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Faculdade de Filosofia
Introdução à Filosofia
Profª. Maria Eugênia
Luiz Harding Chang, sj
Belo Horizonte, 18 de junho de 1998.
Os Sofistas
1. Introdução:
O presente trabalho visa apresentar um pouco o que foi a sofística, apontando algumas
A Sofística é o primeiro grande momento iluminístico da história. Se trata de um movimento
peculiar da cultura grega. A cultura indiana por exemplo, uma cultura sobre muitos aspectos
elevada, desenvolveu uma filosofia impressionante. Metafísicas de grande rigor lógico, de
grande imaginação e praticidade. Mas na cultura indiana nunca houve um fenômeno como o
iluminismo. Nunca houve uma tentativa de questionar os valores baseando-se em argumentos
racionais. É isto que sucede na sofística. De uma parte é sem dúvida um passo para o
progresso da humanidade. Se não estivermos dispostos a questionar nossas convicções
embasadas na autoridade e na tradição, evidentemente não mais progrediremos. De outra
parte, e isto vemos como um resultado da sofística, se a critica à moral tradicional não estiver
em condições de questionar de maneira construtiva nossos valores, a conseqüência do
iluminismo será o nihilismo, que é a negação de todos os valores e a negação de cada relação
de direito e deveres, negação das relações de poder.
de suas características e alguns traços da vida de seus principais pensadores. Para
tanto devemos conhecer a realidade sócio - político e cultural da Atenas dos Sofistas.
3. A Sofística:
É neste ambiente que a sofística se desenvolve na segunda metade do século V a. C.
quando todo o mundo grego volta-se para Atenas. Um grupo de intelectuais: Protágoras de
Abdera, Górgias de Leontini, Trassimaco de Calcedônia, Hípias de Élide, Crítias de
Atenas, Pródico de Céos, Antifonte, entre outros podem ilustrar o que pensavam, o que foi, o
que faziam os sofistas. Antes do séc. V a.C. , a palavra sophistés era usada para referir-se aos
poetas, que foram os primeiros educadores da Grécia (Homero, Hesíodo, Teógnis). A partir do
séc. V a.C. , a palavra também passa a ser usada em relação aos que escrevem em prosa e
começam a ocupar o lugar dos antigos poetas.
Conhecemos pouco dos sofistas. Em primeiro lugar, porque com exceção de um sofista
tardio, Isócrates, de quem temos as obras, não possuímos senão fragmentos dos dois
principais sofistas: Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini. Em segundo lugar porque a
doxografia e os relatos sobre eles foram feitos por seus principais inimigos: o historiador
Tucídides, o autor de comédias Aristófanes, Platão e Aristóteles, que nos deixaram
testemunhos altamente desfavoráveis (Tucídides, Aristófanes, Platão e Aristóteles não tem
simpatia pela democracia, defendem um partido aristocrático e consideram o sofista como
exemplo do que há de pior na política, a demagogia, que, segundo eles é inseparável da
democracia).
Os sofistas são considerados os fundadores da pedagogia democrática, mestres da arte
da educação do cidadão. Arte e não ciência, pois os sofistas se apresentavam como técnicos e
professores de técnicas e não como filósofos. Um sofista era um professor. O sofista ensina e
escreve porque tem um dom especial de saber comunicar, saber o que é prático ou técnico.
Aquele que é hábil em argumentar é o sofista. O sofista tem algumas características que são
resultados preocupantes para a cultura Ateniense e que foram odiados por outra parte desta
cultura.
3.1. Os Professores:
Sendo mestre e professor é um erudito - possui todos os conhecimentos úteis ao objeto
de seu ensinamento. Sabe escolher e apresentar seus temas de maneira atraente. Ensina as
artes úteis aos homens e o faz usando uma arte especial, a retórica, que permite obter a
atenção e a benevolência do ouvinte. A palavra sofista não tem o sentido pejorativo que veio
assumir mais tarde, em Atenas, quando os inimigos de Protágoras e de Górgias escreveram
contra os sofistas. Tinha um sentido ambíguo, mescla de admiração e de desconfiança, e por
isso os inimigos aproveitando-se dessa ambigüidade, chamarão os sofistas de charlatães e
mentirosos. Em Atenas sofista indicava um grupo social particular, isto é, professores
profissionais, geralmente estrangeiros, que forneciam instrução aos jovens e davam mostras de
eloqüência mediante pagamento. Os sofistas foram os primeiros professores da história da
educação, e esta é a principal acusação contra a sofística. Ele faz portanto comércio do saber,
é um artesão do conhecimento. Aos olhos da cultura ateniense, ao qual desde Platão (o
principal mentor das acusações) é fundamentalmente aristocrática, tudo isto comporta uma
desvalorização social e uma depreciação moral. "Há", disse Platão, "uma maneira de
prostituição da cultura que os sofistas operam". Todavia sua obra está bem longe de ser
totalmente desprezada pela população, ao contrário é profundamente apreciada e necessária.
Os atenienses não tinham má vontade nem desprezo por quem se fazia remunerar pelos
serviços prestados. Pelo contrário vimos Péricles elogiar os profissionais e criticar os que não
evitavam a pobreza.
Nem todos os sofistas atingiram um conceito tão elevado da sua profissão. O sofista
mediano dava-se por satisfeito em transmitir a sabedoria. Para avaliar com justiça a totalidade
do movimento é preciso estudar os seus representantes mais vigorosos. A posição central que
Protágoras atribui à educação do homem caracteriza o propósito espiritual da sua educação
como humanismo. Este consiste na ordenação da educação por sobre todo o reino da técnica.
A separação clara e fundamental entre poder e saber técnico e a cultura propriamente dita
converte-se no fundamento do humanismo.
3.2. Os Cosmopolitas:
Os sofistas ensinavam a arte de argumentar e persuadir, arte decisiva para quem exerce
a cidadania numa democracia direta, onde as discussões e decisões são feitas em público e
onde vence quem melhor souber persuadir os demais, sendo hábil, jeitoso, astuto na
argumentação em favor de sua opinião e contra o adversário. Os aristocráticos por sua vez
criticavam os sofistas por ensinarem a ser cidadão sem serem cidadãos. Diziam que os sofistas
eram estrangeiros que chegaram a Atenas desconhecendo a estripe ática e os negócios da
cidade e por isso imaginavam poder ensinar o que não se ensina. De fato os sofistas não eram
atenienses ( só mais tarde haverá sofistas de Atenas), mas vinham das colônias gregas da
Jônia e da Magna Grécia. Esta origem é muito importante pelos seguintes motivos: 1) Os
sofistas chegavam em Atenas conhecendo todo o debate e a crise da filosofia, os impasses do
Ser e do Devir, do Uno e do múltiplo pois vinham de regiões onde nascera e se desenvolvera a
filosofia. 2) Vinham de uma região - a Jônia - onde os contatos com os outros povos fora
decisivo para o nascimento de um tipo de saber tão novo quanto a filosofia: a história
inventada por Heródoto. A história leva os sofistas à percepção das variações dos povos, leis,
costumes, e idéias e a não dar valor absoluto aos costumes, leis, idéias dos gregos. São por
isso cosmopolitas e pouco dispostos a aceitar que os costumes e leis sejam obra da natureza.
3) Os sofistas vinham de regiões onde a medicina havia realizado grandes desenvolvimentos e
nas quais sabia-se que ela se originara não de um presente dos deuses, mas de um esforço
dos homens para se humanizar. Também a antiga medicina não separava o corpo do espírito,
mas estabelecia relações casuais entre eles, de tal modo que, uma doença podia ser
diagnosticada pelo tipo de sonhos do doente. A separação de copro e espírito trouxe dois
resultados: o primeiro deles aparece no modo de fazer o diagnóstico, e o segundo exprime-se
no modo como era feita a cura. O médico além de intervir nos hábitos alimentares, de higiene e
de vestuário, de sono e vigília do paciente, além de fazer pequenas operações, realizava o
trabalho de convencer o espírito do paciente a aceitar o tratamento e colaborar com ele: era
psicologia. 4) Por fim usando a tradição da Magna Grécia onde nasceu a dialética, lógica,
retórica os sofistas transformaram essas formas em técnicas de linguagem – a oratória ou a
eloqüência.
3.4. Os Retóricos:
Os sofistas eram verdadeiros “técnicos do espírito”, grandes oradores e grandes
argumentadores lógicos. Orgulhosos dessa capacidade acreditavam que isso fosse tudo. Isto
significa o que para nós, na nossa sociedade, é o "monopólio dos especialistas". Todavia a
retórica, a parte mais fraca numa divergência, torna-se a mais forte quando presente numa
degeneração do saber, do saber fazer. Todos os sofistas desenvolveram a retórica em quanto
arte do discurso persuasivo, e da argumentação convincente. Seguramente esta foi a causa
porque a sofística teve tanto sucesso em Atenas. Sendo professores de jovens aristocráticos
atenienses, ensinavam como dominar as causas nos processos, como estar em condições de
convencer outras pessoas. É claro que a importância da palavra cresce quando se acredita
mais num Ser absoluto. Para Parmênides o Ser absoluto é qualquer coisa que se precisa
entender baseando-se numa clara intuição lógica. Uma vez que para os sofistas não existe uma
verdade absoluta, a coisa mais importante é poder influenciar as opiniões. Por isso a sofística
dá uma tal importância à retórica em quanto através dela se manipula e se forma as opiniões
dos outras pessoas e dá condições de asá-la para seus interesses.
É famosa a frase de Protágoras segundo a qual ele estava em condições de
transformar o lógos mais fraco no argumento mais forte, isto é, faze-lo parecer melhor. Isto não
quer dizer que Protágoras quisesse colocar verdadeiro aquilo que é falso. Protágoras não nega
a existência de uma verdade até o dia em que ela aparece. Para Protágoras o grande retórico é
aquele que sabe fazer aparecer o que quer e desta maneira “fazer” a verdade. Se
considerarmos a análise da linguagem, a sofística tem um grande mérito. Por causa dela
desconfiança e conhecimento humano começam a criticar a linguagem. Vários sofista como
Pródico, por exemplo analisam os homônimos. Analisam o fato de que as palavras significam
coisas diversas e que o filósofo deve estar cônscio deste fato para não se enganar na
linguagem e cometer em erro lógico.
Protágoras desenvolve o tema da “orthoépeia”, do significado real da palavra. Ele
descobre por exemplo que qualquer substantivo da língua grega com um significado masculino
tem um gênero gramatical feminino e vice-versa. Análises dos homônimos, sinônimos,
metonímias como as encontramos em Demócrito é certamente uma importante contribuição
para uma fundamentação mais rigorosa e mais crítica da filosofia. Górgias dizia que é preciso
descobrir que a linguagem, a palavra e o pensamento não são idênticos, mas que são distintos,
como no caso dos homônimos.
3.5 A Ontologia:
A ontologia de Górgias e Protágoras são similares pois Górgias não queria negar a
existência de qualquer coisa. Queria negar que existisse um ser no sentido parmenídio. Esta
também é a convicção de Protágoras, que está convicto que todo ser é relativo ( como disse
Antístenes na metafísica e que o ser muda conforme o sujeito ao qual aparece. Lembremos a
famosa sentença de Protágoras segundo a qual “o homem é a medida de todas as coisas
enquanto são e enquanto não são”. É total subjetivismo. Naturalmente se pode perguntar se
Protágoras quer falar no homem no sentido da razão humana ou no sentido de pessoa humana,
ao menos os seus alunos lhe interpelavam de maneira subjetivista. De fato Protágoras ataca
toda tentativa de fundar uma ontologia que transcende a esfera pragmática na qual nós
vivemos.
Protágoras disse que não se pode julgar se existe a idéia ou não, por várias razões.
Primeira porque a coisa é obscura e depois pela brevidade da vida humana. Protágoras ataca a
validade da matemática. Ele, uma vez que tinha uma ontologia materialista, afirma que a
tangente não toca o círculo em um único ponto, mas em vários pontos. Será a ontologia de
entidade matemática de Platão para dar base científica a matemática grega.
Górgias de Leôncio é o autor do tratado filosófico do "não ser". Este título, que na
verdade foi atribuído mais tarde, demonstra que é um texto oposto à filosofia de Parmênides.
Se o texto de Parmênides constituísse a tese da filosofia grega o de Górgias seria a anti - tese.
Parmênides era convicto que existisse somente o "ser" e este ser é absoluto e conhecível ao
pensamento e comunicável a palavra humana. Górgias negava exatamente o que Parmênides
queria dizer.
Na filosofia de Gógias encontramos 3 teses que desenvolvem o argumento de seu
tratado:
1) Não existe nada. Com isto Górgias não queria dizer que nada existe, mas quer
dizer que não há um ser com a estrutura do ser de Parmênides, que não há nada de
absoluto.
2) Também se existisse qualquer coisa não poderíamos conhecê-la.
3) E também se nós pudéssemos conhece-la não poderíamos comunicá-la.
Temos aqui numa simples estrutura analítica as 3 categorias fundamentais da filosofia: a
categoria ontológica (o ser), a categoria gnosiológica (o conhecer), e a categoria da
comunicação (o comunicar). Categorias que correspondem às categorias da objetividade, da
subjetividade, e da inter - subjetividade. A todas estas categorias Górgias nega um valor
absoluto. Segundo ele o ser que existe é somente um ser flutuante e empírico. O
conhecimento que nós temos é um conhecimento empírico e a comunicação que nós temos é
uma comunicação que pode ser influenciada pela retórica, que não é baseada na verdade
absoluta.
A famosa frase que o homem é a medida de todos os valores foi diversamente
interpretada entendendo o homem no sentido do gênero humano, contrapondo ao divino, ou ao
invés de homem como indivíduo – provavelmente a tese de Protágoras se pode definir deste
modo: não há justiça que se origina dos princípios transcendentes ou externos ao mundo
humano. A justiça do homem é a que vem sancionada na lei e é justo que a lei da cidade
considere o indivíduo, pois é promulgada por uma maioria democrática na cidade. Os homens
enquanto cidadãos são a medida dos valores que promulgam, selecionando o que é justo ou
injusto.
CRIZIA, Sisifo
«C'è stato un tempo, quando senza ordine era la vita umana, e bestiale, e asservita alla forza, un
tempo in cui non c'era premio per i buoni, né castigo per i malvagi.
In seguito ritengo, che gli uomini emanassero le leggi per punire, di modo che la Giustizia fosse
assoluta signora egualmente di tutti e avesse ad ancella la Forza; e fosse punito chiunque
peccasse.
Ma poiché le leggi scoraggiavano gli uomini dal compiere delitti palesi, ma non di nascosto, allora,
io suppongo, che un uomo saggio di mente ed ingegnoso abbia inventato per loro il timore degli
dèi, si che uno spauracchio vi fosse ai malvagi anche per ciò che di nascosto facessero,
pensassero o dicessero.
E per colpire la mente degli uomini poneva la dimora degli dei là da dove sapeva che vengono ai
mortali gli spaventi e le consolazioni alla loro misera vita: dalla sfera celeste, dove vedeva i lampi,
dove udiva gli orrendi rombi dei tuoni e il corpo stellato del cielo, opera mirabilmente varia di un
artefice sapiente: il Tempo; da dove avanza fulgida la massa rovente del Sole, e scende sulla
terra l'umida pioggia.
Così agitando tali spaventi dinanzi agli occhi degli uomini, e servendosi di essi, costruì, da artista,
con la parola la divinità ponendola in un luogo a lei adatto; sconfisse con le leggi l'illegalità.
Per tale via, dunque, io credo che in principio qualcuno abbia persuaso gli uomini a credere nella
esistenza degli dèi.»
4.Protágoras de Abdera:
Protágoras nasceu em Abdera - pátria de Demócrito, cuja escola conheceu - pelo ano
480. Viajou por toda a Grécia, ensinando na sua cidade natal, na Magna Grécia, e
especialmente em Atenas, onde teve grande êxito, sobretudo entre os jovens, e foi honrado e
procurado por Péricles e Eurípedes. Acusado de ateísmo, teve de fugir de Atenas, onde foi
processado e condenado por impiedade, e a sua obra sobre os deuses foi queimada em praça
pública. Refugiou-se então na Sicília, onde morreu com setenta anos ( 410 a.C. ), dos quais,
quarenta dedicados à sua profissão. Dos princípios de Heráclito e das variações da sensação,
conforme as disposições subjetivas dos órgãos, inferiu Protágoras a relatividade do
conhecimento. Esta doutrina enunciou-a com a célebre fórmula; o homem é a medida de todas
as coisas. Esta máxima significava mais exatamente que de cada homem individualmente
considerado dependem as coisas, não na sua realidade física, mas na sua forma conhecida.
Subjetivismo, relativismo e sensualismo são as notas características do seu sistema de
ceticismo parcial. Platão deu o nome de Protágoras a um dos seus diálogos, e a um outro o de
Górgias.
5. Górgias de Leôncio:
Górgias nasceu em Abdera, na Sicília, em 480-375 a.C - correlacionado com
Empédocles - representa a maior expressão prática da sofística, mediante o ensinamento da
retórica; teoricamente, porém, foi um filósofo ocasional, exagerador dos artifícios da dialética
eleática. Em 427 foi embaixador de sua pátria em Atenas, para pedir auxílio contra os
siracusanos. Ensinou na Sicília, em Atenas, em outras cidades da Grécia, até estabelecer-se
em Larissa na Tessália, onde teria morrido com 109 anos de idade. Menos profundo, porém,
mais eloqüente que Protágoras, partiu dos princípios da escola eleata e concluiu também pela
absoluta impossibilidade do saber. É autor duma obra intitulada "Do não ser", na qual
desenvolve as três teses: Nada existe; se alguma coisa existisse não a poderíamos conhecer;
se a conhecêssemos não a poderíamos manifestar aos outros. A prova de cada uma destas
proposições e um enredo de sofismas, sutis uns, outros pueris.
No Górgias de Platão, Górgias declara que a sua arte produz a persuasão que nos
move a crer sem saber, e não a persuasão que nos instrui sobre as razões intrínsecas do objeto
em questão. Em suma, é mais ou menos o que acontece com o jornalismo moderno. Para
remediar este extremo individualismo, negador dos valores teoréticos e morais, Protágoras
recorre à convenção estatal, social, que deveria estabelecer o que é verdadeiro e o que é bem!
6. Conclusão:
A sofística é um movimento da história e do espírito. Algumas formas da sofística - a
saber: de filosofia negativa, de uma ontologia empirista, de seticismo, de relativismo moral, de
uma tentativa de reduzir a moral ao próprio interesse - todas estas formas ocorrem e se
repetem na história da filosofia.
"Estas experiências, como disse um agudo intérprete dos sofistas, são
"trágicas": e nós esclarecemos (...) que elas se descobrem como trágicas justamente
porque pensamento e palavra pederam o seu objeto e sua regra, perderam o ser e a
verdade. (...) Mas se, para reencontrar o divino e a verdade eram necessárias as
descobertas metafísicas e lógicas de Platão e Aristóteles, que estão decididamente
além dos horizontes da sofística, para reconstruir um novo rosto do homem bastavam
os recursos disponíveis no interior do horizonte da sofística: e esta foi a contribuição
que Sócrates soube dar"
.(Reale, Giovanni. História da Filosofia Antiga vol. 1 - das origens a Sócrates. (trad. de
Marcelo Perine). São Paulo, Loyola, 1995.
Infelizmente o nosso século tem tido quase somente "filósofos sofistas". O pensamento
do nosso século é seguramente relativista e nihilista. Por isso ao analisar a sofística poderemos
entender muitos princípios da filosofia moderna: que é em grande parte uma repetição da
sofística, num nível mais alto, diferenciado, baseado na negação das normas e princípios
ontológicos absolutos. Quem quer entender nosso tempo deve estudar também a sofística.
E mais importante ainda que a sofística deve-se estudar o superação da sofística
efetuado por Sócrates e Platão. A grandeza da cultura grega foi que, intelectualmente e
filosoficamente, chegou em um sistema filosófica, aquele de Platão no qual os momentos
negativos da sofística vieram integrar-se num sistema complexo que dava espaço ao não ser e
a história. Com Platão supera-se as conseqüências negativas e o nihilismo que nos
encontramos.
7. Bibliografia:
Reale, Giovanni. História da Filosofia Antiga. – vol. 1 Das origens a Sócrates. ( trad. Marcelo
Perine). São Paulo, Loyola, 1993.
Reale, Giovanni. História da Filosofia Antiga. – vol. 5 Léxico, Índices... (trad. Marcelo Perine e
Henrique C. de Lima Vaz). São Paulo, Loyola, 1995.
Jaeger, Werner. Paidéia – A Formação do Homem Grego. (trad. Artur M. Parreira). São Paulo,
Martins Fontes, 1995.
Chauí, Marilena. Introdução à História da Filosofia - vol. 1 dos Pré – Socráticos e Aristóteles.
São Paulo, Brasiliense, 1994.
Gadamer, Hans G.; Hösle, Vitório; Vegetti, Mário. Le Radice del Pensiero Filosofico – I Sofisti.
on line Disponível na Internet via WWW.URL: http://www.emsf.rai. it/opere/le radice del
pensier...eca/sofisti.htm. (resgatado em maio/1998).
Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus
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Introdução à Filosofia
Profª. Maria Eugênia
Luiz Harding Chang, sj.
Os Sofistas
Belo Horizonte, junho de 1998.