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A alma
Às vezes eu sinto – minha alma
Bem viva.
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As chuvas da primavera
Em breve virão as chuvas da Primavera,
As chuvas da primavera
Vão descer sobre os campos,
Sobre as árvores pobres,
Sobre os rios degelando.
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As chuvas da Primavera
Cairão sobre os jardins perdidos,
Sobre os rosais desnudos,
Sobre os canteiros sem flor.
A ausente
Os que se vão, vão depressa,
Ontem, ainda, sorria na espreguiçadeira.
Ontem dizia adeus, ainda, da janela.
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Canto da madrugada
Avancei pela noite. Abri os braços e recebi a aurora pequenina.
Chorava ainda. Suas lágrimas desceram sobre meu rosto.
Veio um perfume forte de flores molhadas,
Renovaram-se as vozes dos galos pelas campinas úmidas.
Lenhadores dormem nos casebres frios.
Estão nascendo flores misteriosas
Estão crescendo grandes almas nas sombras da noite.
Porque há um canto que sai da noite e vem acordar a aurora adormecida!
– Augusto Frederico Schmidt, no livro “Um século de poesia”. [organização Euda Alvim e Letícia
Mey]. São Paulo: Editora Globo, 2005.
Chegaram as estrelas
As estrelas chegaram úmidas
E suas frias pétalas pousaram
No meu rosto seco.
As estrelas chegaram trêmulas.
Pareciam flores que o vento esfolhara,
Da noturna árvore.
Murado e exausto,
Que consolo encontro nas estrelas
Que chegaram de repente!
Falaram-me de suas viagens,
Das regiões nuas que atravessaram,
Das fontes que cantam pelos espaços,
Das vozes que se ascendem em caminhos nunca vistos,
Na figura de Aglaia adormecida no céu,
E no sorriso de infância que na sua face flutua.
As estrelas chegaram loucas dos seus infinitos silêncios.
E falavam incessantemente.
Foi o orvalho de suas asas
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Mar desconhecido
Sinto viver em mim um mar ignoto,
E ouço, nas horas calmas e serenas,
As águas que murmuram, como em prece,
Estranhas orações intraduzíveis.
O grande momento
A varanda era batida pelos ventos do mar
As árvores tinham flores que desciam para a morte,com
[a lentidão das lágrimas.
Veleiros seguiam para crepúsculos com as asas cansadas
[e brancas se despedindo.
O tempo fugia com uma doçura jamais de novo experimentada
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É a mesma voz.
É a mesma queixa.
É a mesma angústia,
Sempre inconsolável.
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Perdida na noite.
É a vida caindo
No tempo!
– Augusto Frederico Schmidt, no livro “Poesia completa: 1928-1965”. [introdução Gilberto
Mendonça Teles]. Rio de Janeiro: Topbooks|Faculdade da Cidade, 1995.
Primavera II
Dia para quem ama
Dia límpido e claro!
O azul do céu, o azul da terra, o azul do mar!
Dia para quem é feliz e sem tormento
Dia para quem ama e não sofre de amor!
Dia para as felicidades inocentes.
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Soneto
Só preciso de poesia.
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Vazio
A poesia fugiu do mundo.
O amor fugiu do mundo —
Restam somente as casas,
Os bondes, os automóveis, as pessoas,
Os fios telegráficos estendidos,
No céu os anúncios luminosos.
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BREVE BIOGRAFIA
Poeta, polemista, ensaísta e empresário, Augusto Frederico Schmidt esteve no centro dos
acontecimentos no Brasil nas décadas de 40, 50 e 60 do século passado. Viveu intensamente o
seu tempo, em todas as esferas. Suas memórias, assim como seus artigos políticos, constituem
um registro privilegiado de uma época.
Sua poesia realiza o sonho de muitos leitores de ver reunida, numa só construção, o
despojamento moderno e o calor da emoção romântica.
“Meu amor, a noite cai aos poucos/ Sobre mim, aos poucos sobre mim /E é como terra/ Sobre
corpo de morto.”
Augusto Frederico Schmidt
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”Outros poetas são vigilantes, contidos, econômicos até esqueléticos. A natureza assim
os determinou. Ele, ao inverso talvez se constrangesse até ao esgotamento e a
esterilidade, se tentasse comprimir o fluxo vocabular. E perderíamos, com essa
imagem deformada, a intensidade do seu ser lírico, o que nele era tão típico e
insuscetível de regulamentação teórica e formal – o melhor e mais caloroso Schmidt.’
– Carlos Drummond de Andrade, Jornal do Brasil (9/2/1965).
Fonte: Agência Riff
Saiba mais sobre Augusto F. Schmidt
Fundação Schmidt
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