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HISTÓRIA E LENDA DA BELEZA DO CABELO

Devemos aos antigos gregos a criação da palavra “Cosméticos”, ela deriva do


verbo “Kosmein”, cuja tradução significa enfeitar, adornar ou embelezar, e.este
verbo, aparentado na raíz com o substantivo “Kosmos” (mundo. Universo), já nos
dá a idéia e entender o eterno desejo, aliás universal, do homem embelezar-se.
Também a palavra ginástica, deriva da língua grega de “gimno”, em português“nu”
Já esta consideração etimológica, faz-nos ver, como era a preocupação e o valor
que os antigos gregos atribuiam ao cuidado do seu corpo. Esta preocupação incluia
sempre o cuidadoso tratamento do cabelo, como nos provam inúmeras estátuas e
obras de arte de homens e mulheres, que demonstram tanto bom gosto e fantasia,
que ainda hoje podem servir de
modelo.
Infelizmente, porém nada ou muito pouco sabemos a respeito dos métodos que
permitiram fazer os penteados muitas vezes artísticos mesmos, e como eles
seguravam. Nas estátuas, estes penteados, se nos apresentam de rijeza ideal, mas
na realidade, não eram tão corretos. Não raras vezes, como consta da antiga
literatura grega, jovens passavam longas horas no seu cabeleireiro para pentear-
se, frizar e perfumar seus cabelos. Esta vaidade, por vezes sem limite, tinha o seu
significado especial, pois até se fala de concursos de beleza entre rapazes. Outro
grande povo civilizado da antiguidade, os romanos, por estranho que pareça,
aproveitaram-se quanto ao tratamento do cabelo do que souberam dos gálicos
germânicos. Foi na fronteira dos seus territorios onde descobriu novamente o
sabão, como nos conta, Plínio, o velho almirante romano, que correu o mundo, é
autor da volumosa “História Naturalís”. E foi também aí, que encontrou

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provavelmente pela primeira vez, uma massa denominada “Sapo” feita do sebo da
cabra e cinza de madeira de Faia. No entanto ninguém se lembrou de lavar-se com
esta espécie de sabão. Pelo contrário, serviram-se dela para clarear, ou até corar
os cabelos. A clareação do cabelo, talvez por alcalinos ou ou-tros ingredientes
desconhecidos, levou as mulheres romanas de cabelos escuros, a mandar vir das
províncias gálicas e germânicas, sabão líquido para os cabelos, ou bolas de sabão.
Ë possível que um outro legionário, voltando das fronteiras bárbaras, trouxesse
consigo tais sabões, para oferecer à mulher ou amiga. Esta viu-se então, horas e
horas exposta ao sol. Debaixo de um curioso chapéu de palha propriamente dito,
só era uma aba. O cabelo assim exposto ao sol deveria branquear-se, sem que o
rosto se queimasse, pois uma palidez distinta, era mais apreciada pelas mulheres
romanas, do que um moreno campesino. Marcial,o satírico romano, censurou num
poema, esta correção violenta do cabelo, escrevendo a uma amiga: “Galha’. o seu
toilete compõe-se de cem mentiras pois vivendo em Roma no Rheno enrubesce o
seu cabelo. Mas em outra ocasião as palavras do Marcial representam até uma
recomendação dizendo: Se você quer trocar os velhos cabelos, grisalhos, não entre
porventura calva então tome as pílulas dos “Mattiakeros”. Os Mattiakeros eram um
povo que vivia ao pé do Taunus (montanha perto do Frankfurt). Também Ovídio,
referiu-se ao “Sapo”, e escreveu que considera prejudicial o seu uso para o
tratamento do cabelo, provando assim que já naqueles tempos remotos era
conhecido o perigo de um conteúdo alcalino, demasiadamente alto de sabão Diz-se
que Cleápatra, a genial amiga de César, última rainha do Egito, inventou uma
pomada de banha de Urso, para o cabelo, Graças a achados arqueológicos e
Relatórios foi possível conhecer as substâncias de tais pomadas antigas: gorduras,
resina sorax, cera de abelhas, mas também mel de abelha, César soube sem
dúvida apreciar não só o cabelo de sua amiga, untado com banha de urso, como
também, era desejo seu, que os soldados se untassem também. O autor das
biografias de César, Tuctônio, relata que este grande cabo de guerra costumava
orguhar-se de que os seus soldados lutavam bem, quando untados. Queria dizer
com isto, que os seus guerreiros, estariam a qualquer altura prontos para lutar
mesmo que tivessem de sair no meio de um banquete, ao qual era hábito, assistir
com os cabelos e a nuca untados esuntuosamente perfumados. Quanto ao homem
no início da idade média, é de lamentar que muito pouco se sabe sobre o
tratamento do cabelo nesta época. No entanto de quadros e descrições, é-nos

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permitido deduzir que pelo menos a camada mais categorizada do povo ligou a
maior importência a vistosos penteados, tanto para a mulher, como para os
homens. No tempo dos Carolíngeos era até comum o uso de entrelaçar com fios de
ouro ou de prata os cabelos, fingindo um brilho extraordinário. O exemplo de um
avançado tratamento higiênico do cabelo, mediante lavagens, foi-nos legado por
um imperador medieval. O boêmio Venceslau, oriundo da casa de Luxemburgo
(1364/1419) era adepto da doutrina dos “quatro humores” do médico romano
Galeno,e estava convencido de que mediante lavagens regulares da cabeça, seria
possível restabelecer “o equilíbrio dos humores” no corpo, e obter boa saúde. Foi
ele que tornou honesta a profissão dos antigos barbeiros, conferindo-lhes uma
privilégio que lhes permitiam exercer livremente a prática da “lavagem de cabeças’
A sua fiel governanta, Barbara Muffel até foi recompensada graças as excelentes
lavagens da cabeça imperial, que executou agradecida com um pedaço de lenho
sagrado. Passando do imperador Venceslau para os tempos modernos, podemos
verificar com satisfação que os meios de lavar a cabeça e o tratamento do cabelo
estão hoje ao alcance de todos os homens civilizados. A cosmética do cabelo, por
meio de preparos garantidos e muitas vezes aprovados é hoje absolutamente
natural para todos. Os laboratórios de pesquisa esforçam-se constantemente para
desenvolver melhores produtos, para todas as necessidades capilares.

SOBRE CABELOS

Os cabelos revelam muitas facetas da pessoa. Principalmente quando a dita é do


sexo feminino. Cores e cortes facilitam a leitura do ser, assim como as roupas
emolduram o corpo, enunciando significados. A omissão destes artifícios implica na
obstrução do ver, inibindo juízos diante dos mistérios que a revelação esconde.

Cabelos são ramificações do “eu” que se derramam no exterior a partir da parte


mais sensível do corpo. Dos cinco sentidos de que dispomos para experimentar o
mundo, quatro restringem-se à cabeça. E o sexto deve andar por lá também.
Apenas o tato é comum a toda pele. Provenientes de local tão visado, os dizeres
que melenas ostentam são variados e complexos.

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Podem comunicar virilidade e força, como no clássico exemplo do personagem


bíblico Sansão. Como sabemos, o pobre é vítima da ardilosa Dalila, que surrupia
seus poderes quando tosa-lhe os cachos.

Várias são as crenças que associam o estado monástico com cortes de cabelo.
Nestes casos, podem representar uma ruptura com as percepções antigas, auto-
imolação [sacrifício de iniciação] ou mesmo o desprendimento no tocante às
vaidades.

Raspar a cabeleira também pode atender a alguma necessidade higiênica.


Interessantes opiniões skinheads têm a oferecer neste sentido.

Seguindo a linha, podemos mencionar o episódio ocorrido no início do


século XIX, envolvendo D. João VI e sua esposa, Carlota Joaquina, quando
empreendiam fuga de Portugal rumo às paisagens brasileiras. De acordo com
relatos da época, o navio que os transportava viu-se assolado por uma praga
de piolhos. Sendo obrigada a raspar a cabeça para conter a propagação dos
inconvenientes parasitas, Dona Carlota esconde a careca com lenços e lança
moda em Terra Brasilileiras. Mas Carlota não foi exatamente uma pioneira. Já
no Egito antigo a nobreza muitas vezes optava por raspar todo o cabelo e
utilizar perucas em seu lugar.

E se o assunto é peruca, a monarquia absolutista sabe muito bem como não ficar
para trás. O século XVII adornou muitas cabeças masculinas com perucas brancas
e volumosas, enquanto no século seguinte chegou a vez das mulheres
extrapolarem: os fios ganharam o complemento de passarinhos empalhados,
miniaturas de caravelas e outros tantos, compondo verdadeiras obras
arquitetônicas que poderiam chegar a um metro de altura.

Perucas são identidades cambiantes, por isso – em nosso imaginário – muitas


vezes vêem-se atreladas à idéia da farsa, do personagem travestido. É
complemento artificial [como se os outros não fossem…], o que leva o homem que,
de repente, se descobre seduzido por um punhado de cabelos descompromissados
a sentir-se ultrajado.

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Isto porque cabelos femininos representam, em grande medida, sedução. Pode um


homem sentir-se atraído pelo exótico brilho ruivo de misteriosa mulher ou adoecer
de amores por nuances castanhas… O preto intenso pode hipnotizar seus sentidos
e o loiro… ah, o loiro… Mas deve ser um tanto quanto desestabilizador perceber
que o objeto de encanto e conquista não passa de… enfim, mero objeto.

Tamanho é o poder de sedução desta inigualável penugem humana que a história


não cansou de passar tesouras a fim de punir prostitutas e adúlteras, além de
fragilizar acusadas de bruxaria, como no famoso caso de Joana D´Arc [a donzela
francesa, canonizada cinco séculos após tostar na fogueira]. Isto sem mencionar
muçulmanos e judeus mais conservadores, que preferem escapar das tentações
recomendando o uso de véus.

A História atribuiu aos cabelos o poder feminino de levar tantos homens a perderem
o juízo. Nesta lógica, escondê-los é adequado, mas é preciso derrotá-los quando
indômitos. Extraí-los equivale à violência de arrancar as presas de um leão. Jogar
às ruas mulheres carecas equivale a expô-las à humilhação pública, frisando a
verdadeira identidade que supostamente vê-se descoberta.

Mulheres e seus cabelos muitas vezes contam histórias de mal e perdição. Que o
diga Medusa, a ninfa que a todos enfeitiçava com seus doces cachos loiros. A bela
pagou caro por se meter com quem não devia. Segundo as más línguas, foi a
deusa Atena, enciumada, quem transformou a poderosa numa megera de cabelo
rebelde. No lugar dos fios, multiplicaram-se cobrinhas nada simpáticas que
petrificavam quem as fitasse. Isto sim é que é um estrago. Perto de Medusa, uma
cabeça raspada é até consolo.

CABELEIRA FRISADA

O trançado dos cabelos era uma prática comum feminina entre os romanos e
outros povos do período neotestamentário, envolvendo penteados elaborados,
algumas vezes com mistura de elementos decorativos como finas argolas de ouro,
pérolas e pedras preciosas. A denúncia contra essa prática nas páginas do Novo

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Testamento, deve-se aos exageros que a prática envolvia, e também porque as


mulheres que apreciavam o costume geralmente mostravam-se por demais
preocupadas com a sua aparência pessoal atrativa, fisicamente falando,
presumivelmente com uma negligência paralela às qualidades espirituais.
Cabelos
No Hebraico, temos duas palavras que significam cabelo, e no Grego, também
duas, a saber:
1. Sear, (cabelo). Palavra hebraica que figura por vinte e quatro vezes na Bíblia.
2. Saarah (cabelo). Palavra hebraica que aparece por sete vezes na Bíblia.
3. Thríks (cabelo). Palavra grega que ocorre por quatorze vezes na Bíblia.
4. Kóme (cabeleira). Palavra grega usada por vinte e sete vezes na Bíblia.
Os cabelos são assunto importante na Bíblia, e também na experiência humana. As
mulheres estão sempre procurando ajeitar melhor os cabelos, para melhorar sua
aparência, e a maioria dos homens preferiria que as mulheres deixassem seus
cabelos soltos e longos. Quase todos os animais têm pelos que podem ser
chamados por diferentes nomes, como lã ou penugem. O homem utiliza-se do pelo
dos animais de muitas maneiras, tecendo-os ou não, para a fabricação de tecidos
ou para rechear travesseiros ou colchões (Marcos 1.6; 1 Samuel 19.13).
Costumes Humanos
1. Entre os egípcios. Comentando sobre o assunto, Heródoto afirmou que os
homens egípcios só deixavam crescer o cabelo e a barba quando de luto, e que,
em todas as outras ocasiões raspavam-nos. Isso concorda com o trecho de
Gênesis 41.14, onde vemos que José barbeou-se quando saiu da prisão para
apresentar-se diante de Faraó. Parece que os motivos dos egípcios eram alguma
mania de higiene exagerada. Lemos que os sacerdotes egípcios mostravam-se
fanáticos quanto a isso, raspando todo o pelo do corpo a cada 3 dias. Até a cabeça
das crianças era raspada, sendo deixados cachos ao redor da mesma, como
decoração. Entretanto, as mulheres egípcias nunca raspavam os cabelos, nem
mesmo quando de luto. Pelo menos os egípcios davam seu voto ao
reconhecimento universal da beleza da cabeleira feminina.
2. Entre os Assírios e Babilônios. As esculturas e as gravuras que os arqueólogos
têm achado mostram que os assírios e babilônios usavam cabelos longos, homens
e mulheres. Heródoto também diz que esses povos usavam cabelos longos.
Parecem que eles usavam perucas para aumentar o volume dos cabelos.

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3. Entre os Gregos e Romanos. Desde os tempos mais remotos os gregos, tanto


homens quanto mulheres, usavam cabelos longos, exceto quando se lamentavam
pelos mortos, quando os cabelos aparados eram um sinal de luto. Algumas vezes,
os cabelos enrolados, formando um nó, ou então seguros com um espécie de
alfinete grande. Os escravos com freqüência usavam cabelos curtos e um cidadão
ateniense livre jamais haveria de imitar os escravos, usando cabelos curtos. As
mulheres gregas usavam cabelos longos, embelezando-os com vários penteados e
enfeites, incluindo jóias e alfinetes de cabelo de muitos tipos. Esses alfinetes eram
feitos de ouro, de prata, de bronze, de marfim e até de pedras preciosas. Eram
usados artifícios para tingir os cabelos, quando as damas se cansaram de ver seus
cabelos da mesma cor todos os dias. Entre os romanos, haviam paralelos desse
costume. Os homens romanos.tal como os gregos, nos tempos antigos usavam
cabelos longos. Ter cabelos curtos era identificar-se com os escravos, que os
usavam curtos. Porém, por volta de 300 A.C., esse costume sofreu mutações,
quando apareceram os primeiros barbeiros na Sicília. Cipião teria sido o primeiro
cidadão romano a barbear-se todos os dias. As barbas ficavam em moda e saiam
de moda. Por volta do século li D.C., o costume era cortar os cabelos bem curtos,
segundo faziam os atletas e os filósofos estóicos. Se atentarmos ao que Paulo diz,
no décimo primeiro capítulo da sua primeira epístola aos Coríntios, é quase certo
que tantos gregos quanto romanos dos seus dias costumavam usar os cabelos
curtos, no caso de homens; pois, de outra sorte, suas declarações ali não fariam
sentido. Ver Romanos 11.14. Para Paulo, a própria natureza ensina que os homens
deveriam usar cabelos curtos, e que as mulheres deveriam usar cabelos longos.
Essa declaração seria impossível de compreender se, em sua época, os costumes
fossem consideravelmente diferentes disso.
4. Entre os Hebreus. Os homens hebreus tinham grande respeito pela barba,
imaginando toda a espécie de virtude para a mesma. Mas a calvície chegava a ser
motivo de zombarias (li Reis 2.23). Os jovens de ambos os sexos usavam longos
cabelos soltos. Os nazireus continuavam deixando seus cabelos longos. Mas
parece que outros homens hebreus , quando atingiam a idade da responsabilidade,
talvez aos trinta anos, costumassem cortar seus cabelos. Naturalmente, temos o
relato sobre Absalão, que continuou usando cabelos longos. E, se ele assim fazia,
é razoável presumir que outros também o fizessem, mesmo que isso não fosse
regra geral. Na época de Paulo, de acordo com 1 Coríntios 11.14, o uso de cabelos

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curtos por parte dos homens judeus devem ter sido um costume universal, pois, de
outra maneira, o que ele diz ali não teria o menor sentido. Mas, as mulheres judias,
tal como as mulheres de outras culturas, muito se esforçavam em embelezar seus
cabelos. Esse tipo de atividade ocorria até mesmo entre os cristãos, e Paulo achou
por bem censurar o exagero, no que foi secundado por Pedro. Josefo informa-nos
que até mesmo homens davam-se ao trabalho de embelezar seus cabelos. O
trecho de Ezequiel 44.20 parece dar a entender que, de vez em quando, os
homens aparavam seus cabelos com uma navalha. Surgiram certos profissionais
que cuidavam dos cabelos das pessoas, como os barbeiros e as cabeleireiras
(Ezequiel 5.1).
5. Na Igreja Cristã Primitiva. Paulo é quem nos fornece as linhas mestras, quanto a
esse particular. As mulheres crentes devem usar cabelos longos, e os homens
crentes, cabelos curtos (1 Coríntios 11). Paulo apelou para a natureza, como se
esta nos desse esse tipo de instrução, não parecendo depender dos costumes
sociais como diretrizes. Visto que o costume social da época ditava que as
mulheres honestas deviam usar cabelos longos, somente as prostitutas, ou, talvez,
as que se lamentassem por seus mortos, contradiziam a regra geral. Nesse trecho
paulino, não há como justificar cabelos curtos para as mulheres crentes. Se
insistirmos que é correto que as mulheres cortem seus cabelos, então teremos de
afirmar que o que Paulo ensinou sofria a influência dos costumes sociais de sua
época, pelo que não seria aplicável aos nossos dias embora tornasse a ser
aplicável em alguma época futura.
6. Usos Figurados. Os cabelos simbolizam a virilidade e a fertilidade. Em um sonho
ou visão, os cabelos podem ter esse significado. Além disso, os cabelos são um
símbolo natural da beleza feminina. No entanto, os cabelos de uma pessoa podem
ser cortados sem que ela sofra muito com isso. Isso posto, os cabelos também
simbolizam aquilo que tem pouco valor para uma pessoa. Podemos entender
muitas coisas, através das metáforas que usam os cabelos como uma distância
minúscula (Juizes 2026); os cabelos grisalhos dão a idéia de honra ou autoridade,
ou então decadência física e desintegração. Cobrir a barba ou o rosto, de baixo até
o nariz, é sinal de lamentação, ou então de tribulação e vergonha. O fato de que
nossos cabelos estão todos contados na mente divina ilustra o valor da alma
humana para o nosso Deus (Mateus 10.30). Quando os cabelos ficam eriçados,
isso significa medo ( o que, realmente, pode suceder!). O ato de arrancar os

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cabelos significa consternação e tristeza. A unção dos cabelos é sinal de alegria ou


respeito, quando esse ato é realizado em favor de outras pessoas.
7. Significação Religiosa dos Cabelos. Os povos primitivos modificavam o estilo de
seu penteado em ocasiões especiais, como no período de lamentação pelos
mortos, para indicar arrependimento por erros praticado, etc. Os cabelos longos
representam a força e a vitalidade físicas, como no caso de Sansão (Juízes 16.17),
bem como a dedicação a Deus, como através de um voto. Os cabelos também
simbolizam as provisões de um voto feito a Deus e a sua perpetuidade, enquanto
os cabelos permanecessem longos. Raspar os cabelos, por sua vez, indica
humilhação, punição, desgraça. As ordens monásticas cristãs cortam os cabelos
em sinal de iniciação. Os ascetas e eremitas hindus encontram alguma significação
no arranjo ou desarranjo dos cabelos, como símbolo de seu ascetismo. Entre os
hindus, algumas vezes eles cortam os cabelos e oferecemos a alguma divindade,
como um sacrifício ou símbolo do sacrifício do corpo inteiro, na busca pelas
realidades espirituais. Na Grécia antiga, os cabelos eram oferecidos pelos jovens,
aos deuses, em seus ritos de iniciação.

ALGUNS DADOS SOBRE A HISTOLOGIA DA ARTE DO CABELEIREIRO

PENTEADO

Na época de Luiz XIV uma peruca de cabelos humanos, custava de 2.000 a


3.000 francos. Em 1671 uma peruquera francesa inventou um novo tipo de
penteado que consistia em pentear com bucles, fortemente enrolá-los e frisá-
los em volta da cabeça, a este penteado se deu o nome de Hurluberlu.
A côrte ficou indignada com aquela inovação. A Sra. Sevigne, que em sua
carta de 4 de abril daquele ano descrevia de um modo minucioso, como algo
pouco inteligente, estava indignada com aquela invenção, mais tarde quando
viu a cabeça da Duquesa Sully, a condessa ficou tão entusiasmada com o
penteado, que desejou ser penteada da mesma forma. Usava-se também
adornar o penteado com flores.
Em 1760, iniciou-se uma variação; o cabelo se levantava sobre a frente

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formando um alto topete e caía por detrás das orelhas em largos bucles, e
caiam macios sobre o colo. Os penteados mais sofisticados requeriam a mão
de um cabeleireiro.
O primeiro homem a pentear senhoras em Paris, foi Mr. Frison e
compartilhou a celebridade com Sarseneur e Dagé, este último, conhecido
especialmente por ter negado a pentear Pompadour.
Segros(Paris) em 1765, publicou uma obra sobre a arte de pentear a
cada dama, seguindo-se traços distintos de cada caráter e abrindo ao
mesmo tempo uma academia dividida em três partes (classes) aos desejosos
de instruir-se nos segredos do ofício, O famoso Segros foi vítima de uma
catástrofe em uma festa dada em Paris na ocasião das bodas de Maria
Antonieta.

DIA DO CABELEIREIRO E DIA DO BARBEIRO (6 de setembro)

PRÉ-HISTÓRIA

Já na Pré-história, o homem das cavernas se esforçava para tratar e arrumar


os cabelos. Achados arqueológicos de pentes e navalhas de pedra

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comprovam isso. O primeiro apogeu na arte de penteados ocorreu no velho


Egito, há cerca de 5 mil anos. Perucas sofisticadas mostram a habilidade dos
cabeleireiros que na corte dos faraós gozavam grandes prestígios.

GRÉCIA ANTIGA

No século II AC, na Grécia antiga, para encontrar um verdadeiro penteado


requintado era conveniente dar asas à imaginação e ir até ao topo do Olimpo:
espaço reservado aos deuses e deusas. Os penteados ostentavam algumas
sobriedades e fantasias, prevalecendo os cabelos louros, frisados, com
caracóis estreitos e discretos, com franjas em espiral.

Foram os gregos que criaram os primeiros salões de cabeleireiro (koureia),


em Atenas, construídos sobre a praça pública, o Ágora. Lá, os Kosmetes
ou "Embelezadores de Cabelo", escravos especiais, circulavam
soberanos. Os escravos cuidavam dos homens e as escravas das
mulheres. Vemos que os cabelos, em particular, tiveram o privilégio de um
espaço próprio.

Eram perfumados com óleos raros e preciosos, matizados com tons tintos ou
descolorados, uma vez que a cor mais em voga era a loura. Nos penteados
femininos, utilizavam-se faixas e laços por cima dos cabelos lisos e
compridos. Mais tarde, a moda lançou os caracóis e os rolos de cabelos. Os
penteados eram enriquecidos com pentes fiados em bronze ou marfim.

Na Grécia Antiga, a moda dos cabelos se mantinha por 2 a 3 séculos. A mudança


era mais rápida na Roma Antiga, onde as esposas dos soberanos eram os
exemplos, sendo seguidas por todas. A essa altura, no Império Greco-
Romano, gregos e gregas faziam os cabelos dos romanos e penteavam as
romanas. Nesses salões, discutiam-se novidades e propagavam-se as
fofocas. Se antes existiam particularidades regionais, a partir de Luís XIV, a
moda francesa dominou todas as civilizações.

Na Grécia antiga, as imagens utópicas das divindades mitológicas assumiam um


ideal de beleza e perfeição corporal. Essa preocupação estética levou à
necessidade de um espaço exclusivo e adequado para o tratamento de

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beleza, incluindo o capilar. Assim, surgiram os primeiros salões de beleza


e a profissão de barbeiro, exclusiva do sexo masculino. Já nessa época,
os barbeiros completavam os penteados com falsos cabelos. Os calvos,
usavam cabelos artificiais e cabeleiras (perucas).

Os homens pertencentes à nobreza e os guerreiros, apresentavam cabelos


compridos, sustentados por faixas, correntes ou condecorações. Os
adolescentes copiavam os penteados de Apolo e Arquimedes, enquanto os
velhos e filósofos usavam cabelos longos e barbas densas, como símbolo de
sabedoria.

As barbas e bigodes eram cortados com ponta de lança, à imagem de uma


sociedade de gladiadores. Os escravos, que não se distinguiam dos
homens livres, apresentavam cabelos curtos e lisos, não se permitindo
barbas nem bigodes. Nas antigas culturas, quem pegasse na barba ou
cabelo de uma pessoa, era severamente punido, pois significava um atentado
à honra e uma intromissão em sua psique. Assim, a profissão de barbeiro
foi associada à manutenção da saúde física do indivíduo.

A Grécia Antiga era requintada em ideais de beleza e de perfeição corporal.

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Os cabelos em particular tiveram o privilégio de um espaço próprio, os salões de


cabeleireiro. Um mergulho na história à profundidade do Séc. II A.C., ao encontro
das raízes mais profundas da Grécia antiga.

Pela criatividade dos gregos surgiram os salões de cabeleireiro. Pelo menos é o


que diz a História, apesar da origem e do espaço dedicado à beleza capilar passar
quase despercebida por entre os profissionais cabeleireiros.

Os achados arqueológicos transportam testemunhos preciosos, as estátuas


gregas, as pinturas expostas nos museus e as coleções privadas são provas dos
ideais da época.

Na Grécia Antiga os penteados ostentavam algumas sobriedades e fantasias


prevalecendo os cabelos louros, frisados, com caracóis estreitos e discretos com
franjas em espiral, que com o tempo foram esquecidas, por influência de um
Oriente próximo. Esta imagem quase utópica é particularmente visível nas
principais divindades da mitologia grega, que assumiam um ideal de beleza e
perfeição corporal.

Vênus, a deusa do amor, apresentava longos cabelos que exalavam um odor divino
de Ambrósia.

Diana, a deusa da caça confiava os seus belos cabelos louros aos cuidados das
ninfas.

Marte, o deus da guerra, apresentava também cabelos louros, no entanto curtos.

Quanto a Zeus e Apolo, além das características comuns aos outros deuses,
tinham a particularidade de possuir barba.

O brilho dos intérpretes míticos evocados num grande registro literário, a Odisséia,
é refletido na preocupação estética dos cidadãos gregos, a importância da
aparência levou à necessidade em criar um espaço adequado para o tratamento de
beleza e do tratamento capilar e, desta forma, surgiram os primeiros salões de
cabeleireiro (koureia), em Atenas, construídos sobre a praça pública, o Ágora.

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Os cabelos eram perfumados com óleos raros e preciosos, matizados com tons
tintos ou descolorados, uma vez que a cor mais em voga era loura.

Alguns penteados eram completados por falsos cabelos ou mesmo encobertos por
perucas.

Os calvos, porém, procuram cabelos artificiais e cabeleiras. Os homens


pertencentes à nobreza e os próprios guerreiros apresentavam cabelos compridos,
um punhado de cabelo era sustentado por uma faixa, vulgarmente designado por
"crobylos".

Condecorações e correntes acompanhavam, por vezes, os penteados masculinos.

As barbas e bigodes eram cortados com ponta de lança, à imagem de uma


sociedade de gladiadores.

Os escravos, que não se distinguiam dos homens livres, apresentavam cabelos


curtos e lisos, não se permitindo barbas nem bigodes.

Quanto aos penteados femininos, utilizavam-se faixas e laços por cima dos cabelos
lisos compridos.

Mais tarde, a moda lançou os caracóis e os rolos de cabelos. Os penteados eram


enriquecidos com pentes fiados em bronze ou marfim.

Além dessa grande "invenção" grega, que foram os salões de cabeleireiro, a


profissão de barbeiro ficou também célebre. Sem dúvida, pelas mãos dos gregos
abriram-se "portas" ao mundo mágico do cabeleireiro, revelando que estes são
os melhores profissionais para cuidarem da nossa imagem, particularmente dos
nossos cabelos.

No começo do século XVIII, as mulheres casadas usavam uma touca para


esconder os cabelos e somente o marido delas poderia ver seus cabelos
soltos. Maria Madalena, a pecadora, foi sempre representada com cabelos
longos e soltos, ao contrário das Santas, que usavam toucas ou presos.

Jornais de moda, nos séculos XVIII e XIX, divulgavam os estilos por toda a Europa.
Seguia-se o exemplo das casas reinantes de Paris e Viena, e também de

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todas elites européias. Os primeiros cabeleireiros para senhoras foram os


Coiffures parisienses, Leonard, Autier e Legros Rumigny, que prestavam seus
serviços à Rainha Maria Antonietta e recebiam altos salários.

Quando nos anos 20, a moda exigia cabelos "a la garçonne", os partidários do
cabelo comprido polemizaram que cabelo curto era vergonha para a mulher.
Entretanto, as mulheres, cada vez mais envolvidas na sociedade e no
trabalho, não mais admitiam seguir tradições que remontavam à Idade Média.
Compreenderam que a moda de penteados serve como espelho da mudança
social, pois o cabelo reflete atitudes pessoais, artísticas, mundanas e
religiosas.

Os salões dos barbeiros ofereciam também banho quente, sauna e massagem,


cortavam unhas dos pés e das mãos e também respondiam pela saúde do
indivíduo, entretanto, esses os serviços eram pagos pelo público. A sangria
era um lucrativo setor desse ofício. Nos séculos XVI e XVII, os barbeiros
foram acusados de praticar a sangria despudoradamente.

Só no século XIX, o oficio de médico e de cirurgião dentista foi separado da


profissão de barbeiro, porém, alguns continuaram a atuar como dentista
até bem pouco tempo. No século XX, surge a figura feminina nos salões
de barbeiros, tanto no exercício da profissão quanto na clientela. Os
salões tornaram-se unissex e parece que essa tendência veio para ficar
por muito tempo.

BARBEIROS AMBULANTES

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A cena aqui desenhada passa-se nas proximidades do Largo do Palácio, perto do


mercado de peixe. Dois negros de elite estão sentados no chão; a medalha do
que está ensaboado indica sua função na alfândega. Ambos aguardam, numa
imobilidade favorável a seus barbeiros, o momento de remunerar-lhes a
habilidade com a módica importância de dois vinténs.

A forma e os ornatos dos chapéus dos jovens barbeiros datam da época da


fundação do império brasileiro. Com efeito, naquele momento de entusiasmo
nacional, as freqüentes revistas e paradas introduziram o gosto pelas coisas
militares em todas as classes da população, e os negros, naturalmente
imitadores, transformaram o schako* em um chapéu de palha grotesco,
ornado de uma roseta nacional e de dois galões pintados a óleo; uma pena de
pássaro substitui o penacho do uniforme.

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O outro chapéu é também de palha, pintado a óleo com as cores imperiais, verde e
amarelo. A invenção se deve aos negros, pintores dos cenários usados pelos
senhores nas festas públicas, e o resultado parece tanto mais feliz quanto a
camada impermeável prolonga indefinidamente a vida do frágil chapéu de
palha.

Relegados, em verdade, para o último degrau da hierarquia dos barbeiros, esses


Fígaros nômades sabem, entretanto, tornar sua profissão bastante lucrativa,
pois, manejando com habilidade navalha e tesouras, consagram-se à faceirice
dos negros de ambos os sexos, igualmente apaixonados pela elegância do
corte de seus cabelos. Compenetrados e sagazes vagueiam desde manhã
pelas praias, nos pontos de desembarque, pelos cais, nas ruas e praças
públicas, ou em torno das grandes oficinas, certos de encontrar clientes entre
os negros de ganho (carregadores, moços de recados, os pedreiros, os
carpinteiros, os marinheiros e as quitandeiras).

Um pedaço de sabão, uma bacia de cobre de barbeiro, quebrada ou amassada,


duas navalhas, uma tesoura, embrulhados num lenço velho à guisa de
maleta, eis os instrumentos com que lidam os jovens barbeiros, apenas
cobertos de trapos quando pertencem a um senhor pobre, e sempre
dispostos, onde quer que se encontrem, a aperfeiçoar seu talento à custa dos
fregueses confiantes, que consentem em entregar-lhes a cabeleira ou o
queixo.

Alguns, entretanto, mais hábeis, dotados mesmo do gênio do desenho, distinguem-


se pela variedade que sabem dar ao corte de cabelo dos negros de ganho,
sobre a cabeça dos quais desenham divisões pitorescas, formadas por
chumaços de cabelos cortados com a tesoura e separados uns dos outros por
pedaços raspados a navalha e cujo colorido mais claro lhes traça o contorno
de uma maneira nítida e harmoniosa.

Aparentemente vagabundos, são, no entanto obrigados a se apresentar duas vezes


por dia na casa de seus senhores, para as refeições e para entregar o
resultado da féria.

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Outros sabem aliar a vivacidade à destreza e conseguem maiores resultados


postando-se em certos dias e a certas horas na estrada de Mata-Porcos a
São Cristóvão, pois aí encontram as tropas que chegam de São Paulo e
Minas e cujos tropeiros, após uma longa viagem, se mostram sempre
dispostos a cortar a barba para entrar mais decentemente no Rio.

LOJA DE BARBEIROS

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A loja vizinha é ocupada por dois negros livres. Antigos escravos de ofício, de boa
conduta e econômicos, conseguiram comprar sua alforria (possibilidade legal
que lhes devolveu a liberdade e lhes assinou o lugar de cidadãos, que
ocupam honestamente na cidade). Quem, com efeito, ousaria dizer-se mais
digno da consideração pública que este oficial de barbeiro brasileiro, ante a
lista pomposa de seus talentos afixada na porta da loja? Infatigável até na
hora do repouso geral, vemo-lo afiar as navalhas numa mó, que outro negro
faz girar, ou consertar meias de seda, ramo de atividade explorado
exclusivamente nos seus momentos de lazer. Sua modesta loja acha-se,
neste momento, escura e abandonada, mas dentro de duas horas estará
perfeitamente iluminada por quatro velas já preparadas nos castiçais do
pequenino lustre, economicamente construído com alguns pedaços de
madeira torneada, reunidos entre si por um arame cujos contornos variados
formam os caules de uma folhagem de zinco.

Um vizinho do barbeiro, negligentemente largado perto da janela, com o leque


chinês numa das mãos, deixa a outra para fora, entregue à agradável
sensação do ar fresco.
Recém-acordado e com o estômago cheio de água fresca, olha com
indiferença o tabuleiro de doces que lhe apresenta uma jovem negra, à qual,
por desafio, faz algumas perguntas sobre seus senhores. Mas logo,
aborrecido com essa distração inútil, manda-a embora com esta frase de
pouco-caso: “Vai-te embora”, expressão grosseira, empregada em todos os
tons, desde o mais amistoso até o mais injurioso. Essa solução destrói as
esperanças da vendedora, bem como do pequeno cão que aguarda
humildemente um pedaço de doce.
Registros de Debret - Início do século XIX no Rio de Janeiro.

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Escravos brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Junior

Uma característica interessante e que pode ser ressaltada nas fotos “exóticas” de
escravos feitas em estúdios é que as escravas eram sempre retratadas bem
vestidas, na maioria das vezes com suas roupas típicas africanas, seus colares,
pulseiras e anéis, penteados e adornos de cabeça, já os homens raramente eram
retratados em trajes típicos africanos, mas sim muitas vezes com seus andrajos
rasgados ou, quando muito, vestindo paletó e calças de corte europeizado, como o
barbeiro da foto (de Christiano Junior, R.J., c.1866), o dito barbeiro exibe com
orgulho seu instrumento de trabalho (o pente e a tesoura) e a sua profissão. Ser
representado com seu instrumento de trabalho denotava certa habilidade para
determinada profissão, o que representava distinção. E era motivo de orgulho entre
os cativos o ter uma profissão, não ser escravo de trabalho pesado, “pau” para toda
obra, pois a profissão representava uma possibilidade de fazer economia para
comprar a própria alforria. E motivo de orgulho maior ainda era o ser um barbeiro, o
que lhe dava um certo status entre os negros escravos, pois muitos barbeiros
representavam a única ajuda “médica” com que os escravos e as pessoas pobres

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podiam contar; os barbeiros atuavam como cirurgiões-dentistas, aplicavam


sangrias e sanguessugas etc.

SOBRE CABELEIRAS, BARBAS E BIGODES

O corpo, único bem material que de fato possuímos enquanto vivos, tem sido alvo
constante de nossa insatisfação através dos milênios. O ser humano não
economiza esforços para modelá-lo a serviço de suas mais bizarras fantasias.
E o que dizer do rosto a parte mais aparente do mapa humano? Mulheres e
homens se lançaram com idêntica avidez à tarefa de embelezá-lo. Para isso
nada melhor que esculpir pelos e cabelos, dúcteis defesas que a mãe
natureza nos legou.

Procuremos ao acaso um capítulo de nossa história. Os romanos, por exemplo,


senhores do império mais extenso que a antiguidade já conheceu.

A extrema simplicidade de suas vestimentas opõe-se à complexidade da


maquiagem e ao tratamento dos cabelos. Comerciantes, políticos, atletas e
guerreiros cortavam-nos curtos mas os cacheavam com chapinhas quentes e
os perfumavam abundantemente. Por Ovídio sabemos que a calvície era
considerada uma deformidade e insinua que Julio César usava a coroa de
louros para escondê-la. Utilizavam-se apliques e ungüentos fabricados pelos
hebreus, provavelmente os inventores das primeiras receitas estimuladoras
do couro cabeludo.

Quando Publius Ticinus Maena introduziu a profissão de barbeiro a barba caiu de


moda. Só os filósofos, emulando seus mestres gregos continuaram a usá-la.
Nem sempre os pelos eram raspados, por vezes eram arrancados um a
um ou lançando mão de vários tipos de ceras de depilação para deixar o
rosto mais macio, não obstante este costume fosse considerado
efeminado pelos mais velhos. A barba voltou à moda, sob o reinado de
Adriano que, conforme comentavam às más línguas, tentava esconder sob os
pelos o queixo coberto de verrugas.

Cabelos e barbas perfumados e hidratados com óleos específicos emolduravam


rostos femininos e masculinos tratados com cremes e loções fabricadas para

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reavivar cor e textura da tez. Os cosméticos eram caros e em geral


importados. Por causa das matérias primas abundantes e o conhecimento
adquirido durante o cativeiro no Egito, os hebreus foram fabricantes e
fornecedores respeitados durante um longo período da história.

Na Alta Idade Média, época de cavaleiros intrépidos, os cabelos longos e soltos


eram a marca de alta linhagem, assim como a barba, apanágio de uma
condição social superior. Acariciar a própria barba era gesto de orgulho e
podia também significar um juramento solene.

No século XII a Igreja, baseada em seu ideal da "totalidade cristã", iniciou uma
verdadeira cruzada contra a moda masculina dos cabelos longos. Contam
que Henrique I insurgiu-se contra as ordens dos eclesiásticos e entrou numa
celebração religiosa com seus longos cabelos soltos e esvoaçantes. Serlo, o
bispo normando, tirou da manga uma tesoura que levava escondida e,
em plena cerimônia, cortou os cabelos do soberano. Logo o piso da
catedral ficou coberto de madeixas de jovens nobres que seguiam o
exemplo do rei. De nada adiantou, as longas cabeleiras reapareceram. No
final do século, as chapinhas romanas para cachear voltaram à moda e os
cabelos masculinos foram ornados com fitas de cores.

No vaivém de tendências chegamos ao começo do século XV quando o corte


de cabelo estilo pajem se populariza e contagia o gosto dos jovens dos
paises nórdicos até a França.

Quando os dois jovens mais poderosos do século XVI, Henrique VIII e Francisco I
adotaram a barba, ela saiu do ostracismo. Barbas e bigodes bem cuidados,
alisados ou cacheados invadiram a Europa. Chapéus foram adaptados para
deixarem em evidência os cabelos bem cuidados.

As abas impregnadas de perfume, algo inclinadas à direita ou esquerda, jogadas


para trás, deixavam aparecer o rosto onde barba e bigodes com os extremos
apontados para o alto, faziam a loucura das damas.

O final do século XVII vê nascer à moda das perucas inteiras masculinas. Um


redator do London Magazine faz uma lista das formas de perucas disponíveis

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no mercado em 1753: "perucas em forma de asa de pombo, couve-flor


escadaria, vassoura,cometa, rinoceronte, pata de lobo" e muitas outras.

Penteadas e perfumadas espalhavam pó de arroz por onde seu orgulhoso dono


andasse. Os ingleses com sua reconhecida praticidade inventaram um tipo de
peruca recolhida na nuca num saquinho de seda preta. Evitavam assim, que
as madeixas se desmanchassem e o pó se espalhasse sobre os ombros.
Foram também os ingleses, desta vez as senhoras do período vitoriano, que
criaram as toalhinhas de renda ou de crochê para cobrir os encostos das
poltronas para evitar que os ungüentos e o óleo de macassar utilizados nos
cabelos dos cavalheiros manchassem os custosos estofamentos.

No PERÍODO ROMÂNTICO o homem cuida de sua aparência a extremos que


beiram o ridículo e no entanto se esforça por demonstrar o oposto. Será
nesse período que encontraremos uma das mais deliciosas descrições sobre
o valor dos assessórios pilosos do rosto masculino. Em 1825 o poeta francês
Châteaubriand escreve que o jovem que entra num salão ou passa pela rua
deve ser notado "por uma certa desordem em sua aparência. Não deve
aparecer com a barba totalmente raspada, nem longa, deve se ver como se
ela tivesse crescido `involuntariamente` em um momento de desespero.
Cachos cuidadosamente despenteados pelo vento, olhar vazio, fixo, olhos
atônitos , sublimes, lábios curvos num ricto de desprezo pela raça humana,
coração entediado ao estilo Byron, submerso no desgosto e no mistério do
porvir".

E o povo, trabalhadores das cidades e do campo? Como usavam os cabelos?


Documentos escritos e algumas pinturas pouco ou nada esclarecem. Em
geral Igreja e Estado impunham o corte de barbas e cabelos através das
leis suntuarias. Quando isto não acontecia o homem simples deixou-os
crescer por praticidade. Desde a antiguidade prisioneiros libertados
raspavam os cabelos que tinham crescido nos anos de reclusão assim
que atravessavam os portões da prisão. Mas em certos períodos da
historia rostos escurecidos por barba e cabelos mal cuidados, esgueirando-se
pelos beirais dos bairros pobres significou que mudanças sócio-políticas

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estavam por acontecer. A barba converteu-se num símbolo de luta em favor


da justiça e da liberdade.

O cabelo muito comprido para os homens demorou a voltar. Foi sepultado na


época de Napoleão com o corte estilo Brutus adotado pelo imperador.
Tivemos que esperar os anos 60 do século XX para ver desfilar barbas e
cabelos longuíssimos nas cabeças dos jovens que aderiram ao
movimento de contra-cultura.

CURIOSIDADES

Os nativos de Fiji, têm cabelos crespos e negros que penteiam das formas
mais extravagantes, que variam de acordo com a região. Às vezes
branqueiam com cal ou os tingem com amarelo ou alaranjado.
Entre alguns ilhéus do Pacífico Suf, o cabeleireiro que penteia os cabelos
do chefe, não pode pentear a mais ninguém, pois o seu trabalho é tido
como sagrado. O trabalho por ser demorado, torna-se necessário, que
alguém lhe dê de comer. Cada mecha recebe um tratamento especial e
finalmente a enorme cabeleira, toma vulto. O comprimento do cabelo é de um
metro de ambos os lados. Para não desmanchar a obra de arte, o infeliz
dorme com a nuca apoiada sobre um pedaço de pau.
Em Kioto no Japão, existe um templo maravilhoso. Os Materiais empregados
em sua construção foram arrastados através das montanhas por cordas feitas
de cabelo humano, oferecidas por mulheres devotas. Isto deve ter custado
sacrifícios incríveis, pois o cabelo é o principal adorno da japonesa. Afirmam
que as cordas de cabelo humano são tão velhas quanto às civilizações.
Os romanos introduziram na europa a moda do cabelo cortado, pois os
gauleses e britânicos não cortavam o cabelo nem a barba.
Os cabelos loiros dos saxônicos eram longos e repartidos ao meio, e a barba
terminava em duas pontas.
Depois da conquista normanda da Inglaterra, os normandos
abandonaram o hábito de rasparem a cabeça, imitaram o estilo do

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penteado em uso no país conquistado. Talvez isto tenha ocorrido, pelo


fato de naqueles tempos, o cabelo cortado servir para identificar
escravos.

ROMA ANTIGA

Todos os anos milhões de jovens ao redor do mundo ingressam na vida


militar, como voluntários ou conscritos, servindo a todo tipo de regime e
continuando as mais diversas tradições militares. Porém, uma coisa
todos têm em comum: o ritual de cortar os cabelos, significando o
abandono de sua individualidade e a adesão a algo maior que eles
mesmos. O que nenhum deles imagina é que esse ritual remonta aos
romanos e tinha razão prática: o corte raspado, curto impedia que o
inimigo agarrasse pelos cabelos no combate corpo-a-corpo.

A vestimenta romana era composta de elementos muito simples. A peça


básica era a túnica: quase sempre sem mangas e presa na cintura,
chegava aos joelhos ou à panturrilha, e era adornada com uma faixa
púrpura chamada clavus, larga para os senadores e mais estreita para
os éqüites. A túnica era complementada com a toga, um grande manto
de lã branca que envolvia o corpo deixando livre o braço direito. Até os
16 anos os jovens usavam a toga praetexta - caracterizada por uma
franja púrpura - e só depois de chegar à maioridade podiam trocá-la pela
toga virílis, de cor branca, que usavam pela primeira vez em uma
cerimônia especial que tinha a participação de todos os membros da
familia. As mulheres, por sua vez, usavam sobre a túnica a stola, uma
peça de mangas curtas presa na cintura por um cinto e com as pregas
cuidadosamente dispostas para criar um efeito elegante. Ao sair de casa
vestiam um manto chamado palla, com a qual também podiam cobrir a
cabeça. O tipo de calçado mais comum para ambos os sexos era o
calcei, parecido com botinas. Quanto aos penteados - nos referimos
apenas aos femininos - a moda variou tanto nas diferentes épocas que é
um elemento importante para datar os bustos e as estátuas femininas.
Os instrumentos indispensáveis eram o pente, de bronze, osso ou
marfim, e o calamistrum, um ferro côncavo utilizado para marcar os

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cachos depois de ser aquecido em brasa. Também era indispensável o


espelho, normalmente quadrado, de bronze, prata ou cristal soprado.
Também era utilizada um grande quantidade de prendedores, laços,
redes e perucas, que rrentavam a consistência e o volume dos
penteados.

Paustina Menor,filha de Antonino Pio, exibe neste busto um penteado que


marca o rosto com grandes ondas; na região central, os cabelos são
arrumados em um monte, e finalmente as pequenas tranças são unidas
em um coque.

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Na época de Trajano estavam na moda os penteados femininos altamente


complexos. Para produzir tal quantidade de cachos era utilizado o
calamistro, espécie de tesoura de metal que era aquecida antes de ser
aplicada aos cabelos úmidos.

Para dar maior volume às criações mais complexas, era comum a utilização
de cabelos postiços; sobre a nuca, os cabelos eram presos em
complexos rolos “enroscados”. As matronas de mais posses eram
penteadas e maquiadas pela ornatrix, uma escrava dedicada
exclusivamente a cuidar da beleza de sua senhora.

SOCIEDADE NO ANTIGO EGITO

Homens e mulheres usavam adornos, como pulseiras, anéis e brincos. Estes


adornos continham pedras preciosas e frequentemente amuletos, dado que os

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Egípcios eram um povo supersticioso, que acreditava por exemplo na existência de


dias nefastos. Os dois sexos usavam também maquilagem, que não cumpria
apenas funções estéticas, mas também higiénicas. As pinturas para os olhos eram
de cor verde (malaquite) e negra. Óleos e cremes eram aplicados sobre o cabelo e
a pele como forma de hidratação num clima seco e quente. Alguns egípcios
rapavam completamente o cabelo (para evitar piolhos) e usavam perucas.

OS CABELOS NA HISTÓRIA DO HOMEM

A cabeleira humana parece ter se tornado, com a evolução, uma espécie de


acessório fútil ou inútil do corpo humano do ponto de vista funcional. Mas,
não é bem assim! Os cabelos conservam a função fundamental de emoldurar
o rosto, servindo como cartão de apresentação pessoal de cada indivíduo.
Através de diferentes penteados, os cabelos nos permitem modificar o nosso
aspecto exterior. Um corte ou um penteado inadequado podem transformar-
se em uma tragédia (e isto é hoje reconhecido até pela Lei, visto que um
cabeleireiro que erre, poderá ser denunciado por negligência e incapacidade
profissional).
Com o “corte” certo, é possível, ao indivíduo comum, afirmar as suas
próprias raízes, o seu próprio sexo, transmitir o próprio credo religioso,
desafiar os professores, fazer novos amigos, provocar um escândalo,
encontrar a alma gêmea, opor-se às convenções sociais e até mesmo ser
posto para fora do emprego...

À esquerda: "O
comprimento dos cabelos é
o sinal visível da
autoridade do Chefe, assim
como os cabelos são
elementos essenciais à
“dignidade” de um Rei”. “À
direita: Uma antiga receita
egípcia contra a calvície

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sinistra:

Todos os povos da Terra, em todas as épocas, elaboraram complexos códigos de


penteados variados com a tarefa de exprimir cada etapa de suas vidas, bem como,
comunicar aos demais os seus respectivos papeis, seus status e as suas
identidades culturais.

A história do homem é, por assim dizer, também a história do culto e do desprezo


aos cabelos. Os romanos, por exemplo, pelavam a cabeça dos indivíduos
considerados hierarquicamente inferiores (prisioneiros, escravos, traidores)
para assim assinalar a condição de subordinados dos mesmos; os franceses,
após a liberação da França, no pós-guerra, recorriam à mesma prática em
relação às colaboradoras e companheiras dos alemães; os antigos egípcios
se tornaram famosos pelo uso de perucas e pelos cultos relativos ao corte de
cabelos, visto que temiam que estes pudessem ser usados para eventuais
bruxarias; o Rei-sol francês era noto por suas extravagantes e longas
perucas ás quais usava como símbolo de luxo e esplendor; o uso da tonsura
clerical do cristianismo antigo tinha por fim tornar os monges menos
atraentes sexualmente; já para os monges orientais, o crânio raspado se
constitui símbolo de castidade; enquanto, para os primitivos sacerdotes das
tribos da África Ocidental os cabelos seriam a sede de Deus, fato que talvez
explique porque o mítico Sansão do Antigo Testamento tinha sua
invencibilidade ligada a sua vasta cabeleira; os Masai, ainda hoje, possuem a
magia de “fazer chover”;mas, para que En-Kai (deus da chuva) escute as suas
preces não devem cortar nem a barba nem os cabelos.
Os cabelos são um meio de expressão real e, sabendo-os ler, podem revelar até
mesmo aquilo que às vezes queremos esconder como a nossa idade, a etnia à
qual pertencemos, o nosso credo político ou o nosso grau de instrução. Basta
pensarmos ao fato de que, por exemplo, os jornalistas televisivos de todo o mundo
usam o mesmo penteado anônimo por acreditarem que com o mesmo adquirem
credibilidade.

CABELOS E PERSONALIDADE

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Mas, tudo isto é ainda redutivo e não basta para explicar o fato de que desde sempre, al
longo da história das civilizações, a cabeleira tenha representado um elemento fundamental
da personalidade humana, sustentáculo da beleza, do fascínio, da sedução e, às vezes, até
mesmo do poder e da força... e de como, nos dias atuais, a mesma cabeleira possa conservar
ainda um profundo valor simbólico. O fato é que estamos ancestralmente habituados a
considerarmos os cabelos como um “atributo sexual” e, se os cabelos não existem mais,
podemos viver esta “condição” como uma regressão a um estado semelhante aquele infantil,
no qual os sexos e os papeis a serem desempenhados, com os conseqüentes direitos e
poderes que estes comportam, não estão ainda bem diferenciados.
A perda dos cabelos é, portanto inconscientemente vivida como uma espécie de castração,
uma perda da virilidade, da força (mito de Sansão), da juventude, da masculinidade ou da
feminilidade do indivíduo.

“Desde sempre, ao longo da história das civilizações, a


cabeleira tem representado um elemento fundamental da
personalidade humana, sustentáculo da beleza, do
fascínio, da sedução e, às vezes, até mesmo do poder e
da força... e, nos dias atuais, a mesma cabeleira conserva
ainda um profundo valor simbólico.

A instituição da “tonsura” em algumas ordens monásticas


tem um profundo valor simbólico: renunciar aos cabelos
para manifestar a própria indiferença às instâncias
mundanas”.

CABELO NA HISTÓRIA

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Perucas distribuídas aos sem-cabelo

Desde muito tempo atrás, o cabelo era usado como adorno. Os australopitecos
(primata) já faziam o uso de tesouras para cortar seus cabelos. A tintura criada na
pré-história, inicialmente usada em cavernas e pinturas rupestres, foi utilizada para
deixar o cabelo de outras cores. Muitas coisas usadas hoje pelos cabeleireiros
foram descobertas no passado, através de um engano. Um desses enganos foi
cometido por um romano curioso. Ele estava andando por uma estrada na Pompéia
e viu um buraco no chão. A fim de imitar os avestruzes, ele enfiou a cabeça no
buraco. O tal buraco era um gêiser que entrou em erupção no exato momento em
que a cabeça deste romano estava enfiada. Resultado: o cabelo do romano perdeu
a cor. A descoberta foi agraciada pelas pessoas, que passaram a fazer o mesmo.
Foi criada então a descoloração de cabelos. O cabelo passou a ser artigo de
luxo no Egito e somente os faraós poderiam usar o cabelo. Os escravos
foram obrigados a cortarem o cabelo, deixando careca. O culto ao cabelo na
Idade Média foi logo substituído pela ignorância. Cabelo feio era sinal de
bruxaria e muitas pessoas foram queimadas. O cabelo voltou novamente ao poder
no período renascentista. Muitos compositores dos períodos barrocos e clássicos
utilizaram perucas, por terem um cabelo não muito bom. Músicos como Bach,
Mozart, entre outros usaram e abusaram das perucas brancas, moda da época. Na
França, cabelo era sinal de nobreza. Quanto maior a peruca, mais nobre a pessoa
era. O rei francês utilizava uma peruca de 10 metros de altura, tamanha era sua
nobreza. O xampu, inventado na Índia há muito tempo, usado como tempero, foi
utilizado na França como desodorizador. O xampu espantava os piolhos e o mau-
cheiro daqueles cabelos sujos e mal-lavados. Na Jamaica, uma moda foi criada e

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espalhada pelo mundo quando um homem chamado Bob Marley, inimigo confesso
dos pentes, surgiu pelas ruas. O pessoal mais doido aprovou e a moda estourou.
Atualmente, a moda é a franja emo. Criado por sabe-se lá quem, esse penteado
combina baba-de-bode com cores variadas.

PATRIMÔNIO CULTURAL

Achados arqueológicos: entre os anexos encontra-se a lista dos resultados das


datações obtidas pela técnica da análise do Carbono 14 para esta área. Essa lista
mostra que o Homem já vivia na área do Parque Nacional desde há, pelo menos,
50.000 anos atrás e que sua presença foi contínua até a chegada dos
colonizadores brancos.
As escavações, ainda não terminadas, já permitiram encontrar vestígios da
presença humana de 18.000 anos. Nesse sítio foram descobertos pedaços de
cerâmica, datados de 8.960 anos, o que faz delas as mais antigas das Américas.
Nele também foi descoberta a primeira peça de pedra polida da Américas, uma
machadinha datada de 9.200 anos.
Novos dados sobre as formas de sepultamento desses grupos foram revelados em
recentes descobertas dos sítios Cana Brava e Toca da Baixa dos Caboclos. Em
Cana Brava, sítio localizado no município de Jurema ao sul do Parque Nacional,
encontramos dentro da própria aldeia, cinco sepultamentos, primários, em urnas
funerárias, de crianças entre um a cinco anos de idade. Procuramos agora
descobrir como e onde esse grupo enterrava os adultos. No abrigo Toca da Baixa
dos Caboclos, localizado no município de Gervásio de Oliveira, ao norte do Parque
Nacional, os enterramentos eram feitos também em urnas e em fossas escavadas
na própria rocha do abrigo.
Na primeira urna escavada encontramos uma criança, com cerca de seis
meses, com cabelos cortados rente na testa e, próximo ao seu crânio uma
haste de madeira quebrada em 3 pedaços, parte do enxoval funerário.

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Como podemos observar através dos dados arqueológicos, existe uma riqueza e
variedade de informações sobre esses grupos. Novos estudos estão sendo
realizados com a finalidade de estabelecer se as diferenças verificadas nos
sepultamentos representam diferenças sociais ou diferenças culturais, assim como,
a origem, o modo de subsistência e a tecnologia dos diferentes grupos ceramistas
que ocuparam esta região na pré-história e no período do contato com o europeu.

COMO APARECEU O GRAMPO PARA CABELOS

Um pino comprido, reto e decorativo, era utilizado pelas mulheres gregas e


romanas para prender seus cabelos. Tanto na forma quanto na função, ele
reproduzia exatamente as finas espinhas de animais e espinhos de plantas
utilizados pelos homens e mulheres primitivos. Civilizações antigas soterradas da
Ásia produziram muitos grampos de cabelo de osso, ferro, bronze, prata e ouro.
Muitos eram achatados, outros decorados, mas todos eles claramente revelam que
a forma do grampo se manteve a mesma por 10 000 anos. O prendedor reto
acabou se modificando também para a forma de "U". Os prendedores com duas
pontas - pequeno, feito de aço e pintado de preto - começaram a ser produzidos
em massa no século XIX, tornando os prendedores retos de uma ponta realmente
obsoletos.

OS PRIMEIROS PENTES
Foram encontrados pentes nas tumbas das civilizações do mar Egeu. Eles eram
feitos de osso ou madeira. As egípcias exibiam pentes de ouro cravejados com

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pedras preciosas - e foram copiadas, séculos depois, pelas romanas. De Roma,


veio o pente de bolso, bolado para ser usado nos intervalos das lutas entre leões e
cristãos no Coliseu. A palavra tem origem no latim pecten, que é o nome de uma
concha (pectens jacobeus), cheia de ranhuras, lembrando os dentes de um pente.
Espinhas de pescado, dentes de animais e ramos secos de plantas diversas foram
os primitivos pentes daquela gente.

Achados arqueológicos, pentes em osso e madeira, e as conchas com formato que


poderiam ter sido usadas como pentes.

A importância mágico-religiosa do cabelo propicia que há tempos remotos seu


cuidado tomara uma considerável importância em muitas sociedades.
É possível que a primeira ferramenta usada pelo homem para cortar os cabelos
focam as lascas extremadamente afiadas de pedra de sílex, resultantes de
laborioso processo de obtenção de material cortante a partir de golpear umas
pedras com outras. O corte de cabelo se devia indubitavelmente a questões
práticas de cerimoniais que nada tem que ver com os motivos unicamente estéticos
de épocas posteriores.
Espinhas de pescado, dentes de animais e ramos secos de plantas diversas foram
os primitivos pentes daquela gente, que se supõe incluse, chegaram a utilizar

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sangue, graxas e tintas vegetais como corantes para pintar seus cabelos, sempre
por motivos de rituais.

TESOURA

Antes de ser um utensílio básico, a tesoura, do verbo tesourar, era um instrumento


de tortura e uma arma de guerra, utilizada desde os primórdios para cortar o dedo
dos traidores e criminosos.

HISTÓRIA

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Tesoura para mãos grandes

Criada por um desenhista de armas, a tesoura era uma peça de 5 metros de


comprimento, com lâminas de 3 metros. Eram necessários 20 homens para
carregar a arma. Foi um alquimista egípcio o idealizador da grande arma. Apesar
do tamanho, a tesoura era usada apenas para cortar unhas e dedos. A maior
tortura que o homem poderia sofrer era a decapitação dos dedos. Muitos dedos
perderam as cabeças nessa época. Com a revolução de 666, a tesoura foi abolida
da constituição, e nenhum homem mais sofreu a terrível tortura da tesourada. Com
milhões de tesouras espalhadas pelo mundo, era necessário achar alguma
utilidade para tais artefatos. Foi pensando nisso que um cabeleireiro aproveitou
uma tesoura para cortar o cabelo das pessoas. No começo era difícil manusear a
tesoura de 5 metros e muitas pessoas perderam o cabelo e a cabeça. Foi no Japão
que a tesoura ficou pequena e ágil, podendo facilitar o trabalho dos cabeleireiros.
Com o novo formato, a tesoura se tornou uma das peças mais utilizadas entre as
pessoas.

CURIOSIDADES

Os primeiros modelos surgiram na Europa há cerca de 5 mil anos e tinham as


lâminas unidas por uma mola. Na antiga Roma, assim como na China, no
Japão e na Coréia, os artesãos utilizavam tesouras de eixo feitas de bronze
ou de ferro, parecidas com as de hoje. Até ao século passado, eram forjadas à
mão e muito mais ornamentadas. O uso doméstico iniciou-se no século XVI. A
partir de 1761, com a manufatura de tesouras de aço pelo inglês Robert
Hinchliffe, o utensílio tornou-se realmente popular.

UTILIZAÇÃO

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A tesoura é utilizada para vários fins, como por exemplo cortar cabelo. Mas a
tesoura serve também para cortar papel, cortar plantas, cortar caixas, cortar roupas
entre outras utilidades. Com tanta utilidade, é impossível viver sem tesoura. Muitos
tentaram viver sem tesoura. Alguns não conseguiram cortar seus papéis. Alguns
não conseguiram cortar os pézinhos das plantas. Muitos ficaram cabeludos e
criaram bandas de reggae. As pessoas só viram a utilidade da tesoura quando
perceberam que seus papéis estavam muito mal cortados. A partir daí as pessoas
começaram a idolatrar a tesoura. Hoje em dia, a tesoura é utilizada também para
cortar barbantes.

Vários tipos de tesoura:

Uma tesoura é um objeto utilizado para cortar materiais de pouca espessura e que
não requeram grande força de corte, como por exemplo papel, cartão, tecidos,
arames, cabelo ou unhas, entre outros. A tesoura é constituida por duas
lâminas, articuladas numa charneira. As lâminas, que podem ou não ser muito
afiadas, cortam o material em questão através da acção de forças mecânicas
cisalhantes, aplicadas segundo um princípio de alavanca. Assim, serão tanto
mais eficazes quanto mais próximo o objecto a cortar estiver da sua
articulação.

Hoje em dia, existem muitos tipos de tesoura, especializados em várias aplicações,


adaptados para o uso de canhotos ou ambidextras.

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Os primeiros registos históricos de um objeto semelhante a uma tesoura


surgem no Antigo Egito, por volta de 1500 a.C., porém, o formato moderno de
lâminas assimétricas foi inventado apenas durante o Império Romano, cerca
do ano 100.

A EVOLUÇÃO DAS TESOURAS

tesoura Vern criação tesoura Vern corte


tesoura Vern criação

tesoura Vern texturização tesoura Vern conjunto completo

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A primeira lâmina de barbear foi criada em 1895 pelo americano


King C. Gillette (1855-1932), um comerciante que queria inventar um produto de
largo uso entre as pessoas, mas que também pudesse ser usado, jogado fora e
comprado novamente. A idéia surgiu no momento mais provável: enquanto se
barbeava. Ele lembrou do incômodo de ter de usar uma navalha que perdia o fio e
precisava de constante reparo, e então concebeu um aparelho que utilizava finas
lâminas descartáveis.

Sua idéia só chegou ao mercado seis anos depois, vendendo 90 mil lâminas nos
primeiros três anos. Gillette também esteve envolvido diretamente com o
movimento socialista nos EUA.
As antigas navalhas foram aposentadas, em nome da segurança e da higiene.
Para não perder o estilo, os barbeiros tradicionais utilizam atualmente o que
chamam de “navalhete”, que nada mais é do que uma lâmina comum, encaixada
em um instrumento que lembra a navalha dos “velhos tempos”.

A EVOLUÇÃO DAS NAVALHAS

Navalhete para cortar


e desfiar

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Navalhete de alumínio com depósito Navalhete para


desfiar

Navalhete térmica para cauterização, bivolt, atinge


temperatura de 180°, desfia o cabelo sem deixar
aspecto de quebrado.

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Amolador de tesouras, uma das profissões mais antigas do mundo.

A INVENÇÃO DO SECADOR DE CABELO

O secador de cabelo eléctrico foi inventado pela empresa americana Racine


Universal Motor Company em 1920. A idéia de secar os cabelos com jato de ar
surgiu depois da invenção do aspirador de pó. Faltava apenas um motor de baixa
potência. Quando o misturador foi inventado, esse problema terminou. As melhorias
feitas nas décadas de 1930 e 1940 envolveram ajuste de temperatura e velocidade
variáveis.

Secador portátil e bóbies elétricos muito usados na Década de 60

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Secadores portáteis para bobies ou toucas da Década de 60

Secadores da Década de Secador anos 2000

Último lançamento o top dentre os secadores em 2007


Um secador de cabelo com revestimento interno de nanopartículas
de dióxido de titânio (TiO 2) para o combate a microrganismos
presentes no ar. "Foi inserido uma película transparente com o
material nanométrico nas duas extremidades do aparelho, de modo
a controlar o fluxo de ar na entrada e na saída. O resultado foi que
o jato saiu mais puro, uma vez que a película degradou os
materiais orgânicos presentes no ar, eliminando fungos e bactérias", secadores de
cabelo funcionam de modo semelhante a um aspirador de pó, especialmente em
salões de beleza, retendo materiais que vão de partículas de poeira a restos de
pele ou cabelos com caspa.

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EVOLUÇÃO DAS CABEÇAS

Em todas as épocas, a História influenciou o comportamento das pessoas e mudou


não somente a forma delas pensarem e agirem como também a maneira delas se
exporem ao mundo, por meio de suas roupas e cabelos.

A exposição “A Evolução das Cabeças”, criada pelo Stylo Hair Institute , mostrou,
de 8 de julho a 1º de agosto, no Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, e nos
dias 12 e 13 de junho de 2005 na feira de beleza Rio Beauty Show no Rio de
Janeiro, como se deu essa relação entre história e moda dos cabelos, de 1945 até
hoje. A exposição segue para o Curitiba Fashion Art (de 17 a 21 de agosto) e
depois para São Paulo. A Segunda Guerra Mundial é o marco inicial da mostra,
pois, depois dela, o mundo nunca mais foi o mesmo e as mudanças em época
alguma foram tão rápidas e significativas como nos últimos 60 anos.

Anos 40 – Ondas
A moda sobrevive ao período de guerra e reflete a situação econômica e política
vigente. As irmãs Carita abrem um salão de beleza. São as primeiras mulheres a
exercer a profissão de cabeleireiro e a entrar num mercado até então
predominantemente masculino.

1942 – Turbante
Este é um exemplo típico de moda influenciada pelo contexto histórico. Até o final
da década de 30, a profissão de cabeleireiro era exercida predominantemente por
homens. Com a II Grande Guerra, muitos deles se alistaram no Exército para lutar.
Esse fator, aliado à péssima qualidade dos produtos capilares da época, justifica os
turbantes que tomaram conta das cabeças.

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1947 – Cachos com grampos


Apesar do número reduzido de cabeleireiros, os cabelos sempre foram um aspecto
importante da moda. Muitas mulheres os tinham até os ombros, penteados com
uma variedade de ondas e presos com grampos.

Anos 50 – Reflexos
Maior desenvolvimento da indústria de cosméticos. Esses produtos começam a
fazer parte do dia-a-dia das mulheres, que passam a se cuidar mais. Há uma maior
valorização da beleza e da sensualidade. Na maquiagem, sobrancelhas arqueadas
e escuras, muito batom e rímel, seguindo uma linha sensual. As tinturas tornam-se
populares, principalmente na forma de reflexos.

1952 – Helmet (Capacete)


Começa a influência da mídia, mais especificamente do cinema, no comportamento
das pessoas e, assim, na moda. O Helmet, cabelo usado por Doris Day, torna-se
referência para as mulheres que, tentando ter o visual igual ao da estrela, ficam
dependentes dos cabeleireiros.

1958 – Chapéu
Os chapéus tornam-se peças indispensáveis para as mulheres da alta sociedade.
Eram criados pela alta costura, que também produzia peças de lingerie e perfumes
famosos.

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Anos 60 – Chignon
Nos anos 60, sob a influência dos cabeleireiros Alexandre de Paris e das irmãs
Carita, os cabelos ganharam volume. Nessa época, com o uso de esponja de aço
como enchimento e cerveja e água com açúcar como fixadores.

1962 – Laços
Revolução dos hábitos, a música das guitarras elétricas toma conta do mundo
(Elvis Presley, Beatles etc.). Os enfeites de cabelos ganham proporções
exageradas. Os homens aderem aos cabelos longos.

1963 – Volume e franja (Banana)


Um clássico dos penteados, a história dos cabelos não poderia ser escrita sem
passar pelo coque “banana”. Passou por várias releituras, sendo usado até hoje.

1963 – Escova
Vidal Sassoon cria o “wash´n dry” (lavar e secar), lançando o secador manual e a
escova redonda. Enquanto outros cabeleireiros estavam voltados aos cabelos
volumosos com ornamentos, Vidal Sassoon proclamou a importância do corte.

1967 – Black Power


Angela Davis torna-se símbolo do black pride (orgulho negro). Figuras como Jimmy
Hendrix e, no Brasil, Tony Tornado, também marcam esse estilo.

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Anos 70 - Hippie
Movimento que foi a expressão máxima da liberdade, por meio da geração paz e
amor.Na moda, muito jeans e batas. Os cabelos eram longos, sem compromisso,
geralmente divididos ao meio, e enfeitados com faixas e flores.

1976 – Punk
Movimento que surgiu na Inglaterra em meados dos anos 70, adotado por
adolescentes, desempregados e estudantes, que queriam agredir a todos com suas
roupas, acessórios, cores fortes e ousadas nos cabelos e uma releitura do estilo
moicano.

1979 – Rastafari
Mais uma vez o cinema influencia o comportamento e a moda. Com o filme “Mulher
Nota 10”, o cabelo de Bo Derek torna-se uma referência de estilo, ganhando depois
variações e sendo usado até hoje por jogadores da NBA.

Anos 80 – Permanentes
Assim como o cinema, no Brasil as novelas também influenciam o comportamento
e a moda. Os permanentes, que já existiam há muito tempo, voltam com toda a
força. As mulheres se espelham em atrizes de novelas, como Irene Ravache,
Elizabeth Savalla e Regina Duarte.

1984 – Lady Di
Não podemos deixar de citar sua influência na moda. Seu corte de cabelo marcou

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época e foi usado por mulheres do mundo inteiro. Anos 90 – Moda plural Na última
década do século XX segue-se mais o estado de espírito do que as tendências
ditadas por grandes nomes. Chega ao fim a ditadura dos estilos e a moda é cada
vez mais plural. Há espaço para curtos, médios e longos. 1998 – Mechas marcadas
Cabelos lisos, sem volume, com mechas marcadas em três ou mais cores.

Anos 2000 - Atualidade

A globalização e o desenvolvimento da mídia aumentaram muito a velocidade da


informação. Os centros da moda: Paris, Londres, Milão, Nova Iorque e Tóquio
lançam duas coleções por ano. Não há apenas uma moda, mas tendências, e em
intervalos de tempo cada vez mais curtos.

A ANTIGÜIDADE

Uma pesada peruca com franja, de seda ou de crina, preta ou azul-escuro, às


vezes iluminada de fios de ouro, cobria cabeças raspadas ou cabelos considerados
finos demais. A princípio lisas, essas cabeleiras postiças se tornariam mais
compridas e evoluiriam para cachos ou tranças comprimidas e repartidas de forma
assimétrica ou por uma risca no meio. À noite e nas festas, fixava-se no alto da
peruca um pequeno cone com cera perfumada, cujas gotas, com o calor,
deslizariam pelos cabelos para perfumar e refrescar o corpo.
Na Antiguidade, as romanas apreciavam o uso de perucas. Estabeleceram,
contudo, um diferencial: os fios que compunham o acessório deveriam ser
provenientes das cabeças de mulheres dos povos inimigos, conquistados durante
as batalhas.
Também na Antiguidade, os fenícios estabeleceram o hábito de raspar os cabelos
em sinal de luto. A mulher que se negasse ao procedimento era oferecida como
prostituta.

O RENASCIMENTO

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Em 1539, Augusto Nifo dedica à Joana de Aragão a obra Sobre a beleza e o amor,
na qual define critérios muito rígidos, inspirados em sua beleza lendária; o
comprimento do nariz deve ser igual ao dos lábios, a soma das duas orelhas
ocupará a mesma superfície da boca aberta, e a altura do corpo conterá oito vezes
a da cabeça.

Maquiavel que diz que a mão de uma mulher só é bela quando comprida, riscada
de vênulas claras e terminada por dedos afilados” claro que tudo isso é
necessariamente emoldurado pela doçura da expressão e coroado por cabelos
soltos e louros, ora semelhantes ouro, ora ao mel, reluzindo como raios de sol,
frisados, espessos e compridos, espalhados em longas ondas e esvoaçando sobre
os ombros”.

A REFORMA E CONTRA-REFORMA

Em 1635, foi inaugurado em Paris o primeiro salão de cabeleireiro para senhoras,


que tinha por nome Champagne. Os penteados eram “a doidivanas”, cortando os
cabelos na frente para obter cachos leves, ou “à la Fontanges”, uma armação de
cachos e laços de fita.

Gravura francesa do século XVII, retratando um dublê de barbeiro e dentista,


coisa comum na época;

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Prato do século XVII, usado pelos barbeiros


para recolher a barba aparada e os dentes
extraídos;

O SÉCULO XVIII E O IMPÉRIO


O cabeleireiro suplantou o costureiro, erguendo nas cabeças monumentos
capilares com acessórios complicados que supostamente deviam refletir os
sentimentos ou ilustrar a atualidade.
Antes morena do que loura, seus cabelos eram altos e tornam a cair em cachos
curtos, a pele era sempre multo branca e muito fresca graças a uma nova geração
de cosméticos e de águas-de-colônia.

10- Instrumentos de ferro usados para ondular cabelos no século XVII;


11- Diferentes instrumentos de ferro, utilizados para ondular cabelos já neste
século;
12- Instrumentos usados para ondular
cabelos no século XVIII

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Madame Récamier.cabelos cortados e cachos loucos de um penteado


chamado “à Tito”, Madame Récamier resume o estilo neoclássico.

Quadro adornado com mechas de cabelos, que era oferecido como


lembrança na França, no século XIX;

O PRIMEIRO SHAMPOO
O primeiro tipo de detergente que se tornaria o atual Champo foi produzido na
Alemanha em 1890. Apenas depois da Primeira Guerra Mundial ele começou a ser
oferecido comercialmente como um produto para a limpeza dos cabelos. O nome,
porém, nasceu na Inglaterra, influenciado pelo domínio do país sobre a Índia. A
moda e a arte indianas estavam na moda. Xampu veio do hindu champo, que
significa massagear ou amassar.

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BELLE ÉPOQUE NO BRASIL

Os homens vestiam casimira inglesa com colarinhos altos. As mulheres também


vestiam formalmente, com saias compridas, amplas subsaias, cinturinha fina,
traseiros em tufos, coletes de barbatanas de ferro. Os cabelos eram longos,
enrolados no alto da cabeça, presos com um grampo de metal em forma de gládio.
Tecidos como chamalote e o tafetá também eram usados. Botinas de cano alto,
leque de seda e mãos enluvadas também eram comuns. Com a libertação de
Poiret, vestia-se se mostrando os ombros, o colo e os braços. Mantinham a pele
clara e os cosméticos foram lançados no Brasil.

Cabelo e Maquiagem

Cabelos

As mulheres não se incomodavam com os cabelos brancos, pois ele lhes conferia
um toque juvenil. O cabelo liso passava a imagem de capricho e era por isso
desaprovado. Um penteado de ondas maleáveis era conseguido com alfinetes e às
custas de ferro em brasa, permanentes e cabelos postiços.

Maquiagem

A mulher do novo século deveria passar a imagem de fragilidade e inocência a fim


de ser escolhida pelos homens como esposa. Para isso não se importavam em
usar espartilhos que lhes comprimisse os órgãos, levando até a morte, ou de
usarem arsênio e chumbo nos cremes para branquear a pele. Esta não podia estar
bronzeada senão parecia que a mulher pertencia à classe dos operários.

Usavam o pó-de-arroz branco na pele e desenhavam com tinta as veias violetas


nas fontes para salientar a sensibilidade da cútis. Em oposição a esta mulher frágil
e dependente do homem, estava a mulher independente que eram encarnadas no
papel das atrizes de cinema. Elas usavam um make-up carregado por causa das
luzes do palco. Quanto mais ascendiam na carreira, mais se atreviam a usar rouge
de thêatre, rímel e lápis para os olhos ou a pintar os cabelos de henna.

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A BELEZA E AS DÉCADAS

Em 1914, a guerra selou definitivamente o fim da Belle Époque. Na França.


mulheres marcavam hora no cabeleireiro seguir a moda lançada por Gabrielle
Chanel havia um ano, o grande Antoine cortara cabelos bem curtos; era também
para se dirigiriam as enfermeiras americanas vindas à França com o corpo
expedicionário, obrigadas a cortar os cabelos não por coquetismo, mas por causa
dos piolhos! Ultra-chiques, novos aparelhos são criados para encaracolar os
cabelos: era o fim dos ferros de frisar que queimavam os cabelos, papelotes e
outras técnicas efêmeras! A avó da atual permanente nascia da associação de dois
cabeleireiros, Gaston Boudou (Calha) e Eugêne Sutter (Eugêne). Este último teria
uma longa carreira e ocuparia, vinte anos depois, o primeiro lugar mundial entre os
fabricantes de produtos capilares. Até que isso ocorresse, o lugar era ocupado
pelas garçonnes.

Aparelho usado para esterilizar instrumentos, datado de 1900;

A HISTÓRIA DA MODA NA DÉCADA DE 20

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A segunda década do século vinte reagiu contra o exagero dos penteados altos,
que exigiam muito cabelo extra. As mulheres estavam cansadas de artificialismos,

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queriam penteados mais naturais e adequados ao volume real de seus cabelos, e


pediam também mais liberdade para escolher novos modelos.
Primeira Guerra Mundial convocou as mulheres para o trabalho e isso mudou tudo.
A moda precisou adaptar-se às privações, e cuidar dos cabelos também tinha que
ficar menos complicado.
Alguns gêneros mais curtos apareceram nesta época, e o mais famoso foi o estilo
cortina. Partia-se o cabelo em uma risca e penteava-se os fios contornando a
cabeça, assim como os homens calvos costumam cobrir a careca com os fios que
sobram no rodapé, perto da nuca. Entretanto, os cabelos longos e ondulados,
presos em cima da cabeça ou na nuca, não saíram de moda.
A atriz americana Mary Pickford, a primeira grande celebridade do cinema e uma
das fundadoras da United Artists, levou essa questão a público e expôs o dilema
que estava na cabeça de quase todas as suas admiradoras: aderir ou não aderir ao
novo corte? Era, de fato, um problema. Por um lado, ele deixava as moças com um
ar mais esperto e atual, mas, por outro, como abrir mão das madeixas que sempre
foram o símbolo da feminilidade?
O novo corte ficou conhecido na Inglaterra como Eton Crop, o que queria dizer que
as moças ficavam parecidas com os moços. Eton era, e continua sendo um dos
colégios mais tradicionais da aristocracia britânica, e, naquele tempo, o corte à
escovinha era a cara dos Eaton boys.
Um dos aspectos mais interessantes da década de vinte foi a quebra da rigidez do
modelo feminino, que permitiu às mulheres uma escolha bem mais ampla que as
opções disponíveis às gerações anteriores.

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Louise Brooks, a insolente Loulou de Pabst, lançou a


moda do penteado à garçonne

A bela Otéro, Anna de Noailles e Sarah Berraz entregavam seus cabelos a Antoine,
um brilhante cabeleireiro polonês de apenas 24 anos de idade e que se tornou a
coqueluche da Paris elegante. Algumas mulheres ousaram o novo penteado
lançado pela dançarina CIéo de Mérode, que combina perfeitamente com o
classicismo de seu rosto: risca no meio e cabelos puxados escondendo as orelhas;
As atrizes, como Éve Lavallière ou Sarah Bernhardt em L’AígIon [O filhote da
águia], foram as primeiras a cortar os cabelos devido às necessidades do palco e
foram logo imitadas pela jovem e provocadora Colette, que foi notícia quando
resolveu cortar sua cabeleira encaracolada rente à nuca, vestir-se como homem,
exibir-se em público com mulheres e até mesmo divorciar-se de seu mentor Willy.
Entretanto, se a exemplo também de Loïe Füller ou Isadora Duncan, atrizes,
dançarinas, cantoras ou escritoras de vanguarda ousaram romper francamente
com os códigos do bom tom e da feminilidade em vigor, seria preciso esperar 1920
para que a mulher da rua consentisse em sacrificar aquele ornamento histórico.

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A partir de 1909, aliás, com o aparecimento do xampu Roja, podia-se enfim lavar
facilmente os cabelos. Para secá-los, um aparelho acabava de entrar nos salões de
cabeleireiro: o secador, uma enorme máquina que parecia uma fábrica portátil. Em
1907, outra revolução: o jovem engenheiro químico Eugêne Schueller inventou a
primeira coloração capilar de síntese, da qual derivaram todas as tinturas
modernas. Seu princípio consistia em revelar, no cabelo, o matiz desejado por meio
de uma oxidação dos colorantes com um agente alcalino. A gama das tinturas
assim obtidas ofereceu desde o início uma variação bastante completa que ia do
louro nórdico ao negro profundo. Schueller criou três anos mais tarde a Sociedade
Francesa das Tinturas Inofensivas para os cabelos, que adotaria a seguir o nome
de L’Oréal e teria o destino impressionante que todos conhecem. No mesmo ano, a
revista Vogue assinalou um produto que permitia brilhar as unhas: o líquido
transparente aplicado com pincel devia em seguida ser lustrado com pele de
camurça para revelar a cor rósea tão apreciada. As mãos recebiam mais cuidados
que o rosto, e foi na esteira dos grandes salões de manicure que se formaram as
primeiras esteticistas, encabeçadas por Harriet Hubbard Ayer.

A época da pré-história estava quase terminada: a grande epopéia dos cuidados de


beleza começava. Sucessivamente em 1908 e 1909, Elizabeth Ate Helena
Rubinstein inauguraram, cada uma, seu salão de beleza, fazendo os produtos para
pele abandonarem os tachos das donas-de-casa. Sob a batuta dessas pioneiras da
indústria cosmética a maquiagem também sai da sombra.

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Sarah Bernhardt no começo de sua carreira e no auge da glória

Entre de 1915 e 1917, na Itália o cinema lançava suas divas, como eram chamadas
as novas divindades que seriam a cantora e a atriz. Elas trouxeram para o cinema
artifícios diferentes daqueles do teatro e marcaram a transição entre um século
empertigado e a era das “garçonnes” [mulheres com traços e atitudes
masculinos].

Nos anos 20, a liberdade consistia em parecer um pouco com um homem. Mais
barato do que a roupa, o penteado foi o primeiro a subverter a ordem estabelecida.
“A sorte está lançada. Cabeleireiros é preciso cortar!”, esta era a manchete da
revista La Coiffure de Paris, em 1924. Seguindo o exemplo do cabeleireiro Antoine
— que lançara o corte à garçonne e deixado à mostra a nuca de Coco Chanel já
em 1917 —, todas as cabeleiras passaram pela tesoura, inclusive a das meninas,
adotando, como Louise Rrooks, o corte reto e a franja marcada, bem acima da
linha das sobrancelhas, hoje um clássico. Nas revistas profissionais, os desenhos
de penteados mostravam cabelos puxados para trás com brilhantina sobre uma
nuca quase raspada. No ano seguinte, mudanças suavizavam o corte: René
Rambaud fazia correr sobre o rosto o “pega-rapaz” ou deixava sair dos chapéus
pequenos cachos produzidos graças às primeiras mise-en-plis, Léon Agostini cobria
a testa com um largo arabesco até a orelha, a permanente — técnica de

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encaracolar os cabelos a quente imaginada pelo cabeleireiro londrino Karl Nestlé —


desenhava ondas sobre os cabelos.
Com os cabelos curtos, cuja moda instalou-se por um longo tempo, a profissão de
cabeleireiro mudou e ganhou um impulso sem precedente. Entre 1920 e 1930, vinte
e cinco mil salões foram abertos na França! Uma indústria periférica desenvolveu-
se, a dos produtos para cuidados capilares. Os irmãos Ströher, detentores de
patentes de aparelhos de permanente e fundadores da sociedade Wella,
fabricavam também produtos que prolongavam o arranjo das mechas e
conservavam os cabelos.

Colette. Foi uma das primeiras a cortar os cabelos

Cabelo e Maquiagem

Em 1903, a escritora Colette, uma mulher à frente de seu tempo, adotou o


corte de cabelo curto, mas só em 1917 o estilo avant Garde a seguiu,
como o poeta Paul Morand testemunhou no seu diário no mês de maio:

“É moda, de três dias para cá, as mulheres usarem o cabelo curto. Todas
o fazem, conduzidas por Madame Letellier e Chanel..”

A mulher de cabelo curto era definida como uma mulher moderna, e como

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muitos homens eram contra, algumas delas os enganava dizendo que os


cabelos tinham sido acidentalmente queimados pela chama de um
candeeiro a petróleo ou de uma vela.

O estilo de cabelo curto desta década era o cabelo a "la garçonne". A


garçonne era uma jovem com modos de menino, de cabelos cortados
curto, corpo magro e reto, roupas simples, tendência para ser
independente e um ar quase arrogante.

A maquiagem

Compondo o cabelo curto, a maquiagem era pensada como provocação.


Os olhos contornados de preto, lábios vermelho-escuro e sobrancelhas
cuidadosamente delineadas. Era muito chique pintar os lábios ou empoar o
rosto. Também era comum depilar as sobrancelhas e pintá-las com um
risco preto semicircular. As sombras azuis ou verdes atendiam às louras,
enquanto o castanho e o preto atendiam às morenas. O rouge era usado
como uma mancha circular. Elizabeth Arden abriu seu salão de cosmética
em Paris, e com isso lançou o rímel, que agradou muito à rainha
americana da cosmética. A sua concorrente polaca Helena Rubstein
reclamou para si a descoberta do rímel à prova d´agua. Enquanto isso, o
polaco Max Factor foi o primeiro a trabalhar como artista de maquiagem no
Teatro do Czars e, em 1904, fugiu para Hollywood. Após maquiar as divas
do cinema passou a vender a maquiagem das estrelas por todo o mundo.

Personalidades

Josephine Baker Nancy Cunard COCO


CHANEL

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Louise Brooks

CORTAR OS CABELOS. EIS A QUESTÃO?

A escolha do corte de cabelo está ligada a vários fatores: como a religião,


costume de um povo, higiene pessoal, ou a moda.

A moda é um fenômeno social que consiste na mudança de estilo ou modo


de agir, criada por alguém de modo proposital, para fins comerciais, ou
acidental que os membros de uma sociedade aceitam e copiam como
sendo correto e para manter uma posição de destaque conforme status
social ou como forma de protesto.

Os maiores agentes propagadores da moda são os artistas ou pessoas de


influência social, que, principalmente os jovens imitam, por determinado
tempo.

Alguns estilos bastante exóticos como o uso de piercing nos lugares mais
particulares do corpo, uso de tatuagens por todo corpo, roupas rasgadas,
cabelos coloridos, enfeites em exagero, etc.

Abordaremos a questão que causou polêmica na década 20 em alguns


locais do Brasil, em especial Bauru. Trata-se da moda francesa do corte de
cabelo denominado a la garçonne, que cortava bem curto os cabelos das
mulheres, na altura das orelhas.

Este corte foi motivo de discussão entre as famílias, pois neste período era

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costume que as mulheres usassem cabelos longos, onde pudessem fazer


vários tipos de penteados, além de ser símbolo da feminilidade. Aquelas
que cortassem o cabelo não eram tidas com bons olhos perante a
sociedade, pois se tratava de uma rebeldia.

Para tentar evitar que a moda fosse adotada pelas mulheres que sentiram
atraídas por esta foi feita uma campanha contra pelos mais tradicionais,
inclusive com a ajuda de médicos que davam entrevistas fazendo
afirmações que cortar cabelos curtos poderia causar uma denominada
garçonniti.

A lagarçonniti seria causada pelo costume de se raspar os cabelos até o


pescoço, o provocava erupções na pele.

Em 9 de novembro de 1924 publicado no jornal: O Bauru, temos um artigo


que reafirmava a condição negativa a saúde que o corte dos cabelos
curtos poderiam provocar através da declaração de Charles Netle de Nova
Iorque, vice presidente do Wholesale Beauty Trade Assocition entrevistado
pelo New York Herald e transcrito pelo jornal do Jornal do Comercio do Rio
cujo tema era “A moda dos cabelos cortados”, afirmando que em todo ser
existe um laboratório que está constantemente a fabricar cabelo. Se a este
não for consentido crescer no crânio crescerá fatalmente na face no
corpo? Exemplifica. Selvagens que jamais cortam cabelo são quase
imberbes, mas os homens civilizados que aparam regularmente a
cabeleira são fortemente barbados e peludos no peito e nas pernas. E o
jornal ironiza: Livra! É, realmente, uma perspectiva de arrepiar até os pelos
que elas ainda não têm?

Esta explicação deve ter deixado muitas moças em dúvida sobre a adesão
ou não a nova moda. Realmente é uma maneira de resistência a
mudanças que causou efeito, pois em 19 de janeiro de 1929 o Correio de
Bauru, publica em sua primeira página artigo, artigo Cabelos: a la
garçonne que passava a seguintes informações a seus leitores, ou melhor,

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para as leitoras:

-Os cabelos cortados, especialmente os a la garçonne, estão perdendo,


cada vez mais, o seu prestígio.

A principio, quando apareceram as primeiras cabeças femininas


artisticamente privadas de suas cabeleiras, a admiração foi geral!

E a noticia correu logo: era a moda... moda de Paris!...

E as exclamações de admiração sucediam-se, num apoio firme à inovação


numa promessa ainda vaga de solidariedade, numa solidariedade como
pouquíssimas vezes poderemos anotar entre as representantes do sexo
fraco.

E as cabeleiras foram caindo, uma após outras, num sacrifício voluntário à


vaidadezinha feminina, fantasiada em higiene...

Uma as outras, as moças se encorajavam, nos comentários bordados


sobre cada uma das modas aparecidas.

-Que beleza... Que moda é essa?

-A bebé?!

-Que linda!...E, no dia seguinte, mais quatro ou cinco? Bebés grandes


apareciam no footing. A princípio, um tanto acanhadas depois, no terceiro
ou quarto dia, com o desembaraço próprio de quem não corre mais risco
de ter cabelos embaraçados.

- Já viste a Bilú?

- Ainda não, por quê?

- Trouxe de São Paulo uma nova moda de cabelos. Uma belezinha!...

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- Como se chama?

- A la garçonne?

- Que lindo! Já vi este corte nos figurinos?

E os cabelos? A bebé? Iam desaparecendo gradativamente, cedendo o


lugar à moda nova.

- Mimi, olha quem vem lá?

- Que horror! Um homem vestido de mulher!?

- Tolinha! Repara bem e vê se conhece...

- Jesus!... É Toniquinha!... Desculpe-me Tonica, de longe não te reconheci.


Como estás elegante! Que cabelo é esse?

- Pois não conhecias ainda? É a nova moda? A la homme? Muito mais


cômoda e higiênica do que todas as outras!

- Deve ser mesmo. E já estão usando muito?

- Pois então? No Rio já ninguém corta de outro modo. Creio que esta moda
matou as outras?

- E ficara vigorando por muito tempo? Não virá outra logo, para substituir
esta?

- Creio que não. Nem que quisessem, não acharia, mais o que cortar. Só á
escovinha...?

- Ah! Ah! Ah! Que graça!

- Credo?

- Vais ao Cinema?

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- Não. Desde a morte de Rudolph, perdi a coragem...?

E as amigas, no dia seguinte, com meia dúzia de tesouradas do


cabeleireiro, tornavam-se solidárias com a Toniquinha, da propaganda da
moda nova.

Isso foi o principio, quando as moças ainda tinham receio de aparecer em


público com cabeça de homem.

Hoje, moralmente vulgarizados os cortes de cabelos de todos os gostos e


estilos, já ninguém da importância ás variações da moda.

Se as sete caipirinhas do sítio vêm a cidade para cortar o cabelo, cobrindo,


cobrindo em seguida, com um lenço de alcobaça a cabeça modernizada e
em contraste com o vestido de chita de barra à fustigar-lhe os
calcanhares....

Hoje, depois do aparecimento de algumas mulheres calvas, o medo pos


um paradeiro aos exageros.

Estão encompridando, aos poucos, os cabelos femininos, numa


deselegância de castigo para a vaidade satisfeita.

Vêm aparecendo, nos grandes centros, as Madalenas, de cabelos pelos


ombros, - pela sua deselegância, numa disfarçada transição para a moda
antiga, dos penteados elegantes dos cabelos compridos a sustentar pentes
custosos.

É o medo da careca...

Os cabelos cortados tendem a desaparecer, enfim, de qualquer modo: ou


pela calvície das teimosas, ou pela volta ao antigo sistema, usado pela
mulher durante dezenove séculos, apesar de anti-higiênico...

O tiro de misericórdia nessas inúmeras modas de cabelos cortados, veio


dar, agora, aquele pequeno exótico, nascido nos cafundós do Rio Grande

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do Sul, com feição de carneiro e um chifre no cocoruto.

Alquilo a de influir, por força, no animo impulsionável da mulher, levando-a


desistir da novidade, muito embora reze o rifão que o que é bom já nasce
feito.

É que o pinante nasceu berrando como carneiro e de cabelos á la


garçonne!...

Sem duvida cabelos curtos, são mais práticos, para a agitação da vida
moderna, mas isso fica a critério de cada um, pois a moda vai e vem. Até a
peruca da vovó poderá ser usada hoje fazendo da nova moda. Então...

A silhueta dos anos 20 era tubular, com os vestidos mais curtos, leves e elegantes,
geralmente em seda, deixando braços e costas à mostra, o que facilitava os
movimentos frenéticos exigidos pelo Charleston - dança vigorosa, com movimentos
para os lados a partir dos joelhos. As meias eram em tons de bege, sugerindo
pernas nuas. O chapéu, até então acessório obrigatório, ficou restrito ao uso
diurno. O modelo mais popular era o "cloche", enterrado até os olhos, que só podia
ser usado com os cabelos curtíssimos, a "la garçonne", como era chamado.
Em 1927 a mulher moderna pede liberdade de movimentos e a moda parisiense já
mostra as novas roupas que reduzem os bustiês e estreitam os quadris. A silhueta
esbelta faz com que as mulheres fiquem cada vez mais parecidas com rapazes, o
que é acentuado com o novo corte de cabelo "la garçonne", ainda mais curto que
os já usados. A simplicidade é a marca do estilo.

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HISTÓRIA DA MODA DA DÉCADA DE 30

Sob a franja escultural e gráfica, acompanhando o arco das sobrancelhas, a


maquiagem dos olhos e da boca dramatiza o rosto. Viena, cerca de 1930.

Cabelo e Maquiagem
A maquiagem dos anos 30 era tida como vulgar, pois usavam lápis para as
sobrancelhas para delinear num meio círculo; sombra prateada ou dourada,
eventualmente misturada com tons de azul, castanho ou violeta; rímel e, se
necessário, pestanas falsas e vaselina para dar brilho aos olhos e rouge para as
faces.

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Primeira máquina manual de tosar cabelos, da década de 30;

Arte e Cultura

INFLUÊNCIA DO CINEMA NA MODA

A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada e esportiva. O modelo de


beleza era a atriz Greta Garbo. Seu visual sofisticado, com sobrancelhas e
pálpebras marcadas com lápis e pó de arroz bem claro, foi muito imitado pelas
mulheres.

O cinema foi o grande referencial de disseminação dos novos costumes.


Hollywood, através de suas estrelas, como Katharine Hepburn e Marlene Dietrich, e
de estilistas como Edith Head e Gilbert Adrian, influenciaram milhares de pessoas.
Os galãs de bigodinho e cabelo gomalinados escoltavam essas beldades.
O Rastafarianismo nasceu na década de 30, na Jamaica. A fé rastafariana pode ter
diversas interpretações, sendo que todos os rastas possuem suas próprias idéias
sobre as coisas. Trata-se de uma filosofia de vida fortemente ligada a fé judaica e
cristã. Os seguidores dela acreditam que Jah (Deus) retorna, de tempos em
tempos, sob a forma humana. Para aqueles desavisados que se perguntam porque
todos usam o cabelo do mesmo jeito - formato que ganhou o nome de Rastafari - a
explicação é bem simples: um dos princípios dos seguidores é a objeção a
alterações agudas do ser humano, como o corte e escovamento do cabelo ou
tatuagens. Abordando o tema rastafari, o conjunto traz também a cultura dos povos
judaicos e cristãos em suas faixas.

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Como a trama se passa na década de 30, a escolha por cortes curtos para as
personagens de Ana Paula Arósio, Maria Fernanda Cândido, Miriam Freeland,
Simone Spoladore, Giselle Itié e Gabriela Duarte tem um motivo. 'Até a 1ª Guerra
Mundial, as mulheres ainda tinham cabelos longos, depois conquistaram uma
liberdade maior e cortaram os cabelos bem curtos. Foi uma revolução. Na década
de 30, eles já estavam um pouco mais compridos. Além disso, começavam a surgir
técnicas como o permanente elétrico',

Em geral, os períodos de crises não são caracterizados por ousadias na forma de


se vestir. Diferentemente dos anos 20, que havia destruído as formas femininas, os
anos 30 redescobriram as formas do corpo da mulher através de uma elegância
refinada, sem grandes ousadias.

As saias ficaram longas e os cabelos começaram a crescer. Os vestidos eram


justos e retos, além de possuírem uma pequena capa ou um bolero, também
bastante usado na época. Em tempos de crise, materiais mais baratos passaram a
ser usados em vestidos de noite, como o algodão e a casimira.

A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada e esportiva, o modelo de beleza
da atriz Greta Garbo. Seu visual sofisticado, com sobrancelhas e pálpebras
marcadas com lápis e pó de arroz bem claro, foi também muito imitado pelas
mulheres.

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Salão de beleza em Sevilha -1935

O “calibrador de beleza” de Max Factor,


um aparelho para calcular o “rosto ideal’.

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1931
Matila Ghyka, Análise harmônica
de um rosto em Lê Nombre d’

ANOS 40- A MODA E A GUERRA

Em 1940, a Segunda Guerra Mundial já havia começado na Europa. A cidade de


Paris, ocupada pelos alemães em junho do mesmo ano, já não contava com todos
os grandes nomes da alta-costura e suas maisons. Muitos estilistas se mudaram,
fecharam suas casas ou mesmo as levaram para outros países.
Os cabelos das mulheres estavam mais longos que os dos anos 30. Com a
dificuldade em encontrar cabeleireiros, os grampos eram usados para prendê-los e
formar cachos. Os lenços também foram muitos usados nessa época.

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A maquilagem era improvisada com elementos caseiros. Alguns fabricantes apenas


recarregavam as embalagens de batom, já que o metal estava sendo utilizado na
indústria bélica.
A simplicidade a que a mulher estava submetida talvez tenha despertado seu
interesse pelos chapéus, que eram muito criativos. Nesse período surgiram muitos
modelos e adornos. Alguns eram grandes, com flores e véus; e outros, menores, de
feltro, em estilo militar.
Durante a guerra, a alta-costura ficou restrita às mulheres dos comandantes
alemães, dos embaixadores em exercício e àquelas que de alguma forma podiam
frequentar os salões das grandes maisons.

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O penteado da década: risca no lado e cachos redondos sobre os ombros. Aqui,


uma publicidade para as tinturas L’Oréal, 1949.

Em 1941, nova loira chegou e abafou Verônica Lake. A jovem atriz desconhecida
que estrelou o filme “Revoada de Águias”, ficou famosa da noite para o dia, deixou
os homens loucos e as mulheres foram atrás daquele modelo. O novo símbolo
sexual tinha uma vasta cabeleira loira, ondas em cascata começavam a partir do
comprimento das orelhas, e na testa, um topete que caía suavemente. Irresistível. A
revista Life publicou uma reportagem para informar com exatidão as medidas e o
volume do cabelo da atriz, e apurou que ela tinha 150 mil fios de diferentes
comprimentos. Na frente, eles mediam 43 cm, os fios mais longos chegavam a 61
cm, e o comprimento das ondas era de 20 cm aproximadamente. O cabelo de

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Verônica Lake virou uma obsessão. Meio século depois, em 1998, a atriz Kim
Basinger ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante pela sua atuação no filme
“Los Angeles Cidade Proibida”, em que ela aparecia com as mesmas ondas
deslizantes de Veronika Lake.

VERÔNICA LAKE

Um penteado muito parecido era usado também por uma outra diva de Hollywood,
a atriz Lauren Bacall, que não era menos sexy, porém com um ar mais sofisticado,
mais classy. O cinema criava e divulgava o que iria ser copiado e o comprimento
dos cabelos era definitivamente este, igual ao das locomotivas mais glamourosas
da época:

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Lauren Bacail e Veronika Lake. As variações em torno do modelo básico permitiam


às vezes os coques tipo rosca, os meio-coques escondidos nos chapéus e o resto
do cabelo que sobrava da metade da cabeça em diante, caía solto e cacheado.

Mas não se pode falar em cabelo solto e cacheado sem mencionar outro símbolo
sexual, Rita Hayworth. Gilda foi a sua criação definitiva: estreou nas telas em 1946,
e permanece até hoje na galeria das mulheres mais insinuantes que o cinema
americano produziu. Gilda tinha os cabelos castanhos com um ligeiro tom
avermelhado; lançou moda naquela época, hoje é cult.

RITA HAYWORTH

Os turbantes também foram muito populares nos anos quarenta, eram práticos e
simples de usar, além da vantagem de serem muito mais baratos que os chapéus.
O mundo enfrentava outra grande guerra, as mulheres se tornaram fundamentais
como mão-de-obra nas fábricas, para a prestação de serviços gerais, e a
necessidade impôs um novo estilo de vida. E naturalmente, um novo estilo no vestir
e no jeito de arrumar os cabelos. Eles voltaram a ficar mais curtos.
Logo depois do fim da guerra, no verão de 47, foi anunciada uma grande novidade:
um novo método de aplicação de permanente. As mulheres ficaram encantadas. O
permanente frio dispensava o vapor, era rápido, protegia melhor os cabelos. Todo
mundo quis testar, e o novo método logo se transformou em um sucesso. A nova
década se aproximava, com ela chegava a promessa do bem estar social e de uma

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vida mais confortável. O novo tempo também prometia um acesso mais


democrático aos produtos de beleza. Cuidar dos cabelos ficaria muito mais fácil.

A HISTÓRIA DA MODA NA DÉCADA DE 50

AUDREY HAPBURN
A marca dos anos cinqüenta é o crescimento. Nos Estados Unidos, a década ficou
conhecida como o tempo do baby boom, literalmente a explosão dos bebês, o
tempo da valorização da comodidade da família, e, sobretudo da mulher, que
passou a contar com os novos produtos industrializados para facilitar o trabalho
doméstico. Estava instalada a era do consumo. Uma cozinha bem equipada com
máquinas modernas era o sonho das donas de casa, que agora tinham mais tempo
para mimar os filhos, cuidar da aparência e guiar automóveis. As tinturas que
podiam ser aplicadas em casa apareceram nesse período, dava para variar de cor
sem perder muito tempo. A tecnologia para desenvolver produtos e estimular o
consumo criou o processo de descoloração e realizou o anseio das morenas que

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sonhavam com o cabelo dourado. Em uma primeira etapa, retirava-se a cor natural
e em seguida, aplicava-se o tom desejado; o predileto era o de Marilyn Monroe.
Depois dela, inventaram a frase que afirma que os homens preferem as loiras, e a
venda das cores bem claras provavam que era verdade; as mulheres também
preferiam as loiras. No entanto, o dito popular diz também que, embora os homens
namorem as loiras, acabam se casando com as morenas. E se essa era, de fato, a
cor do cabelo da esposa padrão, não faltava inspiração no acervo das castanhas
bem comportadas. A mais elegante era Audrey Hepburn, com seu impecável coque
pequeno no alto da cabeça, ou o rabo perfeito com laço de veludo. A franjinha
acentuava o ar de garota aristocrática. A versão loira de classe e beleza de garota
de família foi encarnada por Grace Kelly, com a testa à mostra e o corte pajem,
com as pontas viradas para baixo ou para cima, no estilo gatinho. Era chique e
linda de qualquer jeito.
Havia muitos modelos a seguir, penteados para imitar e tipos para inspirar garotas
e senhoras dos anos cinqüenta, a escolha era farta. Os cabelos pretos de Elizabeth
Taylor e de Juliette Greco faziam tanto sucesso quanto os das divas loiras, e as
adolescentes cuidavam das madeixas com a mesma dedicação que suas mães.
As penteadeiras dos quartos ficaram abarrotadas de produtos fantásticos, e o mais
sensacional de todos eles era o laquê. Bastava borrifar o líquido na medida certa, e
só uma ventania mudava as mechas de lugar.
Os chapéus já não eram tão necessários, a não ser em ocasiões especiais que
exigiam um traje formal, status que eles perderiam na geração seguinte. A década
que se anunciava pôs na cabeça outros acessórios. As boinas, os quepes e outros
modelos de chapéus não seriam mais- usados com o objetivo de adequação ao
traje, menos ainda por causa de exigência formais.

As meninas criadas na era do crescimento viraram mulheres que decidiram fazer o


que lhes desse na telha. Queriam liberdade, e queriam, por que não? Mudar tudo.

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Moda Jovem
A juventude norte-americana buscava sua própria moda ao som do rock and roll, a
nova música que surgia nos 50. Aparece então a moda colegial, que teve origem no
sportswear. As moças agora usavam, além das saias rodadas, calças cigarrete até
os tornozelos, sapatos baixos, suéteres e jeans. O cinema trouxe o garoto rebelde
simbolizado por James Dean, no filme "Juventude Transviada" (1955), que usava
blusão de couro e jeans. Marlon Brando também sugeria um visual displicente,
inclusive os cabelos, no filme "Um Bonde Chamado Desejo" (1951),
transformando a camiseta branca em um símbolo da juventude. Enquanto isso, na
Inglaterra, alguns londrinos voltaram a usar o estilo eduardino, mas com um
componente mais agressivo, com longos jaquetões de veludo, coloridos e vistosos,
além de um topete enrolado. Eram os "teddy-boys".
Os artistas James Dean e o cantor Elvis Presley influenciaram nas jaquetas de
couro, nos cabelos engomalinados, nas costeletas e topetes.
Os jovens também tinham mania de cardigã de cachemira e lambswool (tipo de lã
para malhas, produzida na Inglaterra). Eles eram bordados com peles, laços e
outros enfeites e se inspiravam nas malhas para a noite criadas por Maibocher na
época de guerra. Em 1951, as garotas usavam saias circulares de feltro.
Usavam meia soquete, saddle shoes (sapatos esporte amarrados).

Os cabelos em rabo-de-cavalo, já se mostrando rebeldes.

Os ídolos do cinema influenciavam a moda jovem da década, como a jaqueta de


couro de James Dean e de Elvis Presley.

Cabelo e Maquiagem

Maquiagem

Havia uma variedade muito grande de cores, que mudavam


duas vezes por ano, assim como a moda. A combinação para os olhos
consistia em sombra verde-clara, traço verde-musgo e rímel cor de cobre
ou sombra azul-acinzentada com traço azul escuro e rímel violeta. Era

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importante que a cor da sombra combinasse com a bolsa que a mulher


estivesse usando. Os produtos de maquiagem tinham consistência pesada
e por isso não serviam para realçar a beleza da mulher. A base era uma
espécie de massa úmida e quase sempre muito clara para os tons de pele
naturais, sobretudo nas mulheres elegantes. A caricatura de uma mulher
desta década era feita por um tom castanho de base, a sombra prateada e
um alaranjado claro nos lábios.

Para as adolescentes as sobrancelhas eram mais claras e largas, a boca


não tão delineada e mais suave.

Cabelos

Os cabelos também ficaram um pouco mais curtos, com


mechas caindo no rosto e as franjas davam um ar de
menina. Dois estilos de beleza feminina marcaram os anos
50, o das ingênuas chiques, encarnado por Grace Kelly e Audrey Hepburn,
que se caracterizavam pela naturalidade e jovialidade e o estilo sensual e
fatal, como o das atrizes Rita Hayworth e Ava Gardner, como também o
das pin-ups americanas, loiras e com seios fartos. As adolescentes
usavam o rabo-de-cavalo louro. Usavam também franjas postiças e a laca
para fixá-los quando ripados ou presos.

Algumas delas que não queriam parecer sexy, mas sim austeras, usavam
o preto nas maquiagens, no cabelo e nas roupas. Para elas o cabelo podia
ser curto ou comprido, penteados ou desalinhados. Mudava-se de forma e
cor dos cabelos tanto quanto se mudava de maquiagem e de roupa. Eram
lisos ou ondulados, curto ou até o queixo. O louro era a cor preferida.

Para os Homens, principalmente os jovens, o modelo de cabelo seguido


era o de ELVIS, com muita brilhantina, costeleta e topete, que viriam a ser
a marca registrada dos anos 50 e pela qual ele foi conhecido por toda sua
vida.

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Personalidades

Audrey Hepburn Marilyn Monroe Liz Taylor (1932) Sophia


Loren
(1929-1993)

Gina Lollobrigida Brigitte Bardot Elvis Presley James Dean

Com o fim da escassez dos cosméticos do pós-guerra, a beleza se tornaria um


tema de grande importância. O clima era de sofisticação e era tempo de cuidar da
aparência.
A maquiagem estava na moda e valorizava o olhar, o que levou a uma infinidade de
lançamentos de produtos para os olhos, um verdadeiro arsenal composto por
sombras, rímel, lápis para os olhos e sobrancelhas, além do indispensável
delineador. A maquiagem realçava a intensidade dos lábios e a palidez da pele, que
devia ser perfeita.
Grandes empresas, como a Revlon, Helena Rubinstein, Elizabeth Arden e Estée
Lauder, gastavam muito em publicidade, era a explosão dos cosméticos. Na
Europa, surgiram a Biotherm, em 1952 e a Clarins, em 1954, lançando produtos
feitos a base de plantas, que se tornaria uma tendência a partir daí.
Era também o auge das tintas para cabelos, que passaram a fazer parte da vida de
dois milhões de mulheres - antes eram 500 -, e das loções alisadoras e fixadoras.
Os penteados podiam ser coques ou rabos-de-cavalo, como os de Brigitte Bardot.

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Os cabelos também ficaram um pouco mais curtos, com mechas caindo no rosto e
as franjas davam um ar de menina.

Cary Grant Marlon Brando

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James Dean Marcelo Mastroianni

A HISTÓRIA DA MODA NA DÉCADA DE 60

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O poder da mídia cresceu na medida em que a televisão se firmava como a nova


rainha do lar.
A TV não só atualizava os fatos, mas também criava os novos modelos que se
juntavam aos ídolos do cinema e da música pop. As revistas de moda e de
comportamento circulavam com mais rapidez e popularizaram um outro tipo
feminino: as modelos.
Os cabelos inauguraram a década literalmente em pé.
As cabeças eram quase tão altas como aquelas das damas da corte francesa do
século dezoito.
No entanto, o que fora um privilégio da nobreza, democratizou-se; salões de beleza
não faltavam às mulheres que se dispusessem a pagar pelo serviço e valorizar a
aparência.
Os cabeleireiros viraram celebridades, criavam penteados com grife.
Os coques transformaram-se em verdadeiras torres temáticas. As bananas e as
alcachofras eram as fontes de inspiração básicas, e os cabeleireiros eram artistas
habilidosos, cada artesão caprichava nos detalhes de suas criações, que se
assemelhavam aos preciosismos rococós. Pôr o cabelo em pé era um desafio e
uma dor de cabeça, tanto para quem penteava como para quem desejava o
penteado. Depois de lavados, os cabelos ainda molhados eram enrolados com os
bobies grandes, para que os fios ficassem na atitude certa para o mis-en-plis, o
nome importado de Paris que queria dizer penteado; qualquer penteado era um
mis-en-plis. Retirados os bobies, iniciava-se o trabalho propriamente dito. Desfiava-
se o topete para que os cabelos começassem o movimento para o alto, para depois
tornear o resto da cabeleira numa banana.
O modelo alcachofra era mais engenhoso. O cabelo tinha que ficar preso em um
rabo, para que depois o cabeleireiro dividisse cuidadosamente as mechas. O
resultado era uma escultura barroca feita de tufos bufantes entrelaçados, sem que
se pudesse adivinhar onde começava um e terminava o outro. Uma potente
borrifada de laquê era segurança de que a construção permaneceria de pé. Tanto
trabalho não poderia acabar no dia seguinte, por isso muitas mulheres dormiam
com um lenço de seda para proteger o penteado e para conservá-lo por mais dois
ou três dias. Desmanchar o mis-en-plis era outra tarefa árdua: era preciso muito
cuidado para retirar dezenas de grampos que seguravam o coque. Um pente com

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dentes largos desembaraçava os fios que o laquê grudara uns nos outros, e só
depois dessa etapa dolorosa é que se podia usar a escova, para em seguida, lavar
a cabeça.
Os cabelos curtos tampouco escavam das alturas. A técnica do desfiado armava
uma espécie de bolo no topo da cabeça e quem não tivesse volume suficiente,
usava um enchimento que poderia ser facilmente disfarçado com uma fita de
gorgorão ou de veludo. Uma fivela ou um broche arrematava o modelo. As perucas
de todos os comprimentos eram apreciadíssimas, e as fitas coloridas também eram
usadas para esconder a divisão entre o cabelo verdadeiro e o falso.
A década de 60 foi pródiga em modismos.

MODA MASCULINA
ANTES

Estes estilos não eram considerados sexys.

DEPOIS

Aqui estes estilos já são considerados sexys para os padrões da época.

Cabelo e Maquiagem
Penteados

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No início da década, o penteado que estava na moda era o cabelo apanhado e


ripado à Farah Diba. O cabelo era ripado para cima com muito trabalho, sendo por
vezes avolumado com a ajuda de madeixas postiças. Depois era fixado com
quantidades industriais de laca. Desta forma, as cabeças pareciam muito grandes
em relação ao corpo, que aparentava uma fragilidade ainda maior. Em meados de
60, os longos cabelos das mulheres foram novamente alvo das tesouras dos
cabeleireiros. Vidal Sassoon granjeou um enorme êxito com os seus cortes
lisos, geométricos e curtos, que conduziam com a moda futurista que
começava a aparecer na altura.
O estilo Brigitte Bardot com cabelos compridos e rebeldes de plante selvagem, ou
coque opulento no alto da cabeça criado por Jean Berroyer, cabeleireiro no
Dessange, era imitado pelas jovens da época.
As perucas também estavam na moda, com um custo menor e em diversas
tonalidades, elas eram produzidas com uma nova fibra sintética, o kanekalon.
Os cabelos dos homens, por seu turno, ficavam cada vez mais compridos. O
corte de cabelo dos Beatles, que hoje em dia, nos parece totalmente
inofensivo, foi, na altura um verdadeiro escândalo. Os penteados dos Beatles
pareciam efeminados e descuidados, o que não os impediu de se tornarem
num modelo extremamente influente, que um grande número de homens não
hesitou em seguir.
A manequim Jean Shrimpton exibe abaixo o penteado Sol, assinado por Carita.

Maquiagem
Em entrevista à revista Elle, Brigitte Bardot declarou ter adotado os xampus secos
e os batons pálidos. “Maquio-me em cinco minutos. Três riscos de lápis, pif, paf, e
pronto”. Na realidade, como para a maior parte das mulheres daqueles anos, o
mais importante da maquiagem consistia na pintura dos olhos. Ela utilizava um
lápis preto para desenhar uma meia-lua na arcada acima do olho e espalhava
depois a sombra nas pálpebras com os dedos. Outras recorriam aos cílios postiços
pó pintavam os cílios com delineador. O olho devia ser grande e negro.

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A modelo Twiggy tornou-se um ícone da mulher-criança,


com seus cílios postiços ultramaquiados e os cílios inferiores pintados com
delineador.
Em 1970, iria ainda mais longe: sua nova linha de publicidade mundial articulou-se
em torno de uma maquiagem para fazer amor. Era uma nova revolução social.
"Queremos lançar produtos com os quais uma garota possa beijar um rapaz sem
ter medo de soltar a maquiagem na cama" dizia.
As cores eram fortes, puras, verdadeiras: rosa-choque, dourado, verde, violeta ou
laranja para o Day Glo. Usava o lápis em qualquer parte do rosto, desenhava flores
ao redor dos olhos e substituiu o pó por gel, para não obstruir os poros. Todos
esses objetos inéditos e acessíveis integraram o vocabulário da nova língua pop.
Personalidades

Jimi Hendrix Jane Fonda Jacqueline Kennedy Twiggy

Os anos 60 sempre serão lembrados pelo estilo da modelo e atriz Twiggy, muito
magra, com seus cabelos curtíssimos e cílios inferiores pintados com delineador.
A maquiagem era essencial e feita especialmente para o público jovem. O foco
estava nos olhos, sempre muito marcados. Os batons eram clarinhos ou mesmo
brancos e os produtos preferidos deviam ser práticos e fáceis de usar.

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Foi no Raymond, um cabeleireiro da moda na Londres dos anos 60, que se


instalou primeiramente aquele que seria o mais célebre de todos: Vidal
Sassoon. “The Shape” de Vidal Sassoon é um corte gráfico de linhas
assimétricas, intransigente: “Se elas não estão contentes, que vão embora”.
Uma vez instalado em seu próprio salão em Bond Street, impôs a nuca
descoberta e as mechas desfiadas sobre o rosto desenhando com precisão
todos os seus ângulos. Peggy Mofflt, a musa de Rudi Geinreich, contribuiria
para sua popularização, especialmente depois de sua participação em Quem
é você, Polly Magoo? ao lado das outras “modelos” do filme, na famosa cena
op art de maquiagem.
Em 1963, Vidal Sassoon lançou o corte “Bob”, que Mary Quant adotou em
seguida. Esta, por sua vez, criou para as Chelsea Ciris uma moda unissex,
democrática e internacional.

Os cabelos curtos começaram a ser usados pelas mulheres


nos anos 60

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Jean Seberg, 1961. Seu corte à garçonne Mia Farrow, 1968. Com Vidal
Sassoon,
fez sucesso com o filme de Jean-Luc encontrou “seu”
próprio look.
Godard, Acossado.

Propaganda de 1969

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Um dos maiores ineditismos desse período foi uma inversão curiosa na fonte de
inspiração dos penteados. Além das artistas e modelos, que naturalmente davam
as cartas nos cabeleireiros, os Beatles também criaram um corte que as mulheres
e os homens queriam imitar. Sem nenhuma risca definida, os cabelos escorriam na
testa na altura das sobrancelhas. As moças deixavam os fios mais compridos na
nuca, mas o contorno tipo tigela valia tanto para a versão masculina quanto para a
feminina.

As estrelas que marcaram época

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Os garotos da música tiveram suas roupas e seus cortes de cabelo


copiado por homens de todo o mundo

Com o desenvolvimento do cinema e da televisão nos anos 60, a moda e o estilo


dos atores, cantores e celebridades passam a ser seguidas pela sociedade em
geral. Nos Estados Unidos, atrizes como Brigitte Bardot, que era considerada
como estrela de curvas, usava cabelos compridos e soltos, ou presos no alto da
cabeça, modelos que foram copiados pelas mulheres no mundo todo.

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A mulher do presidente norte americano Jacqueline Kennedy era considerada uma


das pessoas mais elegantes de seu tempo e se tornou referência no modo de se
vestir. Ela usava tailleurs com casacos, vestidos de linhas diretas, sobretudo cor de
rosa, chapéu e luvas. Para Rose Andrade, professora da Anhembi
Morumbi, “Jacqueline Kennedy foi admirada e observada pelo mundo com sua
elegância, pelos seus tailleurs, suas calças justas e seu óculos de sol”.
Assim como as mulheres, os homens também passaram a se espelhar em artistas
e copiarem seus estilos. O músico brasileiro Roberto Carlos, por exemplo, copiou o
corte dos cabelos dos Beatles e conseqüentemente foi copiado pelos seus fãs
brasileiros.
Na música, ídolos como Bob Dylan, que usava calças de gangas, e Janis Joplin,
ficaram conhecidos após tocarem no festival de Woodstock. No Brasil, a Jovem
Guarda com o rei Roberto Carlos, usando cabelos curtos, e Wanderléia usando a
famosa mini-saia eram os grandes ícones da geração.

A HISTÓRIA DA MODA NA DÉCADA DE 70

O musical Hair (1969) anunciou triunfalmente a chegada dos anos 70, que
quebrariam todos os tabus e se outorgariam todas as liberdades. Os cabelos
serão seu símbolo, porta-voz de uma nova geração em busca de mudança e
de reconhecimento; comprido para os homens, “afro” para os negros, os
cabelos deviam acima de tudo ser livres. Embora ainda se ouça cantarolar nas
rádios os anúncios de “Dop, Dop, Dop”, xampus “balas de goma” coloridos
imaginados por Vasarely, novas técnicas apareciam nos penteados. Rolos de crina
de grossura variável permitiram penteados armados encrespados, ditos “de
alcachofra”, em cabelos molhados. Os cabelos passaram a ser secados
manualmente, com escova ou secador, como nos cabeleireiros para homens, o que
permitia aumentar o volume, alisar, cachear... Essa nova técnica, batizada de
brushing pela casa Lorca, percorreria o mundo, valendo-se do sucesso
internacional do filme Shampoo, de 1975, em que Warren Beatty encenava a vida
dissoluta de um cabeleireiro de Hollywood, inspirado, segundo alguns, em Gene
Chacove, personagem daqueles anos. Na mesma época, a influência de Vidal
Sassoon afirmava-se. Após ter lançado a moda dos cortes à navalha, criando
verdadeiras esculturas de cabelos (Jean Seberg, Zizi Jeanmaire), ele não cessaria

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de inovar e permaneceria sendo uma figura de destaque dos anos 70. Jovens
cabeleireiros apareceram e se distinguiram por looks audaciosos, cortando cabelo
por cabelo. Eram Maniatis, Harlow ou Jean-Louis David, e multiplicaram salões e
adeptos. Jubas volumosas e cortes geométricos unissex passam a conviver. Os
produtos capilares proliferaram.

Farah Fawcett, 1976. Esplendida cachoeira de cachos soltos, ela lançou o


“louro contrastado”. A cabeleira da atriz estava segurada em 125 mil dólares.

Histórico

Os anos 70 se destacaram pela sua irregularidade, não tendo um perfil definido:


todas as culturas e estilos reclamaram seu espaço. Nesta época prosseguiam as
transformações em grande escala: a libertação sexual, a objeção de consciência,
as experiências com drogas, tudo deixou de ser um programa das minorias e
passou a ser aceito e levado à pratica pelas grandes massas.

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Depois do pacifismo dos hippies, veio a vontade de combater dos ativistas políticos.
Nos Estados Unidos eram os Black Panther, na Alemanha a facção do Exército
Vermelho, na Irlanda o Irã e no Oriente a OLP, que utilizavam todos os meios para
alcançar seus objetivos. As ações terroristas estavam na ordem do dia. Mas não
eram apenas os grupos políticos que tentavam fazer valer suas idéias. Pessoas
oprimidas, sobretudo mulheres, ansiavam por uma realização pessoal e, neste
processo, ficavam muitas famílias pelo caminho. As anteriores formas de vida eram
consideradas falsas, necessitando-se de encontrar novas formas. Isso levou a uma
grande insegurança, de maneira que todos os pensamentos giravam em torno do
eu.
Todo este contexto histórico teve seu reflexo na moda, uma vez que não havia uma
regra para se vestir, cada um usava o que lhe agradava. A antimoda era a palavra
chave.
Os anos setenta trouxeram uma outra novidade importante para os salões de
beleza: os secadores de mão. O corte mais popular dessa época dispensou os
bobies, e a fila enorme de secadores deixou de ser a garantia de um salão bem
equipado. Quem sabia manejar a escova e o jato de vento quente dos novos
aparelhos, ganhava a preferência das clientes. O penteado foi inspirado no cabelo
da atriz americana Farrah Fawcett, uma das protagonistas do seriado “Charlie’s
Angels” e ficou conhecido como corte em camadas.
Da testa até a nuca, os fios eram cortados em diferentes comprimentos para
sustentar a impressão de volume e movimento. O corte parecia mais esvoaçante e
luminoso com algumas mechas mais claras. As luzes eram obtidas com a
descoloração de alguns fios e podiam ser mais ou menos claras, de acordo com a
tonalidade do cabelo.
Os modelos eram variadíssimos e tinham que causar impacto. Mas, por outro lado,
o cabelo não deveria ficar com cara de arrumadinho, ao contrário, a idéia era
mostrar um penteado irreverente, que se aproximasse do efeito causado por uma
ventania. A palavra-chave era movimento. E as mulheres faziam um permanente
atrás do outro. Algumas conseguiam um enroladinho perfeito, mas a maioria se
contentava com o volume dos fios armados, como se tivessem levado um choque
elétrico. Quem tinha uma cabeleira naturalmente volumosa não precisava do
permanente, que, apesar de todos os avanços e cuidados, desidratava os fios.
Essas privilegiadas cheias de cabelo faziam trancinhas em tufos muito finos, a

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partir do repartido no meio da cabeça. A mistura dos fios lisos com as pequenas
tranças simulava a ondulação da permanente.
Aparecer em uma festa com um cabelo totalmente novo era interessante, uma
prova de ousadia. A transformação mais radical exigia muita paciência, e a
dedicação de, pelo menos, duas ajudantes. Por isso custava mais caro. Separava-
se os fios em tufos minúsculos e trançava-se toda a cabeça. Essa primeira parte
levava um tempão. A segunda não era menos demorada, e demandava algumas
horas no secador. Finalmente, depois de tanto trabalho, o cabeleireiro soltava as
trancinhas e pronto. O cabelo estava plissado. Valia a pena o sacrifício. A moda fez
tanto sucesso que logo apareceram as chapas quentes que frisavam os cabelos
com mais eficiência e rapidez. O problema é que elas não podiam ser usadas com
muita freqüência, pois o calor queimava os fios, mas ninguém dava muita
importância para os prejuízos: as máscaras hidratantes estavam cada vez mais
eficazes.
No início, as mechas eram muito marcadas e artificiais, depois a técnica ficou mais
sofisticada e os fios claros misturavam-se no volume dos cabelos naturais como se
fossem, de fato, o resultado de muito sol na cabeça.
O cabelo bem curtinho também tinha vez. O corte de Mia Farrow era o mais ousado
por ser a mais radical de todas as opções. Quem seguia por esse caminho tinha
que ousar um pouco mais e mudar a cor.
Uma outra tendência marcante desse período foi o estilo afro. Os cabelos crespos
por natureza eram os mais flexíveis para qualquer modelo dessa linha. O mais
simples lembrava um cogumelo. Os cachos bem definidos, livres para subir e
crescer deixavam a cabeça desproporcionalmente grande e arredondada, como se
carregasse uma nuvem.
A convivência de estilos bem diferentes entre si abriu o caminho para a composição
das tribos, que dos anos oitenta em diante, separariam os grupos de jovens de
acordo com seus interesses e inspirações de beleza.
A estética e o sonho hippies, tão difundidos no início dos anos setenta, foram se
diluindo aos poucos, na medida em que uma nova onda frenética e dançante
ganhava espaço.

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BLACK POWER HIPPIE

Bo Derek popularizou o estilo Rastafari


Cabelos e Maquiagem

Cabelos

Uma cabeleira farta e brilhante era o atributo mais desejado pelas mulheres. Os
penteados naturais eram secos com secador ou ao ar, escadeados
refinadamente, enquanto as permanentes lhes davam o volume necessário.

Maquiagem

Cremes de dia matizados, sombras da cor da pele, brilho nos lábios e verniz incolor
eram o look predileto das mulheres. Mas a noite elas abusavam das maquiagens

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nas discotecas e clubes noturnos como o Studio 54 em Nova Iorque. A sobrancelha


finíssima, os lábios vermelho-escuro ou pretos.

Cortes e penteaios dos anos 70, com uma versão do famoso corte à “Stone”,
em Votre Beauté.

A HISTÓRIA DA MODA NA DÉCADA DE 80

A moda Punk

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Foi na Inglaterra, em meados dos anos 70, adotada por adolescentes,


desempregados e estudantes. As calças e saias rasgadas eram usadas com
jaquetas de couro, geralmente tacheadas. Usavam-se correntes em volta do
pescoço e para prender uma perna à outra.

As camisetas eram, em geral, pretas, laranja ou cor-de-rosa, e usavam-se


acessórios de aço ou couro tacheados no nariz e nas orelhas. Homens e
mulheres usavam os cabelos curtos, com faixas, raspados ou eriçados e
tingidos de vermelho, verde, amarelo e azul. Também se usava o cabelo
descolorido com a raiz preta.
As roupas punks surgiram como traje vandalizado dos Hell´s Angels (grupo
americano marginalizado como Anjos do inferno para andar de motocicleta, com
sobretons masoquistas). O estilo punk, que exprimia violência e contestação, numa
época de alto índice de desemprego, influenciou também o mundo da música,
surgindo os conjuntos da New Wave.

O estilo yuppie

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O símbolo dos anos 80 é o yuppies (Young urban Professional). Consistia, para


muitos, num golpe de libertação contra o “terror do desleixo” dos anos 70.
Geralmente o yuppie é solteiro e não tem filhos. Veste-se de forma a obter o
chamado power look: os casacos assertoados de marca – Armani, Hugo Boss ou
Ralph Lauren, com chumaços muito acentuados. Este traje é um símbolo de
ambição e mentalidade competitiva. Os estilistas, embora acentuassem a silhueta
masculina com os ombros largos, os estilistas trabalham para que a moda
masculina seja cada vez mais feminina, usando tecidos macios, gravatas de
cabedal, e sapatos multicoloridos. Era um estilo cultivado pelos estilistas: Giorgio
Armani, Ralph Lauren, Calvin Klein, Claude Montana e Donna Karan.
O estilo yuppie feminino era visto durante o dia num casaco power, muito cintado,
com chumaços acentuados, saia curta e estreita e uma blusa chique. O fato de
calças e casaco torna-se também a indumentária de trabalho das mulheres com
cargos executivos. Os ombros largos transmitiam a idéia de autoridade e poder e
tornava a emancipação feminina uma realidade.

Cabelo e Maquiagem

Maquiagem
A maquiagem agora na era usada para melhorar ou rejuvenescer, mas sim

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para acentuar a expressão do rosto. Durante o dia as mulheres usavam os


tons naturais e transparentes que deixavam a tez bem cuidada. A mulher
esclarecida sabia que o sol envelhecia, e a tez escura agora era out. as
maquiagens definitivas eram uma nova opção da mulher estar sempre
pronta.

Personalidades

Lady Di Madonna Cher John Travolta

A HISTÓRIA DA MODA NA DÉCADA DE 90

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Curto, comprido, liso, ondulado; tudo pode. Dependendo do formato da cabeça e


da simetria dos traços do rosto, ela ainda pode, se quiser, raspar todos os fios do
cabelo. A cantora irlandesa Sinead O’Connor se apresentou careca, a atriz Demi
Moore fez um ensaio fotográfico com a cabeça pelada.
É claro que isso não é para qualquer uma, porém a ousadia de uma exposição
considerada constrangedora para a maioria das mulheres vale como evidência de
uma época tolerante em relação aos padrões de beleza. Muito mais que decidir
entre as inúmeras tendências, a mulher tem pela frente o desafio de expressar a
sua personalidade, seja através da combinação das roupas ou do penteado.
Um bom corte assimétrico com as pontas desfiadas e desiguais era e ainda é o
fundamental para sugerir um penteado quase despenteado. Essa combinação
difícil era a regra principal em todos os salões bem cotados.
Alguns acessórios voltaram a ser usados, entre eles as tiaras. De tartaruga, de
metal ou recobertas com tecidos, elas ajudavam a composição do rosto,
especialmente de quem tinha cabelos muito finos, que precisavam ser valorizados
com um adorno para disfarçar a figura escorrida. Um corte repicado dava a
impressão de volume, um pouco de gel nas pontas sugeria movimento, e uma tiara
estreita completava o visual com um toque de sofisticação discreta. O importante
era oferecer soluções para os problemas de cada tipo de cabelo. A consulta de um
profissional de ponta começava com um bom diagnóstico, seguido do caminho
adequado para dar um jeito nos cabelos desajeitados, nas cabeleiras muito densas,
ou na penúria de uma cabeça com poucos fios. A partir dos anos noventa, ficou
mais difícil distinguir entre o que estava na moda e o que estava por fora, já que o
objetivo era achar uma maneira de fazer o cabelo combinar com as características
particulares que não mudam.
O modo de lavar e de secar tinha que levar em conta essas singularidades, pois na
maioria dos casos, o pulo do gato estava no xampu e no brushing certos. O manejo
da escova podia aumentar ou diminuir o volume; deixar os fios chapados ou simular
movimento, e em alguns casos podia-se dispensar a escova. Os cabelos
cacheados, por exemplo, pediam apenas o calor de um difusor acoplado no
secador e uma massagem contínua com as pontas dos dedos, até que eles
ficassem completamente secos e naturais. Um finalizador defrisante e ponto final.

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Quem tinha cabelos densos e sem balanço precisava de um brushing com escovas
mais grossas; as menores, ao contrário, serviam para simular densidade.
Um profissional talentoso sabia dar um jeito nos casos mais complicados, e a bem
da verdade, seu principal conselho era aparentemente muito simples: “seu cabelo
só vai ficar bom quando você parar de brigar com ele”. Conselho simples de dar,
porém difícil de seguir, uma vez que tantas opções de modelos confundiam
facilidade com possibilidade.

Nos anos 90, a diluição se tornou mais sutil. O punk virou pop e, em 1990 iniciou
com um comercial de jeans, na televisão norte-americana, usando a música
“Should I stay or shoud I go?”, sucesso do grupo The Clash. Mas somente em
1995, um ano após a decadência do grunge, a diluição foi mais adiante.

Era o cenário de bandas com sonoridade animada e letras menos politizadas e que
a imprensa especializada denominou de poppy punk. Com bandas musicalmente
verossímeis, como Green Day e Offspring, o gênero até funciona como um tipo de
rock minimamente razoável para o jovem contemporâneo, com vantagem para o
Green Day, que aos poucos foi se evoluindo para uma sonoridade mais melódica e
menos punk (mas ainda punk). No entanto, a mídia exagerou a respeito desse
cenário. Para uma mídia que queria vender modismos, o poppy punk acabou sendo
vendido como se fosse mais uma “nova rebelião punk” e alguns jornalistas, mais
empolgados, definiram o cenário como hardcore. Rótulo que acabou seguindo,
depois, para bandas menos criativas e mais ingênuas, como Blink 182.

Enquanto isso, a pergunta não se cala: “o punk morreu?” Se depender das bandas
autenticamente punk, não. Elas continuam acontecendo, fora do esquemão e do
mercado, talvez mais ignoradas do que antes, já que as réplicas comerciais fazem
o serviço nas paradas de sucesso e no circuitão fonográfico. As que realmente são
independentes continuam ralando.

Cabelo e Maquiagem

Maquiagem

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A frescura natural voltou a estar na moda e as mulheres deveriam apresentar-se


como se tivessem saído do banho. As pestanas recebiam rímel, os lábios eram
contornados apenas.

Assim que se soube que as artistas e as modelos usavam pó-de-arroz, as mulheres


correram às antiquadas caixas dos mesmos nas cores suaves de banana e
pêssego.

Cabelos

A arte de fazer o cabelo cair de forma natural consistia no corte e na cor dele. O
penteado da época é o corte escadeado de Jennifer Aniston, da série televisiva
Friends, que faz lembrar o cabelo arranjado com secador de Farrah Fawcett-Majors
nos anos 70, embora mais liso e curto.

Personalidades

Sharon Stone Pamela Anderson Julia Roberts

FAZENDOA MODA DOS ANOS 2000


Moda Emo

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tendência emo em abandonar o punk distorcido em favor de calmos violões. Na


cultura alternativa diz-se que alguém é ou está emo quando demonstra muita
sensibilidade.

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No Brasil, o gênero se estabeleceu sob forte influência norte-americana em


meados de 2003, na cidade de São Paulo, espalhando-se para outras capitais do
Sul e do Sudeste, e influenciou também uma moda de adolescentes caracterizada
não somente pela música, mas também pelo comportamento geralmente emotivo e
tolerante, e também pelo visual, que consiste em geral em trajes pretos,Trajes
Listrados, Mad Rats, Cabelos Coloridos e franjas caídas sobre os olhos.

TRANÇA DO TEMPO

A partir de 1901, o mundo se despediu do período de regras austeras e se abriu


para o estímulo das novidades.

O permanente, técnica de enrolar os cabelos, chegou em 1904, criado por um


cabeleireiro alemão estabelecido em Londres, que mudou-se para Nova York, onde
fez sucesso e fortuna.

A segunda década do século 20 reagiu contra o exagero dos penteados. As


mulheres estavam cansadas de artificialismos.

Na década de 20, usar cabelo curto era sinônimo de ousadia. As mulheres


apareciam com o corte à la garçonne?

Os cabelos longos e levemente ondulados eram sucesso na década de 40. Os


turbantes também foram muito populares. Eram práticos e simples de usar.

Os anos 60 representaram a celebração do excesso.

Na segunda metade dos anos 70, duas modelos inglesas criaram dois tipos de

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beleza completamente diferentes: Jean Shrimpton e Twiggy. As duas decretaram o


fim dos coques rebuscados e o ar de engessado dos cabelos cheios de laquê.

Nos anos 80, era possível fazer quase tudo em casa. Uma visita mensal a um bom
cabeleireiro bastava para dar conta de um visual caprichado.

A mulher da última década do século 20 se olha no espelho e se sente livre para


escolher o cabelo que bem entender.

A partir do ano 2000, a moda tornou-se uma democracia multipartidária, em que


apenas uma regra é básica: a saúde dos cabelos.

ÍCONES MAIS IMITADOS

Veronika Lake: os cabelos loiros, compridos, com leves ondas da atriz


conquistaram as mulheres, que a copiaram imediatamente.

Rita Hayworth: soltos, cacheados e ruivos, a atriz, um símbolo sexual na época,


lançou moda e hoje é cult.

Elizabeth Taylor: os cabelos pretos faziam tanto sucesso quanto os das divas
loiras.

Brigite Bardot: os cabelos compridos com pontas irregulares e franjinha eram


fáceis de serem copiados.

Jane Fonda: os cabelos longos, volumosos, espetados e de cachos desalinhados


a tornaram símbolo de sensualidade.

Twiggy: a modelo, de cabelos curtos e lisos, aparentava um ar andrógino.

Farrah Fawcett: uma das panteras marcou época com o corte em camadas, de
aparência esvoaçante e iluminado com algumas mechas mais claras.

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Bob Marley: os trançados com miçangas e dreadlocks do cantor eram dois estilos
afro queridos dos adeptos das tendências étnicas.

Madonna: os cabelos loiros com cachos desalinhados, presos ou soltos, foram


copiados à exaustão. Ela trocava a cor e o corte do cabelo quando percebia sinais
de cansaço do público.

Lady Diana: corte de cabelo bem comportado. Casou-se com o penteado de


sempre. As cabeças femininas quiseram copiar o cabelo da princesa.

Um acervo de madeixas
Exposição nos EUA aponta os cortes que fizeram história e a cabeça de
celebridades

Quem não se lembra da pantera Farrah Fawcett? E do elegante chanel repicado de


Jacqueline Kennedy em seus tempos de primeira-dama? Através dos cortes de
famosos, a HAIRevolution mostra como os cabelos são, assim como as roupas e
as artes plásticas, uma expressão do momento social. “É impressionante como as
celebridades influenciam gente do mundo inteiro”, disse a ÉPOCA a curadora
DeeDee Gordon. Depois de passar meses em pesquisa, DeeDee concluiu que os
cabelos são ingrediente essencial na construção da personalidade. “As pessoas
escolhem um corte para se parecer com alguém. É o mecanismo clássico de
identificação”. Nos anos 70, legiões de mulheres copiaram o cabelo cortado em
camadas de Farrah Fawcett, então uma das atrizes mais glamourosas da televisão.
Outras, no mesmo período, mais sintonizadas com o feminismo e as manifestações
contra a Guerra no Vietnã, radicalizaram ao repicar as madeixas.

Quando puxa o fio dessa meada, a exposição vai dar na estilista Coco Chanel,
que, nos anos 20, criou um corte curto, de linhas retas, batizado com o
próprio nome. Mulheres despediram-se dos bóbis e abraçaram o visual. Na
década de 60, também a pedido de nomes consagrados da alta-costura, os
cabeleireiros inventaram o corte 'joãozinho', supercurto, celebrizado pela
modelo inglesa Twiggy. Nascia, assim, o visual baby face, imitado pela atriz
Mia Farrow, nos Estados Unidos, e por Elis Regina, no Brasil. A mostra também

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explica que, com a entrada da mulher no mercado de trabalho, permanentes leves


ou uma simples escova em um cabelo com luzes conquistaram um público
interessado em visual rápido e bonito. Para o século XXI, mais individualista, a
aposta é no corte desestruturado, com pontas irregulares, para não dar a
impressão de que se segue um modelo. Como o de Meg Ryan, hoje o mais
copiado nos salões brasileiros. 'Muitas clientes aparecem com a foto de Meg na
bolsa', conta o cabeleireiro Wanderley Nunes. 'Às vezes, o corte não combina com
o formato do rosto, mas a cliente quer.'

ANOS 60 'JOÃOZINHO' DE MIA FARROW


ANOS 70 SEXY DE FARRAH FAWCETT
ANOS 80 PERMANENTE DE KIM BASINGER
ANOS 90 LISO DE JENNIFER ANISTON
2000 DESESTRUTURADO DE MEG RYAN

Histórias que as melenas contam:

# Como primatas são predominantemente visuais, características como


cabelos diferenciados auxiliam na identificação de membros da espécie ou
clã, mesmo a longa distância.

CABELOS

Os cabelos sempre se constituíram como excelente adorno do rosto, tidos


historicamente para a mulher como símbolo de sedução e para o homem como
demonstração de força. Afrodite cobria sua nudez com a loira cabeleira e Sansão
derrotou os filisteus quando recuperou seus fios preciosos.

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Na Grécia antiga, ofertar as madeixas aos deuses representava um ato supremo,


como se vê quando Berenice cortou seus cabelos e os ofereceu em sacrifício à
Afrodite, para que seu marido, Ptolomeu, voltasse ileso da guerra da Síria.

No Egito antigo os faraós tinham nas perucas formas de distinção social, enquanto
que para os muçulmanos manter uma pequena mecha no alto da cabeça era o
ponto para que Maomé os conduzisse ao paraíso.

Na mitologia hindu os cabelos de Shiva mostram as direções do espaço e figuram


em todo o universo. Desde os escalpos indígenas até os cabelos das mulheres
acusadas de ligação com as tropas alemãs da 2a Guerra Mundial, a cabeleira dos
vencidos foi sempre exibida como troféu.

Por outro lado, enquanto os cabelos estiveram associados à idéia de força e


beleza, a calvície ficou ligada ao conceito de sabedoria. Assim, os sacerdotes
egípcios tinham a cabeça raspada como símbolo de desapego. Sócrates
orgulhava-se da sua falta de cabelos dizendo:

"Mato não cresce em ruas ativas!". Mas foi Hipócrates, também um calvo célebre,
quem estudou pioneiramente a alopecia relacionando-a a outras características
físicas.

O swami Pandarana Sannahdi, do mosteiro de Madras, na Índia, tinha em 1949,


uma cabeleira de 7,92 metros de comprimento!

Na França, o Rei Sol Luiz XIV usava diariamente uma peruca para cobrir sua
cabeça.

Cabelos viraram objeto de estudo e suas formas ganham o status de design. Duas
exposições internacionais, com grande sucesso de público, comprovam uma
verdade admitida somente na frente do espelho: homens e mulheres, de todas as
idades, preocupam-se muito com as madeixas. E não é de hoje.

EXPO DO CABELO NA FRANÇA

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A mostra francesa Le Cheveu se Décode (O Cabelo se Decodifica) traça uma


história dos cabelos, a evolução dos penteados através dos tempos e a trilha de
avanços científicos para tratamento capilar.

"Não é só vaidade. Todos dão muita atenção aos cabelos porque eles exprimem a
personalidade, tanto quanto a roupa". Não faltam números para comprovar tal
afirmação. Dá para imaginar que um terço das brasileiras, ou seja, cerca de 50
milhões de mulheres, vai ao cabeleireiro ao menos uma vez por mês? Seja para
cortar, seja para pintar, seja para pentear, investem o que podem nesse importante
quesito da estética feminina.

Um comentário recorrente nos salões de beleza é que não há nada mais eficaz
para levantar a auto-estima da mulher que um bom corte de cabelos. "Fazer terapia
é mais demorado, plástica mais arriscado e roupa é mais cara".

Além de funcionar como moldura para o rosto, os cabelos, especialmente os


compridos, têm um forte componente de sedução. Em qualquer enquete entre o
público masculino, é o comprimento predileto. Sempre foi assim. O escritor
Machado de Assis já enfatizava a sensualidade das longas mechas de Capitu.
Muitas mulheres gostariam de adotar um corte curto, mais prático para o dia-a-dia.
Mas acabam sucumbindo ao comprido porque é o que eles preferem.

Cortes e penteados também variam no ciclo da moda. As brasileiras, em sua


maioria, têm cabelos ondulados ou crespos. Por isso, tornaram-se reféns da
escova nos últimos tempos. É que o cabelo liso virou lei. Segundo pesquisa do
Instituto Nielsen, 23% das brasileiras não saem de casa sem secar os cabelos.

Outra paixão nacional são as tintas. Em quatro anos, o consumo de produtos para
coloração aumentou em 200%. A indústria lançou uma série de xampus que
realçam os tons da moda. Segundo pesquisa do Ibope, 41% das brasileiras e 13%
dos brasileiros usaram tintura nos últimos 12 meses.

"É impressionante como as celebridades influenciam gente do mundo inteiro", os


cabelos são ingrediente essencial na construção da personalidade.

"As pessoas escolhem um corte para se parecer com alguém. É o mecanismo


clássico de identificação."

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Nos anos 70, legiões de mulheres copiaram o cabelo cortado em camadas de


Farrah Fawcett, então uma das atrizes mais glamourosas da televisão. Outras, no
mesmo período, mais sintonizadas com o feminismo e as manifestações contra a
Guerra no Vietnã, radicalizaram ao repicar as madeixas. Mulheres despediram-se
dos bóbis e abraçaram o visual. Na década de 60, também a pedido de nomes
consagrados da alta-costura, os cabeleireiros inventaram o corte 'joãozinho',
supercurto, celebrizado pela modelo inglesa Twiggy. Nascia, assim, o visual baby
face, imitado pela atriz Mia Farrow, nos Estados Unidos, e por Elis Regina, no
Brasil.

A mostra também explica que, com a entrada da mulher no mercado de trabalho,


permanentes leves ou uma simples escova em um cabelo com luzes conquistaram
um público interessado em visual rápido e bonito.

Para o século XXI, mais individualista, a aposta é no corte desestruturado, com


pontas irregulares, para não dar a impressão de que se segue um modelo. Como o
de Meg Ryan, hoje o mais copiado nos salões brasileiros.

De qualquer forma, na civilização atual os cabelos perderam muito da função


remota protetora, mas ainda marcam muitos pontos nos itens "Beleza & Sedução".
Até hoje uma bela cabeleira denota força, situação social e poder.

NOBREZA FEMININA

Suméria - Tinham seus cabelos em um chignon pesado e tranças em torno da


cabeça ou do Ietting e caía sobre os ombros. Também o pulverizaram com pó de
ouro ou amido amarelo aromatizado e adornado com presilhas de ouro e outros
ornamentos.

Babilônios e os assírios tingiam seus cabelos longos e as barbas eram em formato


quadrado - eram escurecidas frisadas e onduladas.

Os nobres persas também ondulavam seus cabelos e barbas e pintavam de


vermelho, com henna.

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A mulher nobre, egípcia, prendia seus cabelos com grampos ou adornos. Por ser
mais agradável e higiênico, por causa do clima quente, os homens costumavam
raspar as cabeças com navalha de bronze.

Em certas cerimônias, para a proteção do sol, usavam perucas pesadas,


geralmente preta e curtas, encaracoladas, onduladas ou em tranças e adornadas
com botões em marfim, faixas, flores frescas ou ornamentos de ouro.

Na Grécia clássica, os homens tinham o cabelo e barba curtos. O cabelo longo das
mulheres foi puxado para trás, frouxamente ou preso em um chignon, mais tarde
em forma redonda. As classes superiores usavam ferros para ondular.

Algumas mulheres tingiam seus cabelos de vermelho, azul, empoavam com pó de


ouro branco ou pó vermelho, e outras adornavam com flores, fitas e tiaras com
pedras preciosas.

Na Roma republicana austera, os homens e as mulheres seguiam, geralmente,


estilos gregos simples, mas as classes superiores usavam ferros ondulando os
cabelos e os homens empoavam seus cabelos com poeira do pó colorido ou do
ouro. As mulheres tingiam seus cabelos com sabão amarelo ou usavam perucas na
cor marfim.

Estas perucas eram feitas dos cabelos louros dos prisioneiros bárbaros.

O serviço de corte e raspar os cabelos e barbas sempre foram realizadas por


escravos domésticos ou em barbearias públicas.

No mundo muçulmano, não-ocidental, tradicional, os cabelos foram escondidos sob


véus ou lenços. Os cabelos longos das mulheres foram colorizados com uma
enxaguadura de henna.

ADORNOS DE CABELO

Os adornos de cabelo nem sempre são algo que nós simplesmente usamos em
nossos cabelos. Complementam ou produzem um estilo particular.
Frequentemente, os adornos produzem uma indicação poderosa sobre quem nós
somos, nosso caráter ou espírito.

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Os adornos dizem algo sobre nós e marcam um ponto em nossas vidas.

No mundo de hoje, onde existe produção em massa, procuramos nossa


individualidade e temos que manter nossa própria identidade. Quer seja em uma
jóia original, roupa ou outro objeto material, nós constantemente usamos algo que
nos identifique como indivíduo.

A cabeça, como nenhuma outra parte do corpo, é nossa indicação imediata. Mudar
um estilo de cabelo nos faz sentir diferente, nos dá a confiança ou nos dá um
sentido de segurança. É a maior indicação e a mais poderosa em nosso corpo. O
adorno ou o acessório elogiam a cabeça ou o estilo de cabelo. Acredito que nosso
estilo de cabelo é nossa própria identidade, nosso próprio conceito de quem
somos, nossa construção social.

Os instrumentos que nós usamos podem fazer ou quebrar a criação, seja o estilo
elaborado ou básico, moderno ou clássico.

O material usado no instrumento cria um tema, e o tema é refletido, então, no


estilo. O material pode ser não-durável, incorreto, barato ou apenas para diversão;
ou pode ser permanente, confiável e original.

O estilo pode criar um significado óbvio ou uma qualidade emocional que as


palavras não são capazes de descrever.

A MODA CONTEMPORÂNEA

A idade contemporânea é o período específico atual da história do mundo


ocidental, iniciado a partir da Revolução Francesa (1789 d.C.).

Itely Hair Fashion aposta num verão de contrastes


Em sua apresentação, durante o Beauty Fair Summer Collection, a Itely Hair
Fashion levou para a passarela o contraste entre cores vibrantes e frias.

A coleção, denominada Vernissage, foi interpretada com maestria pelo hairstylist


Paulo Ricardo, e trouxe para a passarela desde o vermelho Florença (referência ao

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movimento renascentista) até cores frias com toques cálidos da região do


mediterrâneo.

Os cortes expressaram leveza, com movimentos suaves, impacto visual e muita


feminilidade. Todas as tendências são baseadas em cinco eras da história da
humanidade:

• Cosmopolitan (Pré-História e Idade Antiga) – inspirada em pinturas rupestres e


afrescos egípcios, com cortes longos e irregulares. “Os cortes proporcionam
penteados e mudanças instantâneas e radicais”, explica Paulo. As cores remetem a
pigmentos naturais como carvão, terra e ferrugem;

• Épicus L´Amore (Idade Média) – tem como cenário o romantismo lírico e épico.
Os cortes são médios e cheios de ondas, que proporcionam muito movimento. As
cores predominantes são o tabaco e o cinza, sobrepostos em dourado e bege;

• Exuberânce (Idade Moderna) – cabelos curtos, desfiados, que remetem a uma


atitude lúdica. Nessa tendência é utilizada toda a cartela de cores. “Mas as cores
quentes expressam a exuberância da mulher com mais exatidão”, afirma o
hairstylist;

• Blow Dry (Idade Contemporânea) – é o expressionismo transmitido em pontas


desfiadas, em cortes extremamente naturais. As cores predominantes são os tons
metálicos claríssimos.

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Experts" dos fios antecipam tendências

O mundo da moda é todo baseado em tendências. Às vezes, os estilistas


retrocedem e a moda atual fica parecida com algo que foi febre nos anos 30, 60,
80... De repente, esses mesmos criadores vão além da realidade e o futuro se
torna a bola da vez. A criatividade é o que importa na hora de fazer moda. Vale
lembrar que essa é a mesma dinâmica que acompanha o desenvolvimento de
novas cores, cortes e penteados para as madeixas. Poucas pessoas sabem, mas o
que será tendência para os cabelos também é antecipado pelos gurus das
melhores marcas de cosméticos, como em toda cena fashion.
A equipe Schwarzkopf Professional fez um estudo e levantou quais são as
principais tendências em cabelos para os próximos anos. Em 2007 a coleção
“Essential Looks” promete fazer barulho nos salões de beleza, comlooks inspirados
no futurismo. Os cabelos são contemporâneos e foram inspirados nas passarelas
internacionais de Londres, Milão, Nova Iorque e Paris.

O compromisso da coleção de tendências para os cabelos é oferecer aos hair


stilysts looks inovadores inspirados nas tendências do mundo da moda, como um
valioso instrumento de trabalho que reúne perspectivas para a criação de visuais
de vanguarda”, explica Angel Farriols, que há 13 anos integra a equipe de
desenvolvimento de coleções.

A “Essential Looks Diverse Collection” destaca quatro grandes tendências de moda:


Futurism (Futurismo), Siren, 2-Tone e The Dancer (O Dançarino). Assim como na
passarela, os looks das madeixas são conceituais, englobam as tendências que
mais tarde serão incorporadas e copiados no mundo todo.

Conheça o conceito de cada tendência:

Futurism:

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A visão do futuro é uma combinação de tecnologia e styling apurado, formas


estruturadas e influências da era espacial. Um novo espírito de inspiração arrojada
do passado e do futuro. Esta tendência é marcada por um estilo forte com linhas
angulares e desequilibradas e com formas gráficas, baseadas numa cultura high-
tech. Os cabelos são finalizados com forma laminada, intensificados com um preto
agressivo iluminado por um tom laranja violento que acentuam níveis angulares de
corte.

Palavras-chave: máquina do tempo; cyber future; visionário da moda; pratas


galácticas e brilho metálico; modernismo puro e duro e cultura High Tech.
Corte: formas geométricas e fortes com linhas angulares e desequilibradas.
Cores: negro líquido integral e intenso realçado por tom laranja violento que resulta
numa homenagem ao glamour apurado.

Siren:

A tendência ideal para quem pretende um estilo super-sexy com uma força
nitidamente feminina. Trata-se de puro glamour com um toque de burlesco. Siren
oferece formas sólidas com movimento, reforçadas com tons cor-de-rosa, cereja e
azuis. Com um corte escameado arredondado e franja pesada como véu no
comprimento. Para obter uma imagem dinâmica, as cores usadas nesse look são
secções de framboesa escura, cereja brilhante e um suave tom de morango
gelado.

Palavras-chave: silhuetas sexy; burlesco; baby doll; verde ácido; amarelos vivos;
azul pavão; rosa pastilha elástica.
Corte: escameado arredondado, franja pesada com um véu no comprimento.
Cores: secção de framboesa escura, cereja brilhante e um suave tom de morango
gelado são usados para obter uma imagem dinâmica.

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Tone:

A combinação perfeita de luxo e modernismo off beat – silhuetas simples e


delineadas em tom sobre tom. É a tendência clássica de um estilo Chanel, com
cores pretas finalizadas nas pontas com apontamentos brancos. As formas
minimalistas e as texturas fortes ecoam as oposições da natureza. Linhas simples e
texturas soltas, cores claras com tons gelados ou com tintas monocrômicas
dominam a tendência 2-Tone. O corte desse look é um comprimento médio de
linhas quebradas e uma franja solta. A cor predominante é uma descoloração
clássica e pura com uma técnica de tonalização do mais puro louro platinado.
Formas minimalistas com texturas gráficas fortes, apenas preto e branco, o
moderno original.
Palavras-chave: textura e tom; branco e puro/negro duro; monocromático;
minimalista claro/escuro e sobretons.
Corte: comprimento médio de linhas quebradas e uma franja solta.
Cores: descoloração clássica e pura com uma técnica de tonalização do mais puro
louro platinado.

The Dancer:

O delicado e romântico estilo de Viktor e Rolf é a base desta tendência. Sensual,


delicada e feminina, esta tendência recorre a camadas estruturadas e texturas
desalinhadas que oferecem movimento extra ao penteado. Os tons naturais de
pêssego, caramelo e biscoito oferecem uma finalização suave e cremosa a todos
os cabelos. Para esse look, o corte é em camadas que fluem livremente com
textura e movimento.

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Palavras chave: solto e sobreposto; nu/puro; sentimento romântico; linear;


suave/fluido; castanho tabaco; cinza delicado; enevoado.
Corte: camadas que fluem livremente com textura e movimento.
Cores: triângulos distintos, invertidos e alongados que cobre o topo da secção
superior, uma finalização imaculada com fortes contrastes de cor.

Principais tendencias de cabelos

Estilo Siren

Estilo Tone

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Estilo Dancer

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Estilo Futurism

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