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OBJETIVOS
a) estudar, permanentemente, a organização; o funcio-
namento, as condições e métodos de trabalho dos Municípios
brasileiros, visando ao seu melhor rendimento;
b) promover o maior intercâmbio possível entre os
Municípios e com êles colaborar no planejamento, orientação,
assistência técnica e implantação de quaisquer modificações ou
reformas administrativas;
c) receber, estudar e difundir sugestões sôbre' assuntos
de administração municipal, promovendo, para tal fim, em
colaboração com os órgãos federais e estaduais - por meio de
palestras, documentário, congressos, publicações, etc . - ampla
difusão de ensinamentos sôbre os princípios, os problemas e a
técnica de administração municipal;
d) pre~tar aos Municípios completa e efetiva assistência;
e) realizar os objetivos de cooperação expostos nos Esta-
tutos da Comissão Pau-Americana de Cooperação Intermuni-
cipal, nas formas recomendadas e ratificadas pelos Congressos
Pan-Americanos de Municípios e pela VI Conferência Interna-
cional Americana.
R~B~rltuM~
Ano I 11 JANEIRO-JUNHO DE 1948 ))N. 08
1·2
APRESENTAÇAO
M
UITO embora não faltassem às gerações brasileiras que antecederam à atual
advertências oportunas e sugestões prudentes, acêrca dos problemas básicos da
organização nacional, a verdade é que se não deu a êsses problemas o encaminhamento
conveniente, no interêsse da valorização do homem e melhor aproveitamento dos recursos
naturais. O sentido costeiro do povoamento conduziu a sociedade brasileira a evidentes
desequilíbrios estruturais e funcionais, impedindo a ocupação integral, em têrmos sócio-
-econômicos, do espaço político, mediante a interiorização de elementos de cultura e a
formação de centros di/usares de progresso, equitativamente distribuídos em tôda a área
territorial.
Sem o suporte adequado de sólida organização rural, a urbanização litortinea retardou,
de certa maneira, a evolução econômica do País, provocando desajustamentos sociais da
maior profundidade, cujos efeitos já se fazem sentir nas próprias cidades, à medida que
a densidade permitida por seus recursos é ultrapassada pelas massas humanas deslocadas
do Interior.
Antes de refletir, como supõem alguns, mera contingência de nossa formação étnica,
o nomadismo e o centripetismo das populações brasileiras talvez encontrem explicação
lógica nas condições em que, na maioria dos casos, se exercem, no País, as atividades de
produção e circulação, a exigirem não apenas esfôrço exaustivo, mas sacrifícios de tôda
a ordem.
Dentro dêsse quadro de circunsttincias, o Municipalismo brasileiro teria de ressentir-se,
necessàriamente, do depauperamento econômico e cultural do Interior, com prejuízo evidente
para os ideais de construção política que animaram a pregação republicana.
No regime federativo, com efeito, o Município é a base, o sustentáculo, a infra-estru-
tura, por assim dizer, do organismo nacional, cuja existência, estabilidade e segurança
passam a depender, diretamente, do fortalecimento de suas "células vivas''. Verifica~se,
porém, na evolução política do País, a inversão dessa premissa, ora mediante excessiva
centralização administrativa - federal ou estadual - , ora pela absorção máxima, por
parte da União e dos Estados, das rendas municipais.
Enfraquecidos em seu poder financeiro, sem possibilidades locais e sem auxílio ade-
quado das duas outras esferas do govêrno, os Municípios brasileiros não puderam alcançar a
pleno efeito, tirante algumas significativas exceções, que circunsttincias regionais justificam,
a expansão econômica e o desenvolvimento cultural correspondentes ao esfôrço continuado
e tenaz de suas laboriosas populações.
Em sÍntese admirável, advertia RUI BARBOSA que "não se pode imaginar existência
de Nação, existência de povo constituído, existência de Estado, sem vida municipal".
Representa, portanto, um dos mais saudáveis sintomas de nossa maturidade política a
tendência, que hoje se assinala tão fortemente no Brasil, de assegurar ao Município a
função básica que lhe cabe, de direito e de fato, na entrosagem das instituições republicanas.
Reconhecendo a necessidade do restabelecimento da autonomia municipal, bem assim a da
atribuição, às administrações locais, de maior largueza de recursos, a Constituição de 18
de setembro de 1946 possibilitou a revitalização dos Municípios e o fortalecimento, nas
diferentes camadas da opinião, daquela consciência municipalista indispensável ao equilíbrio
da vida brasileira e imprescindível ao esfôrço de organização nacional.
Órgão preposto à caracterização objetiva das realidades nacionais, através da Estatística
e da Geografia, o I. B. G. E. preocupou-se, desde o início de sua atuação, em promover o
revigoramento dêlfle espírito municipalista, recolocando o Município na posição que lhe
2 REVISTA BRASILEIRA DOS MuNicÍPIOS
pertenceu, nas etapas iniciais de nossa evolução histórica. Sua atuação, dentro dessa ordem
de objetivos, pode ser assinalada através de iniciativas do maior alcance e cuja repercussão
se fêz sentir, de maneira altamente honrosa para o Brasil, em importantes assembléias
internacionais. Não se ficou, apenàs, no conhecimento objetivo do quadro municipal, quer
sob o ponto de vista de sua próptia estruturação, quer no traçado de sua configuração e
conformação geográficas, quer, ainda, nos seus aspectos econ6micos e sociais. Paralelamente
ao estudo do Município, do ponto de vista geográfico e estatístico, procurou o Instituto
estimular, no âmbito municipal, empreendimentos culturais de inegável significação para
a vida local, demonstrando, ao mesmo tempo, mercê de sugestões adequadas, a necessidade
da racionalização dos respectivos serviços administrativos, mediante a adoção de modernas
técnicas de trabalho. Aí estão, por exemplo, as providências encaminhadas ou os alvitres
formulados pelo Instituto, quanto à sistematização do quadro territorial do País - adminis-
trativo e judiciário; ao levantamento dos mapas municipais e plantas das cidades e vilas, bem
como do cadastro predial e domiciliar urbano e do cadastro rural; à criação de vários
"registros" - o industrial, o da produção de carne, o escolar e o hospitalar,· à elaboração
de monografias históricas e estatístico-descritivas; à organização do Anuário Municipal de
Legislação e Administração; à divulgação das Sinopses Estatísticas dos Municípios; à ctiação
ou à reorganização das bibliotecas, arquivos e museus municipais, etc.
A contribuição do l.B.G E., em favor do progresso dos Municípios brasileiros, veio ad-
quirir, ainda, maior significado graças aos Convênios Nacionais de Estatística Municipal,
que, transferindo à responsabilidade do Instituto a administração dos serviços estatísticos
municipais, tornou possível a existência, em cada Município, sem exceção de um só, de uma
Agência de Estatística modelarmente organizada, capaz de proceder, com a necessária efi-
ciência, às investigações previstas nas suas atribuições específicas e exercer, ainda, profunda
atuação em favor do progresso cultural das comunidades a que serve.
Como foi acentuado noutra oportunidade, "o mecanismo e o alcance dos Convênios ofere-
cem singular e sugestivo exemplo da prática da mais ampla solidariedade nacional, em real
proveito do interêsse comum. As populações das capitais e dos demais centros urbanos de
maior importância e mais alto nível de conf6rto, estão contribuindo para que os mais
modestos Municípios do interior do País tenham um Órgão de estatística proporcionalmente
tão bem equipado, de pessoal e material, quanto o de quaisquer outros onde os recursos
locais e um eventual aprêço à natureza do serviço permitissem mantê-lo em condições real-
mente satisfatórias. Não somente cada Município dispõe, sem 6nus para os seus cofres,
geralmente minguados, daquele serviço eficaz e modelar, apto a colaborar em t6das as
iniciativas de interêsse local, mas ainda ficou assegurado, por essa forma, à estatística
geral do País, o lastro imprescindível à sua exatidão e veracidade, em todo o respectivo
campo de compreensão".
Na atual fase da vida brasileira, a obra do Instituto, na esfera municipal, estava a
exigir, porém, novo instrumento de ação, capaz de contribuir, ainda mais vigorosamente,
para o êxito do patriótico movimento municipalista que, tendo influenciádo a reestrutura-
ção de nossas instituições constitucionais, com a solidariedade unânime das várias corren-
tes de opinião, encontra, agora, no Presidente EURICO DUTRA um dos seus mais entusiastas
animadores. Assim o reconheceu, aliás, a Assembléia-Geral do Conselho Nacional de Es-
tatística, quando, sob a inspiração e por iniciativa de M. A. TEIXEIRA DE FREITAS, disp6s
s6bre o lançamento da REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS, dedicada à divulgação
e ao estudo dos assuntos e problemas de interêsse municipal.
É essa a iniciativa que ora se concretiza, sob os melhores ausp1c10s. Editada sob a
responsabilidade do Instituto e da Associação Brasileira de Municípios, esta publicação
tem como objetivo essencial a difusão e valorização da política municipalista; assim sendo,
contribuirá, por tôdas as formas possíveis, para o desenvolvimento econômico e o aper-
feiçoamento cultural dos Municípios brasileiros.
Seu programa visa a informar e educar, assegurando às Municipalidades a mais ampla
colaboração técnica, a elucidação oportuna e o esclarecimento adequado, no trato e exame
dos problemas administrativos de interêsse imediato para os governos locais. Trata-se, pois,
de mais uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, inspirada, como
tôdas as demais que já se inscreveram em seu acervo de realizações, no pensamento de
servir ao Brasil, contribuindo, na medida das possibilidades, para o encaminhamento, em
têrmos decisivos, dos problemas de organização nacional.
.••
INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA JURÍDICA
DO MUNICÍPIO BRASILEIRO
OCÉLlO DE MEDEIROS
(Da Associação Brasileira Je Municípios)
I - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Sôbre a organizaç2.o municipal portuguêsa, baseada no primitivo Conselho, veja-se o
excelente ensaio do municipalista mineiro ORLANDO M. DE CARVALHO, Política do Município
- A g i r - 1946 -Rio de Janeiro - Págs. 11/19. Êste trabalho já estava composto quando
surgiu o ensaio el\1 aprêço Apesar disso, colhemos no mesmo alguns subsídios.
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6 REVISTA BRASILEIRA DOS MuNicÍPIOS
I
INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA JURÍDICA DO MUNICÍPIO BRASILEIRO 7
2
CASTRO NUNES - Do Estado Federado e sua organização municipal - Editôres Leite
Ribeiro & Maurilo-,---- Rio de Janeiro- 1920- Págs. 40/43.
3
A respeito consuhem-se as obras de CAPISTRANO DE ABREU - Capítulos da História
Colonial e Descobrimento do Brasil e seu desenvolvimento no século XVI; de VARNHAGEN -
Notícia do Brasil; bem como os trabalhos orientados por MALHEIROS DIAs sôbre a História
da Colonização Portuguêsa no Btasil.
Veja-se ainda: ÜCÉLIO DE MEDEIROS, Administração Tenitorial- Imprensa Nacional -
Rio de Janeiro- i946- Págs. 76/84 .
•
\
8 REviSTA BRASILEIRA DOS MuNICÍPios
4
" . • • que se podia dizer que Portugal reconhecia a independência do Brasil antes de
êle colonizar-se ... "
5
J. P OLIVEIRA :MARTINS - O Btasil e as colônias portuguêsas - z.a edição
Lisboa- 1881- Pág. 9.
0
OLIVEIRA LIMA - op cit. - Pág. 14.
7
Veja-se J. F. DE ALMEIDA PRADO - Primeiros povoadores do Brasil- 1500-1530 --
Editôra Nacional - 1935 - Págs. 61/126. •
•
I
INTRODuçÃo À SociOLOGIA JunÍDICA DO MuNiciPio BnASILEmo 9
8
Veja-se, a êsse respeito, o prefácio do autor à conferência de RAFAEL XAVIER - A
Organização Nacional e o Jl.1unicípio (Servico Gráfico do I.B G.E - Rio de Janeiro-
1946) : "Ainda não se procurou explicar, co~ argumentos hauridos num período obscuro da
história pátria, a primeira experiência das feitorias como representando, apesar de sua feição
nitidamente econômico-militar, uma espécie de protomunicípio luso-brasileiro, no processo de
nossa evolução estatal. Pelo contrário, muitos dos que se têm dedicado a pesquisas de socio-
logia municipal brasileira, argumentando mais com o texto das Ordenações que com a realidade
da história, repetem amiúde que o Município brasileiro veio de importação. Daí o próprio
PoNTES DE MIRANDA dizer: "A verdade histórica é que a estrutura administrativa européia,
firmada no Direito Costumeiro Português dos Conselhos, foi a que mais depressa e mais
afincadamente pegou, de galho, no Brasil" .
Se se estabelecer, porém, um sistema de gradação, desde aquêles organismos unicelu-
lares dos pródromos da História Colonial até o advento da Independência, poder-se-á admitir
que o Município brasileiro, que evoluiu sob a inspiração nativista de um sentimento de
rebeldia e do desejo de autogovêrno com que fomentou as primeiras lutas pela emancipação,
não provém apenas de uma transplantação legislativa, p<>la qual se impôs um tipo de
•
\
10 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
de ronda, tanto assim que foram deixando, ao longo da faixa litorânea, ele-
mentos que constituíram os primeiros germes da vida municipal; a partir de
1501, alguns criminosos, entre os quais o bacharel DuARTE PERES, que se
fixou em Cananéia; FRANCISCO CHAVES e ALEIXO FARIA, também na costa de
Cananéia; DroGo ÁLVARES, náufrago de Itaparica; JoÃo RAMALHO, em Pira-
tininga; ANTÔNIO RoDRIGUES, no litoral paulista; ALEIXO GARCIA, etc.
A Feitoria da Bahia de Todos os Santos, cuja fundação é atribuída a
CRISTÓVÃO JACQUES, parece ter sido, dentre tôdas, inclusive as francesas e ho-
landesas, a de melhor organização e importância. Apresenta-se, assim, na his-
tória municipal do Brasil, como o organismo primitivo mais digno de nota.
As Expedições, no mar, e as Feitorias, em terra, possuíam, de certo modo,
a mesma natureza militar, as mesmas funções de vigilância. A diferença está
no caráter nômade das primeiras, sempre a rondar o litoral, e na natureza
fixa, tendente à sedentariedade, das segundas, comparáveis às caravelas eter-
namente ancoradas, mas conservando a mesma organização: autocracia dos
capitães-vigias; obediência irrestrita dos subalternos, organização militar tipi-
camente defensiva, contra os contrabandistas e os selvagens que não se queriam
submeter.
Estações de arribada, com soldados, degredados e colonos, as Feitorias
possuíam, entretanto, funções coloniais, além das meramente militares, motivo
por que pouco a pouco se adaptaram a uma organização administrativa de
estágio mais elevado. Entrepostos das caravelas, que aí se refrescavam, pouco
a pouco criaram relações de troca entre os produtos da terra, as especiarias
das índias e as manufaturas do Reino . Bases de radicação dos degredados,
colonos e soldados, serviram de berço à agricultura, com o plantio de espécies
econômicas e exóticas, e à pecuária, com a criação do gado que mais tarde
foi mugir ao redor das casas-grandes. Elementos de atração política do íncola,
aos poucos venceram a curiosidade, a desconfiança e o espírito das tribos selva-
gens, que espreitavam além das paliçadas, até que as mesmas, principalmente
pelas mulheres (a exemplo de DroGO ÁLVARES e JoÃo RAMALHO), se foram
incorporando à vida da "feitoria", na formação de um estágio imediatamente
superior, de organização local, isto é, o "aldeamento", fundamentado nas rela-
ções de mesclagem, troca e auxílio mútuo. Eis aí, nas ''Feitorias do Reino''
a primeira explicação da sociologia municipal do Brasil. (Veja-se: Capítulos
de História Colonial- 1500-1800- J. CAPISTRANO DE ABREU- F. Briguiet
& Cia.- Rio- 1934- págs. 22-50).
I
INTRODUÇÃO À SociOLOGIA JuRÍDICA DO MuNICÍPIO BRASILEIRO 11
"Tinha o donatário o poder de criar vilas (Municípios) cuja sede será o Conselho,
com o seu senado ou câmara de dois vereadores, dois juízes ordinários e dois funcionários,
um dos quais, o almotacé, ao mesmo tempo, era encarregado do asseio e iluminação das
ruas, preço dos gênems, e aferidor de pesos e medidas" - TABAJARA PEDROSO - História
das Fundações Coloniais - São Paulo - 1922 - Pág. 11. Ao donatário da terra, com-
petia perpetuamente, entre outros privilégios, "o criar vilas, dando-lhes insígnias e liberdades,
e, por conseguinte, foros especiais, e nomeando para governá-las, em nome dêle, donatário,
e de seu sucessor, os ouvidores, meirinhos e mais oficiais de justiça; prover, em seus nomes,
as capitanias de tabeliães do público e judicial, recebendo de cada um quinhentos réis de
pensão por ano; delegar a alcaideria ou govêrno militar das vilas nos indivíduos que esco-
lhessem, tomando-lhes a devida mensagem ou juramento de fidelidade" etc. (VISCONDE DE
PORTO SEGURO - História Geral do Brasil - Tomo I - 4.a edição - Comp. Melhora-
mentos - São Paulo - Págs. 181/182).
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12 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
10
" A jurisdição primana, em cada terra, era exercida pelos juízes ordinádos,
mudados anualmente, e eleitos de entre os homens bons ou pessoas mais gradas do conselho.
Nas cidades e vilas, eram geralmente dois, e se denominavam de vara vermelha, por ser
desta côr o distintivo que tinham obrigação de levar sempre consigo. OS MESMOS JUÍZES
JUNTOS, PELO MENOS, A DOIS VEREADORES E A UM PROCURADOR DO
CONSELHO, CONSTITUÍAM A CÂMARA OU SENADO, QUE EXERCIA O GOVÊRNO
MUNICIPAL E ECONÔMICO DO MESMO CONSELHO. O procurador servia, nas po-
voações menores, de tesoureiro. Aos vereadores competia o organizarem as postw as e verea-
ções. Havia mais, em cada conselho, um escrivão e um almotacé". . . Mais adiante: ". . . em
cada conselho havia um alcaide pequeno, que respondia pelo sossêgo, e fazia as prisões e
citações. Era escolhido pela Câmara entre os propostos pelo senhor da terra". (VISCONDE DE
PORTO SEGURO- op. cit., págs. 186/187) Os grifos são do autor do artigo.
11
" . • • mandou cercá-Ia de muros de taipa, não podendo, com a brevidade que era
precisa, fabricá-los de outra maneira. Da mesma forma fêz levantar a Igreja Matriz, o
Palácio dos Governadores, a Casa da Câmara e a Cadeia, nos próprios lugares em que
I
INTRODuçÃo À SociOLOGIA JuRÍDICA DO MuNicÍPIO BRASILEIRO 13
depois se fabticariam com suntuosidade. Deu forma às praças, às ruas e a tudo que conduzia
à fundação da República" .. - SEBASTIÃO DA RocHA PITTA - História da América Por-
tuguêsa - Coleção de obras mandadas imprimir pleo BARÃO HoMEM DE MELO - Bahia
-Imprensa Nacional-1878- Pág. 100. Veja-se, também, a êsse respeito: GABRIEL SOARES
DE SOUSA - Notícia do Brasil - 1. 0 Tomo - Livraria Martins Editôra - São Paulo -
Págs. 247/248; Coronel INÁCIO ACIOLI DE CERQUEIRA SILVA - Memórias Históricas e
Políticas da Província da Bahia - 1925 - 2 vols.
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14 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
12
" Com a grande providência de 1534 para a colonização do Brasil, podemos
resumir tudo nas seguintes linhas: sete capitanias se achavam fundadas, mas dessas, somente
três, Pôrto Seguro, São Vicente e Pernambuco, apresentavam eficiente progresso e até certo
ponto se achavam em condicões de subsistência própria".. . (História do Brasil - HENRI-
QUE HANDELMANN- Trad: do I.H.G.B. - 1931 - Págs. 88/89). Êsse autor calculava
o progresso do Brasil, depois de 50 anos de tomada de posse e 20 de colonização, em 1550,
em 5 000 almas, entre europeus e africanos.
,
lNTHODUÇÃO À SociOLOGIA JunÍDICA DO MuNICÍPIO BnASILEIHO 15
montando sua produção a 200 000 arrôbas. A renda do pau brasil, cuja ex-
ploração determinou os primeiros movimentos coloniais, representava apenas
quatro contos .
Em 1607, as colônias brasileiras rendiam menos que a África, dando esta
a Portugal um lucro de 68 093:044$000. Confrontando-se êsse lucro com o
do Brasil, no valor de 23 648: 133$000, verifica-se a diferença de ........ .
44 444:911$000, o que, embora constituindo quase que o dôbro do saldo
líquido no Brasil, não deixava de exprimir notável progresso dêste, conside-
rando-se que a metrópole sempre dispensou maiores interêsses às colônias
africanas, exploradas há mais tempo.
Na verdade, o interêsse português pelo maior desenvolvimento do Brasil
só se acentuou quando o continente africano começou a perder a sua expressão
na balança comercial dos portuguêses .
Um século após o descobrimento, a colônia pouco pesava nos orçamentos
metropolitanos, conforme se poderá verificar através do seguinte orçamento
colonial:
Receita
Renda do pau brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24. 000: 000
Renda dos dízimos, contratos por seis anos . . . . . . . . . . . . . . 42.000:000 66.000:000
Despesa
Oficiais de fazenda, justiça e donatários .............. . 11.090:397
Cleresia .......................................... . 8.057:230
Guerra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23.204:240 42.351:867
SALDO 21.748:133
Vê-se, por aí, que o problema do Município, no Brasil, não consiste, apenas,
em atribuí-lo, por processos de concessão legislativa, maior ou menor grau de
autonomia. Não é eletivo, nem tampouco doutrinário. É problema que re-
monta às origens coloniais, às fontes históricas do poder político, aos retró-
grados sistemas de economia, enfim, aos métodos feudais de exploração e
propriedade da terra. É problema tipicamente agrário, de melhor distribuição
de populações, de exploração racional de riquezas, regularização de consumo,
revisão do velho direito de propriedade. 13
13
" Tôda a estrutura de nossa sociedade colonial teve sua base fora das cidades" ...
". . . Durante os primeiros anos de colônia, tôda a vida do País concentrava-se decididamente
no domínio rural: a cidade era virtualmente, senão de fato, urna simples dependência dêste.
Com algum exagêro, poderíamos dizer que essa situação não mudou até o penúltimo decênio
do século passado". . . (SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA - Raízes do Brasil - José Olímpio
Edit. - Rio de Janeiro - 1936 - Págs. 43/44) .
'
16 REVISTA BRASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
I
"""'
A ADMINISTRAÇAO MUNICIPAL
E O RURALISMO PEDAGÓGICO
J. ROBERTO MOREIRA
1
A B. HOLLINGSHEAD - An Outline oi the Principies oi Sociology, PARK REUTER
et ai. - New York, 1939.
R B.M. - 2
'
18 REVISTA BnASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
" Veja-se sôbre êste í'Ssunto, para melhor compreensão das questões ecológicas: The
City, R. E. PARK et al. (Chicago, 1925); Príncipes de Géographie Humaine, VIDAL DE LA
BLACHE (Paris, 1922); The Hwnan Habitat, HUNTINGTON, ELLISWORTH (New York, 1927).
3
Veja-se Encyclopaedia oi Social Science, vol V, art. "Public Education", I L
KANDEL.
,
T apologia Municipal
(Esbôço topológico do campo econômico e social)
8
p
GJ)/
.
0/
' /-',.,
/A PB
F'J\,.
~I
Fig
'
20 REviSTA BnASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
- - - - - --- --- --- - - - - - - -----------------
4
Veja-se A Educação Pública em São Paulo, por FERNANDO DE AZEVEDO - Com-
panhia Editôra Nacional, 1937.
5
Sôbre os estudos topológicos podemos indicar: J. F. BROWN, Psychology and
the Social Order (An introduction to the Dynamic Study of Social Fields) - Nova
Iorque, 1936; e P. FRANKLIN - "What is Topology ?", em Philosophy oi Science, 1935, 2.
A ADMINISTHAÇÃO MuNICIPAL E o RuRALISMO PEDAGÓGICO 21
Com estas figuras, não queremos, de modo algum, dar por completa a
topologia municipal. Apresentamos somente cinco exemplos incompletos, para
mostrar a configuração espacial que pode ter cada Município. E, conforme
seu dinamismo funcional específico, tal deve ser o sistema educacional que aí
esteja em ação, sob pena de aparecer como algo marginal e desligado da
vida da comunidade.
0
A. ALMEIDA JÚNIOR - "Os objetivos da Escola Primária Rural" - Revista Bra-
sileii a de Estudos Pedagógicos - julho de 1944.
1
° FERNANDO DE AZEVEDO - Novos Caminhos e Novos Fins - Cia Editôra Nacional,
1941
11
Nota em inglês ao artigo de A. ALMEIDA JÚNIOR, citado anteriormente.
24 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
------
12
Se falo aqui, em especial, da educação higiênica e da assistência sanitária, é porque,
nas zonas praieiras que conheço, o problema parece atingir a mais extrema gravidade. Sei,
porém, da validade do truísmo que afirma ser o brasileiro, em geral, um homem que não
sabe alimentar-se, quando pode, e que se alimenta, via de regra, muito menos que o
necessário .
A ADMINISTRAÇÃO l'vluNICIPAL E o RuRALISMO PEDAGÓGICO 25
-------- ----~-------·----
'' Ver Anais do VIII Congresso Brasileiro de Educação - Serviço Gráfico do I.B.G.E.
1944.
26 REVISTA BRASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
R B.M. - 3
34 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
* Dados provisório~.
Nos Estados, por várias razões, entre elas as que motivaram o excep-
cional crescimento da arrecadação do Impôsto de Vendas e Consignações, a
tendência é para os impostos indiretos, como podemos verificar pelo seguinte
quadro:
GIGANTISMO DISTRÓFICO
REVITALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
A SOLUÇÃO COOPERATIVISTA
que, não raro, repugnariam ao próprio SHYLOCK: 5o/o ao mês, quando não
a compra da mercadoria em fôlha .
Porque aos "bem-pensantes" do nosso teoricismo rural soa como literatura
e fantasia o falar-se em financiamento a juros de 2 o/o ao ano, obedecendo
a prazos que oscilem de acôrdo com o ciclo vegetativo da lavoura ...
Suponha-se, porém, para argumentar, que o crédito surgisse, organizado,
mercê de instituições, como as há no País: carteira do Banco do Brasil, Banco
da Borracha, C. C. C., etc.
A solução seria ainda ilusória. Porque o crédito agrícola ou é descen-
tralizado ou deixa de ser crédito. O homem do campo não deixa seu "habitat"
para demandar os grandes centros em busca de financiamento. Mesmo quando
o fizesse, seria inutilmente, dado que, deslocado do seu meio, iria encontrar
ambiente estranho, onde seria um "bárbaro", que fala linguagem diferente e
incompreensível àqueles que o escutam.
O Cooperativismo realiza, então, o milagre da mútua compreensão. Seus
dirigentes são homens recrutados no próprio meio, conhecedores das necessi-
dades do Município e sabendo, através de longo trato, a idoneidade moral dos
mutuantes. As portas da cooperativa, dêste modo, não se fecharão ao reclamo
dos pequenos e humildes e, mercê da ajuda financeira, os fracos se tornarão
fortes e a solidariedade efetuará prodígios, na união de esforços díspares para
o mesmo objetivo comum.
Isto no setor do crédito que, entretanto, não esgota tôda a complexidade
do fenômeno da produção agrícola.
Há, em verdade, que pensar em fatôres subsidiários do crédito agrícola
e aparece, em primeiro plano, o problema de facilitar a aquisição de material
agrário, desde os apetrechos do amanho do campo, até o aprovisionamento de
adubos e inseticidas necessários às atividades da lavoura.
É a segunda fase da ação da cooperativa. Restará, ainda, cuidar de de-
fender a produção.
É evidente que nada adiantará oferecer crédito ao agricultor se se deixa
que a exploração do intermediário tire a parte de leão na venda do material
agrário, ficando com o melhor dos seus possíveis lucros. Nem o crédito será
eficiente se se deixa que as pragas dizimem a lavoura, anulando os suores
do lavrador.
Muito menos se fará obra de ajuda ao agricultor se se permite, nas
colheitas, que o jôgo do comércio provoque a queda dos preços, despojando o
produtor do fruto das suas canseiras.
O fenômeno é assaz conhecido para exigir amplas explanações. Na época
das safras, os mercados se retraem, manipulando estranhas baixas do produto
que só atingirá cotações apreciáveis quando a mercadoria saiu das mãos do
lavrador para os armazenistas, prejudicando, ao mesmo tempo, o produtor
que vendeu barato e o consumidor que comprou caro.
Auxiliar a agricultura sem defender a produção é armadilha desonesta:
antes deixar o homem do campo sem ajuda porque, pelo menos, não despenderá
seu tempo em uma aventura que nenhum proveito prático lhe traz.
E concluído o ciclo do fenômeno da produção - animando-a pelo crédito
e defendendo-a, após obtida - passará o Cooperativismo a olhar para o con-
sumidor, principalmente da cidade, através das cooperativas de consumo, único
meio de evitar a ganância do comércio sem escrúpulos, contra o qual tem sido
impotente a ação dos governos, através dos paliativos dos tabelamentos artifi-
ciais que não colimaram nenhum resultado objetivo.
O CooPERATIVISMO E A REviTALIZAÇÃo DA EcoNOMIA MuNICIPAL 41
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E esta coisa tão estranha, esta vara de condão indicada para resolver
os problemas dos Municípios, nada tem de complicado, pois Cooperativismo
é bom senso, trivialismo, negação de aparato e exterioridades.
Seu mistério é o mistério das coisas simples, singelas como a própria
verdade.
Que é uma cooperativa ? Como organizá-la ?
Corra-se à legislação e à praxe, dispensando-se, mesmo, a lição dos dou-
trinadores. Fenômeno de órbita federal, o Cooperativismo no Brasil é regu-
lado por lei da União, cabendo seu disciplinamento ao Serviço de Economia
Rural do Ministério da Agricultura, órgão supremo de contrôle do movimento.
A legislação específica voltou a ser o Decreto n. 0 28 239, revigorado e modi-
ficado pelo Decreto-lei n. 0 581, depois que o govêrno judiciário revogou a
legislação do govêrno ditatorial, o Decreto-lei n. 0 5 893.
Quando ocorre, nos Estados, a criação de órgãos de assistência - exis-
tentes em muitas Unidades da Federação - é usual que o S. E. R. lhes
delegue poderes de fiscalização, mercê de acordos firmados entre o Ministério
e os governos estaduais.
É, pois, o Decreto n. 0 22 239 que nos fornecerá elementos para organi-
zação de uma cooperativa.
Associação livre, basta que se reunam sete pessoas e obedecidas as exi-
gências legais - de ato constitutivo, estatutos, e escolha dos corpos dirigentes
- ter-se-á organizada a cooperativa, cujos objetivos são os mais amplos, desde
que não defesos por lei.
As sociedades cooperativas apresentam características próprias entre as
quais vale focalizar as seguintes:
Número ilimitado de sócios, respeitado o mínimo legal. Igualdade abso-
luta de todos os sócios, pois, sociedades de pessoas e não de capitais, o voto
independe do número de quotas subscritas, dentro daquele princípio de
HoWARTH: "one man, one vote".
Distribuição de sobras, em fim de exercício, não de acôrdo com o capital,
mas, tendo em vista as operações - ativas ou passivas - realizadas com a
sociedade, dentro da norma rochdaleana de que os resultados devem ser parti-
lhados com os que mais contribuíram para a riqueza da sociedade.
Estabelecendo o princípio do voto pessoal, o Cooperativismo realiza a
perfeita democracia econômica, porque põe todos no mesmo pé de igualdade,
não permitindo, como nas sociedades anônimas, o predomínio daqueles que
detêm maior parte do capital.
Cada sócio, para entrar na cooperativa, deve subscrever, no mínimo, uma
quota parte, cujo valor é fixado nos Estatutos.
42 HEVISTA BRASILEIRA nos MuNICÍPIOS
CONCLUSÃO
I
NCIDINDO sôbre bases fixas e estáveis e ligando intimamente o contri-
bumte ao Fisco, êsse tributo está situado entre os chamados impostos di-
retos e, nessa qualidade, apresenta as vantagens que os caracterizam e
lhes dão a preferência nos sistemas tributários locais, embora não constitua
um dos impostos básicos pelo volume da arrecadação. Recaindo sôbre um
valor intrinseco e socialmente determinado, o impôsto territorial permite fàcil-
mente estabelecer o mínimo de subsistência, pois tem em conta um meio seguro
de avaliar a capacidade tributária do contribuinte, que é a condição de
proprietário .
De arrecadação cômoda e oferecendo pouca margem à evasão, pode, pela
progressividade, preencher uma função social das mais proveitosas, comba-
tendo o latifúndio onde quer que se encontre como um empêço ao desen-
volvimento econômico e à realização da justiça social.
Nos países onde o sistema tributário já atingiu certo grau de adianta-
mento, a tendência é para gravar tão apenas o solo, independentemente das
melhorias que porventura apresente. Procura-se dessa maneira eximir da
incidência os capitais incorporados à terra, que podem ser gravados por outro
tipo de tributo, como o predial ou sôbre a produção. 1
Se há de fato duas bases onde recair a incidência, dois devem, em conse-
qüência, ser os fributos a atingi-las.
Dêsse modo, pelo impôsto territorial não deve ser gravada:
1
Não se deve em princ1p10 condenar o tributo que incide sôbre a produção, o qual
é perfeitamente suportável onde a ocorrência tributária não entrave a circulação da produção
e pois a formação de riquezas.
lMPÔSTO TERRITORIAL 47
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mente com os pontos de vista que aceitamos e refletem, nas suas linhas gerais,
a boa doutrina sôbre a matéria. Segundo essas conclusões, o impôsto territo-
rial urbano, que deve recair sôbre os terrenos não edificados existentes no
perímetro urbano e suburbano das cidades, vilas e povoações, pode gravar
ainda:
2
Houve também a idéia de gravar todo o produto da terra, ou seja, a sua renda bt uta,
de que se tem um exemplo nos dízimos.
48 REVISTA BBASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
R B M. - 4
5(J REVISTA BRASILEIHA DOS )VlU?-liCÍPIOS
administração. É assunto assaz importante atitude que granJeia o respeito dos g'lVerna-
para que mereça alguns tópicos. clos, levando-os a meditar mais profunda-
É, em geral, impossível congregar una- mente nas suas razões antes de as externa-
nimidade de opiniões em tôrno de cada pro- rem
pósito governamental. Haverá sempre des- Outra não deverá ser a atitude do pre-
contentes, e em cada descontente uma resis- feito em relacão aos funcionários e auxilia-
tência, cuja importância dependerá da in- res da prefeitura Não basta melh01ar-lhes
fluência que êle possa, pelas suas qualidades o nível e remunerá-los bem, mas é preciso
pessoais ou prestígio social, exercer sôbre ou- convertê-los em verdadeiros colaboradores do
tros elementos da coletividade. É sempre prefeito, encorajando-os, pelo exame atento
possível, no entanto, atenuar ou desarmar de suas sugestões e pela adoção elos alvitreg
muitas dessas resistências psicológicas, e é úteis que porventura apresentem e que con-
importante fazê-lo, uma vez qne elas acabam corram para o aperfeiçoamentó dos proces-
sempre por traduzir-se em resistências con- sos de trabalho. Quem aceita uma boa idéia
cretas. que vetn de mais baixo, não se diminui;
Basta qne o administrador, ao invés de demonstra, ao contrário, superioridade de es-
encarar a coisa pública como propriedade pírito, que conquista a confiança, o respeito
particular, o que, infelizmente, é muito co- e a estima dos subordinados.
tnum, a considere, tal como é, coisa do in-
terêJse de todos, sôbre a qual cada cidadão SERVIÇOS MUNICIPAIS
tem o direito de opinar Basta que o admi- Dentre as principais funções do preiet-
nistrador, ao invés de pensar que o cargo e to, a administrativa ocup:; lugar de destaque,
a autoridade lhe conferem a onisciência e por ser aquela cujos resultados mais de perto
de supor-se o detentor do privilégio do me- interessam ao público, e cujos efeitos são
lhor rumo para cada ptoblema administtativo, por êle mais fàcilmente avalifldos.
aclmita que os demais cidadãos, êste nurn
Como ficou dito, ela pode ser divictid<1
caso, D.quêles ~outrC] po~dem ter i~éi~s mai3
em dois grupos principais:
arertadas. E tsto nao so em :re1acao as pes-
soas ilustradas da loc81idade, cot,.;o também u) funções internas, ou de adn1inistrn-
en1. rela~ão às pessoas de pequena instrução, ção p1 àpriamente dita;
mu1ta5 vêzes capazes, não obstante, de ad- b l funcões exte-rnps, ou serviços de
rniráveis intuições. inierêsse púbÜco
Estimular por todos os meios a mani- Admite-se a seguinte divisão:
festação _,da v;ntade dos m~n!cipe,.s,_ n1osha1-
Funções internas~
-se acessnrel as snas sugestoes, cnttcas e re-
p8ros e tomá-los honestamente em conside- 1. Exp2diente
racão, longe de significar diminuiç8o de au- 2 Finan.cas
toridade, é, ao contrário, a atitude 1nais sábia 3 Material
que possa ter um prefeito Porque essa ati- 4. Pessoal
tude lhe carreará infonnações e elementos 5. Estatística e Pesquisas
mais abundantes vara a elabotação do pro 6. Servicos Jurídicos
gratna adn!inistratívo e para que a soluç2o 7. Fiscalizaç8.o
de cada problema seja delineada con1 uma
visão :nais coi1lnleta dos t:;eus rn.últiplos as-
pectos e conseqiiências; porque ess8 stitnde J. Urhauism0 e Pbno Direlm
e1iminGJ8 011 1 eduzirii sensJveln1ente é1 opo- 2 Viacão. Obras Públicas e Servira-:
si~ão encoberta, sempre pedf;osa; porque da-
de Uti1id8de Pública
rá ao gnvern2nte a onortun1cJaf!e 0e conhe- 3 Segurança
c.er de modo n"~a1s rá~i?o os inteí~~ss~8 "pa;- 4 Sé!Úde Pública
t1cula1 es DOl ven1 urq f~ndos 011. na 11n1nencta
5. Educ8ção
ele o sere1n nc1as tnedidas de 1.u'terGsse geral.
h3billt?.ndo-o a cot1torr!n1· on 1edu7ir ao n1~ Pnsse!nos. agorn, no estudo po1 me:aoli-
nhno essas lesões, corno é rlo ~eu dever; e a z2do elas diferente3 fnnções.
pronorcio~"'fl' aos pre1~1rlicados as c~nlpensa-
,.. " .
C'Oe:; TAZDRVG!S e pOS81V81S.
" . Funções Inte1'r:EJ.s
P.. . coHl(;t e l~ncan1.par sugeslÕGs úteis, rc- Em qr~_nlC1lJCr estah~1e-citnGl!to, r<?'P~H ti-
tificnr as soluções dos problernas à vista de ção, de1X11·t2rne:;1 o ou l\1unicipalidnde, os scr-
ponrleritçÕes razo{lveis, atender a teclarna- vicos de adrrünistrac:ão intern:J ~:ão nutnero
çõcs jus~tas, rninot n~· ~e cornpe~~s8r nn me~id~ sos. delicados e complc:o:os, emhorn, 8 Pll-
do posstvol cs f'l ejutzo:s pw llculares denv2- meira vis1a, p:J.reç2m lnnilo sir:10!es CJ8:ro
do:; de' 1no:licl8.s de i~lietêsse ge1 al, consii- está q11e, nA-s peqnenas orgenizncõss, toõo.s o~
LEen1 8 r11e1!1ur n1s.:1elra de o governante serviços f!cE-.tn hastnntc rer1n~~idos e nlglP1s
atrair a boa vontude e a coopcta~5o dos n1e3mo des2.narecen1., e1-:1 contrauodrP_o G"
govern2.dos. grandes orp,rlnjzações em nne todos ê1G:~ ~~
E (]ttanlo :;:nnis vêze::; revele essa e1evadn desenvolvem e S1Jbdivide;:;1 ~Lmc-nt8.n0(\
disposição de 2nimo, qun!1io mais a faça conseqilentemente, as ativicicrJcs.
conhecidnJ tanto 1naior se:;:8 a autoridade mo- De aualqpe,· fo, m8, pm·ém, n e~lO,l9n:J.
4
Deve-se, tanto quanto possível, sistema- cilmente encontrado e possa retornar sem
tizar os serviços e padronizar o material . demora ao seu lugar, depois de manuseado.
Isto pôsto, estudemos separadamente À Portaria compete abrir e fechar a re-
cada uma das funções atrás enumeradas. partição nas horas determinadas e velar pelo
asseio e conservacão do edifício e dos mó-
EXPEDIENTE - A racionalização de um veis e objetos nêl~ existentes.
serviço desta natureza exige um contrô!e
À Biblioteca compete a guarda e boa
simples e eficiente.
conservação de livros e obras de real valor,
Importantes são suas atribuições,. pois a bem como o seu registro e catalogação por
vida e a ação de um departamento são sen- títulos e por autores e a organização de fi-
sivelmente influenciadas pela eficiência dos chários que lhes facilitem a consulta. As
serviços abrangidos sob a denominação de regras principais da Biblioteconomia podem
Expediente, e que são os seguintes: ser postas em prática mesmo nas pequenas
a) Gabinete bibliotecas, pois o aprendê-Ias está hoje ao
b) Secretaria alcance de funcionários de mediana instru-
c) Protocolo e Serviço de Comunica- ção. As grandes bibliotecas deverão, ao con-
ções trário, ser confiadas a funcionários que te-
d) Arquivo nham curso completo de Biblioteconomia.
e) Portaria A cargo da Biblioteca poderá ficar o
f) Biblioteca serviço de História do Município, quando
Além das funcões propriamente admi- não na forma de crônica sistemática e conti-
nistrativas, o chefe" do executivo municipal nuada dos principais acontecimentos nêle
tem deveres de ordem política, social, ce- ocorridos, ao menos na forma elementar de
rimonial e de representação legal, que, nos guarda, relacionamento e catalogação de do-
centros de certa importância, só podem ser cumentos (jornais, folhetos, notas biográfi-
convenientemente atendidos se o prefeito dis- cas de munícipes destacados, etc ) , ou refe-
puser de um corpo de funcionários de sua rências a documentos administrativos, que
direta confiança, que o ajudem a desempe- sirvam de roteiro a futuros historiadores.
nhar, não só aquelas funções, como outras É muito comum não se obter pronta res-
de caráter especial. Êsses auxiliares com- posta nas cidades do interior a perguntas
põem o Gabinete do prefeito. sôbre quem fundou a povoação, quando che-
gou a estrada de ferro, quem foi a pessoa
Nas grandes cidades, alguns diretores que deu nome a tal rua, etc ; prova mais
de serviço necessitam, também, de Auxilia- que evidente de lamentável descaso pela his-
res de Gabinete. tória local.
A Secretaria é a dependência onde deve
ficar centralizado o serviço de correspondên- FINANÇAS - O Serviço de Finanças
cia, elaboração de atos de caráter adminis- ocupa, na administração municipal, papel de
trativo-burocrático, mecanografia, taquigra- importância capital.
fia, mimeografia, publicação de atos oficiais, Há necessidades essenciais da popula-
lavratura de contratos, coleta de dados para ção da cidade que devem ser atendidas me-
relatório, registro e índice de leis, decretos diante serviços públicos, que não podem ser
e decisões governamentais, e, bem assim, de suspensos em qualquer ocasião, e claro está
fatos, notícias e endereços que possam in- que nenhum serviço pode ser feito sem des-
teressar à administracão. Deve a Secretaria pesa, que será, no mínimo, o pagamento do
contai, também, com. um serviço de audiên- salário do pessoal que executa o trabalho.
cia e recebimento de reclamações do público. No dizer de LEONARD WHITE, "financa
Ao Protocolo e Serviço de Comunicações e administração são de fato inseparáveis", "e,
compete a recepção, a verificação (para ver para outros, o Servico de Financas é o san-
se preenchem as formalidades legais e regu- gue que alimenta t;dos os de~ais serviços
lamentares), o registro, a numeração, a dis- municipais. ·
tribuição, a movimentação, o contrôle de per- Assim sendo, o administrador municipal
manência nas diversas dependências da pre- consciente não pode deixar de considerar co-
feitura dos papéis encontrados; o registro e mo básico o problema financeiro do Municí-
a expedição da correspondência externa; a pio.
classificação e codificação de assuntos; a
manutencão de um servico de informacões A administração financeira comporta as
ao públi~o sôbre o anda~ento dos papéis e seguintes principais subdivisões:
a estatística do movimento dos papéis en- a) Orçamento
trados e saídos. b) Lançamento de Impostos e Taxas
Os registros devem, de prefe1ência, ser c) Arrecadacão
feitos em fichas, para maior facilidade de d) Tesouraria
organização. e) Contabilidade ou Escrituracão
No Arquivo são guardados e conserva- f) Serviço de Dívidas ·
dos todos os documentos e papéis que tive- g) Compras
ram solução e que devem ser preservados
para futura utilização, bem como mapas e ORÇAMENTO - A elaboracão do orca-
fotografias de interêsse do Município. Na mente nada mais é do que o ~onjunto das
sua organização, deve-se ter sempre em vista estimativas da receita e despesa, refletindo
que cada cousa tem o seu lugar e que tudo, as condições econômico-financeiras do Mu-
a qualquer tempo que se procure, seja fà- nicípio.
ADMINISTHAÇÃO E UnnANIS:I.lO 53
no fim de alguns anos, o custoso trabalho realização, de forma tal que não se anulem
de levantamento topográfico estaria quase ou prejudiquem os serviços e fiquem ante
totalmente perdido e sem outro valor, a não cípadamente estabelecidas as épocas em que
ser histórico, tal como o retrato de uma pe,;- se deverá proceder a novos estudos e levadas
soa tirado na infância não sm ve para iden- a efeito certas obras de ampliação, evitando
tificá-la na maturidade. que a vida da população sofra perturbações
Quanto às condicões técnicas a satisfa- resultantes da sua não realização.
zer, devem ser fixad~s para cada caso par- O ponto de partida na elaboração do
ticular, de acôrdo com a situacão local. plano de remodelação de qualquer cidade
Levantada a planta top;gráfica e ca- deve ser o Zoneamento ( "zoning"). Zonea-
dastral, a segunda etapa a vencer será o mento pode ser definido como sendo o gru-
Levantamento de lnformacões pamento e distribuição racional dos diferen-
Êste compreende a c~leta, coordenação tes organismos de uma coletividade, de fot-
e sistematizacão dos elementos necessários ma que funcionem harmônicamente e sem.
ao estudo da~ condições locais, presentes e prejuízo do desenvolvimento futuro da ci-
passadas, sob vários aspectos - histórico, dade.
artístico, geográfico, finauceiro e social, po- Múltiplas são as vantagens do Zonea-
lítico, econômico, paisagístico, etc. - de for- mento. MoRRIS KNOWLEG as tesume do se-
ma que se possam prever as tendências e, guinte modo:
conseqüentemente, o futuro da coletividade 1. Estimula um desenvolvimento urbano
em estudo
próspero e bem organizado.
De posse de tais resultados, será possí-
vel julgar das condições de realização do 2 Torna possível um programa prático
plano, de seus limites aconselháveis, da for- de tracado e desenvolvimento do sis-
ma de financiamento mais conveniente, ou, tema de vias de comunicação e de to-
me3mo, da sua inexeqüibilidade. dos os serviços coletivos, pot que de-
Parte importante do Levantamento de termina com antecedência o uso e as
Informacões é o seu selecionamento e classi. necessidades dos distritos.
ficar:ão - 3 J mpede a mudança rápida e prema-
No intuito de facilitar a coleta de dados, tura do cat áter dêsses distritos.
bem como o estudo de elementos coligidos, 4. Impede a intromissão de edifícios im-
e de evitar, ao mesmo tempo, a obtenção de próprios naquelas situações em que
elementos inúteis o:1 de pouco valor e inte- seriam prejudiciais
rêsse, é indispensáve1 estabelecer previamen- 5 Estabiliza e protege valores e capi-
te um programa de pesquisa, cuidadosamente tais, determinando de antemão o ca-
organizado. ráter das propriedades.
As fontes de coleta das informacões de-
6 . Simplifica e resolve o problema da cir-
vem ser criteriosmnente escolhidas, a> fim d8
culação, regulando a altura e o volu-
que possam merecer confianca os resultados
me dos edifícios e, portanto, o con-
obtidos De maneira geial,- as bibliotecas,
gestionatnento das ruas.
1nuseus, arquivos púbiicos ou particulares,
etc., podem f01necer elementos de gwnde 7 Assegura, afinal, melhores condições
interêssc, como ta1nbé1n o preenchi1ne~to d0 de higiene e de estética para o bem
questionários por pessoas e entidades co!1he- geral.
cedoras da cidade e da região, pode trazer· Uma vez estabelecido o Zoneamento, é
contribuição de irrestimável vnlor. possível então prever e determinar iodos os
A publicac2o dos resultados de um tra- elementos que integra1n o conjunto urbanís-
balho de tal natureza, e da resnectiva do- tico
cun1entação, é de tôda conveniência, pelo Assim, o Plano Diretor compreende, não
interêsse que encet ra para outros estudos. só o estudo da abertura e pavimentação de
Convenic::nte será, também, manter ai..un- avenidas, ruas e estradas, a construção de
lizadas as informações colhidas, o que pc:>- jardins, parques, campos de esporte e "play-
derá ser feito ~em r;randes dificuldades e -erounds", cctno t3mbé1n a íixação de regras
prestará inestimáveis serviços ao bom admi · de loteamento, a localização dos bairros co-
nisfrador. mercial, industrial e residencial, dos templos,
hospitais, matadouros, cetnitérios, mercados,
Selecionadas, classificadas e 3nalisad8s
aeroportos, estações de ferro e rodoviárias;
BS infonnações colhidas, pode então o urba-
e, ainda mais, os estudos da instalação ou
nista paec'ar 2.0 esturlo da exeoüibilictade d;,
ampliação de serviços de transporte coletivo,
empreendimento e depois à E!ab01aciío do
Pla-no - . de água, luz, gás, esgolos e limpeza pública,
além dos relativos à recuperação de zonas
O Plano Din"tor nada mais é elo <1'J" insalubres que ci1 cundeJn a "urbs" e de ou-
um pr::>grama de Yemodelacão pa18. se1· exe- ti as obras necessárias ao bem-estar da popu-
cutado paulatina e progrcssi·vnmente lacão ou ao desenvolvimento da cidade.
A sna elabora2ão exige o conhecimer~t'] ~ O Plano só poderá ser considerado com-
do passado da cidade, da evolução realizada pleto, se, a par do programa de obt as, fôr
e das tenclências e possibilidades futur.es da bito o indispensável estudo . econômico-fi-
aglotnE:·ração em estudo nanceiro, que garanta a sua realização
O Plano deve abranger t.ôdas as obras De nada valerá um belo e monumental
a serem levadas a efeito no subsolo e na su- projeto, que fique somente no papel, em
perfície da cidade, estabolecencio, igunlmon- vi1 tude da falta de recursos da Mtmicipali-
te, o seu grau de necessidade e ordem d·~ dade
60 REVISTA BRASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
químico, sendo seu tratamento, porém, quase Nesta última hipótese, há necessidade
sempre fácil e pouco oneroso. de obter, além daqueles elementos, mais os
O abastecimento d'água de uma cidade seguintes:
não se resume, porém, na escolha do ma-
a) Planta e detalhes sôbre os sistemas
nancial a ser utilizado e na colocação de
existentes de captação e adução.
canos nas ruas .
b) Planta detalhada de tôda a rêde de
O problema é muito mais complexo do
distribuição com os característicos das
que parece à primeira vista; é indispensável
diferentes linhas e seus estados de
ter em mãos dados topográficos, geológicos,
hidrológicos, estatísticos, cadastrais e econô- conservação.
c) Dados sôbre a situação financeira e
micos, sem o que não será possível fazer
obra apresentável. administrativa do serviço.
d) Dados sôbre o consumo específico.
De maneira geral, o abastecimento d'á-
e) Outros elementos de interêsse.
gua de uma cidade consta de quatro fases
f) Número de casas servidas.
distintas: Captação, Adução, Reservação (!
Distribuição. Somente a posse de todos êsses elemen-
Para serem projetadas a Reservação e tos é que permite organizar os anteprojetos
a Distribuição é indispensável ter em mãos e respectivas estimativas orçamentárias, o
os seguintes elementos: conseqüente estudo econômico das várias so-
luções possíveis e, finalmente, o projeto, or-
a) Planta da cidade, na escala de çamento e o estudo econômico definitivos,
1 : 2 000, com curvas de nível de me- elementos indispensáveis para as demarches
tro em metro, com as frentes das ca- relativas ao levantamento do empréstimo
sas marcadas, e abrangendo uma zona necessário à realização das obras.
em redor para o projeto de expansão
A título indicativo, fornecemos a seguir
da rêde.
a relação da documentação que deve instruir
b) Número de casas e extensão de ruas o pedido de empréstimo:
nas zonas urbanas e suburbanas.
c) Informações sôbre a distribuição de
a) Projetos e orcamentos detalhados das
obras. "
água existente com relação a quanti-
dade, qualidade, sistema e consumo b) Estudo das taxas a serem cobradas
específico. em relacão aos valores locativos dos
prédios."
d) Elementos que permitam determinar
o índice de crescimento da população c) Relação dos prédios, com os valores
e a tendência de evolução do agrupa- locativos, nas zonas a serem bene-
mento (em geral, o crescimento pre- ficiadas pelas novas obras.
dial relacionado com um certo núme- d) Importância e condições do emprés-
ro de habitantes por casa, sendo 6 ou timo (tipo, juros, prazo).
7 uma boa média para tal fim). e) Saldos orçamentários para atender ao
Para o projeto da Adução: serviço de juros e amortização nos
a) Levantamento topográfico da zona 2 primeiros anos (construção) e au-
por onde deverá passar a linha adu- xiliar o mesmo serviço até o 5. 0 ano
tora. (período inicial da administração) .
Para o projeto de Captação são necessá- Do exposto se conclui fàcilmente que a
rios os seguintes elementos: instalação ou a ampliação de um serviço de
águas exige uma série de conhecimentos es-
a) Localização topográfica, referida à ci- pecializados e que, dessa forma, só a enge-
dade, de todos os mananciais que pos- nheiros de reconhecida competência devem
sam ser usados . ser entregues os estudos, projetos e respec-
b) Estudo do regime dos rios que pos- tiva construção.
sam servir. Uma vez terminada a instalacão e ini-
c) Reconhecimento topográfico, geológi- ciada a distribuição da água, é indispensável
co e hidrológico da região dos ma- a organização de bons serviços de conserva-
nanciais. ção, fiscalização, reparos e arrecadação, a
d) Análises químicas e bacteriológicas fim de poder manter em perfeitas condições
das águas de utilização possível. a Captação, a Adução e a Reservação "e a
e) Distribuição e, assim, oferecer aos munícipes
Reconhecimento sôbre a contaminacão
dos mananciais e estudo da possib"ili- um bom serviço.
dade de sua proteção.
Com referência à parte financeira, e In-
dispensável fazer um estudo cuidadoso das
possibilidades orçamentárias, a fim de se Depois do abastecimento d'água, um dos
verificar qual a importância máxima que a serviços de maior importância para as aglo-
prefeitura pode destinar anualmente para o merações urbanas é o de Esgotos Sanitários,
custeio do financiamento das obras destina- em virtude da melhoria que traz às condi-
das aos serviço de águas. ções de salubridade da população, quando
As considerações emitidas atrás tanto bem executado e em perfeito funcionamento.
se aplicam aos Municípios que desejam insta- Como no caso do abastecimento d'água,
lar um serviço de águas como ao que deseja demanda grande técnica de projeto e execu-
ampliar o existente . ção das obras, perfeito conhecimento das
R.B.M. - 5
66 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNicÍPIOS
condições locais e grande prática de serviços material disponível, terrenos utilizáveis, nú-
dessa natureza. mero de casas e extensão de ruas nas zonas
Na maioria dos casos, é preferível não urbana e suburbana e o aproveitamento even-
ter uma cidade rêde de esgotos a possuí-la tual dos subprodutos.
imperfeita, pois poderá ocasionar conseqüên- Além disso, deve ser estudado qual o
cias funestas à saúde da população . grau de depuração necessário, considerando
O lançamento dos despejos "in natura", as ampliações prováveis e alterações possí-
por exemplo, provoca a poluição das águas veis, em futuro próximo, do tibeirão ou rio
a jusante do ponto de lançamento (a não receptor, a probabilidade de aproveitamen-
ser que haja uma tal diluição que permita to das águas depuradas, bem como das águas
a oxidação rápida da matéria orgânica), pos- do rio, procedendo-se, além disso, a estudos
sibilita a formação de bancos de lôdo, cuja comparativos entre as diversas formas de
fermentação, particularmente no estio, pode tratamento, considerando especialmente as
alterar de maneira considerável as condi- condicões climatéricas e sanitárias, a fim de
ções bioquímicas das águas de jusante, po- se poder escolher qual a forma e o tipo que
dendo também provocar a contaminação das reúne a eficiência indicada com a maior eco-
mesmas águas por bactérias patogênicas, co- nomia possível de aquisição e manutenção.
mo sejam as do grupo tífico, paratífico, disen- Assim, o principal a obter é um des-
térico, bacilo coli e bacilo da febre aftosa. pejo tratado, que não afete as condições
Essa contaminação pode atingir o len- biológicas do rio, não crie perigos à saúde
çol freático alimentador do curso d'água dos moradores ribeirinhos e que, em deter-
em questão e dos seus afluentes, causando minados casos, permita ainda o aproveita·
epidemias nos moradores ribeirinhos e epi- mento da água do rio para estabelecimento
zootias no gado que se utiliza dessas águas industrial ou para abastecimento de água
contaminadas ou de pastos por elas periàdi- potável em centros populosos de jusante.
camente inundados. Assim, a elaboração de um projeto de
Os vários despejos industriais podem, esgotos deve ser precedida de cuidadoso es-
também, provocar sé1 ias intoxicações, tanto tudo, sendo necessária uma série de provi-
em homens como em animais. dências iniciais, que são em resumo:
Outra alteração do estado bioquímica
a) Planta ciidastral da aglomeracão ur-
dos cursos d'água, aos quais se lançam águas
bana e zona circunvizinha, n; escala
de esgotos e as residuais da indústria, sem
de 1 : 2 000 e com curvas de nível
prévio tratamento, é a transformação do as-
de metro em metro.
pecto físico e da paisagem da região, em
vil tude da falta do oxigênio bioquímica, ne- b) Coleta de elementos estatísticos e de-
cessário à vida da flora e da fauna ribei- mográficos.
rinhas, afora a ocorrência de exalações desa- c) Coleta de dados geológicos e hidroló-
gradáveis que, com caráter acentuado e cons- gicos de interêsse.
tante, podem provocar a desvalorização das d) Estudo econômico-social da aglome-
margens fluviais e uma situacão incômoda ração.
ao bem-estar geral da cidade. •
e) Composição provável dos esgotos.
A situação ainda se torna mais precária
f) Natureza e condições dos esgotos in-
quando as águas assim contaminadas devem
dustriais.
servir para o abastecimento de cidades ou
out1os núcleos humanos situados a jusante. g) Grau de poluição das águas de mon-
Neste caso, é diretamente afetada a saúde tante e jusante.
dos moradores e o bem-estar da coletividade. h) Futura utilização ou aproveitamento
Mesmo em pequenas vilas, fazendas e das águas servidas ou das águas a
sítios, a contaminacão dos ribeirões e córre- jusante.
gos pode provocar ~ surto esporádico de tifo. De posse dêsses elementos e outros mais
disenteria bacilar ou amebiana, etc., como que se tornem necessários, poderá ser esco-
não raro acontece no interior do País. lhido o tipo de tratamento mais adequado.
Quando a aglomeração tem núcleos in- A título meramente ilustrativo, faremos
dustriais, é necessário considerar a natureza a seguir uma enumeração dos principais ti-
dos respectivos despejos, pois há indústrias, pos de tratamento usados presentemente,
como, por exemplo, as de lacticínios, char- que podem ser Naturais ou Artificiais.
queadas, usinas de açúcar e álcool, mata-
Os Naturais são:
douros-frigoríficos, etc., cujas águas servidas,
por causa da alta concentracão de matéria a) Diluição dos esgotos em lagos na-
orgânica, poderão requerer tratamento mais turais ou grandes cursos d'água
completo do que o necessário para os esgotos b) Irrigação superficial ou subterânea
domésticos. com os esgotos
Tal como acontece quando se deseja c) Aproveitamento de cachoeiras e cas-
fazer o abastecimento d'água de uma cidade, catas naturais.
é indispensável ao projeto de uma rêde de
d) Aproveitamento de bacias naturais
esgotos, além de uma boa planta cadastral,
para depurar esgotos.
o conhecimento de uma série de elementos,
como sejam: Natureza do terreno, cota do e) Humificação em sulcos ou valas, com
emissário, profundidade da água freática, posterior atêrro .
possibilidade de inundações, caráter e volu- f) Lançamento em tanques de criação
me provável do esgôto, preço e espécie de de peixes.
Am.nNISTRAÇÃO E URBANISMO 67
lugar para estacionamento dos respectivos vencionem inicialmente tais serviços, com o
veículos e montadas (quando fôr o caso) . fim de despertar a iniciativa particular. Só
Nas cidades a beira-mar ou a beira-rio, deve em casos especiais devem as prefeituras exe-
ser considerada a possibilidade de acesso ma- cutar o serviço por administração.
rítimo ou fluvial.
Os problemas de insolação, ventilação, *
água e limpeza devem ser encarados com cui-
dado especial, a fim de serem garantidas Dentre os serviços de utilidade pública,
boas condições higiênicas. o de Eletricidade ocupa lugar de destaque,
Ao ser projetado um mercado, é con- juntamente com o de águas e o de esgotos.
veniente estudar um plano econômico-finan- Nos tempos progressistas que correm,
ceiro para a sua manutencão e conservação. não se pode admitir que qualquer aglomera-
a fim de se não sobrecar;egar o orçamé'nto ção urbana que atinja certo grau de desen-
municipal; em certos casos poderá até ser volvimento, não disponha de energia elétrica,
fonte de renda. pelo menos para iluminação pública e parti-
Em determinadas circunstâncias, espe- cular, para aquecimento e outros usos domi-
cialmente no interior, o mercado poderá cons- ciliares e como fôrça motriz para a indústria.
tituir um dos elementos de desenvolvimen- Os Municípios que não tiverem possi-
to do núcleo urbano, agindo como centro de bilidade de oferecer, a preço razoável, farta
convergência dos negócios das circunvizi- quantidade de luz e fôrça elétrica, não po-
nhanças. derão ter a pretensão de atingir grande de-
senvolvimento industrial.
Infelizmente, porém, a maioria dos nos-
* * sos Municípios não dispõe de recursos para
À medida que um centro urbano se ex- atacar o problema de forma conveniente, fi.
pande e aumenta o seu movimento industrial
cando na contingência de esperar que o Go-
e comeJ cial, vai-se fazendo sentir a necessi-
vêrno Federal ou Estadual organize e exe-
dade de transporte mais rápido e fácil das cute as grandes centrais elétricas, única so-
massas humanas, que precisam deslocar-se lução para o fornecimento de energia elétrica
de um ponto a outro, no desempenho de suas
em abundância e a baixo preço.
obrigações, ou a passeio
Contudo, na impossibilidade de uma so-
Assin1, aos poucos, vai-se tornando ne~
lução ótima, devem as Municipalidades pro-
cessária a organização dos Transportes Urba-
curar uma solução satisfatória, embora não
nos coletivos
ideal.
Êstes transportes são geralmente execu- Em alguns casos, a energia poderá ser
tados por carros-automóveis (ônibus) ou car- fornecida por companhia particular que já
ros elétricos, podendo êstes ser sôbre trilhos tenha serviço organizado em cídades próxi-
(bondes), ou não ( "trolley-buses"), sendo mas; em outros casos, por usinas menores
que êste Último sistema, que é mais econô- localizadas no Município e exploradas pela
mico do que o de bondes, exige ruas muito própria Municipalidade ou por emprêsa con.
bem navimentadas. cessionária .
Econômicamente falando e a partir de De qualquer forma, porém, três são as
certo volume de transporte, o bonde ou o condições principais para que se tenha um
"trol!ev-bus" é preferível ao ônibus comum, servico satisfatório: continuidade de For-
pois oferece transporte mais barato e não necir;lento, Constância de Voltagem e Preço
depende, geralmente, de combustível impor- Conveniente.
tado para o seu funcionamento.
Quanto ao tipo de usina, poderão ser
A instalacão de um servico de bondes
hidro-elétricas ou têrmo-elétricas. Às primei-
ou de "trollev-bus". é, porém; 1nuito mais
ras deve ser dada pYeferência, sempre que
difícil e complexa do que de um serviço de possível, por serem, em geral, de custeio
ônibus, não só pelo capital necessário, como mais econômico, embora as despesas de ins-
pelo grande corpo de funcionários especiali- talação sejam muito maiores. As segundas
zados que exige para garantia de um bom poderão ser a vapor, motor Diesel ou de gás
funcionamento. pobre. Destas últimas, o tipo mais conve-
Por essas razões, a implantação de um niente varia conforme a região e só um es-
serviço de bondes, ou de "trolley-buses", só se tudo das condições locais poderá decidir
justifica quando as distâncias a serem per- Em alguns casos poderá até ser aproveitado
corridas e o volume de passageiros a trans- o lixo da cidade como combustível auxiliar
portar atingem certos valores. Quando a energia é produzida a distân-
Abaixo dêstes, não se justifica a organi- cia do centro consumidor, a energia elétrica
zação de uma companhia de bondes, devendo é transportada por meio de linhas de trans-
o problema ser resolvido pelos ônibus, embo- missão de alta voltagem, até estações trans-
ra o preço das passagens tenha de ser mais formadoras situadas em pontos conveniente-
caro. mente escolhidos, e, daí, então, distribuída
Num caso ou noutro, porém, a distri- aos consumidores em baixa tensão. Se, po-
buição dos meios de transporte, e o respec- rém, as usinas estiverem muito próximas do
tivo preço, não podem ser deixados a crité- centro, a distribuição poderá ser feita dire-
rio exclusivo das emprêsas, devendo ser, ao tamente em voltagem baixa. Para as indús-
contrário, cuidadosamente coordenados e re- trias o fornecimento é feito, quase sempre,
gulados pela Municipalidade, em defesa do diretamente da rêde primária, fazendo cada
interêsse público. qual a transformacão que mais lhe convém.
Em alguns casos será interessante que Com referência à iluminação pública,
as Municipalidades criem facilidades ou sub- são usados os mais variados tipos de postes,
70 REVISTA BHASILEIIIA DOS MuNICÍPIOS
de madeira, de ferro, ou de concreto, com embora menos cômodos e limpos. Nestes ca-
um ou mais pontos de luz. Os postes de sos, entretanto, a energia elétrica é, muitas
madeira não se recomendam pela pouca du- vêzes, mais conveniente.
rabilidade e pelas despesas de conservação * ::: ...
que originam, além de que já custam caro
O serviço de telefones está no Brasil
em muitos pontos do Brasil; os de ferro têm
entregue, na maioria dos casos, a companhias
contra si o alto preço inicial e a despesa de
particulares bem organizadas, que, possuindo
pinturas periódicas; os de concreto têm a
larga rêde instalada, facilitam as comunica-
seu favor a grande durabilidade, a conserva-
ções interurbanas.
ção pràticamente nula e a relativa facilidade
de fabricação local, sendo ainda de notar-se A não ser em casos muito especiais, não
a exigência, no País, de fábricas especiali- há, geralmente, vantagem em montar serviço
zadas, que produzem postes de concreto ar- telefônico urbano isolado, nas zonas de in-
tísticos e de excelente qualidade. fluência das companhias existentes. Em todo
O tipo de lâmpadas geralmente usado caso, adotada que seja a solução isolada, não
é o incandescente . podem as grandes emprêsas telefônicas re-
Quanto à distribuição dos pontos de luz cusar o tráfego mútuo com as suas linhas
nas ruas, tanto nos bairros residenciais, como para o serviço interurbano.
comerciais e industriais, deve ser feita de A grande maioria das nossas prefeituras
modo que se obtenha uma iluminação uni- uão está em condições de manter um tal ser-
forme o velho método de colocar somente
o viço.
pontos de luz nas esquinas e nos meios dos
quarteirões deve ser abandonado.
A iluminação das praças e jardins pode
ser executada de forma que permita em dias O Servico Funerário compreende em
de festa, sem instalações suplementares, geral três partes:
maior intensidade de iluminação do que a a) Pertences para Velório e Confecção
dos dias comuns. de Caixões
Para os repuxos, chafarizes e estátuas, b) Tranportes de Cadáveres
podem, também, ser estudados sistemas que c) Cemitérios
os embelezem e realcem.
Tal como nos demais servicos de utili- A Confecção de Caixões é geralmente
dade pública, é indispensável organizar bons privilégio de uma instituição de caridade,
serviços de conservação e manutenção, a fim bem assim o aluguel de Pertences para V e-
de poder ser garantido um perfeito forneci- Iório. Há, contudo, localidades pobres que não
mento de energia à cidade e, ao mesmo tem- comportam a organização do serviço por essa
po, oferecer um bom servico de assistência forma, cabendo à Municipalidade mantê-lo.
a todos os consumidores. o
O Transpot te de Cadáveres deve ser fei-
Semelhantemente aos casos da água e de to em carros especiais, que podem ser à tra-
esgotos, é indispensável que os estudos, pro- cão animal ou a motor. Nos centros mais
jetos e a execucão das obras só sejam le- populosos é, geralmente, serviço incluído no
vados a efeito por profissional competente privilégio acima referido; nos menores, po-
e especializado no assunto. rém, compete à Municipalidade provê-lo.
A instalacão do servico de eletricidade À Municipalidade ou à instituição de
tem de ser pr~cedida da ~onfecção da carta caridade concessionária do serviço, cabe as-
cadastral da cidade e da coleta de dados segurar, gratuitamente, o fornecimento de
estatísticos e demográficos, tal como já foi
caixões e o transporte de cadáveres de indi-
mencionado anteriormente, a fim de se po- gentes.
der ajuizar da potência mínima a ser insta- Os Cemitérios, do mesmo modo que os
lada e prever logicamente um certo período
serviços anteriores, devem ser administrados
de crescimento da cidade e, consequêntemen-
pelas Municipalidades ou por associações
te, a data a partir da qual se deverá tratar oias ou de caridade.
da ampliação do fornecimento. - Além do registro e da realização dos
Luz e fôrca são dois serviços perfeita- enterramentos, as administrações dos cemi-
mente financiáveis, sendo, pois, aplicável ao térios têm obrigação de cuidar de uma série
caso o que ficou dito para os serviços de de outros problemas da necrópole, que, na
águas e esgotos. maioria dos casos, são inteiramente deixados
Qualquer ampliação tem de ser prece- de lado
dida de um levantamento completo da rêde
Assim, por exemplo, precisam organizar
existente, sua capacidade máxima e estado. os planos de enterramento, de forma que se
utilize bem a área do cemitério, podendo
obter dos ricos, pelo direito de serem enter-
rados em quadras consideradas nobres, con-
Muito poucas cidades no Brasil, tal co- tribuições que cubram o serviço prestado aos
mo na América do Norte, estão em condi- pobres. Além disso, deverão cuidar da ne-
ções de manter um bom serviço de gás, nem crópole de forma que se mantenha com apa-
o seu fornecimento pode ser considerado co- rência condigna e em boas condições de con-
mo de absoluta necessidade para o público. servação. Os problemas mais comuns a cuidar
Geralmente a sua instalação só é econô- são: Defesa contra a Erosão, Drenagem, Ar-
micamente possível nos centros mais populo- borização, Muros, Caminhos, etc.
sos e adiantados, onde há dificuldade de ob- A localizacão de novos cemitérios deve
tenção de outros combustíveis mais baratos, ser levada em consideração durante a ela-
o
Am.HNISTRAÇÃO E URBANISMO 71
boração do Plano Diretor, devendo-se sem- cio e da Indústria, que se sentiram despro-
pre conservar convenientemente os antigos, tegidos contra os azares do fogo. Funda-
embora não estejam mais em uso; só em ram-se então várias sociedades, que inesti-
casos extremos deverão ser removidos e, em máveis serviços prestaram às respectivas co-
nenhuma hipótese, deixados ao abandono. munidades.
Posteriormente, em virtude das dificul-
dades que tais sociedades tiveram de enfren-
tar, os poderes públicos foram chamando a
si a responsabilidade de tão útil e benemé-
Além dos Servicos de Utilidade Públi-
rito serviço .
ca acima referidos, há outros de menor im-
portância ou que só existem em reduzido As cidades modernas que já atingiram
certo desenvolvimento não devem deixar de
número de localidades, e que, portanto, não
podem ser considerados como gerais, estando manter um corpo de bombeiros, pois, com
tal medida, não só protegem, como fazem
alguns dêles sob o contrôle do Estado ou do
Govêrno Federal, embora tenham importân- baixar as taxas de seguros, o que, em últi-
cia decisiva para o progresso do Município. ma análise, redunda em barateamento das
Neste caso estão, por exemplo, as fon- 1nercadorias .
tes hidro-minerais, as estações balneárias de Para a organização de tal serviço é pru-
cura, as instalações portuárias, centrais ferro- dente recorrer à experiência das corporações
viárias, serviços de parques nacionais, gran- das grandes cidades que tenham vários anos
des centrais hidro-elétricas, etc. de existência e que possam ceder instrutores
Em tais casos, compete às Municipali- habilitados, que formarão o primeiro núcleo
dades cooperar com os demais poderes ad- de pessoal especializado no Município, ao
ministrativos no sentido de facilitar a exe- mesmo tempo que darão tôda a orientacão
cução de melhoramentos ou planos que, de e assistência técnica na aquisição da ap;re-
modo direto ou indireto, possam contribuir lhagem indispensável.
para o progresso do Município, As cidades que não comportarem a ma-
nutenção de um corpo permanente poderão
SEGURANCA - Os servicos de seguranca com habilidade recorrer a uma solucão transi-
de uma cidad~ abrangem, d~ modo geral, ~s tória, que consistirá na aquisição ~de apare-
seguintes setores: lhagem simples e eficiente, que será mane-
a) Polícia. jada, nas ocasiões necessárias, por um grupo
b) Extincão de Incêndios. de voluntários, dirigido por elemento que te-
c) Tráfego. nha estagiado em boa c oi poração.
A instalação de um serviço nesses mol-
PoLÍCIA - No Brasil, o serviço de Polí- des deve ser precedida de uma campanha
cia está afeto geralmente ao poder estadual, bem orientada no sentido de constituir título
tendo poucas cidades (algumas capitais) um honorífico na localidade o pertencer ao grupo
corpo especial, mantido pela Municipalidade, de bombeiros voluntários.
e encarregado da segurança pública da cidade As companhias de seguros e o Instituto
A maioria dos Municípios não dispõe, mes- de Resseguros do Brasil poderão prestar gran-
Jno, de recursos para manter um corpo espe- de auxílio na instalacão do Servico de Ex-
cializado dessa natureza. tinção de Incêndios. > >
o plano de tráfego da cidade, seja a sua exe- carne, vegetais, etc.), como a verificação das
cucão convenientemente fiscalizada, insti- condições higiênicas e de salubridade dos ser-
tui~do-se a imposição de multas aos faltosos. vicos de águas, esgotos, lixo, estabelecimentos
O Servico de Tráfego deverá, também, pti'blicos, etc., e, às vêzes, o contrôle do uso
manter o registro e a matrícula de todos os de certos medicamentos.
veículos existentes no Município, de acôrdo Os servicos de Profilaxia têm por obje-
com a legislação em vigor. tivo o estab~lecimento de medidas de pre-
vencão e a difusão de ensinamentos que evi-
SAÚDE PÚBLICA - O bom estado de tem" ou reduzam a propagação de certas mo-
saúde de uma aglomeração humana reflete-se léstias, especialmente malária, tuberculose,
em geral sôbre tôdas as suas atividades. peste, lepra, doenças venéreas, tifo e tôdas
Nenhum achacado é capaz de realizações as epidemias .
vultosas; será sempre um medíocre, quando Juntamente com os serviços de Profi-
não um vencido . laxia, é de tôda conveniência proceder à Edu-
Conseqüentemente, uma população de cação Sanitária da população, por meio de
doentes não poderá progredir conveniente- jornais, rádio, cartazes, publicações, confe-
mente rências, cinema, etc. A divulgação de conhe-
Importante, pois, para qualquer admi- cimentos dessa natureza prestará à comuni-
nistração, o problema de Saúde Pública. dade inestimáveis serviços, pelas armas que
Os Municípios que julgarem deficiente lhe fornece para combater e se prevenir con-
a ação estadual, e que dispuserem de re- tra as doencas mais freqüentes . Exprimindo
cursos para tanto, poderão manter indepen- os benefício; decorrentes da educação sanitá-
dentemente dos do Estado, ou, o que será ria, um grande médico ~orte-am~ricano as-
melhor, em cooperação, alguns dos serviços sim se expressou: "Se fosse posstvel trans-
de saúde pública julgados mais necessários mitir ao povo os conhecimentos atuais da
ao bem-estar da população. Ciência, a vida dos homens das gerações vin-
Qualquer administração que pretenda douras poderia ser provàvelmente acrescida
instalar um serviço, especialmente se se tra- de dez anos".
tar de saúde da população, precisa ter sem- A fim de manter a comunidade em boas
pre presente que a simples montagem e ins- condicões de saúde e capaz de produzir efi-
talação material pouco ou nada valem, se cient.;mente para o progresso do Município,
não houver verba para pagar a pessoal ca- é indispensável que a população possa dispor
paz e para custear as despesas de manuten- de Serviços Clínicos eficientes, aptos a aten-
ção.
der aos doentes, especialmente os de me-
Aliás, entre nós, há exemplos de pom- nores posses. Quando há recursos financei-
posas instalações, que em pouco tempo se ros suficientes, deve-se cogitar do forneci-
tornam inúteis, pela falta de meios para mento de remédios juntamente com a receita
funcionar. Simples conseqüências, no mais ou, pelo menos, da sua venda a preços aces-
das vêzes, da volúpia de inaugurar novos síveis.
serviços, para fazer merecimento junto às Dentre as atividades sanitárias de maior
autoridades superiores ou para ganhar calcu- importância para o futuro das aglomerações
lado prestígio na opinião pública, visando a humanas, ressalta pelo seu valor a Assistên-
objetivos nem sempre recomendáveis. cia à Maternidade e à Infância. No Brasil,
O fato real é que a manutenção eficien- então, onde o Índice de mortalidade infantil
te de qualquer serviço é, geralmente, um mis- é alarmante, e a escassez da população um
ter ingrato e que não se presta tanto a im- dos mais sérios entraves ao progresso, mais
pressionante propaganda como uma inaugu- necessário se totna tal serviço.
ração qualquer, embora modesta e de vida É indispensável zelar pelas gerações fu-
efêmera.
turas desde a concepcão até a adolescência
O bom administrador, porém, deve ter dos futuros cidadãos. "'Importa à administra-
o desinterêsse e o altruísmo de agir de acôr- cão pública cuidar das mães, ministrando-lhes
do com o real interêsse público e não com ~nsinamentos e cuidados médicos, não só du-
o interêsse próprio, especialmente se se tra- rante a gestação, como no parto, puerpério
tar da saúde do povo. e lactação, e orientá-las nos cuidados com os
Vários e múltiplos são os aspectos sob filhos, suprindo-se as deficiências de alimen-
os quais podem ser encarados os problemas tacão e medicamentos, principalmente quan-
de saúde pública. Os principais, no âmbito do" derivadas da pobreza dos pais.
da administração municipal, são os seguintes: Nenhum país poderá progredir e ser
a) Contrôle Sanitário. forte sem cuidar convenientemente da saúde
b) Profilaxia. de seus filhos.
c) Educacão Sanitária. A instalacão e manutenção de Hospitais
d) Serviç~s Clínicos. nas sedes m~nicipais, sejam êles custeados
e) Assistência à Maternidade e à In- pelo govêrno ou por organizações particula-
fância. res, devem constituÍ! preocupação constante
i) Hospitais. das administrações.
g) Socorros Urgentes. As Municipalidades que não dispuserem
h) Laboratório de Análises. de recursos suficientes devem recorrer às
i) Serviços Odontológicos. autoridades estaduais ou federais, cooperando
j) Registros e Estatística. no que estiver ao seu alcance para facilitar
aquela realização.
O Contrôle Sanitário abrange não só os Sem hospitais, não será possível proce-
serviços de inspeção de alimentos (leite, der com segurança a certas intervenções ci-
ADMINISTRAÇÃO E URBANIS:IdO 73
rúrgicas, nem tratar de determinadas molés- secundário. O ensino superior, salvo nos Mu-
tias, especialmente as contagiosas. Um hos- nicípios das grandes capitais, deve ser dei-
pital em funcionamento representa eficiente xado à competência dos Governos Federal
proteção para tôda a população. Na organi- e Estaduais. Além do ensino propriamente
zação dos serviços hospitalares é preciso não dito, outras iniciativas auxiliares podem tam-
esquecer que as classes menos bafejadas pela bém ser tomadas pela Municipalidade.
fortuna são, em geral, as que têm mais ne- A atividade educacional da prefeitura
cessidade de tal assistência e que os ricos e deve, pois, abranger várias modalidades, co-
remediados, em troca de luxo e confôrto, po- mo sejam a criação de Escolas Públicas, di-
dem contribuir para a manutenção de leitos fusão da Educação Física, a organização de
gratuitos para os indigentes. Jardins Recreativos, ou, ainda, instalação de
Desde que a aglomeração urbana atinja Bibliotecas e Museus.
certo grau de desenvolvimento, a organização O Ensino Primário feito nas Escolas
de um serviço de Socorros Urgentes anexo Públicas municipais, não tem, no Brasil,
ao Hospital será de real utilidade para a orientação uniforme, variando de método e
população, pois esta poderá dispor, a qual- sistema conforme a zona, os recursos dispo-
quer hora do dia ou da noite, e prontamente, níveis ou o preparo e interêsse dos respon-
de médico e recursos. Muitas vidas poderão sáveis.
assim ser salvas Quanto à amplitude que Nas Escolas Públicas, o ensino deveria
tais serviços devam ter, somente as condi- ser ministrado exclusivamente por professô-
cães locais e os recursos disponíveis é que res diplomados. Infelizmente, porém, a maio-
~ determinam. ria dos Municípios não possui situação fi-
Como auxiliar indispensável de todos os nanceira que permita manter razoável corpo
serviços de saúde pública, o Laboratório de de educadores competentes.
Análises tem importante missão a cumprir, Muitas vêzes, os vencimentos oferecidos
não só no estabelecimento de diagnósticos, quase não compensam as despesas de manu-
como na análise de alimentos, remédios, etc , tenção individual, só convindo, excepcional-
e bem assim nas pesquisas de tôda natureza. mente, às normalistas que por acaso já re-
Complementarmente, pode fabricar vacinas, sidam na localidade e que aí tenham outros
soros, antitoxinas, etc. interêsses.
Todavia, um Laboratório de Análises só Assim sendo, o ensino terá de ser entre-
será realmente útil se os seus trabalhos inspi- gue a professôras práticas ou improvisadas.
rarem confian,a, para o que deve dispor de Nesta hipótese, será de tôda conveniência
pessoal habilitado e consciencioso, de apare- manter um serviço de contrôle, orientação
lhamento adequado e do material indispen- e fiscalização do ensino, a fim de que se pos-
sável. sam colhêr resultados satisfatórios.
Concomitantemente com a assistência Os Municípios que de todo não dispu-
médica, e especialmente dedicado às classes serem de recursos, devem apelar para o Es-
pobres, é de tôda a conveniência a manuten- tado, a União, ou, ainda, para as instituições
cão de um Servico Odontológico, pois está particulares.
~omprovado que vários males graves têm sua O ensino deve ser preferencialmente
origem em focos de infecção dentária. orientado no sentido de ministrar conheci-
Não será possível julgar eficientemente mentos que despe! tem o interêsse dos alu-
do estado sanitário de qualquer aglomeraçã'J nos pelo desenvolvimento comuna!, focali-
humana, sem manter um bem organizado ser- zando especialmente as possibilidades reais
viço de Registros e Estatística. de progresso do Município, com a indicação
Ao Estado compete, entre nós, a orga- dos meios de utilizá-Ias.
nização dos registros civis (casamentos, nas- Assim, o ensino primário pode ser mi-
cimentos, mortes, etc.), mas, além dêstes, nistrado, conforme o caso, por simples es-
os vários servicos que têm por finalidade colas primárias, por Escolas Rurais, de Ofí-
zelar pela saúd~ da população não podem cios Manuais, Agropecuárias, Colônias, Patro-
deixar de registrar todos os elementos ne- natos Agrícolas, etc.
cessários à determinacão dos índices sani- A Educação Secundária poderá sê-lo por
tários e à elaboracão" das estatísticas que Escolas Técnicas, Ginásios, Escolas Normais,
possam orientar co~ segurança as autorida- etc.
des encarregadas de tais serviços .
Sempre que possível, será conveniente
Êsses são os pontos principais a serem obrigar os alunos à prática da Educação Fí-
considerados, comportando cada um dêles
sica, podendo-se, muitas vêzes, lançar mão
subdivisões e especializações, cujo desenvol-
desta para despertar-lhes o interêsse pela
vimento depende das condições e necessida-
escola.
des locais, e, bem assim, dos recursos dis-
poníveis. Os "play-grounds" bem dirigidos, por
exemplo, são ótimos centros para desenvol-
EDUCACÃO - A Educação é um dos ele- vimento de cultura física.
mentos bási~os para o progt:esso de qualquer Ê bem fácil despe1 tar o interêsse da
coletividade. mocidade pela prática dos esportes. Esta
No Brasil, as diretrizes gerais da edu- deve, no entanto, ser orientada por pessoa
cação nacional são fixadas pela União. capaz, a fim de prevenir os males decorren-
Ao Município cabe parcela importante tes da prática exagerada ou defeituosa. Um
na alfabetização dos munícipes, cumprindo- simples campo de futebol pode ser, às vêzes,
-lhe difundir empenhadamente o ensino pri- o ponto de partida de futuras praças de es-
mário, e, quando possível, o profissional e a porte, que possuam campos de ginástica, vo-
74 H.EVISTA BRASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
leibol, bola ao cêsto, tênis, tiro, piscinas, às vêzes estiola ou faz sucumbir a sinicia-
pistas de atletismo, área de saltos, lança- tivas particulares.
mentos, etc. Qualquer aumento de renda que se ba-
Os Jardins Recreativos são centros de seie em tais meios pode! á ser prejudicial ao
distração que podem servir, não só para di- progresso da comunidade.
vertir, como para instruir. O prefeito consciente deverá, pois, preo-
A organização de Aquários, Jardins Zoo- cupar-se, além dos serviços normais da ad-
lógicos e Botânicos, são empreendimentos ministração, em desenvolver as fôrças eco-
que merecem o apoio das Municipalidades. nômicas do Município, que, em última aná-
De início, podem ser reunidos somente lise, dependem dos recursos existentes na
os espécimens regionais, ampliando-se aos região.
poucos as coleções, de forma que forneçam A primeira providência a tomar será,
elementos de estudo aos interessados, e de então, proceder a um levantamento de to-
instrução ao público em geral. dos os recursos naturais do Município, abran-
Dentre as atividades educacionais auxi- gendo os reinos animal (animais de valor
liares, deve-se destacar especialmente a Bi- comercial, couros, peles, pescado, caça, etc.) ,
blioteca Municipal, pois grande é o concurso vegetal (madeiras, plantas medicinais, se-
que pode prestar à elevação cultural do meio, mentes oleagionosas, vegetais para indústria
além de poder constituir-se em centro cole- extrativa, etc.) e mineral (minas, jazidas,
cionador de documentos especialmente úteis águas medicinais, etc.) , acompanhado de um
a estudos regionais. concomitante estudo do meio físico (topogra-
A Biblioteca não é de difícil organização, fia, clima, solo, energia hidráulica, vias na-
principalmente se ficar a cargo de funcioná- vegáveis, meios de comunicação, etc.).
rio zeloso 6) paciente. Muitos livros podem De posse dêsses elementos, será possí-
ser obtidos por doação. A escolha dos seto- vel julgar das possibilidades de fomentar o
res bibliográficos a desenvolver deve merecer desenvolvimento de indústrias extrativas, da
especial atenção, a fim de manter e ampliar agricultura ou da instalação de indústrias
o interêsse dos consulentes. Um ambiente manufatureiras correlatas.
simples, confortável e silencioso convida à Concomitantemente deve ser considera-
leitura. Para a instalação de Bibliotecas po- do o elemento humano da região, bem como
dem as prefeituras municipais recorrer ao a possibilidade do estabelecimento de cor-
Instituto Nacional do Livro, dependência do rente imigratória conveniente.
Ministério da Educação, que lhes ministra- A seguir, deve ser pormenorizadamente
rá ensinamentos e fornecerá várias obras. estudado o importantíssimo problema da cir-
Outra atividade de muito interêsse são culação das riquezas, que depende de um
os Museus. Podem dedicar-se a coleção e bem elaborado sistema de vias de comuni-
exposição de trabalhos de arte ou objetos de cação, que permita o fácil e econômico es-
valor. coamento da produção para os centros co-
A organização de um Museu é custosa, merciais, de forma que possa ser oferecida a
requer longo tempo para seu desenvolvi" preços compensadores para o produtor e con-
menta e exige a especialização de pessoal. venientes ao consumidor.
Apesar disso, os prefeitos não devem afastar De nada vale desenvolver a produção, se
tal empreendimento de suas cogitações, pois esta não puder ser utilizada. Muito comum
uma boa coleção, seja artística, histórica, ou no Brasil tem sido a política de fomentar de-
científica, é semp1e de grande valor educa- sordenadamente a produção de certo elemen-
cional. to que esteja na moda, não prevendo os
O conceito de "boa colecão" varia de meios de transporte, nem as possibilidades
localidade para localidade e t;mbém com a de mercado. Em conseqüência, o produto se
especialidade escolhida. deteriora nas fazendas ou à margem das es-
Um dos pontos de partida para a orga- tradas, o que traz prejuízos desanimadores,
nização de Museus, pelas nossas prefeituras, quando não funestros, ao produtor, ao mesmo
pode ser a reunião de objetos de uso carac- tempo que vibra mais um golpe desastroso
teristicamente regional ou dos que se refiram na economia regional.
a acontecimentos históricos locais, passados A possibilidade de financiamento deve
e contemporâneos. também ser considerada, a fim de permitir
A direção do museu deve procurar ob- o aproveitamento das riquezas potenciais.
ter o máximo de donativos, fazendo aquisi- Estudadas as possibilidades econômicas
ções só em casos muito especiais e após da região e os meios de aproveitá-las, o ad-
acurado estudo e cuidadosa avaliação. Atin- ministrador terá de elaborar um plano de
gido certo desenvolvimento, será possível aeão equilibrado e prático, promovendo a
pleitear e obter o auxílio do Govêrno Esta- obtenção de capitais, fomentando e auxilian-
dual ou Federal. do as iniciativas particulares e procurando
obter dos Governos Estadual e Federal o
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO apoio indispensável à sua execucão
DO MUNICÍPIO No caso de indústrias, o problema da
energia não pode deixar, também, de mere-
O fator econômico é geralmente despre- cer carinhoso estudo, pois, sem fôrça motriz
zado pelos nossos administradores, que pre- barata, dificilmente haverá indústria com-
ferem resolver todos os seus problemas fi- pensadora.
nanceiros por meio de empréstimos ou do Para melhor desenvolver certas fontes
aumento de tributos, sistema êste que tem de produção, será, na maioria dos casos, con-
sido funesto, pois não só desestimula, como veniente fomentar e facilitar a criação de
ADMINISTRAÇÃO E URBANISMO 75
As idéias que s01vÍlam de lastro à sua ptodigiosa atividade doutrináda podern sm assim
resumidas: O sistetn<J. federativo brasileizo, inauf1wado com a República, tem o seu comple~
n1ento lógico na autonomia tnunicip.1l O Município, base da organização social, é o Estado
em ponto pequeno O nwlhm sisterna eleiiotal se1 á aquêie que tiver como [andamento
o govê11w municipal, fazendo-se uma só eleição de ttês em três anos- a eleição municipal
Os vez e adores setiam os eleitores dos p1 esidentes da República e dos Estados, realizando-se
as eleiçõc.c; das Câmaras um ano antes do têtmo dos mandatos presidenciais Cada Muni-
cípio cle!Jet ia um dos vet eadores dentre os eleitos, o qual set ia o repz esentante do povo
no Congresso do Estado, onde deveria funcionar unw só Câmara Reunidos todos os
eleitos na Capital, escolherian1 detlire si oito, sendo tt ês pm a 1 cp1 esentm em os Estados
e cinco os Municípios ou o povo, nwdificando-se, assim, o Senado e a Câmara da União,
nos quais todos os Estados terian1 1ept esentaçiio igual.
A exaltação que faz da viela municipal tumsbmda, por vêzes, en1 manifestações lídcas
Sàmente ela, a seu ver, poderia clwtnar a si as atividades dispe1sas, as energias perdidas
em ilusórias defesas de princípios O ideal dos revolucionários de 89 - esczevia - não
foi tealizado e os benefícios da Revolução Ftancesa foram sonegados, cumprindo ao povo
alargar a. esfeu1 do govêrno concenttado nas mãos dos déspotas e fazer que a denwcracia
tenha sólidas raízes em todos os Municípios.
Via de regra, as idéias agitadas por DOMINGOS ]AGUARIBE estão estreitamente vinculadas
à autonomia municipal, como, por exemplo, as que dizem respeito ao desenvolvimento das
rendas municipais, reservado ao Município o direito de dispor das mesmas; ao direito que
deve assistir às comunas de elegerem suas próprias autoridades, inclusive os magistrados
e a polícia local; à educação popular; à criação de escolas de agricultura prática; à orga~
nização, nos Municípios, de depósitos de máquinas agrícolas; à abolição do impôsto de
exportação; à criação de jornais agrícolas destinados a fornecer orientação técnica aos
laVradores. Outras, porém, transcendem a própria órbita dos interêsses exclusivamente
municipais, identificando-se com as aspirações gerais de progresso do povo brasileiro.
Gesto que define perfeitamente a personalidade de DOMINGOS JAGUARIBE é o que
se prende à sua passagem pelo Congresso Estadual de São Paulo. Sutpreendido com a
inclusão do seu nome na chapa dos candidatos, conforme declarou em carta dirigida ao
Presidente da Assembléia dos Deputados, p1 ocurou os amigos e tornou pública a renÚnw
cia que fazia à sua candidatura. Tendo sido eleito, apesar dessa declaração, procurou
manter~se à alturà do mandato que lhe conferira o eleitorado, colaborando na elabora~
ção da carta constitucional do Estado.
Instalados os trabalhos da Assembléia Legislativa, fôra DoMINGOS ]AGUARIBE eleito
para compor a comissão especial encarregada de proceder à revisão do ensino superior,
tendo imediatamente apresentado um projeto de escola agrícola e veterinária, destinada
a preencher a sensível lacuna que representava a inexistência de tais estudos no ensino
profissional paulista Incompreensivelmente, foi logo desen~adeada guerra ao projeto,
indo o mesmo para a Comissão de Fazenda sem qualquer discussão. Desgostoso com o
ato de seus colegas de comissão, pediu demissão, negada, aliás, por unanimiadde.
Embota desanimado, voltou a apresentar novo projeto, dessa vez objetivando a cria-
ção de um registro para marcas de gado e a introdução de reprodutores em três zonas
criadoras do Estado, a fim de melhorar a qualidade do rebanho existente Todavia, como
da vez anterior, foi o projeto rejeitado se1n qualquer discussão
Convencido da inutilidade de seus esforços, resignou ao mandato, recolhendo
amarga experiência, que só serviria para fortalecer a sua instintiva má vontade contra
os políticos profissionais.
De sua bibliografia sô!Jre assuntos municipais constam: Catecismo Municipal, propa~
ganda em favor da autonomia dos Municípios, 1.a edição, São Paulo, 1896; O Muni-
cípio e a República, 1898; Propaganda em favor do Município, 1895; Conferências em
prol da autonomia dos Municípios, opúsculo que enfeixa quatro palestras realizadas, res-
pectivamente, na capital do Ceará, em 1897, na capital paulista, em 1899, em Rio Claro
e São José do Rio Pardo, as duas últimas em 1899; La Commune, base de gouvernement,
Paris, 1908; e Ecos da propaganda em prol da autonomia dos Municípios, 1914.
O espírito eclético, universalista de DOMINGOS ]AGUARIBE levava-o freqüentemente a
incursionar com êxito em outros domínios, tendo escrito e publicado, em diferentes épo-
cas, interessantes trabalhos, tais como Reflexões sôbre a colonização do Brasil, editado em
Paris pelos Srs. Garraux & Irmãos; Meios práticos de colonizar, folheto, 1883; Organiza-
ção do trabalho, 1884, folheto que trata dos aspectos sociais da questão do trabalho no
Btasil; Arte de formar homens de bem, editado em São Paulo em 1884 e traduzido para o
francês, em Bruxelas., pelo Dr J. NEAVE; O Sul de São Paulo, coleção de cartas pu-
blicadas em 1886 pelo Correio Paulistano; Homens e Idéias no Brasil, 1889; A canali-
zação do Rio São Francisco para o Ceará, 1887, folheto com planos, projetos e discursos
pronunciados sôbre o assunto; Máximas e Pensamentos, 1897; Revista útil, três volu~
mes, 1892/1894; Mudança da Capital Federal para Campos do Jordão. 1897; Orígens
Republicanas do Brasil, 1895; Influence de l'esclavage et de la liberté, Bruxelas, 1893;
Psychologie de l'alcoolique, 1910; La radiation des effluves humaines, 1907; Le Brésil
Antique, Atlantide, iladuzido e editado pela usocieté Academique" de Palis, com prólogo
do sábio cartógrafo BARÃO DE TEFFÉ, 1913,· Instituto Psico-Fisiológico Brasileiro, 1908;
Cartas de Londres, 1902; Memória apresentada ao 1.° Congresso de Geografia da Ca-
pital Federal; Discursos de abertura e encerramento do 2 ° Congresso de Geografia; Me-
mória apresentada ao Congresso de Lavradores de Amparo; Conferência realizada em
Buenos Aires no 3 ° Congresso Internacional, sôbre a cura dos alcoólicos pelo hipno~
tismo e sugestão; O Veneno Moderno, estudo sôhre o alcoolismo, contendo mais de cin~
qüenta ilusilações; As Bases da Moral, estudo de psicologia fisiológica, dedicado a Dom
JoÃo NERY, Bispo de Campinas,· Crônica do País de Atlantide, dois volumes, São Paulo,
1897; Campos do Jordão, folheto descritivo do clima daquela localidade paulista; Terras
e propriedades do Dr. Jaguaribe, acompanhado de um relatório do Engenheiro TEODORO
SAMPAIO; A Fé, Sexto Sentido; O Império dos Incas no Peru e no México; O plantio da
amoreira no Ceará, como início de sua riqueza industrial e como causa modificadora do
clima, 1918,· e La verité sur 1a valorization du café au Brésil, 1918.
Em 1908, fundou em São Paulo o Instituto Psico-Fisiológico Brasileiro,, sucursal da
instituição do mesmo nome em Paris e da qual era sócio correspondente. Era ainda mem-
bto da URoyal Geographical Society oi London" e da asociety oi Psychical Research"
de Londres
A 14 de novembro de 1926, falecia em S. Vicente, Estado de São Paulo, DOMINGOS
JosÉ NOGUEIRA ]AGUARIBE FILHO, cujo nome ficaria definitivamente associ~1do ao mo~
vimento em prol da autonomia municipal no Brasil.
•
O PAUPERISMO DOS MUNICÍPIOS
BRASILEIROS
Dois assuntos, os mais importantes, São marcos centenários na história de
procurarei tratar ràpidamente, como convém, São Paulo. De lá partiram as grandes mon-
para não cansar a atenção dos ilustres co- ções, seguindo os bandeirantes que gizavam
legas - o pauperismo dos Municípios e o o mapa do Brasil . Erigida foi minha terra
êxodo das populações rurais. natal em Meca do republicanismo, mercê
Outras e mais autorizadas vozes deve- da gloriosa Convenção de 1873. Todos os
riam ser ouvidas ao .tratar-se de tão magno hinos de louvor já foram entoados para
assunto, como êste que me traz à tribuna glória dessas velhas terras. Suas populações
parlamentar, tal a complexidade e tão gran- disso se orgulham e cultuam com devota-
de se me afigura o problema dos Municípios. mento os brasões que, os tempos idos, ainda
Se me abalan- se viam plantados
cei a expô-lo perante no alto dos solares
a egrégia Assem- das Câmaras Muni-
Campanha Municipalista encontrou no
bléia Constituinte,
eu o fiz tão somente
em obediência aos
A Sr. NovELLI JÚNIOR, hoje Vice-Gover-
nadar do Estado de São Paulo, um dos
cipais
Elas, porém, a
exemplo de outras
compromissos assu- seus mais ardorosos hatalhad01es. muitas Municipali-
midos durante a Quando ainda Deputado Federal, s dades - e acredito
campanha eleitoral Excia. pronunciou, na Assembléia Constituit1.- seja a grande maio-
e, mais ainda, por te, a 8 de abril de 1946, incisivo discurso ria - não podem
ser decididamente a respeito do pauperismo dos Municípios bra- permanecer imutá-
um homem do inte- si/eiras. Procedente e conhecedor de uma das veis no tempo e no
rior, a êle dedicando mais velhas 1egiões de São Paulo (ltu, Pôt- espaço, a ouvir as
todo o meu interêsse to Feliz, Capivari, Indaiatuba, ltapetininga e lôas declamatórias
e por êle me baten- Sorocaba), o ilustre homem público observou dos homens públi-
do em todos os se- ua liberdade teórica na miséria real" em que cos, principalmente
tores vivem as comunas do interior, cada vez mais às vésperas das elei-
Expondo tais pobres, cada vez mais esquecidas Daí, o seu ções, quando se es-
problemas, - e êles discurso no Parlamento, discurso êsse que for- gota todo um rosário
se resumem em dois mula advertências muito sé1 ias e constitui um de adjetivações e de
grandes capítulos: exame muito objetivo dum aspecto sombrio da promessas
miséria e êxodo do realidade nacional Precisam viver.
interior, - ver-me- Mais que isso: ne-
-ei na contingência cessitam do milagre
de descer a análise da ressurreição . E
mais profunda, tentando trazer à superfície clamam, e pedem, e suplicam aos poderes
as razões de ser de tão graves anomalias superiores lhes seja dado um pouco de água
que, de modo acentuado, vêm atingindo as potável, mais leitos para seus doentes, mais
células matrizes da nacionalidade. escolas para seus filhos, mais estradas para
Não pretendo fazer obra de crítica de- escoamento da produção. Numa palavra: o
molidora, nem fixar-me neste ou naquele direito de viver.
período de govêrno, pois o mal é muito
antigo e por sôbre êle passaram várias gera- Falar dêstes Municípios do interior é
ções políticas sem solução satisfatória. atingir o próprio Brasil em tôda sua essência,
Tal declaração preliminar eu a faço no nas suas múltiplas facetas; é tratar do Brasil
propósito de evitar ser classificado entre os esquecido, sofredor e silencioso, conservador
imitadores da mulher de Ló - corno bem e cristão, ignorado e mal interpretado.
salientou um dos nossos ilustres colegas - Mas é êsse Brasil que desejamos forta-
que, de costas voltadas para a realidade lecer e salvar do depauperamento que o vem
presente, mergulham no passado, sem se
corroendo desde a abolição da escravatura
aperceber que o mundo caminha, as revo-
luções se sucedem e os pósteros pedirão Certos vícios de nossa formação municipal
conta dos nossos atos. são mais antigos que a República, mas o
período republicano tem sido, paradoxalmente,
Venho de urna das mais velhas regiões
de São Paulo. A só enumeração de suas infenso ao Município. Digo paradoxalmente,
cidades basta para comprová-lo~ Itu, Pôrto porque a República trazia entre os ideais de
Feliz, Capivari, Indaiatuba, Itapetininga e sua legenda o federalismo, que é, em última
Sorocaba. análise, a organização autônoma das diversas
R.BM.-6
82 REVISTA BRASILEIRA Dos MuNICÍPIOS
Municípios poderão jogar de si a pecha in- brasileiro. Procure-se evitar a evasão das
famante de incapacidade política e adminis- rendas por uma melhor aparelhagem fiscal.
trativa, evitando, para todo o sempre, seja Faça-se uma revisão de impostos. Do que
ela um dos pretextos para novas investidas há necessidade, e essa é inadiável, é de
no terreno de sua autonomia. melhor e mais equitativa distribuição das
Exposto, assim, em largas pinceladas rendas públicas. Procuremos aproximar-nos
o quadro aflitivo dos Municípios do interior, dos métodos aplicados nos Estados Unidos
devo confessar que o fiz constrangido, sem da América do Norte e na própria Inglaterra,
pessimismo, certo de encontrar uma solu- onde os Municípios gozam de muito maior
ção definitiva, e com a preocupação única proteção. E chegaremos à conclusão de que
de bem cumprir meu mandato, deputado nunca menos de 30°/o da arrecadação total
eleito que fui por uma das mais velhas zo- da Nação deveriam ser destinados aos Muni-
nas da Sorocabana, esperançoso de encon- cípios.
trar eco entre os ilustrados colegas que, Cessaria óe vez essa humilhante pere-
melhor e mais aprofundadamente, conhecem grinação, a que já aludi, dos homens do
o palpitante problema. interior e dos seus dedicados Prefeitos, sa-
Há que encontrar corretivo para tan- cola à mão, subindo as escadarias dos pa-
tos males. Somente uma nova discriminação lácios, pedindo aos poderosos o direito de
de rendas, a meu ver, sanaria os erros que se sobreviver.
vêm acumulando.
Entrego à meditação dos meus ilustres
Porque todos êsses problemas partem
companheiros da Assembléia Constituinte, e
da premissa: a miséria dos Municípios. Cor-
mais de perto, aos designados na feitura do
rigida esta, tôda a seqüência dos males esta-
anteprojeto para o capítulo referente a tão
ria, senão corrigida, certamente muito me-
magno assunto, estas impressões de um ho-
lhorada.
mem do interior, e que do interior traz êste
Já ouvi alhures ser criticado alguém apêlo de misericórdia .
que, desta tribuna, debateu tão angustiante
problema, apresentando idêntica solução. Os Municípios do interior do Brasil
Alcunharam-no homem de boa fé . Não im- precisam fugir da penúria. Confiam em que
porta. Será, talvez, necessário apelar para os eleitos do povo, à legenda de autonomia,
um novo Sermão da Montanha, em que o tão decantada e tão necessária, acrescentem
Mestre qualifique de bemaventurados os outra também ambicionada: a de sua relativa
homens de boa fé. Eu me bendigo, s:e independência econômica, que somente se
entre êstes fôr incluído, por tentar solucio- alcançará por uma distribuição mais equi-
nar uma questão das mais urgentes e gra- tativa das rendas públicas em que sejam
ves para a Nacão. êles - os Municípios - contemplados na
Não reput~ a solução utópica. Modi- proporção das suas legítimas necessidades e
fique-se, se necessário, o sistema tributário aspirações .
O PROBLEMA DO MUNICÍPIO
NO BRASIL ATUAL
SUMARIO : I - Como o problema se apresenta li - Os têrrnos do ptoblema.
III - A equação do problema. IV A solução do ptoblema. V Conclusão.
ções a que os vícios conhecidos da nossa or- bre as finanças do seu Município não soube
ganização social e política sempre deram dizer mais do que isto: que arrecadava e
cunho de franco absolutismo, embora com gastava "uns trinta contos". Numa outra Mu-
exceções mais ou menos numerosas, a vida nicipalidade, prêsa a oneroso contrato com
municipal brasileira teve como mentores e uma emprêsa de eletricidade a que fazia
árbitros dos seus destinos homens que não vultosos pagamentos mensalmente, não foi
podiam, na generalidade dos casos, organizar encontrado vestígio do respectivo instrumen-
e dirigir eficientemente uma verdadeira ad- to jurídico. Municípios em que não há ar-
ministração. Indo obviamente ter às mãos quivo, são inúmeros. E não têm conta os
dos espíritos mais alertados, de mais larga que não conservam sequer a sua coleção de
visão, alimentando por isso mesmo aspira- leis.
ções mais altas, só em casos bem raros de Mas se por êsses fatôres negativos a ad-
invulgar devotamento à causa pública e es-
ministração local em boa parte do quadro
pírito de sacrifício, conseguem ter os nossos
Municípios como administradores um CAN- comuna! brasileiro não passa de pura apa-
TÍDIO DRUMMOND. Porque se as aspirações e rência, quase inerte, quando não é uma
ambições dos chefes chamados à direção mu- organização funesta sob todos os pontos de
nicipal eram limitadas à vida local, êsses ho- vista, por uma outra circunstância tem ela
mens, para vencer em tão acanhado meio, de ser inteiramente inepta a qualquer atua-
sendo êles honestos, tinham que' se dedicar ção eficiente em benefício da coletividade.
com tôdas as energias às suas atividades pro- É a inópia de recursos . Mesmo não se le-
fissionais - comércio, lavoura, medicina, vando em conta a freqüente desonestidade
etc., não podendo fatalmente entregar-se à dos agentes administrativos, em regra livres
função de govêrno com o devotamento e de qualquer contrôle ou peia, dadas a igno-
o exclusivismo com que, somente, se podem
rância do meio, a licença do regime de ar-
contrabalancar as desfavoráveis condicões do
bítrio que impera, e a falta de qualquer coi-
meio municipal; e, não lhes sobrand~· escrú-
pulos, claro é que só podiam fazer do go- sa que se pareça com opinião pública, nas
vêrno o instrumento de espoliação da co- regiões mais atrasadas - nada de eficiente,
munidade em proveito próprio, de seus fa- concluir-se-á ainda assim, pode tentar um
miliares e de suas clientelas . govêrno local em matéria de verdadeira ad-
Junte-se a isto a freqüente inexperiên- ministração comuna!, tal a deficiência de
cia dos homens chamados à governança da recursos. Não incluídos os relativamente pou-
comuna. A administração tem a sua técnica, cos centros que possuímos com uma economia
tem os seus problemas. Não se improvisa um razoável, os Municípios brasileiros dispõem
administrador, nem muito menos uma boa de rendas ridículas, que só podem servir e só
máquina administrativa. Donde o predomí- servem para manter o simulacro de aparêlho
nio do empirismo, da rotina, da desordem, administrativo, mais uma forma do parasi-
do arbítrio, na administração da grande maio- tismo que infesta e dessora o organismo na-
ria das comunas brasileiras. Na mais dolo- cional. Em 1912, dentre 986 Municípios
rosa experiência, tenho encontrado em tôda informantes, arrecadaram importâncias que
parte do Brasil, Municípios sem a mais leve não ultrapassavam dois contos de réis, nada
organização administrativa e onde os ser- menos de 46, a começar de um Município
ventuários municipais são de uma ignorân- do Ceará, cuja receita foi precisamente de
cia e de um atraso que raiam pelo inacredi- 242$110. Não foram além de 20 contos as
tável. Os homens do meio local mais inteli- arrecadações de 538 comunas. E receitas
gentes, quando não emigram, procuram na- excedentes de 200 contos anuais, ou seja, um
turalmente meios de vida mais rendosos do mínimo, aliás bastante baixo, para se custear
que os modestíssimos cargos de uma inten- uma administração comuna! por mais mo-
dência ou prefeitura municipal. De modo desta que ela seja, só conseguiram coletá-las
que os corpos de funcionários que organizam 88 das circunscrições abrangidas pela esta-
e fazem funcionar a máquina administrativa tística. E hoje? Sem embargo da moeda des-
municipal são em regra, ainda que com bas- valorizada que temos, estavam abaixo
tantes exceções, compostos de pessoas incul- do modestíssimo limite de 100 contos anuais,
tas, sem qualquer noção de administração, nada menos de 784 dos 1 365 Municípios
contabilidade, etc., que apenas mantêm e existentes em 1932, dos quais 125 ainda ar-
não podem mesmo senão manter um simu- recadavam menos de 20 contos. E esta si-
lacro de aparêlho dirigente, onde domina o tuação de penúria vai-se agravando cada dia,
abandono, o arbítrio, a desordem, o espírito com o constante desdobramento do quadro
rotineiro, enfim, tôdas as condições nega- municipal.
tivas da eficiência. Temos, portanto, um grande número de
Municípios tenho encontrado sem vestí- Municípios, quando não de área insignifi-
gios de uma escrita qualquer. De um Pre- cante, de população muito reduzida, e, con-
feito Municipal, a quem um agente de esta- seqüentemente, de economia debilitada e
tística pedia os dados das financas muni- rendas ridículas, que coisa alguma, absolu-
cipais ou ao menos que o deixasse.. examinar tamente nada podem fazer em favor do bem-
o livro-caixa das arrecadações do Município, -estar e da defesa dos interêsses das respec-
foi ouvido como resposta, acompanhada de tivas populações, parasitados apenas por um
um sorriso de bonhomia, que a caixa do Mu- enxame de sinecuristas - humílimos, é ver-
nicípio eram "os bolsos das suas calças" e dade, mas nefastos - com o rótulo de fun-
que sendo êle um homem honesto não pre- cionalismo municipal, preço que pagam pelo
cisava de "complicações". Êsse prefeito, sô- luxo do "self-government". "Noblesse oblige."
92 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
E, pois, fora de uma pequena limpeza -social no Distrito Federal e à polícia sani-
de ruas - quando não são os gericos que tária dos portos. A colaboração do Govêrno
a fazem. . ; de uns poucos lampiões de ilu- Federal com os Estados para lançar o ser-
minação pública, que se apagam por econo- viço de profilaxia rural, mal instituída e
mia nas noites de luar; da conservação de mal regulada, tornou-se de tal forma inefi-
algumas pontes e caminhos, da abertura de ciente que foi suprimida.
um ou outro poço, ou da instalação de uma E no tocante ao fomento econômico, te-
pequena e rudimentar rêde de abastecimen- mos querido fazê-lo à distância, por uma vas-
to d'água, e pouco mais, muito pouco mais, ta burocracia pretendidamente agrária mas
nenhum benefício outro recebem as popu- essencialmente urbanística. E assim, se ex-
lações municipais, em grande parte do Bra- cetuarmos a atuação, em limitada escala, de
sil, dos respectivos e autônom.os governos alguns poucos centros de trabalho e fomento
E as parcas rendas de que êstes podem dis- agrícola (fazendas-modêlo, campos de de-
por, das sobras que a desonestidade deixa, monstração e de cooperação, postos de mon-
são poucas naturalmente para o custeio do ta, etc.), a lavom·a e a pecuária têm sido
"serviço eleitoral" - a coisa mais importan- favorecidas pela União apenas com uma re-
te da vida municipal, porque por meio dêle duzida distribuição - mas de tão compli-
é que se obtêm as boas graças dos poderes cada e demorada, pràticamente inútil - de
superiores, i,sto é, algumas sinecuras para a sementes, mudas, adubos, inseticidas e al-
clientela e as nomeações camarárias para os guns artigos mais. O auxílio direto, sem
cargos estaduais de natureza local, cujos entravantes formalidades burocráticas, tanto
titulares se transformam assim em susten- em serviços técnicos, de estímulo, de defesa
táculos das situações municipais. ou de demonstração, como no fornecimento
E essa triste vida é que vai vivendo de materiais e na criação de facilidades de
em nossos esquecidos sertões o municipalis- tôda espécie à produção e à exportação dos
mo brasileiro. A ignorância, os abusos, os produtos, êste nunca foi prestado à lavoura.
erros, a improbidade, a falta de iniciativa,
E os Estados? A atuação estadual não é
o desprêzo do interêsse público, que o de-
essencialmente diferente da do Govêrno Fe-
turpam e inutilizam, não têm, não podem
deral. Um pouco mais próxima, um pouco
ter corretivos . A opinião pública inexiste .
mais desdobrada, mas insignificante, pràtica-
Todo o aparêlho do govêrno estadual no
mente inexistente em grande maioria das
Município, quando não submisso - e mui co- Unidades da União, no que respeita ao fo-
mumente desservindo à causa pública - às mento agrícola e à assistência médico-social,
situações municipais, deixa-se ficar alheio aos para só ter apreciável significação, em todos
verdadeiros interêsses da comunidade. O go- êles, quanto à ação educativa. Mas esta
vêrno estadual, empenhado em manter as
mesma, tanto em extensão e em profundi-
situações locais que lhe são politicamente
dade, quanto em qualidade, não é ainda um
fiéis, acastela-se no respeito à autonomia mu-
centésimo do que devera ser, e não tem a
nicipal para permanecer surdo ao clamor
capacidade necessária para tirar o País da
público quando êste se levanta. Mas não
humilhante situação em que se achou até
hesita em mudar uma situação municipal
hoje entre as nações mais incultas do mun-
que lhe seja infensa, por maior que seja a
do. Além do que, essa restrita e insuficiente
arbitrariedade, ou por melhor que seja o go-
ação educativa ainda se ressente da profunda
vêmo adversário. E com isto ttido, só se
injustiça social que informa, como vimos,
vêem fatôres negativos naquele aspecto da
tôda a ação do Poder Público no Brasil, pois
vida nacional em qu~ lhe deveriam residir que se dirige principalmente às populações
as fontes de energia sadia e renovadora. urbanas e, ainda aí, é incapaz de suprir as
Onde cumpriria estar o fulcro da nacionali ·
deficiências de alimentação, de vestuário e
dade, o rijo cerne da nossa organização social,
de saúde que impossibilitam as classes so-
econômica e política, a fonte primária da
ciais mais modestas de tirar todo o proveito
saúde coletiva, encontra-se um conglomerado
da assistência escolar oferecida, por isso que
amorfo sem consistência nem vitalidade, ou
essa assistência está organizada em moldes
um foco de perigosa infecção, a preparar
alheios às necessidades e realidades do meio
surdamente um estado septicêmico generali-
brasileiro .
zado.
A assistência social - em matéria de De modo geral, a maior parte da po-
educação, de saúde, de fomento às atividades pulação das grandes metrópoles brasileiras
produtoras, assistência que devia ser o obje- (capitais da União e dos Estados) e a quase
tivo precípuo dos governos locais, e não res- totalidade da chamada população interior,
tritamente às populações urbanas, mas a nesta compreendida tôda a população rural,
tôda a coletividade, essa assistência fica re- estão inteiramente desamoaradas dos bene-
legada às cogitações dos demais planos go- fícios da civilização, e até mesmo urivadas
vernamentais. Fazem-na êstes? Vejamos. de uma rudimentar organização social, per-
Em matéria de educação popular prà- manecendo duplamente esmagadas, pela mi-
uriamente dita, nada pràticamente realiza a séria física e duras condições de vida em um
União. A sua única atuação, que tem algum meio ingrato sem a defesa da inteligência
significado neste particular, consiste no sub- esclarecida, e pela inexorável, crescente e
vencionamento de umas tantas escolas de insaciável exploração de uma máquina gover-
nacionalização de filhos de imigrantes nas namental organizada em antagonismo com
zonas coloniais dos três Estados meridionais. os mais elementares princípios de solidarie-
Pelo que diz respeito à saúde pública, dade, justiça social e, até mesmo, humani-
a ação federal limita-se à assistência médico- dade.
DocuMENTOS HrsTÓmcos 93
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entretanto, em nosso regime de autonomia Terá êle solução? Que digam a êsse
municipal, devera fornecer o untco contrôle respeito a última palavra os sociólogos, os
possível da boa ordem do govêrno e admi- juristas e os estadistas. Mas não consideraria
nistração locais; cumprida a minha missão nesta tribuna sem
tentar uma demonstração de que pelo menos
III - essas mesmas condições reduzem
uma solução constitucional, evolutiva, nor-
os Municípios à maior penúria de recursos
e lhes tiram a possibilidade de dispor de um mal se nos depara .
eficiente corpo de servidores, donde a con- Procuremos estabelecer a equação.
tingência de não possuírem em regra senão Tem sido alvitrado que as chefias das
uma aparência de administração, com defi- administracões mumctpais sejam exercidas
ciências inacreditáveis, e de não poderem por prefeitos de nomeaçãú dos governos es-
realizar nenhum programa de significação taduais. Poderia, assim, ser formado um cor-
em matéria de assistência social e econômi- po de administradores municipais de carrei-
ca às respectivas populações, nem mesmo ra, devidamente especializados. Mas, embo-
qualquer empreendimento ou melhoramento ra com a brilhante contradita de acatados
de certo vulto; juristas, temos sustentado que semelhante
IV - pela influência perniciosa dos go- recurso contraria o princípio constitucional
vernos centrais, dada a defeituosa organiza- da autonomia municipal, do "self-government"
ção vigente, são ainda os escassos recursos Iocalista.
municipais desviados em grande parte para Logo, se se quiser, como tudo demonstra
fins eleitorais, porque a organização e o se- ser indispensável, que as administrações lo-
guro manejo do eleitorado são o único meio cais sejam chefiadas por administradores es-
de que dispõem os chefes municipais para pecializados, precisa-se encontrar um meio
se recomendar às promoções políticas, e cons- de assegurar essa providência sem ferir os
tituem o único ponto de apoio de que se melindres dessa autonomia, que hoje, como
podem utilizar os Municípios para pleitear quer que seja, já representa entre nós, de
alguns dos poucos benefícios que a adminis- fato, uma tradição respeitável.
tração estadual lhes pode dar;
Na impossibilidade de criar em cada
V - os insignificantes recursos que o Município uma opinião pública alerta e es-
Município, a União e o Estado podem re- clarecida a acompanhar de perto a vida ad-
servar para a obra de assistência às popu- ministrativa e governamental da comuna, e
lações de cada circunscrição comuna!, por nenhuma influência podendo ter a opinião
isso que empregados dispersivamente e sem pública das metrópoles estaduais sôbre a
unidade de acão nem de critérios, não pres- vida íntima das Municipalidades, a não ser
tam sequer o; pequenos benefícios que o séu em casos muito raros e muito graves, já se
vulto permitiria se fôssem utilizados solidá- tem pensado em controlar a administração
ria e racionalizadamente; municipal pela intervenção de Tribunais de
VI - pelo reduzido prestígio social, eco- Contas Estaduais. Mas essa providência,
nômico e político dos Municípios, e pelo iso- além de chocar também o princípio autono-
lamento em que vivem, nenhuma influência mista, teria significação restrita e resultaria
podem êles ter sôbre os planos superiores de inócua pela impossibilidade de uma fiscali-
govêrno, que se orientam exclusivamente pela zação eficaz, a qual só poderia resultar de
mentalidade das grandes metrópoles, sem uma acão mais direta sôbre a intimidade da
nenhum influxo dos interêsses e aspirações admini;tracão comuna! e que decorresse ao
da vida municipal, a qual permanece, assim, mesmo te~po da própria vontade da comu-
à margem da vida da nacionalidade, dela nidade local, isto é, do princípio de autono-
excluída a bem dizer; mia do Município.
VII - dada a extensão do País, o limi- À inaptidão dos corpos governativos
tado número das organizações políticas su- municipais para uma boa prática administra-
periores - as Unidades Federativas, e a tiva e sobretudo para os trabalhos técnicos
grande distância ou as difíceis comunicações que exigem as obras e serviços municipais
entre os centros diretores da administração - água, luz, esgotos, cadastros, estradas, etc.
federal e estadual e os seus órgãos de ação - tem-se procurado opor o corretivo das re-
local, ficam todos aquêles serviços da União partições estaduais de administração muni-
e dos Estados que poderiam beneficiar a cipal, ao tipo da que o Estado de São Paulo
vida comuna!, mal dirigidos, ineficientes ou delineou e em boa hora realizou. A medida
com reduzido rendimento, contribuindo para foi imitada em várias unidades da União e
a estagnação daquêle plano da vida nacional tem apresentado resultados magníficos. Te-
e o amesquinhamento do já tão reduzido nho para mim, porém, que o êxito dessa ten·
amparo dos governos centrais às populações tativa resultou em grande parte da depen-
do interior. dência estreita dos governos centrais em que
Contornar essas dificuldades dentro da os governos municipais ficaram durante o
nossa vigente estrutura política, sem ferir os período revolucionário. Restabelecido o re-
seus princípios e sem provocar choques pre- gime de plena autonomia comuna! vai ser
judiciais, para inverter as condições atuais difícil que se mantenha a eficiência das
da vida municipal e dar-lhes o dinamismo, o atuais repartições regionais que estão pràti-
impulso e a verdadeira finalidade social, camente orientando e controlando as admi-
econômica e política, eis, pois, em tôda a sua nistrações locais em tôdas as suas atividades.
impressionante nitidez, o "problema do Mu- E se, de fato, convém manter essa conquista
nicípio" neste angustiante momento da vida da organização nacional, cumpre adaptá-la à
nacional. nova ordem política, conservando a sua fina-
DocuMENTOS HISTÓRicos 95
!idade e desdobrando cada vez mais a sua so, precisa ser resolvido com profunda sabe-
ação, mas de modo que fique a instituição doria política.
informada pelo próprio princípio da autono- À primeira vista o problema é inabor-
mia localista . dável, porque duas dificuldades fundamen-
O desvio dos dinheiros municipais para tais se nos deparam .
fins políticos resulta, como vimos, do fato Não bastaria evidentemente um acôrdo
de serem catgos políticos os da direção da entre as entidades governamentais em pre-
administração comuna! e da circunstância, sença no intuito de repartirem entre si os
ainda, de êsses postos constituírem escala para setores de assistência. Esta divisão seria di-
a carreira política dos chefes locais. O mal fícil de fazer, e a ação a pôr em prática
assume proporções assombrosas, que bem se se desnivelaria, redundando tudo em desar-
deixam avaliar por êste fato. Pude verificar ticulação e desigualdades vitandas. Tampou-
em certo Município que cêrca de vinte esco- co se poderia recorrer a uma distribuição
las para cujo custeio se destinavam recursos geográfica, como um ilustre educacionista
orçamentários, só existiam na lei da despesa, já pensou que se pudesse praticar no terre-
sendo a respectiva verba aplicada na manu- no da educação, atribuindo-se a esferas go-
tenção de outros tantos cabos eleitorais com vernamentais distintas, por exemplo, a obra
o rótulo de "professôres". Ora, se pràtica- de assistência urbana, a distrital e a rural.
mente os cargos de prefeito não dão nenhu- Difícil a distinção a estabelecer e pràtica-
ma vantagem aos políticos que os exercem, mente impossível a unidade e organicidade da
a não ser a do prestígio pessoal, ou, mais atuação a ser exercida. Não seria praticável
exatamente, a da possibilidade de preparar também a abstenção de duas das entidades
e encaminhar a conquista dos postos da po- governamentais em presença, exoneradas dos
lítica estadual nas lutas em que a posse de seus deveres de assistência social pela sim-
um eleitorado é o elemento decisivo, ne- ples subvenção à terceira delas, que então
nhuma forma haverá de coibir o abuso en- tomaria a si tôda a responsabilidade da as-
quanto aquela investidura tiver caráter ele- sistência a ser realizada. Pam essa atividade
tivo. Pois que, no regime atual, só a con- exclusivista não estariam indicados nem a
quistam os que possuem eleitorado, e êstes, União nem os Estados, cuja ação se teria de
tendo-a conquistado, dela se servem princi- exercer muito à distância, em condições di-
palmente para recompensar o seu eleitorado, fíceis e de nenhuma ou problemática eficiên-
para ampliá-lo e bem manobrá-lo. Mas qual- cia. E os Municípios, que a poderiam exer-
quer mudança nesse sentido só será viável citar com maior percepção das exigências do
se encontrada uma fórmula que se concilie meio e através de uma ação mais direta, não
também com a autonomia municipal. dispõem de elementos técnicos e administra-
A dispersão dos pouquíssimos esforços e tivos nem para criar nem para manter ser-
recursos que a União, os Estados e os Mu- viços da envergadura dos que são necessá-
nicípios destinam à obra de assistência social rios. Além do que, entregue tal obra ao ar-
das populações do interior, é uma conse- bítrio e às iniciativas dos Municípios, ela
qüência da diferenciacão dos planos governa. ultrapassaria o adequado ajustamento às
mentais da nossa estr~tura política. Enquan- condicionantes locais, para perder progressi-
to tal dispersão perdurar, serão insolúveis os vamente todo o seu sentido nacional e a sua
problemas daquela assistência, porque, da- articulação com os planos superiores da polí-
das as fontes de renda e as responsabilida- tica de amparo social, ou bioeconômico-
des financeiras atribuídas a cada uma das -cultural, que não pode ficar nunca circuns-
nossas esferas políticas, nenhuma delas, por crita ao âmbito localista, devendo necessà-
mais que o quisesse, poderia praticar aquela riamente prender-se às demais esferas gover-
desdobrada e multifotme assistência em têr- nativas.
mos de atender aos reclamos da situação bra- Se é preciso, portanto, que haja unida-
sileira e aos imperativos de humanidade e de de orgânica no aparêlho executor das ativi-
justiça social. Mas com os mesmos recursos dades governamentais de assistência educa-
que a êsse fim já se reservam atualmente, ou tiva, econômica e sanitária; se é preciso que
com um reduzido acréscimo dêles, se a men- êsse aparêlho exerça uma atividade a mais
talidade brasileira inverter a sua polaridade penetrante e a mais extensa possível, inte-
segundo a fórmula fundamental que deixa- riorizando-se ao máximo em todo o territó-
mos assinalada e que deve caracterizar a fase rio nacional; se é preciso que essa atuação,
reconstrutiva a que os destinos nacionais em seus desdobramentos primários e mais
nos chamam, já poderá o País realizar obra elementares, se ajuste às exigências de cada
notável, ela só capaz de transmudar, em âmbito municipal, mas sem perder o con-
poucos anos, o desolador panorama que a vi- tacto, a articulação e a unidade de fins em
da da nacionalidade nos oferece neste mo- relação aos seus desdobramentos de níveis
mento, nas mais radiosas pet·spectivas de mais altos e objetivos mais complexos e
prosperidade e felicidade social. E com tan- mais compreensivos; se é preciso que essa
to maior êxito e melhor rendimento quanto atuação utilize, conglobando-os, todos os
mais feliz a fórmula pela qual aquêles es- recursos de que a nacionalidade, pelos seus
forços e aquêles recursos forem enfeixados três planos de ação governamental, puder
e repartidos, solidarizando-se e interpene- dispor; se é assim, concluiremos então que a
trando-se não só as atividades provenientes obra de assistência sanitária, econômica e
das distintas esferas governamentais em pre- educativa deve ser exercida por um vasto
sença, mas ainda as que visarem os diferen- e complexo sistema de Órgãos, diferenciada-
tes setores da assistência social. Se o obje- mente instituídos e distribuídos, que se pos-
tivo é sedutor, entretanto, além de imperio- sam revestir de todos aquêles característicos
96 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
verificados indispensáveis, e sejam mantidos uma decisiva influência nos concílios do go-
conjugadamente pela União, Estados e Mu- vêrno dos Estados e da República, levan-
nicípios, com unidade de esquema estrutu- do-lhes o influxo das aspirações e dos inte-
ral e unidade de direção, sem embargo de rêsses da vida comuna!, que é o plano pri-
colaborarem adequadamente nessa direção as mário, sim, mas o plano mais essencial, mais
três ordens governamentais co-interessadas. profundo, mais genuíno, da vida nacional.
Essa conclusão, todavia, não resolve De que resulta a fraqueza da vida mu-
tôda a questão, porque outra dificuldade nicipal em relação à vida estadual, e conse-
se apresenta. Não é fato que a nova Carta qüentemente, em face da vida nacional, se
Política obriga a União e os Municípios a em verdade ela é tão extensa, afinal, e
gastarem das suas "receitas de impostos" tão compreensiva do corpo social, quanto as
10% e os Estados 20%, somente com a ins- duas outras? Eis a resposta. Primeiro, da
trução? Não é fato também que todos os ra- sua exagerada divisão e do isolamento
mos de govêrno estão onerados com incríveis entre os respectivos centros; segundo, da
compromissos financeiros de que não se po- sua pobreza econômica e cultural; e ter-
derão libertar tão cedo, sejam quais forem ceiro, da escassez de ponderáveis valores re-
os seus esforços? Como então poderiam êsses presentativos, escassez essa decorrente como
governos, em tais condições, cumprir, além vimos, de complexos fatôres sociais, 'econô-
daqueles, a nova obrigação constitucional de micos e políticos. Favorece êste estado de
que muitos estão ainda tão distantes, e a coisas o fato de constituir a autonomia mu-
mais disso, reservar recursos para estabele- nicipal a conquista máxima da vida localista
cer ou desenvolver convenientemente as ou- e o pórtico do prestígio político e social para
tras duas modalidades de assistência - a os chefes de cada vilarejo. Mas se os des-
de fomento econômico e a médico-social? membramentos dos Municípios ficaram sen-
Uma solução prática parece à primeira do a constante ambição dos elementos ligados
vista impossível. Mas não o será, desde que aos distritos mais prósperos em cada circuns-
utilizada uma feliz circunstância. A assistên- crição comuna!, por outro lado constituíram
cia educacional está intimamente ligada às também um recurso dos governos centrais,
outras duas modalidades referidas. A obra ora para premiar ou para punir atitudes e
de educação, hoje, tende cada vez mais a in- campanhas, ora ainda para acomodar dissí-
tegrar o ser humano sob todos os pontos de dios e lutas entre dois grupos do mesmo Mu-
vista, preparando-o para a vida com o con- nicípio quando ambos ligados à situacão es-
veniente desenvolvimento do espírito e do tadual. E êste movimento de cissip~ridade
sentimento, com a consolidação da saúde e contínua no quadro municipal, sem nenhuma
com o treinamento e enriquecimento de tô- dependência dos fatôres sociais e econômicos
das as suas aptidões realizadoras em função que deveriam ser os únicos a influir no des~
de seu meio e de seu destino social. Isto quer dobramento comuna!, criou e agrava dia a
dizer - uma obra educativa bem planejada, dia, como já vimos, essa situação de penú-
sem exorbitar da sua legítima finalidade, e ria, apagada e apática, da vida municipal.
talvez apenas restritamente enriquecida de E essa situação não a poderiam hoje modi-
certos elementos mais especializados, já exe- ficar os próprios Municípios entregues a si
cutará concomitantemente em larga escala o mesmos, pois que não teriam mais fôrca e
programa das duas outras modalidades de prestígio para isso. Tanto menos qu~nto
assistência. Por outro lado, quase todos os essa estreita vida local é, as mais das vêzes
serviços de fomento econômico e de assis- eriçada de rivalidades entre as circunscri~
tência médico-sanitária, nos seus desenvolvi- ções vizinhas, que assim não podem experi-
mentos primários em relação direta com as mentar, espontâneamente, sequer a fôrça das
massas populares, já têm, ou podem e de- coligações regionais. Nem tentariam modifi-
vem ter uma concomitante finalidade edu- ?á-la, tampouco, os governos estaduais, por
cativa, de forma que poderão no todo ou em Isso que nessa fragmentariedade, nessa fra-
parte ser custeados pelos recursos reservados queza e nessa falta de solidariedade encon-
pela Carta Política para a educação. E, as- tram o "optimum" de facilidades ao absoluto
sim, se um vasto plano coordenador - e domínio da organização municipal.
neste restrito sentido, unificador - das ati- E a conclusão de tais fatos é que o úni-
vidades do poder público que visarem à trí- co corretivo a tão grande defeito da nossa
plice assistência às populações, viesse a ser organização, que alheia da grande vida na-
estabelecido, tais atividades, além de conse- cional uma das fôrças a lhe deverem cons-
guirem um rendimento maior pela sua inter- tituir o ternário básico, só poderá provir de
penetracão e mútuo concurso, se barateariam dispositivos das novas Constituicões esta-
sensivelmente e poderiam ser custeadas glo- duais, que determinem a articulação, a soli-
balmente pelas contribuições já previstas darização de grupos de Municípios, tomando
para a educação, com um pequeno acréscimo por base suas afinidades geográficas e eco-
digamos de uma quota correspondente, para nômicas, - e segundo um critério geral de
cada ramo do govêrno, a 5°/o das respectivas área, que é fácil de fixar e garante a equiva-
rendas de imoostos. lência de possibilidades, - em superorga-
Assim v~rificadas as diretivas segundo nismos localistas, capazes de dar expressão
as quais se removeriam as dificuldades da ]Jolítica superior e eficaz à vida comuna! do
auarta grande falha essencial da atual orga- País.
nizacão municipal, cumpre-nos ver como tam- Finalmente, quanto à sétima das falhas
bém se poderia sanar a quinta. Esta é a da retro enumeradas, resultante do deficiente
impotência dos Municípios para exercer, co- contrôle e estímulo sob que funcionam os
mo lhes cumpre na ordem normal do regime, Órgãos federais e estaduais de ação executiva
DocuMENTos HisTómcos 97
R.B.M - 7
98 REVISTA BRASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
ou classes, mas de contrabater e corngtr rà- e, portanto, o recurso urgentíssimo, para exe-
pidamente todos êsses fatôres de deforma- cutar-se a verdadeira estruturação da nacio-
cão da nacionalidade nalidade. Porque, social e politicamente, é
" Em segundo lugar. Se já ficou eviden- êsse, ainda, o recurso salvador. Tão defeituo-
ciado que os consórcios convencionais são o samente diferenciada está a massa demográ-
único meio para se conseguir a solução dese- fica brasileira, que ela não tem nem pode ter
jada, tanto sob o ponto de vista jurídico a consciência da sua unidade social e po-
como sob o ponto de vista técnico, para in- lítica. Socialmente, predominam o espírito
tegrar-se a vida nacional pela interiori- e sentimento de classe, quando não o de
zação, pela municipalização, pela ruralização grupo, o de clientela ou mesmo apenas o de
dos serviços de assistência educativa, econô- família. E politicamente, prevalecem os
mica e sanitária, fôrça 'é concluir também particularismos regionalistas ou localistas .
que somente segundo tal diretiva se poderá Num e noutro caso, uma dissociação profun-
conseguir o financiamento da obra formidá- da, antagonismos radicais, impercepção das
vel a executar. Esta não requer somente, possibilidades excelsas, e mesmo premente
para atingir o potencial de eficiência que se necessidade, da gravitação harmoniosa de
faz mister, a multiplicação das atuais agên- todos os agrupamentos sociais e políticos em
cias daquelas modalidades de assistência. círculos concêntricos, tendente à formação das
Preciso é também que tais agências sejam grandes pátrias conscientes dos seus destinos
remodeladas, vitalizadas, equipadas, para que~ nacionais e humanos. Conjugados, no en-
se corrijam suas extensas e profundas defi- tanto, por um adequado sistema de víncu-
ciências atuais. Preciso é ainda que a sua los contratuais, os três grandes aparelhos
ação seja suplementada por inúmeras formas governamentais, para realizar, sob a inspi-
de atuação assistencial, exigindo centros e ração dos mais altos e generosos ideais de
meios de ação de novos tipos. Ê preciso solidariedade humana, a grande obra de res-
ainda que se organizem grandes institutos gate dos velhos erros que infelicitam e a-
que observem, investiguem e elaborem os mesquinham a nossa gente, ter-se-ia então
métodos e a técnica, e padronizem, adquiram êste maravilhoso resultado - a comunhão
ou preparem e distribuam os materiais que nacional integrada na plenitude da sua cons-
melhor convenha ao Brasil aplicar na obra ciência cívica. Primeiro, pela rápida ascen-
de valorização social que deve empreender, são dos seus valores, mentais e morais; se-
tendo em vista a racionalizacão e a eficiên- gundo, pela percepção das possibilidades e
cia dos esforcas a empregar- e as condicio- belezas da solidariedade social; e terceiro,
nantes inelutáveis do meio telúrico e huma- pela compreensão da interdependência e da
no. Ora, isso nunca poderiam fazer isolad<:l- cooperação efetiva das três ordens governa-
mente as anêmicas financas das nossas três tivas, que deixariam de constituir, como até
ordens governamentais. Mas a cooperação, agora, uma humilhante escala de subordina-
a solidariedade, a união, enfim, faz das três ção, compressão e espoliação, para aparece-
fraquezas uma grande fôrça . As quotas de rem na plenitude dos seus destinos políti-
que a Federação, os Estados e os Municípios cos, como as fôrcas necessárias, eficazes, har-
poderiam dispor para a obra social que te- mônicamente colaboradoras e conjuntamen-
mos em vista, digamos, em relacão às suas te promotoras do bem público. E se atra-
"rendas de impostoR". 15% para a União vés dêsse: objetivo panorama da unidade
e os Municípios e 25% para os Estados, ou nacional o povo chegaria ràpidamente, por
seia, aproximadamente. cousa de uns 500 sem dúvida, à consciência dos seus destinos
mil contos, já permitiriam que se lanrasse sociais e políticos, por outro lado, a prática
a fundo. em direcão a todos os seus obieti- da cooperação e a aproximacão, nos supre-
vos essenciais e com a característica de ge- mos concílios da nacionalidade, das três or-
neralidade aue a iustica soei"!! exige. a trí- dens de govêrno, dariam a estas o senti-
nlice assistência às pooulR('Ões bt"P~llAira~ mento mais vivo dos seus deveres, a cons-
Tanto mais quanto o concurso da iniciati- ctencia da sua mútua mas harmônica auto-
va particular e da filantronia, mercê de nomia, da sua igual dignidade, ao mesmo
Deus, não no-Jo faltaria. E tanto mais tempo que a mais exata e mais perfeita
quanto, ainda, a unidade de plano - de apreensão das necessidades do corpo social,
plano, que não de atuacão - acrescida à das suas aspirações e dos imperativos dos des-
padronizacão, deve acarr~tar um custo sensi- tinos nacionais
velmente baixo. Ocorrendo, mais, a melhoria Conclusão Senhores, vamos concluir. O
de rendimentos e, por conseguinte, novo ba- quadro da realidade brasilei-
rateamento daquelas atividades inteligente- ra, que procuramos fixar, é sem dúvida som-
mente orientadas para múltiplo efeito, gra- brio. O panorama que contemplamos do
ças à convergência e à solidariedade das três ponto de observação a que subimos, nos ofe-
fundamentais modalidades que as devem rece perspectivas penosas. Nêle podem vis-
constituir. E mercê, ainda, do concurso de lumbrar-se, é verdade, clareiras inundadas
outras fôrças sociais, como, por exemplo, o de luz, oasis fecundos, alguns vales risonhos.
das classes armadas, que pode chegar a ter, Mas como tivemos o intuito apenas de acen-
se esclarecida e patrioticamente estabelecido, tuar as linhas gerais, não era nossa preocu-
um alcance deveras inestimável. pação deter o olhar sôbre êsses sítios de
Em terceiro lugar, finalmente. Não é exceção. Bem sabemos o que a civilização
só jurídica e tecnicamente, não é só finan- brasileira tem conquistado. Aqui e ali, rea-
ceiramente, que a solidarização convencional lizações admiráveis, na esfera federal, no
das três ordens governamentais constitui u plano estadual, no círculo municipal. Os as-
recurso necessário, o único recurso possível, pectos sombrios oferecem, mercê de Deus,
100 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
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algumas soluções de continuidade. Mas to- obstante qualquer êrro parcial de visão,
mado o Brasil em seu conjunto, o quadro que nossas conclusões estarão essencialmente
procuramos ver sem vidros de aumento não exatas.
inspira otimismo. E, se não justifica desânimo, E se assim é, valha-me esta oportuni-
sacode o nosso patriotismo. dade única na minha vida, em que me sinto
Sentimos bem que o Brasil é de fato no mais íntimo contacto com as fôrcas de
o "país a organizar" de que nos falou FIDÉLIS reconstrução do Brasil, com a sua r~nova
REIS, sob inspiração evidente de ALBERTO dora mentalidade ruralista, com a sua vida
TÔRRES. E organizar o Brasil é a tarefa ur- comuna!, para dirigir, a vós, que me dais a
gente, áspera, difícil, a que intimoratamente, honra de ouvir, e a todos os brasileiros a
resolutamente, d!:modadamente, com tôdas as que possa chegar a minha voz, graças à res-
energias da inteligência e do coração, todos sonância maravilhosa dêste ambiente, um
os brasileiros nos devemos dedicar. Eis vibrante, veemente e desesperado apêlo.
porque, ao grande esfôrço nesse sentido, que Concidadãos! Façamos o Brasil de ~ma
são as patrióticas jornadas ruralistas da So- nhã, o Brasil feliz de todos os brasileiros,
ciedade dos Amigos de Alberto Tôrres, jul- um Brasil orgulho da América, diadema da
guei que se poderia juntar a mais modesta humanidade. Não nos falta a matéria prima
das contribuições - êste mal ataviado es- -- riquezas naturais e riquezas humanas. O
tudo. A minha fraca visada, por me faltar que nos falta apenas é "organização". Orga-
a envergadura de sociólogo, jurista e esta- nização social, organização econômica, orga··
dista, que o tema assoberbante exigia, não nização política. Mas sobretudo organização
lhe pôde assinalar seguramente tôdas as do Brasil-Município, do Brasil-rural.
características. É possível mesmo que me Trabalhemos sem desfalecimentos, lute-
tenha eu equivocado em mais de um ponto mos sem tréguas para conquistar essa orga-
Mas, por seguro, não estarão essencialmente nização. Façamos, Brasileiros,· façamos o
erradas as conclusões a que chegamos. O nosso Brasil, antes que seja tarde. . . antes
quadro é tão objetivo, tão nítido que, não que o Brasil se desfaça
EST'ADO DE ALAGOAS
DIVISÃO administrativa atual dos Es- O Estado de Alagoas teve três pontos
(Ex-Alagoas) (Ex-Linwei1o)
;vraeeió (1815)
l Junqu('iln (1047)*
Hio Largo (18301
São l\ligucl dos CanJpos
(1832)
~faugualm (1857)
(IGx-Pihnl
('oruripc nsnn)
Pôrto uas Pedras (1815) Passo de Camarag;ibc (l.S5;2J S<lo Luís do QuiLundc
1la~agogi (1875)
P&rto Calvo (1G3G)
Colônia-I~eopold.ina
(1001) (l';x-Leo]>Oldiua)
J l'ão de Açúcar (1854) 1Imcchal F'lmiano
7\lata Graudc (1Kl7) (1887) (Bx-PiranhaN)
l Água Btauca
I
(11175)
Traipu (18351 Santana do Jpanema (1875)
Belo illonte (1047)"
Penedo (lü30) J São B~az (1D47)'"
Pôrto llcal do Colégio
l (1876)
l'iassalmssu (1882)
Igreja Nova (1800)
* Ctiado :Mtmicívio em Hl03, foi sucessivalllcnk suprimido em lfl32, restaurado em 1\135. supriruido em 1038 c rc'::ltaurado pela
Constituição Estadual ele 1U47.
**Criado Município em 1886, foi succssivamcuto suprimido em 18\13, 1cstaurado em 1895, Sllllfilllido P!H J\J32, scmlo o Iespcelivo
território anexado ao Município de Püo de Açúcar; restaurado em 1935, SUinimido e111 1038. mJcxando-.:w-lhc o território a TraiDII, e
restaurado pcl.a Constituição Estadual de 194.7
*** Ctiado :Município em 1889, com território desmembrado do de Pôrto Real do Colégio, foi sucessivamente suprintido em
1932, restaurado em 1935 o suprimido em l 038, sendo o território anexado ao :Município de Arapiraca c depois ao de Trai pu, do flUal
foi desmembrado, como idunieípio, Jlela Coustituição Estadual de 1947
-
~
A CONSTITUIÇAO FEDERAL E O :t\1UNICIPIO
ção de tais impostos e, à medida que ela se efe~
RESOLUÇÃO
EMENTA
No I Data
1- 29-XJH31l Estabelece o plano do registro regular da divisão territorial e o da orgauização do Atlas Uorográfieo Muni(:ipal
do Brasil
13 30-XIH3G Regula a atuaçito do Instituto, no sentido do obter a llllhlicação regular, pelos Esbdo.s c Território tio Acre,
do" Anuário Municipal de Legislação e Administração"
19 30-XII-936 Regula a filiação, ao Instituto, dos serviços de instituições priva<las c dos mantidos pelos Goveruos Municipais.
22 30-XIH31l Prescrevo aos Órgãos do Instituto esforços 1lc propaganda em vrol da criação, em cada Município, da biblio-
teca, museu e arquivo municipais
43 14-VII-937 Aprova urn padrão para as leis de úriação das Agências 1vfunicipais de Estatística
57 17-VII-937 Provê à imediata elaboração, segundo o plano que estabelece, de monografias est<ttístico-descritivas mmlicipais
59 17-VIH:l7 Sugere aos Governos Regionais a conveniência do cumprimento imediato das Cláusulas XIV e XV da Con-
venção Nacional de Estatística, com a uniformização, desde logo, do critério para a concessão dos foros de
"cidade" o "vila" aos aglomerados urbanos dos respectivos territórios
98 10-VII-938 Provê à orgauiímção técnica das Agências Municipais de Estatística
108 19-VII-938 Sugêrc um padrão para os Decretos-leis regionais, assentando normas preliminares à nova divisão territorial
llO 19-VII-938 Consigna pronunciamentos diversos, fazendo ponderações c sugestões aos Governos 1-funicipais.
144 22-VII-939 Sugere aos Governos Federados a expedição de Decreto-lei que regule a criação das Agências Municipais de
Estatística, por parte das Prefeituras que ainda o não fizeram
149 22-VIl-939 Estabelece novas disposições sôbre a atuação do Instituto, no sentido àc obter-se a publicação do'' Anuário 11 u-
nicipal de Legislação e Administração".
155 22-VII-939 .Manifesta o intcrêsse do Instituto pelo projeto relativo ao cadastro dos bens patrimoniais da União, dos Estados
e dos ~vluuicípios '-
163 5 -VII-941 Louva as campanhas empreendidas pelo Conselho Nacional de Geografia c põe em rclêvo sua significação, evi-
dcnciamlo particularidades municipais.
185 19-VII-941 Aplaude a convocação das Conferências Nacionais de EJucação e Haúdc, formub um voto sôbre o regime de
cooperação intcradministrativa, e faz ponderações c sugestões quanto à assistência educacional e l!Uanto ú
atlsistência médico-social nos Municípios
1U5 1
22-Vll-941 Apresenta congratulações ao Instituto Nacional do Livro, })('la Campanha das Bibliotecas 1\funicitJ<Üs, c asse~
gura-lhe a solidariedade do Conselho Nacional de Estatística
197 23-VII-941 Enrarece a atcnçãu dos Agentes Municipais de Estatística para certos aspectos da situação de suas tegiões, IP-
eomcndando-lhrs a elaboração de resenhas informativas nwnsais
207 24-\'II-941 .Manif('sta o aphuso do Conselho às sugestões formuladas pela reuni<to rlos P1efcitus 11unieipais do Eshulo do
Espírito Santo
217 24-Vll 941 Recmuenlla aos órg<los filiados ao Instituto a mais ampla colaboração rom as administrações muJJÍcipais
238 4-Vfl-942 Exprime os agradecimentos do Cousrlho ao II Congresso Intcramcri<:ano de Municípios
2·10 4-Vll--942 Exprime o louvor da Assembléia-Geral ao Conselho Nacional ele Geografia, rcs~alta a illlJ)OrUlucia de algumaf;
de suas atividades e formula sugestões sôbrc a revisão do quadro territorial da Hepública
257 8-\'ll -0•12 Consigna UJH Jlronuneiamcuto sôbre as Secvõcs rle Estatíslil·a 11ilitar c os C:ouvênios ~acionais d11 Estatística
Municipal
2G4 9-Vll-942 Her:omcnda o forneeimeuto, aos Ptdcitos Municipais, de inforrua~:õcs estatísticas para os seus relatótios
280 19-VIl-045 Consigna o apoio do Instituto a mcUirlas em prol d:t cdmuçJ:o uacional, c d[t outr,ls pnwirlêmia':l
283 23 -VII- 045 Expressa os agradecimentos do Conselho aos servidores Hlllllicipais de F.statístiea
2\J'i' 23-VII-945 Adota. a divisão regional do Brasil, estabelecida IdO Conselho Nacional llC ncografia, c tlá outras providôucias.
314 17-Vll-946 Recomenda providêtwias para a elahoraçfio das mouog::afias estatístico-desr:ritivas previstas ua Resolução 11 ° 57.
3Hl 18-Vll-941l Sugere a elaboração, pelos órglíos regionais, do ementário de legisb.yüo acêtca da vida judiciária, administra-
tiva. c ccle~üástica de cada 1\.funicípin brasileiro
324 20-VII-9·16 Dispõe sôbrc u apoio do Conselho ao movimento lllUHicipJ.list1, c <lú. outras providêndas
334 25-VJH41l PrPst.a homenagem à Assembléia Nacional Constituinte, e formula votos c ponderações
338 25-Vll-04G Hccomenda sejam lançadas as "Sinopses Municipais", e autoriza a publicação da ~'Revisb B1asileira do-; ~fu-
llicípios''
339 25-VII-946 Recomenda a orgauizaçüo imediata do "Anu{uio Municipal de Legislaç:w c Adwinistração"
343 21l-VIH46 Resume as sugestões da observação estatística sôbrc a multiplicação e interiorização dos centros metropolitanos
348 26-VII-94() Formula sugestões acêrca das atividades das Associações Rurais, criadas pelo Decreto-lei n ° 7 449, de 9 de
abril do 1945
106 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
RESOLUÇÃO
EMENTA
N.o Data
-- -~---
26 15-XII-937 Sugere ao Govêrno Federal a decretação de disposições orgânicas relativas à divisão administrativa e judiciária
do território nacional.
36 14-III-938 Aprova o modêlo para a publicação das nominatas das circunscrições administrativas e judiciárias, previstas
no Artigo 18 do Decreto-lei no 311, de 2 de março corrente, e sugere um padrão para os Decretos regionais a
que alude a mesma disposição legal.
47 8-VI-938 Propõe a prorrogação, até 31 de dezembro, do prazo fixado no Artigo 16, § 1°, do Decreto-lei no 311;
de 2 de março de 1938
109 20-III-941 Formula um pronunciamento sôbre a monografia "O Município de Niterói"
130 24-IV-942 Formula instruções para a execução dos Convênios Nacionais de Estatística lviunicipal
131 15-V-942 Dispõe sôbre a participação do Instituto nos Convênios Nacionais de Estatística Municipal
186 3-VIII-944 Aprova o regulamento da arrecadação das contribuições para a Caixa Nacional de Estatística Municipal, c dá
outras providências
190 18-VJIT-944 Dispõe sôbre a execução dos Convênios Nacionais de Estatística :Municipal
196 18-VIII-944 Cria as Inspetorias Regionais das Agências Municipais de Estatística, e dá-lhes regimeuto
216 7-VI-945 Ratifica instruções da Secretaria-Geral do Instituto, para a execução dos Convênios Nacionais de Estatística
Municipal.
243 29-V-946 Cria, na Secretaria-Geral do Instituto, o Quadro das Agências Municipais de Estatística, e dá outras provi-
dências
254 17-X-946 Dispõe sôbre o pessoal das Agências Municipais de Estatístira
RESOLUÇÃO
EMENTA
No I Data
- ~~--- --------~---------
14 17-VII-937 Prescreve, como empreendimento fundamental do Conselho Nacional de Geogwfia, a atualização da Carta
Geográfica do Brasil
29 20-VII-938 Recomenda aos Governos Rcgiouais promovam cooperação direta entre as administrações municipais e a regional
para a exe~ução dos mapas nmnidpais e das plantas das S{';dcs muni~i:pais e distritais, determinada pelo De~
ereto-lei no 311, de 2 de março de 1938
39 20-VII-938 Dispõe sôhrc a execução dos trabalhos de caráter geográfico, preparatórios do Recenseamento Geral da Repú-
blica, em 1940, fixados pelo Decreto-lei n. 0 237, de 2 de fevereiro de 1938.
41 6-VII-939 Exprimo congratulações aos Chefes dos Governos da União e das Unidades Federadas, pC'la assinatura das leis
gerais fixaudo a divisão territorial do País e pela comemoração nacional do "Dia do Município", a 1 o de ja-
neiro do ano eorrP;nte.
58 21-VII-939 Dispõe sôhre a realização de inc;uéritos junto aos Diretórios Municipais, destinados a coleta de elementos para
a elaboração do Dicionário Geográfico e Toponímico c da Coletânea do Efcmérides Brasileiras
60 22-VII-939 Estabelece normas para o recebimento, aprovação e exposição dos mapas municipais que as Prefeituras apre-
sentarão até 31 de dezembro do corrente ano, em obediência ao Decreto-lei u o 311.
77 17-VII-941 Estabelece as normas a que deverá obedecer & divisão regional das Unidades Federadas Brasileiras, para fins
práticos, 11ropõc um <!Uadt o básico de divisão c dá outras providências.
79 18-VII-9H Provê ao preparo !le um guia de observação geográfica para a distribuiçiio aos Diretórios Municipais de Oco~
grafia.
88 21-VII-941 Institui o concurso anual rlc monografias referentes a aspectos da geografia municipal, como uma contribuição
do Conselho aos Congressos Brasileiros de Geografia
104 26-VII-941 Atribui ao Diretório Central a realização de estudos sôbre a divisão de ovos 11unicípios e sôbre os penmctros
urbanos das vilas e cidades dentro da faixa de fronteira
l!O 3-VII-942 Baixa as instruções para a realização, em 1943, do concnrso anual de monografias de aspectos geográficos mu-
nicipais
llR I 6-VII-942 Baixa instruções e recomendações acêrca da revisão dos quadros municipais c distritais, a processar-se em 1943.
INQUÉRITOS E REPORTAGENS 107
a) Assembléia-Geral
RESOLUÇÃO
EMENTA
N. 0 Data
1 - - - - - ----------- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
128 10-VII-942 Formula congratulações ao Conselho Nacional de Estatística pela unificação dos Serviços Municipais de Esta-
tística, e apresenta sugestões
143 13-VII-945 Estabelece a divisão regional do País, mediante agrupamento dos Municípios brasileiros, e dá providências para
a generalização do seu uso.
147 17-VII-945 Baixa as instruções para o concurso de monografias de aspectos municipais, relativo a 1946.
179 10-VII-946 Provê à publicação de esquemas informativos sôbrc os Municípios brasileiros
182 12-VII-946 Baixa disposições sôbre o concurso anual de informações sôbrc aspectos geográficos municipais, de 1947.
200 24-VII-946 Dispõe sôbre o 1cvantamento das plantas das cidades e vilas brasileiras, como contribuição cartográfica ao censo
de 1950
h) Diretório Central
RESOLUÇÃO
Estabelece, nos tênnos do Decreto-lei no 311, os re~1uisitos mínimos a que os mapas municipais devem satis~
fazer, c as instruções gerais para a fixação das zonas urbanas e suburbanas das sedes municipais e distritais.
Assenta o padrão previsto na Resoluyão no 108, do Conselho Nacional de Estatística, para as leis regionms exe-
cutórias do Deerctu-lci 11 o 311
18 23-XII-938 Dispõe sôbre a colaboração do Conselho na realização dos festejos do "Dia do Município", na Capital Federal.
22 3-I-939 Dispõe sôbre o empreendimento da campanha de levantamento das coordenadas geográficas das sedes municipais
24 18-I-939 Promove a prorrogação do prazo estipulado pelo Artigo 13 do Decreto-lei no 311, para a apresentação dos ma-
pas municrpms
50 3-X-939 Baixa as instruções técnicas c admi11istrativas para a rampauha de levantamento mtensrvo das coordenadas
geográficas das SC'dcs municipais
e social dos núcleos demográficos no interior, me- estatísticos, além do que são prontamente atendi~
rece a A. B M o efetivo apoio do sistema esta- dos os pedidos relativos a discriminações municipais,
tístico; formulados por pessoas físicas ou jurídicas inte-
considerando que, ao instalar-se a Comissão ressadas no estudo dos problemas do Município;
N acionai Organizadora da Associação Brasileira de considerando, todavia, que essa divulgação, pc~
Municípios, pronunciou o seu Presidente, Senhor la importância de que se reveste, deve ser feita
RAFAEL XAVIER, notável conferência sôbre o tema através de um órgão que se dedique inteiran1ente
"A Organização Nacional e o Município"; à publicação de estudos e estatísticas com discri-
considerando que essa conferência é um subs- tninações municipais, quer para melhor atendimento
tancioso estudo sôbre o desajustamento orgânico res- da obrigação assumida, quer pela necessidade de
ponsável pela hipertrofia dos centros metropolita- facilitar ao público o conhecimento dos diversos
nos e pelo deperecimento econômico e cultural do aspectos da vida municipal, revelados pelas elabora~
interior, constituindo, também, excelente afirmação ções estatísticas,
da amplitude e superior valia dos elementos esta-
tísticos disponíveis; RESOLVE:
considerando que êsse estudo, peta sua objeti~ Art. 1 o - Fica recomendado à Secretaria-Ge~
vidade e segurança na configuração dos problemas ral do Instituto promova o lançamento, com a bre-
expostos, alcançou a mais larga repercussão; vidade possível, das Sinopses de Estatística Mu~
considerando que o autor de "A Organização nicipal, observado o disposto no Decreto-lei n. 0
Nacional e o Município", expressiva figura de técni- 4 181, de 16 de março de 1942, e na cláusula
co em estatística e administração, está ligado ao nona dos Convênios Nacionais de Estatística
Instituto por altos e relevantes serviços e é credor Art 2.o - O Conselho, em face de se tor-
da admiração e reconhecimento do Conselho, nar necessária maior divulgação dos assuntos mu-
nicipais, autoriza a Secretaria-Geral a adotar as
RESOLVE: providências que couberem, no sentido de ser publi-
cada uma "Revista dos Municípios", de periodici~
Art. 1. 0 - Fica expressamente consignado o dade a ser fixada.
interêsse do Instituto pelo movimento municipalista, § 1 o - A publicação a que se refere o pre-
assim compreendido o conjunto de esforços que vi- sente Artigo será planejada de modo que se esta-
sem ao reerguimento e ao progresso da vida do beleça a divulgação, em suas páginas, de estudos,
Município brasileiro, em todos os seus aspectos. ensaios, monografias, etc sôbre Municípios brasi~
Art. 2.o - A Assembléia manifesta o regozijo leiros ou aspectos da vida municipal, além de uma
do Conselho N acionai de Estatística por motivo secção permanente etn que figurem quadros, tabe-
da fundação da Associação Brasileira de Municípios, las e gráficos referentes aos resultados numéricos
com os melhores votos pela realização dos altos dos levantan1entos a que procedam os Órgãos es-
objetivos que a animam. tatísticos
§ 2° - Nesse plano serão também previstas
Art. 3. 0 - O Conselho recomenda à Presi-
dência do Instituto e a todos os órgãos deliberativos secções subsidiárias destinadas à educação e cul~
e executivos do sistema estatístico nacional que tura popular
dispensem à Associação Brasileira de Municípios o Art 3 o - Para a divulgação da "Revista
dos Municípios", a Secretaria-Geral do Instituto
apoio e a cooperação compatíveis com as finalidades
técnicas e culturais da entidade, no sentido de entrará em entendimentos com a Associação Bra-
sileira dos Municípios, de n1aneira a ser estabele~
revitalizar as células municipais.
cida a mais íntitna colaboração dessa entidade para
Art. 4.o - A Assembléia rende efusiva home- o "desideratum" previsto."
nagem ao Senhor RAFAEL XAVIER pela realização,
com fundamento nos dados estatísticos fornecidos
pelo sistema do Instituto, de amplo e penetrante Merece transcrita, também, a Resolucão
estudo dos problemas do País, na conferência sob n. 0 334, da Assembléia-Geral, a respeito" de
o título "A Organização N acionai e o Município", ponderações formuladas à Assembléia Na-
que é anexada à presente Resolução "
cional Constituinte:
Através de sua Resolução n. 0 338, de "A Assen1bléia-Geral do Conselho Nacional de
25 de julho de 1946, a Assembléia-Geral Estatística, usando das suas atribuições, e
considerando que está reunida presenten1ente
do Conselho Nacional de Estatística reco- a Assembléia Nacional Constituinte, convocada, me~
mendou o lancamento das Sinopses Munici- diante livre escolha do eleitorado, a 2 de dezen1bro
pais e autoriz~u a publicação da REVISTA de 1945, para dar ao Brasil uma nova Carta Cons-
titucional;
BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS. É o se- considerando que a Assen1bléia Constituinte es-
guinte o texto da referida Resolução: tá finnada no propósito de assegurar à Nação Bra-
sileira un1a Carta Política que atenda às aspirações
"A Assembléia-Geral do Conselho Nacional de do povo e corresponda aos interêsses de nossa evo-
Estatística, usando das suas atribuições, e lução social;
considerando que, pelo disposto no Artigo 11 considerando que a missão confiada à Assem-
do Decreto-lei no 4 181, de 16 de 1narço de 1942, hléia Nacional Constituinte tnerece o respeito, o
ficou incluída, entre as obrigações a serem. assu- apoio e a colaboração de todos os brasileiros;
midas pelo Instituto, a de publicar anualmente uma considerando que, entre as emendas apresenta-
Sinopse de Estatística Municipal, o que, em face das ao Projeto elaborado pela Comissão de Consti~
dos Convênios Nacionais de Estatística Municipal, tuição, figuratn algumas que tratam de temas coin~
posteriormente celebrados, passou a constituir ex- cidentes com os objetivos de reorganização nacio-
presso compromisso da entidade, nos têrmos da nal que tên1 sido focalizados em Resoluções dêste
alínea c do item I, da cláusula nona; Conselho;
considerando que êsse compromisso ainda não considerando que essas emendas se referem,
foi satisfeito, convindo, porém, apressar o seu cum- particularmente, ao princípio de cooperação inter-
primento, inclusive porque estão sendo observadas governan1ental, ao agrupamento de Municípios, e à
tôdas as de1nais obrigações assumidas pelos pactuan- sistematização dos quadros territoriais - adtninis-
tes dos Convênios; trativos e judiciários - do País,
considerando ainda que, por fôrça do mesmo RESOLVE:
Decreto-lei n. 0 4 181, e de comprmnisso igualmente
assumido nos Convênios, ficou o Instituto com a Art. 1. 0 - O Conselho N aciona! de Estatís-
obrigação de manter um serviço público de infm- tica expressa as suas mais altas homenagens de
mações sôbre o Município; respeito e aprêço à Assembléia Nacional Consti-
considerando que, en1 parte, esta obrigação tuinte, ora reunida, e formula votos por que se
vem sendo atendida pela ampla divulgação que corôe de completo êxito a tarefa, que lhe está
têm tido, nas páginas da Revista Brasileira de Es~ cometida, de assegurar ao Brasil uma Constituição
tatística e em comunicados distribuídos à imprensa baseada em princípios democráticos e que propicie
pela Secretaria-Geral do Instituto, todos os assun~ à Na cão Brasileira diretrizes consentâneas com os
tos referentes à vida municipal, cmn base nos re- fundaffientos de sua formação histórica e os ·inte~
sultados numéricos oferecidos pelos levantamentos rêsses de seu progresso social e cultural.
lNQUÉIIITOS E REPORTAGENS 109
rizonte, estava AUGUSTO DE LIMA, que, meras "bandeiras", grandes e pequenas em-
nomeado Governador Provisório do Estado, brenharam-se, por êsse tempo, nos s~rtões
pelo General DEODORO DA FONSECA, assinou mineiros, entre as quais a do paulista JoÃo
decreto transferindo a sede do Govêrno Es- LEITE DA SILVA 0RTIZ, que descobriu as
tadual para aquêle arraial, onde se consti- terras onde se encontra, no momento, a ca-
tuiria uma cidade, mas pouco depois, anulou pital do Estado montanhês.
o decreto, que ainda não havia sido publicado, ORTIZ, partindo de São Paulo, em 1701,
encaminhando a solução do caso ao Congres- veio acampar no vale do Ribeirão Grande
so Constituinte, prestes a reunir-se. ao pé da Serra de Congonhas (hoje Serr~
A 7 de julho de 1891, o Congresso do Curral), estabelecendo-se aí com a fa-
Constituinte (Câmara e Senado reunidos) zenda a que denominou de Cercado, em
aprovou um substitutivo, do Deputado ADAL- cujas terras fêz roças, plantações e cuidou
BERTO FERRAZ, ao Artigo 121 da Constitui- da criação de gado .
ção que se elaborava e relativo à mudança Em 1711, ORTIZ obteve, em seu favor
da capital. O substitutivo, aprovado por Carta de Sesmaria das terras limitadas pela~
trinta e cinco contra trinta e quatro votos, e Serras do Curral, do Jaborema, do Jatobá
também em terceira discussão, na sessão se- do Jos~-Vieira, do Pangareis, do Taquaril:
guinte, estabelecia: a) a mudança da capital; do Navw, do Rola-Moça e da Mutuca. Nessa
b) a reunião das duas Câmaras, após o en- época, começou a formar-se o arraial de
cerramento da primeira sessão ordinária, pa- Curral del-Rei, assim chamado porque aí se
ra a escolha dos locais a serem estudados por encurralava, depois de contado à margem
uma comissão a nomear-se; c) a designação, do riacho Contagem, para pagar tributos ré-
pelas duas Câmaras reunidas em Congresso, gios em Sabará, o gado procedente dos ser-
na segunda sessão ordinária, do local para a tões do São Francisco e da Bahia . ORTIZ
construção da nova capital, tendo em vista os logo mandou construir uma capela na po-
estudos efetuados, fazendo essa lei parte da voação que nascia - a capela da Boa Via-
Constituição; d) a regulamentacão do modo gem. Em 1718, Curral del-Rei foi elevado
de ser efetuada a construção, ~om a subse- à categoria de freguesia. Nesse mesmo ano,
qüente votação dos meios para a mudança, casava-se o seu fundador, na capitania de
em quatro anos improrrogáveis. O substituti- São Paulo, com D. ISABEL BUENO, filha de
vo do Deputado ADALBERTO FERRAZ consti · BARTOLOMEU BUENO DA SILVA, uma das
tuiu o Artigo 13 das Disposições Transitórias grandes figuras da história do bandeirismo.
da Constituição do Estado, promulgada a 15 O fundador de Curral del-Rei vendeu as pro-
de junho de 1891. priedades em 1722, para ir descobrir lavras
auríferas em Goiás, vindo a falecer no Re-
A 13 de dezembro de 1893, sob o go-
cife, pouco tempo depois, a 9 de dezembro
vêrno de AFONSO PENA, após longas e acalo-
radas discussões parlamentares, o sítio de Be- de 1730.
lo Horizonte foi definitivamente escolhido Desenvolvia-se a povoação aos poucos.
para Mme aa nova cap1ta!. Pela Lei n. 0 3, Em 1808, fazia-se em Curral del-Rei a pri-
promulgada a 17 de dezembro de 1893, adi- meira tentativa industrial, com o estabeleci-
cional à Constituição, ficou estabelecido que mento de uma fundição de ferro e bronze; e,
a cidade a ser construída se denominaria em 1814, criava-se a sua primeira escola pú-
Minas, devendo a mudança da sede do Go- blica. A sede da freguesia, por êsse tempo,
vêrno estadual realizar-se dentro de quatro contava com 231 fogos e 1 801 habitantes.
anos, improrrogàvelmente. Com as capelas filiais de Sete Lagoas, Con-
tagem, Santa Quitéria, Buritis, Capela Nova
Origens históricas de Belo Horizonte do Betim, Piedade do Paraopeba, Brumado,
À sedução do ouro e da riqueza deve Itatiaiaçu, Mateus Leme, Neves, Aranha e Rio
o Brasil a sua atual extensão territorial. Não Manso, perfazia a população de oito mil
fôssem os bandeirantes, que se embrenharam almas. Em conseqüência, entretanto, de cons-
pelo sertão indevassado, dilatando as nossas tantes desmembramentos, a população da fre-
fronteiras para muito além da linha esta- guesia de Curral del-Rei foi decrescendo. Em
belecida pelo tratado de Tordesilhas, o Bra- 1877, contava com a metade de sua antiga
sil talvez fôsse, hoje, apenas a faixa litorânea população e, em 1883, com, apenas, 2 650
dominada pela colonização portuguêsa. Aos habitantes. Apesar disso, a povoação pros-
bandeirantes paulistas, em suas arrancadas perava. Uma fábrica de tecidos de algodão,
pelo sertão, deve-se a criação de grande nú- com 36 fusos e 6 teares, já estava funcio-
mero das atuais cidades mineiras, em vir- nando. Outra fundição de ferro e bronze
tude de, quando em busca dos campos ge- foi fundada no lugar denominado Cardoso
rais, irem plantando pequenas povoações à e o Serviço Postal continuava suas ativida~
passagem das "bandeiras". Desde 1669, as des, iniciadas que foram em 1881.
notícias correntes sôbre fabulosas riquezas Em 1889, logo após a proclamação da
existentes nas Minas atraíram grande número República, o Clube Republicano, então fun-
de aventureiros para as terras hoje perten- dado, cogitou da mudança do nome do ar-
centes ao Estado de Minas Gerais. MANUEL raial. Várias denominações foram propostas,
BORBA GATO descobriu; nessa segunda me- entre as quais a de Belo Horizonte, apresen-
tade do século XVII, as riquíssimas minas tada pelo capitão JosÉ CARLOS VAZ DE
de ouro de Sabarabuçu. Espalhando-se, rà- MELO. 'Por decreto de 12 de abril de 1890,
pidamente, a notíc~ do descobrimento, ve- o lugarejo passou a denominar-se Belo Hori-
rificou-se a invasão do território mineiro por zonte. Contava a povoação, nessa época, com
grupos de aventureiros de diferentes espécies, cêrca de quatro mil habitantes, 172 casas,
que o percorreram em tôdas as direções. Inú- duas escolas públicas, dezesseis estabeleci-
INQUÉRITOS E REPORTAGENS lll
mentos comerciais, oito ruas, dois largos, o Orfanato Santo Antônio, para servir de
duas capelas e uma igreja, trinta e uma fa- cemitério provisório, sendo nêle feitos se-
zendas de cultura e criação, oito olarias, duas pultamentos até 1897.
caieiras, quarenta fábricas de farinha de Com o início dos trabalhos de edifica-
mandioca, oito curtumes de barbatimão, de- cão da nova capital, os belo-horizontinos, se,
zesseis engenhos de açúcar e várias pedreiras por um lado, se achavam contentes porque
de granito e calcáreo. Possuía grandes cul- viam realizar-se antigo sonho, começaram,
turas de mandioca e de cana de açúcar, de outro, a inquietar-se, temendo pela sorte
pequenas plantações de cafeeiros e videiras, de suas propriedades, pois, para a consecu-
bons pomares e criação de gado. Sua rua ção do grande empreendirri":nto da constru-
principal era a Marechal Deodoro, antiga Ção da Capital, era necessário fôsse desapro-
rua do Saco. priada tôda a área destinada a receber a
Era êsse o aspecto geral de Belo Hori- sede do Govêrno Regional, isto é, todos os
zonte, quando para lá se dirigiram os técni- terrenos, prédios e benfeito:das do distrito
cos encarregados de determinar o melhor lu- de Belo Horizonte.
gar para a construção da nova capital mi-
neira. Por Decreto baixado a 5 de junho de
1895, pelo Presidente do Estado, sob o nú-
mero 716, a povoação, que pertencia ao Mu-
A construção da nova cidade nicípio de Sabará, foi desligada, tornando-se
independente e administrada pelo Enge-
Promulgada a Lei n. 0 3, adicional à nheiro-Chefe da Comissão Construtora. Por
Constituição do Estado, a qual determinava outro Decreto, 776, assinado a 30 de agôsto,
fôsse construída em Belo Horizonte, dentro autorizava-se a desapropriação, amigável ou
de quatro anos improrrogáveis, a nova sede judicial, de tôda a área constante da planta
do Govêrno Regional de Minas Gerais, o n. 0 2 do Relatório da Comissão de Estudos
Presidente AFONSO PENA, pouco depois, das localidades indicadas para sede da ca-
criou a respectiva Comissão Construtora, no- pital do Estado, que já havia sido aprovada
meando para chefiá-la o Engenheiro AARÃO pelo govêrno, pelo Decreto n. 0 712, de 14
REIS. Êste, depois de escolher os seus auxi- de maio dêsse ano. Esperava-se grande re-
liares, se dirigiu para Belo Horizonte, ali sistência dos belo-horizontinos às desapro-
instalando os trabalhos de construção da nova priações. A área desligada do Município de
capital a 1.0 de março de 1894, em meio a Sabará era de 19 200 000 metros quadrados
grande regozijo popular . A população cres- A habilidade do Sr. AARÃO REIS soube con-
cia ràpidamente com a afluência de operá- tornar tôdas as dificuldades e, assim, sem
rios que para ali se dirigiam, a fim de tornai muitos embaraços, desapropriaram-se as 430
parte nos trabalhos de edificação da nova propriedades existentes no arraial. Os pro-
cidade, e de comerciantes e profissionais de prietários receberam indenizações em dinhei-
várias atividades. O quadro do pessoal da ro e em lotes na cidade que se construía.
Comissão Construtora, segundo o Decreto 680, As desapropriações custaram ao Estado Cr$
era composto de 194 funcionários, e, com 841 666 36 variando as indenizações pagas
êle, o Engenheiro AARÃO REIS iniciou os
trabalhos preliminares de construção, sendo
entre C;S J5 000,00 (fazenda do Barreiro)
e Cr$ 25 00 (cada uma das casinhas do Ca-
batida, a 5 de março, à margem do Ribeirão pim e Lagoinha) . Houve, então, o êxodo
dos Arrudas, antigo Ribeirão Grande, a pri- da população para outras terras e ~ara as
meira estaca de exploração do ramal Férreo adjacências do distrito de Belo Honzonte.
O arraial, por êsse tempo, era bastante E os trabalhos de construção se aceleraram.
pobre. Havia, somente, um hotel, de pro-
O plano de edificação da nova capital
priedade do Sr. ANTÔNIO JoAQUIM DA SIL-
compreendia a construção de vários templos,
VEIRA, onde se hospedavam os funcionários
para substituir os existentes, que seriam de-
da Comissão Construtora. Todavia, a partir
molidos. Entretanto, para que não se demo-
da instalacão dos trabalhos de edificação da
lisse a Matriz da Boa Viagem, - templo
nova capital, começaram a surgir novos ho-
tradicional da povoação, - fizeram-se modi-
téis e estabelecimentos comerciais melhor
ficacões na planta da cidade, de maneira que
abastecidos. O traçado do ramal férreo, pela
aqu~la igreja ficasse ocupando o centro de
margem esquerda do Arrudas, .iá havia sido
uma praça.
aprovado pelo govêrno. Em agôsto de 1894,
a Comissão Construtora firmava contrato A 19 de agôsto de 1894, estando para
com à Estrada de Ferro Central do Brasil, terminar o govêrno do Conselheiro AFONSO
com referência ao entroncamento do Ramal PENA e já eleito o seu sucessor, o Sr. CRIS-
no sítio dos Arrudas. A estação que estava PIM JACQUES BIAS FORTES, os dois presi-
sendo construída pela firma "Edwards, Ca- dentes - o ainda em exercício e o eleito -
marate & Soucasseaux", seria denominada fizeram uma visita às obras de construção
General Carneiro, lancando-se a pedra funda- da nova capital mineira. Chegaram na tarde
mental no primeiro dia de fevereiro do ano de 19 de agôsto, ficando na localidade até
seguinte, data em que se inaugurava o ser- o dia 21. Nesse dia, o Engenheiro-Chefe ofe-
viço telegráfico do arraial receu-lhes um almôço de despedida, durante
Belo Horizonte, por essa época, não o qual usaram da palavra o chefe da Comis-
tinha ainda um cemitério, realizando-se os são Construtora, e os dois presidentes, que
sepultamentos no terreno em frente à capela expressaram satisfação pelo bom andamento
da Boa Viagem. O chefe da Comissão Cons- dos trabalhos de construção da cidade.
trutora mandou, então, reservar e fechar uma Alguns dias depois, a 27 do mesmo mês,
área de terreno, no local onde hoje se situa membros da Comissão Construtora funda-
112 HEVISTA BRASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
ram a biblioteca denominada "Sociedade Li- Foi um dia festivo para a florescente po-
terária Belo Horizonte", hoje Biblioteca Mu- voação.
nicipal, e o "Museu Paula Oliveira". Por -O abastecimento de água do arraial era
êsse tempo, foi impresso o 1. 0 fascículo da deficiente e, para atender às necessidades
Revista Geral dos Trabalhos da Comissão da população que aumentava cont1nuamente,
Construtora, destinada a registrar os acon- a Comissão mandou instalar uma rêde de
tecimentos e os documentos históricos de distribuição provisória, com 29 torneiras e
Belo Horizonte. 15 chafarizes públicos. Por êsse tempo, foi
Terminado o período administrativo do designado subdelegado de Polícia de Belo
Conselheiro AFONSO PENA, assumiu a Presi- Horizonte o Capitão ANTÔNIO LOPES DE
dência do Estado, a 7 de setembro de 1894, OLIVEIRA, removido de Sabará e com 10
o Sr. CRISPIM ]ACQUES BIAS FoRTES, que praças às suas ordens. Também nessa época
escolheu para Secretário da Agricultura, Co- apareceram os primeiros jornais de Belo
mércio e Obras Públicas do seu govêrno o Horizonte, todos .de vida relativamente efê-
Sr. FRANCISCO SÁ. mera. O primeiro a surgir foi o Bélo Hori-
A planta geral da cidade, desenhada sob zonte, semanário fundado pelo Padre FRAN-
CISCO MARTINS DIAS, publicado a 7 de se-
a orientação dos Srs. AARÃO REIS e AMÉRI-
ca MACEDO, ficou concluída a 23 de março tembro de 1895. Quatro outros jornais cir-
de 1895 e foi aprovada pelo Decreto 817, cularam no arraial durante o período de
de 19 de abril do mesmo ano. Pelo Decreto construcão da nova cidade.
818, do mesmo dia, ficou determinada a At~ o ano de 1895, o arraial não con-
construção de casas para os funcionários pú- tava com nenhuma casa de diversões. Nesse
blicos. ano, porém, foi construído um barracão à
rua de Sabará, nêle se instalando o "Teatro
Mercê de divergências surgidas entre o Provisório", no qual se apresentaram várias
Engenheiro-Chefe e o Secretário da Agri- companhias. No ano seguinte, fêz grande
cultura, Comércio e Obras Públicas, o Sr. êxito na localidade o primeiro fonógrafo
AARÃO REIS exonerou-se, a 20 de maio, da aparecido em Belo Horizonte .
chefia da Comissão Construtora, sendo no- 0 Sr. FRANCISCO BICALHO, procurando
meado para substituí-lo o Sr. FRANCISCO DE resolver o problema dos transportes dentro
PAULA BICALHO, que se empossou a 22 do da área da futura cidade, autorizado pelo
mesmo mês. govêrno, mandou construir uma rêde de
Durante o primeiro período de edifi- viação urbana de 26 937 metros de extensão,
cação da nova capital, nenhuma casa, rua para servir à pedreira do "Calcáreo", no
ou avenida estava definitivamente construí- Acaba-Mundo, passando pela rua Espírito
da, pois não se passou dos trabalhos de cál- Santo e pela praça da Liberdade; as pedrei-
culos e projetos. ras da "Viação" e "Lagoinha", no bairro dêsse
O novo Engenheiro-Chefe, logo depois nome, passando pela Avenida Afonso Pena;
da posse, reorganizou a Comissão Constru- a pedreira do "Morro das Pedras", passando
tora e deu outra distribuição ao pessoal con- pelo Barro Preto; e pedreira do "Carapuça",
tratado. no Cardoso; o Quartel do 1.0 Batalhão, pas-
O Ramal Férreo, iniciado na adminis- sando pela Avenida Afonso Pena; e os lu-
tração do Sr. AARÃO REIS, já estava quase gares denominados Caracará e Reservatório.
concluído, e a 25 de julho de 1895 a Co- Nesse ramal férreo urbano, trafegaram seis
missão firmou contrato com a diretoria da locomotivas do Estado e uma particular, de
Estrada de Ferro Central do Brasil, pelo propriedade do CONDE DE SANTA MARINHA.
qual esta se comprometeu a fornecer-lhe três No início das obras de edificação da
locomotivas, quinze vagões, vinte vagões- nova capital mineira, o arraial de Belo Ho-
-gôndolas e quinze plataformas, devendo o rizonte possuía duas escolas públicas, uma
material, que passaria a ser propriedade da para o sexo masculino e outra para o femi-
referida ferrovia, ser usado no transporte de nino. A 1. 0 de outubro de 1896, foi ali fun-
cargas para Belo Horizonte, deduzidos dos dado o primeiro colégio particular - O "Co-
fretes cobrados pela Estrada 20% em favor légio Cassão", pelas Senhorinhas LEOPOLDI-
da Comissão Construtora, para indenização NA e ROMUALDA CASSÃO. Pouco depois, ins-
do preço do citado material, que foi enco- talou-se o "Colégio Progresso", dirigido pelas
mendado na Europa. A 26 de julho chegava ProfessÔras D. JÚLIA VIEIRA DA FONSECA
à povoação, pela primeira vez, a locomotiva e Srta. MARGARIDA FONSECA. No ano se-
"Belo Horizonte". A inauguração solene do guinte, a 1. 0 de fevereiro, o Padre FRANCIS-
ramal realizou-se a 7 de setembro daquele co MARTINS DIAS fundava o "Colégio da
ano, quando se festejava o primeito aniver- Imaculada", dirigido pela Professôra D. MA-
sário de administração do Presidente BIAS RIA OLIVIERI. Anexa a êste, dois anos depois,
FORTES. Nesse mesmo dia, foram lançadas funcionou uma Escola Normal.
as pedras fundamentais dos edifícios públi- As primeiras práticas desportivas foram
cos da capital em construção. Dois trens es- iniciadas no arraial pelo "Clube 17 de De-
peciais, vindos de Ouro Preto e do Rio de zembro", - fundado por moços da Comissão
Janeiro, chegaram ao arraial, conduzindo o Construtora - que realizou alguns exercí-
Presidente BIAS FoRTES, Secretários, Minis- cios de tm f e em pista improvisada. Apare-
tros, parlamentares, magistrados e convida- ceu, também, por êsse tempo, a primeira
dos. Houve missa campal e banquete no fu- bicicleta em Belo Horizonte, sendo o seu
turo parque da cidade e, à noite, concêrto proprietário o Sr. FERNANDO ESQUERDO, nas-
no Escritório Central da Comissão, fazendo- cendo, daí, o gôsto pelo ciclismo, ràpidamen-
-se ouvir vários musicistas de Ouro Preto. te desenvolvido na capital em construção
lNQUÉRlTOS E REPORTAGENS 113
R :P M.- 8
114 REVISTA BRASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
mo reinava entre os seus habitantes e a po- ao pavilhão central, assinou o Decreto n.o
pulação crescia diàriamente, de forma im- 1 085, que inaugurou oricialmente a nova
prevista, com as levas de pessoas que che- sede do Govêrno Mineiro . Depois de refe-
gavam para se incorporar, desde os primeiros rendado pelos Secretários do Estado, 0 De-
momentos, à vida da nova capital. Os hotéis creto foi lido, em voz alta, para o povo, pelo
da cidade tornaram-se, de repente, insufi- Sr. EsTÊVÃO LOBO, oficial de Gabinete da
cientes para abrigar os inúmeros forasteiros, Presidência. Foi dada, nesse momento, uma
seduzidos talvez pelas possibilidades que ofe- salva de 21 tiros, e três bandas de música
recia a nova sede do Govêrno do Estado . executaram o hino nacional. A multidão
A Comissão encarregada dos festejos aclamava delirantemente os três Poderes do
inaugurais, constituída de elementos de tô- Govêrno, o Conselheiro AFONSO PENA e as
das as classes da sociedade belo-horizontina, principais figuras que haviam concorrido
cuidava, entusiàsticamente, da ornamentação para a construção da nova capital. Nesse
da cidade e de todos os preparativos para as momento, uma chuva de pétalas de flôres
solenidades do grande dia que se aproximava. caiu sôbre a cabeça do Presidente BIAS
Belo Horizonte, nessa ocasião, contava FORTES. Vários oradores discursaram, enal-
já com cêrca de dez mil almas. tecendo o acontecimento e os seus realizado-
Dois grandes arcos triunfais foram ar- res. Em seguida, realizou-se o "Te-Deum",
mados, um na Praça da Liberdade e outro fazendo-se ouvir uma orquestra de Ouro
na Praça da Estação. As casas das ruas prin- Preto.
cipais apresentavam-se enfeitadas de flôre~ Fatigado pela viagem e pela caminhada
e folhagens a pé pelas ruas da cidade, o Presidente BIAS
A 11 de dezembro, à tarde, inaugurou-se FORTES e sua família recolheram-se ao Pa-
a luz elétrica da cidade Com enorme ansie- lácio Presidencial, terminando assim a so-
dade e forte expectativa, a população se re- lenidade inaugural da cidade de Minas O
colheu para aguardar o dia seguinte . povo, porém, continuou pelas ruas até altas
Ao alvorecer do dia 12 de dezembro de horas da noite, festejando o acontecimento.
1897, os habitantes de Belo Horizonte foram Os festejos inaugurais ainda prosseguiram
despertados por uma salva de 21 tiros, pelos no dia seguinte, com manifestações de aprêço
sons vibrantes do hino nacional e das mar- ao Presidente BIAS FORTES e à Comissão
chas triunfais tocadas por duas bandas de Construtora .
música. 0 Engenheiro FRANCISCO BICALHO apre-
Às 5 horas da madrugada, partiram de sentou, nesse dia, o seu pedido de exonera-
Barbacena, com destino à nova capital, o ção da chefia da Comissão Construtora, no
Presidente BIAS FoRTES e sua grande comi- que foi seguido pelos seus auxiliares ime-
tiva. Um trem especial partiu de Belo Ho- diatos. Sàmente pelo Decreto 1 099, de 3
rizonte às 11 horas, levando numerosa cara- de janeiro de 1898, foi extinta a Comissão,
vana ao encontro do Presidente do Estado passando os serviços a ela atinen{es à Se-
e dos seus auxiliares e convidados. cretaria de Agricultura, Comércio e Obras
Ao meio dia chegou à estação de Gene- Públicas.
ral Carneiro o comboio presidencial, recebi- Várias homenagens receberam ainda o
do ao som do hino nacional e entre ruidosas Sr. FRANCISCO BICALHO e seus auxiliares no
aclamações populares. As locomotivas "Be- decorrer dos meses de dezembro e janeiro
lo Horizonte" e "Ouro Preto" conduziram do ano seguinte A 2 de janeiro, o Presidente
a grande composição de treze carros que BIAS FORTES ofereceu, no Palácio Presiden-
partira de General Carneiro às 13,15 horas. cial, um grande banquete aos membros da
Às 14 horas, chegavam a Belo Horizonte o Comissão Construtora, durante o qual dis-
Presidente CRISPIM }ACQUES BIAS FORTES cursaram diversos oradores, exaltando a o-
e sua comitiva e os membros da Comiss;;o bra realizada.
que se dirigiram ao encontro do trem presi- A criação da Prefeitura Municipal
dencial O povo delirou de contentamento e
entusiasmo. Cêrca de oito mil pessoas. aglo- A Prefeitura Municipal da cidade de
meradas na Estacão de Minas e adiacências. Minas foi criada poucos dias depois da inau-
prorromperam e~ aclamacões ao Presirlent<o> gurarão da nova sede do Govê~no Mineiro,
do Estado, aos membros da Comissão Cons- isto é, a 26 de dezembro de 1897, pelo De-
trutora, aos Secretários do Govêrno e a tôdas creto n. 0 1 088 Nesse mesmo rlia. era
as pessoas ele destaque que haviam contri- nomeado seu primeiro Prefeito o Sr ADI\L-
buído para a mudança da capit31 Na Praça BERTO DIAS FERRAZ DA Luz, antigo Chefe
da Estação, formou-se o grande cortejo, que da Divisão dos Serviços Municipais da ex-
seguiu a pé pela Avenida Amazonas, rua <inta Comissão Construtora A instala~ão da
Espírito Santo, Avenida Afonso Pena, rua Prefeitura realizou-se a 3 rle ianeiro de, 1893,
da Bahia, rua Gua.iaiaras e Avenida da Li- no roeRmo dia em QPe foi "ssinado n decreto
berdade, e chegou à Praça da Liberdade. de extinção da Comissão Construtora da ci-
Em frente ao Palácio Presidencial esta- dade
vam armados o pavilhão central, em forma Os primeiros atos da administracão do
de zimbório, destinado à assinatura do decre- Prefeito de Minas visaram à organizacão dos
to inaugural e os pavilhões construídos para servico' municipais e o fornecimento' de ta-
os convidados e para as bandas de música belas ele pesos e medidas às casas comerciais
O Presidente BrAS FORTES, de posse da ca- No dia 4, o Sr. ADALBERTO DlAS FERRAZ D<\
neta de ouro e do tinteiro de prata ofere- Luz determinou fôsse iniciarlo o reP"istro de
cidos pela população, especialmente para óbitos no cemitério definitivo. mais tarde
aquela solenidade, pouco depois de chegar denominado cemitério de Bonfim Pelo De-
lNQUÉHITOS E REPOHT AGENS 115
de trinta e nove o número de estabeleci- que em 1939 era de 161,81, baixou para
mentos de ensino secundário, com matrícula 99,89 em 1947.
geral de 8 210 alunos e efetiva de 7 742.
O ensino superior contava, no referido ano, Belo Horizonte como Município produtor
com vinte e cinco cmsos, nos quais se acha-
O Município de Belo Horizonte, quanto
vam matriculados 1 786 alunos; concluíram
curso, nesse ano, 369 alunos. à produção agrícola, pecuária e industrial,
No setor do ensino pedagógico, existiam vem acusando contínuo crescimento nos últi-
em Belo Horizonte, em 1945, onze estabe- mos anos.
lecimentos de ensino, com o corpo discente O volume da produção agrícola da ca-
de 993 alunos. Os ensinos comercial e artís- pital do Estado montanhês, segundo os prin-
tico contavam, cada qual, com dezenove es- cipais produtos, inclui alho, batatinha, mi-
tabelecimentos, nos quais estavam matricu- lho, algodão em caroço, feijão, cana de açú-
lados 2 259 e 234 alunos, respectivamente. car, mandioca, cebola, batata doce, arroz
O ensino profissional era ministrado por treze (em casca), amendoim, tomate e uva, dentre
estabelecimentos, a 727 alunos. Nesse ano, os produtos principais.
existia somente um estabelecimento de en- A produção de couros e peles, no Mu-
sino doméstico na capital mineira, sendo seu nicípio, no ano em aprêço, foi de 942 619
corpo discente de 153 alunos. quilogramas, no valor de Cr$ 2 546 616,00.
Podemos assinalar ainda, no mesmo ano, Foram abatidas, nesse ano, nos matadouros
a existência, em Belo Horizonte, de seis de Belo Horizonte, 78 426 cabeças de gado,
cursos não especificados de ensino, nos quais sendo 58 540 de bovinos, 17 652 de suínos,
se achavam matriculados 49 836 alunos. 971 de ovinos e 1 263 de caprinos, que
Os vinte e cinco cursos de ensino supe- corresponderam a 12 992 667 quilogramas
rior existentes na capital mineira fazem par- de carne, no valor de Cr$ 59 920 773,00.
te da Universidade de Minas Gerais. A produção da indústria extrativa mi-
Em 1944, existiam na capital mineira neral de Belo Horizonte, em 1945, segundo
cinqüenta e duas bibliotecas públicas, semi- os principais produtos, foi de 67 799 tone-
públicas ou particulares ladas de areia e pedras para construção, no
A imprensa belo-horizontina contava, valor de Cr$ 2 303 389,00; 109 quilogra-
nesse ano, com trinta e dois periódicos mas de estanho, no valor de Cr$ 3 705,00;
Além disso, pode-se assinalar ainda, em Be- 3 384 345 quilogramas de gusa, no valor de
lo Horizonte, a existência de várias estações CrS 4 399 649,00; 12 121 toneladas de mi-
de radiodifusão e de diversas ínstituicões nério de ferro, que montaram em Cr$
culturais, entre elas o Instituto Históric;, a 245 754,00; 80 979 unidades de manilhas,
Academia de Ciências e a Academia de Le- "tees", junções, cruzetas, etc., no valor de
tras CrS 449 246,00; 2 000 milheiros de telhas,
A assistência médico-sanitária no valor de Cr$ 1 994 063,00; 14 861 mi-
lheiros de tijolos comuns, que importaram
No setor da assistência médico-sanitá- em Cr$ 3 996 869,00; 6 milheiros de tijolos
ria, Belo Horizonte apresenta desenvolvi- refratários, no valor de CrS 12 000,00; velas
mento realmente significativo Em 1945, a para filtros no valor de Cr$ 48 520,00; ou-
capital mineira possuía cinqüenta e quatro tros artefatos de barro que montaram em
estabelecimentos de assistência, compreen- Cr$ 127 910,00; e 500 296 quilogramas de
dendo hospitais, clínicas, ambulatórios e ou- óleo de caroço de algodão, no valor de Cr$
tros de caráter oficial. 2 775 533,00.
Nos seus vinte e um hospitais, existiam
3 023 leitos, sendo 1 003 em hospitais ge-
rais, 83 nas maternidades, 67 nos hospitais Uma das mais belas cidades do Brasil
para crianças, 534 nos para doentes mentais
e nervosos, 833 nos para tuberculosos e 200 Na passagem do cinqüentenário da fun-
em hospitais sem especificação. dação de Belo Horizonte, essa cidade, tra-
Nas clínicas gerais de Belo Horizonte, çada e construída segundo plano preestabe-
existiam quatorze leitos, nas de otorrinola- lecido para servir de sede ao govêrno do
ringologia, dezessete e em outras, sem espe- grande Estado montanhês, apresenta todos
cificação, vinte e três. os elementos de progresso e de confôrto so-
Em 1946, os hospitais belo-horizontinos cial necessários a uma grande capital.
admitiram 25 957 doentes. Os seus ambu- Através dêsses cinqüenta anos de cres-
latórios, nesse mesmo ano, atenderam a 271 cimento ininterrupto, durante os quais os
mil doentes Isso sem contar, por falta de belo-horizontinos tudo fizeram para o en-
dados exatos, os doentes admitidos em três grandecimento de sua terra, a capital mi-
de seus hospitais. neira, do antigo e insignificante povoado de
Segundo dados fornecidos pela Divisão Curral del-Rei, sem água, sem esgotos, sem
de Demografia e Educacão Sanitária do De- iluminação de qualquer natureza, povoado
partamento Estadual de Saúde de Minas Ge- apenas por alguns mil habitantes, transfor-
rais, cresce atualmente o índice vital em mou-se numa das mais belas e civilizadas
Belo Horizonte, diminuindo, por outro lado, cidades do Brasil, - centro de cêrca de
a mortalidade infantil. 300 mil almas, de alto nível cultural, que
O Índice vital, na capital mineira, que atua como poderoso foco irradiador de pro-
era de 146 em 1938, subiu para 212 no ano gresso sôbre tôda a grande área circunvizi-
passado. O índice de mortalidade infantil, nha.
•
OS MUNICÍPIOS E A MENSAGEM
PRESIDENCIAL
O abrir-se a sessão legislativa de 1948, Para a sua elaboração ponderada e ser~na,
ração, para os quais contingência infeliz de pendentes, também os quer harmônicos; nem por
que também não estamos imunes ~ concorreu a terem definidas a sua jurisdição territorial e com..
cumplicidade de nacionais de cada um dos países petência administrativa, deixam a solidariedade e a
interessados É êste apenas um aspecto da disputa cooperação entre as unidades de govêrno de ser
que se trava entre os que desejam a normalidade inerentes à Federação e condição da própria exis~
e visam à paz, para todos os povos e com tôdas tência nacional.
as nações, e os que, com apoio em um movimento
aparentemente internacional, se propõem a estabe- Ação moderadora do Govêrno federal
lecer a supremacia e o domínio incontrastável de
uma delas, Não poderemos, ainda que o queiramos, Todavia, nenhum estatuto político será mais
fugir às vicissitudes de uma vida internacional que sábio nas suas disposições, do que o faça a sabe~
se caracteriza pelo abuso e pela incerteza Elas nos daria da coletividade que por êle se rege e, do
atingem na nossa economia e nos ameaçam pelo mesmo passo, lhe infunde vida e vigor. Na pers ...
simples fato da nossa posição geográfica Temos, pectiva dos meses transcorridos, pode dizer-se que
pois, o dever de colocar no primeiro plano das a experiência dessas relações, entre governos e en~
nossas cogitações a preservação do nosso País, tal tre poderes, depõe a favor da maturidade política
como o recebemos dos que vieram antes de nós: da Nação As exceções havidas, longe de infirmar)
uno e senhor dos seus destinos, disposto à colabo- vêm dar apoio a essa assertiva, pois os desajusta~
ração, no plano internacional, e até a aceitar as mentes ocorridos acabam por se resolver, sem
restrições daí decorrentes, mas reservando-se agora, necessidade do recurso aos meios facultados pela
como sempre o fêz, a apreciação e deliberação no Constituição, para assegurar a primazia dos seUs
que concerne aos seus interêsses. princípios e a do interêsse nacional Graças à pre~
Peço considereis estas palavras como uma ad- sença e à atuação suasória de representantes do
vertência, para nosso próprio uso: devemos pou- Govêrno federal, puderam ser removidas as difi~
par severamente os nossos recursos - orçamentários culdades que se manifestaram em Alagoas, entre
e oriundos do comércio exterior - para aplicá-los, o Poder Judiciário e o Executivo, e entre êste e o
preferentemente, no que concorra para fortalecer o Legislativo, no Piauí Os bons ofícios assim inter~
Brasil - econômica, política e militarmente - , postos, por duas vêzes no último Estado, foram
incluindo-se nesse conceito tudo o que sirva para bem recebidos e reconhecidas a imparcialidade e a
aumentar o bem-estar do seu povo e estreitar, en- correção com que se houveram aquêles enviados
tre nós, os lian1es da solidariedade social Mais recentemente, foi deliberada a ida de um ob . .
servador a Goiás, o que se fêz, não só com o assen-.
Colaboração interpartidária timento, mas por solicitação dos interessados É
em virtude da eqüidistância sempre mantida, com
Foi para servir a êsse intento que me empe- respeito ao objeto mesmo das diferenças surgidas,
nhei, no ano findo, com a mesma sinceridade e ou em relação às parcialidades políticas nelas em~
pertinácia com que o faço desde que a Nação me penhadas, que tem podido o Govêrno federal exer~
concedeu a honra insigne da sua escolha - em cer tal ação moderadora Reveste-a de autoridade
alcançar uma base para a colaboração dos partidos moral a certeza - que já deve ter penetrado todos
democráticos e nacionais, em tôrno do superior ob- os espíritos - de que a move o propósito umco
jetivo da preservação nacional e do encaminhamento de conciliar todos os brasileiros e de que a guia,
dos problemas que dizem de perto com a vida do invariàvelrnente, o respeito à lei
nosso povo. Logrando obtê-la, graças à compreen-
são e ao espírito patriótico dos líderes dos maiores Preeminência da Constituição Federal
partidos, desejo exprimir a convicção de que ao
povo brasileiro caberá a colheita dos seus frutos E foi êsse mesmo respeito, aliado ao dever de
Não me moveram, quando busquei êsse entendi- assegurar a preeminência da Constituição Federal,
mento, propósitos egoísticos: convém, mesmo, que que ditou as palavras que proferi em Pôrto Alegre,
se mantenha vivaz a crítica aos atos do Govêrno maio passado, quando parecia ganhar corpo, em al-
É ela necessária para que melhor se aperceba das guns Estados, a tendência de estruturar os poderes,
necessidades do País e das reações da opinião pú- nas respectivas Constituições, em bases diversas das
blica, podendo assim retificar o seu curso, sempre prescritas pelo Estatuto da União Era um as~
se haja êle desviado do objetivo constante do maior pecto extremo daquele problema de relações entre
bem para o maior número Tinha em vista, a par os poderes, pois se olvidava que o delicado equi-.
dos maiores riscos que advêm, hoje em dia, da líbrio e as interrelações, da essência do regime,
convivência internacional, a circunstância, de geral consagrados e resguardados na Constituição Fede-
assentimento, de estar o Brasil atravessando período ral, não podem, nem devem ser alterados ao sa-.
de transição: econômicamente, para atingir a nível bar de conveniências ocasionais. As tentativas fei ..
de maior produtividade e diferenciação nas suas tas nesse sentido podiam ainda acarretar, potencial-
atividades; politicamente, para reatar e aprimorar mente, a revisão, à sua revelia, do pronunciamen-.
uma tradição secular de govêrno constitucional to do eleitorado 1 por ocasião do pleito para a es . .
colha dos governadores - a que nenhum candidato
Relações entre Governos e entre Poderes concorreu, nem o povo o escolheu, com outra pre~
sunção que não fôsse a de se indicar o concidadão
Êsse reatamento, ademais, faz-se em bases bem que, por prazo predeterminado, deveria efetivamen~
diversas e mais amplas do que as anteriormente te ficar à frente do Govêrno
vigorantes, quando, se não havia o partido único
- pois as oposições foram uma constante da vida Missão histórica do Supren1o Tribunal Federal
republicana - , poderia afirmar-se, sem fazer vio-
lência à realidade, a existência do "govêrno único", Trazida a controvérsia ao julgamento do Egré~
tal o complexo de interêsses recíprocos que se for- gio Supremo Tribunal Federal, restabeleceu êle,
mara entre os detentores dos postos de mando, pela unanimidade dos votos dos seus juízes, a su-
nos vários níveis de govêrno. Dai ter procurado, premacia da Constituição Federal e a unidade do
na primeira Mensagem que vos dirigi, despertar a regime, em todo o País Não se poderiam superes..
atenção do País para a experiência, inédita entre timar os benefícios causados à estabilidade da or..
nós, da coexistência de governos de diversa pro- dem jurídica e os conflitos evitados por essa de-
cedência partidária, na União, nos Estados e nos cisão, em que aquela Côrte exerceu a sua elevada
Municípios Criava-se, assim, um problema de re- função de arbitramento constitucional Nesse, co-
lações entre os governos das diversas unidades que, mo em outros casos da mesma natureza, não foi
em todos os graus, compõem a fisionomia política preciso levar às últimas conseqüências o processo,
da Nação Essa diversidade podia atingir ainda previsto na Constituição, para assegurar a obser-
- questão que abordarei, mais adiante, sob outro vância dos princípios constitucionais da União. O
prisma - os poderes eletivos da mesma unidade geral acatamento aos arestos proferidos constituiu~se,
de govêrno, dando surgimento a segundo aspecto, da parte de todos, em demonstrações de cultura
comum na origem, daquele problema de relações, política, que colocam em elevado plano os pro-
desta vez entre poderes constitucionais Nessas cessos de govêrno em nosso País ;
condições novas, o acôrdo interpartidário pode e Não foi diverso o proceder do Govêrno Fede~
deve ter utn efeito: o de educar para a convivência ral, quando lhe foi diretamente submetida, pelo
e para a colaboração, no sentido em que as im- então Interventor em Pernambuco, hipótese ver-
põem o bem comum, os mandamentos constitucio- sando dispositivos da Constituição Estadual, em vés ..
nais e a natureza mesma do regime democrático peras de ser promulgada Tratava-se da passagem
e federativo Êste, se estrutura os poderes inde- do govêmo, por êsse seu delegado, ao Presidente da
120 REVISTA BRASILEIRA nos MuNICÍPIOS
Assembléia Legislativa, na qualidade de substituto pamentos instáveis", o que sucede, por não terem,
do Governador e enquanto êste não era diplomado freqüentemente, os chamados partidos majoritários
Deferindo o seu conhecimento à mais alta autori- maioria própria, que lhes permita governar. Bem
dade judiciária do País, comuniquei ao Interventor se pode imaginar como isso se converte, sobretudo
que, após o seu pronunciamento, deveria "transmi- nas comunidades de opinião menos esclarecida ou
tir o Govêrno a quem ( fôr) por ela reconhecido n1enos vigilante, em motivo de corrupção política,
com os atributos legais para assumi-lo" E assim custeada, em última análise, pelos contribuintes
se fêz, funcionando normalmente o mecanismo do Pedindo a atenção do País e dos seus homens pú-
regime. blicos para os males da pulverização partidária e
para a necessidade de organização da vida polí-
Legislação eleitoral tica, quero acentuar que não venho formulando jul-
gamentos pessoais, mas simplesmente recordando
Requer êle, no entanto, ajustamentos que lhe lições de uma experiência de validade universal,
permitam, em certos casos, mais expedito e eficaz monótona na regularidade dos seus desastrosos re-
funcionamento. O ensejo parece o apropriado, por sultados.
exemplo, para uma completa revisão da legislação
eleitoral, expurgando-a dos senões que possibilitam Municipalismo
a fraude e favorecem a chicana É forçoso elimi-
nar do cenário nacional o espetáculo pouco edifi- Nenhum aspecto da obra de organização na-
cante do inconformismo eleitoral tentando a revisão cional sobreleva, no entanto, ao revigoramento neM
judiciária dos pleitos ou a procrastinação dos seus cessário do municipalismo. Estimaram-no, com sa-
resultados A repressão dos crimes eleitorais, por bedoria, os Constituintes de 1946, quando faculta-
outro lado, vem sendo obstada, desde a promul- ratn ao Município recursos mais amplos para o
gação da Constituição, pela falta de lei que re- desempenho das suas tarefas de unidade de govêrno,
gule o seu processo, bem como indique os órgãos a mais próxima do povo, assegurando, ao mesmo
que, dentro da Justiça Eleitoral, dêles devam co- tempo, a sua autonomia. Já no corrente ano e
nhecer (Constituição, Art. 119, n. 0 VII). Enca- na sua integridade, a partir de 1949, ser-lhes-á en~
reço ao Congresso a sua urgente votação para que tregue a parte do impôsto de renda que lhes foi
a Lei não continue a ser desmoralizada pela falta atribuída pela Constituição. Metade da impor-
de punição aos que a transgridem Contamos já tância recebida deverá ser aplicada, por fôrça do
com a experiência de três eleições sucessivas e só próprio mandamento constitucional, em benefícios
em 1950 haverá novo chamamento generalizado às de ordem rutal, cláusula cujo sentido cumpre seja
urnas Amortecidas as paixões dos últimos pleitos fixado na lei completnentar, ora em elaboracão Es-
e enquanto não se iniciam as campanhas para o se- tabelecida, como foi, uma restrição - d~ ordem
guinte, pode o legislador dedicar-se, com o auxilio constitucional - à livre disposição do que fôr en-
dos entendidos e natural apêlo à experiência da tregue pela União a c~da Município, - parece-me
Justiça Eleitoral, à tarefa de dotar o País de um ter o Congresso autoridade para fazer fiscalizar o
sistema eleitoral sensível à vontade popular e ca· seu cumprimento Para êsse fim, lembro a possi-
paz de apurá-la com rapidez e exatidão. Também bilidade de serem utilizados, sem desvirtuamento das
neste caso, é de tôda conveniência a sua elaboração suas atribuições normais, as delegações do Tribunal
no mais breve prazo, pois nas eleições isoladas, de Contas, junto às Delegacias Fiscais do Tesouro
acaso a realizar antes de 1950, poderiam os seus N acionai, e o sistema do Instituto Brasileiro de
dispositivos sofrer a prova da experiência Geografia e Estatística.
Não se limitam, porém, à matéria eleitoral as O refôrço trazido pela Constituição às finanH
necessidades de organização da vida pública brasi- ças municipais corresponde à mesma ordem de
leira. É preciso conquistar para os partidos o preocupações que determinaram a reserva constiM
mesmo conteúdo democrático que pelo voto secre- tucional de percentagens da renda da União, para
to se infundiu ao processo eleitoral Já na mi- a valorização econômica de determinadas áreas do
nha primeira Mensagem ânua, assinalei mister aca- território brasileiro. Representa um esfôrço pela
bar com o monopólio do uso das legendas partidá- organização nacional, causa, como nenhuma outra,
rias, a impedir a renovação de quadros e a inccm- digna de inspirar o entusiasmo das novas gerações
tivar o renitente personalismo que se manifesta Que elas comecem dedicando-se à reforma da vida
em agrupamentos políticos. Êsse personalismo, pe- municipal, tirando-lhe o estéril e mesquinho cará-
lo testemunho uniforme dos fatos, faz-se respon- ter de disputas facciosas. Concitem-se os homens
sável pe'las divisões e subdivisões dos partidos e ditos prestigiosos a medir a sua influência pelos
pela sua proliferação. Há legendas a que dificil- serviços prestados à coletividade e não pelo grau de
mente se poderia emprestar outro caráter, e cujo impunidade que cerque os seus abusos. Ajam as
valor, poB.ticamente, é da mesma natureza do que autoridades municipais na persuasão de que todos
se atribui, na vida comercial, a rr.arcas e nomes os seus Municípios têm o mesmo direito aos seus
nela utilizados. Cabe à lei reprimir formações ar- cuidados Seja assegurada a igualdade dos con-
tificiais e coibir-lhes o surgimento, n1as, do mesmo tribuintes perante o fisco, tanto para pagar o devi-
passo, assegurar expressão às correntes dentro dos do, como para não lhes ser exigido o indevido
partidos, sujeitos todos à regra da maioria Justifi- Tenham as autoridades policiais como seu primeiro
cam-se tais medidas, não só pelo papel legalmente dever garantir o exercício dos poderes municipais
desempenhado pelos partidos, mas ainda pelas con- - sen1 considerações de partido - bem como a
seqüências advindas da demasia de legendas dispu- segurança, a liberdade e a propriedade dos seus
tando a preferência pública e concorrendo para a jurisdicionados, não importando se "correligionários"
confusão do eleitorado. ou "adversários".
Tendo em mente o problema, antes versado, No dia em que êsses objetivos estiverem atin-
das relações entre os poderes, foi que recentemente gidos, as energias libertadas para a iniciativa, a
pleiteei, em Curitiba, uma lei eleitoral, um estatuto atividade criadora e o trabalho - em todo o Bra-
de partidos, que pusessem o povo brasileiro "a sil - constituirão, só por si, a melhor garantia do
salvo dos sobressaltos oriundos da fragmentação das nosso progresso. Convoco os homens públicos dês-
representações nos corpos legislativos, e do para- te País, sobretudo os at"uais administradores esta-
doxo de as mesmas eleições originarem Executivos duais, para que nos empenhemos todos na obra da
e Legislativos de diferentes parcia'lidades, encon- reforma da vida municipal, ponto de partida para
trando-se governos locais na dependência de agru- a organização nacional".
NoTiCIAs E CoMENTÁRios 121
-
ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE MUNICIPIOS
~
Art 8 ° - A A B. M será dirigida por um socws a fim de que os mesmos conheçam, discu~
Conselho Diretor e pe'la Comissão Executiva tam, aprovem ou rejeitem os atos baixados pelo
Conselho Diretor e por uma Comissão Executiva
Art. 9. 0 - O Conselho Diretor será composto
de sócios, em número de 2 7, eleitos em escrutínio § 1. 0 - As reuniões gerais da A. B. M. terão
secreto pela Assembléia Geral da A. B M e terá lugar em data e local prêviamen te escolhidos pela
o mandato de um ano, sob a direção de um presi~ Comissão Executiva.
dente, dois vice-ditos e um secretário~geral. § 2. 0 - As eleições para o Conselho Diretor
far-se-ão nessas reuniões, que constituem assembléias
Art 10 - Compete ao Conselho Diretor: gerais da Associação.
a) a aprovação do orçamento anual e do
plano de trabalho elaborado pela Comissão Exe- § 3. 0 - As decisões serão tomadas pela maio~
cutiva; ria dos sócios que se encontrem em situação regu-
b) julgar o relatório anual de seu presidente;
lar. Caso não haja número será convocada nova
c) ju1gar as contas anuais apresentadas pelo com parecer .
tesoureiro; reunião que deliberará com o número de sócios que
d) julgar o relatório anual apresentado pelo
secretário-executivo; Art 22 - Cabe ao Conselho Diretor, em co-
laboração com a Secretaria-Geral e a Comissão
e) eleger e empassar a Comissão Executiva; Executiva, a preparação e a organização dessas
f) aprovar o regimento interno da Secretaria
Executiva Pernamente, assim como o das Comissões reuniões
Especiais.
Art. 23 - Além de suas reuniões gerais a
Art. 11 - A Con1issão Executiva será eleita A B. M. promoverá convenções ou congressos
pelo Conselho Diretor dentre os membros da anuais de administração 1ocal; sessões especiai5\ de
A.B M. estudosj conferências, debates, cursos especiais no
§ único - Compor-se-á a Comissão Executiva Brasil e no estrangeiro, mesas redondas, etc. Não
de um presidente, dois vice-ditos, dois secretários, só na sede, corno em quaisquer outros locsis, na
um secretário-executivo e um tesoureiro Capital do País e nos Municípios
Art. 12 - Os cargos de secretário-executivo CAPíTULO IV
e tesoureiro são remunerados e serão de livre esco-
lha e confiança da Comissão Executiva DAS PUBLICAÇÕES DA ASSOCIAÇÃO BRASI-
Art 13 - Cabe ao presidente da Comissão LEIRA DE MUNICíPIOS
Executiva:
a) a direção executiva da A. B M. ; Art 24 - A A B M publicará:
b) a sua representação em juízo e fora dêste; a) estudos, conferências, ensaios, plaquetas,
c) a autorização de quaisquer despesas orça- livros e folhetos de interêsse para as Mu nicipali-
mentárias e eventuais; dades;
d) a nomeação e deslocação dos funcionários b) os anais das reuniões;
necessários aos serviços da A B M , 1nediante pro-
posta do secretário-executivo c) uma Revista Brasileira de Administração
§ único - Os membros da Comissão Executiva Municipal
terão as atribuições correspondentes à designação
de seus cargos
CAPíTULO V
Art 14 - Quer os membros do Conselho Di-
retor, quer os da Comissão Executiva, poderão ser DOS RECURSOS FINANCEIROS
reeleitos
Art 25 Os recursos financeiros fi~rão consM
Art 15 - O Conselho Diretor reunir-se-á, or
dinàriamente, pelo menos uma vez por mês e, ex- tituídos por:
traordinàriamente, sempre que seja convocado por a) quotas especiais anuais dos Municípios
seu presidente ou pelo menos por um têrço de
seus membros. associados;
b) contribuições dos sócios coletivos:
.t\rt 16 - A Comissão Executiva reunir-se-á,
ordinàriamente, uma vez por semana e, extraordi- c) contribuição dos sócios individuP.is;
nàriamente, sempre que convocada por seu presi- d) subvenções e auxílios de qualqu~r espécie;
dente e) doações;
c) Da Secretaria Executiva.
f) juros do capital formado;
Art. 17 - Integrando a Comissão Executiva, g) renda proveniente das p:..il-licações da
terá a A. B. M. uma Secretaria Executiva Per- Associação.
manente.
Art 18 - À Secretaria Executiva Perma.. § 1. 0 - As quotas a que se refere a alínea a)
nente compete todo o serviço de correspondência; serão atribuídas pe'los Municípios membros à A.
de organização de fichário; de estatística; de pub1i- B M. na seguinte base:
cidade; de coordenação de estudos e resultados; de Municípios de renda anual a.té cem mil cru-
preparo e distribuição das publicações da Associa- zeiros - quinhentos cruzeiros;
ção; de biblioteca especializada da A. B M , assim Municípios de renda anual de cem mil a du-
como de todos os demais serviços de administração zentos mil cruzeiros - mil cruzeiros;
geral da entidade. Municípios de renda anual de duzentos mil a
quinhentos mil cruzeiros - dois mil cruzeiros;
Art. 19 - O Secretário-Executivo terá para Municípios de renda anual de quinhentos mil
auxiliá-lo os funcionários e os técnicos que forem a um milhão de cruzeiros - três mil cruz&iros;
necessários Municípios de renda anual de um milhão a dez
d) Das Comissões Especiais. mi'lhões de cruzeiros - cinco mil cruzeiros;
Municípios de renda anual de dez milhões a
Art. 20 - O Presidente do Conselho Dire- cem milhões de cruzeiros - vinte mil cruzeiros;
tor, mediante proposta do mesmo Conselho, designa- Municípios de renda anual acima de cem mi~
rá as Comissões Especiais necessárias à concretiza- lhões de cruzeiros - cinqüenta mil cruzeiros.
ção das finalidades visadas pela Associação.
§ único - As decisões a serem tomadas pelas § 2. 0 - Das quotas a que se refere a alínea a)
Comissões Especiais sê-lo-ão na base da maioria de será deduzida a parte que se destina à Comissão
votos dos presentes em cada sessão Pau-Americana de Cooperação Intermunicipal.
CAPíTULO III Art. 26 - Os sócios coletivos pagarão uma
anuidade de Cr$ 1 200,00 (mil e duzentos c~u
DAS REUNiõES GERAIS DA ASSOCIAÇÃO zeiros).
BRASILEIRA DE MUNICíPIOS
Art 2 7 - Os sócios individuais pagarão uma
Art. 21 - A Associação Brasileira de Muni .. anuidade de Cr$ 120,00 (cento e vinte cruzeiros),
cípios promoverá reuniões gerais de todos os seus divisível por trimestre ou semestre.
NoTÍcrAs E Col\IENTÁmos 12.3
Logo após, o Sr. EDGARD TEIXEIRA mental que a política relativa a essa distri-
LEITE deu a palavra ao Sr. Coronel EDMUN- buição seja completamente modificada. Re-
DO MACEDO SOARES E SILVA, que proferiu fere, a propósito, que o Sr. RAFAEL XAVIER,
substancioso discurso no qual focalizou os ao estudar o problema da redistribuição das
mais importantes problemas com que se de- rendas municipais, demonstrou que apenas
fronta a administração fluminense. 11,75% dessas rendas cabem aos Municípios,
Finalmente, discursou o Sr. EDGARD absorvendo os Estados e a União os 88,25%
TEIXEIRA LEITE, congratulando-se com os restantes. Excluído o Distrito Federal, cêrca
congressistas pelo êxito dos trabalhos da I da metade da arrecadação municipal pro-
Reunião Semestral de Prefeitos Fluminenses. vém das capitais. Isso significa que 1 552
Municípios do interior têm, para o trato de
Sob os auspícios da Federação do Co-
seus problemas, pouco mais da metade do
mércio Varejista do Estado do Rio, reali-
que dispõem as capitais das vinte e uma
zou-se, na sede dessa agremiação de classe,
Unidades Federadas. Em outros têrmos:
em Niterói, uma sessão solene em home-
excluídos os Municípios das capitais, sobra,
nagem aos prefeitos municipais participan-
para os restantes, no conjunto das arrecada-
tes da Reunião. Presidiu aos trabalhos o
ções nacionais, a insignificante parcela de
Governador EDMUNDO MACEDO SOARES E
SILVA, tendo constituído a mesa os Srs. 6,9%.
JoÃO DAUDT DE OLIVEIRA, presidente da Prosseguindo nesta ordem de idéias,
Confederação Nacional de Comércio, da As- acentuou que inútil, porque fictícia, será tôda
sociação Comercial do Rio de Janeiro e da autonomia política que se quiser dar ao Mu-
Federação de Comércio Atacadista do Rio nicípio, se, ao lado dos dispositivos consti-
de Janeiro; ADELINO CÂMARA PINTO, presi- tucionais que asseguram essa autonomia, não
dente da Associação Comercial; JuvENAL DE se alinharem medidas que propiciem o desen-
QUEIROZ VIEIRA, Secretário das Finanças; volvimf"nto de suas fontes de riquezas e que
V ASCO BARCELOS, Secretário de Educação permitam uma forte estruturação da vida
e Saúde; Desembargador FERREIRA PINTO, comuna!.
presidente do Tribunal Eleitoral; EDGARD
Discursou, finalmente, o Sr. JUVENAL
TEIXEIRA LEITE, secretário da Agricultura;
DE QUEIROZ, Secretário das Finanças, o qual
e NEWTON GUERRA, presidente da Câmara
discorreu sôbre a situação geral do País, a
Municipal de Niterói.
situação financeira do Estado do Rio de Ja-
Dada a palavra ao Sr. EDUARDO LUÍS neiro e a política financeira do govêrno.
GoMES, presidente da Federacão do Comér-
cio Varejista do Estado do Rio, teve êste Encerrando a sessão, o Governador ED-
oportunidade de esclarecer ao plenário o sen- MUNDO MACEDO SOARES E SILVA declarou
tido daquela sessão. Falou, a seguir, o Sr. ser da mais alta importância o apoio das
JoÃO DAUDT DE OLIVEIRA, que, depois de classes conservadoras a uma reunião como
uma série de considerações sôbre o signifi- a que acabava de congregar os prefeitos flu-
cado da mesa redonda que reuniu, na ca- minenses para a discussão dos problemas
pital fluminense, os administradores muni- que dizem respeito às administrações munici-
cipais, aludiu ao "grave problema da distri- pais, prometendo, ao mesmo tempo, tudo
buição das rendas arrecadadas no território fazer para que a terra fluminense volte às
nacional". Declarou ser imperioso e funda- culminâncias em que já estêve no passado.
O RESTABELECIMENTO
DO MUNICIPALISMO
Realizou-se, a 27 de março, na cidade do Chefe do Executivo pela vida municipal
fluminense de Sapucaia, a solenidade de brasileira. Referiu-se o orador ao apêlo feito
inauguração do busto do Presidente EURICO pelo Presidente da República aos homens
GASPAR DUTRA, mandado erigir pelo povo e públicos do País, em Mensagem dirigida ao
pela Câmara Municipal daquela comuna em Congresso Nacional, para que o ajudassem
homenagem ao primeiro magistrado da Nação. no "restabelecimento do municipalismo, no
que êle tem de emulacão direta e fecunda
Representando o Presidente da Repú- no servico da coletivid.ade" e enalteceu as
blica, discursou, na ocasião, o Sr. CARLOS Ro- iniciativ,;'s do Govêrno Federal em favor do
BERTO DE AGUIAR MOREIRA, que agradeceu, revigoramento do interior e da valorizacão
em seu nome, a sinceridade e espontaneidade do trabalho rural em funcão da assistên~ia
daquela homenagem, e acentuou o aprêço eficaz às células comunais ~brasileiras.
126 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
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ASSOCIAÇAO PERNAMBUCANA
DE MUNICÍPIOS
A Associacão Pernambucana de Muni- criação de uma Biblioteca especializada, no
cípios, fundad; em 11 de junho de 1946, Recife, sôbre assuntos de municipalismo;
apresentou, em fevereiro dêste ano, o seu criação de um Órgão (revista ou boletim)
primeiro relatório à Associação Brasileira de para propaganda das finalidades da Associa-
Municípios, à qual é filiada. ção e publicação do material de expediente,
Trata-se de trabalho sucinto, "destinado e criação de bibliotecas municipais nas ci-
mais a acertar normas de trabalho e a su- dades do interior, a fim de estear, nesses
gerir conselhos", como assinala o presidente núcleos urbanos, as futuras associações dos
da organização. Na da obstante, pode-se veri- Amigos do Município
ficar, por sua leitura, que muito já realizou A parte financeira da Associação tam-
a A . P . M nesse pouco mais de um semes- bém não foi descurada, já estando em prá-
tre de existência. Através do rádio e da tica o plano elaborado, que prevê, entre ou-
imprensa, levou a efeito vasta propaganda tras coisas, a instituição de duas categorias
dos fins da Associação, estabeleceu intenso de sócios, a expedição de diplomas aos mes-
intercâmbio com as diversas Prefeituras do mos, e a instalação de Delegacia da Associa-
Estado e intercedeu, junto aos representan- ção em cada Município
tes pe1nambucanos na Assembléia Nacional,
Até fevereiro do corrente ano, data do
em prol da revitalização do Município, no
Relatório, já se encontravam em funciona-
que alcançou pleno êxito
mento a Delegacia de Moreno, e criadas as
A criação de Órgãos comunais, com os
dos Municípios de Vitória e Timbaúba.
mesmos fins da Associação, em cada Muni-
cípio pernambucano, sob a denominação de A respeito, merece referência a resolu-
Associação dos Amigos do Município, foi cão da A. P. M no sentido de a escolha do
outro objetivo que logo procurou concretizar. Secretário das Delegacias recair sempre nos
Outras deliberacões de vulto tomou ain- Agentes Municipais de Estatística.
da a Associação, coffi:o sejam o estudo do pro- A A P M já contava, à época do rela-
blema financeiro dos Municípios em face da tório em questão, o expressivo número de
reforma introduzida pela nova Constituição; 45 sócios
e V«<.a Ru'Ui,L
A sólidos indícios de que toma base meros. Alguns dêles, de amplitude generali-
o
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Q tl o o
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oo.onoo o o o o o o
OOooc:lo o o o o o o
Oooot'loooonOQ
oQoGoooooo
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H B M -9
130 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
D1!Tr-1LH!f
<E.SU=1Lr=l 1: 7..tl
~====================-=---=-=====~===== ===-·/
132 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
tESCALA 1: 2 5'
P<tP .SPtECTIVA
COPTIE
TRAn..SVER5QL
municipal florestal; j) demonstrações práti- pois nela deverá ser realizado o serviço de
cas de atividades florestais; I) emprêgo de ve- repicagem e embalagem das mudas. Tratan-
getais do Município no plantio florestal. do-se de um galpão, e para baratear o seu
custo, sugerimos o emprêgo de telhas tipo
O viveiro florestal permanente deve
Eternit, que dispensam caibros, ripas, e
possuir: a) pequena sede de serviços, com
prego, sendo sua colocação de mão de obra
sala de escritório, sala para museu, cozinha
insignificante.
e WC.; b) galpão para depósito de ferra-
mentas, com garagem e sala de repicagem A sementeira deve ser construída por
anexas; c) ripados, estufins, canteiros, tan- tantos canteiros quantos forem necessários
ques para irrigação; d) sementeira, viveiros, para o serviço de produção de mudas, que
talhões para demonstração de .cultura e ren- está em relação com a área do viveiro e com
dimento florestais. a procura de plantas. Os canteiros preferen-
temente serão construídos de tijolos com
As construções serão feitas tôdas com junta tomada de massa de cimento. A me-
muita singeleza e tanto quanto possível lhor dimensão é de 3,00m x 0,90 m (largura
guardarão as linhas, no tocante à sede, das incluídos os tijolos), tendo um espaçamento
VIDA RunAL 133
PPOJCETO DE un
TAnOU<E
pç::jpA IPPI<GAÇRO
CORT~
LonGJTUDJnRL
de O,SOm entre cada um e de 1,50m nas ruas. poenta e com profundidade média de 1 a 2
A mais conveniente direcão é Leste-Oeste. metros. A água deve ser abundante para as
A terra existente na áre; destinada a cada regas.
canteiro tem que ser removida e substituída
No terreno do viveiro, as plantas têm
por terra própria, especialmente preparada
que ser dispostas em linhas igualmente dis-
pelo viveirista; uma boa mistura para se-
tantes umas das outras (de O, 7 5 a 1,00 m) .
menteira pode ser obtida de uma combina-
ção de terra vegetal gorda, areia e terra Se o terreno tiver aclive superior a 0,5%,
será melhor fazer a plantação em sentido
comum, na razão de 2 : 1 : 1, em quanti-
transversal à inclinação, em pequenas ban-
dade suficiente para encher o vazio de
quetas. Isto evitará qualquer surto de erosão,
0,30m do canteiro. Ao preparar a cava será
contribuindo para melhor retenção d'água e
indispensável observar que ela não esteja
para que os amanhos façam reduzidíssimas as
praguejada com pequenos vegetais como a
tiririca ou margaridinha de flor amarela. perdas de soío
Costuma-se tratar a terra da sementeira, a Entre as plantas, nas filas, a distância
fim de livrá-Ia de pragas ou de doenças, de pé a pé será tal que se considere: 1)
submetendo-a a temperatura elevada em desenvolvimento mais ou menos rápido da
chapa de ferro colocada sôbre o fogo. planta; 2) feitio e crescimento do sistema
Os vivehos - Cada espécie vegetal, radicular; 3) porte da planta em relação
depois de germinada na sementeira, reclama com o tempo que terá de vida no viveiro.
tratamento específico. Há, todavia, provi- Éstes são 9s fatôres reguladores da distância
dências gerais que podem ser desde já men- que é necessário existir entre plantas, notan-
cionadas como indispensáveis em qualquer do-se que nunca menos de 0,40 m se dará
viveiro. nesse espaçamento.
Depois que a semente ge1 mina, há ne- Estufins e ripado - Os estufins -
cessidade de ser repicada, transplantada a como indica o nome - são pequenas estu-
~evem planta. Ela deve ser mudada para fas, cujas paredes ficam a pouca altura do
caixa, cestinho ou viveiro, conforme seja o chão (O,SOm), dotados de cobertura de vi-
caso melhor aconselhado. Há espécies flo- draca móvel e nos quais haja condição para
restais - notadamente as de sementes cu!Úvos de plantas mais exigentes na pri-
grandes, que hão de ser plantadas no local meira fase da vida. Embora de utilidade
onde viverão em definitivo. limitada, são os estufins indispensáveis no
O viveiro é a área destinada a receber viveiro florestal permanente, principalmente
certas espécies vegetais que, transplantadas se nêle pudermos produzir mudas de plantas
da sementeira, encontrarão nêle condições ornamentais de constituição delicada. Con-
propícias para bom desenvolvimento. É área forme a natureza da espécie vegetal que nê-
para estágio onde as plantas aguardam o les deverá viver, o fundo dos estufins poderá
momento melhor para serem retiradas e ser de terriço ou de areia com pedregulho
plantadas em terreno definitivamente a elas Geralmente, os vegetais, em estágio nos es-
destinado. A terra portanto deve ser nêle tufins, são plantados em vasos que ficam
boa, fresca sem ser úmida, solta sem ser semi-enterrados.
134 REVISTA BRASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
Os ripados, cujo tamanho varia com as tais, - desde o custo da semente, lavra,
necessidades do viveiro, são de todo preci- preparo e cuidado com o solo, desbaste,
sos nos trabalhos que naquele se realizam. derrama, corte, plantio e replantio, combate
Certas semeaduras em caixas, repicagem, a pragas e doenças - levadas a efeito nos
embalagens para plantio e expedição, a aco- talhões, o viveiro balanceará, como do-
modação dos vegetais recém-saídos para cai- cumento demonstrativo, o custo e o lucro
xas ou cestos, necessitam da existência do que a cultura florestal proporciona.
ripado, onde se encontram condições ate- Dessa pequena reserva econômica po-
nuadas de luz, vento e temperatura. Sua cons- derá retirar renda considerável. O Govêrno
trução é facílima, podendo ser feita com municipal obterá do plantio de rendimento
colunas de pedra, de tijolo ou de madeira, do viveiro florestal, materiais para muitos
ou uma combinação artística de dois ou três dos seus serviços: postes, caibros, moirões,
dêsses materiais. Usa-se cobri-los com ripas vigas, pranchões, ripas, indispensáveis às
de madeira de lei ou com bambus (de dura- pequenas e inúmeras obras que tôdas as
ção curta) separados de 5 a 8 centímetros. comunas realizam. Peças para escoramento
As colunas de alvenaria, de pedra ou mesmo de obras de concreto, cruzetas para linhas
de certas madeiras incorruptíveis, têm vaa- de telefone e de luz, cabos para ferramentas,
tagem de maior durabilidade e embora se- tudo poderá ser retirado da cultura florestal
jam de custo inicial mais elevado tornam-se que o viveiro permanente necessita possuir.
baratíssimas com o tempo. Posteriormente, com o produto da venda da
Com a finalidade principal de oferecer lenha conseguida da operação da derrama-
às plantas condições artificializadas de cli- gem, ou de qualquer produto, mais tarde,
ma, êstes ripados são em muitos lugares quando o maciço apresentar-se em condições
recobertos por plantas trepadeiras que não de ser operado, o viveiro terá renda para se
obstruem de todo a penetração da luz solar, manter sem onerar o orçamento da Muni-
refrescando suficientemente o interior do cipalidade. Os plantios que se farão nos
ripado que, também, às vêzes, têm suas talhões deverão obedecer às prescrições que
partes laterais guarnecidas com ripas. Os a Silvicultura determina, podendo os Órgãos
ripados deverão ser colocados entre as se- florestais federais ou estaduais elucidar no
menteiras e os viveiros, em postçao que momento a direção do viveiro sôbre o rumo
favoreça quanto ao sol violento e aos ventos da plantação.
fortes ou frios.
Museu - Com o objetivo de ilustrar,
Talhões - Para atenderem integral- puramente com caráter educativo, existirá
mente às suas finalidades, os viveiros flo- junto ao viveiro, como parte de sua organi-
restais pemanentes nos Municípios deverão zação, um museu de elementos da natureza
dispor de uma área complementar de 1 ou 2 preferentemente interessado na parte flores-
alqueires nos quais façam, com o caráter tal. Nêle serão reunidos f0tografias, gráficos,
duplo de demonstração e de renda, plantios desenhos, partes de árvores ou de plantas
de maciços florestais para exploração eco- úteis do Município. Fôlhas, cascas, raízes,
nômica ou industrial. Com elementos incon- frutos, pedaço de lenho, anomalias curiosas,
testáveis, fornecidos pelas operações flores- pragas encontradas nas matas do Município,
DPOJ€TO D€ um OIDADO
€:'>CALA 1:100
Decção R Secç.:io B
P<E R.SP<E C TI VA
VmA RuRAL 135
I
TIPOS D€ C~IX~ € J~CQ
PORO ffiUD~S
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-o.60---3J
CESCALA 1:'100
tudo deve aí ser reunido para documentário base do trabalho que mais urgência e prio-
e ilustração do público. Servit á também o ridade em execução requer no País - o
museu como atrativo do povo, a quem pode plantio de maciços florestais em todo o in-
a administração do viveiro, aproveitando o terior. Funcionando como órgão fomentador,
interêsse da visita, acorrer indicando a uti- êsses viveiros terão função esclarecedora e
lidade do campo florestal do Município e orientadora junto ao meio lavourista interes-
demonstrando a finalidade, a vantagem e o sado em plantio florestal. Poderão indicar
lucro que oferecem as florestas de rendi- que a floresta plantada é tão importante e
mento. tão valiosa para a economia ela propriedade
rural de cada um como o é para o País todo,
Além de sua direta utilidade, como
sendo tarefa de elevado valor plantar matas
órgão de fomento no Iviunicípio, o viveiro
homogêneas para expio! ação econômica. Não
florestal permanente pode concorrer para o
só pelo que proporciona em renda, como
embelezamento de ruas, praças, alamedas e
estradas, podendo êle próprio ser um recanto pelas melhorias das condições ela natureza,
tão apreciável como a mais remunerativa
aprazível do Município, cujas cercanias des-
das tarefas rurais, o plantio florestal neces-
pidas de florestas tenham perdido a graça
que todos nós tanto apreciamos. sita ser cogitado e incentivado. Esta será,
precipuamente, a base do trabalho que de-
Os viveiros florestais permanentes nos vem as Municipalidades atribuir aos viveiros
Municípios constituem, pois, a meu ver, a florestais permanentes.
O JUUNICíPIO (Sua conceituação histórica e tervenção e da centralização levada ao mais
jurídico-constitucional) - Ivo d' Aquino - alto grau.
Imprensa Oficial do F:stado -
polis.
Flot·iauó-
*
Concorrendo à cadeira de Direito Pú-
blico e Constitucional da Faculdade de
No povoar ou colonizar a tetra brasi-
Santa Catarina, o Sr. Ivo D' AQUINO se apre-
leira, Portugal a considerou, simplesmente,
sentou a julgamento com a tese "O Muni-
sob o aspecto de um prolongamento naturai
ctpto: sua conceituação histórica e jurídi-
do reino, donde o transfundir-lhe, sem quais-
co-constitucional".
quer restrições, ou modificativas, nada obs-
tante às discrepâncias evidentes de natu- Servido por aprofundada cultura de
reza e espaço, a mesma estrutura e o mesmo Direito Constitucional e por uma inteligên-
sentido da civilização portuguêsa, com as cia lúcida e brilhante, o A., socorrido tam-
suas singularidades sociais, as suas peculia- bém por preciosa bibliografia, realizou obra
ridades políticas e os singelos objetivos da original e de mérito indiscutível, que se
sua dinâmica econômica. credencia a posição de relêvo na literaturã
brasileira que trata da matéria.
Por isso mesmo, o municipalismo bra-
sileiro é, da sua instituição até alguns anos Iniciando seu trabalho com o estudo
depois da Independência, o municipalismo minucioso do Município romano, examina
português, resultante do conceito romano, o medieval, o anglo-saxão, o modetno, o
alterado, na configuração e no conteúdo pela português e o brasileiro, demorando-se em
influência visigótica, bem assim bárbara e expor e interpretar as diferentes Constitui-
sarracena. cães do 'País no referente ao assunto
" Analisando os limites de "descentrali-
As ordenações Manuelinas e Filipinas,
zacão" e "autonomia'', expende conceito
sucessivamente, não permitiram o abrasilei-
do~trinário de alta relevância.
ramento do Município no Brasil, fenômeno
Obra, sem dúvida, indispensável aos
que sàmente seria possibilitado pela Cons-
estudiosos do municipalismo.
tituição do Império e pela Lei de 1.0 de
outubro dP 1824 Daí para cá, até aos RJWRGANIZAÇAO JIIUNICII' AL - Océlio <le
nossos dias, o municipalismo indígena evo- l\Iedeit·os - Irmãos Pongetti - Rio de
lui de maneira original, ora em derrota à Janeit·o, 1946.
autonomia ampla, ora remando à centrali-
zação, parcial ou integral, conforme à época É paradoxal, não há dúvida, que tendo
e à mentalidade política dirigente do País. ido à guerra contra ideologias que negavam,
A Constituinte de 1891, movida pela pràticamente, todos os princípios da econo-
idéia federativa, tornaria questão fechada mia liberal, inclusive o da livre competi-
a autonomia municipal, não raras as indi- ção, estejam os governos democráticos, pre-
cações no sentido duma amplitude dilatada midos por uma herança tão calamitosa -
de poderes, de soberania O verbo de Rur a crise em que a humanidade ora se deba-
agitaria: "Não há Estado sem Municipali- te - , na contingência de interferir aberta-
dades. Não pode existir matéria vivente sem mente na ordem econômica, evitando, pelo
vida orgânica Não se pode imaginar exis- equilíbrio das reivindicações, um desajusta-
tência de povo constituído, existência de mento social ainda maior e de conseqüên-
Estado, sem vida municipal. Vida que não cias talvez imprevisíveis. Sem prejuízo de
é própria, vida que seja de empréstimo, sua filosofia política, vai o Estado moderno,
vida que não fôr livre, não é vida. Viver sob a influência dos acontecimentos, abando-
do alheio, viver por outrem, viver sujeito nando a sua posição de mero vigilante, a
à ação estranha, não se chama viver, senão que havia sido relegado por teorias econô-
fermentar e apodrecer." micas hoje passíveis de restrições.
A Constituicão de 1934, considerando Exultam simpatizantes e remanescen-
preceito fundarn"ental, "princípio constitu- tes do credo vencido, que não percebem,
cional", a autonomia do Município, daria nessa mudança de atitude, senão o fascismo
margem a controvérsias calorosas de inter- renascente de suas próprias cinzas, mais
pretação entre os constitucionalistas. A Cat- revigorado em suas doutrinas absorventes e
ta em referência "rompeu a clausura, em expansionistas. Por outro lado, rejubilam
que estava encerrado o Município, dentro os extremistas da esquerda, para quem essa
do Estado, para pô-lo em contacto com tôda nova orientacão política, já defendida, no
a Nação, socializando-o no organismo na- entanto, por .homens e partidos tradicional-
cional e reclamando-lhe a colaboração, a mente conservadores, representa um passo
par da União e do Estado, para a solução na direção do socialismo integral.
de problemas sociais".
No âmbito dos chamados serviços pú-
Já a Constituição de 1937 transforma- blicos, aliás, há muito se observa a interfe-
ria radicalmente o organismo político do rência do Estado, que a princípio se re-
Brasil, especialmente com a prática da in- servou o monopólio de alguns, corno, entre
BIBLIOGRAFIA 137
nós, o dos correios e telégrafos, admitin- pelo A. ao Chefe do Executivo dessa Uni-
do-se que o mesmo venha a ocorrer com as dade Federada e um estudo intitulado "A,;
estradas de ferro, serviços de águas e esgo- três fases da vida municipal", pub'licado
tos, etc. À velha praxe das concessões, mui- anteriormente na imprensa de Fortaleza.
tos especialistas do direito administrativo No memorial, o Sr. J. COLOMBO DE
já preferem o sistema da nacionalização, SOUSA, utilizando linguagem objetiva, faz
estatitização ou municipalização, cujas van- apoiar em cifras de forte eloqüência a pre-
tagens são evidentes, antes de tudo porque cariedade da posição dos Municípios, quan-
defende a economia nacional contra a in- to à distribuição das rendas, até o advento
filtração de poderosos trustes internacio- da atual Constituição do Estado que, acom-
nais. panhando as linhas essenciais da Cm ta F e
Reintegrado o País num regime consti- dera! de 1946, veio ao encontro dos inte·
tucional de caráter mais ou menos estáveL rêsses dos Municípios, proporcionando-lhes
seria natural que êste e outros problemas meios materiais de atender às prementes ne-
voltassem à atencão de alguns espílitos es- cessidades locais. Nesse documento, o Sr.
clarecidos, de pa; com a discutida questão J. COLOMBO DE SOUSA apresenta o p10jeto
da autonomia municipal. Ao Sr. OCÉLIO DE de organização, no Estado, de um Departa-
MEDEIROS sobram razões para afirmar que mento de Assistência Municipal, destinado
esta carecerá de conteúdo se não coincidir a assegurar aos Municípios a assistência
com um novo surto municipalista, caracte- técnica imprescindível à racional aplicação
rizado por uma partilha tributária mais e- das rendas acrescidas pelos dispositivos
quitativa, pela municipalização dos serviços constitucionais.
públicos de interêsse local, por reformas A monografia se encontra enriquecida
completas nas emperradas administrações de oportunos dados sôbre o vulto das arre-
comunais, etc. - assuntos que tiveram aco- cadações de todos os Municípios do inte-
lhida em seu livro intitulado Reorganização rior do Ceará, com a respectiva discrimi-
Municipal, de atualidade indiscutível. O A. nação
porém, vai mais longe: preconiza a forma-
POLíTICA DO l\IUNICíPIO - Orlando M.
ção de administradores municipais e a ins-
Carvalho - Livraria Agir Editôra - Rio
tituição de cursos especiais, cujos progra-
de Janeiro, 1946.
mas teve o cuidado de elaborar, valendo-se,
para isso, de sua experiência no Departa- Em conhecido volume da Coleção Bra-
mento Administrativo do Servico Público. siliana, que tem o título Problemas Funda-
No último capítulo, aprecia~ a situação mentais do Município, o Professor 0RLAN·
do Município no Direito Novo, confronta DO M. CARVALHO já teve o ensejo de ven-
os dispositivos constitucionais referentes aos tilar quase todos os problemas das nossas
Municípios, critica o regime municipal na administracões comunais, cuja complexida-
vigência do Estado de fato, estuda o pro- de atual é o resultado de lenta evolucão
blema da reparticão de competências e tece histórica, que o A. expõe agora neste volu-
uma série de co~siderações quanto à posi- me, remontando às origens lusitana, espa-
ção do Município Brasileiro em face da re- nhola e até às instituições de Roma antiga.
democratizacão do País. O ensaio Política do Município foi ela-
Não ap.enas pelos problemas que expõe borado com base, principalmente, na for-
e analisa, mas em parte pelas soluções que macão das Municipalidades mineiras - o
sugere, esta obra do Sr. OcÉLIO DE MEDEI- qu~ não impede possa o leitor conhecer, de
ROS merece o aprêço da nova geração de modo geral, os rumos da política municipa ·
municipalistas brasileiros lista brasileira sob os diversos regimes o
cartas constitucionais - e compreende os
REARIJ,ITAÇiiO I~ l'ROSPKRIDADI~ DOS
seguintes capítulos: o Conselho português,
l\IUNICli"PIOS J. Colombo de Sousa as Câmaras Coloniais, a experiência holan-
Imp1•ensa Oficial - Fot"taleza, 1947.
desa, as Câmaras Municipais no Império,
Professor da Escola Preparatória de a solução da Primeira República, a centra-
Fortaleza, da Faculdade Católica de Filo- lizacão ditatorial de 1930 a 1934, o "inter-
sofia e da Faculdade de Ciências Econômi- mezzo" constitucional de 1934 a 1937, a
ressurreição da tutela, a ditadura econômica
cas do Ceará, o Sr. J. CoLOMBO DE SousA,
nada obstante sua atividade intensa, como e política dos prefeitos municipais e o in-
terêsse político atual do Município do in-
se vê, no magistério, é um estudioso e ar-
guto observador das realidades nacionais, no terior
plano da vida municipal. Antigo funcioná- O RIO DE JANl~IRO liUPlnUAL - Adolfo
rio do Departamento Municipal do seu Es- l\lorales de los Rios T•'ilho - Editôm A
tado, havendo igualmente exercido, duran- Noite - Rio de Janeiro, 1946.
te algum tempo, os cargos de Prefeito dos
Municípios do Crato e de Quixadá, teve Ao proceder a pesquisas com o fim de
ensejo o Sr. CoLOMBO DE SousA de reco- coletar elementos que serviriam ao seu li-
lher, nessas opo1 tunidades, ampla experiên- vro Grandiean de Montigny e a Evolução
cia acêrca das limitações e óbices que tanto da Arte Brasi!Pha, o Sr. ADOLFO MORALES
vêm contribuindo para tornar tanto, quanto DE LOS Rros FILHO viu-se necessàriamente
não inteiramente nulo, o desenvolvimento obligado a estudar o ambiente social, eco-
e o progresso de nossas zonas rurais. nômico, uolítico, administrativo e urbanís-
O trabalho em epígrafe, que diz res- tico do Rio de .T aneiro, no período compre-
peito à situação dos Municípios do interior endido entre 1808 e 1850 Continuando os
do Ceará, inclui um Memorial apresentado estudos, as pesquisas, posteriormente à pu
138 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
blicação daquela notável obra, o A. decidiu, calor de um momento, que desperta recor-
face à excelência da documentação reunida, dações, umas sentimentais, bucólicas, outras
organizar novo trabalho, também de fôlego prazenteiras, alegres; algumas tristes, dolo-
e, como o primeiro, cheio de atrativos e de rosas como o suplício dos prisioneiros de
méritos indiscutíveis. Surgiu, daí, O Rio de 1840; e até entusiastas, como êsse sonho da
janeiro Imperial, que é a história do "Mu- República dos Pastos Bons".
nicípio Neutro, ou da Côrte". Em apêndice, o trabalho inclui quatro
O simples fato da referência à "his- peças de raro valor histórico: o capítulo do
tória" dum Município, ainda que êsse Mu- Dicionário Histórico e Geográfico, de CE-
nicípio seja a Capital Federal, poderá mo- SAR MARQUES, referente ao Município de
tivar reservas, ou, quando pouco, sugerir Pastos Bons; o capítulo de O Estado do
seja acolhida, de jeito menos caloroso, ou lVlaranhão em 1866, do Professor RIBEIRO
menos cordial, a obra evidenciada. DO AMARAL; o Parecer da Comissão de
É que vige ainda a idéia de que "his- Constituição da Câmara dos Deputados, li-
tória" sinonimiza, sem variantes, sucessão do na sessão de 29 de maio de 1829, no
rígida e monótona de datas e pessoas e lu- qual se alude a uma proclamação de caráter
gares . Se, em verdade, a história não pode republicano, lançada em Pastos Bons, no
prescindir do material humano, das con- ano anterior; e a Descrição do Território de
dições mesológicas e do fator tempo, ca- Pastos Bons, nos Sertões do Maranhão, es-
be-lhe, por outro lado, expor e interpretar crita em 1819, por FRANCISCO DE PAULA
as inter-relações respectivas, donde a dinâ- RIBEIRO.
mica da sociedade. "Sem que se estabele- POVOADOS - Departamento Estadual de
ça a correlacão entre os acontecimentos e se Estatística - Bahia - 1Hi7.
forme a seqüência nas apreciações, não é
possível escrever história que, além de cro- Interessante monografia sôbre os po-
nológica, sejà filosófica, social, econômica voados da Bahia foi publicada, no ano pas-
e política": é êsse o pensamento do A. e sado, pelo Departamento Estadual de Es-
sua diretriz na elaboracão da obra ora co- tatística baiano Nesse trabalho, que foi
mentada, que, sem co~prometer a unidade elaborado pela Divisão de Estatística Fi-
de conjunto, se desdobra em capítulos es- siográfica e Social daquele Órgão regional
pecializados: a cidade, o complemento ur- do sistema estatístico nacional, os 1 419 po-
bano, toponímia, trabalho, a sociedade, a voados do Estado são caracterizados, de acôr-
instrução, a divulgação do saber e das idéias, do com as condições estipuladas pelo Institu-
cultos e crencas . to Brasileiro de Geografia e Estatística, como
O A., c~m habilidade que metece re- grupos mínimos de dez moradias, relativamen-
levada, intercala, de onde em onde, e a te próximas, contando, cada um, pelo me-
fim de quebrar a inevitável aridez de cer- nos, um estabelecimento comercial. Os po-
tas exposições, episódios curiosos: os tipos voados se acham relacionados em ordem al-
populares dantanho, a linguagem saborosa fabética, segundo os Distritos e Municípios
das flores e das ervas e raizes, os "gargare- a que pertencem. Também em ordem alfa-
jos" an1orosos, os espirros, os anúncios es- bética e nor zonas fisiográficas, figuram os
drúxulos. Daí, sem dúvida, o interêsse cres- Município-s baianos com sua população es-
cente com que se lê tôda a obra, que é útil, timada em 1946 e com os seus respectivos
amena e extraordinàriamente preciosa na números de Distritos e povoados.
sua documentação. Os povoados baianos são relacionados
ainda segundo o número de moradias, po-
1\IUNICíPIOS 1\IARANUENSES: PASTOS BONS pulacão aproximada, número de escolas e
Clodoahlo Cardoso - Servi~:o Gráfico distância em quilômetros das respectivas se-
do I R G E. - Rio, 1947. des distrital e municiual.
Inspirado na Resolução n. 0 57, da As- A população total dos 1 419 povoados
sembléia Geral do Conselho Nacional de era, em 1946, de 353 833 habitantes, ele-
Estatística, o Departamento Estadual de vando-se o número de moradias a 80 632,
Estatística, do Maranhão, vem promovendo e o de escolas a 776.
a elaboração e a divulgação de monogra- JUUNICíPIO DE SÃO SEBASTIÃO DO PA-
fias estatístico-descritivas municipais, tanto RAíSO - Nntícia Uistórico-Corográfica e
quanto possível circunstanciadas. Recente- Estatística - José B1•az l'Tavcs - Scrvi~o
mente, fêz publicar a de Pastos Bons, de Gráfico do I B G.E Rio, 1947
autoria do Sr. CLODOALDO CARDOSO, Secre-
tário do Diretório Regional de Geografia. O conhecimento, por parte dos nossos
Pastos Bons, com seus dois séculos de governantes, das verdadeiras condições exis-
existência, nascido de uma das 120 fazendas tenciais dos Munic;ípios brasileiro~, é da
de gado que, em 17 40, se disseminaram no maior importância para a revelação dos
sul do Maranhão, tem expressão ponderável problemas e das possibilidades nacionais
na história regional: em 1828, seu povo ali- Sàmente tendo diante de si um perfeito
mentava o sonho de tornar-se independente levantamento dos elementos reais que equa-
do resto do Império, proclamando-se então cionam a vida dos Municípios, que são as
a República dos Pastos Bons. Viveu, de- células da Nação, podem os técnicos do
pois, momentos de importância por ocasião Govêrno encaminhar o solucionamento dos
da "Balaiada". E foi a sede do govêrno civil problemas de âmbito nacional. Para êsse
de todo o sul do Maranhão . · conhecimento contribuem, sem dúvida, efi-
Hoje, nas palavras do Sr. CLODOALDO cazmente, as monografias municipais, que,
CARDOSO, "existe quase esquecido. Tem o de tempos para cá, vêm sendo publicadas
BIBLIOGRAFIA 139
ças do organismo estatal, sem nenhum direito, Resulta, daí, uma ampla competência le-
sem nenhuma vitalidade própria. É conve- gislativa municipal. No uso dessa compe-
niente, a êsse respeito, lembrar as lições de tência, os Municípios criarão seus próprios
]ELLINEK: "Os Municípios, como o Estado, órgãos e os administrarão com seus próprios
têm um território, súditos e um poder inde- recursos, tendo em vista os seus peculiares
pendente. Mas se distinguem do Estado por· interêsses.
que os Municípios não possuem um lmperium Para isto, a Constituição Federal previu
originário, senão o do próprio Estado. Todo os necessários meios financeiros, pela adoção
lmperium de um Município é derivado". de um sistema tributário que chegará a en-
"Possuem, como tôda associação, direitos que fraquecer os próprios Estados.
por sua natureza não ultrapassam os limites Dentro dessa técnica, os legisladores
da liberdade de associação privada reconhe- constituintes de 46 tiveram em vista propor-
cida pelo Estado. Gozam, nesse sentido, do cionar aos Munidpios possibilidades, :recur-
direito de instituir Órgãos próprios; de nomear sos, direitos e garantias que jamais tiveram,
seus servidores; de administrar seus bens; de colocando-os a salvo dos tentáculos corrupto-
governar os assuntos locais" ... res dos governos estaduais, mas sem prejudi-
A revisão do conceito do Município im- car a ação regeneradora dêstes, em casos
plicou, também, a revisão do conceito de extremos, conforme o Art. 23, 5 e II, do Tí-
autonomia, que se distingue da descentrali- tulo I.
zação, pois enquanto esta é compreendida em Os Municípios, portanto, vão-se subme-
sentido administrativo, aquela o é em sentido ter a um grande teste, não só de democracia,
político. O Município, por isto, supõe um mas, também, de capacidade de organização,
govêrno e não apenas administração, com sob a assistência técnica dos Estados-mem-
certo poder executivo, legislativo e, algumas bros, através de seus órgãos.
vêzes, em certos países, judiciário. Um go- Não quer isto dizer que os Municípios se
vêrno regulado dentro de um sistema de projetarão num plano superior aos Estados-
competências definidas. Município sem au- membros. Houve prudência constitucional,
tonomia, compreendida esta como poder de quando se assegurou a autonomia municipal
autogovêrno, não seria Município, mas sim "pela administração própria", isto é, pelo
uma entidade dotada de capacidade apenas exercício da auto-administração, e pela "or-
de auto-administração, isto é, mera autar- ganização dos serviços públicos locais".
quia territorial. Levada a extremo, pelos governos muni-
Na Constituição de 1946, o Município cipais, a compreensão dêsses princípios, po-
readquiriu a plenitude de sua importância e derá surgir, oportunamente, da parte do Par-
uma feição perfeitamente ajustada à natureza lamento, uma "lei de definição de encargos",
federativo-republicana dos Estados Unidos do porque os Estados não se conformarão com
Brasil Sua organização não foi relegada ex- uma posição contemplativa ou meramente
clusivamente à competência estadual, como supervisara da ação executiva municipal.
quando da primeira constituição republicana, Não se conformarão em serem apenas plane-
em que o Art. 68, Título terceiro, se notabi- jadores, enquanto os Municípios serão exe-
lizou pela sua vacuidade, visto que dispôs, cutores. Mas, o bom êxito da experiência,
apenas, sôbre a organização dos Estados, de isto é, da declaração da maioridade municipal,
forma que fique assegurada a autonomia dos dependerá de entendimento, de equilíbrio
Municípios "em tudo quanto respeite ao seu funcional, de cooperação.
peculiar interêsse" . A Constituição, com êsses dispositivos,
teve em vista beneficiar os Municípios do
Seguiram os legisladores constituintes a interior, historicamente vítimas dos tentáculos
mesma orientação discriminativa da Consti- estaduais, geradores de oligarquias e de sis-
tuição de 1824 e da de 1934, conservando os temas de tutela política que tanto compro-
princípios que sobreviveram na Carta de meteram o êxito do federalismo no Brasil.
1937. Tudo poderia ser fundido num só dis- A sangria municipal, a estagnação do interior,
positivo, mas a discriminação adotada cons- o desfalque de suas reservas humanas, a pre-
tituiu mera questão de técnica constitucional. cariedade de seus serviços - tudo isso tem
Não se dispôs, propriamente, sôbre a orga- sido causado pelo sistema de centralizacão
nização dos Municípios, mas sim, sôbre a estadual que remonta ao Ato de 12 de agô~to
assegmação da autonomia Nesse processo, de 1834.
porém, está consubstanciada a organização Vejamos, a seguir, um outro aspecto da
municipal, que promana do exercício de uma organização municipal, que parte de baixo
autonomia quase definida. para cima, isto é, o aspecto eletivo, de onde
Nas Constituições de 1934 e 1937, os emana a legítima autoridade dos dirigentes
Artigos 13 e 26 são do mesmo teor. Na Cons- dos negócios municipais.
tituição de 1946, porém, a técnica foi substi-
tuída pela compreensão da organização muni- IV - A nova Constituição e a efetividade
cipal como resultante do exercício de uma municipal
autonomia definida. A "administração pró-
pria" e "da organização dos serviços públicos O problema da eletividade, no Brasil,
locais", isto é, fundindo-se as duas proposi- possui profundas raízes históricas, constituin-
ções, a organização administrativa-governa- do, por isso mesmo, um princípio de Direito
mental dos Municípios e parte do exercício de Municipal cuja justificação costumeira re-
uma autonomia que a próplia Constituição monta às mais recuadas fontes jurídicas da
Federal discriminou. organização colonial.
ATHAVÉS DAS REVISTAS 145
R B.M -lO
146 REVISTA BRASILEIRA DOS MuNiciPIOS
feita no limiar da República: " ... O curso foi facultada aos Estados, embora o funcio-
da nossa civilização foi sempre seguido pelas namento de alguns Departamentos, no refe-
águas governamentais, como um rio cujas rido período, fornecesse argumentos em con-
barreiras eram opostas, mas separadas só para trário. Pondo de parte, porém, o lado nefasto
conter as águas. Os dois partidos, Liberal e da experiência, não podemos deixar de admi-
Conservador, corriam no álveo, com o impulso tir que, na realidade, órgãos de assistência
que vinha do poder". (O Município e a Re- técnica e contrôle financeiro dos Municípios,
pública - pág. 153) . conforme o diploma em vigor, são agora mais
Na reestruturação municipal, poderiam necessários do que antes, tendo em vista,
constituir matéria das leis orgânicas estaduais sobretudo, a nova posição que os Municípios
várias medidas preventivas daqueles vícios, virão a tomar, na estrutura dos Estados, em
como sejam, por exemplo: virtude das possibilidades de considerável
a) a Câmara dos Vereadores funcionaria elevação de suas rendas, que a revisão tri-
junto aos prefeitos como um colégio de cola- butária lhes proporcionou.
boração legislativa, consultiva, deliberativa e O êxito dêsses órgãos, porém, seja qual
administrativa, votada ao tratamento dos fôr a sua estrutura, depende da política a
problemas municipais; seguir e, conseqüentemente, de seu sistema
b) tal colégio teria as suas funções gru- de direção. Podem constituir Departamentos,
padas em setores - como sejam educação e ou Serviços, sendo que esta última designação
saúde, engenharia e obras, organização e fo- melhor os caracterizaria, do ponto de vista
mento da produção, segurança e guarda, etc. da estrutura da organização, por serem tipi-
- competindo a orientação de cada setor a camente serviços auxiliares, de coordenação
um vereador devidamente designado; horizontal Não importa êsse problema. Po-
dem até constituir Comissões ou Conselhos.
c) os governos municipais tolerariam,
O que importa é que sua direção não seja
nos Municípios de maior renda, a presença
confiada a amadores ou políticos profissionais,
de um assistente de administração municipal,
interessados no poder político dos Municípios,
nomeado pelo Estado, e que seria o "city-
e sim a técnicos, capazes de imptimir aos
manager", isto é, o "gerente" dos negócios
mesmos uma orientação eminentemente ge-
exclusivamente administrativos dos Municí-
rencial e, na medida do possível, quase com-
pios, em articulação com os órgãos de assis-
pletamente a política.
tência técnica dos Municípios, que é permi-
tido aos Estado criar. (Veja a êsse respei- É preciso reconhecer-se, sem nenhum
to Reorganização Municipal - capítulo IV, desprêzo à política - porque esta comanda
págs. 127/140). o próprio Govêrno - que as Municipalidades
Infelizmente, os grandes vícios da eleti- constituem, presentemente, problemas mais
vidade, que tanto comprometeram o regime de "management" que de política, no sentido
democrático no Brasil, levando até mesmo à vulgar.
falência a primeira experiência federativa, Por outro lado, a orientação a seguir
não resultam desta ou daquela organização, pelos órgãos de tal natureza - com a enorme
porque não são problemas técnicos, e sim responsabilidade de prestar assistência técnica
morais, resultantes de apressada preparação a Municípios, êstes com poderes executivo e
democrática e utilização do poder em bene- legislativo constituídos, embora rudimentar-
fício de castas e oligarquias de tôda espécie. mente - não poderia ser também um tipo
de orientação sem nenhum sal político, por-
que tais Órgãos se situarão entre os Governos
V - Diretivas para o funcionamento dos
órgãos de assistência técnica aos Municípios. dos Estados e os Municípios, integrando a
administração daqueles e servindo aos inte-
rêsses de ambos. Mas, seu caráter técnico,
Na Constituicão de 1934, facultou-se
princípios intangíveis e natureza supervisara
aos Estados a criaÇão de um órgão de assis-
tência técnica à administração municipal e poderiam exprimir-se até mesmo em sua es-
fiscalização de suas finanças, conforme dis- trutura e nomenclatura, quer constituíssem
punha o § 3. 0 do Art. 13, Título e Cap. I. Departamentos ou Serviços, quer Comissões
Êste dispositivo, que não sobreviveu na Carta ou Conselhos.
de 1937 - talvez porque o legislador o Adotando-se, por exemplo, em matéria
julgasse matéria de lei ordinária - renasceu de estrutma, o tipo departamental, tais órgãos,
na Constituição vigente, conforme estatui o em qualquer Estado, não poderiam deixar
Art. 24, Título e Cap. I. de conter funções como as que definiriam as
Mas, conquanto o diploma anterior hou- seguintes subdivisões, além de outras que
vesse silenciado a êsse respeito, os órgãos de cada Estado exigisse:
assistência às Municipalidades, criados por a) Conselho Técnico - órgão colegial
efeito do disposto na Constituição de 34, con- de colaboração e consulta, constituído de en-
tinuaram a funcionar em alguns Estados on- genheiros, agrônomos e outros técnicos, com
de existiam durante todo o período interven- o fim de auxiliar o chefe executivo e os Pre-
cionista do Estado de fato, com suas fina- feitos no estudo dos problemas municipais,
lidades perfeitamente integradas no sistema fornecendo sugestões e discutindo assuntos de
de contrôle do regime. interêsse vital, relacionados com o Estado e
Os legisladores constituintes de 1946, os Municípios, além de traçar planos em todos
restaurando aquêle dispodtivo da Constitui- os setores da administração local;
ção de 1934, certamente compreenderam a b) Divisão Técnica- à qual competiria
utilidade, em princípio, do órgão cuja criação planejar ou colaborar na projetação dos pla-
ATRAVÉS DAS REVJSTAS 147
nos diretores, fiscalizando a sua execução; es- capitais os orçamentos dos mais afastados
tudar projetos de obras; opinar sôbre conces- Municípios, e até mesmo a dispor sôbre suas
sões, arrendamentos, municipalizações e con- despesas domésticas, com o que geralmente
tratos em geral, etc.; lhes comprometiam as verbas.
c) Divisão de Orçamento e Contabili- Trata-se, sim, de Órgãos indispensáveis,
dade, com a competência de opinar sôbre os em ptincípio, e que seriam imprescindíveis
orçamentos municipais, procurando coordenar na orientação dos planos estaduais de govêr-
a ação dos Municípios com a do Estado; fis- no, para vitalizar a economia local e pro-
calizar a execução do Código Tributário e mover a melhoria das condições dos Muni-
aplicação das despesas municipais; organizar cípios, além de fortalecê-los econômica e
a contabilidade dos Municípios, orientar a administrativamente.
ação financeira das Prefeituras, com pesqui- Os Estados da Federação, com a nova
sas de previsão e estimativa, etc.; Carta Magna, não ficaram mais naquele
d) Divisão de Treinamento e Orientacão plano subordinador em que os situou o velho
com as funções precípuas de plane}ar, Ato Adicional, com sua lei interpretativa.
organizar e administrar cursos de administra- Na sua e~trutura administrativa e política,
ção municipal; orientar candidatos em está- os Municípios passaram a constituir verda-
gios de treinamento nas Prefeituras e Servicos deiros auto-relevos, com importância tanto
Municipais; manter bibliotecas nos Mu~i política quanto financeira.
cípios, etc. Mas, em virtude da reforma, ainda con-
tinuou de pé o histórico problema de dis-
Tratando-se de sugestões, e não de lei tinção entre os "serviços de peculiar interêsse
orgânica ou regimento, a discriminação acima dos Municípios" e os dos Estados, embora
não constitui, de todo, uma definição de
interpretações modernas, não reconhecendo
competência funcional dos Órgãos fundamen- separações estanques, engloben1 todos os ser-
tais dos Departamentos de Assistência Técnica
vicos dentro de um critério nacional. Real-
aos IVfunicípios, mas, sim, linhas gerais que m;nte, os "peculiares interêsses" dos Municí-
devem presidir às diretivas de funcionamento
pios também o são dos Estados e, em última
dos mesmos. É evidente que tais funções
análise, da União. Mas, se há regime federa-
não poderiam ser desempenhadas por Depar-
tivo, baseado na descentralização, impõe-se a
tamentos sem suficiente amplitude orgânica
separação de competência e, conseqüente-
e meios necessários, principalmente pessoal
mente, na análise dos problemas nacionais, o
apto, máquinas e materiais apropriados. Mas, grupamento dos "peculiares interêsses de cada
os próprios Municípios, tão interessados quan-
um". Aí está, porém, um problema mais
to os Estados em sua eficiência, poderiam
técnico que jurídico .
colaborar para a execução dêsse programa de
assistência técnica, mediante quotas propor- A atuação dos órgãos de assistência mu-
cionais às rendas de cada um, conforme acor- nicipal, nesse sentido, poderá ser básica, daí
dos a serem estabelecidos. dependendo o êxito do funcionamento consti-
tucional dos sistemas de relações entre os Es-
Não esqueçamos que, nos Estados Uni-
tados e os Municípios. Além de tudo, o
dos, os "gerentes" ("city managers") muni-
momento é de grandes planos a longo prazo,
cipais percebem geralmente mais que os pre-
nos setores de saúde, educação, obras, viação,
feitos, e os Órgãos de pesquisas e treinamento
etc. Não se poderá retirar dos Governos es-
municipais consomem verbas consideráveis.
taduais a competência de traçar êsses planos,
Embora não haja, no Btasil, recursos igualá-
abrangendo todo o território estadual, no qual
veis aos dos Estados Unidos, os Municípios
os Municípios existem. Mas, também não se
não poderão fechar o seu campo de coopera-
poderão excluir os Municípios da participação
ção a um movimento em que êles próprios
na execução dêsses planos, dentro dos seus
seriam os mais beneficiados.
limites. Daí a política: planejamento esta-
Além do mais, não se trataria, no caso, dual e execução municipal, ou melhor, cen-
de Departamentos exclusivamente de con- tralização da orientação e descentralização
trôle, usurpadores de funções peculiarmente parcial da execução .
das Prefeituras e hipertrofiados por erros de
direção, conforme se observou com os ante- (ÜCÉLIO DE MEDEIROS, da Associação
riores, durante o Estado de fato, os quais Brasileira de Municípios - "In" Revista do
chegaram, muitas vêzes, até a elaborar nas Serviço Público.)
•
DIS'fRIBUIÇAO DA POPULAÇAO- -
BRASILEIRA, SEGUNDO O DOMICÍLIO
BSERVADORES do processo evolutivo da juntamente às rendas buscadas ao interior.
BRASIL 41 236 315 9 189 995 3 692 454 21J 353 866
Sul ... 12 915 621 3 903 737 857 116 8 154 768
São Paulo 7 180 316 2 686 887 481 224 4 012 205
Paraná ... 1 236 276 213 590 90 949 931 737
Santa Catarina 1 178 340 207 954 45 763 924 623
Rio Grande do Sul 3 320 689 795 306 239 180 2 286 203
• Foram aor..,ccntadas aos totais da Região Este 66 994 pessoas, das quais I 318 no Quadro Urbano, 217 no Suburbano e 65 459
no Rural, resultados êsses correspondentes à Região da Serra. dos Aimorés, território em litígiO entre os Estados de Minas Gerais e Es"
pírito Santo.
EsTA'IÍsncA MuNICIPAL 151
.* Na população de fato do Município de Parintins não se incluem os resultados de paite do quadro rural do 2.0 Distrito, por
extraviO d~ respectivo material, constituído de 1 461 boletins de coleta, os quais, de acôrdo com os instrumentos de contrôle, consignavam
7 469 habitantesJ... como população recenseada.
OBSERVAÇAO -A falta de registro de população na scrle do Distrito resulta ou de niio ter sido feita pela Prefeitura Municipal a
oportuna delimitação dos perímetros previstos em lei, ou de deficiência na descrição das divisas, ou ainda de terem os respectivos habi-
tantes sido incluídos em outro quadro, por não apresentar a localidade as características do núcleo populacional.
156 REVISTA BRASILEIRA DOS :tv!UNICÍPIOS
R.B.M. -11
162 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
25. Santa Luzia ..•........ ....... ... 7 270 887 1 006 5 377
461. Santa Luzia . . . . . ........ 7 270 887 1 006 5 377
168 REVISTA BRASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
OBSEEVAÇÃO- A falta de registro de população na sede de Distrito resulta ou de não ter sido feita pela Prefeitura Municipal
a oportuna delimitação dos perímetros previstos em lei, ou de deficiência na descrição das divisas, ou ainda de terem os respectivos ha~
bitantcs sido incluídos em outro quadro, por não apresentar a localidade as características de núcleo populacional.
* A falta. de registro de populacão wt sede do Distrito indica que não foram encontrados habitantes na localidade.
** Incluída no quadro rural a população da sede do Distrito1 em virtude de estar sujeita a deslocamentos motivados pela for·
mação de dunas.
180 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
• No total e no quadro urbano da 2 a Pretoria foram incluídas 4 874 pessoas, correspondentes às tripulações dos navios de guerra
e aos tripulantes c passageiros dos navios mercantes c outras embarcações surtos no pôrto do Hio de Janeiro na data do Recenseamento,
bem como ao pessoal e passageiros dos trens que se destinavam ao Distrito Federal naquela mesma data
EsTATÍSTICA MuNiciPAL 181
* Não está incluída, nos Municípios de Colatina, Conceição da Barra e São Mateus (compreendido todo o Distrito da Barra de
São Francisco) a população da parte em litígio entre os Estados do Espírito Santo e Minas Gerais e que constituiu) para fins ccmsitú.rios
e foi recenseada em separado, a "Região da Serra dos Aimorés".
•• A falta de registro de população na sede do Distrito indica que não foram encontrados habitantes na localidade.
R B M. -13
194 REVISTA BRASILEIRA DOS MuNICÍPIOS
OBSERVAÇÃO- A falta de registro de população na sede de Distrito resulta ou de não ter sido feita pela Prefeitura Municipal
a oportuna delimitação dos perímetros previstos em lei, ou de deficiência na descrição das divisas, ou ainda de terem os respectivos haLí~
tantes sido incluídos em outro quadro 1 por não apresentar a localidade as características de núcleo populacional.
167
1- --------
16 012
159. Campestre 17 483 1 304 167 16 012
REM -14
210 REVISTA BRASILEIRA Dos MuNICÍPIOS
---
* Não está incluída, nos Municípios de Carlos Chagas, Conselheiro Pena (compreendido todo o Distrito de Bom Jesus do Man•
tena) e Itambacuri, a popula(Jão da parte em litígio entre os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo e que constituiu, para fins censi-
tários, tendo sido recenseada em separado, a "Hegião da Serra dos Aimorés".
** A falta de registro de população na sede do Distrito indica que não foram encontrados habitantes na localidade
222 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
7 360
R.B.M. -15
226 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
OBSERVAÇÃO- A falta de registro de população na sede de Distrito resulta ou de não ter sido feita pela Prefeitura Municipal
a oportuna delimitação dos perímetros previstos em lei, ou de deficiência na descrição das divisas, ou ainda de terem os respectivos babi·
taates sido incluídos em outro quadro, por não apresentar a localidade as características de núcleo populacional.
OBSERVAÇÃO- A falta de registro de população na sede de Distrito resulta, ou de não ter sido feita pela Prefeitura Municipal
a oportuna delimitação dos perímetros previstos em lei, ou de deficiência na descrição das divisas, ou ainda de terem os respectivos habi~
tantes sido incluídos em outro quadro, por não apresentar a localidade as características de núcleo populacional
~
185 Boa Sorte 3 821 227 3 476
186 Cordeiro 1 381 116 11 I 1 256
187 Tmá 1 374 2~6 79 l 069
R.B.M. -16
242 REVISTA BHASILEIRA nos MuNICÍPIOS
* A falta de registro de população na sede do Distrito indica que não fora.m encontrados habitantes na localidade
1 041
183. Triunfo 1 567 414 -- 1 153
14 020
215 Sapucaia 4 968 1 343 -~
3 625
416 Anta 2 ~13 698 -~
1 715
217 Apmecida 8 898 218 -
8 680
45 Saquar ema 18 970 852 669 17 449
218. Saquarema 7 577 715 156 (i 706
219 Bacaxá 5 457 77 40 5 340
220 l\Ia to Grosso 5 936 60 473 5 403
46 Sumidouro 9 255 305 8 681
221
2691
Sumidouro 9 255 269 305 8 681
47. Teresópolis 29 594 9 916 -- 19 678
222 Teresópolis 15 175 9 747 - 5 428
223 Paquequer Pequeno 5 874 23 -~
5 851
224 Seba8tiana 8 545 146 ~-
8 399
48. Trajano de Morais 18 404 1 260 - ~
17 144
225 Trajar:o de Morais f 241 728 3 513
226 Doutor Elias 1 782 32 ~~
1 750
227 Monte Cal<' 1 985 - - I 985
228 Ponte da Grama 4 831 58 - 4773
229 Sodrelândia 1 9~6 135 - I 801
230 Visconde rio Imbé 3 629 307 -~
3 322
49 Valença 36 748 12 77B 1 066 22 904
231 \'alença 15 ~180 9m3 701 4 966
232 C'onservatória .1) 193 586 112 4 495
233 Desen~ano 2 807 794 90 1 923
234 Ipiabas 1 121 182 -~
939
235 Pentar;na 4 209 266 47 3 896
236 Hio Prêto 3 250 380 29 2 841
237 Santa Isahel do Hio l'1éto ·t 588 657 87 3 844
50 Vassouras 51 632 15 709 1 952 33 971
238 Vassouras 8 125 4 730 103 . 3 292
239 Andrade l'into 9 088 306 - I 8 782
240 Ferreiros 3 083 110 81 2 892
241 Governadm l'ortela 8 098 2 577 775 4 746
242 Pat,i do Alfe1 es 6 341 1 OD6 297 4 948
243 Itodeio 5 138 2 935 284 I 1 919
244 Sacra Família do Tinguá 3 549 511 2 889
245 Sebastião de Lacerrla 3 692 371 1'19
81í I 3 236
246 Tailchí 4 518 3 073 178 1 267
OBSERVAÇÃO- A falta de registro de populacão na se:lc de Distrito rcsalta ou de não ter sido feita pela Prefeitura Municipal
a oportuna delimitação dos perímetros previstos em lei, ou de deficiência na descrição ths divisàs, 0:1 ainda de terem 03 respectivos habi-
tantes sido incluídos em outro quadro, por não apresentar a localidade as características de núcleo populacional
252 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
41 Taipu 12 066
1.? 066
ml
712
143
143
11 211
11 211
82 Taipu
42 Touros .
83., Touros
671
16 730
12 I 869
691
1 270
746
14 532
11 293
84. Pureza 3 941 1781 524 3 239
EsTATÍSTICA MuNICIPAL 255
-------------------------------
R.B.M. -17
258 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS
46. Palmeira ..... _ .. ... 107 390 4 566 1 956 100 868
195. Palmeira ...... 18 419 1 459 883 16 077
196. Alto Uruguai . ... 6 463 183 51 6 229
197. Campo Novo ..... 7 717 271 58 7 388
198. Erva! Sêco ....... 3 800 88 111 3 601
199. Fortaleza ... .. 5 443 428 248 4 767
200. Frederico Westphalen . 16 665 891 237 15 537
201. Liberdade ........ 4 840 168 68 4 604
202. Redenção ......... .. 13 109 92 34 12 983
203. Santa Teresinha. 11 107 278 19 10 810
204. Santo Augusto . . 5 150 276 42 4 832
205. Tesouras .... 6 336 116 82 6 138
206 Três Passos .... 8 341 316 123 7 902
51. PÕRTO ALEGRE ... 272 232 240 026 22 986 9 220
221. Pôrto Alegre .... 265 500 238 178 21 068 6 254
222. Belém Novo .. 4 482 981 1 297 2 204
223. Pintada ....... .... 2 250 867 621 762
* A divisão distrital dos Municípios de Ijuí e Santo Ângelo é a que consta do volume Divisão Teu itorial dos Estados
Unidos do B1asil, Rio de Janeiro, Serviço Gráfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítir.a, 1940.
EsTATÍSTICA MuNICIPAL 26.5
5 947
76 Ouro 7 275 R07 24 6 944
77, Ponte Sen ada 2 481 206 113 2 162
15 Curitibanos . 20 486 1 169 688 8 629
78. Curitibanos 5 293 833 363 4 097
79 I.ebon Régis 2 544 135 44 2 365
80 Liberata 4 371 37 150 4 184
81. Ponte Alta 2 183 76 32 2 075
82. Santa Cecília 2 557 55 33 2 469
83. São Sebastião 3 538 33 66 3 439
EsTATÍSTICA MuNICIPAL 267
R.B.M. -18
274 REVISTA BRASILEIRA nos MuNICÍPIOs
------------------~=-----------------------------------~~---~
8 222
117. Cedral. .......... . ······ ... 9 918 1 696 ~
8 222
7 101
120. Irapé .... ..... .. 2 718 484 203 2 031
R B M. -19
290 REVJSTA BRASILEJRA DOS MUNJCÍPJOS
OBSERVAÇÃO- A falta de registro de população na sede de Distrito resulta ou de não ter sido feita pela Prefeitura Municipal
a oportuna delimita~ão dos perímetros previstos em lei, ou de deficiência na descrição das divisas, ou ainda de terem os respectivos habi~
tantes sido incluldos em outro quadro, por não apresentar a localidade as ooracterísticas de núcleo populacional.