas
pelos Europeus já não se adequavam à nova realidade política do Estado
moçambicano” [BOUENE, 2005, p.75].
Aprendendo Segundo Bouene, num contexto político mais alargado, é possível perceber
História: a influência externa na formação da RENAMO, que contava com
EXPERIÊNCIAS financiamento da África do Sul, que via seu regime ameaçado por fazer
Página | 154 fronteira com um Estado de característica marxista-leninista. A RENAMO
passou a fazer ataques a escolas, hospitais e prédios estatais do governo de
Moçambique , dizendo lutar a favor das tradições. Em 1976 foi o início da
Guerra Civil, apoiada pela África do Sul estava a RENAMO e, do outro lado,
as forças do governo formado pelos integrantes do movimento FRELIMO. O
conflito só terminou quando o governo abandonou as políticas que faziam
referência ao marxismo-leninismo, e passou a assumir o modelo do
socialismo democrático, colocando fim a guerra com a assinatura de um
acordo firmado em Roma, em outubro de 1992.
Reflexão final
Longe de se consolidar como um texto completo, escrevo com a consciência
de que diversos conteúdos aqui abordados merecem um enfoque especial e
particular. Todas as voltas que este pequeno ensaio dá, teve como objetivo
explorar um caminho para discussões metodológicas mais aprofundadas
para o ensino da história da África contemporânea.
Referências
Hemerson dos Santos Junior é graduado em Licenciatura em História pela
Universidade Estadual do Paraná-União da Vitória. Atualmente é mestrando
em História Social pela Universidade Federal da Bahia, linha de pesquisa
Escravidão e Invenção da Liberdade.
Aprendendo
História: O PIBID/História na UFTM
EXPERIÊNCIAS O subprojeto do PIBID/História da UFTM, atuante no município de Uberaba,
Página | 160 Minas Gerais, traz em sua essência muita da experiência adquirida entre os
anos de 2014 a 2018, quando vigorava o edital anterior [SILVA, COSTA &
OLIVEIRA, 2018]. Este texto se propõe a analisar como se deu a formação e
quais as características desse novo subprojeto, dos novos desafios
propostos e dos obstáculos antigos que vimos enfrentando desde que o
programa surgiu.
Por fim, outro grande desafio foi a descontinuidade entre um edital e outro.
O novo PIBID somente começou a atuar em agosto de 2018, momento em
que já não eram possíveis muitas alterações nas programações dos
professores e da escola para que o programa pudesse se inserir
organicamente, como vinha fazendo até então, no cotidiano escolar. Estas e
outras questões fizeram com que a presença dos parâmetros teórico-
metodológicos das atividades desenvolvidas nas fases passadas (edital
2014-18) tenham ganhado especial papel, sendo ressignificadas e
adaptadas às novas realidades encontradas [BRASIL, 2018].
As características do subprojeto em História são relacionadas com a ideia
geral de que o licenciando deve vivenciar o cotidiano escolar para
compreender, em interação com os supervisores, as possibilidades e limites
da atuação docente. Para isso, e levando em conta que as atividades
começaram já em agosto, como dito acima, a equipe fez uma programação
que incluía as visitas e análises diagnósticas; e a criação e a aplicação de Aprendendo
atividades com temas escolhidos junto com os professores supervisores. História:
Antes de analisarmos estas ações, vejamos algumas das características das EXPERIÊNCIAS
escolas. Página | 161
Nos sétimos, oitavos e nonos anos foi dada especial atenção à temática da
democracia por meio da discussão sobre o período da ditadura civil militar
brasileira. Esta atividade aconteceu através da audição e análise de músicas
da época
Considerações finais
O trabalho desenvolvido pelos bolsistas do Pibid tem demonstrado a
importância do programa para a Formação de Professores. O início do
projeto apresentou dificuldades por contemplar bolsistas em estágios
diferenciados do curso, mas com o passar do tempo conseguiu-se
estabelecer uma equipe alinhada às perspectivas do programa. Em
relatório, o bolsista I coloca:
“Desenvolvemos uma linha de desconstrução histórica buscando conferir
aos alunos senso crítica ao observar as motivações dos conflitos e
imposições da sociedade presente através de um olhar para o passado. (...)
A experiência do PIBID nitidamente contribuiu e contribui para o
Aprendendo aperfeiçoamento do aluno bolsista como profissional da docência e capacita-
História: o para os desafios reais do dia a dia das escolas públicas. Confere
EXPERIÊNCIAS experiência com projetos acadêmicos e responsabilidades qualificadas em
Página | 164 grupo. Antecipa a realização pessoal advinda do contato com a futura
profissão. Um ambiente em constantes transformações como a escola
pública, que juntamente com sua missão de educar e formar cidadãos de
forma gratuita, apresenta desafios aos quais devemos aprender a superar,
com o objetivo de oferecer sempre um serviço de qualidade para a
população”.
Referências
Ilana Peliciari Rocha é Professora Adjunta da UFTM e coordenadora de área
do Pibid-História.
Aprendendo
Recentemente, houve uma discussão acalorada no cenário brasileiro do História:
ensino de história a respeito dos conteúdos que deveriam ser ministrados EXPERIÊNCIAS
em sala de aula. Uma das grandes polêmicas se deu em torno da possível Página | 165
retirada dos conteúdos de história antiga e medieval do documento
chamado de Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com a justificativa de
tornar a história escolar menos eurocêntrica. Do outro lado, a comunidade
acadêmica questionava a exclusão dos conteúdos:
Por conta dos horários únicos e nenhuma aula geminada, o conteúdo ficou
fragmentado em vários dias ao longo de duas semanas, o que resultou na
divisão da atividade em três momentos ou três aulas. Na primeira aula, era
realizada uma introdução ao conteúdo de Grécia Antiga de maneira
expositiva, tentando aproveitar os mapas e imagens que o livro didático
fornecia, destacando: 1) a geografia e sua influência na formação das
cidades-Estado 2) as influências externas na cultura grega 3) a ideia de que
o mundo grego não constituía um país, como é hoje, mas sim uma série de
cidades-Estado cada qual com seu próprio sistema político e cultura, tendo
em comum a língua e a religião 4) alguns dos sistemas políticos em termos
gerais: a oligarquia, a monarquia e a democracia 5) uma breve
apresentação de Esparta e Atenas, destacando que Atenas seria o tema da
aula seguinte.
Figura 1
1.Explique com suas palavras o que é uma democracia direta e o que é uma
democracia indireta.
Aqui, espera-se que as crianças saibam diferenciar uma democracia
exercida diretamente pelos cidadãos e uma em que os cidadãos elegem
seus representantes, os quais tomam as decisões.
Durante todas as três aulas, mesmo em suas partes mais expositivas, foi
solicitada a participação dos alunos, segundo o princípio escrito por Paulo
Freire em ‘Pedagogia da Autonomia’: “nas condições de verdadeira
aprendizagem os educandos vão se transformando em reais sujeitos da
construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo” [2002, p.15]. Foi notável que as crianças
do grupo A tinham uma tendência muito menor a responder às perguntas
feitas oralmente por mim, enquanto as crianças do grupo B se mostraram
bastante participativas e menos hesitantes em responder a parte da tabela
que se referia à democracia brasileira atual, o que exigia conhecimentos
prévios. É válido lembrar que dificilmente estas crianças realizaram uma
pesquisa antecipadamente a respeito do tema, pois era comum que a
maioria sequer realizasse as tarefas de casa, portanto, elas provavelmente
responderam com conhecimentos que adquiriram em seu cotidiano. Este é
um aspecto que se mostra bastante importante, pois pode ser um indicativo
de que as crianças estavam minimamente atentas aos acontecimentos do
país, e isso se torna mais notável ainda porque muitas crianças
comentaram que ainda havia muito para ser melhorado na democracia
brasileira, e isto certamente teve um papel nas respostas da questão 3,
como veremos adiante.
As respostas das questões 1, 2 e 3 foram realizadas por escrito e com meu
auxílio sobre interpretação dos enunciados. Ainda é muito recorrente a
dificuldade de interpretação de textos das crianças, tanto no grupo A
quanto no grupo B, mas o grupo A apresentou mais dificuldades nesta
atividade em particular do que em outras realizadas ao longo do ano.
Atribuo tanto isso quanto a pouca participação na discussão oral ao fato de Aprendendo
que em geral as crianças do grupo A se destacam, ao menos nas aulas de História:
história, nas atividades em que é exigida cópia e respostas decoradas. EXPERIÊNCIAS
Embora este seja um problema que atinge todos os alunos dos dois grupos, Página | 169
pois ele faz parte do habitus escolar ao qual as crianças estão sujeitas
[GONÇALVES, 2012, p.162], me pareceu que no grupo A isso estava muito
mais enraizado.
Não se pode dizer que uma das três questões se mostrou mais problemática
em termos das respostas, pois em todas elas houve casos de respostas fora
do que foi pedido em proporções semelhantes. A questão 3 apresentou mais
dificuldades na compreensão, provavelmente por ser um enunciado mais
longo. Todavia, todos os impasses que notei nas crianças tinham um ponto
em comum, que foi a dificuldade em contrapor ideias e realizar uma
síntese, ou seja, a dialética, que era justamente o propósito de toda a
atividade e estava presente nas três perguntas. Em ambos os grupos houve
dificuldades de elaboração de frases completas, com uma tendência de
responder à pergunta como se fosse uma conversação oral. Construir um
texto a partir dos dados da tabela também se mostrou um desafio, pois
exigia que as crianças tivessem raciocínios como: se as mulheres estavam
entre os excluídos da democracia ateniense, isso significa que elas não
participavam, e se na democracia brasileira atual todos participam (o que
estava em outra parte da tabela), então hoje as mulheres também
participam. Outro exemplo foi que alguns alunos não se lembraram da
explicação oral de que a noção de democracia direta ou indireta se
relacionava, no exercício, com quem faz as leis e toma as decisões em cada
modelo:
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 170
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Por fim, considero que o saldo final da atividade foi bastante positivo, pois
se possibilitou notar os avanços de alguns alunos, também permitiu
diagnosticar os problemas de outros, de modo que são abertas portas para
a solução de problemas. Esta atividade é ela mesma fruto dos diagnósticos
de diversas atividades que foram realizadas ao longo do ano, os quais
permitiram o aperfeiçoamento dos modos de apresentar conteúdos de
história em sala de aula. Também foi importante notar como não se deve
subestimar nem superestimar um grupo de alunos por seu desempenho ou
seu comportamento, uma vez que boa parte do grupo mais silencioso e com
notas mais altas teve mais dificuldades com a atividade que as crianças
rotuladas de “bagunceiras”. Cabe ainda salientar que há uma série de
Aprendendo outros elementos que poderiam ter sido mais explorados na atividade –
História: como a historicidade dos modelos democráticos, por exemplo – e que não o
EXPERIÊNCIAS foram por motivos diversos, o que deve ser suprido em ações educativas
Página | 172 futuras.
Referências
Ingrid Requi Jakubiak é graduanda de Bacharelado e Licenciatura em
História pela Universidade Federal do Paraná. O estágio sobre o qual este
trabalho se refere foi feito sob orientação da professora Nadia Gaiofatto
Gonçalves.
Objetivos
Despertar a atenção dos alunos para o assunto da aula, através de
uma releitura do romance de Romeu e Julieta, na forma de uma
dramatização.
Conduzir os alunos a uma reflexão acerca da importância do
Renascimento no que diz respeito a mudanças de pensamentos em
relação ao próprio homem.
Correlacionar os avanços do Renascimento Científico com o cotidiano
dos alunos.
Incentivar a sensibilidade dos alunos para a linguagem cultural do
Renascimento.
Proporcionar aos alunos, uma experiência de expressão de suas
ideias e criatividade através da escrita do final alternativo de Romeu
e Julieta.
Referencial teórico-metodológico
Tendo em vista que a Idade Média foi o cenário dos conteúdos de todo o
ano letivo, dos sétimos anos do ensino fundamental, como prevê as
Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná (DCE’s) História, para tratar o
processo de transição para a Idade Moderna, os alunos foram questionados
sobre o que viria após esse período. Durante a conversa entre os pibidianos
ministrantes e a turma, deu-se início a uma dramatização do romance
“Romeu e Julieta” com elementos atuais (portanto historicamente
anacrônicos) como o uso de Tablet pelo Romeu para tirar selfies.
O intuito foi de demonstrar que, por mais modificações que a obra tenha
sofrido ao longo dos anos, pode-se perceber que mesmo sendo retratada de
diversas formas, é possível reconhecer que se trata de um clássico de
Shakespeare, escrito no final da Idade Média, de acordo com o próprio livro
didático usado em sala: BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História: sociedade &
cidadania. Edição reformulada, 7º ano / Alfredo Boulos Júnior, 2 ed. São
Paulo: FTD, 2012.
”Coloquei-te no meio do mundo para que daí possas olhar melhor tudo o
que há no mundo. Não te fizemos celeste nem terreno, nem mortal nem
imortal, a fim de que tu, árbitro e soberano artífice de si mesmo, te
plasmasses e te informasses, na forma que tiveres seguramente escolhido.
Poderás degenerar até aos seres que são as bestas, poderás regenerar-te
até às realidades superiores que são divinas, por decisão do teu ânimo“ (In:
LACERDA, 2010, p. 19)
Com a apresentação desse texto, chega-se ao ponto principal do tema em
estudo, o antropocentrismo, segundo o qual o homem é visto como o centro
de toda a criação para dominá-la da forma como bem quiser, como afirma
Pico, pela “decisão do teu ânimo”, pois é superior a todas elas.
Aprendendo
Expostos e debatidos os dois pensamentos, foram propostas os alunos duas História:
atividades. A primeira consistia em localizar nos pensamentos dos dois EXPERIÊNCIAS
autores, Pico Della Mirandola e Santa Catarina de Sena, algumas Página | 175
características do Renascimento e diferenças marcantes entre a Idade
Média e a Idade Moderna, com a finalidade de clarificar para o aluno, a
mudança de pensamento entre um período e outro.
Resultados
Os resultados da experiência didática foram satisfatórios, foi possível tratar
o conteúdo previsto no PTD, com a adequação ao tempo pedagógico
disponível (2 horas-aulas), pela opção metodológica da problematização. O
planejamento e desenvolvimento conjunto possibilitaram aos pibidianos
uma intervenção coletiva, portanto enriquecida pelo conhecimento e formas
didáticas de atuação, estudo prévio sobre o assunto, organização do
material didático utilizado e posterior avaliação conjunta da experiência.
“Depois que Julieta bebeu a poção, Romeu ficou deitado ao seu lado
por cinco minutos, os dois se levantaram, fizeram as pazes entre
seus reinos, compraram um iphone novo e tiveram lindos filhos que
também tiveram iphones” Aluno E.
Considerações Finais
Levando-se em consideração que o ensino de História tem uma carga
horária restrita para uma grande quantidade de conteúdos, e ainda que, o
planejamento anual do professor pode ser prejudicado por imprevistos e
alterações no calendário escolar, os acadêmicos-bolsistas, participantes do
subprojeto de História, do PIBID/UEPG puderam presenciar esse cenário e
tiveram a oportunidade de construir formas alternativas de ensino para que
os alunos do sétimo ano pudessem compreender o Renascimento em suas
características principais por meio de uma oficina pedagógica, com duas
horas-aula de duração.
Referências
Isabele Fogaça de Almeida é Mestranda em História, Cultura e Identidades
na UEPG.
Apoio: Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
CAPES
AQUINO, Felipe Rinaldo Queiros de. Na escola dos Santos Doutores. 6 ed.
Lorena: Cléofas, 2008.
Aprendendo
História: O presente texto tem por objetivo tecer breves reflexões sobre o
EXPERIÊNCIAS desenvolvimento e as primeiras etapas da aplicação das atividades
Página | 178 complementares de Informática, articulada ao ensino de História e aplicado
na Escola Municipal de Jardim Bela Vista, periferia da cidade de Castro no
Paraná.
Projetada por este que escreve, ela buscou enfocar em diferentes aspectos
necessários e cruciais para a aprendizagem de alunos da educação
municipal.
Resultados Preliminares
No momento em que esse texto é escrito, decorridos um mês da Oficina –
e, portanto 1/6 do tempo do projeto – a aplicação do projeto se encontra
em estágio inicial, tendo sido aplicados as primeiras três intervenções em
sala de aula.
Com isso, fica claro que os alunos precisam ser estimulados a ler, inclusive
para que a leitura se torne um processo mais internalizado e prazeroso de
aprendizagem. E após isso, a apropriação e entendimento de um conceito
ou uma relação histórica se tornam mais perceptíveis para alunos,
especialmente crianças de 1º a 5º ano. Assim, pensamos que a
compreensão da leitura e os processos trabalhados nessas primeiras fases
são indescoláveis das duas fazes seguintes da Oficina.
Considerações Finais
Esse projeto foi bastante questionado antes da sua submissão no Simpósio
Eletrônico de Ensino de História. Afinal, as ações que se poderia dizer que
são diretamente relacionadas ao ensino de História serão aplicadas apenas
no próximo bimestre.
O projeto está em fase de aplicação. Novos desafios certamente estão por Aprendendo
vir. Afinal, a construção do conhecimento não é linear, mas se faz em meio História:
à mudanças e continuidades, e cabe a nós, enquanto historiadores e EXPERIÊNCIAS
pedagogos, não apenas pensar, refletir e questionar a realidade, mas Página | 183
também ensinar àqueles que estão sob nossa tutela durante algumas horas
do dia e que se dispõe à buscar e aprender o conhecimento humano.
Referências
Isaias Holowate é Mestre em História pela UEPG e docente na Educação
Básica.
Introdução
Cadernos Didáticos/ENEM é um projeto vinculado ao Programa de Educação
Tutorial (PET) do curso de História da Universidade Federal de Campina
Grande (UFCG). Ele tem por objetivo levar a alunos e alunas de escolas
públicas e periféricas, aulas com temáticas que possam contribuir para uma
melhor preparação para o Exame Nacional de Ensino Médio, de forma em
que os alunos possam ter acesso a parte do conhecimento acadêmico
produzido nas universidades como uma forma de retorno ao que aquelas
famílias contribuem com seus impostos para que programas como estes
sejam formados.
O ensino além dos muros da universidade sempre foi visto por nós
graduandos como algo de extrema importância, por dois fatos, têm
contribuído para que o graduando tenha em contato a prática de ensino,
tendo uma formação mais completa desde cedo tendo em mãos seu futuro
local de atuação, como oferece aqueles alunos e alunas de escola pública
um retorno, visto que a universidade pública se mantém com impostos que
suas famílias também pagam, dessa forma o mínimo que podem receber é
um retorno, na nossa área, de saber histórico para que sintam-se
conhecedores do seu local de pertencimento e com um senso crítico de
aprendizagem.
‘Um dos piores males que o poder público vem fazendo a nós, no Brasil,
desde que a sociedade brasileira foi criada, é o de fazer muitos de nós
correr o risco de, a custo de tanto descaso pela educação pública,
existencialmente cansados, cair no indiferentismo fatalistamente cínico que
leva ao cruzamento dos braço’ (FREIRE, Paulo,1996 p. 67).
Nossa ideia foi mostrar que, mesmo depois das independências políticas dos
países da região, a exploração continuou. Citamos as invasões de muitos
países da região pelos Estados Unidos da América, mostramos casos em
que eles estiveram por trás de golpes de estados na região (como aquele
que aconteceu em 1964 e a deposição do presidente João Goulart no
Brasil).
Referências
Michell Ricarte é graduando da UFCG e faz parte do PET História
Ismael Lacerda é graduando da UFCG e faz parte do PET História
Introdução
A disciplina de História muitas vezes opera dentro da escola isoladamente Aprendendo
das outras unidades curriculares. O trabalho interdisciplinar, bastante História:
estudado, debatido e pouco praticado, dada as suas peculiaridades de EXPERIÊNCIAS
execução, pode ser ainda uma maneira interessante de se ter uma Página | 191
experiência educacional prazerosa e significativa, tanto para estudantes
como professores. Com esse intuito, antes de iniciarmos o assunto Segunda
Guerra Mundial pensamos em uma atividade diferenciada, que fizesse os
estudantes refletirem e se manifestarem sobre esse tema, por meio da arte.
Dessa vontade surgiu a ideia de se trabalhar a famosa obra Guernica, de
Pablo Picasso, dentro do contexto histórico em que estava inserida e
relacioná-la mais diretamente com a Segunda Guerra Mundial.
A ideia foi levada a professora de Artes, Profa. Esp. Sheila Schena, que
prontamente se inseriu na proposta. Não se tratava de um projeto
interdisciplinar, defendido por Hernandes (1998, p. 61), como uma
modalidade de articulação dos conhecimentos escolares e uma forma de
organizar a atividade de ensino e aprendizagem, a partir de um tema
problema, preferencialmente levantado pela turma, mas de uma proposta
que batizamos de “parceria pedagógica”. Esta parceria, nesse momento,
consistia em aproveitar as aulas de Artes e de História, cada uma com suas
especificidades, mas que mantinham por meio do diálogo interdisciplinar,
um fio condutor com conteúdos em comum: movimentos artísticos do
século XX e movimentos bélicos do século XX. Essa parceria pedagógica se
deu a partir de um objetivo: dar subsídios aos estudantes do nono ano a
fazerem uma releitura da obra Guernica de Pablo Picasso com base nas
informações debatidas em sala de aula a respeito da Segunda Guerra
Mundial e do movimento Cubista.
Picasso e o Cubismo
O Cubismo foi um movimento artístico que teve como seus principais
expoentes e pioneiros Pablo Picasso e Georges Braque, por volta da
primeira década do século XX. O Cubismo é considerado um dos
movimentos mais influentes desse período. Suas obras utilizavam desenhos
geométricos para retratar as formas da natureza. Desse modo, a
representação do universo visual passou a não ter nenhuma obrigação com
suas reais formas. Por outro lado, as obras não são abstratas, pois as
imagens representadas ainda permaneciam reconhecíveis. Além disso, as
figuras eram representadas de diferentes ângulos na mesma obra. Desse
modo, ao olharem para uma cadeira, por exemplo, os artistas a
representavam na pintura por diferentes ângulos: de cima, de baixo, de
lado ou de cabeça para baixo. Assim, esses artistas tentavam capturar Aprendendo
todos esses pontos de vistas num mesmo plano. Essa é a principal História:
característica das pinturas cubistas. (OLEQUES, 2017). EXPERIÊNCIAS
Página | 193
“Pablo Ruiz Picasso (1881-1973) nasceu em Málaga, Espanha, no dia 25 de
outubro de 1881. Filho de José Ruiz Blasco um professor de História da Arte
apaixonado por pintura, e de Maria Picasso y López, ainda menino, mostrou
seu talento para as artes. Seus primeiros desenhos representavam
touradas. Com 14 anos já pintava com modelos vivos. Em 1896 muda-se
com sua família para Barcelona, onde seu pai alugou um estúdio para o
filho. Nesse mesmo ano, sua tela “Primeira Comunhão” é aceita pela
Exposição Municipal de Barcelona. O quadro “Dois Patos” é enviado pelo pai
para uma exposição em Málaga, recebendo o primeiro prêmio oficial do
pintor”. (E-BIOGRAFIAS, 2017)
Figura 1: Guernica
Fonte: OLEQUES, Liane Carvalho. Guernica. Disponível em: <
http://www.infoescola.com/artes/guernica/> Acesso: 09 mar. 2017.
A atividade
Depois de estarem contextualizados sobre a Guerra Civil Espanhola, sobre o
bombardeio da cidade de Guernica, sobre a Segunda Guerra Mundial e
sobre Pablo Picasso e o movimento Cubista, os estudantes foram desafiados
a pintarem a suas obras: uma releitura de Guernica com referências a
Segunda Guerra Mundial. Primeiramente em pequenas equipes de dois e
três estudantes fizeram os desenhos em folha de papel A4. A ideia era fazer
estudos e depois transpassá-los para a obra. Nessa etapa os alunos
trabalharam em sala de aula, nas aulas de História e Artes.
Referências
Jackson Alexsandro Peres é doutor em História pela Universidade Federal de
Santa Catarina. É Professor da Faculdade Municipal de Palhoça - SC e da
Rede Estadual de Ensino de SC.
Aprendendo Introdução
História: No prefácio de História, da Coleção “A reflexão e a prática no ensino” (2012,
EXPERIÊNCIAS p.10), Oliveira, Almeida e Fonseca apresentam os avanços da História
Página | 198 enquanto ciência e componente curricular nos últimos trinta anos, atrelados
a diversos fatores, sobretudo pelas mudanças na sociedade no final do
século passado e pelas duas décadas deste século.
Assim, alvo de duras críticas, a BNCC foi posta à sociedade sob a lógica de
que houvera debates e que estes construíram o documento, uma base
comum. Contudo, se considerarmos que só o fato de se constituir uma base
comum num país de dimensões continentais e de cultura e realidades
sociais múltiplas, já se constituía um desafio, a Base – que passou por
“debates” e após três versões – já evidenciava a própria ausência de
diálogos e norte na sua elaboração.
Em meio a todo esse frenesi, devemos pensar a educação como um projeto Aprendendo
para a sociedade. Enquanto pensarmos que é a educação que se molda História:
sozinha às gerações, tão pouco progrediremos. É preciso um pensamento EXPERIÊNCIAS
coletivo, massivo, uno e solidário para promover a transformação que a Página | 199
educação brasileira.
A solução para esta e todas as questões que envolve a sala de aula poderia
se resumir na própria atuação do professor – e não que este seja o único
responsável pelo sucesso ou fracasso dos alunos, pois se assim o fosse se
perpetuaria a lógica tradicional do docente como centro do processo de
ensino e aprendizagem, quando este é apenas um mediador.
Isto nos põe a pensar mais uma vez o currículo como um fio condutor ao
conhecimento exigido dos nossos alunos para a sua formação cidadã.
Quando expusemos outrora que um dado conhecimento pode, para nós
docentes, fazer sentido, também pode fazer o efeito inverso nos alunos e
isso os leva ao tédio.
Não somente por isso, mas como uma consequência direta, o tédio e muitas
lacuna não respondidas em sala por falta dos conectivos necessários,
deixam nos alunos questionamentos brutais quanto à essência da História,
perpetuando velhos paradigmas de que a disciplina é puramente decorativa.
Na atual conjuntura política que nosso país vive, momento este em que a
própria educação se “refaz” a contragosto, o ensino de História tende a
sofrer ainda mais duros golpes. A bem da verdade, a escola é um lugar
aberto para a discussão, não podendo se limitar apenas a conteúdos, dados
e conceitos. Como dissemos, ela tem uma função social importante e
atentar contra isso é negligenciar essa condição natural. O professor deve
esperar, do seu aluno, saberes prévios e este de, do professor, esperar o
conhecimento que lhe será mediado. Essa é a essência do ensino e
aprendizagem. Aprendendo
História:
Aliado a essa premissa, os avanços no campo da historiografia também EXPERIÊNCIAS
promoveu uma ressiginificação no olhar da História na sala de aula, ou seja, Página | 201
os materiais didáticos e a própria concepção da disciplina remodelaram,
inclusive, as práticas na sala de aula.
Considerações Finais
Sabemos que as escolas apresentam dificuldades e públicos diversos.
Aprendendo Realidades, talvez, muito semelhantes, porém muito individuais. O ensino
História: de História em nossos dias vai além de datações, acontecimentos e
EXPERIÊNCIAS personagens ilustres, ele está no dia a dia do aluno, da sociedade em geral
Página | 202 e da comunidade em que esse jovem se enquadra.
Referências
Professor da Educação Básica. Graduado em História pela Universidade
Federal de Campina Grande; Especialista em Geopolítica e História pelas
Faculdades Integradas de Patos; Especialista em Atendimento Educacional
Especializado pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido; Aluno da pós-
graduação em Mídias na Educação (latu sensu) pela Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação: LEI Nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996 Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em
05mar2019.
Aprendendo
História: “Morena é minha cor
EXPERIÊNCIAS Ser negra é uma graça
Página | 204 E para deixar bem claro
Que amo minha raça”
(Aluna 1, 6º ano, 2018)
(Re)apresentando o 13 de Maio
Bem, buscando proporcionar um novo olhar para os debates vinculados ao
13 maio, as atividades que antecederam o concurso de produção e
declamação de poesias contaram com oficinas expositivas dialógicas, isto é,
@s estudantes foram envolvid@s nas dinâmicas de diferentes formas,
sobretudo, convidad@s a expor suas iniciais que, partindo de suas
consciências históricas, permitiam o diálogo entre saberes prévios e a
produção de novos conhecimentos. Essa estratégia metodológica, segundo
Lopes (1991) estimula as crianças a compartilhar, produzir e reelaborar as
informações que são frutos de sua cultura familiar, ou obtidas através das
mídias digitais e televisivas – e, algumas vezes, arraigadas a estereótipos.
Essa troca de conhecimentos prévios permite que @s envolvid@s sintam-se
valorizad@s e visibilizados quanto a sua bagagem cultural e intelectual,
como também, o fato de que um conhecimento não é transmitido, mas sim,
dialogado por meio da troca de experiências. Ser professora não me torna
detentora da ‘verdade’, entretanto, alguém que traz diferentes informações
e vieses para serem problematizados, questionados e, por fim, constituírem
sentido e somarem-se enquanto conhecimento.
Aprendendo
Nesta acepção, quando se fala em consciência histórica, entende-se que História:
cada criança possui saberes que foram elaborados e partilhados durante sua EXPERIÊNCIAS
trajetória de vida, os quais, valem-se dos mais diversos meios de aquisição, Página | 205
seja a conversa em família ou colegas, na escola ou por meio de canais de
informações, sendo esta, de acordo com Rüsen (2007), a soma de todos os
saberes adquiridos e produzidos que, em alguma medida, possibilitaram o
desenvolvimento de significados, interpretações e orientações para a vida
prática. Possuir uma consciência histórica não quer dizer que somos uma
espécie de arquivo humano ou depósito de informações, visto que nada é
‘colocado’ em nossa memória ou consciência. Deste modo, pensar em
temas a serem ministrados em sala de aula nos leva a concordar com Freire
(1981), na medida que o autor explica que os conteúdos devem dialogar
com nossas experiências práticas e fomentar a compreensão de que somos
agentes históricos, apt@s a atuar, participar e transformar o mundo.
Diálogo e troca de saberes é a chave para um ensino democrático e
integrador, portanto, uma estratégia válida para trazer luz aos debates
étnico-raciais (correlatos aos 13 de maio) e que, em alguns casos, tem sua
legitimidade questionada, tomando como exemplo a inexistência de um dia
para comemorar a imigração europeia, ou cotas para ‘brancos’ e demais
críticas vazias e superficiais de grupos que desconhecem a História do Brasil
– e sua própria história enquanto brasileir@.
Imagem 2. O racismo.
Fonte: 13 de Maio em Vozes e Entrelinhas Negras, 2018.
Esta poesia é aquela que inicia este texto e que traz em seu seio poético a
sua valorização e auto reconhecimento enquanto negra, argumentando que
o racismo não leva a nada, pois as diferenças que algumas pessoas
ressaltam para enaltecer ou depreciar a imagem de alguém, para além de
um critério de pseudo superioridade, na verdade se trata de um
pensamento egocêntrico e egoísta. Cabe destacar que, entre as temáticas
apresentadas nas oficinas, a questão da cor e do reconhecimento foi bem
impactante, pois levei uma lista de ‘cores’ que havia no censo de 1970, em
que as pessoas respondiam que possuíam a cor azul, castanha, castanha-
clara, castanha escura, chocolate, cor de café, cor de couro, mestiça e
assim segue uma lista de 135 cores diferentes, entre as quais, nota-se uma
resistência em aceitar-se como uma pessoa preta ou negra. Logo, a auto
identificação tocou e sensibilizou algumas crianças que relataram situações
de discriminação e o modo como isso as afetava.
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 210
Referências
Jessica Caroline de Oliveira, licenciada em História pela Universidade
Estadual do Paraná, Pós-Graduada em História e Cultura Afro-brasileira pela
Universidade Cândido Mendes, Pós-Graduada em História, Cultura e Arte
pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também obteve o título
de Mestra em História, Cultura e Identidade, Doutoranda em História, Poder
e Movimentos Sociais pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
Aprendendo O presente texto aponta para caminhos possíveis presentes nas aulas
História: vivenciadas junto a disciplina de Ensino da História em uma IES pública no
EXPERIÊNCIAS estado do Ceará. Nossa intenção, foi proporcionar vivências práticas para os
Página | 212 alunos do curso de Pedagogia, uma vez que o contato com a disciplina de
História em forma teórico-metodológica antes o momento do Estágio de
Docência é requisito obrigatório e único dentro do presente curso. Desse
modo, realizamos de modo intercalado aulas teóricas e práticas no sentido
de contribuir na formação crítica dos alunos e com metodologias que
pudessem ser aplicadas posteriormente em suas experiências formativas in
loco.
Fundamentação Teórica
Os questionamentos iniciais nos colocaram em posição de refletir sobre
nosso papel formal e social do ensino, pois afinal: Que história ensinar na
disciplina de Ensino de História dentro da conjuntura de um mundo
globalizado e multicultural em que estamos inseridos? Quais os significados
a história têm atualmente em meio a uma geração marcada pelos valores
da tecnologia do século XXI? Como os alunos e alunas podem perceber a
História uma vez que estarão habilitados para ministrar essa disciplina nos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental? Pensando nisso, o historiador inglês
Eric Hobsbawm, apresenta que “A destruição do passado é um dos
fenômenos mais lúgubres do final do nosso século XX. Quase todos os
jovens crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação
orgânica com o passado público da época em que vivem” (1995, p.13).
Fig. 1
Alunos do curso de Pedagogia analisando os artefatos históricos
Fonte: Elaborada pelo autor
Referências
Joilson de Sousa é Mestre em Educação pela UECE; Professor Substituto da
Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu – FECLI/UECE,
Coordenador do projeto de extensão: Ensino de História e Consciência
Histórica: apoio pedagógico aos alunos do Santo Antônio em Iguatu-Ce.
Introdução Aprendendo
O presente artigo tem como objetivo apresentar um relato de experiência História:
referente a atuação de alunas graduandas no curso de História da EXPERIÊNCIAS
Universidade Federal de Juiz de Fora, na disciplina de Estágio Página | 217
Supervisionado II, tendo como foco a observação e interação com os
educandos, bem como o planejamento e execução das três aulas avaliativas
que correspondiam a aprovação na disciplina. Compreendendo o estágio
como a primeira experiência prática que marca a formação de professores
iniciantes, tal relato se justifica pela socialização de vivencias, apreensões,
planejamentos, tentativas, erros e êxitos que nos constituem enquanto
profissionais docentes em constante formação e transformação.
Pode parecer curioso que alunos ainda tão novos, entre 14 e 16 anos, se
interessassem tanto por questões políticas, entretanto, o contexto que
vivemos em 2018 parece não ter poupado a nenhum de nós o envolvimento
direto em tais questões. Ainda que muitos não fossem votantes seus
familiares, amigos e a presença constante das redes sociais em suas vidas,
faziam com que tais questões fervilhassem em quase todas as aulas. O
professor que acompanhamos, por sua vez, sempre se mostrou muito
aberto e receptivo a debates, discussões e questões levantadas pelos
alunos, fazendo com que os mesmos sempre se interessassem pelas aulas
de história. Dessa forma foi, em alguma medida, uma atitude natural que
em nossas aulas escolhêssemos também tratar de temas históricos
sensíveis, dando aos alunos espaço para o debate e a reflexão,
características essenciais não só para o ensino de história, mas para
qualquer disciplina e professor que pretenda formas alunos críticos e
cidadãos conscientes.
Enquanto graduandas do curso de História, na modalidade licenciatura,
nosso contato com disciplinas ligadas à área da educação tem início já no
segundo período, havendo por vezes algumas atividades práticas no
ambiente escolar, mas que ainda não se tornam sistemáticas, possuindo
diversos objetivos pedagógicos. É somente a partir do sétimo período que o Aprendendo
estágio escolar com carga horária semanal se torna obrigatório, sendo História:
necessário que se cumpra 100 horas por semestre, divididas entre EXPERIÊNCIAS
observação e prática em sala de aula. Entretanto, ambas pendemos para Página | 219
discussões voltadas a educação desde o início do curso, participando de
grupos de pesquisa e obtendo por fim financiamento para a mesma através
de bolsas de iniciação científica e extensão na Faculdade de Educação da
Universidade. Dessa forma, a afinidade e o desejo de atuar futuramente
como professoras de história na educação básica podem ser citados como
fatores que contribuíram para uma experiência de estágio extremamente
positiva.
Durante a primeira aula o nível de interação dos alunos com o tema não foi
tão intenso de modo geral, grande parte das meninas da turma
demonstraram algum interesse, porém, a grande dificuldade que já
prevíamos era conseguir envolver os meninos na temática de forma a leva-
los a compreender a importância de debater o tema, que apesar de parecer,
não diz respeito somente as mulheres, mas sim ao exercício de nossa
cidadania no convívio social, respeitando e defendendo o direito de todos de
maneira igualitária. Em nosso segundo encontro e, principalmente, no
decorrer da atividade de debate, foi possível notar cada vez mais interação
dos alunos com o tema, estes começaram a levantar diversas dúvidas e
questões, que chegaram por vezes a gerar pequenos conflitos em sala
quando trouxemos a discussão para as relações de gênero dentro da escola.
Considerações Finais
A socialização da experiência de estágio aqui relatada surge de uma
necessidade de debate e diálogo de experiências pessoais que se
compartilham entre diversos sujeitos formadores e em formação,
acreditando que somente através de tal socialização poderemos contribuir
para o processo de tornar-se professor em cada indivíduo. Em nossa
construção enquanto sujeitos que passam de alunos a professores nos
deparamos com realidades educacionais diversas, sejam estas mais ou
menos privilegiadas, de forma que o ato de compartilhar impressões,
experiências, temores e expectativas torne tal transição mais suave.
Referências
Jorgeana Roberta Alcântara Teixeira é graduanda em História pela
Universidade Federal de Juiz de Fora e bolsista da Pró reitoria de extensão
na mesma instituição. E-mail: joo_alcantara@hotmail.com
SANTOS, Ana Célia de Sousa. BOMFIM, Maria do Carmo Alves do. Pedagogia
feminista na construção de uma “alternativa de gênero”. Fazendo Gênero.
UFSC: 2010. In:
http://www.seer.ufal.br/index.php/cipar/article/download/1898/1397
SANTOS, Geissyany da Silva. BARROS, Genaldir Rocha de Oliveira. Nunes,
Maria Andressa Azevedo. MARQUES, Ângela Maria. Relatos de experiências
vivenciadas a partir do estágio supervisionado nos anos iniciais do ensino
fundamental. I Congresso de Inovação Pedagógica em Arapiraca. UFAL:
Campus Arapiraca, 2015. In:
Aprendendo http://www.fazendogenero.ufsc.br/9/resources/anais/1278186641_ARQUIV
História: O_Artigo-FazendoGenero.pdf
EXPERIÊNCIAS
Página | 222 SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. Ed. São Paulo:
Cprtez, 2007.
CHICO DO AMAZONAS: UM ELO ENTRE O PASSADO E O PRESENTE, O
EMPÍRICO E O ACADÊMICO
Kamily Alves da Silva
O presente texto trata da experiência que obtive junto ao projeto “História Aprendendo
de Pescador”, na qual fui pesquisadora de PIBIC, no Instituto Federal do História:
Amazonas Campus Avançado Manacapuru, que a mesma na época ofertava EXPERIÊNCIAS
um curso chamado Recursos pesqueiros. Página | 223
[...] Fazer o resgate dos fatos por meio da História Oral permitiu trazer vida
para dentro da narrativa, na tentativa de mostrar como um episódio
inquietante é capaz de manter aquecida a memória, deixando-a aguerrida e
posicionada pela retomada dos fatos para o registro da pesquisa. Enquanto
existe vida existe lembrança. E esta se estrutura em uma moldura
composta por tantos e tão variados materiais (sentimentos, sentidos,
lugares sociais, projeções, esquecimentos etc.). Reconstruir a memória
daquele período também significou revigorar caricaturas, contradições e
conflitos presentes nas diversas interpretações particulares dos sujeitos
colaboradores, pois mesmo o relato histórico narrado para a constituição do
texto não perdeu seu estatuto de apreensão intima e social, uma
construção/representação da classe ou do grupo ao qual cada sujeito
acreditava pertencer.
Assim, podemos destacar e evidenciar a confiabilidade do Método da
História Oral para apreender e promover o contato direto entre os sujeitos
de pesquisa. O sujeito de pesquisa escolhido foi o Sr. Chico do Amazonas,
um senhor de 64 anos, pai de dois filhos, viúvo, atualmente aposentado
como pescador e tem como hobbie cantar, e seus filhos também são
Aprendendo músicos. Atualmente mora em Manacapuru, numa casa média bem
História: organizada, mobilhada com três quartos.
EXPERIÊNCIAS O encontro ocorreu dia 7 de dezembro de 2018, na casa do Sr. Chico
Página | 224
Kamilly: boa noite.
Chico: boa noite!
Kamilly: meu nome é Kamily esse aqui é o Jonathan nós somos alunos do
curso recursos pesqueiros do IFAM agente veio aqui fazer uma entrevista
com o senhor.
Kamilly: É bom pra começar vamos fazer umas perguntas básicas, é qual o
seu nome completo e a sua idade.
Chico: é Francisco Raimundo Marques De Oliveira, o popular chico do
Amazonas.
Chico: Bom, a minha família, o meu pai ele morreu na pesca, eu nasci em
beira de lago eu, lago do maraca aqui dentro da sumaúma. (Interior do
Amazonas)
Kamily: Uhum.
Chico: Então, eu sou muito conhecido aí, eu pesquei muito, naquele tempo
era à remo , não tinha moto (motor) não tinha rabeta (um motor movido a
gasolina), nada. Hoje em dia todo mundo tem o seu rabeta né, e naquele
tempo era um sacrifico só né, tinha muito peixe mas não dava dinheiro
quase né, e hoje você pega pouco peixe e fatura uma grana boa.
Nesses dois trechos, podemos inferir o quanto o Sr. Chico do Amazonas tem
uma fala não muito convencional (fala típica caboquinha do interior do
amazonas) e o quanto a sua família já sofreu por conta da pesca, ele não se
sentiu em nenhum momento envergonhado, contou o quanto era
complicado pescar antigamente, mas que hoje em dia se tem muitas
facilidades até mesmo na questão financeira. Já aqui podemos registrar
informações importantes que não são bem especificadas no meio
acadêmico, como o tipo de conduções para pesca e como se dá o
rendimento financeiro da mesma. Sr Chico continua,
Chico: É, mas é muito arriscada a pesca hoje, é ariscado porque à gente
arrisca a vida né, cobra, jacaré e se cair na água as piranhas devoram.
Kamilly: é verdade.
Chico: e um bicho feroz é a piranha né, então a vida do pescador ela é
muito sofrida, pegar chuva, sol e capim a gente vara tapagem pra ir pra
lago e é sacrifício pra sustentar a família.
Kamilly: e vocês também ficam longe da família né.
Chico: eu me aposentei já eu já tô aposentado, me aposentei pela pesca
né.
Chico: agricultura e pesca, meu pai era agricultor, meu pai tinha medo de
raio ai o raio matou ele no temporal, papai morreu com a canoa no
temporal. E na pesca ele morreu com a canoa cheia de peixe, ele tinha
medo de raio aonde ele via um temporal amarrava a canoa, e vamos deixar
passar o tempo aqui que é para gente viajar, ai o raio matou ele no
temporal.
Kamilly: Mas o senhor aprendeu a pescar com ele desde pequenininho?
Chico: Papai levou a gente para andar, eu comecei a andar com o meu pai
com uma idade de oito anos, dez anos e um pouco com o meu pai, aí
depois que eu já nasci vendo ele pescar né, ai aprendi pescar, nasci em Aprendendo
beira de lago, então eu sou pescador mesmo. História:
EXPERIÊNCIAS
Nesses relatos podemos observar duas coisas; o medo que o seu chico Página | 225
tinha e até hoje tem de fatos que aconteceram na sua infância e podem
ocorrer até hoje, porém isso se torna muito importante pra nos ajudar a
entender melhor a importância da pesca como meio de sobrevivência
naquele tempo, por conta de tantos sacrifícios que tinha que se fazer, mas
que era necessário ele continuar ali até porque era o meio de renda para
sua família. E também como ele sofreu perdas e traumas através de uma
infância difícil por naquela época não existir segurança e nem estudos
direcionados para isso, os pescadores se arriscavam muito e ganhavam
pouco em troca. Hoje o conhecimento está muito mais fácil para todos
fazendo com que diminua mais esses riscos e os ribeiros tenham uma
melhor condição de vida:
Chico: [...] então é assim né, é sofrido, quem pensar que é fácil não é fácil,
e naquele tempo é que nem eu falei né, era a remo hoje não né, fica mais
fácil porque vai de motor né, rabeta, então a vida do pescador ela merece
ter mais respeito mais força, não tem força né, era para ter um assim, um
filme do pescador, o sofrimento do pescador isso não existe.
Aprendendo Referências
História: Kamily Alves é acadêmica do Curso de Recursos Pesqueiros do IFAM e
EXPERIÊNCIAS bolsista no projeto PIBIC – História de Pescador, sob a orientação do
Página | 226 professor Esp. Laerte Pedroso de Paula Júnior.
COSTA, P. G.; RIVA, P.B.; OBARA, ANA TIYOMI; SUZUKI, H.I.; TAKEMOTO,
R.M. Saberes etnoecológicos dos pescadores artesanais e alunos da planície
alagável do alto rio Paraná. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação
Ambiental, v. especial, p. 86-96, 2014.
HISTÓRIA DE PESCADOR: USO DO MÉTODO DE HISTÓRIA ORAL NA
CONSTRUÇÃO DO SABER HISTÓRICO EM SALA DE AULA
Laerte Pedroso de Paula Jr
Os Encontros
Ao unir, no mesmo espaço geográfico, pescadores e estudantes da área de
pesca demos um passo no tocante a visualizar alguns aspectos da educação
hiperespecializada. Promovendo a interação entre os saberes locais e os
saberes acadêmicos, contribuímos para o reconhecimento do outro como
agente importante na visualização do conhecimento complexo.
A família é composta pelo Sr. Juvino, sua esposa Irema e o filho Francisco
de 26 anos , que também atua no ramo da pesca.
“Rapaz, eu entrei sem querer e estou até hoje aí, por causa que eu não
estudei eu não sei nem assinar meu nome. Fui criado na popa da canoa do
meu pai, sou do interior do Purus (Rio que corta do Peru ao Amazonas)
criado no lago né, e o que que eu podia aprender? Só era pescar, e até hoje
eu ainda estou, eu tenho minha aposentadoria, graças a Deus, mas o
senhor sabe como é, se o cara ganhar 20 mil não dá, quanto mais
ganhando meio salário, porque todo velho faz um emprestimozinho, e aí eu
investir na pesca foi assim. Comecei a pescar no anzol com meu pai, na
ponta da canoinha dele, com arpão, depois nos viramos para malhadeira,
ele comprou uma canoinha para mim, para eu aprender, assim eu aprendi
pescar, eu tenho uma honra muito grande por isso, porque não me criei
fumando maconha, roubando, é uma profissão que ela não é tão boa, é
sofredora, mas a gente vive e por isso eu estou até hoje aqui, pescando,
graças a Deus. É uma das minhas histórias que eu tenho, alguma mais?”
“Sei muito bem pescar, do jeito que o senhor me botar, com todo que
minhas mãos estão velhas, se me disser, ''nós vamos arpoar aquele
pirarucu ali, tu sabes ajeitar? Tu sabes fazer como é que é? Depois de
morto tu sabes tratar ele e fazer ele seco?”. O senhor já sabe como é seco
né? Eu faço isso que é uma beleza, estão ali minhas varinhas, não está com
15 dias que terminou meu peixe seco, por causa da proibição”.
Michael: E quanto tempo o senhor leva para fazer uma viagem para pesca
e o senhor pesca a mesma quantidade de peixe do que antigamente?
Juvino: Olha, o certo é que todo ano pela parte de fim de maio para junho
eu faço uma viagem, eu passo dois meses na viagem, pescando por
produção para vender pro rapaz que eu trabalho há muitos anos atrás, ele
sendo patrão e eu e os outro sendo freguês contando de mim, então quase
todo ano eu vou com ele, nós passamos dois meses pescando, nós não
pesca proibido, porque nós passa na reserva e se a gente for pego vai ser
pior pra gente [...]
[...] esses dois meses é sofrido, o rio seca de repente, aqueles igarapés,
aqueles lagos que nós pescamos, começamos a pescar com a água dessa
altura (põe a mão acima da cabeça) pra cá (põe a mão na cintura), uma
semana está terra você está entendendo que as água arria rapidinho, e ai já
é preciso virar pau, cachoeira se alaga, perde peixe, perde material as
vezes perde até uma Honda (Motor da canoa), parte uma canoa, você sabe
como é cachoeira né? O cara sobe com o Honda (ele fez efeitos do motor
subindo a cachoeira) e outros amarra um cabo lá e outros puxando no cabo,
fazendo aquele mutirão, até passar lá pra onde a água parar, durante a
pesca, porque lá já vai imaginando a volta porque lá está dessa altura
(coloca a mão na cintura) e quando a gente mete lá, Deus nos acuda,
qualquer vacilo é ‘’Patepé’’ (faz um gesto de diminuição repentina do nível
do rio). Essa é a nossa história. Minha história é sofrida, esses dois meses e
quase toda pesca é sofrida, quando fala assim no pescador, o pescador
mesmo sofre, é sofrido nós merecia uma ajuda mesmo, ou pelo lado ou
pelo outro, por causa que é sofrida a vida da pesca, nós somos perseguidos
pela piranha, nosso material, a gente compra material daquele descartável,
Aprendendo ninguém pode remendar que não tem como que não dá tempo que a
História: piranha acaba, nós somos perseguidos pelo jacaré, jacaré leva. Se a gente
EXPERIÊNCIAS for com linha ele leva e a gente como vocês sabem tem acontecido muito
Página | 232 acidente aí com jacaré, jacaré que é quase da largura de uma mesa dessas
(aponta para mesa) aquilo está apoiado como outra coisa no meio dos
lagos, e passa e eles não têm medo da gente não.
Sr. Juvino mostra que além de ser uma vida sofrida pelo tempo que ficam fora de
casa, é também uma vida perigosa, pois no seu dia-a-dia enfrentam animais
ferozes como o jacaré, a onça e a piranha. O trabalho da pesca é cansativo e não
traz benefícios financeiros suficientes para que a família tenha uma vida tranquila
e confortável, porém é a profissão que aprenderam e levaram a vida toda. Essa
vida pescadora conhecida agora pelos discentes foi considerada por eles de suma
importância, Michael expõe, logo após a entrevista que: “A vida é igual a moeda,
existe cara e coroa, a gente precisa sempre conhecer os dois lados”. Ele se refere
ao conhecimento acadêmico e o conhecimento empírico. Embora o técnico em
Recursos Pesqueiros não necessariamente vire pescador e possa trabalhar com
consultoria e planejamento, longe do maçante cotidiano da pesca artesanal, ele
pôde se conscientizar que também precisa conhecer esse outro lado para unirem
forças facilitando o trabalho de ambos.
Referências
Laerte Pedroso é professor Ensino Básico Técnico e Tecnológico do Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas – Campus Avançado
Manacapuru. O presente texto faz parte da produção acadêmica no
mestrado em Ciências pela UFRRJ, turma 2017.2 sob a orientação da
professora Drª Simone Batista.
Aprendendo
O atual cenário político brasileiro produz reflexões acerca de que forma a História:
política é discutida nos diversos âmbitos da sociedade e, principalmente, EXPERIÊNCIAS
nas escolas. Ao compreender que a escola é a instituição que promove o Página | 233
ensino, a aprendizagem e, para além disso, a cidadania, a discussão acerca
dos sistemas políticos é fundamental. A partir dessa premissa, o projeto
Prolicen “Vocabulário político da Antiguidade: reflexões para o exercício da
cidadania”, na Universidade Federal da Paraíba, estuda o vocabulário
político utilizado no cotidiano a partir da Antiguidade Clássica, enfatizando a
importância de compreender as formas de governo desde o seu surgimento
e perceber as suas características ao longo dos períodos históricos, até os
dias atuais. O trabalho é orientado pelos docentes da UFPB Priscilla Gontijo
Leite e Lucas Consolin Dezotti.
Após essa exposição, fizemos uma dinâmica com os alunos, em que eles se
dividiram em grupos, cada um com uma forma de governo principal e
apresentaram sobre esse sistema de maneira criativa para toda a sala.
Sugerimos a criação de desenhos, poemas, peças, etc. A maioria dos
grupos fez uma peça teatral sobre as respectivas formas de governo, um
grupo declamou uma poesia.
Considerações finais
O projeto Prolicen, desenvolvido pelo curso de licenciatura em História, com
Aprendendo a colaboração do curso de licenciatura em Letras Clássicas, busca auxiliar a
História: formação de docentes preocupados em trabalhar com as conexões entre a
EXPERIÊNCIAS história e a aplicação de conceitos políticos na atualidade. A discussão
Página | 236 acadêmica, a produção de material didático e a aplicação em sala de aula
constituem o tripé que sustenta esse projeto, buscando atender os eixos
norteadores da universidade pública: pesquisa, ensino, extensão.
Referências
Laryssa Alves da Silva é graduanda de História, Licenciatura Plena, pela
Universidade Federal da Paraíba;
Através das aulas expositivas e leitura do livro didático, casando com estas
datas importantes na história da humanidade que o tema da Revolução
Russa foi selecionado para ser trabalhado pelos alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental na EEEFM Deodoro de Mendonça, onde, através do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, alguns alunos da
Universidade Federal do Pará vinham atuando na disciplina de história. Com
isto temos o desenvolvimento da atividade para a Feira de Ciência e
tecnologia da escola, intitulada “100 anos de Revolução Russa: As mulheres
a frente da Revolução”. Até a escolha do tema se teve algumas etapas,
junto do corpo docente e do corpo discente da escola, discutindo sobre
como o trabalho poderia ser executado.
[Imagem 1] [Imagem 2]
Fonte: Acervo pessoal
Segundo: Leitura do livro didático
Neste ponto foi onde selecionamos o foco do assunto, pois foi observado o
silenciamento das mulheres como sujeitos históricos no assunto. Uma
observação feita foi que, quando pensamos no assunto de Revolução Russa
logo vem em mente os nomes famosos como o de Marx, Trotsky, Lênin etc,
porém e as mulheres? O que elas fizeram neste momento e como vieram a Aprendendo
contribuir para a efetivação da Revolução?. História:
EXPERIÊNCIAS
É importante refletirmos sobre esta questão, pois, o livro didático é uma Página | 241
das principais ferramentas utilizadas em sala. Para Selva Fonseca (1998;
1999:39), o livro didático representa “[...] o principal veiculador de
conhecimentos sistematizados, o produto cultural de maior divulgação entre
os brasileiros que têm acesso à educação escolar”. Ou ainda, segundo
Oliveira, sabe-se que, mesmo diante das transformações metodológicas
implantadas a partir dos avanços tecnológicos, vivenciados na atualidade, o
livro escolar continua a ser o material didático mais utilizado nas salas de
aula do Brasil.
Por isso e muito mais que é preciso despertar o aluno para a leitura critica
inclusive do livro didático, por vezes quando estamos na posição do alunado
costumamos receber as leituras como se fossem uma verdade única e nem
percebemos, por isso por exemplo, pode ser que não discutir sobre mulher
na história seja tão automático, pois, não vem no livro e não ousamos
pensar para além disso.
O que nós remete há uma questão ainda maior envolvendo estes assuntos,
basicamente todas as revoluções que vieram pós Revolução Francesa irão
passar pelo processo comparativo, segundo Hanna Arendt, a Revolução Aprendendo
Francesa inaugura o sentido moderno de revolução por possuir três História:
características principais: Um, deve ser um evento nunca visto antes, que EXPERIÊNCIAS
vem a romper com o passado, criando uma sociedade nova, mudando o Página | 243
curso da história daquele local. Dois, deve conter a violência política a luta
armada e três, deve ter a participação direta da população. Ainda pensando
com Arendt, outro ponto que se pode comparar é a urgência dos fatos que
levarão as Revoluções, tanto Francesa quanto Russa, o povo necessitava
sair da miséria e fome, precisavam de uma libertação.
Trecho do texto: “Já no início das greves de fevereiro, foram ditas palavras
de ordem políticas contra a guerra em meio aos protestos. A audácia,
determinação e os métodos das mulheres deixaram claro que elas
compreendiam a raiz de seus problemas, assim como a necessidade de uma
unidade entre os trabalhadores e de convencer os soldados que estavam
longe, protegendo o Estado czarista, a apoiar a revolta. Mais tarde, Trotsky
(líder revolucionário bolchevique) registrou: “As mulheres trabalhadoras
desempenham um importante papel na relação entre trabalhadores e
soldados. Elas sobem até os cordões com mais coragem do que os homens,
agarram os rifles, suplicam, praticamente ordenam: “Abaixem suas
baionetas – juntem-se a nós”. Os soldados estão empolgados,
envergonhados, trocam olhares ansiosos, vacilam; alguém se decide
primeiro e as baionetas se levantam com ares de culpa por cima dos
ombros da multidão que avança”.
Referências
Layane de Souza Santos, graduanda em licenciatura em história pela
Universidade Federal do Pará, bolsista Residência Pedagógica.
Info Escola
Acesso em: 08.12.2018
Disponível em: https://www.infoescola.com/historia/reforma-protestante/
Hysteria
Acesso em: 10.12.2018
Disponível em: https://hysteria.etc.br/ler/construcao-da-desigualdade-de-
genero/
Aprendendo Essa gente estava representada na figura de Zé Povo, que exclama: “Sim,
História: sim! Sou o Atlas da República; mas é preciso que o governo não me
EXPERIÊNCIAS enfraqueça, nem me sobrecarregue muito... Do contrário, não aguento... e
Página | 252 vai tudo por água abaixo”.
Para ser ter uma ideia, o Rio de Janeiro vivenciou, no ano de 1904, uma
política de modernização rigorosa que culminou na expulsão das pessoas
mais pobres das áreas centrais da cidade. Havia um anseio por parte das
autoridades em transformar o Rio de Janeiro em uma “Paris dos Trópicos”,
como pretendia o então prefeito Pereira Passos.
Nessa mesma edição, Zé Povo aparece, sob o título “É assim que se fala”,
com um porrete de madeira em mãos; ao seu lado, no chão, um revólver
entrelaçado ao punhal. Ele diz:
“Com o raio dos diabos! Os homens graúdos falaram a meu favor contra a
vacina obrigatória; mas os tais senhores jornalistas botaram a boca no
mundo contra os defensores do meu sossego... Ora pois: quem é que vai
sofrer o espeto da lei? Sou eu! Sou eu somente [...], e eu que aguente
calado. Vou fazer o papel que me compete: - PEÇO A PALAVRA!” (O Malho,
1904)”.
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 253
O comportamento de Raul Pederneiras não era estranho a muitos dos seus Aprendendo
contemporâneos. No início do século XX, os mais tradicionalistas sentiam-se História:
desconfortáveis com as mudanças no comportamento feminino. Era EXPERIÊNCIAS
novidade, por exemplo, mulheres da elite e classe média andarem pelas Página | 255
ruas desacompanhadas.
Outra mulher que se destacou na luta pelo voto feminino foi a bióloga
Bertha Lutz, que fundou em 1922 a Federação Brasileira para o Progresso
Feminino. Uma característica dessas organizações é que elas não tinham a
intenção de bater de frente com os valores sociais tradicionais, mas
desejavam a extensão da cidadania política para as mulheres. A visão de
mulheres como Bertha Lutz, por exemplo, partia do pressuposto de que
nem todas as mulheres podiam votar, “apenas as que fossem instruídas e
participassem minimamente dos movimentos em prol da emancipação”
(NASCIMENTO, 2008, p. 145). Apenas em 1934 o voto feminino se tornaria
uma realidade.
A imagem acima exposta foi capa da revista Careta de 1919, tendo sido
assinada por Alfredo Storni. O referido periódico foi criado no ano de 1908,
por Jorge Schmidt. Era semanal, circulando aos sábados. Apresentava uma
qualidade gráfica e ilustrativa de muita qualidade. Ao folheá-la é possível
notar uma diversidade de conteúdos distribuídos em notícias, crônicas,
piadas, poesias, colunismo social e outros.
Referências
Lidiana Emidio Justo da Costa é professora da Educação Básica na Escola
Cenecista João Régis Amorim-PB. Graduada em História pela Universidade
Estadual da Paraíba e Mestra em História pela Universidade Federal da
Paraíba. E-mail: leejusto@hotmail.com.
Fontes digitais
Revista O Malho, disponível em:
http://omalho.casaruibarbosa.gov.br/?lk=2. Acesso em: 8 mar. 2019.
Revista Careta, disponível em:
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/careta/careta_anos.ht
m. Acesso em: 8 mar. 2019.
Revista Fon-Fon, disponível em:
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/fonfon/fonfon_anos.ht
m . Acesso em: 8 mar. 2019.
Fontes bibliográficas
CARVALHO, José Murilo de. Os três povos da República. Revista USP, São
Paulo, n. 59, 2003, p. 96-115. Disponível em:
file:///C:/Users/Manass%C3%A9s/Downloads/13279-
Texto%20do%20artigo-16252-1-10-20120517%20(2).pdf. Acesso: 8 mar.
2019.
Aprendendo
Introdução História:
A UNIFESSPA, campus de Xinguara, é proveniente das políticas públicas, a EXPERIÊNCIAS
exemplo do programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Página | 261
Federais (REUNI), que objetivou ampliar o acesso ao Ensino Superior no
Brasil, fazendo com que tais instituições alcançassem um maior número de
cidadãos em lugares onde suas demandas não estavam sendo atendidas.
A Amazônia em pauta
O objetivo central da disciplina História do Sul e Sudeste do Pará consiste
em promover discussões a respeito dos aspectos históricos que envolvem a
Amazônia Oriental na região Sul e Sudeste do Pará, compreendendo as
dinâmicas que constituíram (e constituem) sua territorialidade / identidade
atual, forjada durante o fim do século XIX e ao longo da centúria
subsequente.
Ela também foi pensada com o propósito de fomentar debates sobre as
políticas desenvolvimentistas executadas pelo Estado brasileiro na
Amazônia Oriental, sobretudo durante os governos das ditaduras civil-
militares perpetuadas entre os anos de 1964 e 1985.
Aprendendo
História: Outra questão que se coloca essencial para um melhor entendimento do
EXPERIÊNCIAS contexto histórico da região é a compreensão da diversidade amazônica e
Página | 262 de seus diferentes conflitos, considerando a luta em torno da posse da terra
como espaço que envolveu uma multiplicidade de atores, em particular
aqueles vinculados aos setores da Igreja Católica ligados à Teologia da
Libertação; demais instituições do Estado brasileiro, a exemplo das Polícias
Civil, Militar e Federal; bem como de juízes e, igualmente, pistoleiros e
milícias privadas.
O surgimento da CPT
No contexto em pauta, é possível perceber o amplo cenário da luta pela
terra. Afinal de contas, gradativamente o agronegócio avançou sobre as
áreas destinadas às pastagens para o gado, entrando em conflito com a
diversidade de sujeitos presentes no campo, em especial na década de
1980 quando os acampamentos e assentamentos que pleiteavam reforma
agrária (ligados principalmente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) (PEREIRA, 2015).
Ao relatar a sua experiência de luta pela terra em meio aos combates que
fazem parte do passado-presente dessa localidade do Norte do Brasil, a
professora supracitada descreveu um episódio de sua vida, quando, ainda
pequena, seu pai – João Canuto de Oliveira – decidiu mudar para a região
em busca de melhoria nas condições de vida, atraído pela propaganda de
acesso à terra, de desenvolvimento econômico e de lucro / benefícios
concedidos pelo governo civil-militar para aqueles que viessem a ocupar
essa parte da Amazônia. Tanto é assim que, de acordo com estudiosos da
matéria, em texto, por sinal, trabalhados em sala de aula, sabe-se que
Nas palavras de Luzia Canuto, a partir daí, impactado pela situação, seu pai
decidiu não só reconquistar suas perdas, mas também fazer de sua luta um
Aprendendo projeto coletivo: o direito a terra. Ainda na palestra, foi relatada a violência
História: sofrida por ela e seus irmãos, que chegou à tentativa de homicídio, fazendo
EXPERIÊNCIAS daquele momento e ambiente uma verdadeira tormenta, haja vista a
Página | 264 perseguição que se abateu sobre os mesmos.
Esta memória, já foi ameaçada inúmeras vezes, pensando nisso, está sendo
ofertado o serviço de digitalização dos documentos em parceria com a
UNIFESSPA, o Projeto de extensão e preservação arquivística, a intenção é
disponibilizar on-line o vasto acervo que está na CPT. Desde o início, o
registro das informações e a organização do acervo da CPT têm como
maiores finalidades contribuir para a elaboração de denúncias dos conflitos;
subsidiar a elaboração de documentos jurídicos e:”salvaguardar a memória
histórica das lutas, a partir da ótica dos oprimidos; contribuir para fontes de
pesquisas e para formação de estudantes, professores e lideranças e
fornecer informações para o banco de dados da CPT Nacional e produção do
Caderno de Conflitos”. (Salgueiro, 2017, p.952). A comissão tem um papel
fundamental, não só de resguardar o histórico do campo da região e do
território, mais ser uma força da resistência daqueles que lutam pela terra.
Referências
Lóren Graziela Carneiro Lima é Mestre em Educação pela Universidade do
Estado de Minas Gerais – UEMG e Professora Assistente do Departamento
de História do Instituto de Estudos do Trópico Úmido/ Universidade Federal
do Sul e Sudeste do Pará, campus de Xinguara. E-mail:
lorengraziela@yahoo.com.br.
PETIT, Pere; PEREIRA, Airton dos Reis; PESSOA, Fabio Tadeu de Melo.
Camponeses, fazendeiros e a teologia da libertação na luta pela terra no sul
e no sudeste do estado do Pará. Tempos Históricos, v.18, 2014, p. 337–
365.
Aprendendo
História: Introdução
EXPERIÊNCIAS Segundo o último Censo da Educação Superior realizado pelo Instituto
Página | 268 Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de
2016 para 2017, o Brasil tem experimentado uma mudança de paradigmas
no ensino superior. Neste período, o ensino presencial apresentou queda
nas matrículas e a educação a distância (EaD) registrou um crescimento de
17,6%, somando atualmente quase 1,8 milhão de discentes, ou 21,2% do
total de matriculados em todo o ensino superior.
Entre outras questões que possam ser discutidas diante dessa crescente
demanda e que tragam ganhos positivos ou negativos para a sociedade,
podemos destacar a preocupação em oferecer aos egressos um estímulo à
pesquisa e à produção acadêmica, para além do trabalho de conclusão de
curso. Posto que, a pesquisa do Inep apresenta um dado interessante que
mostra que a maioria dos alunos na modalidade EaD são de licenciatura.
Moran (2017) chama a atenção para a formação cognitiva dos discentes:
Considerações Finais
Organizar um evento a distância é proporcionalmente complexo a um
evento presencial, embora haja algumas idiossincrasias. A logística para
receber inscrições, distribuir os resumos expandidos para a Comissão
Avaliadora, repassar os informes, alimentar o blog com as comunicações,
entre outras tarefas requer dedicação e uma equipe de colaboradores
dedicada e de preferência grande em número. A UECE dispõe de um
Sistema de Gerenciamento de Eventos (Siseventos) que facilitou o
armazenamento e organização das informações dos participantes, bem
como a emissão de certificados. Contudo, o material humano é mesmo o
fundamental. Contamos com 430 inscritos, o que para a organização foi
uma surpresa. Ainda durante o evento, havia entre os integrantes da
Organização, um sentimento de ansiedade que pairava no ar: será que
estava tudo acontecendo nos conformes? Um comentário postado, no blog
do evento, em um dos resumos expandidos chamou-nos a atenção. Confira
a reprodução da imagem da “captura da tela”:
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 271
Figura 1
Figura 2
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 272
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Mesmo com alguns problemas da organização do evento os participantes se
mantiveram animados e participantes durante o evento, tivemos 1.700
comentários nos resumos expandidos. Quanto aos comunicadores pudemos
perceber a dificuldade em elaborar textos científicos, como está exposto nos
gráficos e na pesquisa. Os trabalhos reprovados demonstram alguns
Aprendendo aspectos como a falta de habilidade tanto em elaborar as ideias de maneira
História: clara e científica, mas também a falta de conhecimento das normas de
EXPERIÊNCIAS elaboração de textos acadêmicos (normas da Associação Nacional de
Página | 274 Normas Técnicas - ABNT). O plágio também foi um problema detectado.
Apesar dessas questões, os participantes se mostraram interessados em
participar, em aprender e a comunicar. O evento foi uma pequena
experiência, mas rica em significados. Esperamos ter despertado tanto nos
ouvintes quanto nos comunicadores a vontade de dedicar-se a leituras e o
desenvolvimento acadêmico.
Referências
Luiza Helena Amorim Coelho Cavalcante e Samira Samira Andréa Narcizo de
Maria são graduandas em História pela FAFIDAM/UECE/UAB na modalidade
a distância. O artigo foi escrito sob orientação do prof. Ms. Thiago Nobre.
O Planejamento
Segundo José Carlos Libâneo [2006] a escola deve oferecer aos alunos os
conhecimentos sistematizados que contribuam para o desenvolvimento
intelectual, além de aplicáveis na vida prática. No tocante a esta questão, o
papel do planejamento das aulas de História é de suma importância:
“Pois é uma tarefa docente que inclui a previsão das atividades didáticas em
termos de sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos,
além de revisão e reorganização no decorrer do processo de ensino. O
planejamento é um meio para programar as atividades docentes, além de
ser um momento de realização de pesquisa e reflexão diretamente ligada à
avaliação.” [LIBÂNEO, 2006, p.221]
A Avaliação
Os grupos de alunos realizaram leitura coletiva e grifaram as partes mais
significativas para cada um dos componentes, a ideia principal da avaliação
foi a aproximação das memórias dos grupos sociais – vítimas do período da
Ditadura Civil-Militar – com a vida dos alunos. A questão principal da
apresentação era: “Se você fizesse parte deste grupo social no período da
Ditadura Civil-Militar, o que poderia ter ocorrido contigo?”.
Sequência didática:
Tema: Memória das Ditaduras Civil Militares do Brasil Republicano
Objetivo Geral: Compreender a memória do tempo presente como um local
de disputa contínua. Para isto, serão utilizadas, como objetos de análise, as
memórias da Ditadura Civil Militar, tendo como referencial o material
fornecido pela Comissão da Verdade.
N° de Conteúdos Conteúdos
Aulas
2 • Ditadura Civil- • Conversa inicial.
Militar • Exposição didática.
• Indicação de leitura dos materiais
paradidáticos.
Fig.1
Sequência Didática de Luiz Gustavo Mendel Souza
Referências:
Luiz Gustavo Mendel Souza é professor Assistente da Universidade Federal
Fluminense e professor de História da Secretaria de Educação do Estado do
Rio de Janeiro.
Introdução
O presente trabalho tem por objetivo servir como um relato de experiência,
buscando assim refletir a partir das práticas em sala de aula, propiciada no
Estágio Supervisionado do Ensino Médio, do curso de História Licenciatura
da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA e mediado pelo professor da
disciplina e orientador Jakson dos Santos Ribeiro. O período de abrangência
do Estágio no Ensino Médio foi de 21 de Março de 2018 a 30 de Maio do
mesmo ano.
É indiscutível, que não existe uma receita pronta, de uma aula perfeita.
Porém durante as aulas teóricas executadas pelo professor/orientador,
tornou-se mais “fácil” pensar e planejar aulas dinâmicas e motivadoras.
Logo após as aulas teóricas, partimos para as aulas práticas nas escolas
escolhidas pelo orientador, e na busca pela experiência profissional na área
docente.
Fundamentação teórica
Realizados nos cursos de licenciatura, o Estágio Supervisionado em Ensino é
uma atividade de aprendizagem de modo experimental, considerada pelos
educadores como meio significativo a futura profissão de professor. São os
estágios em unidades de ensino de nível fundamental e médio, que
proporciona o contato e a vivência dos licenciados com a realidade escolar.
Como escreve Santos (2005), o Estágio Supervisionado curricular é um
espaço de construções significativas no processo de formação de
professores e deve ser entendido como uma oportunidade de formação
contínua da prática pedagógica.
A jornada de trabalho mínima é 200 dias letivos de acordo com a LDB e os Aprendendo
PCN´s. O planejamento é de responsabilidade da direção e coordenação História:
pedagógica, juntamente com os professores. O tempo de duração das aulas EXPERIÊNCIAS
no turno matutino é de 05 horas, ou seja; das 07:00 às 12:00 horas; Página | 287
vespertino de 13:00 as 18:00 horas; noturno 19:00 às 22:30, e os sábados
estão sendo letivos para completar a carga horária, que precisa ser
cumprida, devido aos feriados prolongados que atrapalham os dias letivos
normais. A escola possui biblioteca, aberta apenas ao funcionários e alunos.
O corpo docente tem habilitação de ensino superior completo e pós-
graduação.
Como foco em questão, e por ser esta discutida em sala de aula, a disciplina
História é passível de múltiplas abordagens, por isso, tornou-se
praticamente imprescindível o trabalho com diversas fontes, para que os
alunos entendam que contra fatos há argumentos, e que eles não devem
aceitar nada sem questionar antes, para não serem manipulados pela
grande massa.
Considerações finais
Diante do exposto, é perceptível que o ensino de história em sala de aula
tem enfrentado dificuldades. No entanto os professores têm buscado Aprendendo
melhorar essa realidade, levando meios mais dinâmicos, atrativos e História:
tecnológicos para auxiliar na ministração dos conteúdos. EXPERIÊNCIAS
Página | 289
Podemos dizer que o papel do professor vai muito além de transmitir
conteúdos. Faz parte dos atributos dos profissionais docentes levar seus
alunos a construir um senso crítico principalmente quando se refere à
disciplina História. Uma vez que a escola não é somente local de
transmissão de conhecimento, mas de construção de cidadãos. Outro fator
que vale ressaltar está ligado ao fato de que o professor precisa estar
preparado para lidar com situações fora de seu plano, relacionado a
circunstâncias ocorridas em sala de aula, onde é de competência do docente
resolvê-las da melhor forma possível, atribuindo ainda maiores experiências
para sua atuação enquanto profissional. Portanto o Estágio Curricular
Supervisionado é bastante relevante para a formação dos professores, no
que diz respeito a sua prática dentro da realidade em que irão atuar.
Referências
Marciele Sousa da Silva – Graduada em História pela Universidade Estadual
do Maranhão – UEMA. Especialista em História do Brasil pelo Instituto de
Ensino Superior São Franciscano – IESF.
Aprendendo
O conhecimento escolar pode contar com diversos materiais de auxílio História:
pedagógico, no entanto, os livros didáticos sendo pertencentes à cultura EXPERIÊNCIAS
escolar de forma marcante no Brasil por estarem presentes em todas as Página | 291
escolas da rede pública de ensino, têm um papel significativo no processo
de ensino-aprendizagem, como aponta Garcia:
“[...] a relação dos docentes com os saberes não se reduz a uma função de
transmissão dos conhecimentos já constituídos. Sua prática integra
diferentes saberes, com os quais o corpo docente mantém diferentes
relações. Pode-se definir o saber docente como um saber plural, formado
pelo amálgama, mais ou menos coerente, de saberes oriundos da formação
profissional e de saberes disciplinares, curriculares e experienciais.”
(TARDIF, 2002, p.36)
Referências
Maria Paula Costa é doutora em História e docente da Universidade Estadual
do Centro-Oeste e pesquisadora na área de Ensino de História, sendo
coordenadora do Laboratório de Ensino de História da mesma universidade.
Mariana de Sá Gaspar é discente da Universidade Estadual do Centro-Oeste
e pesquisadora voluntária de Iniciação Científica na área de Ensino de
História.
Assim, esse breve texto tem como objetivo apresentar um diálogo entre
história, arqueologia e ensino e assim discorrer sobre o uso desse espaço no
ensino da história. Para tanto, dentro desta perspectiva de ensino e uso do
sítio arqueológico como local de aprendizado, tivemos no Brasil a introdução
na década de 80 da metodologia que foi denominada em português de
educação patrimonial.
Observar ao vivo e ter essa vivência espacial pode causar até estranheza
em muitos que só estão acostumados a fotos, filmes e livros didáticos. Mas
causar estranheza é um dos objetivos, pois confronta os livros e a
imaginação com o mundo real, que é palpável e atiça todos os sentidos.
Pois a educação patrimonial não deve ser vista como uma simples ida a um
sítio arqueológico, na verdade o ideal é que seja parte de um projeto
pedagógico maior na qual a visita ao sambaqui da Tarioba se insira dentro
de um projeto educacional e que se possa assim ampliar as atividades
educacionais oferecidas (se forem oferecidas) no sítio arqueológico visitado,
com ações prévias realizadas em sala de aula e complementares depois de
terminada a visita.
Referências
Marlon Barcelos Ferreira é especialista em arqueologia (IAB) e Mestrando
em História Social do Território do PPGHS-UERJ
Introdução Aprendendo
A escola dos Annales, criada no século XX a partir de uma revista História:
universitária francesa, promoveu uma ampliação das fontes historiográficas EXPERIÊNCIAS
o que contribuiu de maneira significativa para a História Cultural. Essa Página | 305
vertente também foi responsável por alterar a relação do historiador com o
seu objeto de estudo, dando a ele uma possibilidade de compreensão
através da interdisciplinaridade. Dessa forma, a antropologia, a psicologia, e
no caso dessa pesquisa, as linguagens artísticas, podem ser utilizadas como
elementos fundamentais para análise de determinado período.
“É bem verdade que o caminho da revolução nessa direção não foi linear.
Logo após a tomada do poder, o partido introduzira o regime do comunismo
de guerra, da militarização do trabalho e da subordinação dos sovietes e
sindicatos ao Estado. ” (TRAGTENBERG, 2007, p. 133).
“Felizmente Marx morreu a tempo. Assim não pôde assistir a repressão aos
operários de Berlim Oriental, Hungria, Checoslováquia e Polônia; caso
contrário, iria denunciá-la ao proletariado mundial como fizera com a
repressão a Comuna de Paris em sua obra “A Guerra Civil na França”. Disso
temos certeza. Ele não é responsável pelo que os autonomeados
“marxistas” fazem em seu nome. ” (TRAGTENBERG, 2007, p.136)
Historiografia
A base historiográfica sobre a Revolução Russa já passou por inúmeras
Aprendendo modificações em decorrência de ser um processo recente com uma
História: quantidade de fontes muito díspares. Nas primeiras décadas após a
EXPERIÊNCIAS Revolução, notava-se a presença forte de partidarismo, visto que a maior
Página | 308 parte dos escritores eram ex-participantes do período revolucionário.
Assim, as décadas que se sucederam:
Propostas
Aprendendo Considerando os aspectos trabalhados anteriormente, pode-se materializar
História: tal reflexão na aplicação de propostas que possibilitem, de forma eficiente e
EXPERIÊNCIAS concomitante, a abordagem do teatro como fonte de linguagem e o ensino-
Página | 310 aprendizagem de História, podendo haver – ou não - a partir de então, uma
interdisciplinaridade com a disciplina de Artes ou Língua Portuguesa, o que
enriqueceria a atividade de forma exitosa. Pensando nisso, as propostas a
seguir objetivaram um plano de atividade para que o professor possa
desenvolver com os estudantes.
Conclusão
Em resumo o que este artigo teve como propósito foi o trabalho com o
teatro, que é uma fonte historiográfica rica em informações para análise,
porém pouco utilizada no contexto escolar como uma metodologia
alternativa. Assim, abordar “A Revolução Russa” como sendo um dos
eventos mais significativos do século XX e ensinar-aprender a partir de
peças teatrais pode promover um interesse maior dos estudantes pela
temática e pela disciplina de História. Contudo, a realidade escolar deve ser
pensada com cautela, pois não são todas as instituições que possuem
recursos necessários, seja para uma pesquisa, seja para organização de
uma peça. É preciso haver elementos como disponibilidade de espaço,
possível adaptação pelo professor e tempo no cronograma letivo para
desenvolvimento de tal atividade.
“A proposta didática pode contribuir para uma melhor consciência por parte
dos alunos quanto à análise de cada processo social, como o teatro, por
parte do historiador e ao uso que fazemos desses processos para construir
um melhor entendimento da sociedade humana ao longo do tempo. ”
(SEIDL, 2016)
Referências
Mateus Delalibera: Discente do curso de licenciatura em História (3º
período) pela UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro). Membro do
grupo de extensão JADEH (Jogos de Aprendizagem Dinâmica no Ensino de
História), bolsista pelo PIBID e voluntário de IC.
Aprendendo
O presente trabalho visa trazer novas luzes sobre a questão da História:
desigualdade racial institucionalizada no Brasil, verificando fatores que EXPERIÊNCIAS
podem melhor exemplificar o grau de desequilíbrio no processo de formação Página | 313
do indivíduo enquanto cidadão, a partir de balizas étnicas/raciais. Tal
análise primordial teve como objetivo fundamental a construção de uma
aula que fora desenvolvida para alunos do 7º ano do ensino fundamental do
Colégio de Aplicação da UFMA (COLUN), escola pública localizada no bairro
do Sá Viana, em São Luís (Maranhão), com o intuito de demonstrar a
importância da Semana da Consciência Negra, data que simboliza um dos
importantes pilares do laborioso processo de desconstrução de um racismo
consolidado e sustentado pelo Estado brasileiro desde os primórdios de sua
estruturação. Esse projeto foi desenvolvido com a orientação da Prof. Dr.
Milena Galdez do curso de Licenciatura em História, da Universidade
Estadual do Maranhão.
Aprendendo O livro utilizado, assim como ‘Ponciá Vivêncio’ (2003), é um dos inúmeros
História: produzidos pela autora responsável por alavancar o reconhecimento de
EXPERIÊNCIAS Evaristo para os becos de todo o Brasil, alcançando, inclusive, patamares
Página | 314 internacionais. Não se trata apenas de uma mulher, nem somente de uma
negra, nem de uma pessoa que passou por labutas comuns nas favelas de
todo o país, o que a diferencia é exatamente ela possuir todas essas
características e ainda sim conseguir fugir à regra e se constituir como
importante intelectual da literatura brasileira, tornando-se, deste modo, um
exemplo para milhões de outras mães, mulheres, filhas e crianças,
faveladas ou não, negras, fazendo-as a crer que podem seguir um caminho
diferente do contexto social caótico em que estão inseridas, visando a
grandiosidade existente além dos muros da favela, que tanto as separam da
realidade das classes altas, para que cesse o ciclo vicioso do mau e bom
selvagem, sendo, no entanto, sempre selvagem.
No entanto, um ponto que deve ser bem enfatizado é que não há uma
homogeneização no que se refere aos transtornos de estresse, visto que, as
variações individuais são resultados de mediações indenitárias. Ou seja, a
percepção do indivíduo negro enquanto sujeito ativo dentro de um
determinado contexto social, na promoção de sua autoafirmação cultural,
consolida o melhoramento de sua saúde física e mental.
Foi somente no governo do então presidente Luís Inácio Lula da Silva, 115
anos após a assinatura da simbólica, porém não efetiva, Lei Aurea, que a
Lei nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003, determinava a inclusão da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo escolar. Nesse
mesmo documento, ficou estabelecido que as escolas iriam comemorar a
consciência negra. No entanto, foi somente no governo de Dilma Rousseff e
através da Lei nº 12.519 de 10 de novembro de 2011, que essa data foi
oficializada. Contudo, mesmo com as leis vigentes, a realidade nas escolas
brasileiras, principalmente nas públicas, continua sendo diferente do que
determinado, faltando, muitas vezes, aos alunos uma explanação de
profunda sobre tal tema.
A função do professor de história, nesse sentido, é possibilitar aos alunos
uma prática que lhes possibilite enxergar o mundo com outros olhos.
Percebendo que há personalidades negras que podem servir como
referência intelectual, como pilar que exemplifica a luta, a dificuldade de se
conquistar determinados patamares em um país tragicamente Aprendendo
hierarquizados, mas que, sim, há possibilidades, sendo a elevação da História:
autoestima, um dos primeiros passos para tal jornada. EXPERIÊNCIAS
Página | 317
Embasamento teórico e Metodologia
Inicialmente foi trabalhado com a professora/orientadora Dr. Márcia Milena
Galdez a utilização das fontes em sala de aula, tendo como base os artigos
‘O que pode no ensino de História: sobre o uso de fontes em sala de aula’
(2008) de Nilton Perreira e ‘Fontes históricas na sala de aula: uma
possibilidade de produção de conhecimento escolar’ (2008) de Flavia Caimi.
Após o debate sobre tal assunto, houve uma conversa com alguns
professores do Ensino Fundamental de algumas escolas públicas do
Maranhão e uma atividade envolvendo fontes históricas para uma maior
compreensão acerca do assunto.
Resultados
Iniciamos nosso projeto em sala destacando o significado e a importância
da Semana da Consciência Negra, abordando personalidades pouco
conhecidas pelo senso comum, mas, com um grande destaque no período
escravocrata brasileiro, a exemplo de Luís Gama, e questionamos os alunos
do Colégio de Aplicação da UFMA (COLUN), acerca de seus conhecimentos
prévios sobre o assunto e sobre a necessidade de tal debate nos dias
atuais. Nesse primeiro momento a interação dos estudantes ainda era
introvertida, somente duas alunas demonstraram interesse pelo assunto
(uma branca e outra negra), sendo ambas as que mais demonstraram
afinidade e desenvoltura sobre tal tema ao longo de toda a exposição.
Após essa introdução, preocupamo-nos em versar sobre a biografia da
literata Conceição Evaristo, desde sua infância difícil até a sua ascensão na
carreira, o que a concretiza como uma exceção à regra em relação à
realidade em que viveu, dando ênfase ao seu posicionamento militante,
como mulher, negra, vinda da favela, observando a singularidade de sua
Aprendendo história profissional e de vida. Além disso, expomos suas obras, fazendo um
História: pequeno apanhado sobre elas, focando, claro, no que seria trabalhada;
EXPERIÊNCIAS ‘Becos da Memória’ (2006), salientando o tempo que passou de sua criação
Página | 318 até sua publicação. Percebemos que um total de quatro crianças
demonstraram feições que representaram curiosidade e perplexidade.
Outras duas foram tomadas pelo sorriso e pela nítida admiração, ambas já
supracitada no primeiro parágrafo.
Por fim, foi pedido aos alunos para que citassem exemplos de pessoas
negras marcantes em suas vidas e discorressem sobre os pensamentos
levantados tomando como base o que a eles foi exposto. Tal proposta
obteve um resultado satisfatório, com a participação de alguns alunos e do
professor responsável pela classe, Prof. Dr. Inácio Araújo. Nesse momento,
apesar de fugirem do foco da indagação, exclamaram o absurdo que era a
retirada de pessoas de suas terras natais (em referência a um dos casos
expostos por Conceição em sua obra); mencionaram a discrepância entre as
oportunidade de pessoas ricas e pobres no que tange ao ingresso às
universidades; uma das alunas mencionou um caso de discriminação com
um de seus amigos no bairro do Sá Viana, a estudante relata que policiais
começaram a perseguir um rapaz que, segundo ela “todos sabiam que ele
usava suas coisas lá, mas nunca mexeu com ninguém. E se fosse um
branco, morador de um bairro mais rico? ”.
Considerações finais
Portanto, conseguimos perceber uma escola muito bem estruturada, cuja
acesso seletivo já pressupõe o motivo de apenas 5 dos 23 alunos ali
presentes serem negros. Estudantes calmos e medianamente participativos
com a temática. No entanto, nas poucas falas, percebeu-se um grau de
criticidade bastante desenvolta para alunos do ensino fundamental.
Percebemos a leveza nos olhares daquelas crianças, e como aquele tema
pôde frutificar em meio a um momento político tão sombrio que vivemos
nos dias atuais.
No que se refere às nossas expectativas, sem dúvida, fora algo muito além
do esperado. Uma experiência incrível e bastante sólida para os degraus de
nossa carreira enquanto futuros professores de história. A mensagem
passada, a partir dos escritos de Conceição Evaristo, com toda certeza
obteve alcance muito satisfatório. O realismo imposto em suas palavras
conseguiu aproximar os alunos daquilo que possivelmente vivenciaram ou
vivenciam no seu cotidiano. O dia da consciência negra, dessa forma, serviu
como uma importante porta de acesso, para se pensar os percalços dos Aprendendo
caminhos percorridos por homens e mulheres negras em meio a uma História:
sociedade ainda tão hierarquicamente racial. EXPERIÊNCIAS
Página | 321
Referências
Orientadora: Márcia Milena Galdez Ferreira é professora Adjunta II da
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), vinculada ao Programa de Pós
Graduação em História, Ensino e Narrativas, ao Curso de graduação em
História e ao Departamento de História e Geografia desta IES. Tem
experiencia na área de História e Antropologia, atuando principalmente nas
seguintes áreas: História e linguagens, História e Memória, História Agrária
e das migrações, História das Religiosidades, Ensino de História.
O Cangaço
O fenômeno do Cangaço não é sinônimo de Lampião. Para Pericás, o termo
cangaço existe há muito tempo, mesmo que talvez não com o mesmo
significado pelo qual entendemos hoje. Mas é possível afirmar que o termo
existe pelo menos desde o início do republicano, já que aparece de maneira
constante em documentos oficiais da época. (2010, p.14). O termo teria
surgido, segundo Antônio e Carlos Araújo, a partir do trabalho dos jagunços
ou capangas (2010 p. 9). Uma teoria é que veio da palavra canga, um
tronco usado como instrumento de tortura para escravos africanos e
trabalhadores livres. Daí teriam surgido ditos como “nesse pescoço não se
bota canga”, para exprimir altivez, independência e dignidade. Outra
hipótese é que teria vindo da cangalha ou canga de boi, que ligava o boi ao
carro, já que o carro de boi teve um papel importante na paisagem rural
nordestina e ajudou a construir uma “imagem” do sertão.
Da mesma maneira, também não foi com Lampião que surgiram este tipo
de grupos de banditismo rural. Albuquerque, por exemplo, fala da
existência do cangaço desde o século XVIII (2012 p. 14). E mesmo no seu
período de atividade, o seu bando não era o único. Só entre 1919 e 1927,
havia em torno de 54 bandos atuando no Sertão e no Agreste Nordestino,
praticando diferentes formas de cangaço. Mello aponta três: o cangaço-
meio de vida, aquele em que a atividade de cangaço se torna uma
“profissão”; o cangaço de vingança, onde o cangaceiro quer apenas
vingança e logo que a consegue abandona o cangaço; e o cangaço de
refúgio, quando os homens se tornavam cangaceiros para proteger-se de
uma perseguição (2004 p. 89).
A Seqüência Didática
Esta sequência teve como tempo estimado 4 aulas de 50 minutos, embora
na prática tenha levado mais tempo. O primeiro momento tem como
objetivo apresentá-los à temática e estimulá-los à busca por respostas a
partir da pergunta: “Lampião: herói, vilão ou vítima?”. Esta pergunta é
potencializada com a exibição de diversas imagens divididas em dois
grupos: imagens que mostram Lampião como símbolo cultural
(lembrancinhas, nomes de restaurantes, fantasias, entre outras) e imagens
que o apontam como um criminoso (capas de jornais, fotos de sua cabeça
decapitada).
Fig 1.
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 325
Fig. 2
Fig. 3
Para avançar na discussão, foi solicitado aos alunos que fizessem uma
entrevista com 5 pessoas de diferentes idades para perguntar: já ouviu
falar de lampião? O que sabe sobre ele? Para você, ele é um herói ou vilão?
Além disso teriam que, agora divididos em grupos, pesquisar em sites
diferentes, as respostas às seguintes perguntas: Qual era o nome completo
de Lampião? Onde nasceu? Onde morreu? O que ele fez como cangaceiro?
Por que recebeu o apelido de Lampião? O site usa algum adjetivo
relacionado a ele? Por que se tornou cangaceiro?
Tanto as entrevistas quanto as pesquisas pretendem levar os alunos a
reconhecer as diferentes perspectivas de um mesmo fenômeno e perceber
como a maneira como a História é contada influencia na perspectiva que se
tem dela.
Aprendendo
História: As diferenças de resultados entre os sites geram um intenso debate entre
EXPERIÊNCIAS os alunos, com alguns alunos defendendo que Lampião foi um vilão e outros
Página | 326 rebatendo essa idéia, de acordo com o posicionamento apresentado na
fonte pesquisada. Essa diferença de posicionamento, bem como algumas
inconsistências entre as informações levaram a uma discussão sobre a
confiabilidade das fontes, a diversidade de versões e interesses e a idéia
maniqueísta de bem versus mal. Grande parte dos alunos chegou à
conclusão de que é uma questão de perspectiva, que ele foi herói para uns
e vilão para outros. Para os que foram vítimas dos cangaceiros, seus
amigos e os descendentes, bem como para aqueles que acompanharam a
caça aos cangaceiros pelos jornais, ele é sem dúvida um vilão. Para os que
se beneficiaram direta ou indiretamente de suas façanhas e seus
descendentes, um herói.
“Por tudo isso, não é de estranhar que o cangaço tenha sido uma forma de
vida criminal orgulhosa, ostensiva, escancarada. [...] A cultura sertaneja
abonava o cangaço, malgrado o caráter criminal declarado pelo oficialismo,
com as populações indo ao extremo de torcer pela vitória dos grupos com
que simpatizavam, quase como se dá hoje nos torneios entre clubes de
futebol. A legenda dos capitães de cangaço mais famosos vai sendo
esculpida de forma sedimentar pelos versos dos cantadores de feira,
emboladores e cegos rabequeiros, todos dispostos a cantar a última façanha
de guerra do grupo de sua preferência” (MELLO, 2004, p. 23).
A ponteira e o peão(2008)
Flávio José
Ainda me lembro
Do meu tempo de menino
Quando eu via Celestino
Desenhando Lampião
[...]
Lampião (2011)
Banda de Pau e Corda
Ê Cangaceiro,
Onde mora lampião
Aprendendo Mora junto de São Pedro
História: Lhe contando a região
EXPERIÊNCIAS Sertão, meu sertão
Página | 328 Onde está Lampião
O famoso cabra da peste
E Maria sua paixão
Nasceu na terra de valente
Onde a faca não só corta cana corta gente
Viveu na terra de valente
Onde a faca dança e roda corta e mata gente
E quem morre primeiro deixa o amigo pra enterrar
É mais uma cruz que marca uma história pra contar
Você recado de gente
De cara valente que nem Lampião
Não tem mais cavalo e nem sela
E seu maço de vela já parou de queimar
[...]
[...]
Na escuridão dos homens
Noite clara chegará
Alegria e liberdade
Com certeza haverá
Vida, vivida, virará, vida-bandeira
Pião rodar a ponteira
Na palma da minha mão
Viva Maria Bonita de Lampião
Virgulino foi o rei, majestade e capitão
Lampião flecha de fogo
Por isso heróis do sertão
Toda força que sufoca e que oprime a multidão
Braço forte, mão armada, quem não tem fez a razão
Encanta o povo
O velho e o novo
Feito um bando de heróis a gritar em procissão
[...]
Conclusão
De maneira geral, os objetivos da seqüência foram alcançados, já que os
alunos utilizaram diversas fontes, entre elas a música, para tentar
compreender o fenômeno histórico e participaram ativamente, e até de
maneira apaixonada, nas discussões, reconhecendo os diferentes pontos de
vista a respeito de Lampião, respeitando a diversidade de opiniões.
“Fica o convite à reflexão. O que você pensa do que foi exposto aqui? Em
que medida essas questões lhe dizem respeito? Quem é o herói que habita
dentro de você e por que você o vê como tal? Quais são os valores que ele
apregoa, e quais são os atos que ele pratica?” (2010, p. 101).
‘Ideologia de gênero'
Um elemento força desse projeto é o combate a “ideologia de gênero”. Tal
prerrogativa se tornou o eixo de atuação e aliança política entre segmentos
religiosos distintos e até díspares entre si. Católicos, evangélicos e espíritas,
apesar das discordâncias doutrinárias e de práticas, se aliaram em defesa
de um modelo de família que estaria sendo ‘destruída’ pelos movimentos
feminista e LGBT. Assim, o principal alvo é combater o casamento
homoafetivo; a criminalização da homofobia; a implementação de políticas
de saúde pública pró-aborto e igualdade de gênero.
No segundo tema, há uma vigilância e ataque a tudo que possa ser visto
ou entendido como um projeto de “esquerda” de modo que, toda e
qualquer discussão com viés crítico das relações de produção de riquezas,
de consumo, proteção ambiental, acesso e expansão da cidadania, são
alvo de suspeição e até de ações jurídicas, limitando e cerceando a
atuação pedagógica. Nesse front, o ensino de História tem sido alvo de
ataques ao abordar temas como Nazismo, Revolução Russa, escravidão e
ditadura militar. Numa tentativa clara de dobrar e obliterar esses
acontecimentos históricos à uma perspectiva revisionista (MELO, 2014;
SENA JÚNIOR et al, 2017) que justifica as violências e arbitrariedades
praticadas pelos grupos dominantes que atuaram nesses acontecimentos,
como a Negação do Holocausto; justificativa da escravidão e a mais cara
a nossa memória recente, dizer que a Ditadura Militar foi uma ‘ditabranda’
etc. E, por fim, temos a maçã de ouro do ESP que é a educação sexual,
em que toda discussão sobre identidade e igualdade de gênero e
orientação sexual são entendidas como ações dos agentes de um suposto
“marxismo cultural”.
Assim, em Roraima, o prefeito de Ariquemes, no Vale do Jamari, no ano
de 2017, mandou retirar “todas as páginas de livros didáticos que falassem
ou mostrassem diversidade sexual, casamento homossexual ou uso de
preservativos (CARLOS, 2017), colocando em suspeição todo um longo e
complexo processo pedagógico de produção desse conteúdo. Como apontara
Aprendendo Foucault (1988, p. 114), nas relações de poder, a sexualidade não é o
História: elemento mais rígido, porém, é um dos mais maleáveis, que permite ser
EXPERIÊNCIAS instrumentalizado e utilizado no maior número de manobras políticas,
Página | 336 sociais e religiosas. Logo, uma narrativa que fala de ‘proteger’ nossas
crianças de uma suposta ameaça ‘marxista e gayzista´, acaba
arregimentando muitos adeptos, que ficam presos na superfície desse
discurso.
Com efeito, o ESP tem obtido êxito na medida em que conseguiu convencer
boa parte da opinião pública de que os professores - até então vistos como
parte da solução do combate à desigualdade social a partir da educação
pública-, são algozes, agentes ‘infiltrados’ que perturbam a ordem social.
Além do desprestígio social que ronda nossa profissão, mães e pais que
nunca foram em reuniões escolares, são instrumentalizados a fiscalizar e
interrogar diretores, professores e coordenadores sobre o tipo de conteúdo
que será ministrado.
O que pode parecer uma preocupação legítima e atenta dos pais à formação
de seus filhos, em verdade, instaura um pânico social e limita a atuação
docente que é precarizada. Por isso, não nos enganemos, os ideólogos do Aprendendo
ESP não estão interessados numa pedagogia plural e emancipadora, pelo História:
contrário, um dos seus objetivos é expandir uma educação estritamente EXPERIÊNCIAS
tecnicista, apta ao mercado profissional. Mas, diferenciada entre os que Página | 337
devem e não devem participar de uma universidade pública (BARCA, 2017).
Referências
Natanael de Freitas Silva é doutorando em História pela Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (PPHR/UFRRJ/CAPES). É Graduado e Mestre
em História pela mesma instituição. Também atua como professor/mediador
no Projeto Praça da Ciência Itinerante (PCI/CECIERJ) ministrando cursos de
formação e capacitação para docentes da educação básica. É Membro do
LabQueer – Laboratório de estudos das relações de gênero, masculinidades
e transgêneros/UFRRJ, coordenado pelo Prof. Dr. Fábio Henrique Lopes.
Desenvolve pesquisa sobre masculinidades e relações de gênero no Brasil
dos anos 1960-70 com a tese intitulada: Masculinidades disparatadas:
Secos e Molhados e Dzi Croquettes. E-mail:natanaelfreitass@gmail.com
VITAL, Christina; LOPES, Paulo Victor Leite. Religião e política: uma análise
da atuação de parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e de
LGBTs no Brasil. Rio de Janeiro:Fundação Heinrich Böll/ISER, 2013.
RAMALHO, Renan. STF decide que pais não podem tirar filhos da escola
para ensiná-los em casa. G1, 12/09/18. Disponível em:<
https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/09/12/stf-decide-que-pais-nao-
podem-tirar-filhos-da-escola-para-ensina-los-em-casa.ghtml> Acesso em
05/02/19.
BULLYING E VIOLÊNCIA EM SALA DE AULA: QUE JOVENS ESTAMOS
FORMANDO?
Paulo Ênio de Sousa Melo
Willan Alves da Silva
Aprendendo
O presente relato tem como temática: bullying e violência em sala de aula. História:
Em seu conteúdo apresentamos um olhar como fruto de nossa experiência EXPERIÊNCIAS
com o Programa de Bolsa de Iniciação à Docência – (PIBID) do Subprojeto Página | 341
História da Universidade Estadual Vale do Acaraú – (UVA). Nele propomos a
apresentação e discursão sobre praticas que consideramos preconceituosas
e que vão de encontro a educação inclusiva e empática que desejamos no
ambiente escolar, uma educação que respeite as raças, gêneros, regiões e
gerações. Entretanto, munidos com o desejo de despertar a consciência dos
alunos para tais atos caracterizados como bullying, propomos uma aula
intervenção para o conhecimento e sociabilidade entre os discentes e
docentes junto à produção de material (mural) sobre o assunto abordado, o
qual se objetivou despertar nos alunos uma consciência a respeito dos
malefícios causados para quem sofre as ações preceituosas no cotidiano
escolar. Que elencou os principais tipos a características dos efeitos do
bullying em sala de aula na educação básica.
Introdução
Participando como bolsistas do Programa de Bolsa de Iniciação à Docência –
(PIBID), e por isso vivenciado o ambiente escolar passamos a pensar sobre
as relações no cotidiano de tal ambiente, o que nos deu subsidio para
planejarmos e consequentemente realizamos uma intervenção como forma
de conscientizar sobre o bullying e seus malefícios, os alunos da Escola de
Ensino Fundamental e Médio Ministro Jarbas Passarinho, localizada na
periferia da cidade de Sobral no estado do Ceará. Este relato foi elaborado
como forma de analisarmos os resultados após a aplicação da intervenção
“Os malefícios do bullying na sociedade contemporânea”, que objetivou em
apresentar as dificuldades vivenciadas por professores e alunos com o
bullying e violência na escola. Além disso, objetivando compreender a ação
dos alunos frente às práticas preconceituosas ou qualquer ação que se
caracteriza como intitulado na aula intervenção, objetivando a
conscientização da comunidade escolar, sejam os alunos, os professores e
demais profissionais, vigias, merendeiras, coordenadores pedagógicos,
diretores, enfim a comunidade escolar como todo, sobre os malefícios para
quem pratica atos discriminatórios, por exemplo.
Por meio dos resultados buscamos aqui refletir sobre a prática do ensino de
história na formação do cidadão. Pois, entendemos que a disciplina de
História nos dá ferramentas para discutir valores morais e éticos presente
em nossa sociedade, e assim inclua o aluno em uma educação para a
cidadania, de modo que este possa visibilizar o estudo histórico como forma
de criticar os padrões sociais e conhecer o processo de formação de sua
sociedade. O aluno conhecendo o processo histórico da sociedade a qual
está inserido estimula-o a ter empatia aos negros e indígenas que são os
que sofrem com maior incidência com o bullying.
Sobre o ensino de História como meio para se atingir os objetivos de uma
educação cidadã, Maria Auxiliadora Schmidt e Marlene Cainelli (2009)
destacam:
O bullying é uma pratica maldosa e por isso nada tem de benefícios na vida
de uma pessoa, ao contrario, causa problemas psicológicos no individuo que
sofre as agressões. Os principais problemas psicológicos ocasionados em
destaque denunciados pelas pesquisas estão presentes a depressão uma
das doenças que atinge um grande número de brasileiros, jovens e adultos.
Devido esta doença, muitas das vezes, as pessoas que sofrem
determinados atos não denunciam e não têm a coragem ou o ânimo para
buscar ajuda e, também, os professores e demais profissionais não
conseguem detectar as práticas discriminatórias.
Justificativas
A aplicação da atividade pelos bolsistas PIBID História-UVA foi de
fundamental importância, pois, alunos, muitas das vezes, socializam com
agressão exprimindo apelidos, nomes fictícios, formas verbais que acabam
gerando medo e isolamento para a aqueles que são submetidos a tal
processo. Entretanto, nem sempre os que praticam tais ações contra seu
colega sabem as consequências que envolvem as suas praticas. Partindo
dessa proposição foi necessário se conhecer as formas de bullying para
prevenir futuras consequências para os jovens da escola Ministro Jarbas
Passarinho.
Logo, tais ações deviam serem com menos frequência devido estarem sob
observações de um professor e um núcleo gestor. Mas, entretanto, como já
discutido, nem sempre os educadores conseguem captar todas as ações
realizadas pelos alunos no cotidiano escolar. Além desse, na escola, não
negamos as outras formas e lugares, como em casa, nos bares, nas ruas
entres outros lugares onde os atos acontecem, não fazemos estas outras
análises, pois foge do nosso campo de análise e estudo para este trabalho.
Nesse sentido, a violência existe sim nos espaços escolares. Não devemos
só observá-la, mas também buscar meios para amenizar e/ ou acabar, de
forma que os professores e educadores possam oferecer uma formação Aprendendo
mais efetiva, educando os jovens para a uma formação mais consciente de História:
suas ações tanto dentro da escola como fora dela, na sociedade e nos seus EXPERIÊNCIAS
grupos de relacionamentos. Página | 345
Considerações finais
A escola de todo modo tem que intervir com políticas internas que
compreendam a realidade social de seus alunos, incentivando com
formações seu núcleo docente a criarem projetos de inclusão as diferenças
sócias existentes tanto no ambiente escolar como na sociedade como todo.
Nesse ponto podemos ver a disciplina de História como um meio a levar
esses discursões aos alunos ao estudarem a culturas de determinados
povos, promovendo assim o espirito de alteridade e empatia.
Referências Bibliográficas
Aprendendo Graduado em História Licenciatura pela Universidade Estadual Vale do
História: Acaraú – (UVA). Professor na Instituição de Educação Básica: Escola Vida
EXPERIÊNCIAS de Hidrolândia – Ceará. Atuou como Bolsista (PIBID/História – UVA).
Página | 348 Membro do Núcleo de Estudos Afro-brasileiras e Indígenas (NEABI) do
Instituto Federal do Ceará (IFCE), Campus Sobral. E-mail:
pnsousa_100@hotmail.com
SÓ, Sheila Lucas. Bullying nas escolas: uma proposta de intervenção. 2010.
33 folhas. Monografia (Curso de Especialização em Psicologia Escolar).
Universidade Federal do Paraná, Instituto de Psicologia, Porto Alegre, 2010.
Anexos
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 349
Referências
Paulo Iris Chaves Filho é graduando do curso de Licenciatura em História da
Universidade Estadual do Ceará (UECE), campus Limoeiro do Norte e
bolsista pelo programa de Residência Pedagógica da Capes. Subprojeto
coordenado pela Profa. Dra. Ivaneide B. Ulisses.
Atividades Exploratórias
Alunos periodizados no 9º ano do ensino fundamental regular normalmente
possuem poucas informações sobre a Segunda Grande Guerra antes de
estudarem o assunto na escola, salvo alguns casos em que há interesse no
estudo de conflitos (seja na literatura ou mesmo audiovisuais) ou há
orientações prévias pelos pais, por exemplo. Já no ensino de jovens e
adultos, os alunos possuem mais idade e consequentemente possuem mais
experiência acumulada, a chance de possuírem conhecimentos prévios é
muito maior, mas ainda assim estão numa faixa de público alvo capaz de
Aprendendo enriquecer o estudo.
História:
EXPERIÊNCIAS Propõe-se então um estudo de conhecimentos prévios que pode consistir na
Página | 358 elaboração de um mapa mental, chuva de ideias, dentre outras
possibilidades. Para este estudo foi optado pela produção de texto, a
narrativa (se possível ordenada) sobre todo conhecimento possuído
referente à Segunda Grande Guerra. Após a escolha da ferramenta
exploratória, recomenda-se utilizar o modelo de atividade em todas as
etapas para possibilitar uma análise comparativa mais clara do
entendimento sobre como o conhecimento histórico vai sendo construído
em cada indivíduo, etapa por etapa.
Análise da pesquisa
Podemos verificar que na segunda etapa da pesquisa, a presença de uma
construção histórica perigosa por parte dos alunos, pois nesse caso, a
leitura do filme “Bastardos Inglórios” foi direcionada por um professor e
posteriormente problematizada, entretanto para um público externo à
escola e, que não venha a ter acesso a tais recursos historiográficos, uma
nova história pode iniciar a se arraigar. Segundo Giroux, “a mídia tem se
convertido num substituto da experiência” [GIROUX, 1996], com as pessoas
pouco interessadas em verificar a veracidade dos eventos que observam em
produções audiovisuais, podendo formar paulatinamente com uma nova
verdade histórica [Rosenstone, 1995, p. 35], construindo ideias de que
Hitler foi assassinado e a guerra findou-se pelas mãos dos estadunidenses,
já que tal proposta tem grande poder de sedução junto aos Estados Unidos,
principalmente. Tal ideia pode ser comparada com a vasta produção
audiovisual referente à guerra do Vietnã, que para aqueles enquadrados no
referido público leigo, tendo como base apenas produções cinematográficas,
não apresentam a derrota estadunidense na referia guerra.
Considerações finais
Filmes são sempre carregados com uma forte intenção de despertar
emoções em seus espectadores e essa é a força de “Bastardos Inglórios”,
durante a pesquisa foi possível observar a aversão de alguns alunos
(principalmente mulheres) quanto às cenas de violência, mas na maioria,
após tida a exposição do conteúdo referente, o filme foi recebido como
gênero de comédia, devido a descontração do tratamento histórico.
Referências
Rafael José Hinça bacharel e licenciado em história, especialista em história
e geografia e em ensino lúdico, professor de história no ensino fundamental
e médio e em curso pré-vestibular.
GUYNN, Willian. Writing History in Film. New York, Routledge, 2006 pp. 1 –
80.
Aprendendo
Durante a construção do planejamento das aulas do estágio me deparei História:
com a necessidade da escolha de uma metodologia a ser utilizada em sala, EXPERIÊNCIAS
baseado em minhas observações, acabei optando pela utilização das aulas Página | 361
expositivas. A escolha dessa metodologia advém tanto de uma preferência
pessoal, experiências docentes anteriores me mostraram a eficácia de tal
metodologia, bem como por essa ser a metodologia mais frequentemente
utilizada pelos educadores, sendo assim, uma metodologia a qual os alunos
já estavam familiarizados.
Essa a escolha não ficou apenas presa em uma zona de conforto, ou seja,
durante todo o planejamento e mais tarde em sua aplicação, a metodologia
foi criticada e repensada, a fim de construir uma aula mais dinâmica e
eficaz. O primeiro passo foi tentar desconstruir a imagem cristalizada do
professor como único ser ativo dentro da sala de aula, indo contra a ideia
do educador-bancário, proposto por Freire, afinal dentro da sala de aula a
construção do conhecimento não é unidirecional, como aponta Coimbra:
Além da avaliação escrita, que foi aplicada nas duas turmas, uma segunda
atividade foi pensada para cada um dos contextos. Para o sétimo ano, onde
no caso o conteúdo trabalhado foi o início da colonização brasileira, a
atividade proposta foi a elaboração de uma história em quadrinhos.
Partindo desse princípio, durante as aulas, adotei uma posição não tão
autoritária, permitindo essas interações entre os alunos, porém em alguns
momentos, estas conversas saiam do controle e acabavam atrapalhando as
explicações e por vezes necessitando que a explicação fosse parada para
pedir que os alunos fizessem silêncio e voltassem a prestar atenção. A
dispersão dos alunos também foi uma dificuldade, por vezes comentários e
perguntas acabavam fugindo ao tema, fazendo com que o foco da discussão
acabasse indo por outro caminho.
Apesar de ser referido acima como uma dificuldade, por vezes a discussão,
ao entrar em outros caminhos e temas que partiram dos alunos, acabou
sendo benéfica para a aula. Um bom exemplo disso aconteceu na aula em
que o assunto eram os contatos dos indígenas, e então a partir de uma
pergunta de um aluno foi levantada a questão da antropofagia. Essa
demanda dos alunos logo acarretou em uma discussão que não estava
presente no planejamento, porém, acabou envolvendo quase toda a sala,
com os mais diversos comentários e questionamentos sobre o tema.
As Atividades
As atividades foram realizadas sem muita dificuldade, tanto os alunos do
fundamental, como os do médio compreenderam as propostas e produziram
resultados satisfatórios. Durante a avaliação escrita, modalidade de
avaliação empregada nas duas séries, como proposto no planejamento e já
abordado anteriormente, foi adotada uma postura onde a avaliação foi
realizada com a possibilidade de os alunos consultarem suas anotações, o
material didático entregue pelo professor e ainda com abertura para
dialogar com os colegas durante a formação das repostas.
O primeiro deles é que de certa forma dar essa liberdade aos alunos
durante a resolução das atividades, parece tirar um pouco da importância e
seriedade da avaliação, a ponto de em alguns momentos os alunos
perderem o controle e começarem a levantar, falar alto e se dispersar. Por
exemplo, se utilizássemos o mesmo questionário, porém proibíssemos os
alunos de consultar o material, de dialogar com os colegas, ou seja,
aplicássemos em um regime tradicional de prova, isso evocaria nos alunos
uma ideia de maior seriedade e importância de tal avaliação.
Passando agora para uma análise das outras atividades, estas não tão
tradicionais como a avaliação escrita, mostraram contribuir muito
positivamente dentro do ambiente avaliativo bem como na produção de
conhecimento.
De todas as atividades proposta aos alunos, esta foi a mais complexa, foi
necessário um acompanhamento do professor durante a produção da
atividade, para explicar de maneira mais detalhada o contexto de cada
grupo social e sanar várias dúvidas geradas durante o processo.
Apesar desta atividade ter requerido um esforço a mais por parte dos
alunos durante a resolução, os resultados foram muito positivos. Em todos
os grupos pode se perceber a compreensão da proposta, do conteúdo e o
desenvolvimento de uma consciência história, além de uma interessante
criatividade.
Considerações Finais
As atividades e conteúdos propostos foram aplicados de forma plena,
permitindo um bom aproveitamento dos alunos, bem como uma importante
experiência para o estagiário. Não devo deixar de fazer uma autocrítica
perante a prática do estágio, embora os resultados tenham sido positivos,
vários problemas acabaram interferindo para que as aulas não fossem
realizadas de uma melhor forma.
Outro ponto, embora ainda que isso seja feito junto com uma reflexão que
busca repaginar e atualizar as práticas, as aulas ainda foram muito
pautadas em metodologias tradicionais e consideradas quase que
antiquadas dentro das discussões pedagógicas.
Referências
Ramon Gustavo Becker é acadêmico do 4º ano do curso de licenciatura em
História da UNESPAR Campus União da Vitória.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra.
1987.
O planejamento da aula-oficina
A proposta da aula-oficia é propiciar, por meio da realidade e do
conhecimento prévio do estudante, e ter como ponto de partida a
informação e o conhecimento propiciando maior participação na aula. Isso
rompe com a concepção tradicional do ensino que verifica o estudante como
mero receptor que pouco, ou nada, contribui para o processo de ensino.
Diante disso, BARCA pensa que a “[...] concretização efetiva dos princípios
apontados para uma ‘aula-oficina’ pode ser apoiada por materiais já
utilizados em ambiente de investigação (BARCA, 2004, p.134)”. Desse
modo, é importante para o discente verificar os conhecimentos a cerca do
tema, visto que o ser humano é dotado de conhecimento e cultura, assim
deve ser percebido como ponta pé inicial para a elaboração do plano de
aula.
Diante desse conhecimento que o aluno possui, foram elaboradas algumas Aprendendo
questões conceituais para nortear a prática docente e o processo de História:
aprendizagem. Sendo estas: O que você entende por História Local? O que EXPERIÊNCIAS
você entende por História Oral? O que você entende por Memória?, várias Página | 373
hipóteses surgiram como respostas para as perguntas, que foram anotadas
no quadro, as que fugia do conceito inseria-se um ponto de interrogação,
para fazermos uma análise posterior. A princípio não entenderam muito
sobre as perguntas, no entanto, houve participação, considerável, dos
estudantes na possibilidade de respondê-las. Passado esse momento,
apegou-se nos conceitos e nas definições para assistir o documentário, O
olhar pioneiro, para partindo daí fazer uma reflexão sobre a memória e a
escrita da História.
A princípio foi feito uma breve reflexão sobre a escrita da História, em seus
períodos históricos, consequentemente foi feita uma reflexão sobre as
fontes, para que pudesse ser compreendida a relevância da oralidade.
Findado focou-se na importância da memória para a escrita da História
Local, ou seja, passou-se a analisar os depoimentos do vídeo verificando
sua importância na construção da Histórica de Alta Floresta –MT, fazendo
um paralelo com o que é contado “oficialmente” e o vivenciado pelas
pessoas no período. Diante disso, apresentou-se notas tidas como oficiais e
percebeu-se que muito daquilo que as pessoas relataram não se faziam
presente em tais meios de divulgação, levando os alunos a refletir sobre a
importância do trabalho com a oralidade
Reflexão conclusiva
Partindo do pressuposto, defendida por Bittencourt e Schmidt, de que o
estudante possui conhecimentos que antecede o saber escolar e que este
deve ser aproveitado pelo docente, é que foi pensada a aula-oficina, já que
ela vai de encontra com a concepção de favorecer o entendimento dos
conceitos pelos que já se sabe a respeito, visto que o saber é constituído,
também na vivencia social do indivíduo.
Aprendendo BARCA, Isabel. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In. Para uma educação
História: de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro
EXPERIÊNCIAS de Investigação em Educação (CIED)/ Instituto de Educação e Psicologia,
Página | 374 Universidade do Minho, 2004, p. 131 – 144.
Uma legislação específica sobre o assunto tem sido publicada desde 2001
(Parecer CNE/CP 9/2001; Parecer CNE/CP 28/2001), determinando que a
prática esteja presente desde o início dos cursos de licenciatura e não se
restrinja somente ao estágio supervisionado. Segundo Pereira e Mohr
(2017, p. 32), tentava-se “(...) superar a ideia de que o estágio é reservado
à prática enquanto a sala de aula é reservada à teoria”. Desde então,
pareceres e resoluções buscaram esclarecer o lugar e a função da prática
como componente curricular nos cursos de licenciatura. Um dos pontos
fundamentais tratados foi a diferenciação entre a prática de ensino e a
prática como componente curricular, além da carga horária exigida.
“(...) deve ocorrer durante toda a formação docente, não somente ao final
do curso, e deve estar presente tanto em disciplinas pedagógicas, quanto
em disciplinas sobre conteúdos, (...). A PCC ainda pode ocorrer em espaços
de reflexão, partindo-se da resolução de situações-problema do exercício
docente, as quais podem ser formuladas por meio de livros, filmes,
depoimentos e outras mídias, sem necessariamente o contato direto e in
loco na escola.”
O trabalho de redação dos textos foi realizado pelos alunos a partir do meio
do semestre sob meu acompanhamento. Foram feitas várias versões de
modo a assegurar a concisão exigida pelo formato da pílula e a correção das
informações tratadas. Foi definido que o texto da pílula seria dividido em
duas partes: uma introdução, que seria comum aos textos de um único
tema; e uma segunda parte que trataria de algum aspecto específico do
tema abordado. No âmbito dos grupos, cada aluno redigiu seu texto a partir
do aspecto selecionado, sendo que o texto introdutório foi definido por mim
Aprendendo a partir do material que eles me apresentaram. No caso da Guerra de
História: Canudos, por exemplo, o texto introdutório apresenta uma visão geral do
EXPERIÊNCIAS que foi a guerra, já a segunda parte trata de um aspecto específico. Os
Página | 378 motes escolhidos foram: a caracterização do conflito, a última edição do
livro ‘Os sertões’, a presença das crianças no conflito, o trabalho de registro
realizado à época pelo fotógrafo Flávio de Barros. A seguir, temos um
exemplo com a pílula da Tainah:
“Este trabalho tem que ser minucioso, para ir ao encontro ao que se refere
à gravação. O conteúdo do texto oferece pistas para que encontremos
trilhas e efeitos sonoros, com uma perfeita e harmoniosa combinação,
valorizando a produção final. No caso do ‘Vozes da História’, realizamos
pesquisas na internet para identificar a temática e suas implicações, a
época dos fatos relatados. O resultado é uma produção que agrada e
consegue transmitir o conteúdo histórico, em poucos minutos, com um
entendimento facilitado sobre o tema.”
Os desdobramentos
Desde sua criação, em agosto de 2018, o “Vozes da História” foi pensado
como uma primeira temporada. Assim, como forma de dar continuidade ao
projeto, escolhi a disciplina História do Brasil IV porque poderia, desse
modo, envolver parte dos alunos que já haviam trabalhado na edição
anterior, já que uma disciplina é continuidade da outra. Mais dois
estudantes se juntaram à turma, Douglas Silva e Thássio Ferraz. Seguindo
os passos anteriores, mas com um pouco mais de segurança e
conhecimento do que deveríamos fazer, elaboramos a segunda temporada
do programa. Escolhemos abordar as interações entre cultura, arte e
política nas décadas de 1960 e 1970, por meio de pílulas sobre o cinema, a
música, o teatro e a televisão e suas telenovelas. Todos os programas já
foram gravados e estrearão a partir de abril de 2019.
Referências
Rogério Pereira de Arruda é doutor em História e professor Adjunto IV na
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), no
Campus JK, Diamantina (MG).
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 386
Fig. 1
Painel com as frases feitas pelos educandos sobre a roupa da mulher
A discussão se estendeu com documentários curtos sobre a questão da
mulher como objeto e aproveitamos a campanha da Jornalista Nana Queiros
– “Não mereço ser estuprada”, sobre a denuncia de violência e abuso contra
a mulher para questionar ideias machistas apresentadas no inicio das
atividades.
Aprendendo
História:
EXPERIÊNCIAS
Página | 387
Fig. 2
https://oglobo.globo.com/brasil/protesto-nao-mereco-ser-estuprada-
movimenta-facebook-apos-resultado-de-pesquisa-12018281
(QUEIROS, 2018)
Fig. 3
Caixão usado na apresentação com a certidão de óbito das mulheres
vítimas de feminicídio.
Conclusão
Transcorrido o sitius de disputa entre “uma narrativa escolar”, um lócus
analítico e as observações das práticas cotidianas de ensino das aulas no
CIEJA CL cabe dizer algumas palavras a guisa de conclusão. O primeiro que
deve ser dito é que está é uma conclusão parcial, já que a proposta de
pesquisa-ação é sempre reelaborar as ações a partir da autorreflexão e
reaplicação.
Referências
Rubens Baldini Neto é professor efetivo da Prefeitura de São Paulo e
designado como professor de Ciências Humanas no CIEJA CL. Mestrando do
Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História (IFCH-UNICAMP)
com orientação acadêmica da Prof.ª Drª. Cristina Meneguello.
COUTINHO, Maria Lúcia Rocha. Tecendo por Trás dos Panos - a mulher
brasileira nas relações familiares. Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1994.
CUESTAS FERNANDES, Raimundo. La historia social del curriculum y La
Historia como disciplina escolar. In: Sociogénesis de una disciplina escolar:
la História. Barcelona (Es). Ediciones Pomares-Corredor, 9- 25, 1997.
Aprendendo
História: A caixa de história foi um projeto elaborado pela turma do 3º ano do curso
EXPERIÊNCIAS de história da UNESPAR, Campus de União da Vitória. O intuito era o de
Página | 392 levar conteúdo dinâmico para a sala de aula. A Caixa de História possibilita
outros olhares sobre a educação e a prática do professor em sala de aula.
Neste estudo do cotidiano das guerras por meio das imagens verificamos
vários aspectos. Entre eles a resistência da população diante das
desigualdades que motivaram os levantes. Nesse trecho de Certeau (2015,
p. 69) identificamos o conceito de cotidiano, as estratégias e as práticas de
resistências intrínsecas:
Referências
Maria Carolaine Domingues Maciel, acadêmica do 4º ano de história.
Em dias cada vez mais cheios e pouco tempo para perceber tudo que esta a
sua volta, os símbolos nos dias de hoje ganham uma função estética
imediata e extremamente clara para o que ela se propõe a representar. A
história tem uma visão que pode abranger proporções diferenciadas,
usando passado e o presente também como a linha de acesso e
norteamento entendendo a forma pela qual no período e atualmente se
preserva títulos, terras e seriação cultural, levando em conta a diferença
nas proporções de uma guerra e de outra, de uma compreensão cultural de
cada espaço.
Aprendendo
História: Demonstrar como a partir do momento que os indivíduos dentro de suas
EXPERIÊNCIAS organizações percebem a importância das práticas grupais únicas dos
Página | 398 sujeitos é o intuito do material da caixa, com uma didática que abrange um
olhar atento a história e construção indenitária dos indivíduos. Assim eles
compreendem que as fronteiras entre o tempo o espaço e a cultura étnica
vão gerir muito das ações de suas vivencias.
Referências
Sirlene Maria Hutchok, graduanda em História pela Universidade Estadual
do Paraná, campus União da Vitória-Pr.
Aprendendo Introdução
História: O presente texto tem como objetivo compartilhar as interpretações das
EXPERIÊNCIAS experiências vivenciadas no estágio docência da pós-graduação em História
Página | 400 (PPGH) na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), com a
finalidade de contribuir nas reflexões do campo da formação profissional
docente no ensino superior e na minha formação como professora e
docente. A explanação é referente ao estágio docência realizado no segundo
semestre de 2018 na disciplina de História de Santa Catarina II no curso de
História da UDESC.
Considerações finais
Primeiramente, devo ressaltar que realizar o estágio docência com a
supervisão de um professor substituto foi uma experiência valiosa, uma vez
que pude acompanhar uma parcela de suas dificuldades como professor de
cinco disciplinas, a extensa carga horária de trabalho e sua preocupação e
dedicação em proporcionar para as turmas a melhor experiência em relação
às discussões históricas e no relacionamento aluno/a-professor/a. Além do
mais, ele me orientou em todas as atividades que desenvolvi, concedendo
conselhos e destacando a importância de cada uma delas na minha
formação.
Referências Bibliográficas
Stela Schenato é discente de mestrado no Programa de Pós-Graduação em
História na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Bolsista
FAPESC/CAPES. Devo agradecimentos ao supervisor do estágio docência
Antero Maximiliano Dias dos Reis e a orientadora Marlene de Fáveri.
SCOTT, J. Gênero uma categoria útil para análise histórica. USP, 1990.
Disponível em:
</https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1840746/mod_resource/content
/0/G%C3%AAnero-Joan%20Scott.pdf/.