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112 Os Títulos de Crédito - Uma introdução

indicação da época de pagamento, do lugar do pagamento, e do lugar


da emissão: cf. art. 76.°, n.O 2 a 4, da LULL) (249).
S

II. Tal como as letras, as livranças dispõem hoje de um modelo nor-


malizado, aprovado pela Portaria n.? 28/2000, de 27 de janeiro - apesar
de a sua adoção não ser indispensável, sendo admissível que a livrança
conste de qualquer documento que respeite as menções legais (250) -,
estando a sua emissão sujeita a imposto de selo de 0,5% sobre o respetivo
valor (arts. 1.0, n.? 1, e 65.° do eIS, ponto 23.2. da Tabela Geral).

3. Regime Jurídico

I. O regime da livrança é essencialmente um regime jurídico remis-


sivo, decalcado do da letra - com as seguintes duas precisões. Por um
lado, por força da regra remissiva geral do art. 77.° da LULL, são apli-
cáveis às livranças as normas comuns relativas ao endosso (arts. 11.° a 20
da LULL), vencimento (arts. 38.° a 42.° da LULL), direito de ação por
falta de pagamento (arts. 43.° a 54.° da LULL) (251), pagamento por
intervenção (arts. 59.° a 63.° da LULL), cópias (arts. 67.° a 68.°
da LULL), alterações (art. 69.° da LULL), prescrição (arts. 70.° e 71.°
da LULL) (252), e contagem de prazos (arts. 72.0 a 74.° da LULL), além

(249) XAVIER,V. Lobo/SOARES, M. Ângela, Letras e Liuranças: Requisitos Essenciais


(Art. 1.°, n." 1 e 2, e Art. 75.°, n." 1 e 2, da Lei Uniforme das Letras e Liuranças), in:
13 "Revista de Direito e Economià' (1987), 313-328. Assinale-se ainda que, por força
do art. 77.°, n.? 2, da LULL, são admissíveis as livranças em branco: vide, a esse pro-
pósiro, o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 13-III-2007 (AzEVEDO RAMOS),
in: XV "Colerânea de Jurisprudência - Acórdãos do STJ" (2007), I, 116-118, e o
Acórdão da Relação do Porto de 19-I-20 1 O (HENRIQUE ANTUNES), in: XXXV "Cole-
rânea de Jurisprudência" (2010), I, 185-190.
(250) Cf. Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 27-IlI-2003 (SAI"VADORDA
COSTA), in: Xl "Colerânea de Jurisprudência - Acórdãos do STJ" (2003), II, 74-78.
(251) Cf. Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 13-X-1981 (SANTOSCARVAl.HO),
in: 310 "Boletim do Ministério da justiça" (1981),304-307.
(252) Cf. Acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça de 28- Vll-1981 (MOREIRA
DASILVA),in: 309 "Boletim do Ministério da Justiça" (1981), 374-377, e de 11- VI-1987
(SOLANO VIANA), in: 368 "Boletim do Ministério da Justiça" (1987),543-547.

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Parte J II - A liurança 113

de outras disposições singulares sobre matérias várias (v. g., arrs. 4.°, 5.0,
6.°, 8.° e 10.° da LULL (253)): compreensivelmente, ficam de fora as
disposições relativas a sujeitos e operações jurídico-cambiárias aqui
impertinentes, tais como o sacado e o aceite (arrs. 21.° a 29.° da LULL)
e o aceite por intervenção (arts, 56.° a 58.° da LULL). Por outro lado,
tais normas comuns apenas são aplicáveis "na parte em que não sejam
contrárias à natureza deste escrito" (arr. 77.°, n.? 1, proémio, da LULL):
tal vale por dizer que tais disposições, antes que automaticamente trans-
poníveis, são sempre aplicáveis com as necessárias adaptações, não dispen-
sando o intérprete e o julgador de verificar, norma a norma, se esta é ou
não conforme com a natureza particular da livrança.

II. Ao lado destas normas comuns, aplicáveis remissivamente, devem


ainda mencionar-se duas normas especiais previstas no arr. 78.° da LULL.
Uma dispõe que o subscritor da livrança "é responsável da mesma forma
que o aceitante da letra" (art. 78.°, n.v 1, da LULL) - o que significa
dizer que o subscritor é o obrigado direto de pagamento do título, não
dispondo de um direito de regresso contra os seus demais e eventuais
signatários ("maxime", endossantes e avalistas). A outra refere-se às livran-
ças a certo termo de vista, que procede a uma adaptação desta modalidade
de vencimento ("visto do subscritor") e respetivos efeitos (designadamente,
"protesto por falta de visto") (art. 78.°, n.v 2, da LULL).

(2531 Estão aqui abrangidas as normas relativas ao aval (arts. 30.° a 32.° da LULL),
com ligeiros desvios (art. 77.°, n.? 3, da LULL). Sobre o aval de livranças, entre
muitos, vide o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 9-III-1988 (FREDERICO
BAPTISTA),in: 375 "Boletim do Ministério da Justiça" (1988), 385-389.

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PARTE IV
o CHEQUE
1. Noção

1 . O cheque ("c h ec k" , "S ch ec k" , "h'


c eque,"" assegno ") e, um ntu
'I o
de crédito através do qual o emitente (sacador) ordena a uma instituição
de crédito, "maxime" um banco (sacado), onde dispõe de fundos dispo-
níveis para o efeito (provisão), o pagamento à vista de determinada
quantia pecuniária, a favor de si próprio ou de terceiro (tomador) (254).

II. O cheque integra, juntamente com a letra e a livrança, o "núcleo


duro" ou tradicional dos títulos de crédito - sendo, tal como aqueles,
um título de crédito de natureza creditícia (que incorpora um direito a
uma prestação pecuniária), abstrata (que pode ter a si subjacente uma
pluralidade de causas típicas) e individual (emitido de forma singular e
infungível). Todavia, ele apresenta também relevantíssimas especialidades:
por um lado, ao invés da letra, ele incorpora uma ordem de pagamento

(254) Sobre a figura, bastante estudada em Portugal, destaca-se a obra de CUNHA,


P. Olavo, Cheque e Convenção de Cheque, 91 e segs., Almedina, Coimbra, 2009. Entre
as obras estrangeiras de referência, vide AAW, L'Assegno, Ciuflrê, Milano, 2007; BÜLow,
Perer, Kommentar zum WechseLgesetz und Scheckgesetz, 3. AuA., Muller, Heidelberg,
2000; ELLlOT, NicholaslOOGERS, John/PHILLlPS, J. Mark, Byles on BilLs o/ Exchange
and Cheques, 28,h edirion, Sweet & Maxwell, London, 2007; LEO, O. Gomez, Tratado
de Los Cheques, Depalma, Buenos Aires, 2004; VASSEUR,Michel, Le Cheque, Sirey, Paris,
1969; numa persperiva cornparatísrica, LIEBAERT,Jean, Les Cheques dans les Pays de la
CEE, Éd. Léon Owincklear, Bruxelles, 1977.

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116 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

necessariamente dirigida a um determinado sacado (instituição de crédito


ou bancária onde o emitente possui uma provisão de fundos); por outro
lado, ao invés da letra e da livrança, ele pode circular à ordem mas tam-
bém ao portador, podendo ser emitido sem identificação do seu titular
e ser transmitido por mera tradição ou entrega real; por último e mais
importante, como veremos já em seguida, ao invés da letra e da livrança,
que são essencialmente instrumentos de crédito, o cheque desempenha
uma função primordial de instrumento de pagamento (255).

III. O cheque é, fundamentalmente, um meio ou instrumento de


pagamento (256): a sua função económica primordial consiste em ser um
meio de execução e extinção de dívidas pecuniárias, representando assim
um sucedâneo da moeda legal (notas e moeda metálica) (257). O cheque
desempenha ainda outras importantes funções conexas: ele é um instru-
mento de levantamento de fundos - isto é, um meio de dispor das
importâncias pecuniárias depositadas ou creditadas na conta bancária do

(255) Ou, na conhecida formulação de Agusrín VICENTE Y GELLA, "quem emite


um cheque dispõe de dinheiro, quem saca uma letra precisa de dinheiro" (Los Títulos
de Crédito en la Doctrina y en el Derecho Positivo, 348, Academia F. Martínez, Zaragoza,
1933).
(256) O cheque, além de título de crédito, constitui assim um dos instrumentos
típicos ou tradicionais da intermediação bancária nos pagamentos, que tem vindo a
perder protagonismo para outros instrumentos de pagamento mais recentes, v. g.,
transferências eletrónicas de fundos, cartões de crédito e débito, porta-moedas eletró-
nico, etc. - a ponto de alguns falarem, talvez prematuramente, da emergência de uma
"checkless sociery" (PARTHASARATHY,M. Sankarampadi, Cheques in Law and Practice,
5, 6th edition, Universal Law Pub., New Delhi, 2003). Para uma amostragem esratís-
rica, vide CAMPOS, D. Leite, A Importância do Cheque como Meio de Pagamento no
Sistema Jurídico-Económico Português, in: AAVV, "Novo Regime Penal do Cheque sem
Provisão", 9-16, lOB, Lisboa, 1999.
(257) Trata-se de um meio de pagamento em moeda fiduciária, e não em moeda
legal ou "stricto sensu": ao passo que o pagamento em numerário opera "uno actu" a
execução e extinção da obrigação pecuniária subjacente, o pagamento através de cheque
não extingue diretamente a dívida do devedor-sacador, limitando-se a abrir caminho
a esta mediante a cobrança do cheque pelo credor-tomador junto da instituição ban-
cária. Cf. PIRES, ]. Maria, O Cheque, 27, Rei dos Livros, Porto, 1999.

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Parte IV - O cheque 117

sacador, nas condições convencionadas - e um instrumento de com-


pensação - isto é, um mecanismo destinado a permitir liquidações
recíprocas de cheques, e correspetivas ordens de pagamento, através das
chamadas "câmaras de compensação" ("clearing-houses") (258).

IV. A disciplina jurídica do cheque consta da "Lei Uniforme relativa


ao Cheque" (LUC), resultante da subscrição e aprovação das Convenções
de Genebra de 1930 através do Decreto n. o 23 721, de 29 de março de
1934 (259). Além disso, são ainda relevantes na matéria o Decreto-Lei
n.? 451/91, de 28 de dezembro (regime jurídico-penal do cheque) e
diversas normas regulamentares do Banco de Portugal (v. g., o Aviso
n. o 1741-C/98, de 4 de fevereiro, relativo ao fornecimento de cheques
e rescisão da convenção de cheque).

2. Requisitos

L O cheque é um título de crédito rigorosamente formal: no essen-


cial, tal significa dizer que se trata de um documento - hoje invaria-
velmente incorporado em impressos que adotam um modelo único ou
normalizado (260) - que deve conter um conjunto de menções obriga-

(258) Além disso, o cheque pode também desempenhar as funções acessórias de


garantia (pense-se, por exemplo, nos cheques pós-datados, frequentemente emitidos
em garantia de uma obrigação a cumprir de outro modo) ou de crédito (v. g., os "che-
ques em branco", utilizados por vezes como mecanismo de antecipação de fundos).
Sobre o ponto, CUNHA, P. Olavo, O Cheque enquanto Título de Crédito: Evolução e
Perspectivas, 250 e seg., in: AAYV, "Estudos de Direito Bancário", 243-260, Coimbra
Editora, Coimbra, 1999; SERENS, M. Nogueira, Natureza Jurídica e Função do Cheque,
in: 18 "Revista da Banca" (1991), 99-131.
(259) Sobre esta Lei, entre nós, vide DELGADO, A. Pereira, Lei Uniforme dos
Cheques, 5.a edição, Petrony, Lisboa, 1990. Para urna persperiva geral, vide BOUTERON,
Jacques, Le Statut International du Cheque. Des Origines de l'Unification aux Conuen-
tions de Genéue, Dalloz, Paris, 1931.
(260) Este modelo foi aprovado pela Instrução do BP n.v 9/98, de 15 de maio
("Norma Técnica do Cheque"): conquanto se trate hoje de uma hipótese meramente
académica, não deixará de ser havido como cheque qualquer tipo de documento escrito

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118 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

tórias (art. 1.0 da LUC), sob pena de não poder valer como tal (art. 2.°
da LUC).
As menções obrigatórias ou essenciais do cheque incluem, desde
logo, a inserção da palavra "cheque" (art. 1.°, n.v I, da LUC), constante
usualmente da própria declaração de saque no modelo normalizado
("pague-se por este cheque ... "). Depois, um "mandato puro e simples
para pagar uma quantia determinada" (art. 1.0, n.O 2, da LUC): vale isto
por dizer que a ordem de pagamento é incondicional e tem por objeto
um montante pecuniário exato, expresso em moeda com curso legal no
país ou no estrangeiro (v. g., euros, dólares: cf. art. 36.° da LUC), usual-
mente indicado em algarismos e por extenso (cf art. 9.0 da LUC) (261).
Depois ainda, "o nome de quem deve pagar (sacado)" (art, 1.0, n.? 3, da
LUC): aqui reside um dos traços distintivos do cheque no universo dos
títulos de crédito, já que o sacado é necessariamente uma instituição de
crédito, mormente um banco, onde o sacador dispõe de uma provisão
de fundos disponíveis (arts. 3.° e 54.° da LUC) (262). Depois também,
"o lugar do pagamento" (art. 1.0, n.? 4, da LUC) - o qual, por regra,
não é indicado expressamente, valendo como tal por norma o local do
estabelecimento principal do banco (art. 2.°, n.O 2 e 3, da LUC) - e
S

'á data e lugar do saque" (art. 1.0, n.v 5, da LUC) - ambos usualmente
constantes da pane superior direita do modelo normalizado (sob a desig-
nação "local de emissão" e quadrículas reservadas ao "ano", "mês" e "dia"
dessa emissão) (263). Por último, o cheque deve conter "a assinatura de

conforme ao art. 1.0 da LUC. Sobre as iniciativas em matéria dos cheques em suporte
digital, vide HERRANZ, 1. Ramos, Cheques Electrónicos, in: 229 "Revista de Oerecho
Mercantil" (1998), 1223-1249.
(261) Estão assim excluídas, por exemplo, as cláusulas penais ou as cláusulas de
juros, as quais tornariam também incerta a quantia pecuniária total: nos termos do
art. 7.° da LUC, a aposição destas últimas é nula, embora o cheque permaneça válido
("vitiatur, sed non vitiat").
(262) Sobre a relação de provisão e a convenção de cheque, vide infra Parte IV, 3 (11).
(263) A data do saque é um requisito essencial e insuprível do cheque: mesmo
admitindo-se a figura do cheque em branco (cf art. 13.° da LUC), "o cheque
entregue sem indicação de data só é válido se posteriormente for completado nos
termos dos acordos realizados" (Acórdão da Relação de Coimbra de 28-XI-1996

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Parte IV - O cheque 119

quem passa o cheque (sacador)" (art. 1.0, n.v 6, da LUC): em prin-


cípio, exige-se a assinatura autógrafa do sacador, que deve correspon-
der ao sinal aberto junto do banco sacado por forma a permitir o
controlo da sua autenticidade (264), sendo ainda de admitir a assinatura
por procuração (art, 11.° da LUC), a rogo (art. 373.°, n.O 1 e 4, do S

CCivil e art. 154.° do CN), e por conta de terceiro (art. 6.°, n.v 2,
da LUC) (265).

II. A inobservância dos requisitos previstos no art. 1.0 da LUC é


sancionada com o vício mais grave, a inexistência: ressalvados os casos
excecionais em que tal falta possa ser suprida pela lei (falta de indicação
da época de pagamento, do lugar do pagamento, e do lugar da emissão:

(SANTOS CABRAL), in: XXI "Colerânea de Jurisprudência" (1996), V, 56-60). Ques-


tão diversa e particular é a dos chamados cheques pré-datados e pós-datados, cuja data
de emissão aposta no título é anterior ou posterior ao momento da sua real emissão,
com diversos objerivos (v. g., assegurar que o cheque apenas será apresentado a
pagamento em certa data): muito embora tal prática não seja proibida, a verdade é
que o arr. 28.° da LUC lhe acaba por retirar grande parte do efeito útil, já que o
cheque é um título pagável à vista, prevalecendo assim sempre a data da apresenta-
ção sobre a data da emissão (sobre a figura, MARCELINO, Américo, O Cheque
Pós-Datado e Outros Menos Comuns, in: X "Revista do Ministério Público" (1989),
75-86; noutros quadrantes, GARRIDO, A. Millán, Cheque y Posdatacián, in: AAVV,
"Cornenrarios a Jurisprudencia de Derecho Bancaria y Cambiaria", vol. 1, 465-492,
CDBB, Madrid, 1993.
(264) Problema particular é o dos cheques com assinaturas folsificacias ("forged che-
cks"). Sobre tal questão complexa, objeto de abundante doutrina e jurisprudência, vide,
entre nós, ALMEIDA, L. Meirinho, Responsabilidade Civil dos Bancos pelo Pagamento de
Cheques Falsificados, Coimbra Editora, Coimbra, 1982; PONTE, P. Fuzeta, Da Problema-
tica da Responsabilidade de Cheques com Assinaturas Falsificadas, in: 31 "Revista da Banca"
(1994),65-81; noutras ordens jurídicas, vide GARCÍA-TuNON, A. Marina, La Responsa-
bilidad por el Pago de Cheque Falso o Falsificado, Lex Nova, Valladolid, 1993.
(26\) Relativamente aos menores, nada impede que os mesmos possam sacar cheques
dentro do âmbito da sua capacidade restrita (arr. 127.° do CCivil), sendo ainda de ter
presente que os resperivos pais apenas o podem fazer, em representação daqueles, com
autorização do tribunal (art. 1889.°, n.v 1, alo e), do CCivil). Cf. KOHLER, Die Prob-
lematik der Ausgabe von Scheckvordrucken und Scheckkarten an Minderjahrige, in: "Der
Berrieb" (1971), 1341-1342.

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120 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

cf. art. 2.°, n." 2 a 4, da LUC), o documento que careça de uma ou


várias das menções legais obrigatórias, mais do que um mero título
inválido ou ineficaz, não pode sequer ser havido como um cheque de
todo em todo (art. 2.°, n.? 1, da LUC). Tal não significa, todavia, que
ele seja destituído de qualquer relevância jurídica: ele pode valer como
um simples quirógrafo (art. 376.° do CCivil) - ou seja, um documento
particular probatório da obrigação fundamental subjacente - (266), sendo
bastante controvertido se e em que termos poderá também valer como
um título executivo (art. 46.°, n.? 1, al. c), do CPC) - ou seja, um
documento que legitima o seu titular ao exercício de ação executiva pela
quantia pecuniária contra quem nele figura como devedor (267).

III. Diferente da situação anterior (cheque incompleto em sentido


próprio), é a do "cheque em branco" ("check in blank", "Scheckblankett",
"assegno in bianco", "cheque en blanc"), ou seja, aquele cheque que, não
contendo todas as menções legais obrigatórias, esteja já assinado pelo

(266) Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 11-V-1999 (LEMOS TRIUN-


FANTE),in: VII "Coletânea de Jurisprudência - Acórdãos do STJ" (1999), II, 88-92.
Sobre a distinção entre força probatória e executiva dos documentos particulares, vide
SAMPAIO,J. Gonçalves, A Prova por Documentos Particulares, 109 e segs., Almedina,
Coimbra, 2004.
(267) A doutrina e a jurisprudência portuguesas têm-se confrontado com a ques-
tão da natureza executiva dos cheques "incompletos" (sem algum dos seus elementos
essenciais) e "extintos" (mormente por revogação ou prescrição), à face do disposto no
art, 46.°, 11.° 1, aI. c), do Cl'C. Num sentido afirmativo, GERALDES, A. Abrantes,
Títulos Executivos, 61 e segs., Almedina, Coimbra, 2003; Acórdão do Supremo Tribu-
nal de Justiça de 11-V-1999 (LEMOSTRIUNFANTE), in: VII "Coletânea de JuriSprudên-
cia - Acórdãos do STJ" (1999), II, 88-92; num sentido negativo, LOPES-CARDOSO,
Eurico, Manual da Acção Executiva, 66 e segs., reimp., Almedina, Coimbra, 1992;
Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 4-V-1999 (GARCIA MARQUES), in: 487
"Boletim do Ministério da Justiça" (1999), 240-243; num sentido intermédio, fazendo
depender a natureza executiva do título da natureza não formal do ncgócio causal
subjacente e da respetiva alegação pelo exequenre, FREITAS,J. Lebre, A Acção Executiva,
61 e segs., Almedina, Coimbra, 2004; Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de
4-IV-2006 (MOREIRA CAMII.O), in: XIV "Colerânea de JuriSprudência - Acórdãos do
STJ" (2006), I, 27-29.

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Parte IV - O cheque 121

sacador e haja acordo expresso ou tácito com o tomador para o seu


preenchimen to futuro (268).

3. Regime Jurídico

I. Tal como os demais títulos de crédito atrás estudados (letras


e livranças), o cheque é objeto de negócios jurídicos fundamentais
vocacionados à sua emissão (saque), transmissão (endosso e entrega)
ou garantia (aval), bem como de um conjunto bastante variado de
relações (relação de cobertura, relação de valuta), de operações (apre-
sentação, pagamento, ação cambiária, revogação, prescrição, rescisão)
e até de modalidades (cheque cruzado, visado, para depositar em conta,
etc.) (269).

II. O saque ("draw", "Ausstellung", "érnission", "tratta") é o negócio


jurídico originário, graças ao qual o cheque é emitido: ele consiste numa
declaração unilateral feita pelo emitente do título (sacador) e dirigida ao
banco (sacado) que tem por conteúdo expresso uma ordem de pagamento
de quantia pecuniária certa a favor de terceiro (tomador) (270).

(268) Sobre esta figura, indirerarnenre admitida pelo art. 13.0 da LUC, que
também regula os efeitos do preenchimento abusivo do cheque, vide os Assentos do
Supremo Tribunal de Justiça de 5-XII-1973 (DANIEL FERREIRA), in: 232 "Boletim
do Ministério da Justiça" (1974), 31-40, e de 2-X11-1992 (PINTO BASTOS), in: 422
"Boletim do Ministério da Justiça" (1992), 15-19. Retenha-se, todavia, que não
resulta do referido preceito qualquer presunção legal de autorização de preenchimento,
devendo o mesmo resultar de convenção expressa ou tácita (cf também Acórdão da
Relação de Lisboa de 3-III-1998 (SIM6ES RIBEIRO), in: XXIII "Coletânea de Juris-
prudência" (1998), II, 142-144). Para a figura paralela da letra em branco, vide
supra Parte II, 2.2.
(269) Sobre o relevo estruturante da confiança e fé pública na construção do
regime jurídico, civil e penal, dos cheques como títulos de crédito circulantes, vide
MENDES, E. Ferreira, O Actual Sistema de TuteLa da Fé Publica do Cheque, in: XIII
"Direito e Justiça" (1999), 199-254.
(270) O sacador pode ser uma pessoa singular ou coletiva, "maxime", uma
sociedade comercial, colocando-se a este propósito a questão da vinculação societária
pelo saque de cheques realizado pelos resperivos gerentes e administradores. Tal

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122 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

Condição prévia do saque é a existência de uma provisão e de uma


convenção de cheque (art. 3.° da LUC). Com efeito, sendo o cheque um
título que permite aos depositantes ou clientes efetuar pagamentos ou
levantamentos sobre a respetiva instituição bancária, torna-se necessário
que aqueles sejam nesta titulares de uma provisão de fundos disponíveis
- usualmente, saldos de contas bancárias, mas não necessariamente
(v. g., abertura de crédito, descoberto bancário, produto líquido de ope-
rações sobre valores mobiliários) - (271), e ainda que entre banco e cliente
exista acordo no sentido de o primeiro autorizar o último a movimentar
tais fundos mediante cheque (o qual pode ser meramente tácito, v. g.,
entrega ao cliente de caderneta de cheques) (272). A obrigação do sacador
é uma obrigação de garantia do pagamento do cheque, sendo qualquer
cláusula exoneratória tida pura e simplesmente como não escrita (art, 12.°

como vimos suceder a respeito das letras de câmbio (cf. supra Parte II, 3.2., em
especial nora 163), os representantes orgânicos que subscrevem um cheque em nome
da sociedade devem indicar essa sua qualidade sob pena de se vincularem pessoal-
mente, a não ser quando tal qualidade resulte de forma inequívoca e concludente do
próprio título (v. g., os módulos de cheques mencionam expressamente a firma social).
Num sentido diverso, sustentando uma interpretação puramente literal e formalista
dos ares. 260.° e 409.° do CSC, vide o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de
27-11I-2001 (SILVA PAIXÁO), in: IX "Coletânea de Jurisprudência - Acórdãos do
STJ" (2001), I, 183-184.
(271) A provisão carateriza-se pela sua preexistência (deve existir no momento em
que o cheque é apresentado a pagamento do sacado) e suficiência (deve ser bastante
para assegurar o seu pagamento rotai): ao invés do que sucede noutros ordenamentos
jurídicos, a provisão constitui propriedade do sacador, titular da coma bancária, não
se uansferindo para o portador do cheque por mero efeito do saque ou endosso. Sobre
a figura, para mais desenvolvimentos, BOUJEKA, Augustin, La Provision: Essai d'une
Théorie Genérale en Droit Français, Diss., Paris, 1999.
(272) Sobre a convenção de cheque, vide desenvolvidamente CUNHA, P. Olavo,
Cheque e Convenção de Cheque, Almedina, Coimbra, 2009; GALVAO, Sofia, Contrato
de Cheque: Um Estudo Breve, Lex, Lisboa, 1992; noutros ordenamentos, GRAZIADEI,
Gianfranco, La Convenzione d'Assegno, Morano, Napoli, 1970; HILDERBRANJ), Georg,
Scheckvertrag - Guthaben und Widerrruf, Schauberg, Srrasbourg, 1910. Sobre a
relação entre cheque e convenção de cheque - em particular, no plano da tutela
jurídica cambiária da circulação do cheque -, vide CUNHA, P. Olavo, Cheque e Con-
oenção de Cheque, especialmente 779 e scgs., Almedina, Coimbra, 2009.

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Parte lV - O cheque 123

da LUC): tal significa dizer que, caso o banco sacado não pague, ele
próprio deverá pagar diretamenre ao tomador ou portador do cheque (2731.
Finalmente, o saque pode revestir diferentes modalidades do ponto de
vista do respetivo tomador: ele pode ser emitido em nome de uma pes-
soa determinada (cheque à ordem) ou não (cheque ao portador) (art, 5.°
da LUC); ele pode ser sacado em favor de um terceiro ou do próprio
sacador ("maxime", como meio de levantamento de fundos), embora já
não se admita que seja sacado sobre o próprio sacador, ressalvado o caso
especial do chamado cheque-bancário (art, 6.0 da LUC) (274).

III. A transmissão do cheque opera através de endosso (art, 14.°, n.? 1,


da LUC) ou, no caso dos cheques ao portador, mediante a sua simples
entrega material (an. 16.°, n.? 2, da LUC). O endosso ("i ndorsement" ,
"Indossament", "endossement", "girara") está regido por um conjunto de
requisitos objetivos e subjetivos vários: subjetivamenre, ele pode ser realizado
pelo tomador ou qualquer portador legitimado por uma série ininterrupta
de endossos (art, 19.° da LUC), e a favor de qualquer terceiro, do próprio
sacador, de outro obrigado ("reendosso": cf art. 14.°, n.v 4, da LUC) ou,
excecionalmente, do próprio sacado (art, 15.°, n.O 5, da LUC); objetiva-

(273) Recorde-se que, ao contrário da letra de câmbio, o cheque não pode ser
objeto de aceite por parte do sacado (art. 4.° da LUC) (numa outra aceção, cf. ainda
SILVA, J. Gomes, Recusa de Aceitação de Cheques, in: Xl "Coletânea de Jurisprudência"
(1986), IV, 41-46). Desta disposição fundamental resulta, não apenas que o banco
sacado não é um obrigado cambiário (como melhor se verá adiante), mas sobretudo
que o sacador se assume como o obrigado principal em via de regresso, respondendo
sempre em caso de recusa de pagamento do cheque pelo sacado, perante o portador
(art. 40.° da LUC) e os outros obrigados que hajam pago o cheque (art. 46.° da LUC).
(274) Neste sentido, o cheque pode funcionar como um título nominativo indi-
vidual ("Rektapapier") - quando emitido a favor de uma pessoa determinada com
proibição de endosso (arts. 5.°, n.v 2, e 14.°, n.v 2, da LUC) -, um título à ordem
("Orderpapier") - quando emitido a favor de uma pessoa determinada com ou sem
cláusula à ordem (arrs. 5.°, n.v 1, e 14.°, n.v 1, da LUC) -, e um título ao portador
(Tnhaberpapier") - quando emitido sem indicação do beneficiário (art. 5.°, n.O 3 S

a 6, da LUC). Cf. BÜLOW, Peter, Kommentar zum WechseLgesetz und Scheckgesetz, 455,
3. Aufl., Muller, Heidelberg, 2000.

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124 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

mente, ele exprime-se usualmente mediante assinatura do endossante


aposta no verso do título, com ou sem indicação do nome do endossado
("endosso em branco": cf arts. 16.° e 17.°, n.? 2, da LUC), devendo ser
total e incondicional (art, 15.°, n.O 1 e 2, da LUC). O endosso produz
S

efeitos translativos (transmitindo os direitos incorporados no cheque: cf


art. 17.°, n.v 1, da LUC), garantísticos (constituindo o endossante numa
obrigação de garantia de pagamento do cheque perante o endossado e
portadores subsequentes: cf. art. 18.°, n.? 1, da LUC), e legitimadores
(validando a posse do endossado: cf arts. 19.° e 21.° da LUC) (275). Por
último, o cheque pode ainda circular segundo modalidades impróprias ou
náo cambiárias de transmissáo: pense-se, por exemplo, no caso de cheques
sacados com cláusula "não à ordem" ou com endosso tardio (que apenas
são transmitidos extracambiariamente no regime da cessão ordinária de
créditos: cf arts, 14.°, n.? 2, e 24.° da LUC), de cheques transmitidos
"inter vivos" através de penhora (art. 857.° do CPC) ou "mortis causa"
por sucessão (art. 33.° da LUC), etc.

IV À semelhança de uma letra ou livrança, o cheque pode ser objero


de aval ("security endorsernent", "Scheckbürgschaft", "avallo"), através do
qual uma pessoa (avalista) garante o seu pagamento por parte de um dos
seus subscritores, mormente do sacador (avalizado). O seu regime jurídico
encontra-se previsto nos arts. 25.° a 27.° da LUC, exibindo fortes similitu-
des com a disciplina paralela consagrada na LULL: tratando-se de um meio
de pagamento e um título de crédito de curtíssimo prazo, o aval de cheques
é hoje uma figura raríssima, tendo praticamente caído em desuso (276).

(275) Poderão existir determinadas modalidades especiais de endosso que se


encontram destituídas destas normais eficácia translativa - v. g., o endosso por pro-
curação (art. 23.° da LUC) - ou eficácia garantística - é o caso do endosso com
cláusula não à ordem (arr, 18.°, n.? 2, da LUC).
(276) No mesmo sentido, VASCONCELOS, P. Pais, Garantias Extracarnbiárias do
Cheque e Negócios Unilaterais: O Cheque Visado e o Eurocheque, 280, in: MVY, "Estu-
dos de Direito Bancário", 277-300, Almedina, Coimbra, 1999. Sobre o regime do
aval das letras e livranças (arts. 30.° a 32.°, 77.°, n.? 3, da LULL), vide supra Parte 11,
3.4. e Parte II[, 3. (em especial nota 253).

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Parte IV - O cheque 125

V. A emissão de um cheque coenvolve o estabelecimento de rela-


çõesjurídicas entre os vários sujeitos intervenientes. A relação de cober-
tura ("Deckungsverhalrniss") designa a relação subjacente entre sacador
e sacado, consubstanciando-se na constituição de uma provisão de
fundos e num pacto de disponibilidade por meio de cheques, atrás
referidos: sublinhe-se que a provisão e a convenção de cheque, sendo
condições de regularidade da emissão de cheques, não constituem
requisitos da sua validade jurídica (art. 3.°, "in fine", da LUC), pelo
que o cheque sacado sem provisão ou sem acordo prévio da instituição
bancária sacada é válido, embora irregular, dando origem à consequente
responsabilidade civil e penal (277). A relação de ualuta designa a relação
entre sacador e tomador, que explica a emissão do cheque como meio
de pagamento de determinada dívida pecuniária do primeiro ao último:
como vimos oportunamente, exceto em caso de convenção expressa
das partes, a emissão dos títulos de crédito entende-se feita em função
do cumprimento (dação "pro solvendo": cf. art. 840.° do CCivil), com
a consequência de que o saque do cheque não extingue a obrigação
fundamental do sacador-devedor (278). Por fim, sublinhe-se que inexiste
uma relação cambiária entre o sacado e o portador, como resulta do facto
de o primeiro não poder ser acionado em via de regresso (art. 40.° da
LUC), nem aceitar (art. 4.° da LUC) ou avalizar (art. 25.° da LUC)
o cheque: tal significa que o banco sacado, embora obrigado a satisfa-
zer a ordem emitida pelo sacador, não tem qualquer obrigação carn-

(277) PIRES, J. Maria, O Cheque, 35, Rei dos Livros, Porto, 1999. Sobre a tutela
civil e penal dos cheques sem provisão, consagrada no Decreto-Lei n.v 451/91, de 28
de dezembro, vide AAYV, Novo Regime Penal do Cheque sem Provisão, Instituto de
Direito Bancário, Lisboa, 1999; BAIRRADAS,G. Dinis, O Cheque sem Provisão - Regime
Jurídico Civil e Penal, Almedina, Coimbra, 2003; SILVA,G. Marques, Regime Jurídico-
-Penal dos Cheques sem Provisão, Principia, Lisboa, 1997.
(278) Sobre a coexistência das obrigações cartulares e fundamentais - que apenas
se extinguem com o pagamento de uma delas -, vide supra Parte I, 5.3. No mesmo
sentido, vide ASCENSÃO, J. Oliveira, Direito Comercial, voI. III ("Títulos de Crédito"),
260, Lisboa, 1992; DELGADO, A. Pereira, Lei Uniforme dos Cheques Anotada, 17,
5.a edição, Perrony, Lisboa, 1990; PIRES, J. Maria, O Cheque, 35, Rei dos Livros, Porto,
1999.

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126 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

biária perante o portador, seja direta ou de garantia, sem prejuízo da


eventual responsabilidade civil extracontratual que pode decorrer da
violação dos seus deveres gerais de condura (arts. 73.° e segs. do RGIC)
ou de deveres especiais de pagamento (v. g., arts. 8.° e 9.° do Decreto-
-Lei n.? 454/91, de 28 de dezembro) (279).

VI. O cheque é ainda objeto de uma pluralidade de operaçõesjurídi-


cas, especialmente relativas ao cumprimento da obrigação pecuniária nele
contida - que aqui não podem ser senão elencadas sucintamente.
O cheque é um título pagável à vista - cujo vencimento ocorre
assim na data da sua apresentação, ainda quando a data de emissão seja
posterior (art. 28.0 da LUC) -, que deve ser apresentado a pagamento
pelo portador dentro do prazo de oito dias a contar da sua data de
emissão (no caso de ser passado no país onde é pagável: cf. arts. 29.°
e 32.°, n.? 2, da LUC) -, e que deve ser pago pelo banco sacado -
mediante qualquer modalidade admissível (entrega em numerário, crédito
em conta, transferência, compensação), exceto quando ultrapassado o
prazo de apresentação (caso em que o banco pode, embora não deva,
pagar: cf. art. 32.°, n.? 2, da LUC), consagrando a lei determinados
direitos e deveres em favor daquele (arts. 34.° e 35.° da LUC) (280). No

(27?1 A doutrina e a jurisprudência encontram-se divididas quanto à questão de


saber se existe ou não uma obrigação legal de pagamento do banco sacado perante o
tomador durante o prazo de apresentação a pagamento: sobre tal questão, que entronca
naqueloutra da admissibilidade da revogação do cheque, vide infra no texto (Parte IV,
3. (V1)). Sobre o pagamento do cheque, para maiores desenvolvimentos, vide HERRANZ,
L Ramos, El Pago de Cheques. Diligencia y Responsabilidad dei Banco, Tecnos, Madrid,
2000.
(2801 Ao contrário do que vimos suceder com as letras de câmbio (art. 40.°, n.? 3,
da LULL), o banco sacado está apenas obrigado a verificar a regularidade da sucessão
dos endossos, não relevando a "exceptio doli": no caso de o banco efetuar o pagamento
do cheque a um portador indevido, por não haver verificado com diligência tal suces-
são, ele é responsável perante o sacador, sendo obrigado a reembolsá-lo (cf. Acórdão
da Relação de Évora de 4-VIl-2002 (PEREIRA BAPTISTA), in: XXVII "Coletânea de
Jurisprudência" (2002), IV, 229-231). Para outros desenvolvimentos, vide BURMEISTER,
]org, Zur Einlõsung von Schecks und Lastschriften, Perer Lang, Frankfurt am Main, 2006.

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Parte IV - O cheque 127

caso de falta do pagamento devido, o portador do cheque pode exercer


judicialmente os seus direitos através da correspondente ação cambiaria
contra o sacador, endossantes ou outros coobrigados (art. 40.° da LUC):
esta ação judicial, que revestirá natureza executiva (cf. art. 46.°, n.? 1,
ai. c), do CPC), pressupõe em regra a obtenção do competente protesto
ou declaração equivalente (arts. 40.°, 4l.° e 43.° da LUC) (281), pode ser
movida contra qualquer daqueles obrigados (art. 44.° da LUC), e pode
ter por objero do pedido o pagamento da quantia cambiária, acrescido
dos juros remuneratórios eventualmente convencionados, juros morató-
rios legais, e eventuais despesas incorridas (art. 45.° da LUC), originando
ainda direitos para o próprio obrigado cambiário de regresso que tenha
pago o cheque (arts. 46.° e 47.° da LUC) (282). Finalmente, a extinção
do cheque pode ter uma variedade de fontes (v. g., pagamento, destrui-
ção ou perda de título não reformado): entre estas, avultam a revogação
- faculdade que assiste ao sacador de, mediante emissão de uma con-
traordem ao sacado para este não pagar, privar o cheque dos seus efeitos
próprios já depois de posto a circular (eficaz apenas a partir do termo
do prazo de apresentação: cf art. 32.0 da LUC) - (283), a prescrição -

(281) Cf. Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 4-IV-2006 (MOREIRA


CAMILO), in: XIV "Coletânea de Jurisprudência - Acórdãos do ST]" (2006), II,
27-29.
(282) Para além da tutela conferida pela ação cambiária, o portador pode
ai rida beneficiar, consoante as circunstâncias, da tu tela civil (no âmbito da ação
causal ou de enriquecimento sem causa), penal (no caso de cheque sem provisão),
ou administrativa (rescisão da convenção de cheque): para uma visão de conjunto,
vide DEVESCOVI, Fabrizio, Assegno Bancario e Risarcimento del Danno, Giuffrê,
M ilano, 1994.
(283) Merece referência o Acórdão de Uniformização de Jurisprudência do STJ
n.? 4/2008, de 4 de abril (PAULO SÁ), que veio uniformizar jurisprudência no sentido
de que o banco sacado não pode recusar o pagamento de cheque apresentado dentro
do prazo de apresentação com fundamento em ordem de revogação do sacador, sob
pena de violação do art. 32.° da LUC e de responsabilidade por perdas e danos
perante o legítimo portador do cheque, nos termos do art. 14.° do Decreto
11.°13004, de 12 de janeiro de 1927, e art. 483.°, n.v 1, do CCivil (in: "Diário da
República", I série, n.? 67, de 4 de abril de 2008; sobre a controversa vigência do
citado preceito do art. 14.°, vide, todavia, o Acórdão de Uniformização de [urispru-

Coimbra Editora»
128 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

extinguindo-se os direitos cambiários no prazo de 6 meses a contar da


data da sua apresentação ou pagamento (consoante se trate de ação
movida pelo portador ou um dos obrigados que pagou: cf art. 52.0 da
LUC) -, e, embora impropriamente, a rescisão - que se configura
como o poder-dever do banco sacado, com fundamento na quebra da
confiança decorrente da respetiva utilização indevida por parte do cliente
sacador, privar este do direito a emitir cheques (art. 1.0 do Decreto-Lei
n.? 454/91, de 28 de dezembro) (284).

VII. A encerrar, é oportuno recordar que o cheque, ao lado da sua


configuração simples ou normal, pode revestir determinados tipos ou
modalidades especiais. O cheque cruzado ("crossed check", "gekreuzter
Scheck", "cheque barré", "assegno sbarrato"), previsto nos arts. 37.°
e 38.° da LUC, é aquele que, mediante a aposição de duas linhas para-
lelas, em regra oblíquas, na face do título, apenas pode ser pago pelo
sacado a uma instituição de crédito ou a um cliente do sacado (cruza-
mento geral) ou a uma instituição de crédito designada (cruzamento

dência do STJ 11.° 9/2008, de 25 de setembro (RODRIGUES DA COSTA), in: "Diário


da República", I série, n.? 208, de 27 de outubro de 2008 (cf. CUNHA, P. Olavo, A
Revogabilidade do Cheque no Prazo de Apresentação a Pagamento: Escrever Direito por
Linhas Tortas, in: 25 "Cadernos de Direito Privado" (2009),3-23). Sobre a questão
da (ir)revogabilidade do cheque durante o prazo de apresentação, vide CARLOS, A.
Palma, Pode o Banqueiro Recusar, dentro do Prazo de Apresentação, o Pagamento de
Cheque Revogado pelo Sacador?, in: 6 "Revista da Ordem dos Advogados" (1946),
439-452; ELfSIO, Filinto, A Revogação do Cheque, in: 100 "O Direito" (1968),
450-505; SILVA, G. Marques, Proibição de Pagamento do Cheque, in: "Estudos em
Homenagem ao Prof. Doutor Raúl Ventura", vol. II, 81-101, Coimbra Editora,
Coimbra, 2003; noutros quadrantes, para outros desenvolvimentos, vide SEYWALD,
Ulrike, Die Rückabwicklung von Zahlungen auf widerrujf:ne Schecks aufenglischen und
deutschen Recbt, Schâuble, Rheinfelden, 1987.
(2R4) Sobre a rescisão da convenção de cheque, vide, na doutrina, CUNHA, P.
Olavo, Cheque e Convenção de Cheque, 723 e segs., Almedina, Coimbra, 2009; na
jurisprudência, entre muitos, o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 8-Il-200 1
(SILVASALAZAR),in: IX "Coletânea de [urisprudência - Acórdãos do STJ" (2001), I,
107-110.

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Parte IV - O cheque 129

especial) (285). O cheque para depositar em conta ("check payable in


account", "Verrechnungsscheck", "cheque de virement", "assegno da
creditare"), previsto no art. 39.° da LUC, é aquele que, mediante apo-
sição de cláusula "para levar em conta" ou equivalente na face do título,
deve ser necessariamente depositado na conta bancária do portador, não
admitindo o pagamento em numerário (286). O cheque visado ("check
with visa", "cheque certifié", "assegno visato") é aquele em que, mediante
aposição da menção "visto" realizada pelo banco sacado a pedido do
sacador ou de um portador, assegura que o saque tem provisão, bloqueando
a quantia respetiva na conta bancária do sacador (287). O cheque bancá-
rio, por vezes também designado circular ("bankers' draft", "cheque
bancaire", "assegno circolare"), é aquele que é sacado por um banco
sobre si próprio, sendo usualmente emitido a pedido de um cliente do
banco (mediante débito em conta) e visando, tal como o cheque visado
(mas com custos inferiores a este), assegurar o respetivo pagamento ao
portador (art, 6.°, n.O 3, da LUC) (288). Finalmente, existem ainda outras
modalidades especiais de cheque, que foram perdendo progressivamente
importância prática - v. g., o cheque de viagem ("traveller's check") e

(285) GEORGLADES,Eurhymêne, Problémes et Dangers du Cheque Barré, Dalloz,


Paris, 1963.
(286) BÜLOW, Peter, Haftung der bezogenen Bank bei Barauszahlung eines Verrech-
nungsschecks, in: 44 "Wectpapier-Mitteilungen - Zeitschrift für Wirrschafts- und
Bankrecht" (1990), 1815-1816; CABRlLLAC,Michel, Le Cheque et le Virement, 77 e
segs., 5émc édition, Litec, Paris, 1980.
(287) VASCONCELOS,Garantias Extracambidrias do Cheque e Negócios Unilaterais:
O Cheque Visado e o Eurocheque, 282 e segs., in: MW, "Estudos de Direito Bancário",
277-300, Almedina, Coimbra, 1999. O "visto" - que não se confunde com o aceite
(art. 4.° do LUC) e que constitui urna especialidade do cheque no universo dos títulos
de crédito - não tem expressa consagração na lei positiva portuguesa, sendo um
produto dos usos bancários (cf. Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 5- VII-200 1
(PAIS DE SOUSA), in: IX "Coletânea de Jurisprudência - Acórdãos do STJ" (2001),
II, 149-151).
(288) Cf. CASTIGLlONI,Carmelo, Cheque Bancario, Bibliot. Jur. Paraguay, Mexico,
2000. Sobre a figura italiana do "cheque circular" (que se assemelha estruturalmente
a urna livrança), vide MOSSA, Lorenzo, Lo Check e l'Assegno Circolare Secondo la Nuova
Legge, F. Vallardi, Milano, 1939.

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130 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

o eurocheque (289) -, e até que apenas impropriamente se podem desig-


nar como tal - v. g., os cheques postais, os cheques-restaurante, os
cheques-brinde, os cheques de gasolina (290).

(289) O primeiro consiste num título emitido por um banco à ordem de um cliente,
que permite ao beneficiário obter a quantia pecuniária fixa e predeterminada nele inscrita
no estrangeiro, mediante mera assinatura, junto de instituição financeira correspondente
do banco sacado (sobre a figura, a que alude expressamente o art. 4.°, n.? 1, alo d), do
RGIC, vide BORGES, J. Marques, Cheques, Trauellerss Cheques e Cartões de Crédito, Rei
dos Livros, Lisboa, 1981; HEINICHEN, Otto-Raban, Die Rechtsgrundlagen des Reisesche-
ckverkehers, Duncker & Humblot, Berlin, 1964). O segundo designa um cheque nor-
malizado aceite por bancos e instituições de crédito de um conjunro de países aderentes
que permite ao resperivo beneficiário efetuar pagamentos garantidos no estrangeiro até
um determinado montante (sobre a figura, vide VASCONCELOS,P. Pais, Garantias Extra-
cambiárias do Cheque e Negócios Unilaterais: O Cheque Visado e o Eurocheque, especo 285
e seg., in: AAVV, "Estudos de Direito Bancário", 277-300, Almedina, Coimbra, 1999).
(290) O cheque postal, correntemente designado "vale de correio", constitui um
título de crédito que, tal como os cheques ordinários, incorpora uma ordem de paga-
mento, com a particularidade fundamental de a entidade sacada ser os serviços de
correio, e não uma instituição de crédito (cf. ainda "Regulamento do Serviço dos Vales
de Correio", aprovado pela Portaria n.? 536/95, de 3 de junho). Cf. CORONA, E.
Galán, EI Cheque Postal de Pago, Pub. Intercâmbios e Servicios, Salamanca, 1979.

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PARTE V
OUTROS TÍTULOS DE CRÉDITO

L O título de crédito constitui um instituto juscomercial de natureza


geral e abstrata, cujos conceito e regime jurídico unitário foram sendo desen-
volvidos pela doutrina e jurisprudência a partir de uma cliversidade de figuras
legais particulares: se se quiser, ele constitui um tipo extralegal e aberto que
se concretiza e exprime numa pluralidade de subtipos legais (291). Tal significa
dizer que, para além do seu "núcleo duro" tradicional (títulos cambiários:
letra, livrança, cheque), existem muitos outros subtipos legais de títulos de
crédito: apenas a título de exemplo, referiremos aqui os casos do extrato de
[atura, do certificado de depósito, do conhecimento de depósito e cautela de penhor,
do conhecimento de carga, e (em certas circunstâncias) da apólice de seguros.

II. Decerto que uma aceção muito ampla de título de crédito


abrangeria ainda, como vimos logo de início, outras espécies legais extre-
mamente relevantes - é o caso paradigmático das ações e das obrigações,
entre outros (292).
A verdade, todavia, é que a extraordinária expansão e sofisticação
destes últimos títulos no tráfico económico moderno foi-lhes associando

(291) Sobre os conceitos de "tipo" e "subtipo", num sentido algo diverso, vide
VASCONCELOS, P. Pais, Contratos Atípicos, 64 e segs., Almedina, Coimbra, 1995. Esta
abertura tipológica explica também que empreendimentos doutrinais dotados de uma
pretensão de exaustividade - como o de Pierre BOUCHER, com o seu colossal Traité
de Tous les Papiers de Crédit et Effits de Commerce, obra maciça de mais três mil páginas
(L. Collin, Paris, 1808) - estivessem, logo à própria época da sua feitura, inexoravel-
mente condenados a uma rápida desatualização.
(292) Cf. supra Parte I, 1.

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132 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

caraterísticas absolutamente peculiares, que a breve trecho, ao mesmo


tempo que os afastavam dos títulos de crédito típicos, os transmutariam
progressivamente no "núcleo duro" de uma nova categoria de instru-
mentos juscomerciais de mobilização de riqueza, dotada de uma auto-
nomia dogmática e um regime jurídico próprios - os valores mobiliários
("securities", "Effekten", "valeurs rnobilieres", "valori mobiliare", "valores
negociables"), hoje regulados no CVM. Com efeito, ao contrário dos
tradicionais títulos de crédito - que são tipicamente emitidos de forma
singular a favor de um ou mais destinatários concretos, materializados
num documento, conferindo aos seus titulares determinados direitos
específicos e infungíveis, transacionáveis numa base individual ou bila-
teral, e funcionando primacialmente como mecanismos de pagamento
e crédito nas transações comerciais -, as ações e as obrigações são hoje
carateristicamente emitidas em massa para o público investidor em geral,
são crescentemente desmaterializadas (representadas por meros registos
em conta de natureza informática), conferem aos seus titulares direitos
homogéneos e fungíveis, são negociáveis no contexto de um mercado
organizado próprio, e funcionam essencialmente como veículos de finan-
ciamento empresarial mediante captação do aforro (293). Daí que o seu estudo
- bem assim como o de outras espécies legais tradicionalmente apontadas
como títulos de crédito, v. g., os títulos de capital das cooperativas (art. 20.0
do CCoop), os certificados de aforro (Decreto-Lei n.? 12212002, de 4
de maio), etc. - tenham hoje o seu assento próprio no quadro dos
valores mobiliários, e, mais genericamente, dos chamados instrumentos
financeiros (294).

1. Extrato de Fatura

I. Designa-se por extrato de [atura ("duplicata comercial") o título


de crédito à ordem representativo do preço de mercadorias transmitidas

(29.1) GUIZZI, Giuseppe, 11 TitoloAzionario come Strumento di Legitimazione - La


Circolazione delle Azioni tra Diritto Cartolare, Diritto Comune e Diritto dei Mercato
Finanziario, Giuffre, Milano, 2000.
(294) ANTUNES, J. Engrácia, Os instrumentos Financeiros, Alrnedina, Coimbra, 2009.

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Parte V - Outros títulos de crédito 133

no âmbito de um contrato de compra e venda mercantil a prazo, cele-


brado entre comerciantes (295).

II. O extrato de fatura foi criado e regulado pelo Decreto n.? 19490,
de 21 de março de 1930, sendo controverso o valor jurídico a asso-
ciar-lhe (296). Com base na leitura conjugada dos seus arts. 3.0 e 12.0,
chegou a ser sustentado que, nos contratos de compra e venda mercan-
til entre empresários, a exibição do extrato de fatura constituía um ele-
mento indispensável da efetivação dos direitos do vendedor, importando
a sua falta a inexistência jurídica do próprio contrato. Todavia, a nossa
jurisprudência superior, estribando-se na revogação tácita daqueles pre-
ceitos operada com a entrada em vigor do CPC, tem sustentado que a
falta de extrato não impede que, em ação declarativa comum, o vende-
dor exija o preço da venda e prove os seus direitos por quaisquer outros
meios admitidos por lei (297).

III. A emissão deste título supõe a celebração de um contrato de


compra e venda mercantil entre comerciantes sediados em Portugal, cujo
preço deva ser pago a prazo certo e não seja representado por letras de

(295) Sobre a figura, vide CARDOSO, J. Nunes, Extracto de Factura: Legislação e


jurisprudência, Minerva, Famalicão, 1936; COELHO, A. Ribeiro, Extracto de Factura,
in: 19 "Revista da Justiça" (1934), 4-6; SILVA,Eugénio, Letras, Liuranças, Cheques e
Extractos de Factura, 2.a edição, Perrony, Lisboa, 1953. Noutras ordens jurídicas, URfA,
Rodrigo, Contribución ai Estudio de la Factura de Comprauenta Mercantil, in: MVY,
"Esrudios de Derecho Mercantil en Homenaje ai Profesor Antonio Polo", 1153-1180,
Edersa, Madrid, 1981; ZORTÉA, A. João, Da Duplicata Mercantil e Similares no Direito
Estrangeiro, Forense, Rio de Janeiro, 1983.
(296) COSTA,A. Campos, Consequências da Falta de Extracto de Factura na Compra e
Venda Mercantil a Prazo, in: VIII "Revista de Direito e de Estudos Sociais" (1955), 77-101.
(297) Esta linha jurisprudencial - já dominante, aliás, ainda em plena vigência
daqueles preceitos (cf. CAMPOS, R. Leite, A jurisprudência Portuguesa e o Cheque, o
Extracto de Factura, a Letra e a Liurança, 29 e segs., Ática, Lisboa, 1965) - pode hoje
considerar-se pacífica: vejam-se, por exemplo, os Acórdãos do Supremo Tribunal de
Justiça de 14-XII-1994 (MACHADO SOARES), in: II "Coletânea de Jurisprudência
- Acórdãos do STJ" (1994), III, 178-181, e de 29-IX-1998 (GARCIA MARQUES),in:
479 "Boletim do Ministério da Justiça" (1998), 509-518.

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134 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

câmbio (art. 1.0) (298). O extrato de fatura é um título formal, que deve
conter um conjunto de menções obrigatórias ou essenciais (art, 3.0). Uma
vez emitido pelo vendedor, deve este enviá-lo para aceite ao comprador
(art, 4.°), o qual, depois de o conferir, deve aceitá-lo e devolvê-lo ao pri-
meiro dentro dos prazos legais (arts. 5.° e 6.°), sem prejuízo da possibili-
dade de realizar o seu pagamento (art, 8.°). Tratando-se de um título à
ordem (art. 3.°, § 1), o emitente-vendedor pode optar por cobrá-lo ou
endossa-lo a terceiro, devendo salientar-se ainda a admissibilidade de aval
(art, 10.°, § 3): como quer que seja, o portador legítimo do extrato devi-
damente aceite deve apresentá-lo a pagamento na data de vencimento
(art.7.0). Finalmente, em caso de falta de aceite, devolução ou pagamento,
haverá lugar aos competentes protestos (arts, 10.° e 11.°), que habilitarão
o portador a intentar ação executiva contra qualquer dos obrigados (acei-
tante, endossantes, avalistas), a qual caduca no prazo de cinco anos, sem
prejuízo do recurso aos meios ordinários (arts. 12.° e 13.0) (299).

2. Certificado de Depósito

I. Designa-se por certificado de depósito ("negotiable certificare of


deposite", "Einlagenzertificate", "certificar de dépôt") o título de crédito
à ordem representativo de depósito a prazo emitido pela instituição de
crédi to depositária (300).

(298) Título causal, a emissão do exrraro de fatura configura um negócio carrular


que não é assim inteiramente imune à sorte ou exceções decorrentes do negócio fun-
damental subjacente. Cf. PIRES, A. Pires, O Princípio da Abstracção nos Extractos de
Factura, in: 28 "Justiça Portuguesa" (1961),65-68 e 81-83.
(299) Muito embora a lei não o diga expressamente, entendemos que a respon-
sabilidade dos obrigados é solidária, por ser esse o regime-regra das obrigações comer-
ciais (art. 100.0 do CCom) mas também por manifesta analogia com o regime previsro
para questão paralela nas letras, livranças e cheques (art. 47.0 da LULL e art. 44.0 da
LUC). Cf ainda SOUSA, Saviano, Extracto de Factura e Acção de Não Locupletamento,
in: 31 "Justiça Portuguesa" (1964), 81-85.
(300) Sobre a figura, vide BORTOLANI,Sérgio, J Certifica ti di Deposito nel Sistema
Bancario Statunitense, Ciuffre, Milano, 1969; NOYER, Christian, Certificats de Dépôts,
in: "Revue Banque" (l985), 693-696; OSBORNE, I. Lojendio, La Transmisiôn por Endoso
del Certificado de Depósito, FJM, Madrid, 1982.

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Parte V - Outros títulos de crédito 135

II. O certificado de depósito, por vezes designado na gíria como


"promissória", encontra-se previsto e regulado no Decreto-Lei n. ° 372/91,
de 8 de outubro. A emissão deste título supõe naturalmente a constitui-
ção prévia de um depósito bancário junto de uma instituição de crédito,
em moeda com curso legal em Portugal ou no estrangeiro (art. 1.0) (301).
Trata-se de um título de crédito formal- que deve observar um conjunto
de menções imperativas, entre as quais o nome do titular do certificado,
o valor nominal, o prazo e data de vencimento do depósito, a taxa de
juro nominal, o regime das taxas de juro e a forma do seu pagamento
(art, 6.°) - e à ordem - transmissível por endosso (apesar da errónea
qualificação legal como "título nominativo": cf. art. 2.°, n.? 1). O titular
do certificado pode realizar o seu endosso para qualquer terceiro - inves-
tindo o endossado em todos os direitos relativos ao depósito representado
(art. 2.°, n.O I, "in fine", e 4) - ou mesmo para o próprio banco depo-
S

sitário - caso em que o título se considera automaticamente resgatado


(art. 2.°, n.? 5) -, proibindo-se, todavia, o endosso em branco ou sem
indicação do nome do beneficiário (art, 2.0, n.v 2). O pagamento ou
liquidação do certificado ocorre no termo do prazo de depósito conven-
cionado entre cliente e banco (art. 3.°) - podendo, em alternativa, haver
lugar à renovação automática mediante acordo prévio das partes (art. 5.°)-,
além de se prever disciplina própria para efeitos da liquidação e mobili-
zação antecipada dos juros (art. 4.0) (302).

(301) Designa-se por depósito bancário ("deposit", "Einlagengeschafr", "deposito


di fondi", "dêpot de monnaie") a convenção acessória de um contrato de conta bancária
através da qual o cliente (depositante) entrega uma quantia pecuniária ao banco (depo-
sitário), ficando este investido no direito de dela dispor livremente e no dever de restituir
outro tanto da mesma espécie e qualidade nos termos acordados. Sobre a figura, vide
ABUDO,]. lbraim, Do Contrato de Depósito Bancário, Almedina, Coimbra, 2004; CAMANHO,
P. Ponces, Do Contrato de Depósito Bancário, 2.a edição, Almedina, Coimbra, 2005;
PATRÍCIO,J. Simões, A Operação Bancária de Depósito, Elcla, Porto, 1994.
(302) No mercado internacional, existem ainda variantes, tais como os "eurollar
CD" (certificados de depósitos denominados em dólares realizados em bancos ou
sucursais europeias) ou as "deposite notes" (certificados de depósito fundamentalmente
destinados ao mercado monetário inrerbancário). Cf. STIGUM, Marcia, The Money
Market, 53 e segs., 3'h edition, Irwin, New York, 1990.

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136 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

3. Conhecimento de Depósito e Cautela de Penhor

r.
O conhecimento de depósito e a cautela de penhor (também desig-
nada na gíria internacional como "warrant") são títulos de crédito à
ordem representativos de direitos reais de propriedade e garantia sobre
mercadorias depositadas (303).

II. Estes títulos encontram-se previstos e regulados nos arts. 408.°


a 424.° do CCom, a propósito do depósito de géneros e mercadorias
em armazéns gerais. Os armazéns gerais ("docks", "Lagerhauser", "maga-
sins généraux") são entrepostos autorizados a receber em depósito géne-
ros, produtos e mercadorias, mediante caução (art. 94.° do CCom),
tendo por finalidade guardar e conservar as mercadorias depositadas,
facilitar a sua circulação, e permitir a mobilização do crédito que aque-
las representam (304). Esta matriz multifuncional dos armazéns gerais
explica assim a dualidade dos títulos de crédito que têm por base um
único contrato de depósito. Por um lado, o conhecimento de depósito
("Lagerschein", "récépissé", "fede de deposito", "resguardo") é um título
representativo de um direito de propriedade sobre as mercadorias depo-
sitadas, que confere ao seu titular um direito à disposição e à entrega das
mesmas, permitindo assim a transmissão dos bens para terceiros sem
necessidade da sua deslocação material. Por seu turno, a cautela depenhor

(03) Sobre a figura, vide ANTHERO, Adriano, Comentdrio ao Código Comercial


Português, vol. II, 401 e segs., 2.a edição, C. Portuguesa Editora, Porto, 1915. Noutros
quadrantes, vide ABRAHAM,Hans-Jürgen, Der Lagerschein, C. Heymanns, Berlin, 1933;
DE MAlO, Antonio, Fede di Deposito e Nota di Pegno, Giuffre, Milano, 1957; HARDEL,
Raymond, Des Récépissés et W{zrrants Délivrés par les Magasins Généraux, Sirey, Paris,
1936; VOLTES, V. Aracil, La Transmisión dei Resguardo de Depósito Emitido por los
Almacenes Generales, Edersa, Madrid, 2000.
(304) Tais armazéns podem revestir, consoante o tipo de produtos depositados, a
natureza de armazéns agrícolas (Decreto n.? 206, de 7 de novembro de 1913) ou indus-
triais (Decreto n.? 783, de 21 de agosto de 1914). Sobre a figura, vide DAMASCI-IINO,
Nicola, Traité des Magasins Généraux, Guillaumin & Co., Paris, 1860; NAVARRINI,
Umberto, I Magazzini Generali, Unione Tipog., Perugia, 1903; URBINA,]. Tomilo, Los
Depósitos de Mercancías en Almacenes Generales, Civitas, Madrid, 1994.

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Parte V - Outros títuLos de crédito 137

ou "uiarrant" é um título que, emitido em anexo ao conhecimento mas


dele sendo destacável, é representativo de um direito real de garantia
(penhor) sobre as mercadorias depositadas: se o titular do conhecimento
vier a contrair dívida garantida através de penhor sobre as mercadorias
depositadas, o "warrant", uma vez destacado do conhecimento, titulará
o direito do seu portador como credor pignoratício (305).

III. O conhecimento de depósito e o "warrant" são títulos rigoro-


samente formais - que devem conter as menções obrigatórias constan-
tes do art. 408.° do CCom - e à ordem - no sentido em que são
transmissíveis por endosso (art, 411.° do CCom) (306). Estes títulos
possuem um regime jurídico comum, muito embora - e aqui reside
uma das suas particularidades mais originais - sejam passíveis de emis-
são, alteração e transmissão em boa medida autónomas. O conhecimento
e/ou o "warrant" podem ser emitidos em nome do depositante ou de
terceiro (art. 409.° do CCom) (307), ser substituídos ulteriormente por
títulos parciais (arr. 410.° do CCom), e ser transmitidos por endosso a
terceiros: neste caso, o endosso poderá ser nominativo ou em branco
(art. 413.° do CCom), contendo algumas indicações especiais (art. 412.°
do CCom) e produzindo efeitos diferenciados (art. 411.° do CCom)
consoante o título objeto da transmissão. Finalmente, estes títulos
investem os respetivos portadores em posições jurídicas próprias. O por-
tador de um conhecimento de depósito sem "warrant", na qualidade de

(3051 SCHOLER, Pierre, Le Régime Juridique du Warrant, in: "Revue de [urispru-


dence Commerciale" (1980), 121-125.
(3061 Nem sempre é assim necessariamente, havendo ordens jurídicas onde o
conhecimento de depósito pode ser emitido como um título à ordem ou ao portador:
cf. WIEDEMANN, Herbert, Der Lagerschein aLs Inhaber- und Legitimationspapier, in:
"Der Berrieb" (1960), 943-944.
(307) Ao realizar o depósito, caso o depositante não pretenda estes títulos, o
depositário emite e entrega àquele, em alternativa, um mero documento comprovativo
do depósito - o chamado "boletim de entrada" -, que representa um título válido
de propriedade mas não circulável, não legitimando senão o próprio titular a exigir a
restituição das mercadorias depositadas (GONÇALVES, L. Cunha, Comentário ao Código
ComerciaL Português, vol. II, 482, Ed. José Bastos, Lisboa, 1916).

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138 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

proprietário das mercadorias depositadas, tem o direito de endossar


novamente o título e de levantar total ou parcialmente as mercadorias
mediante depósito da quantia do crédito pignoratício (arts. 415.°
e 416.° do CCom); por seu turno, o portador de um "warrant" sem
conhecimento, na qualidade de credor pignoratício, tem um direito de
retenção das mercadorias depositadas, de transmissão antes do venci-
mento, e de pagamento no vencimento, além de outros direitos secun-
dários, v. g., direito a receber o seguro em caso de sinistro (art. 419.°
do CCom) ou o remanescente em caso de dívidas fiscais ou outras
(arts. 419.° e 420.° do CCom), sendo que, em caso de recusa de paga-
mento, aquele poderá lavrar protesto e vender o penhor (arts, 417.°
e 401.° do CCom) e ainda, subsidiariamente, acionar qualquer dos
obrigados (devedor pignoratício originário e endossantes) (art. 422.°
do CCom) (308).

4. Conhecimento de Carga

I. Designa-se por conhecimento de carga ("bill of lading", "Konos-


sernent", "connaissernent", "polizza di carico") o título de crédito repre-
sentativo de um direito de propriedade sobre mercadorias transportadas
por via marítima (309).

(3081 Saliente-se ainda que a ação de regresso contra os posteriores endossantes


do "warrant" está sujeita à realização tempestiva do protesto ou da venda de penhor
(arr. 424.° do CCom) e também à prescrição (art. 423.° do CCom), devendo aqui
considerar-se analogicamente aplicáveis os prazos previstos para as letras de câmbio
(arr. 70.° da LULL). CE. GONÇALVES, L. Cunha, Comentário ao Código Comercial
Português, vol. II, 495, Ed. José Bastos, Lisboa, 1916.
(3091 Sobre o conhecimento de carga, enquanto título de crédito, vide COSTA,
M. Júlio/MENDES, E. Ferreira, Transporte Marítimo - Conhecimento de Carga, in: IX
"Direito e Justiça" (1995), 171-207. Para maiores desenvolvimentos, vide ARENA,
Andrea, La Polizza di Carico e gli Altri Titoli Rappresentativi di Trasporto, 2 volumes,
Ciuffre, Milano, 1951; BOLLS,Michel, The Bill of Lading: A Document ofTitle to Goods,
LLp, London, 1998; CASTELLS,A. Recalde, Conocimiento de Embarque y otros Docu-
mentos del Transporte - Función Representativa, Civitas, Madrid, 1992; DUMKE,
Wolfgang, Das Konossement als Wertpapier, Diss., Hamburg, 1970.

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Parte V - Outros titulos de crédito 139

II. O conhecimento de carga encontra-se previsto e regulado pelo


Decreto-Lei n.? 352/86, de 21 de outubro (transporte marítimo interno)
e pelas Convenções de Bruxelas de 1924 ("Convenção Internacional para
a Unificação de Certas Regras em Matéria de Conhecimentos de Cargà')
e de Hamburgo de 1978 ("Convenção das Nações Unidas sobre o Trans-
porte de Mercadorias por Mar") (transporte marítimo internacional).
No essencial, trata-se de um documento relativo à celebração de um
contrato de transporte de mercadorias por mar, desempenhando simul-
taneamente as funções de meio de prova do contrato, recibo de receção
das mercadorias pelo transportador, e título negociável representativo
dessas mercadorias (310).
O conhecimento é assim, nesta sua última dimensão, um título de
crédito "real", que confere ao seu titular um direito de propriedade sobre as
coisas transportadas: ele atribui ao seu portador o direito de dispor das
coisas transportadas (art. 15.°, n.v 2, do Decreto-Lei n.? 352/86, de 21 de
outubro) e exigir ao transportador a respetiva entrega no local de destino
(art. 18.° do Decreto-Lei n.v 352/86, de 21 de outubro) (311). Trata-se de
um título cuja emissão é obrigatória - devendo ser emitido pelo transpor-
tador e entregue ao carregador (arts. 3.0, n.? 1, e 8.°, n.OS 1 e 5,

(310) Sobre os documentos do contrato de transporre, bem como os seus diver-


sos tipos e funções, vide em geral BASTOS, N. Castello-Branco, Da Disciplina do Con-
trato de Transporte Internacional de Mercadorias por Mar, 273 e segs., Almedina,
Coimbra, 2004; ROCHA, F. Costeira, O Contrato de Transporte de Mercadorias - Con-
tributo para o Estudo da Posição Jurídica do Destinatário no Contrato de Transporte de
Mercadorias, 121 e segs., Almedina, Coimbra, 2000.
(311) Sobre a distinção entre títulos creditícios, reais e corporativos (consoante a
natureza do direito cartular), vide supra Parte I, 4.2. Falamos aqui de "propriedade"
num sentido dominial amplo, dado que a relação subjacente entre carregador e desti-
natário não tem de consistir necessariamente num negócio translativo do direito real
máximo ("maxime", compra e venda), podendo as coisas transportadas ser objeto de
uma locação, comodato, garantia, etc.: "surnmo rigore", portanto, o título investe o
seu portador num direito a receber a posse dos bens, sendo indiferente qual o seu
fundamento jurídico. Sobre a relação entre título e propriedade das coisas, vide SCH-
NAU DER, Franz, Sachenrechtliche und wertpapierrechtliche Wirkungen der kaufmannischen
Traditionspapiere?, in: 44 "Neue [urisrische Wochenschrift" (1991), 1642-1649.

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140 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

do Decreto-Lei n.v 352/86, de 21 de outubro, art. 3.°, n.? 3, da Con-


venção de Bruxelas, art. 14.°, n.? 1, da Convenção de Hamburgo) -,
de um título rigorosamente [ormal=: contendo um conjunto de menções
obrigatórias diversas (art. 8.°, n.v 1, do Decreto-Lei n.v 352/86, de 21
de outubro, art. 3.°, n.v 3, da Convenção de Bruxelas, art. 15.° da Con-
venção de Hamburgo) (312) -, de um título causal- que faz expressa
referência à causa da obrigação assumida pelo subscritor, sem prejuízo
da literalidade e autonomia do direito cartular, adiante referidas (313) -,
e de um título nominativo, à ordem ou ao portador - consoante é emi-
tido em nome do destinatário (apenas legitimando este a exercer o direito
cartular à entrega das mercadorias), à ordem de uma pessoa determinada
(admitindo a resperiva circulação e negociação por endosso), ou sem
indicação do nome do beneficiário (que será assim o seu portador,
transmitindo-se por mera entrega real) (314). Finalmente, o regime car-
tular do conhecimento de carga corresponderá, por via da regra, ao
regime geral dos títulos de crédito - princípio esse que, de resto, foi
expressamente consagrado pelo legislador em matéria da sua transmissão

(312) Ilustração da pujança do comércio eletrónico, o conhecimento de carga


pode ser documentado em suporte de papel ou digital (art. 3.°, n.v 2, do Decreto-Lei
n.? 352/86, de 21 de outubro). Sobre a forma elerrónica, vide GEHRKE, Florian, Das
elektronische Transportdokument, LIT, Münsrer, 2005; YIANNOPOULOS, Athanassios,
Ocean Bills 01 Lading: Traditional Forms, Substitutes, and EDI Systems, Kluwer, Dor-
drecht/Bosron, 1995.
(313) Sobre a distinção geral entre títulos abstratos e causais, vide supra Parte I,
4.4. Sobre a natureza causal do conhecimento de carga, vide ASCAR.ELLl,Tulio, Cau-
salità eAstrattezza nella Polizza di Carico, in: XV "Rivista dei Diritto della Navegazione"
(1949),3-18; LA ROSA, A. Pavone, IL Titoli di Credito CausaLe e La Polizza di Carico,
in: "Srudi sulla Polizza di Carico", 316-335, Ciufírê, Milano, 1958.
(314) Este título é usualmente emitido à ordem: sobre o relevo jurídico da sua
entrega, vide STENGEL, Eberhard, Die Traditionsfonktion des Orderkonnossements, 25
e segs., Carl Heymanns, Kõln, 1975. Assinale-se ainda a sua importância significativa
no comércio internacional, mormente para efeitos do crédito documentário, já que ele
deve ser necessariamente incluído na remessa documental (cf art. 23.° das "Regras e
Usos Uniformes Relativos aos Créditos Documentários"): para uma ilustração, vide
SILVA,J. Calvão, Crédito Documentário e Conhecimento de Embarque, in: "Estudos de
Direito ComerciaI", 49-77, Almedina, Coimbra, 1996.

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Parte V - Outros títulos de crédito 141

(art, i r.«, n.? 2, do Decreto-Lei n.? 352/86, de 21 de outubro) _ (315),

sem prejuízo da existência de algumas especialidades: assim, por exemplo,


o conhecimento de carga é, como os demais títulos de crédito, carateri-
zado pela sua literal idade (irrelevância das convenções extracartulares que
não constem do teor literal do documento), embora se trate de uma
Iireralidade indirera, no sentido em que, no lugar de mencionar expres-
samente todos os direitos e deveres dos subscritores cartulares, contém
uma remissão implícita para o contrato de transporte subjacente (316).

III. Ao lado do conhecimento de carga, poder-se-iam referir ainda


outros documentos de transporte. O relevo atual de alguns documen-
tos clássicos como títulos de crédito praticamente desapareceu: é o caso
da guia de transporte ("fachtbrief", "lettre de voiture", "lettera di vet-
tura") - regulada nos arts. 369.° e segs. do CCom, hoje apenas resi-
dualmente relevante entre nós no domínio do transporte fluvial (canais,
rios, lagos) (317) - e da carta de porte aéreo ("air waybill", "passenger
ricket", "Lufifrachtbriefe", "leme de transport aérien", "lettera di tras-
porro aereo") - que chegou a ser configurada como um título nego-
ciável pelos arts. 5.° e 15.°, n.? 3, da "Convenção para Unificação de

(315) Inclusive em termos jusprocessuais, já que se trata também de um título


executivo para efeitos do art. 46.°, n.? 1, aI. c), do CPC: com efeito, estamos diante
de um documento particular, assinado pelo devedor, que importa a constituição ou
reconhecimento de uma obrigação de entrega de coisa. Cf. também PORTALES, L.
Fontestad, EL Conocimiento de Embarque como TítuLo Ejecutívo, Tiram lo Blanch,
Valencia, 2007.
(316) Sobre a literalidade indireta, vide já supra Parte 1,3.4. (lII). Sobre o conhe-
cimento de carga como título dotado de uma literalidade incompleta, vide MASI,
Pietro, J Documentí dei Trasporto Marittimo e Aero di Cose, 343 e seg., in: AAYV, "II
Cinquantenario dei Codice della Navegazione", 337-403, Isdit, Cagliari, 1993.
(317) Com efeito, a dimensão representativa da guia de transporte deixou de
existir no caso do transporte rodoviário nacional de mercadorias (art. 26.0 do Decreto-
-Lei n.? 352/86, de 21 de outubro), e nunca existiu no transporte rodoviário interna-
cional ("declaração de expedição": cf. arts. 4.0 e segs. da "Convenção Relativa ao
Transporte Internacional de Mercadorias por Estrada"). Para outros quadrantes, algo
diversamente, vide HEYNEN, Peter, Die Klausel "Kase gegen Lieferschein", SV Hansa,
Harnburg, 1955.

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142 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo Internacional" de 1929


(conhecida vulgarmente como Convenção de Varsóvia), função essa
que, todavia, nunca foi concretizada na prática e viria mesmo a ser
eliminada (318). Em sentido inverso, é debatido o reconhecimento
analógico da natureza de títulos de crédito a novos documentos trans-
portadores: é o caso dos documentos de transporte multimodal ou com-
binado - que dispõem hoje de regras uniformes (as chamadas "Rules
for Multimodal Transport Documents", aprovadas pela CNUDCI em
1995) (319).

5. Apólice de Seguro

I. Designa-se por apólice de seguro ("policy of insurance", "Versiche-


rungsschein", "police d' assurance", "polizza di assicurazione") o documento
emitido pelo segurador que formaliza e titula o contrato de seguro cele-
brado com o tomador de seguro, de onde constam as respetivas condições
gerais, especiais e (se for caso disso) particulares (320).

(318) Eliminação concretizada pela Convenção homónima de Montreal de 1999


(D'OVlDIO, A. Lefebvre/PESCATORE, Cabriele/Tuu.io, Leopoldo, Manuale di Diritto
della Navigazione, 558 e segs., 1O.a edizione, Ciuffre, Milano, 2004). Cf. ainda ROMA-
NELLl,Gustavo, La Lettera di TrasportoAereo non Negoziable, in: I "Diritto dei Trasporri"
(1988), 1-26.
(319) INGELMANN,Thomas, DokumentdreSicherungsübereignung bei kombinierten
Transporten, 36 e segs., Mauke, Hamburg, 1992. Sobre o transporte multirnodal em
geral - caraterizado pela utilização combinada de diversos meios de transporte no
âmbito de um único contrato -, vide CASTRO, M. Martin, Il Transporte Multimodal:
Concepto y Sujetos, Edicip, Cadiz, 2001; DOHSE, Philip, Der multimodale Giaertrans-
portvertrag, Diss., Hamburg, 1994; KIANTOU-PAPOUKI, Alike, Multimodal Transport,
Bruylant, Bruxelles, 2000.
(320) Sobre a apólice de seguro em geral, vide, entre nós, ALMEIDA,]. Meirinho,
O Contrato de Seguro no Direito Português e Comparado, 43 e segs., Ed. Sá Costa, Lis-
boa, 1971. Noutros vide GONZÁLEZ, J. Pérez-Serrabona,
quad rantes, La Pállza y la
Documentación del Contrato de Seguro, Comares, Granada, 2003; LANGENBERG, Versi-
cherungspolice - Eine rechtsvergleichende Darstellung, Verlag Versicherungswirtschaft,
Karlsruhe, 1972; KISCH, Wilhelm, Der Versicherungsschein, V. Akademie u. Wiss.,
Berlin, 1953.

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Parte V - Outros títulos de crédito 14}
---------------------
II. As apólices de seguro podem ser títulos nominativos, à ordm
ou ao portador. Por regra, as apólices revestem uma natureza nominativa:
trata-se da modalidade supletiva nos seguros de danos (art. 38.°, n.? 1.
"in fine", da LCS) e mesmo da modalidade imperativa nos seguros de
pessoas (art. 182.° da LCS). As apólices nominativas designam expres·
samente o tomador do seguro corno seu titular (321): em caso de cessão
do contrato de seguro, o título deve ser entregue ao novo tomador do
seguro (322), devendo, em caso de cessão de crédito, ser entregue cópir
dele ao cessionário (art, 38.°, n.v 4, da LCS). As apólices de seguro:
podem ainda funcionar como títulos à ordem - transmissíveis po'
endosso, ainda que parcial (art, 38.°, n.v 2, da LCS) - ou até como
títulos ao portador - transmissíveis por mera entrega real (art, 38.0,
n. ° 3, da LCS) (323)

(321) Apesar da designação legal, é discutível se tais apólices correspondem a un


verdadeiro título nominativo em sentido estrito (sobre a noção geral, vide supra Parte
I, 4.3.): sobre a equivocidade desta designação, vide LIBONATI, Berardino, J Titoli ti
Credito Nominativi, 33, Giuffre, Milano, 1965; PELLlZZI, Giovanni, Principi di Dirirs
Cartolare, 163 e segs., Zanichelli, Bologna, 1967.
(322) A transmissão da apólice nominativa pressupõe a transferência da posiçãi
contratual do tomador do seguro, exigindo-se assim o consentimento (art. 95.°, n.? 1
da LCS), ou, nalguns casos, a notificação (art. 95.°, n.0 2 e 5, da LCS) do seguradol
5

dado que tal transmissão confere sempre ao segurador a faculdade de resolver o contrau
nos termos gerais (art. 95.°, n.? 4, da LCS), pode afirmar-se que, no mínimo, é sem
pre necessário o consentimento implícito do segurador para a respetiva transmissão (c
também CALERO, F Sánchez, Transferencía de la Páliza, 185, in: AAvv, "Ley de Cor
trato de Seguro", 184-191, Aranzadi, Pamplona, 1999).
(323) Apesar de não consagrada expressamente na lei, a admissibilidade de apólic6
à ordem e ao portador era já de há muito sustentada por alguma doutrina portugues
(GONÇALVES,L. Cunha, Comentário ao Código Comercial Português, vol. II, 551, Ed. [os
Bastos, Lisboa, 1916). Sobre as apólices como títulos à ordem e ao portador, viá
CAMPANA, J. Blanco, Algunas Consideraciones en Torno a las Pólizas a la Orden y ai POí
tador, in: AAVV, "Comentários a la Ley de Contrato de Seguro", vol. I, 411-418, CUE
Madrid, 1982; SCALONE, Giuseppe, La Polizza di Assicurazione all'Ordine o ai Portaton
Giuffre, Milano, 1955; SIEG, Karl, Der Versicherungsschein in wertpapierrechtLicher Sic}
und seine Bedeutung bei der Veriiusserung der versicherter Sache, in: 28 "Versicherungsred
- jurisrische Rundschau für die lndividualversicherung" (1977),213-218.

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144 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

III. As apólices de seguro não constituem, no comum dos casos,


verdadeiros títulos de crédito - correspondendo antes a títulos impró-
prios, de que representam até, segundo alguns, o seu exemplo máximo
ou "paradigma" (324).
Com efeito, as apólices de seguro à ordem e ao portador, frequentes
no domínio do seguro de transportes (especialmente marítimos) (325) e
comummente associadas ao chamado seguro por Conta de outrem e de
quem pertencer (art. 48.°, n.v 1, da LCS) (326), destinam-se essencialmente
a agilizar a cessão da posição contratual do tomador de seguro ou dos
direitos de crédito sobre o segurador, bem assim como a facilitar o cum-
primento liberatório das obrigações deste último: a cessão opera graças
ao mero endosso ou até tradição do título, sem necessidade de observân-
cia das formalidades próprias da cessão (que exigiria nos termos gerais o
consentimento e/ou notificação do segurador), legitimando o endossado
ou o portador a exercerem os direitos contratuais emergentes da apólice
perante o segurador, ao mesmo tempo que permitem a este último
liberar-se das suas obrigações contratuais mediante o cumprimento efe-

(324) MILLÁN, D. Pérez, La Polizza di Assicurazione all'Ordine e ai Portatore Quale


Titolo Improprio: Confronto tra Diritto Italiano e Spagnolo, 1046, in: XIX "Contratro e
lmpresa" (2003), 1046-1071. Qualificando também as apólices de seguro à ordem e ao
portador como títulos impróprios, vide, entre nós, ALMEIDA,]. Moitinho, O Contrato de
Seguro no Direito Português e Comparado, 44, Ed. Sá Costa, Lisboa, 1971; noutros quadran-
tes, CAMPANA,]. Blanco, Algunas Consideraciones en Torno a las Pólizas a la Orden y ai
Portador, 414, in: AAvv, "Comentários a la Ley de Contrato de Seguro", vol. I,411-418,
CUEF, Madrid, 1982; SCALONE, Giuseppe, La Po/izza di Assicurazione all'Ordine o ai
Portatore, 111, Giuffre, Milano, 1955. Num sentido oposto, considerando estarmos
diante de um verdadeiro título de crédito, vide EIZAGUIRRE,josé-Mana, La Opción por
el Concepto Amplio de Título- Valor, 1166 e seg., in: AAYV, "Estudios Jurídicos en Horne-
naje al Prof. Aurélio Menéndez", tomo 1,1133-1170, Civitas, Madrid, 1996.
(325) DONATTI, Antígono, Trattato dei Diritto delle Assicurazione Private, vol. II, 329,
Giuffre, Milano, 1954; GARRlGUES,Joaquin, Contrato de Seguro Terrestre,97, 2.a edición,
Madrid, 1983. Ao contrário do nosso (cf. arr. l82.0 da LCS), nalguns países são também
conhecidas as apólices à ordem e ao portador de seguros de vida: cf. SCALONE,Giuseppe,
La Polizza di Assicurazione all'Ordine o ai Portatore, 39 e segs., Giuffre, Milano, 1955.
(326) Pa.ra as semelhantes e diferenças entre estas figuras, vide REGO, M. Lima, Con-
trato de Seguro e Terceiros- Estudo de Direito Civil, 733, Coimbra Editora, Coimbra, 20 lO.

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Parte V - Outros títulos de crédito 145

tuado aos primeiros. Mas tal "função circulatória" (327) das cláusulas à
ordem e ao portador, apostas numa apólice de seguro, não é suficiente
para transformar esta num verdadeiro título de crédito: na verdade, o
endossado ou o portador constituem meros cessionários a quem podem
ser opostas, quer as eventuais exceções causais derivadas da relação ante-
rior entre cedente e segurador, quer as eventuais ilegitimidades possessó-
rias de cedente ou qualquer outro portador anterior - faltando-lhe assim
a autonomia que é caraterística dos títulos de crédito (328). Sublinhe-se,
todavia, que nada parece impedir que uma apólice de seguro possa ser
transformada, por vontade das partes, num verdadeiro e próprio título de
crédito, dotada das suas propriedades gerais próprias ("maxime", incorpo-
ração, literalidade e autonomia): tal o que se afigura resultar, "inter alia",
do princípio geral de liberdade de criação de títulos atípicos (329).

(327) Para utilizar a expressão de Giuseppe FERRJ, La Funzione della Polizza nella
Circolazione dei Rapporto Assicurativo, in: XXXVII "Assicurazione - Rivisra di Dirirro,
Economia e Finanza delle Assicurazioni Privare" (1970), 13-24.
(328) Sobre a autonomia, como traço distintivo dos títulos de crédito, vide supra
Parte I, 3.5. Negando igualmente que o titular de uma apólice à ordem ou ao portador
seja titular de um direito autónomo, vide CAMPANA,J. Blanco, Algtmas Consideraciones
en Torno a las Pólizas a la Orden y al Portador, 417, in: AAVV, "Comentários a la Ley de
Contrato de Seguro", vol. I, 411-418, CUEF, Madrid, 1982; MILLÁN, D. Pérez, La
Polizza di Assicurazione all'Ordine e al Portatore Quale Titolo Improprio: Confronto tra
Diritto Italiano e Spagnolo, 1169, in: XIX "Contratto e Impresa" (2003), 1046-1071.
(329) Sobre tal princípio, vide supra Parte 1, 5.1. (lI). Neste sentido, vide também
ALMEIDA, J. Moirinho, O Contrato de Seguro no Direito Português e Comparado, 44,
Ed. Sá Costa, Lisboa, 1971; noutros quadrantes, vide MILLÃN, D. Pérez, La Polizza di
Assicurazione all'Ordine e ai Portatore Quale Titolo Improprio: Confronto tra Diritto
Italiano e Spagnolo, 1070, in: XIX "Contrarto e Impresa" (2003), 1046-1071.

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ÍNDICE DE JURISPRUDÊNCIA (*)

Supremo Tribunal de Justiça (Pleno)

Assento de 8- V-1936 (EDUARDO SANTOS) (letra de câmbio; ação cambiária;


prescrição) 77, 241
Assento de 12- VI-1962 (RICARDO LOPES) (letra de câmbio; ação carn-
biária; prescrição) 239
Assento de 1-II-1966 (ALBERTOTOSCANO) (letra de câmbio; aval)............ 187
Assento de 5-XII-1973 (DANIEL FERREIRA)(cheque sem provisão) 268
Assento de 28- VH-1981 (AMARAL AGUIAR) (letra de câmbio; ação carn-
biária) 2!6
Assento de 2-XlI-1992 (PINTO BASTOS) (cheque não datado) 268
Assento de 28-III-1995 (OLIVEIRA BRANQUINHO) (Iivrança; ação cambiária;
prescrição) 2iO
Acórdão de Uniformização n.O 1/2002 (AFONSO MELO) (vinculação socie-
tária) H3
Acórdão de Uniformização rr.? 412008 (PAULO SÁ) (cheque; revogação;
pagamento) 213
Acórdão de Uniformização n.O 9/2008 (RODRIGUES DA COSTA) (cheque
sem provisão) 213
Acórdão de Uniformização n.? 7/2012 (ABRANTESGERALDES)(livrança; aval
coletivo, direito de regresso).............................................................. 1;4

Supremo Tribunal de Justiça

Acórdão de 4-XI1-1953 (JAIMETOMÉ) (obrigação cambiária e fundamental;


má fé) 2:4
Acórdão de 11-V-1962 (JOSÉ OSÓRIO) (bilhete de lotaria) :4
Acórdão de 21-1-1969 (ALBUQUERQUE ROCHA) (letra de câmbio; ação
cambiária) :9

As remissões são feitas para o número das notas de rodapé.

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148 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

Acórdão de 4-IlI-I969 (SANTOSCARVALHO)(letra de câmbio; ação cambiária;


prescrição) 241
Acórdão de 19-1V-1974 (loxo MOURA) (letra de câmbio; novação; ação
cambiária) 80, 241
Acórdão de 26-X1-1974 (ABEL DE CAMPOS) (letra de câmbio; exceções
cambiárias) 235
Acórdão de 5-III-1976 (loxo MOURA) (letra de câmbio; dação em cum-
primenro).......................................................................................... 78
Acórdão de 13-1-1977 (DANIEL FERREIRA)(letra e livrança; dação em curn-
primento).......................................................................................... 78
Acórdão de 25-VI1-1978 (SANTOS VICTOR) (letra de câmbio; aval)........... 185
Acórdão de 5-lV-1979 (ALVESPINTO) (letra de favor) 232
Acórdão de 28-VII-1981 (MOREIRA DA SILVA)(Iivrança; aval; prescrição) . 252
Acórdão de 13-X-1981 (SANTOS CARVALHO)(livrança; ação; cumulação de
pedidos) 251
Acórdão de 15-X-1981 (RODRlGUESBASTOS)(letra; aceite bancário; aval) 185
Acórdão de 16-XII-1986 (FREDERICOBAPTISTA)(letra de câmbio; endosso) 170
Acórdão de 11-VI-1987 (SOLANO VIANA) (livrança; prescrição) 252
Acórdão de 9-1II-1988 (FREDERICO BAPTISTA)(livrança; aval)................... 253
Acórdão de 7-1-1993 (SÁ COUTO) (livrança; avalista; protesto) 211
Acórdão de 10-X1-1993 (ZEFERINO FARIA) (letra de câmbio; cópia; título
executivo).......................................................................................... 112
Acórdão de 14-XIl-1994 (MACHADO SOARES)(extrato de fatura).............. 297
Acórdão de 26-III-1996 (MARTINS DA COSTA) (letra de câmbio; reforma;
novação)............................................................................................ 238
Acórdão de 14-V-1996 (MIRANDAGUSMÃO) (livrança; avalista; protesto) 211
Acórdão de 14-X-1997 (COSTA SOARES)(letra; aval; relações imediatas).... 187
Acórdão de 29-VIlI-1998 (GARCIA MARQUES) (extrato de fatura) 297
Acórdão de 3-XIl-1998 (FERREIRA RAMOS) (título de crédito; livrança;
requisitos) 35
Acórdão de 4-V-1999 (GARCIA MARQUES) (cheque; titulo executivo) 267
Acórdão de 11-V-1999 (LEVlOS TRIUNFANTE) (cheque; título executivo;
quirógrafo) 266, 267
Acórdão de 6-IV-2000 (DIONíSIO CORREIA) (letra em branco; preenchi-
mento abusivo) 140
Acórdão de 11-IV-2000 (TOMÉ DE CARVALHO)(letra em branco) 143
Acórdão de 8-Il-2001 (SILVASALAZAR)(cheque sem provisão; rescisão)..... 284
Acórdão de 27-1II-2001 (SILVA PAIXÃO) (cheque; saque; vinculação socie-
rária) 270
Acórdão de 5-VII-2001 (PAIS DE SOUSA) (cheque visado).......................... 287
Acórdão de 8-XI-2001 (QUIRINO SOARES) (letra em branco)..................... 134
Acórdão de 24-1-2002 (LEMOSTRlUNFANTE) (letra de câmbio; quirógrafo) .... 116

Coimbra Editoraw
Índice de jurisprudênc0__ _ 149

Acórdão de 19-ITI-2002 (MIRANDA GUSMÃO) (Iivrança; avalizado; vício de


forma) . 191
Acórdão de ll-1I-2003 (FERREIRARAMOS) (Iivrança em branco; acordo de
preenchimento) . 138
Acórdão de 27-111-2003 (SALVADOR DA COSTA) (Iivrança; utilização de
modelo de letra) . 250
Acórdão de 29- VI-2004 (AFONSO CORREIA) (aval; nulidade; assinatura) . 186
Acórdão de 16-XII-2004 (NEVES RIBEIRO) (cheque; título executivo) . 81
Acórdão de 8-1I1-2005 (AzEVEDO RAMOS) (cheque de favor) . 72
Acórdão de 4-IV-2006 (MOREIRA CAMILO) (cheque; título executivo) . 267,281
Acórdão de 28-IX-2006 (MOREIRA CAMILO) (Iivrança; aval; vício de
forma) . 191
Acórdão de 24-X-2006 (ALVESVELHO) (letra de câmbio; aval) . 186
Acórdão de 13-IlI-2007 (AZEVEDO RAMOS) (Iivrança em branco; aval) . 249
Acórdão de 22-1II-2007 (AzEVEDO RAMOS) (letra de favor) . 72
Acórdão de 13-XII-2007 (ALvES VELHO) (letra em branco; acordo de preen-
chimento) . 134, 137
Acórdão de 24-1-2008 (OUVEIRA ROCHA) (letra de câmbio; aval) . 184
Acórdão de l-X-2009 (ÁLVARORODRJGUES) (Iivrança; apresentação a paga-
mento) . 202, 243
Acórdão de 27-X-2009 (AzEVEDO RAMos) (Iivrança; fiança; aval coletivo) 194
Acórdão de 16-VI-2009 (FONSECA RAMOS) (títulos de favor) . 72
Acórdão de 29-X-2009 (SANTOS BERNARDINO) (livrança; cláusula sem
despesas) . 179

Relação de Lisboa

Acórdão de 2-IJ-1979 (ALCIDES DE ALMEIDA) (letra sacada por ordem de


terceiro) 150
Acórdão de 16-V-1996 (NASCIMENTO COSTA) (letra em branco) 134
Acórdão de 3-III-1998 (SIM6ES RIBEIRO) (cheque sem provisão)............... 268
Acórdão de 2-IV-1998 (OUVEIRA ROCHA) (letra em branco) 134
Acórdão de 17-rI-2000 (LOPES VALVERDE)(letra em branco) 134
Acórdão de 29-X-2002 (ABRANTES GERALDES) (aquisição de participação
social)...................... 50
Acórdão de 18-1-2007 (CAETANO DUARTE) (desconto e reforma de letra;
despesas) 224

Relação de Coimbra

Acórdão de 25-1I-1992 (VIRGÍLIO OLIVEIRA) (documento à ordem; títulos


atípicos) 65

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150 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

Acórdão de 28-XI-1996 (SAl"lTOSCABRAL)(cheque sem data e de garantia) 263


Acórdão de 2-I1-2010 (BARATEIROMARTINS)(letra; aceite; aval em branco) 187
Acórdão de 25-III-20 10 (JORGE ARCANJO) (letra; aval; ação executiva) 193

Relação do Porto

Acórdão de 9-V-1996 (SALEIRO DE ABREU) (letra de câmbio; restituição;


quitação) . 165
Acórdão de 8-IV-1997 (SOARESDE ALMEIDA)(livrança em branco) . 134, 139
Acórdão de 19-1-2010 (HENRlQUEANTUNES) (crédito ao consumo; livrança
em branco) . 74, 249

Relação de Évora

Acórdão de 4-VII-2002 (PEREIRA BAPTISTA) (cheque nominativo; des-


conto) 280

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ÍNDICE DE ASSUNTOS (*l

A lugar, 75
modificado, 78
Abstração, 24, 31 e ss. noção, 52, 74 e ss.
Ação Cambiária obrigatório, 75 e s.
de regresso, 100 parcial, 78, 88, 102
di reta, 100 por intervenção, 70, 92, 98
e ação fundamental, 99, 108, 125 prazo, 75
e cheque, 127 proibição de -, 58, 71, 76
e despesas, 101 protesto por falta de -, 75
e exceções cambiárias, v. voce propria recusa de -, 75, 90, 100
e intervenção provocada, 98 relevo atual, 54, 75, 78 e s.
e letra de câmbio, 99 e ss. riscado,76
e outros meios de tutela, 101 e s. Ações
e ressaque, 101 ao portador, 15, 30
e títulos executivos, 29, 41, 99 conversão, 31,45
prescrição, 41 e títulos causais, 22, 32
regime jurídico, 100 e s. e títulos corporativos, 16, 29
solidariedade passiva, 100 e títulos de crédito, 7, 9, 15
tipos, 99 e ss. e títulos em massa, 33, 132
Accomodation Bill, 38 escri turais, 15, 48
Aceite tituladas, 30
apresentação ao -, 74 e s. nominativas, 30
bancário, 74 v. Valores Mobiliários
condicionado, 78 Apólice de Seguro
declaração de -, 76 s. como título impróprio, 144
em branco, 76 como título nominativo, 143
excedentário, 78 endosso parcial, 143
exrraro de fatura, 134 noção, 142
e pagamento, 92 regime, 143 e ss.

(*1 As remissões são feitas para o número das páginas.

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152 Os TítuLos de Crédito - Uma Introdução

Assinatura Bilhetes do Tesouro, 27


a rogo, 64,119 BiLLofExchange, 51, 55, 58
de gerente ou administrador, 60, 77,
121 C
do avalista, 86, 88
do endossante, 80, 124 Câmara de Compensação, 91, 117
do sacado, 60 Cartas-Aviso, 96, 101
do sacador, 63 e s., 67 Cartões de Crédito, 116
e letra em branco, 66 e s. Causa, 32
e nascimento do título, 38 e s. Cautela de Penhor
falsa, 63, 119 como título real, 16, 29
localização, 76, 77, 80, 86, 88 e literal idade, 21
por conta de terceiro, 119 e títulos de crédito, 7, 9, 16
por procuração, 64, 119 noção, 136 e 5.
Aros de Comércio, 9 regime, 137
Auronomia v. Conhecimento de Depósito
do direito cartular, 24 e s., 104 e ss. Central de Responsabilidades de Crédiros,
do direito sobre o título, 25 e s., 106 e s. 94
e exceções cambiárias, 25, 27, 103 e ss. Certificado de Aforro, 132
Aval Certificado de Depósito
assinatura, 86, 88 como título à ordem, 30, 135
coletivo, 89 como título creditício, 16, 28
de cheque, 124 e deposite notes, 135
de letra, 85 e euro-dollar CD, 135
de livrança, 113 e literalidade,
declaração de -, 86 e livrança, 111
do aceitante e protesto, 88, 96 e títulos de crédito, 7, 9, 16
e desconto bancário, 86 noção, 134
e fiança, 85 e ss. regime, 135
e negócio de favor, 38 Cessão
efeitos, 87 e 5S. de créditos, 11 e s., 17,73,84, 124
em branco, 77, 86 de posição contratual, 145
exrrato de fatura, 134 Cheque
noção, 52, 85 ação cambiária, v. voce propria
parcial, 86 apresentação, 126
plural, 87, 89 assinatura, 119
vício de forma, 88 aval, v. voce propria
bancário, 129
B como quirógrafo, 120
como título à ordem, 30, 116, 123
Banco de Portugal, 49, 94, 117 como título ao portador, 30, 116, 123
Bilhete de Lotaria, 27 como título creditício, 16, 28, 115

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Índice de Assuntos 153

como título executivo, 12, 29, 41, 120 tomador, 115


como título nominativo, 30, 123 transmissão imprópria, 124
convenção de -, 122, 127, 128 trauellers check, 129
cruzado, 128 rruncagern, 49
datio pro solvendo, 125 vencimento, 126
de favor, 38 visado, 128
elerrón ico, 118 visto, 129
e cláusula de juros, 118, 127 Cláusula não à Ordem
e incorporação, como menção facultativa, 58
e letra, 55, 115 e s. e circulação imprópria, 31
e literalidade, 20 endosso com -, 83, 88
e livrança, 116 saque com -,73, 124
e títulos de crédito, 7 e ss., 16 Cláusulas
em branco, 117, 118, 120 de aceite proibido, 58, 71, 76, 88
emissão em série, 33 de domiciliação, 4, 58
endosso, v. voce propria de intervenção, 97
eurocheque, 130 de juros, 22, 58, 59 e s., 66, 118, 127
extinção, 120, 127 limitativa de responsabilidade, 83
funções económicas, 116 e s. não à ordem, v. uoce propria
incompleto, 120 para cobrança, 58, 66
menções obrigatórias, 118 para levar em conta, 129
modelo normalizado, 117 e s. penal, 59, 118
noção, 115 sem despesas, 58, 66, 83, 9G
pagamento, 118, 126 sem garantia, 83, 87
para depositar em conta, 129 sem protesto, 58, 66, 83, 9G
penhora, 124 sem regresso, 83, 87
perda, 127 CLearing Houses, 117
postal, 130 Conhecimento de Carga
pré e pós-datado, 117, 119 como título à ordem, 30, 140
prescrição, 41, 45, 127 como título ao portador, 30, 140
protesto, 127 como título causal, 32, 140
provisão, 115, 118, 122, 125 como título executivo, 141
relação de cobertura, 125 como título nominativo, 30, 140
relação de valuta, 125 como título real, 16, 29, 139
rescisão, 128 documentos de transporte, 139
revogação, 127 e carta de porte aéreo, 141
sacado, 115, 118 e crédito documentário, 140
sacador, 115,119, 122 e guia de transporte, 141
saque, v. voce propria e literalidade, 22, 141
sem provisão, 117, 125, 127 e posse do documento, 44, 139
telecompensação, 49, 117 e títulos de crédito, 9, 16
128 e ss.
tipos especiais, eletrónico, 48, 140

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154 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

noção, 138 consignação em -, 92


regime, 139 e ss. mercanril, 136
Conhecimento de Depósito Desconto, 53, 79, 86
como título à ordem, 30, 137 Desmaterialização, 15, 47 e ss.
como título causal, 32 Despesas, 101, 127
como título real, 29 Direito de Regresso
e lireralidade, 21 e ação cambiária, 100
e títulos de crédiro, 9, 16 e apresentação a pagamento, 92
noção, 136 e intervenção, 97
regime, 136 e ss. e intervenção provocada, 102
v. Cautela de Penhor, Wárrant e protesro, 95, 97
Consignação de Rendimenros, 45, 84 e reendosso, 81, 94
Consignação em Depósito, 92 "per saltum" , 101
Contrato recuperatório, 94
compra e venda internacional, 59 Direito dos Títulos de Crédito, 8 e ss.
compra e venda mercanril, 24, 133 Direito Uniforme, 55
crédiro ao consumo, 54, 65 Documento, 14 e ss.
depósito bancário, 135 Documenro Eletrónico, 15,47 e ss., 118
depósito mercanril, 32, 136 Documentos de Circulação
mútuo, 24, 32, 65, 110 circulação imprópria, 31
seguro, 142 circulação irregular, 31
transporte, 24, 32, 139 noção geral, 27, 43 e ss.
Convenção de Cheque, 122, 127, 128 Documentos de Legitimação, 27,43 e s.
Convenção Executiva Documenros de Transporre, 7, 139
e causa dos títulos de crédito, 33 Duplicatas, 56
e relações imediatas, 42
entre relações fundamental e cartular, 40 E
noção geral, 37
Convenção sobre Letras e Livranças, 55 Elfets de Commerce, 7, 8
Convenções Extracarrulares Endosso
e aceite, 77 ao portador, 62, 81
e literalidade, 21 apólice de seguro, 143
Conversão Negocial, 57 assinatura, 80, 124
Culpa Grave certificado de depósito, 135
e letra em branco, 68 cheque, 123 e s.
e portador mediaro, 26, 44, 84, 106 condicional, 80
conhecimento de depósito, 137
D e cessão de créditos, 73, 84, 124
e circulação ao portador, 62, 81
Datio pro Solvendo, 41, 99, 125 e negócio de favor, 38
Depósito e saque não à ordem, 73, 83
bancário, 135 efeitos, 82 e ss.

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Índice de Assuntos 155

em branco, 45, 62, 77, 81, 124 noção, 132 e s.


em garanria, 82 regime, 133 e s.
extrato de farura, 134 truncagem, 49
letra de câmbio, 79 e ss.
livrança, 112 F
não à ordem, 83, 84, 88, 124
noção, 52, 79 Falsificação, 31, 63, 119
parcial,80 Fiança, 85
por procuração, 82, 124 Furto, 31, 39,46, 67
posterior ao protesto por falta de
pagamento, 84
G
proibição, 83, 84, 88, 124
Guia de Transporte
reendosso, 81, 123
como título de crédito, 9, 16
relevo atual, 79 e s.
como título real, 16,28,141
sem despesas, 58, 66, 83, 96
e conhecimento de carga, 141
sem garantia, 83, 87
e literalidade, 21, 22
sem protesto, 83
e posse do documento, 44
sem regresso, 83
informática, 48
Enriquecimento sem Causa, 99, 127
Exceções I
cambiárias, v. voce propria
de preenchimento abusivo, 69 Imposto de Selo, 56
e autonomia, 103 e ss. Incorporação
extracartulares, 21 e s. e circulação de riqueza, 11
Exceções Cambiárias e desmaterialização, 47
absolutas, 102 noção, 17 e ss.
causais, 25, 32, 103 Insolvência
dilarórias, 103 do avalizado, 88
e autonomia, 25,27, 104 e ss. do sacado, 90, 100
exceptio dali, 105 do sacador, 90, 100
noção, 102 e transmissão de letras, 84
perentórias, 103 Instrumentos de Pagamento, 28, 116
reais, 103 Instrumentos Financeiros, 28, 33, 132
relativas, 102 Integração, 23
tipos, 102 e ss. Interpretação, 23, 57, 90
Extrato de Fatura Intervenção
como título à ordem, 30 aceite por -, 70, 92, 98
como título causal, 134 e ação de regresso, 98 e s.
como título creditício, 16, 28 espontânea, 98
e literalidade, 21 noção, 70, 97
e posse do documento, 43 pagamento por -, 70, 98
e títulos de crédito, 7 provocada, 98, 102

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156 Os Titulos de Crédito - Uma Introdução

J datio pro solvendo, 41, 99


de favor, 38
Juros documentaria, 59
cláusulas de -, 22, 58, 59 e s., 66, domiciliada, 62, 92
127 duplicatas, 56
comerciais, 60 e cheque, 55
e certificados de depósito, 135 e exceções cambiárias, v. uoce propria
e pagamento antecipado, 93 e insolvência, v. voce propria
moratórias, 10 1, 127 e literalidade, 21
e livrança, 54 e s., 109 e s.
L e títulos de crédito, 7 e ss., 16
e trespasse, 85
Lei Uniforme Relativa às Letras e Livran- elerrónica, 49
ças, 55 em branco, 65 e ss.
Lei Uniforme Relativa ao Cheque, 55, 117 endosso, v. vare propria
Letra de Câmbio época de pagamento, 61, 66
a certo termo de data, 63, 91 extinção, 107
a certo termo de vista, 63, 76, 77, 91 falsidade, 63
à vista, 63, 91 funções económicas, 53 e ss.
ação cambiária, v. vocepropria imposto de selo, 56
aceite, v. voce propria incompleta, 57, 68
assinatura, v. voce propria juros moratórias, 101
aval, v. voce propria lugar de pagamento, 57,61, 66, 91
cláusula "para cobrança", 58, 66 menções facultativas, 58
cláusula de aceite proibido, 58,71,76, menções obrigatórias, 56 e ss., 66
88 modelo normalizado, 56, 89
cláusula de domiciliação, 4, 58 noção, 51
cláusula de juros, 22, 58, 59 e s., 66 pagamento, v. voce propria
cláusula limitativa de responsabilidade, pagável em dia fixo, 77,90,91,92
83 perda, 39, 46, 107
cláusula não à ordem, 58, 73, 83 por várias vias, 56
cláusula penal, 59 pós-datadas, 63
cláusula sem despesas, 58, 66, 83, 96 preenchimento abusivo, 68 e s.
como quirógrafo, 57 prescrição, 41, 45, 107
como título à ordem, 30 protesto, v. voce propria
como título absrraro, 24, 31 reforma, 9, 46, 107
como título ao portador, 36, 62 relevo atual, 53 e s.
como título creditício, 16, 28 representação sem poderes, 64
como título executivo, 12,29,41,57, requisitos, 56 e ss.
99 sacado, 52, 60
conversão negocial, 57 sacador, 51, 67
cópias, 56 saque, v. voce própria

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fndice de Assuntos 157

subscritas por comerciante casado, 99 moeda fiduciária, 116


tomador, 52, 62 papel-,28
transmissão imprópria, 84 Mora, 92, 101,107
transmissão "mortis causa", 84
vencimento, v. voce propria N
Li teralidade
e regras de interpretação e integração, Negócios Cambiários
23 v. Saque, Aceite, Endosso, Aval
indireta,22, 141 Negócio de Favor, 38
noção, 20 e ss. Negotiable Certificates of Deposit, 11 1
parcial, 23 Negotiable Instrument, 7, 8
Livrança Nemo Plus Iuris, 11, 26
a certo de vista, 1 13 Notas de Banco, 27, 30, 36, 46, 116
aval, 113
como título à ordem, 30, 109 o
como título credirício, 16, 28, 109
e letra, 54 e s., 199 e s. Obrigações
e literal idade, 21 como título à ordem, 30
e títulos de crédito, 7 e ss., 16 como título ao portador, 30
em branco, 112 como título causal, 32 e s.
funções económicas, 110 como título creditício, 16, 28
imposto de selo, 112 como título em massa, 33, 132
menções obrigatórias, 111 e títulos de crédito, 7, 9, 16
modelo normalizado, 112 escriturais, 48
noção, 109 nominativas, 30
regime jurídico, 110 e s. v. Valores Mobilidrios
truncagem, 49 Obrigações do Tesouro, 28
visto, 113
p
M
Pacto de Preenchimento, 67 e s., 121
Má Fé Pactum de Cambiando, 33, 37
do endossado mediato, 84 Pagamento
e letra em branco, 68 antecipado, 93
e pagamento liberatório, 94 apresentação a -, 91
e portador mediato, 26,44,84, 105, consignação em depósito, 92
106 e mora, 92
qualificada, 105 e s. época de -, 61
sanação da -, 106 e s. efeitos, 93 e s., 107
Meios Eletrónicos de Pagamento, 116 falta de -, 99 e ss.
Moeda instrumentos de -, 116
escriturai, 53 lugar de pagamento, 61, 91

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Os Títulos de Crédito - Uma Introdução
158

moratória, 108 invalidade, 96


parcial, 92 noção, 52, 94
por intervenção, 70, 98 por falta de aceite, 95
v. Vencimento por falta de pagamento, 95
Penhor de Títulos de Crédito, 44, 137 prazos, 95
Penhora de Títulos de Crédito, 9, 124 tipos especiais de -, 95
Pessoa Coletiva Provisão, 115, 118, 122, 125
aceitante, 77
públicas, 27 Q
sacado, 60, 77
sacador, 121 Quirógrafo, 57, 120
tomador, 62
Portador R
de boa fé, 23, 25, 104, 106
de má fé, 26,44,84, 105, 106 Reforma dos Títulos de Crédito, 9, 46,
imediato, 23, 42, 105 107
mediato, 23, 25, 42, 104 Regresso, v. Direito de Regresso
títulos ao -, 30, 36 Relação Cartular
e relação fundamental, 40 e ss., 99,
Posse
de má fé, 26, 106 105, 108,125
desapossamento, 25, 39, 44 imediata, 42, 104 e s.
e aceitante, 78 mediata, 42, 104
e direito do portador, 43 nascimento, 38 e s.
e incorporação, 18 e ss., 92 noção, 35
legitimação da -, 19,43 Ressaque, 101
qualificada, 19
Prescrição, 41 e s., 45, 107 e s. S
Promissory Note, 109
Propriedade Corporativa, 29 Sacado
Protesto cheque, 115
e avalista do aceitante, 88, 96 insolvência, 90, 100
e cartas-aviso, 96, 101 letra de câmbio, 52, 60, 77
e Central de Responsabilidades de pluralidade, 60
Créditos, 94 Sacador
e cheque, 127 cheque, 115,119,121,122
e cláusula sem despesas, 58, 66, 83, insolvência, 90, 100
letra de câmbio, 51,63 e s., 67, 70
96
e conhecimento de depósito, 138 livrança, v. Subscritor
e letra de câmbio, 94 e ss. menores, 119
efeitos, 95 e s. pluralidade, 72
extrato de fatura, 134 Saque
funções, 94 à ordem do sacador, 71

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Índice de Assuntos 159

cheque, 118, 121 e s. como tipo extralegal, 131


condicional, 59 como título executivo, 12,29,41,57,
data, 63 99,120,141
letra de câmbio, 70 e s. consignação de rendimentos, 45, 84
livrança, 111 e s. conversão, 45, 57
lugar, 63 cópias, 56
modalidades especiais, 71 e ss., 123 corporativo, 16, 28 e ss.
não à ordem, 58, 73 creditício, 16,28 e ss., 54, 109, 115
noção, 51 e s., 70 datio pro soluendo, 41, 99, 125
plural, 72 de favor, 38
por ordem e conta de terceiro, 72 desmaterialização, 15, 47 e ss.
por procuração, 64, 72 e ato de comércio, 9
sobre o sacador, 71 e cessão de créditos, 11 e s.
Sociedades Comerciais e convenções extracartulares, 21, 77
sacado, 60, 77 e Direito Comercial, 8 e ss.
sacador, 121 e direitos de crédito, 16, 28 e ss., 54,
saque pelo sócio único, 72 109,115, 132, 134
tomador, 62 e direitos reais, 16,36, 136, 138
v. Pessoa CoLetiva e direi tos sociais, 16
Sol idariedade e documento eletrónico, 15,47 e SS., 118
aval, 88 e s. e documentos de legitimação, 19,27,
extrato de fatura, 134 43 e s.
letra de câmbio, 100 e usos, 21, 129
responsabilidade cambiária, 100 e valor mobiliário, 34, 132
Subscritor e vícios de vontade, 23
e Iivrança, 110 e vontade real, 21
em branco, 66, 76, 112 em branco, 65 e ss., 112
em massa, 33
T extinção, 45 e S5.
extravio, 39, 46, 67
Telecompensação, 49 falsificação, 31, 63, 119
Tito[i di Credito, 7 função de garantia, 41
Título de Crédito função de legitimação, 43 e s.
à ordem, 30 e ss., 109, 116 função de pagamento, 41
abstraro, 22, 24, 31, 109, 115 função económica, II e s.
ao portador, 19, 30 e ss., 116 furto, 31, 39, 46
atípicos, 36 e s. impróprio, 27, 144
cararerísricas, 12 e 55. incorporação, 17 e ss.
causal, 22, 31 e ss. individual, 33
circulação, 44 e ss. literalidade, 20 e ss.
circulação imprópria, 31 noção, 7 e ss.
circulação irregular, 31 nominativo, 19, 30 e ss.

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160 Os Títulos de Crédito - Uma Introdução

origem histórica, 10 e 55. v


penhor, 44,137
penhora, 9, 124 Valores Mobiliários
perda, 39, 46, 127 e provisão, 122
prescrição, 41 e s., 45 e títulos de crédito, 34, 132
privado, 28 e títulos em massa, 33 e s., 132
pro soluto, 41, 99 escriturais, 28, 48
pro solvendo, 41, 99 nominativos e ao portador, 31
público, 16, 27 v. Ação, Instrumentos Financeiros, Obri-
real, 16, 28 e 55., 36 gações, Obrigações do Tesouro
reforma, 46, 107 Vencimento
telecompensação, 49 a certo termo de data, 63, 90
terminologia, 17 a certo termo de vista, 63, 76, 90
ripicidade, 44 e s. à vista, 63, 90
tipos, 26 e 55. antecipado, 90
truncagem, 49 e pagamento antecipado, 93
usucapiâo, 45 em data fixa, 90
usufruto, 9, 44, 85 falta de indicação do -, 61
Títulos de dívida pública, 16, 27, 36 noção, 61, 89
Título Executivo, 12,29,41, 57,99, 120, modalidades atípicas, 90
141 prorrogação, 90
Título-Valor, 7 Vícios de Vontade, 23
Tomador Visto
certificado de depósito, 135 cheque, 129
cheque, 115 livrança, 113
letra de câmbio, 52, 62 e s.
livrança, 110 w
Truncagem, 49
Warrant
U como título real, 16, 29
e lireralidade, 21
Uniform Commercial Code, 55 e títulos de crédito, 7
Usos noção e regime, 136 e ss.
bancários, 129 v. Cautelas de Penhor
negociais, 21 Wechsel, 50
Usufruto de Títulos de Crédito, 9,44, 85 Wertpapier, 7

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ÍNDICE GERAL

Págs.
ARREVIATURAS 5

PARTE I
INTRODUÇÃO

l. Noção Preliminar 7
2. Origem Histórica e Função Económica la
3. Caraterísticas .. 12

3.1. Documento 14
3.2. Direito Privado................................................................................. 16
3.3. Incorporação..................................................................................... 17
3.4. Literalidade....................................................................................... 20
3.5. Autonomia 24

4. Tipologias.................................................................................................. 26

4.1. Títulos Privados e Públicos 27


4.2. Títulos Creditícios, Reais e Corporativos 28
4.3. Títulos Nominativos, à Ordem e ao Portador 30
4.4. Títulos Abstratos e Causais............................................................... 31
4.5. Títulos Individuais e em Massa........................................................ 33

5. Regime Jurídico. A Relação Cartular........................................................ 35

5.1. Conspecto Geral. A Tipicidade 35


5.2. Constituição 36
5.3. Conteúdo 40
5.4. Exercício e Circulação 43
5.5. Extinção. A Reforma dos Títulos 45

6. A Desmaterialização dos Títulos de Crédito.............................................. 47

Coimbra Editoraw
162 Os TítuLos de Crédito - Uma Introdução

PARTE II
A LETRA DE CÂMBIO
Págs.

1. Generalidades 51

1.1. Noção e Elementos........................................................................... 51


1.2. Função Económica, Figuras Afins e Fontes 53

2. Requisitos.................................................................................................. 55

2.1. Menções Obrigatórias....................................................................... 58


2.2. A Letra em Branco 65

3. Os Negócios Jurídico-Cambiários 69

3.1. Saque................................................................................................ 70
3.2. Aceite 74
3.3. Endosso 79
3.4. Aval · · ·........................... 85

4. As Vicissitudes das Obrigações Cambiárias 89

4.1. Vencimento. 89
4.2. Pagamento ·............... 91
4.3. Protesto 94
4.4. Intervenção 97
4.5. Ações Cambiárias 99
4.6. Exceções Cambiárias · 102
4.7. Extinção 107

PARTE III
ALIVRANÇA

1. Noção · ·................................................. 109


2. Requisitos.................................................................................................. 111
3. Regime Jurídico......................................................................................... 112

PARTE IV
O CHEQUE

1. Noção · · ·..................... 115


2. Requisitos.................................................................................................. 117
3. Regime Jurídico ·.......... 121

Coimbra Editora®
Índice geral
163

PARTE V
OUTROS TÍTULOS DE CRÉDITO

Págs.
1. Extraro de Fatura....................................................................................... 132
2. Certificado de Depósito 134
3. Conhecimento de Depósito e Cautela de Penhor...................................... 136
4. Conhecimento de Carga 138
5. Apólice de Seguro...................................................................................... 142

íNDICE DE JURlSPRUD~NCIA.............................................................................. 147


ÍNDICE DE ASSUNTOS.. 151

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