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3. Regime Jurídico
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Parte J II - A liurança 113
de outras disposições singulares sobre matérias várias (v. g., arrs. 4.°, 5.0,
6.°, 8.° e 10.° da LULL (253)): compreensivelmente, ficam de fora as
disposições relativas a sujeitos e operações jurídico-cambiárias aqui
impertinentes, tais como o sacado e o aceite (arrs. 21.° a 29.° da LULL)
e o aceite por intervenção (arts, 56.° a 58.° da LULL). Por outro lado,
tais normas comuns apenas são aplicáveis "na parte em que não sejam
contrárias à natureza deste escrito" (arr. 77.°, n.? 1, proémio, da LULL):
tal vale por dizer que tais disposições, antes que automaticamente trans-
poníveis, são sempre aplicáveis com as necessárias adaptações, não dispen-
sando o intérprete e o julgador de verificar, norma a norma, se esta é ou
não conforme com a natureza particular da livrança.
(2531 Estão aqui abrangidas as normas relativas ao aval (arts. 30.° a 32.° da LULL),
com ligeiros desvios (art. 77.°, n.? 3, da LULL). Sobre o aval de livranças, entre
muitos, vide o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 9-III-1988 (FREDERICO
BAPTISTA),in: 375 "Boletim do Ministério da Justiça" (1988), 385-389.
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PARTE IV
o CHEQUE
1. Noção
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116 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
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Parte IV - O cheque 117
2. Requisitos
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118 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
tórias (art. 1.0 da LUC), sob pena de não poder valer como tal (art. 2.°
da LUC).
As menções obrigatórias ou essenciais do cheque incluem, desde
logo, a inserção da palavra "cheque" (art. 1.°, n.v I, da LUC), constante
usualmente da própria declaração de saque no modelo normalizado
("pague-se por este cheque ... "). Depois, um "mandato puro e simples
para pagar uma quantia determinada" (art. 1.0, n.O 2, da LUC): vale isto
por dizer que a ordem de pagamento é incondicional e tem por objeto
um montante pecuniário exato, expresso em moeda com curso legal no
país ou no estrangeiro (v. g., euros, dólares: cf. art. 36.° da LUC), usual-
mente indicado em algarismos e por extenso (cf art. 9.0 da LUC) (261).
Depois ainda, "o nome de quem deve pagar (sacado)" (art, 1.0, n.? 3, da
LUC): aqui reside um dos traços distintivos do cheque no universo dos
títulos de crédito, já que o sacado é necessariamente uma instituição de
crédito, mormente um banco, onde o sacador dispõe de uma provisão
de fundos disponíveis (arts. 3.° e 54.° da LUC) (262). Depois também,
"o lugar do pagamento" (art. 1.0, n.? 4, da LUC) - o qual, por regra,
não é indicado expressamente, valendo como tal por norma o local do
estabelecimento principal do banco (art. 2.°, n.O 2 e 3, da LUC) - e
S
'á data e lugar do saque" (art. 1.0, n.v 5, da LUC) - ambos usualmente
constantes da pane superior direita do modelo normalizado (sob a desig-
nação "local de emissão" e quadrículas reservadas ao "ano", "mês" e "dia"
dessa emissão) (263). Por último, o cheque deve conter "a assinatura de
conforme ao art. 1.0 da LUC. Sobre as iniciativas em matéria dos cheques em suporte
digital, vide HERRANZ, 1. Ramos, Cheques Electrónicos, in: 229 "Revista de Oerecho
Mercantil" (1998), 1223-1249.
(261) Estão assim excluídas, por exemplo, as cláusulas penais ou as cláusulas de
juros, as quais tornariam também incerta a quantia pecuniária total: nos termos do
art. 7.° da LUC, a aposição destas últimas é nula, embora o cheque permaneça válido
("vitiatur, sed non vitiat").
(262) Sobre a relação de provisão e a convenção de cheque, vide infra Parte IV, 3 (11).
(263) A data do saque é um requisito essencial e insuprível do cheque: mesmo
admitindo-se a figura do cheque em branco (cf art. 13.° da LUC), "o cheque
entregue sem indicação de data só é válido se posteriormente for completado nos
termos dos acordos realizados" (Acórdão da Relação de Coimbra de 28-XI-1996
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Parte IV - O cheque 119
CCivil e art. 154.° do CN), e por conta de terceiro (art. 6.°, n.v 2,
da LUC) (265).
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120 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
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Parte IV - O cheque 121
3. Regime Jurídico
(268) Sobre esta figura, indirerarnenre admitida pelo art. 13.0 da LUC, que
também regula os efeitos do preenchimento abusivo do cheque, vide os Assentos do
Supremo Tribunal de Justiça de 5-XII-1973 (DANIEL FERREIRA), in: 232 "Boletim
do Ministério da Justiça" (1974), 31-40, e de 2-X11-1992 (PINTO BASTOS), in: 422
"Boletim do Ministério da Justiça" (1992), 15-19. Retenha-se, todavia, que não
resulta do referido preceito qualquer presunção legal de autorização de preenchimento,
devendo o mesmo resultar de convenção expressa ou tácita (cf também Acórdão da
Relação de Lisboa de 3-III-1998 (SIM6ES RIBEIRO), in: XXIII "Coletânea de Juris-
prudência" (1998), II, 142-144). Para a figura paralela da letra em branco, vide
supra Parte II, 2.2.
(269) Sobre o relevo estruturante da confiança e fé pública na construção do
regime jurídico, civil e penal, dos cheques como títulos de crédito circulantes, vide
MENDES, E. Ferreira, O Actual Sistema de TuteLa da Fé Publica do Cheque, in: XIII
"Direito e Justiça" (1999), 199-254.
(270) O sacador pode ser uma pessoa singular ou coletiva, "maxime", uma
sociedade comercial, colocando-se a este propósito a questão da vinculação societária
pelo saque de cheques realizado pelos resperivos gerentes e administradores. Tal
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122 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
como vimos suceder a respeito das letras de câmbio (cf. supra Parte II, 3.2., em
especial nora 163), os representantes orgânicos que subscrevem um cheque em nome
da sociedade devem indicar essa sua qualidade sob pena de se vincularem pessoal-
mente, a não ser quando tal qualidade resulte de forma inequívoca e concludente do
próprio título (v. g., os módulos de cheques mencionam expressamente a firma social).
Num sentido diverso, sustentando uma interpretação puramente literal e formalista
dos ares. 260.° e 409.° do CSC, vide o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de
27-11I-2001 (SILVA PAIXÁO), in: IX "Coletânea de Jurisprudência - Acórdãos do
STJ" (2001), I, 183-184.
(271) A provisão carateriza-se pela sua preexistência (deve existir no momento em
que o cheque é apresentado a pagamento do sacado) e suficiência (deve ser bastante
para assegurar o seu pagamento rotai): ao invés do que sucede noutros ordenamentos
jurídicos, a provisão constitui propriedade do sacador, titular da coma bancária, não
se uansferindo para o portador do cheque por mero efeito do saque ou endosso. Sobre
a figura, para mais desenvolvimentos, BOUJEKA, Augustin, La Provision: Essai d'une
Théorie Genérale en Droit Français, Diss., Paris, 1999.
(272) Sobre a convenção de cheque, vide desenvolvidamente CUNHA, P. Olavo,
Cheque e Convenção de Cheque, Almedina, Coimbra, 2009; GALVAO, Sofia, Contrato
de Cheque: Um Estudo Breve, Lex, Lisboa, 1992; noutros ordenamentos, GRAZIADEI,
Gianfranco, La Convenzione d'Assegno, Morano, Napoli, 1970; HILDERBRANJ), Georg,
Scheckvertrag - Guthaben und Widerrruf, Schauberg, Srrasbourg, 1910. Sobre a
relação entre cheque e convenção de cheque - em particular, no plano da tutela
jurídica cambiária da circulação do cheque -, vide CUNHA, P. Olavo, Cheque e Con-
oenção de Cheque, especialmente 779 e scgs., Almedina, Coimbra, 2009.
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Parte lV - O cheque 123
da LUC): tal significa dizer que, caso o banco sacado não pague, ele
próprio deverá pagar diretamenre ao tomador ou portador do cheque (2731.
Finalmente, o saque pode revestir diferentes modalidades do ponto de
vista do respetivo tomador: ele pode ser emitido em nome de uma pes-
soa determinada (cheque à ordem) ou não (cheque ao portador) (art, 5.°
da LUC); ele pode ser sacado em favor de um terceiro ou do próprio
sacador ("maxime", como meio de levantamento de fundos), embora já
não se admita que seja sacado sobre o próprio sacador, ressalvado o caso
especial do chamado cheque-bancário (art, 6.0 da LUC) (274).
(273) Recorde-se que, ao contrário da letra de câmbio, o cheque não pode ser
objeto de aceite por parte do sacado (art. 4.° da LUC) (numa outra aceção, cf. ainda
SILVA, J. Gomes, Recusa de Aceitação de Cheques, in: Xl "Coletânea de Jurisprudência"
(1986), IV, 41-46). Desta disposição fundamental resulta, não apenas que o banco
sacado não é um obrigado cambiário (como melhor se verá adiante), mas sobretudo
que o sacador se assume como o obrigado principal em via de regresso, respondendo
sempre em caso de recusa de pagamento do cheque pelo sacado, perante o portador
(art. 40.° da LUC) e os outros obrigados que hajam pago o cheque (art. 46.° da LUC).
(274) Neste sentido, o cheque pode funcionar como um título nominativo indi-
vidual ("Rektapapier") - quando emitido a favor de uma pessoa determinada com
proibição de endosso (arts. 5.°, n.v 2, e 14.°, n.v 2, da LUC) -, um título à ordem
("Orderpapier") - quando emitido a favor de uma pessoa determinada com ou sem
cláusula à ordem (arrs. 5.°, n.v 1, e 14.°, n.v 1, da LUC) -, e um título ao portador
(Tnhaberpapier") - quando emitido sem indicação do beneficiário (art. 5.°, n.O 3 S
a 6, da LUC). Cf. BÜLOW, Peter, Kommentar zum WechseLgesetz und Scheckgesetz, 455,
3. Aufl., Muller, Heidelberg, 2000.
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124 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
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Parte IV - O cheque 125
(277) PIRES, J. Maria, O Cheque, 35, Rei dos Livros, Porto, 1999. Sobre a tutela
civil e penal dos cheques sem provisão, consagrada no Decreto-Lei n.v 451/91, de 28
de dezembro, vide AAYV, Novo Regime Penal do Cheque sem Provisão, Instituto de
Direito Bancário, Lisboa, 1999; BAIRRADAS,G. Dinis, O Cheque sem Provisão - Regime
Jurídico Civil e Penal, Almedina, Coimbra, 2003; SILVA,G. Marques, Regime Jurídico-
-Penal dos Cheques sem Provisão, Principia, Lisboa, 1997.
(278) Sobre a coexistência das obrigações cartulares e fundamentais - que apenas
se extinguem com o pagamento de uma delas -, vide supra Parte I, 5.3. No mesmo
sentido, vide ASCENSÃO, J. Oliveira, Direito Comercial, voI. III ("Títulos de Crédito"),
260, Lisboa, 1992; DELGADO, A. Pereira, Lei Uniforme dos Cheques Anotada, 17,
5.a edição, Perrony, Lisboa, 1990; PIRES, J. Maria, O Cheque, 35, Rei dos Livros, Porto,
1999.
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Parte IV - O cheque 127
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128 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
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Parte IV - O cheque 129
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130 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
(289) O primeiro consiste num título emitido por um banco à ordem de um cliente,
que permite ao beneficiário obter a quantia pecuniária fixa e predeterminada nele inscrita
no estrangeiro, mediante mera assinatura, junto de instituição financeira correspondente
do banco sacado (sobre a figura, a que alude expressamente o art. 4.°, n.? 1, alo d), do
RGIC, vide BORGES, J. Marques, Cheques, Trauellerss Cheques e Cartões de Crédito, Rei
dos Livros, Lisboa, 1981; HEINICHEN, Otto-Raban, Die Rechtsgrundlagen des Reisesche-
ckverkehers, Duncker & Humblot, Berlin, 1964). O segundo designa um cheque nor-
malizado aceite por bancos e instituições de crédito de um conjunro de países aderentes
que permite ao resperivo beneficiário efetuar pagamentos garantidos no estrangeiro até
um determinado montante (sobre a figura, vide VASCONCELOS,P. Pais, Garantias Extra-
cambiárias do Cheque e Negócios Unilaterais: O Cheque Visado e o Eurocheque, especo 285
e seg., in: AAVV, "Estudos de Direito Bancário", 277-300, Almedina, Coimbra, 1999).
(290) O cheque postal, correntemente designado "vale de correio", constitui um
título de crédito que, tal como os cheques ordinários, incorpora uma ordem de paga-
mento, com a particularidade fundamental de a entidade sacada ser os serviços de
correio, e não uma instituição de crédito (cf. ainda "Regulamento do Serviço dos Vales
de Correio", aprovado pela Portaria n.? 536/95, de 3 de junho). Cf. CORONA, E.
Galán, EI Cheque Postal de Pago, Pub. Intercâmbios e Servicios, Salamanca, 1979.
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PARTE V
OUTROS TÍTULOS DE CRÉDITO
(291) Sobre os conceitos de "tipo" e "subtipo", num sentido algo diverso, vide
VASCONCELOS, P. Pais, Contratos Atípicos, 64 e segs., Almedina, Coimbra, 1995. Esta
abertura tipológica explica também que empreendimentos doutrinais dotados de uma
pretensão de exaustividade - como o de Pierre BOUCHER, com o seu colossal Traité
de Tous les Papiers de Crédit et Effits de Commerce, obra maciça de mais três mil páginas
(L. Collin, Paris, 1808) - estivessem, logo à própria época da sua feitura, inexoravel-
mente condenados a uma rápida desatualização.
(292) Cf. supra Parte I, 1.
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132 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
1. Extrato de Fatura
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Parte V - Outros títulos de crédito 133
II. O extrato de fatura foi criado e regulado pelo Decreto n.? 19490,
de 21 de março de 1930, sendo controverso o valor jurídico a asso-
ciar-lhe (296). Com base na leitura conjugada dos seus arts. 3.0 e 12.0,
chegou a ser sustentado que, nos contratos de compra e venda mercan-
til entre empresários, a exibição do extrato de fatura constituía um ele-
mento indispensável da efetivação dos direitos do vendedor, importando
a sua falta a inexistência jurídica do próprio contrato. Todavia, a nossa
jurisprudência superior, estribando-se na revogação tácita daqueles pre-
ceitos operada com a entrada em vigor do CPC, tem sustentado que a
falta de extrato não impede que, em ação declarativa comum, o vende-
dor exija o preço da venda e prove os seus direitos por quaisquer outros
meios admitidos por lei (297).
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134 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
câmbio (art. 1.0) (298). O extrato de fatura é um título formal, que deve
conter um conjunto de menções obrigatórias ou essenciais (art, 3.0). Uma
vez emitido pelo vendedor, deve este enviá-lo para aceite ao comprador
(art, 4.°), o qual, depois de o conferir, deve aceitá-lo e devolvê-lo ao pri-
meiro dentro dos prazos legais (arts. 5.° e 6.°), sem prejuízo da possibili-
dade de realizar o seu pagamento (art, 8.°). Tratando-se de um título à
ordem (art. 3.°, § 1), o emitente-vendedor pode optar por cobrá-lo ou
endossa-lo a terceiro, devendo salientar-se ainda a admissibilidade de aval
(art, 10.°, § 3): como quer que seja, o portador legítimo do extrato devi-
damente aceite deve apresentá-lo a pagamento na data de vencimento
(art.7.0). Finalmente, em caso de falta de aceite, devolução ou pagamento,
haverá lugar aos competentes protestos (arts, 10.° e 11.°), que habilitarão
o portador a intentar ação executiva contra qualquer dos obrigados (acei-
tante, endossantes, avalistas), a qual caduca no prazo de cinco anos, sem
prejuízo do recurso aos meios ordinários (arts. 12.° e 13.0) (299).
2. Certificado de Depósito
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136 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
r.
O conhecimento de depósito e a cautela de penhor (também desig-
nada na gíria internacional como "warrant") são títulos de crédito à
ordem representativos de direitos reais de propriedade e garantia sobre
mercadorias depositadas (303).
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Parte V - Outros títuLos de crédito 137
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138 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
4. Conhecimento de Carga
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Parte V - Outros titulos de crédito 139
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140 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
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Parte V - Outros títulos de crédito 141
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142 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
5. Apólice de Seguro
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Parte V - Outros títulos de crédito 14}
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II. As apólices de seguro podem ser títulos nominativos, à ordm
ou ao portador. Por regra, as apólices revestem uma natureza nominativa:
trata-se da modalidade supletiva nos seguros de danos (art. 38.°, n.? 1.
"in fine", da LCS) e mesmo da modalidade imperativa nos seguros de
pessoas (art. 182.° da LCS). As apólices nominativas designam expres·
samente o tomador do seguro corno seu titular (321): em caso de cessão
do contrato de seguro, o título deve ser entregue ao novo tomador do
seguro (322), devendo, em caso de cessão de crédito, ser entregue cópir
dele ao cessionário (art, 38.°, n.v 4, da LCS). As apólices de seguro:
podem ainda funcionar como títulos à ordem - transmissíveis po'
endosso, ainda que parcial (art, 38.°, n.v 2, da LCS) - ou até como
títulos ao portador - transmissíveis por mera entrega real (art, 38.0,
n. ° 3, da LCS) (323)
dado que tal transmissão confere sempre ao segurador a faculdade de resolver o contrau
nos termos gerais (art. 95.°, n.? 4, da LCS), pode afirmar-se que, no mínimo, é sem
pre necessário o consentimento implícito do segurador para a respetiva transmissão (c
também CALERO, F Sánchez, Transferencía de la Páliza, 185, in: AAvv, "Ley de Cor
trato de Seguro", 184-191, Aranzadi, Pamplona, 1999).
(323) Apesar de não consagrada expressamente na lei, a admissibilidade de apólic6
à ordem e ao portador era já de há muito sustentada por alguma doutrina portugues
(GONÇALVES,L. Cunha, Comentário ao Código Comercial Português, vol. II, 551, Ed. [os
Bastos, Lisboa, 1916). Sobre as apólices como títulos à ordem e ao portador, viá
CAMPANA, J. Blanco, Algunas Consideraciones en Torno a las Pólizas a la Orden y ai POí
tador, in: AAVV, "Comentários a la Ley de Contrato de Seguro", vol. I, 411-418, CUE
Madrid, 1982; SCALONE, Giuseppe, La Polizza di Assicurazione all'Ordine o ai Portaton
Giuffre, Milano, 1955; SIEG, Karl, Der Versicherungsschein in wertpapierrechtLicher Sic}
und seine Bedeutung bei der Veriiusserung der versicherter Sache, in: 28 "Versicherungsred
- jurisrische Rundschau für die lndividualversicherung" (1977),213-218.
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144 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
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Parte V - Outros títulos de crédito 145
tuado aos primeiros. Mas tal "função circulatória" (327) das cláusulas à
ordem e ao portador, apostas numa apólice de seguro, não é suficiente
para transformar esta num verdadeiro título de crédito: na verdade, o
endossado ou o portador constituem meros cessionários a quem podem
ser opostas, quer as eventuais exceções causais derivadas da relação ante-
rior entre cedente e segurador, quer as eventuais ilegitimidades possessó-
rias de cedente ou qualquer outro portador anterior - faltando-lhe assim
a autonomia que é caraterística dos títulos de crédito (328). Sublinhe-se,
todavia, que nada parece impedir que uma apólice de seguro possa ser
transformada, por vontade das partes, num verdadeiro e próprio título de
crédito, dotada das suas propriedades gerais próprias ("maxime", incorpo-
ração, literalidade e autonomia): tal o que se afigura resultar, "inter alia",
do princípio geral de liberdade de criação de títulos atípicos (329).
(327) Para utilizar a expressão de Giuseppe FERRJ, La Funzione della Polizza nella
Circolazione dei Rapporto Assicurativo, in: XXXVII "Assicurazione - Rivisra di Dirirro,
Economia e Finanza delle Assicurazioni Privare" (1970), 13-24.
(328) Sobre a autonomia, como traço distintivo dos títulos de crédito, vide supra
Parte I, 3.5. Negando igualmente que o titular de uma apólice à ordem ou ao portador
seja titular de um direito autónomo, vide CAMPANA,J. Blanco, Algtmas Consideraciones
en Torno a las Pólizas a la Orden y al Portador, 417, in: AAVV, "Comentários a la Ley de
Contrato de Seguro", vol. I, 411-418, CUEF, Madrid, 1982; MILLÁN, D. Pérez, La
Polizza di Assicurazione all'Ordine e al Portatore Quale Titolo Improprio: Confronto tra
Diritto Italiano e Spagnolo, 1169, in: XIX "Contratto e Impresa" (2003), 1046-1071.
(329) Sobre tal princípio, vide supra Parte 1, 5.1. (lI). Neste sentido, vide também
ALMEIDA, J. Moirinho, O Contrato de Seguro no Direito Português e Comparado, 44,
Ed. Sá Costa, Lisboa, 1971; noutros quadrantes, vide MILLÃN, D. Pérez, La Polizza di
Assicurazione all'Ordine e ai Portatore Quale Titolo Improprio: Confronto tra Diritto
Italiano e Spagnolo, 1070, in: XIX "Contrarto e Impresa" (2003), 1046-1071.
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ÍNDICE DE JURISPRUDÊNCIA (*)
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148 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
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Índice de jurisprudênc0__ _ 149
Relação de Lisboa
Relação de Coimbra
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150 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Relação do Porto
Relação de Évora
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ÍNDICE DE ASSUNTOS (*l
A lugar, 75
modificado, 78
Abstração, 24, 31 e ss. noção, 52, 74 e ss.
Ação Cambiária obrigatório, 75 e s.
de regresso, 100 parcial, 78, 88, 102
di reta, 100 por intervenção, 70, 92, 98
e ação fundamental, 99, 108, 125 prazo, 75
e cheque, 127 proibição de -, 58, 71, 76
e despesas, 101 protesto por falta de -, 75
e exceções cambiárias, v. voce propria recusa de -, 75, 90, 100
e intervenção provocada, 98 relevo atual, 54, 75, 78 e s.
e letra de câmbio, 99 e ss. riscado,76
e outros meios de tutela, 101 e s. Ações
e ressaque, 101 ao portador, 15, 30
e títulos executivos, 29, 41, 99 conversão, 31,45
prescrição, 41 e títulos causais, 22, 32
regime jurídico, 100 e s. e títulos corporativos, 16, 29
solidariedade passiva, 100 e títulos de crédito, 7, 9, 15
tipos, 99 e ss. e títulos em massa, 33, 132
Accomodation Bill, 38 escri turais, 15, 48
Aceite tituladas, 30
apresentação ao -, 74 e s. nominativas, 30
bancário, 74 v. Valores Mobiliários
condicionado, 78 Apólice de Seguro
declaração de -, 76 s. como título impróprio, 144
em branco, 76 como título nominativo, 143
excedentário, 78 endosso parcial, 143
exrraro de fatura, 134 noção, 142
e pagamento, 92 regime, 143 e ss.
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152 Os TítuLos de Crédito - Uma Introdução
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Índice de Assuntos 153
Coimbra EditoralEl
154 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
Coimbra Editoraw
Índice de Assuntos 155
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156 Os Titulos de Crédito - Uma Introdução
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fndice de Assuntos 157
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Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
158
Coimbra Editora"
Índice de Assuntos 159
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160 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
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ÍNDICE GERAL
Págs.
ARREVIATURAS 5
PARTE I
INTRODUÇÃO
l. Noção Preliminar 7
2. Origem Histórica e Função Económica la
3. Caraterísticas .. 12
3.1. Documento 14
3.2. Direito Privado................................................................................. 16
3.3. Incorporação..................................................................................... 17
3.4. Literalidade....................................................................................... 20
3.5. Autonomia 24
4. Tipologias.................................................................................................. 26
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162 Os TítuLos de Crédito - Uma Introdução
PARTE II
A LETRA DE CÂMBIO
Págs.
1. Generalidades 51
2. Requisitos.................................................................................................. 55
3. Os Negócios Jurídico-Cambiários 69
3.1. Saque................................................................................................ 70
3.2. Aceite 74
3.3. Endosso 79
3.4. Aval · · ·........................... 85
4.1. Vencimento. 89
4.2. Pagamento ·............... 91
4.3. Protesto 94
4.4. Intervenção 97
4.5. Ações Cambiárias 99
4.6. Exceções Cambiárias · 102
4.7. Extinção 107
PARTE III
ALIVRANÇA
PARTE IV
O CHEQUE
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Índice geral
163
PARTE V
OUTROS TÍTULOS DE CRÉDITO
Págs.
1. Extraro de Fatura....................................................................................... 132
2. Certificado de Depósito 134
3. Conhecimento de Depósito e Cautela de Penhor...................................... 136
4. Conhecimento de Carga 138
5. Apólice de Seguro...................................................................................... 142
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