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Ensino Superior
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Introdução
Você sabe o que é a Matemática? Para que serve a Matemática que você aprendeu até aqui? E
a do Nível Superior que começará a aprender agora, para que serve?
sen ( 2 x ) a 2 b2 a 2 b2 2 log( a b )
1) 2) 3) 4)
4 cos x a b ( a b)( a b) log a log b
Caso você tenha tido dificuldades em responder a uma destas perguntas, esta disciplina o
auxiliará a isso, ou seja, ela vai ajudá-lo a definir corretamente certos entes matemáticos, com uma
linguagem mais precisa e também a usar determinadas propriedades relativas aos conjuntos
numéricos e suas relações. Outro objetivo desta disciplina é fazê-lo despertar para uma visão crítica
da Matemática que teve nos Ensinos Fundamental e Médio, comparando-a com a que vai começar a
ter no Ensino Superior e, também, para que os futuros professores de Matemática (licenciandos) já
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possam ir comparando as formas de ensino que tiveram para esses conteúdos, com possibilidades
para quando forem ensiná-los a seus alunos.
Para isto, nos capítulos I e II teremos um estudo detalhado sobre conjuntos, conjuntos
numéricos e funções reais. No capítulo III, continuaremos a aprofundar as noções de conjuntos
infinitos e enumeráveis. No capítulo IV faremos uma breve revisão de alguns fatos da Geometria
Euclidiana, plana e espacial. Finalmente, no último capítulo, falaremos sobre matrizes,
determinantes e sistemas lineares.
Em geral, a proposta pedagógica deste texto é que o aluno vá construindo seus conhecimentos
novos, a partir daqueles que já traz do nível Básico de Ensino (Fundamental e Médio). Por isso, ela
está repleta de perguntas e problemas, com lacunas para que o próprio discente vá complementando
as informações e, assim, possa exercitar a redação em uma linguagem matemática mais precisa,
desde o seu ingresso no curso. Ela também procura deixar em aberto, algumas questões que serão
discutidas em disciplinas posteriores, para que o aluno vislumbre conexões entre estas.
Esperamos contar com a sua participação e empenho nas descobertas do mundo da
Matemática Superior!
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Capítulo I: Conjuntos e Funções
1. Conjuntos:
Obs.: Nunca escreva coisas como “A={conjunto dos números pares}”! O símbolo {..} já significa o
conjunto cujos elementos estão descritos no interior das chaves. Pode-se escrever: A={números
pares} ou A={2n nZ}.
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1.1. O conjunto vazio:
Este conjunto é designado pelo símbolo e é sempre intrigante. É aceito como conjunto
porque tem a função muito útil de simplificar as proposições, evitando menções tediosas de
exceções.
Qualquer propriedade contraditória serve para definir o conjunto vazio. Por exemplo:
= {x x x}.
Em muitas situações da Matemática, é importante saber que um determinado conjunto S não é
vazio. Para mostrar isso, deve-se exibir um objeto x, tal que xS.
B
A
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Observações:
i) Quando se deseja mostrar matematicamente que dois conjuntos A e B são iguais, mostra-se que A
B e que B A.
ii) A propriedade transitiva da inclusão é a base do raciocínio dedutivo, sob a forma que
classicamente se chama de silogismo. Por exemplo: “Todo ser humano é um animal. Todo
animal é mortal. Logo, todo ser humano é mortal”. Na linguagem dos conjuntos: H={seres
humanos}, A = {animais} e M = {mortais}. Temos: H A e A M. Logo, H M.
iii) Se a é um elemento do conjunto A, a relação aA pode também ser escrita sob a forma {a}A.
Mas é incorreto escrever a A ou {a}A.
iv) Em Geometria, uma reta, um plano e o espaço são conjuntos. Seus elementos são os pontos.
Assim, se r é uma reta contida no plano , escreve-se r .
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Exemplo: Se A={números inteiros maiores que 10} e B={números inteiros menores do que 20},
tem-se: A={xZx>10} e B={xZ x<20}. Logo: AUB=Z, isto é, “todo número inteiro é maior do
que 10, ou menor do que 20”.
Valem as seguintes propriedades para a união e interseção:
i) A B=BA e AB=BA (comutativa).
ii) (AB)C = A(BC) e (AB)C= A(BC) (associativa).
iii) A(BC) = (AB)(AC) e A(BC) = (AB)(AC) (distributiva).
iv) AB=B AB AB=A.
v) (AB)c = AcBc e (AB)c = AcBc.
Exercício: tente redigir uma demonstração para cada uma das propriedades acima.
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dramaturgo x escreveu a peça y, e podemos denotar que o par (x,y) pertence à relação, isto é, x se
relaciona com y, quando x escreve a peça y. Assim, podemos usar a notação:
R={(x,y)/ x escreveu y} e R será um subconjunto de AB (R AB).
Assim, definimos: se A e B são conjuntos não-vazios, uma relação binária (ou simplesmente
relação) de A em B é um subconjunto qualquer de AB.
Observação: quando A=B, dizemos que R é uma relação sobre A (R AA).
Outros exemplos:
1) Sejam A={0,1,2} e B={a,b,c}. R={(0,a), (0,b), (0,c)} é uma relação de A em B.
2) Se A=B=N, definimos R={(x,y) N / x é divisível por y}. Os pares: (15,3)R, (15,5)R,
pois 15 é divisível por 3 e é divisível por 5 (podemos também denotar: 15 R 3 e 15 R 5:
lê-se: “15 se relaciona, por R, com 3”).
3) R= é uma relação em qualquer conjunto AB.
Definição: Seja A um conjunto não-vazio e R uma relação sobre A (R AA). Dizemos que:
R é reflexiva, quando para todo x em A, o par (x,x)R (ou xRx, xA).
R é simétrica, quando, para todo par (x,y)R, o par (y,x)R (ou: se xRy, então yRx).
R é transitiva, quando (x,y)R e (y,z)R implica que (x,z)R (ou: se xRy e yRz, então
xRz).
R é antissimétrica quando (x,y)R e (y,x)R implica necessariamente que x=y (ou, se
xRy e yRx, então x=y).
Exemplos:
1) A relação R= não é reflexiva, para qualquer conjunto A não-vazio. Pois se xA,
(x,x)R.
2) A relação R={(-1,1), (-1,-1), (2,3), (0,0)} em Z, não é reflexiva, pois existem muitos
números inteiros x, para os quais o par (x,x)Z. Também não é simétrica, pois o par (-
1,1)R, mas (1,-1)R. Por outro lado, ela é antissimétrica, já que se xRy e yRx, então x=y
(vale para os pares (-1,-1) e (0,0) e não há nenhum outro par em que xRy e yRx, com x≠y).
Finalmente, R também é transitiva, pois o único caso em que xRy e yRz é satisfeito com os
pares (-1,-1) e (-1,1), que satisfaz xRz (-1 R 1).
Definição: uma relação R não-vazia, em A≠, será dita relação de equivalência, se R for
reflexiva, simétrica e transitiva.
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Exemplos:
1) Se A={a,b,c} e R={(a,a), (a,b), (b,a), (b,b), (c,c)}. Então R é relação de equivalência.
Exercício: Justifique.
2) Se A={a,b,c,d} e R={(a,a), (a,b), (a,d), (b,a), (d,a), (b,b), (b,d), (d,b), (c,c)}, então R não é
reflexiva (logo, não é de equivalência). Verifique se R é simétrica, transitiva ou
antissimétrica.
3) Seja A={triângulos no plano euclidiano} e seja R={(x,y)AA/ “x é semelhante a y} é
uma relação de equivalência.
Exercício: Justifique.
4) Seja R={(x,y)ZZ/ “x-y é divisível por 3”}. Então R será:
1
Alguns autores incluem o zero como natural. Por motivo histórico, definimos esse conjunto a partir do número um.
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d) Seja X um conjunto de números naturais (isto é, X N). Se 1X e se, além disso, o
A u
Pode ser que o segmento unitário não caiba um número exato de vezes em AB . Então a
medida de AB não será um número natural. Esta situação conduz à ideia de fração. Procurando-se
um pequeno segmento de reta w, que caiba n vezes no segmento unitário u e m vezes em AB , então
a medida de w será de 1/n e de AB será m/n.
B w=1/2 u
w AB = 7w = 7/2 u
A
u
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-2 -1 O 1 2 3
5/2
u
w
Temos: N Z Q.
Obs.: O conjunto dos números complexos é definido a partir dos números reais e é
constituído por números da forma a+bi, onde a,b e i 1 é a unidade imaginária.
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9) Prove por indução:
n( n 1)( 2n 1)
a) 12 22 32 ... n 2 , n .
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b) a>0 an>0, n.
c) 22n-1.3n+2+1 é divisível por 11, n.
d) 32n+1+2n+2 é divisível por 7, n.{0}.
e) 22n+15n-1 é divisível por 9, n.
10) Sejam a,b,c N={1,2,3...}, números sem divisores comuns tais que a2+b2=c2. Mostre
que ou a é par, ou b é par.
11) Mostre que o quadrado de um número ímpar é da forma 8q+1, onde q.
12) Definimos uma relação R, sobre um conjunto E, como sendo o subconjunto de EE:
R={(x,y): xE e yE}. Dizemos que R é uma relação reflexiva se xE, o par (x,x)R
[também se denota x R x]. Dizemos que R é simétrica se, (x,y)R (y,x)R [i.é., se xRy,
então yRx]. E dizemos que R é transitiva se (x,y)R e (y,z)R (x,z)R [i.é., se xRy e yRz,
então xRz]. Finalmente, dizemos que R será uma relação de equivalência se for reflexiva,
simétrica e transitiva em E.
a) Se E={a,b,c}, quais das relações abaixo são de equivalência?
R1={(a,a), (a,b), (b,a), (b,b), (c,c)}
R2={(a,a), (a,b), (b,a), (b,b), (b,c)}
R3={(a,a), (b,b), (b,c), (c,b), (a,c), (c,a)}
R4= EE
R5=
2. Problemas:
1. Uma pessoa vai tomar banho. Ela enche a banheira, entra nela, lava-se, sai da banheira e
escoa a água.
a) Qual dos gráficos abaixo mostra melhor o que acontece com o nível da água na banheira?
b) O que está errado com cada um dos outros gráficos?
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c) Se y representa um momento do banho e x a altura do nível de água na banheira, é
possível definir uma função com as variáveis x e y? Há uma expressão algébrica que
pode denotar essa função? Qual?
x x
Altura da Altura da
água água
Tempo y tempo y
A B
Altura da x Altura da x
água água
tempo y tempo y
C D
2. Um menino quer aumentar sua coleção de selos. Foi ao correio e obteve do funcionário a
seguinte resposta: “Você poderia entregar encomendas a domicílio. Na primeira entrega eu
lhe daria dois selos. Em cada entrega seguinte, eu lhe daria o dobro da entrega anterior. E,
se sua resposta for afirmativa, você já ganhará um selo”. O menino resolveu pensar.
Pergunta-se: quantos selos o menino receberia para fazer a sexta entrega?
3. Em uma determinada localidade, uma empresa de táxi cobra a seguinte tarifa: R$2,00 por
bandeirada e R$3,00 por km rodado. Uma outra empresa cobra R$3,00 por km rodado e
não cobra bandeirada. Qual empresa é mais vantajosa? Esboce os gráficos das duas tarifas
no mesmo sistema cartesiano. E se a segunda empresa cobrasse R$3,50 por km rodado,
sem cobrar a bandeirada, o que aconteceria?
4. É preciso construir um tanque sem tampa em forma de prisma reto de base quadrada, para
conter um volume de 125 m3. O custo, por m2, da base é de R$80,00 e o custo, por m2, dos
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lados é de R$40,00. Expresse o custo total do tanque em função do comprimento x dos
lados da base. Quais devem ser as dimensões do tanque a fim de minimizar os custos?
5. Escreva, a seguir, a definição de função na forma que você julga mais adequada
para apresentar no Ensino Médio. O que ela tem em comum com estas duas
definições históricas?
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6. Quais são as duas condições essenciais para que uma relação seja função?
8. Existe função que não se representa por uma expressão algébrica? (Cite exemplo).
9. Existem funções cujo domínio não é o conjunto dos números reais? (Cite exemplo).
10. Existem funções cujo domínio não é um conjunto numérico? (Cite exemplo).
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Entre os gregos, as tabelas que faziam a conexão entre a Matemática e a Astronomia,
trazem evidências maiores de perceberem a ideia de dependência funcional. (Youschkevitch,
1976).
Segundo Boyer (1968), há indícios de ideias primárias de função anteriores a 1361,
quando Nicole Oresme, na França, descreveu graficamente um corpo movendo-se com
aceleração uniforme no tempo. Porém, o trabalho de Oresme resumia-se, ainda, a aspectos
qualitativos, sem se utilizar de medidas. (Youschkevitch, 1976).
Para Youschkevitch (1976), há três fases principais do desenvolvimento da noção de
função:
1) A antiguidade, na qual o estudo de casos de dependência entre duas quantidades
ainda não havia isolado as noções de variáveis e de função;
2) A Idade Média, onde as noções eram expressas sob uma forma geométrica e
mecânica, mas em que ainda prevaleciam, em cada caso concreto, as descrições
verbais ou por um gráfico;
3) O período Moderno, a partir do século XVII, principalmente.
Galileu Galilei (1564-1642) contribuiu para a evolução da ideia de função, ao introduzir
o quantitativo nas suas representações gráficas. O advento de instrumentos de medida
propiciaram a busca por resultados inspirados na experiência e na observação. Seu principal
interesse estava no estudo dos movimentos, efetuando medidas para constatar a velocidade, a
aceleração e as distâncias percorridas pelos corpos.
Já Descartes (1696-1650) utilizou-se de equações em x e y para introduzir uma relação
de dependência entre quantidades variáveis, de modo a permitir o cálculo de valores de uma
delas, a partir dos valores da outra.
Entretanto, compreendemos que foi a partir dos trabalhos de Newton (1642-1727) e
Leibniz (1646-1716), que as primeiras contribuições efetivas para o delineamento do conceito
foram propostas.
Newton usava o termo “fluentes” para descrever as suas ideias sobre funções, e estas
encontravam-se bastante ligadas à noção de curva e a “taxas de mudança” de quantidades
variando continuamente. Newton desenvolveu também uma grande habilidade em expressar
estes “fluentes” em termos de séries infinitas, para o cálculo de comprimentos, áreas,
volumes, distâncias, temperaturas.
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Leibniz usou o termo “função” na década de 1670, para se referir a “certos segmentos
de reta cujos comprimentos dependiam de retas relacionadas a curvas”. Logo depois, o termo
foi usado para se referir a quantidades dependentes ou expressões (Itô, 1987).
Nota-se que as primeiras definições do conceito revelam um certo encantamento pela
álgebra, onde a função era dada por uma expressão algébrica, como veremos a seguir, na
definição dada por Jean Bernoulli (1667-1748) (Sierpinska, 1992, p. 45):
Este matemático, assim como seu irmão Jaques Bernoulli, estava interessado em
funções que fossem bem comportadas, devido à natureza dos problemas para os quais
contribuiu. Estudou curvas como a catenária e funções exponenciais simples: y=ax , e gerais:
y=xx. Para esta última, propôs também sua expansão em séries de exponenciais. Jean
experimentou várias notações para uma função de x, cuja mais próxima da notação moderna é
“x ” (Boyer, 1968).
Outra definição interessante é a de Leonard Euler (1707-1783), que foi discípulo de
Jean Bernoulli: “Uma função de uma quantidade variável é uma expressão analítica,
composta de alguma maneira desta mesma quantidade e números ou quantidades constantes.
Assim, qualquer expressão analítica a qual, além da variável z, contém também quantidades
constantes, é uma função de z. Por exemplo: a+3z; az-4zz; az+b/aa-zz; cz, etc, são funções de
z.”
Euler, a partir de seu “Introductio in analysin infinitorum”, de 1748, organizou o
cálculo diferencial (Boyer, 1968, p.485). A partir daí, a ideia de função tornou-se
fundamental, enquanto esteve implícita na Geometria Analítica de Fermat e Descartes, assim
como nos estudos de Newton e Leibniz.
Entretanto, a definição dada por Euler falha ao não explicitar o que é uma “expressão
analítica”. Mas não se deve deixar de observar que este matemático trouxe grandes
contribuições para a linguagem simbólica e as notações que utilizamos hoje, entre elas, o
“f(x)” para denotar uma função de x (além da letra e, para a base de logaritmos naturais,
para o perímetro da circunferência dividido por seu diâmetro, i para 1 , para somatório,
etc.).
A imprecisão da definição de limite de uma função proposta por Euler, que se utilizava
de ideias dúbias sobre os diferenciais, parece refletir a própria imprecisão em sua definição de
função e de variável. Segundo Euler, os diferenciais eram símbolos para “quantidades que
são zero” e também “quantitativamente diferentes de zero”. Esta sua proposta foi criticada por
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D’Alembert, o qual tentou melhorar o conceito de limite, mas esta questão só foi bem
resolvida no século XIX (Boyer, 1968).
Um outro detalhe interessante que, a nosso ver, pode ter indiretamente contribuído para
o aperfeiçoamento da definição de função (e, particularmente, para a de funções logarítmicas
e exponenciais), é que Euler foi quem esclareceu que os logaritmos de números negativos não
são números reais. Isto era bastante confuso, até então, e acabou por levar a se pensar em
restrições para os domínios destas funções e para as bases consideradas. Euler também
trabalhou com as funções seno e cosseno para números complexos, o que, juntamente com os
estudos de D’Alembert a este respeito, serviram como antecipação de um ambiente favorável
para o desenvolvimento da teoria de funções de variáveis complexas de Cauchy, no século
XIX.
Outra definição de função interessante é a do matemático francês Jean-Louis Lagrange
(1736-1813): “Chama-se função de uma ou várias quantidades toda expressão de cálculo na
qual estas quantidades entram de uma maneira qualquer, misturadas ou não com outras
quantidades, que se vêem como valores dados e invariáveis, de modo que as quantidades da
função podem receber todos os valores possíveis. Assim, nas funções considera-se somente as
quantidades que se consideram variáveis, sem consideração às constantes que podem estar aí
misturadas.”
Lagrange utilizou as notações f’(x), f”(x), ..., f n(x) para a 1ª. , 2ª., ..., n-ésima derivadas
de uma função f(x). Também trabalhou com a expansão de funções em séries de potências,
mas deixou lapsos quanto à convergência destas séries e também no estudo de funções que
não eram expressas em séries infinitas. (Note-se, aqui, que sua definição de função tem o
cuidado de incluir funções de várias variáveis).
Outro matemático francês foi Augustin Cauchy (17..-1857), que influenciou
marcadamente a Matemática do início do século XIX. A definição de função, segundo
Augustin Cauchy, era : “Chamam-se funções de uma ou várias quantidades variáveis às
quantidades que se apresentam, no cálculo, como resultados de operações feitas sobre uma
ou várias outras quantidades constantes ou variáveis”.
Apesar dessa sua definição ainda imperfeita para o conceito de função, a teoria de
funções de uma variável complexa foi desenvolvida por Cauchy a partir de 1814. Pode-se
observar algumas similaridades do trabalho de Cauchy com o de Bolzano (1781-1848). Este
último, por volta de 1840, parecia reconhecer que os números reais não são enumeráveis, ou
seja, que seu “infinito” é diferente daquele dos conjuntos de números naturais e inteiros.
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Enquanto Newton, à sua época, preocupava-se com curvas geradas por movimentos
suaves e contínuos, Bolzano, em 1834, apresentava uma função que era contínua, mas que
não era diferenciável em nenhum ponto do intervalo em que se definia. Este exemplo passou
despercebido, até ser redescoberto e difundido por Weierstrass (1815-1897).
Esta foi a época em que despontaram os trabalhos de Ampère, Poisson e Fourier, que
tinham também interesse em magnetismo e outros assuntos da Física.
Para Fourier, qualquer função y=f(x) poderia ser representada por uma série do tipo:
1
y a 0 (a n cos nx bn sen nx) , e esta conferiria maior generalidade ao tipo de função
2 n 1
2
Para toda divisão dos números racionais em duas classes A e B, tais que cada número da primeira classe, A, é
menor do que todo número da segunda classe, B, existe um só número real produzindo este ‘Schnitt’, ou corte de
Dedekind. Se A contém um ponto de máximo como elemento, ou B contém um mínimo, então o corte define um
número racional. Caso contrário, o corte define um número irracional. (Boyer,1968)
20
colocados em correspondência 1 a 1 com os números reais), o conjunto dos números reais
mostrou-se realmente como uma construção intelectual humana.
Ainda no ano de 1872, aparece a definição precisa de um conjunto infinito, dada por
Dedekind (quando um de seus subconjuntos próprios está em correspondência biunívoca com
o conjunto dado). Cantor também apresentou contribuições sobre a noção de “infinito”,
mostrando que os infinitos dos naturais e dos reais não são os mesmos.
Uma definição de função, que é usada atualmente nos meios matemáticos e científicos,
e que foi proposta em 1939, é a de Bourbaki. (Este era o pseudônimo utilizado em
publicações de um grupo de matemáticos do qual participavam André Weil e Jean
Dieudonné). Eis a definição:
Uma função é uma tripla ordenada (X,Y,f), onde X e Y são conjuntos e f é um
subconjunto de XY, tal que, se (x,y)f e (x,y’)f, então y=y’. (Sierpinska, 1992, p.30)
A obra de Bourbaki está caracterizada por um tratamento axiomático e uma forma
rigidamente abstrata. A sua ênfase na estrutura acarretaria economia de pensamento, o que
parece ter sido levado em conta nas reformas educacionais propostas pelo movimento da
Matemática Moderna, na década de 60 (Boyer, 1968, p.675).
Com esta definição mais geral, e com a eliminação dos problemas lógicos que
envolviam a construção do conjunto dos números reais, é possível elaborar, hoje, funções
muito mais abrangentes. Por exemplo, aquelas usadas no sentido de “aplicações”, definidas
em conjuntos quaisquer, ou em estruturas da Álgebra, onde os domínios e imagens são
“grupos”, “corpos”, “anéis”, etc. Dentro da própria Análise, o conceito se estende à ideia de
“funcional”, quando o seu domínio é um espaço de funções, ou seja, quando temos, a grosso
modo, “função de funções”. As próprias sequências, numéricas ou mais gerais, passam a ser
vistas como exemplos de funções, cujo domínio é o conjunto dos números naturais.
-20 2 10 20 t (min)
21
-40
a) qual é a lei que descreve essa evolução nos dois primeiros minutos? E nos oito minutos
seguintes? E nos dez minutos que se seguem?
b) O que significam as diferentes inclinações dos três segmentos que compõem o gráfico?
c) As concavidades destas parábolas estão voltadas para cima ou para baixo? Por quê?
d) Todas estas parábolas têm o mesmo eixo de simetria? Se sua resposta for afirmativa,
diga qual é esse eixo.
5.3. A seguir, são apresentados os gráficos que fornecem os alongamentos, em cm, de duas
molas, em função das forças em gf, exercidas em suas extremidades.
Along. (cm)
50 Mola 2
40
30 Mola 1
20
10
a) Qual é a mola mais fraca (i.e. aquela que se alonga mais facilmente) ?
b) Qual é a lei de cada uma dessas funções, representadas nos gráficos acima?
22
5.4. Considere as três funções dadas por :
t t t
i) x = ; ii) x = -3 e iii) x = +2
2 2 2
a) Para cada uma delas, a cada unidade que se aumente no valor de t, como aumentam os
valores de x?
b) As três retas representativas dos gráficos dessas funções têm mesma declividade?
c) Faça os gráficos dessas funções num mesmo sistema cartesiano;
d) O que acontece nos 3 casos acima se o coeficiente angular passa a ser - 1?
t
e) Compare i) com os casos onde o coeficiente angular é 2 ( i.e. x = e x = 2t)
2
5.5. Construa, num mesmo sistema de eixos cartesianos, os gráficos das funções de em :
y = 1 x2 y = 1 (x – 2)2 y = 1 (x + 2)2.
5.6. Construa, num mesmo sistema de eixos cartesianos, os gráficos das funções de em :
1 2
z = 3y2 z = y2 z= y
3
23
5.7.2. Uma função f: , dada por y = ax, chama-se função linear (onde a , a 0).
Como é o gráfico de uma função linear de domínio ?
5.7.3. Uma função f: chama-se afim, quando existem constantes a,b tais que
f(x)=ax+b, x .
Como é gráfico de uma função afim de domínio ?
5.7.4. Uma função f: , dada por f(x)=y = ax2+bx+c (a,b,c , com a 0),
chama-se função quadrática ou função do 2.ograu.
Como é o gráfico da função quadrática?
24
Exercício: Calcule a taxa de variação da função quadrática no intervalo [x,x+h], com
h0. Ela depende de x? Compare com o caso da função afim.
5.7.5. Uma função f: é uma função poligonal, quando existem to < t1 < ... < tn
tais que, para x to, para x tn e em cada um dos intervalos [ti-1, ti], f coincide
com uma função afim fi. Ou seja:
f 0 ( x), se x t 0
f ( x), se t x t
f ( x) 1 0 1
, onde cada fi é uma função afim.
f n1 ( x), se x t n
5.7.6. Uma função p: é uma função polinomial quando existem números reais ao,
a1,...,an tais que, para todo x , tem-se:
p(x) = an xn + an-1 xn-1 + ... + a1x + ao
Se an 0, dizemos que p tem grau n.
5.7.7. Faça um esboço dos gráficos das funções abaixo, atribuindo 10 valores para as
abscissas:
z = t3 z = t4
25
z = t3-2 z = t4 + 2 z = (t-1)4 z = (t+1)4
c * **
0 -b/a
(b 2 4ac)
yv = - = - , onde =b2-4ac.
4a 4a
26
Se a>0, a concavidade da parábola que a representa é para cima.
Se a<0, a concavidade é para baixo.
Justificativa:
y = ax2+bx+c = a(x2+b/a x)+c (note que a0)
2bx b 2 b2 b
2
(b 2 4ac)
y = a x 2 2
4a c a x
2 a 4a 2 a 4 a
2
b
y = a x .
2a 4a
Se a>0, como o termo entre parênteses está ao quadrado, ele é positivo ou nulo.
Então, nesse caso: y ( y v ), x . (Isto é, toda imagem é superior a yv -
4a
ele é valor mínimo – e a parábola só pode ter concavidade para cima).
Se a<0, pelo mesmo argumento se conclui que y ( y v ), x . (Isto é,
4a
toda imagem é inferior a yv – ele é valor máximo - e a parábola só pode ter
concavidade para baixo).
1. Determine a função representada pela reta r, na figura abaixo, dado que a área do
trapézio destacado é 6 u.a.
y r
(6,4)
0 4 6 x
3. Diga quais dos gráficos abaixo podem representar funções. Nos casos afirmativos,
determine o domínio e a imagem. Informe também se tais funções são injetoras,
sobrejetoras ou bijetoras.
y y y
10
9/7
7
0,5 1 5
1 7 x 2 6 x 27
(A) (B) 1 3 5 x
(C)
4. Uma empresa aérea vai vender passagem para um grupo de 100 pessoas. Ela cobrará
desse grupo, 2.000 dólares por passageiro embarcado, mais 400 dólares por passageiro
que não embarcar. Pergunta-se:
a) Qual é a relação entre a quantidade de dinheiro arrecadado pela empresa e o
número de passageiros embarcados?
b) Quanto arrecadará a empresa se viajarem somente 40 passageiros?
c) Quantos passageiros viajarão se a empresa só conseguir arrecadar 96.000
dólares?
15
30
7. Prove que:
a) a função f: X Y é injetora se, e somente se, existe uma função g: Y X tal
que g(f(x))=x, para todo xX.
b) a função f: X Y é sobrejetora se, e somente se, existe uma função h: Y X
tal que f(h(y))=y, para todo yY.
8. A escala de temperaturas N, abaixo, foi feita com base nas temperaturas máxima e
mínima de Nova Iguaçu. A correspondência com a escala Celsius é dada pela tabela ao
lado. Em que temperatura ferve a água na escala N?
N C
0 18
100 43
28
9. Uma caixa d’água de 1.000 litros tem um furo no fundo, por onde escoa a água a uma
vazão constante. Ao meio dia de certa data, ela foi cheia e, às 6h da tarde desse dia, só
tinha 850l. Quando ela ficará pela metade?
6.3. Uma função f: A B será bijetora se ela for, simultaneamente, injetora e sobrejetora.
OBSERVAÇÕES GERAIS:
i) O gráfico de uma função bijetora f, e o gráfico de sua função inversa f –1, são
simétricos em relação à reta y = x.
ii) Espera-se que, ao analisar os problemas e exercícios referentes à construção e
interpretação de gráficos, você perceba que:
a) O crescimento e decrescimento da função de 1.o grau depende exclusivamente do
coeficiente angular a.
b) Uma função de 1.o grau é bijetora.
iii) As raízes ou zeros de uma função são os valores das abscissas que correspondem à
ordenada zero (i.é, correspondentes a y=0).
29
Para a função de 1.o grau, atribuímos a y o valor zero e resolvemos a equação ax + b = 0
b
x=- (a 0).
a
b
No gráfico de y = ax + b, a raiz x = - corresponde à abscissa onde a reta intercepta
a
o eixo Ox.
iv) Uma função de 1.o grau crescente assume valores positivos para todo x maior que a
raiz, e valores negativos, para todo x menor que a raiz. O inverso ocorre com uma
função 1.o grau decrescente.
7. Composição de Funções:
Sejam f : A B e g : B C duas funções. Definimos g f : AC por
g f ( x) g ( f ( x)), x A . ( “qualquer que seja ou para todo”). Afirmamos que g f é
uma função, pois para todo x em A, existe um único elemento f(x) em B (pois f é função) e
como g também é função de B em C, g(f(x)) determina um valor único em C. Logo, para todo
x em A, g f (x ) define um único valor em C.
Chamamos g f de função composta de g com f. Observe que o domínio da função g é
o contradomínio de f (na verdade, basta que CD(f) seja subconjunto de B, isto é, g seja
aplicável em qualquer possível imagem de f).
Exemplos:
1) Sejam f e g funções dadas pelos diagramas abaixo:
f g
A B C
a x d
y e
b
z h
c w i
Temos:
g f (a ) g ( f (a )) g ( y ) e
g f (b) g ( f (b)) g ( x) d
g f (c) g ( f (c)) g (w) i
2) Se h( x ) cos(4 x 5) , podemos dizer que f ( x) 4 x 5 e g ( x) cos x e teremos
que g f ( x) h( x), x . Verifique!
30
x2
3) Se f ( x ) e g ( x ) 2 x , determine g f ( x) e f g ( y ) .
2
4) Se k ( x ) 2sen( x 4 2 x 2 1) , determine as funções para as quais k(x) é uma
composição.
Se p( x ) x 4 2 x 2 1 e g ( x ) 2senx, então :
g p( x ) g ( p( x )) g ( x 4 2 x2 1) 2sen( x 4 2 x 2 1) k ( x ) .
8. A função inversa:
Seja f : A B uma função bijetora. Então, sempre existirá g : B A tal que
f g ( y ) y, y B e g f ( x) x, x A . Chamamos g de função inversa de f e
denotamos por g f 1 .
Exemplo: Se f : A a , b, c, d B x, y , z , w é tal que f(a)=y, f(b)=z, f(c)=w e
Logo: g f 1 e f g 1 .
31
Capítulo II: Algumas Funções Especiais
1. Funções Modulares:
x, se x 0
1.1. Definição: definimos a função modular f : por f ( x ) x .
x, se x 0
O gráfico da função modular é uma poligonal:
y= x
f(x) g ( x) f ( x)
x x
32
1.4. Exercícios sobre funções e funções modulares:
1) João está crescendo. Sua altura, nos dias de seu aniversário, é dada pela tabela abaixo.
Qual a variação média da altura de João durante os 4 primeiros anos de sua vida? E nos
últimos 4 anos? Em que período é maior a taxa de crescimento?
2) A figura abaixo mostra o número de fazendas (em milhões), nos EUA, entre 1940 e
1990. Avalie a taxa média de variação do número de fazendas entre 1950 e 1970.
4
nº faz.
0
1940 1950 1960 1970 1980 1990
ano
33
Vale a propriedade fundamental: para quaisquer m e n inteiros e positivos, então:
am.an=am+n.
De fato:
( a.a...a )( a.a...a ) ( a.a....a.a.a )
Da definição, teremos: a m .a n a mn .
( m vezes )( n vezes ) ( m n ) vezes
Se quisermos definir a0, com a>0, de modo que a propriedade acima continue válida,
seremos obrigados a convencionar que a0=1, para que: a 0 .a n a 0 n a n e, de fato:
a 0 a n / a n 1.
Para estendermos a noção de potências para expoentes negativos, mantendo-se, ainda, a
validade da propriedade fundamental, devemos ter:
a n .a n a n n a0 1 , donde: a n 1 .
an
Evidentemente, a relação fundamental vale para o produto de várias potências com
expoentes inteiros: a m .a n .a p .a q a m n p q . Em particular, tomando um produto de p fatores
a m .a m ...a m
iguais a am, obteremos: ( a m ) p a mp .
( p vezes )
Definição: dado o número real a>0 e um número inteiro q>0 (note que até o momento,
q
a é sempre positivo), o símbolo a representa o número real positivo cuja q-ésima potência
é igual a a, ou seja, é a única raiz positiva da equação xq-a=0.
a 0 e ( a )q a .
q q
Portanto:
p
q
Por extensão, definiremos a , onde p,q são inteiros e q>0, de modo a manter as
p
q
propriedades anteriormente válidas. Logo: a deve ser o número real cuja q-ésima potência
p 1
a p . Em particular: a a.
q q q
é igual a ap, isto é, a q
Assim, dado a (a>0), sabemos definir, até o momento, a potência ar, para
qualquer número r inteiro positivo, nulo, negativo, ou r fracionário. Resta-nos, então, definir
ar, para r irracional.
Vamos fazer isto por aproximação, de forma que a exponencial não dê “saltos”, ou seja,
em linguagem matemática, que ela represente uma função contínua. (Você aprenderá esse
conceito na disciplina de Cálculo I).
Por exemplo, como definir a?
34
Sabemos que admite uma sequência de números racionais que se aproxima cada vez
mais dele: 3,14; 3,1416; 3,14159; 3,141592; 3,1415926, ... .
Assim, para a>0, sabemos definir:
314 31416
a 3,14
a 100
; a .... a (números reais que se aproximam cada vez mais de a).
10000
E pode-se constatar que esses valores ficam cada vez mais próximos. Então, a será o
valor real para o qual se aproximam todas essas potências. Em notação de limite, que você
pn
q p
também aprenderá no curso de Cálculo I, a lim a n
, onde n é uma sequência de
n
qn n 1
racionais que se aproximam de quando n.
Isto é possível (ou seja, a existência desse número limite), por uma propriedade do
conjunto dos números reais, chamada de “completude”, sobre a qual você aprenderá na
disciplina de Análise.
p
q
Observação: vejam que não é possível definir sempre a , quando a base a for
negativa!
Exercício: Explique por quê.
Assim, definiremos a função f(x)=ax, para um dado a>0, a≠1, como sendo aquela que
associa a cada valor x , a potência y=ax, que também é um número real.
Exercício: Tente explicar por que excluímos a=1.
a>1 0<a<1
y=ax y=ax
1
1
0 x 0 x
Se a 1 : Se 0 a 1 :
a x 0, quando x a x 0, quando x
a x , quando x
a x , quando x
35
Exercício: Explique por que ocorre o comportamento acima.
Existem diversas mitologias associadas à criação do xadrez, sendo uma das mais
famosas aquela que a atribui a um jovem brâmane indiano, chamado Lahur Sessa. Segundo a
lenda, contada em O Homem que Calculava, do escritor e matemático brasileiro Malba Tahan
(Júlio César de Mello e Souza), numa província indiana chamada Taligana, havia um
poderoso rajá que havia perdido o filho em batalha. Ele sentia-se em constante depressão e
passou a descuidar-se de si e do reino.
Certo dia, o rajá foi visitado por Sessa, que lhe apresentou um tabuleiro com 64 casas
brancas e negras intercaladas, com diversas peças que representavam a infantaria, a cavalaria,
os carros de combate, os condutores de elefantes, o principal vizir e o próprio rajá. Sessa
explicou que a prática do jogo daria conforto espiritual ao rajá, que finalmente encontraria a
cura para a sua depressão, o que realmente ocorreu.
Este último, agradecido, insistiu para que Sessa aceitasse uma recompensa por sua
invenção e o brâmane pediu simplesmente um grão de trigo para a primeira casa do tabuleiro,
dois para a segunda, quatro para a terceira, oito para a quarta e assim sucessivamente, até a
última casa. Espantado com a modéstia do pedido, o rajá ordenou que fosse paga
imediatamente a quantia em grãos que fora pedida.
Depois que foram feitos os cálculos, os sábios do reino ficaram atônitos com o resultado
que a quantidade de grãos havia atingido, pois, segundo eles, toda a safra local, durante 2.000
36
anos, não seria suficiente para cobri-la. Impressionado com a inteligência do brâmane, o rajá
convidou-o para ser o principal vizir do reino, e foi perdoado por Sessa de sua grande dívida
em trigo3.
3
Fonte: Wikipédia
37
iii) loga ( r.s ) loga r loga s (o log transforma multiplicação em soma).
De fato: Sejam m loga ( r.s ) ; p loga r e q loga s . Queremos mostrar que m=p+q.
Gráfico do logaritmo:
Observação: o gráfico de uma função inversa a f será simétrico ao gráfico de f, com
relação à bissetriz dos quadrantes ímpares. Assim:
0<a<1
a>1
y loga x
y log a x
0 1 x
0 1 x
Observação: quando a=10, escrevemos apenas log x log10 x (logaritmo na base 10).
38
Esta função também pode ser definida como sendo uma área abaixo de uma curva,
variando com x, do seguinte modo:
y=1/x
0 1 x0 x
A(x0) é a área abaixo da curva y 1 x , entre as retas y=0, x=1 e x=x0. É possível
mostrar que A(x) assim definida satisfaz às propriedades da função logaritmo e então será
definida como o logaritmo natural (ln). Isto será visto em maiores detalhes em seu curso de
Cálculo I.
Observação: Uma forma de se encontrar o número de Euler e é através da sequência:
n
1
1 , fazendo-se n (natural) crescer tanto quanto se queira, isto é n.
n
n
1
Dizemos que e lim 1 e este é conhecido como o segundo limite fundamental,
n
n
no Cálculo. Se fizermos algumas aproximações, teremos:
2 10 1000
1 1 1
(1 1)1 2 ; 1 2,25 ; ... 1 2,59 ; ... 1 2,71692 ;
2 10 1000
10000
1
1 2,7181 ...
10000
3. Funções trigonométricas:
3.1. O Teorema de Pitágoras:
C b A
Demonstração: Construímos o triângulo retângulo ABC, como na figura abaixo,
justaposto de outro triângulo ADE, idêntico ao primeiro, porém rotacionado de 90° e
de forma que A, C e D estejam alinhados.
D b E
a
c
β
A
c
b
C a B
C3
C2
C1
C
A B B1 B2 B3 40
Consideremos o ângulo formado pelas semirretas AB e AC ( BAˆ C ). Por
construção, os triângulos ABC, AB1C1, AB2C2, AB3C3, ... são todos retângulos e possuem o
ângulo comum. Logo, são semelhantes (caso AAA).
Assim, definimos pelas razões de semelhança:
BC B1C1 B2C2
sen ... , o chamado seno do ângulo (cateto oposto a pela
AC AC1 AC2
hipotenusa, em cada triângulo. Note que a razão será sempre a mesma, independentemente
dos tamanhos dos triângulos).
AC AB1 AB2
cos ... , o cosseno do ângulo (cateto adjacente a pela
AC AC1 AC2
hipotenusa).
BC B1C1 B2C2
tg ... , a tangente do ângulo (cateto oposto a pelo cateto
AB AB1 AB2
adjacente).
Assim, esses valores definidos pelas razões trigonométricas não dependem da variação
dos tamanhos dos lados dos triângulos envolvidos, mas apenas da abertura do ângulo !
Dados dois pontos distintos A e B sobre uma circunferência, ela fica dividida em duas
partes. Cada uma delas, que incluem os pontos A e B, são denominadas arcos de
circunferência AB . Se A e B coincidem, um dos arcos é nulo e o outro é o arco de uma volta.
Agora vamos orientar a circunferência, definindo o sentido positivo como sendo aquele
em sentido anti-horário. Desse modo, apenas um arco de A para B, será agora o nosso arco
AB , indo de A para B (nesta ordem), no sentido positivo.
B
+
A
Sabe-se que a medida total de uma circunferência de raio r>0 é 2r. Como o tamanho r
corresponde a 1 rad, então a circunferência completa mede 2 rad. Logo:
360° 2 rad e 180° rad (alguns adotam a notação rd).
Para acharmos outros valores de arcos correspondentes em graus e radianos, basta
seguirmos esta proporção. Então, em geral, se um arco AB , de tamanho l, dado numa
circunferência de centro O e raio r>0, corresponde a uma abertura de ângulo , então, em
l
radianos, teremos: rad .
r
y
P(x0,y0)
O P´ A(1,0) x
Desse modo, o ângulo correspondente ao arco AP (medido positivamente no sentido
anti-horário) será tal que:
y0 x y
sen y0 ; cos 0 x0 e tg 0 , se x0 0.
1 1 x0
Assim, dado um ponto P(x0,y0) de coordenadas quaisquer (negativas, positivas ou nulas)
sobre esta circunferência, generalizamos:
y0
sen y0 ; cos x0 e tg , se x0 0, onde é o ângulo correspondente ao arco
x0
AP (sempre no sentido anti-horário).
Dado qualquer número real x (que corresponde a uma medida de arco em radianos), este
sempre poderá ser expresso como x=0+2k, para algum k inteiro e onde 0 é um arco da
primeira volta (0[0,2)). Seja, então P, de coordenadas P(x0,y0), o ponto final sobre o ciclo
trigonométrico que corresponde ao arco 0, marcado a partir do semieixo OA. Assim,
podemos definir: senx sen 0 y0 , onde y0 é a ordenada do ponto P.
Logo, a cada x , associa-se um único valor: senx sen 0 y0 e isto representa uma
função f real (f: ), a qual chamaremos de função seno e denotaremos por:
f :
x f ( x ) senx
43
3.6. Seno, cosseno e tangente para arcos notáveis no triângulo retângulo:
Considere o triângulo retângulo abaixo, que envolve os arcos notáveis de 30°, 60° e 90°:
Assim:
1
2 sen 30 cos60
1 60° 2
3
30° cos30 sen60
2
3
1 3 3
tg 30 e tg 60 3
3 3 1
1 2
sen 45 cos45 e tg 45 1
2 2 2
1
45°
1
Pelas coordenadas dos pontos finais dos arcos no ciclo trigonométrico, temos que:
sen0°=0; sen90°=1; cos0°=1; cos90°=0 e tg0°=0/1=0 e não está definida a tg90°
y y y
+ + - + - +
- - x - + x + - x
Valores absolutos para senos e cossenos de arcos notáveis em ordem crescente (ver
1 2 3
sinais conforme os quadrantes acima): 0, , , ,1 .
2 2 2
Valores absolutos para tangentes de arcos notáveis em ordem crescente (ver sinais
3
conforme os quadrantes acima): 0, ,1, 3 .
3
44
3.8. Funções cotangente, secante e cossecante:
Função Cotangente:
Dado x A , onde A {x / x k , k Z} , definimos a função cotangente por:
ctg : A
cos x .
x ctgx , x A
senx
Gráfico:
Função Secante:
Gráfico:
Função cossecante:
Dado x A , onde A {x / x k , k Z} , definimos a função cossecante por;
csc : A
1 .
x csc x , x A
senx
Gráfico:
45
3.9. Interpretações Geométricas no Ciclo Trigonométrico (A=(1,0)):
- Tangente
Q A reta AQ (perpendicular a Ox em A) é paralela ao
y
P eixo das ordenadas (y). Afirmamos que o segmento AQ
representa a tangente do ângulo , dado pelo arco AP .
De fato, os triângulos OAQ e OP´P são semelhantes e
x da definição:
O P´ A
PP AQ AQ
tg AQ.
OP OA 1
- Cotangente:
y
A reta MM (perpendicular a Oy em M) é paralela ao
M M´ eixo das abscissas (x). Afirmamos que o segmento
MM´ representa a cotangente do ângulo , dado pelo
P
arco AP .
x
De fato, os triângulos OM´M e OP´P são semelhantes e
O P´ A da definição:
OP MM MM
ctg MM .
PP OM 1
- Secante:
y Q A reta AQ (perpendicular a Ox em A) é paralela ao
P eixo das ordenadas (y). Afirmamos que o segmento OQ
representa a secante do ângulo , dado pelo arco AP .
De fato, os triângulos OAQ e OP´P são semelhantes e
A x da definição:
O P´
OP OQ OQ
sec OQ.
OP OA 1
46
- Cossecante:
y
A reta MM (perpendicular a Oy em M) é paralela ao
M M´ eixo das abscissas (x). Afirmamos que o segmento
P OM´ representa
a cotangente do ângulo , dado pelo
arco AP .
De fato, os triângulos OM´M e OP´P são semelhantes e
O P´ A
da definição:
OP OM OM
csc OM .
PP OM 1
47
vii) Identidades trigonométricas fundamentais:
a) sen 2 x cos2 x 1, x . (Segue imediatamente do ciclo trigonométrico e do
Teorema de Pitágoras)
b) sec2 x 1 tg 2 x, x { / 2 k , k Z } .
c) csc2 x 1 ctg 2 x
1) Simplificar as expressões:
a) 3
375 3 24 3 81 3 192
b) a3 ab4 b3 a 4b 3 a 4b 4 3ab3 ab
3 2 2 3 2 2
c)
17 12 2 17 12 2
x x2 1 x x2 1
d)
x x2 1 x x2 1
a x ax
3) Para que valores reais de m, a equação x m , onde 0 a 1 , admite raiz
a a x
real?
4) Resolver as inequações exponenciais (em ):
a) 2 x 32
x
1
b) 243
9
1
c) ( 2 ) x 3
16
d) 0,16 15,625
x 5
48
4
a) log 4 16 b) log 27 81 c) log 3 5 d) log 0,01 0,0001
5
1 1 1
1
x 1 y 1 z 1
11) Faça um esboço dos gráficos das funções abaixo, forneça seu domínio e imagem, seu
período, justificando se são, ou não, injetoras e sobrejetoras:
a) f: , f(x) = -3cosx
b) f: , f(x) = sen x
c) f: , f(x) = -3cos(x-/4)
d) f: { k , k Z } , f(x) = tgx +1
2
e) f: , f(x) = sen (x/3)
2ab
12) Calcular secx, sabendo que sen x , com a b 0 .
a b2
2
50
Capítulo III: Infinito e Enumerabilidade
1. Conjuntos equipotentes, infinitos e enumeráveis:
51
Definição: Dizemos que um conjunto B é enumerável se B é equipotente a N, isto é,
f :Z N
Considere: 2 x 2, se x 0 .
x f ( x)
2 x 1, se x 0
Esta função associa os inteiros positivos aos naturais pares e os negativos, aos naturais
ímpares. f é uma bijeção, pois é injetora e sobrejetora. (Exercício: Explique por quê).
p
4) O conjunto Q / p, q Z , q 0 é enumerável.
q
Isto decorre dos fatos de que: (1) o produto cartesiano de dois conjuntos
enumeráveis é enumerável; (2) a união de dois conjuntos enumeráveis é também
enumerável e (3) todo subconjunto de conjunto enumerável é também enumerável.
(Não iremos provar esses fatos agora).
Isto pode ser visto do seguinte modo: cada par ( p, q ) Z Z está associado a um
De outra maneira (ideia): podemos listar todas as frações positivas e estabelecer uma
ordem entre os números listados, como na figura abaixo, o que enumera este
conjunto, ou seja, estabelece uma função bijetora com os naturais. Como
Q Q Q e cada uma das partes desta união é enumerável, como anteriormente
citado, então Q é enumerável.
52
1/1 1/2 1/3 1/4 1/5 ...
2/1 2/2 2/3 2/4 2/5 ...
3/1 3/2 3/3 3/4 3/5 ...
4/1 4/2 4/3 4/4 4/5 ...
5/1 5/2 5/3 5/4 5/5 ...
... ... ... ... ...
chamada de 1 (Aleph-um).
v) Conjuntos infinitos não são exatamente os mesmos que conjuntos ilimitados:
Definição: Um conjunto numérico X é dito limitado superiormente se existe um
número qualquer M, tal que x<M, para todo elemento xX.
Definição: Um conjunto numérico X é dito limitado inferiormente se existe um número
qualquer m, tal que m<x, para todo elemento xX.
Definição: Um conjunto numérico X é dito limitado se existem números quaisquer m e
M, tais que m<x<M, para todo elemento xX.
Por exemplo:
O conjunto 0,1 x / 0 x 1 (intervalo aberto entre 0 e 1) é infinito, porém é
limitado.
Detalhes sobre os fatos acima mencionados você pode encontrar nas notas de aula da
disciplina “Elementos de Matemática”.
53
2. Exercícios:
1) Seja o conjunto B e uma classe de conjuntos A={Ai: Ai é conjunto, para i=1,2,...}. Prove
que:
a) se BAi, i=1,2,3..., então B Ai
i 1
b) se AiB, i=1,2,3..., então Ai B .
i 1
b)
n n
f 1 Bi f 1 ( Bi )
i 1 i 1
n n
c) f Ai f ( Ai )
i 1 i 1
n n
d) f Ai f ( Ai )
i 1 i 1
4) Seja E um conjunto não vazio e R uma relação de equivalência sobre E. Dizemos que
( x, y ) R xRy x ~ y x se relaciona com y pela R . Definimos, para cada a E , o conjunto:
a {x E / x ~ a} , o qual é chamado de “classe de equivalência de a”. Mostre que:
a) Se a ~ b , então a b
b) Se (a, b) R , ou seja, a não se relaciona com b pela R, então a b .
1 1 1 1 1
5) Prove que o conjunto A {1, , , , ,..., ,...} é infinito e enumerável.
2 3 4 5 n
55
Capítulo IV: Geometria (em construção)
30o
4x+30o
2x
35o x
x
a) b) c)
d) e)
4x-2y
3x-15o x+35o x+y 2x-y
a) b)
A
B
O 3x-5o P P
2x+10o y-10o
2y
B x+30o
O A
a) b)
4. A soma de dois ângulos adjacentes é 120o. Calcule a medida de cada ângulo, sabendo que a
medida de um deles é a diferença entre o triplo do outro e 40o.
5.
a) Dê a medida do ângulo que vale o dobro do seu complemento.
b) Determine a medida do ângulo igual ao triplo do seu complemento.
c) Calcule o ângulo que vale o quádruplo de seu complemento.
d) Calcule um ângulo, sabendo que um quarto do seu suplemento vale 36o.
56
6. Demonstre que as bissetrizes de dois ângulos adjacentes e suplementares formam um ângulo
reto.
7. Demonstre que as bissetrizes de dois ângulos adjacentes e complementares formam um
ângulo de 45o.
8. Dois ângulos adjacentes somam 136o. Qual é a medida do ângulo formado pelas suas
bissetrizes?
9. As bissetrizes de dois ângulos consecutivos formam um ângulo de 52 o. Se um deles mede 40
o
, qual é medida do outro?
Aˆ 3
Bˆ 48
Ê = 5
D̂ = 2 10
57
15. Na figura, o triângulo CBA é congruente ao triângulo CDE. Determine o valor de x e y e a
razão entre os perímetros desses triângulos
AB = 35
CE = 22
AC = 2x + 6
DE = 3y + 5
16. Demonstre que a mediana relativa à base de um triângulo isósceles é também bissetriz.
17. Demonstre que as medianas relativas aos lados congruentes de um triângulo isósceles são
congruentes.
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4. Calcule a distância do centro de um hexágono regular a um dos seus lados, sabendo
que eles medem 1m.
C
D
1 4
a
A C
b
c E
D
8.1. 8.2.
9. Na figura, determine a medida do segmento DE, sabendo que AB é o diâmetro da
circunferência, B é o ponto de tangência do segmento BC e DE é paralelo a BC.
10. Na figura, ABC é um triângulo equilátero de lado 2 m. Calcule a área total e o volume
do sólido gerado ao rotar a região sombreada em volta da reta r.
59
B
A C
r
11. Um fabricante de latas deseja fabricar uma lata em forma de cilindro circular reto, com
20cm de altura e 3.000 cm3 de capacidade. Determine a capacidade em litros e o valor
do raio interior da lata.
12. Um cilindro circular reto de raio r e altura h está inscrito num cone de altura 12 e raio
da base 4, conforme a figura abaixo. Expresse h e o volume V do cilindro, como
função de r.
12
h
13. A primeira astronave do programa espacial Apolo tinha a forma de um tronco de cone
circular reto, como na figura, onde são dados os raios das bases a e b. Utilize
semelhança de triângulos para expressar y em função de h. Expresse o volume do
tronco em função de h ( e de a e b dados).
y
6
5
Hexágono regular de lado 4 4
5
60
e) Um paralelepípedo, cuja base tem lados maiores medindo 5 unidades, lados
menores 4, ângulo entre um lado maior e um menor igual a 45 graus, e altura 6
unidades.
61
Capítulo V: Matrizes, Determinantes e Sistemas
Lineares (em construção)
62
Bibliografia:
BOYER, C., História da Matemática, Trad. Elza F. Gomide, Ed. Edgard Blücher e Ed. Da
Universidade de São Paulo, 1974.
i
Agradecemos à Profa. Dra. Renata Meneghetti pela colaboração na redação dos itens 1, 2 e 5 do
primeiro capítulo.
63