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A
s eleições de 2018 se aproximam exigindo nossa atenção em relação aos
programas dos candidatos e seus compromissos com a educação públi-
ca, como têm observado frequentemente representantes de entidades
científicas e sindicais da área de Educação, os quais ainda têm tratado da defesa
dos direitos e das conquistas sociais pelos quais lutamos durante décadas e aborda-
do também a necessidade premente de reverter os retrocessos em curso provocados
pela destruição do Estado Democrático de Direito no país.
Luta que se apresenta cada vez mais complexa nesse tenso cenário de dis-
puta eleitoral, tanto para o Executivo quanto para o Legislativo, permeado por atos de
violência e de arbitrariedade jurídica, os quais introduzem insegurança e desalento à
maioria da população brasileira (já abalada pelas políticas reacionárias e antipopulares
do governo Temer.) Soma-se a isso a presença da grande mídia e suas manipulações
planejadas com o propósito não de esclarecer, mas de aumentar a incerteza popular so-
bre as questões políticas em pauta e, principalmente, sobre os graves problemas sociais.
Nesse quadro de disputa eleitoral confinada ao pragmatismo de grupos de
interesses que “usurparam as ideologias partidárias” (MARTINS, 2018), cresce o de-
sânimo com a representação política. A gravidade do momento atual é inquestionável!
Com o aprofundamento da crise global do capitalismo nos últimos dez
anos e a recente inserção do Brasil na divisão internacional do trabalho, as novas es-
tratégias de acumulação de capital têm por objetivo recompor as taxas de lucro ao
patamar pré-crise dos principais agentes da economia mundial. Perante a crise econô-
mica, o governo e as empresas buscam restaurar a acumulação capitalista por meio da
mercantilização dos direitos sociais, como educação, saúde, previdência, desmonte da
proteção trabalhista, entre outros, processo denominado apropriadamente de “acumu-
lação por espoliação” (HARVEY, 2005) ou “políticas austericidas” (BRAGA, 2017).
Em resumo, a reforma trabalhista e a liberação da terceirização indiscrimi-
nada significam o desmonte de direitos dos trabalhadores, o que levou a inclusão do
país na lista suja da Organização Internacional do Trabalho (OIT), como uma das
24 nações que violam gravemente normas e convenções internacionais do trabalho.
A partir de agora, deverão ser intensificadas as demissões de trabalha-
dores diretos das empresas e sua substituição por trabalhadores terceirizados, que
DOI: 10.1590/ES0101-73302018v38n144ED
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Notas
1 Sobre isso, ver: UCZAI, P. Caminhos a serem seguidos pelo Brasil na Educação. Carta Edu-
cação, 18 jun. 2018. Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/caminhos-a-se-
rem-seguidos-pelo-brasil-na-educacao/?utm_campaign=newsletter_rd_-_21062018&utm_me-
dium=email&utm_source=RD+Station>. Acesso em: 20 jun. 2018.
Referências
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no comando de entidades sustentadas por recursos da sociedade. Folha de S.Paulo,
17 jul. 2018. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/07/
sinecura-patronal.shtml?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_
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Acesso em: 26 ago. 2018.
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