Sei sulla pagina 1di 5

Os novos problemas do diagnóstico em psiquiatria.

Marina Silveira de Resende


Avenida Tiradentes, 188, Centro
São João del Rei, Minas Gerais
E-mail: ninasresende@gmail.com
Psicóloga formada pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de São João del-Rei
(UFSJ). Bolsista CAPES.

Assistimos em 2013 o lançamento da quinta (5) versão do Manual Diagnóstico e


Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) realizada pela Associação Americana de
Psiquiatria, o DSM-5. Sabemos que a partir da terceira revisão o Manual Diagnóstico
(DSM-III) mantem ao menos três pretensões: ser cientifico, ser universal e ser a-teórico
[1]. Ou seja, a expectativa é a de que o Manual consiga superar as diversas teorias que
existem no campo da psicopatologia, de modo a unificar todos os sistemas diagnósticos
no campo do sofrimento psíquico.
Para atingir seu objetivo, o de traçar um limite claro entre o normal e patológico,
ela busca apoio em dispositivos de investigação médica, em pesquisas epidemiológicas e
nos tratamentos farmacológico. Assim [2], as revisões do manual optaram por uma
postura descritiva das doenças, focada nos fenômenos, sintomas, sem qualquer conotação
etiológica ou explicativa das doenças, o que restringe o manual a uma mera descrição e
agrupamento de sintomas em síndromes. A nova forma de classificação implicou em um
aumento exponencial do número de categorias:
Gráfico: Aumento das categorias diagnóstica - Edição x Categorias [3][4]

A nova versão do DSM se mostra como uma imposição para patologizar e


medicalizar a sociedade; sua nova reformulação classificatória buscou ampliar através do
discurso da ciência os ditos transtornos mentais. Ou seja, tenta, através de uma pretensa
científicidade, uma classificação do que é inclassificável: o padecimento psíquico. Esta
forma de apreender o sofrimento aponta, preferencialmente, para uma única forma de
tratamento, a medicamentosa. Este novo DSM acaba por consolidar a medicalização da
vida.
Faz necessário portanto uma análise sobre as principais mudanças e possíveis
consequências da nova revisão do manual, que se mostra como uma ordem para
patologizar e medicalizar a comunidade.

Categorial versus Dimensional:


A mudança no modelo diagnóstico é a principal inovação do DSM-5. A nova
revisão introduziu o conceito de “dimensão”. O diagnóstico dimensional apreende a
doença mental como uma disfunção única, situada no extremo de um “continuum”, onde
não há fronteiras claramente demarcadas entre as doenças, o que remete ao conceito de
“spectrum” em que a rigidez das categorias desaparece. Desta forma o transtorno mental
é descrito como uma dimensão única que se expressa de forma variada. A depressão e a
ansiedade, por exemplo, são consideradas expressões extremas (continuum) de uma
mesma e única patologia. Este tipo de classificação considera a intensidade e gravidade
dos sintomas, indicadores de sofrimento subjetivos e o grau de prejuízo associado (por
exemplo, o risco de suicídio).
Essa forma de compreender o transtorno pode levar a um aumento significativo
de medicação da existência. Já que visto como um continuum o menor sinal de uma
possível futura patologia passa a ser medicável, a tentativa de prever um possível
“prejuízo associado” como o risco de suicídio ou o risco pré-psicótico, pode levar a
prescrição, inadequada, de medicamentos. [1][5][6][7]

- Algumas novas categorias e modificações em categorias já existentes:


Síndrome de risco de psicose: Essa é certamente a mais preocupante de todas as
sugestões feitas para o DSM-5. De acordo com estudos, da forma que está elaborado no
manual, o novo transtorno teria uma taxa de 70% a 75% de falsos positivos, taxa
susceptível a aumento uma vez que o diagnóstico será “oficial”, podendo se tornar um
alvo para as empresas farmacêuticas. Desta forma centenas de milhares de adolescentes
e jovens adultos receberia a prescrição desnecessária de antipsicóticos atípicos sendo que
não há prova de que os antipsicóticos atípicos possam prevenir episódios psicóticos. No
entanto seus efeitos colaterais são amplamente conhecidos: 1- grande e rápido ganho de
peso, 2- redução da expectativa de vida, (recente alerta Food and Drug Administration),
3 - alto custo e estigma. Essa categoria é resultado do modelo dimensional de diagnóstico,
e assim como ela existe outras, como o risco de suicídio, em que sem dúvida alguma
seria aberta uma brecha para a medicação da existência. [1][8][9][10]

Transtorno Depressivo: Um dos pontos de maior discussão é a retirada do luto como


critério de exclusão do Transtorno Depressivo maior, no DSM-5, diferente das outras
versões do manual, é possível aplicar este diagnóstico a pessoas que passaram pela perda
de um ente querido a um curto espaço de tempo. [8] [11]

Transtorno Depressivo misto de ansiedade–Como citado anteriormente, ao partir do


conceito de spectrum, depressão e a ansiedade, passaram a ser são consideradas
expressões extremas de uma mesma e única patologia, criando esta nova categoria
diagnóstica. Aos sintomas centrais do Transtorno Depressivo Importante (Maior) foram
agregados especificadores como “com Características Mistas” e “com Ansiedade”. Seus
sintomas inespecíficos batem com comportamentos que são amplamente observados na
população em geral e, portanto, existe a possibilidade deste se tornar um dos mais comum
de todos os transtornos mentais no DSM-5. Naturalmente, a sua rápida ascensão em
proporções epidêmicas será “competentemente” assistida por marketing farmacêutico. É
provável que a medicação não seja muito mais eficaz que o placebo por causa das altas
taxas de resposta placebo em desordens mais leves. [8][9] [11]

Transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade: O DSM-5, ao contrário do que é


apresentado no DSM-IV, que exige que toda a síndrome esteja presente antes dos 7 anos,
abrange drasticamente a definição de TDAH, exigindo apenas a presença de "vários
sintomas antes dos 12 anos"(p.60). O que pode gerar um aumento do número de
diagnóstico de TDAH, que já é excessivo e descuidado. [8] [9] [12]

Transtorno Neurocognitivo Leve/Menor - é definido por sintomas não específicos de


desempenho cognitivo reduzido que são muito comuns, talvez quase onipresente, em
pessoas acima de 50. Para proteger contra falsos positivos o manual propõe uma avaliação
cognitiva com o objetivo de confirmar que o indivíduo tem diminuição do desempenho
cognitivo. Mas como obter um ponto de referência significativo nestes casos? Parece que
seu limiar foi definido para incluir uma grande parcela da população,13,5%. Além de ter
uma escrita vaga que pode levar os médicos ao erro. [8] [9]
Transtorno de Espectro Autista: Os Transtornos Globais do Desenvolvimento, que
incluia o Autismo, Transtorno Desintegrativo da Infância e as Síndromes de Asperger e
Rett foram absorvidos por este novo e único diagnóstico. Desta forma, todos os
diagnósticos realizados com o DSM-IV-Tr dessas síndromes imediatamente se
transformaram em Autismo. O novo método aumenta a possibilidade de diagnósticos e
diminui os meios de tratamento, já que a terapia oferecida é a medicamentosa em paralelo
com a terapia cognitivo-comportamental. A formulação dos critérios estabelecidos para
o Transtorno do Espectro Autista é incrivelmente confusa, permitindo múltiplas
interpretações que levem ao diagnóstico impreciso. Primeiro problema, o Critério A não
especifica quantos de seus 3 itens são necessários, cada avaliador tem que decidir por si
mesmo se 1 ou 2 ou 3 itens devem estar presentes (DSM-5, p.50). Tal imprecisão é
incompatível com o diagnóstico confiável. [8] [9] [3]

Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica: Este transtorno foi apresentado pela


primeira vez no DSM-IV-TR (Apêndice B) como uma proposta para estudos futuros, na
nova versão do DSM ele foi validado como diagnóstico. Com uma prevalência geral
estimada em 6%, este transtorno poderá se tornar popular. As pessoas que comerem
compulsivamente uma vez por semana durante 3 meses, de repente terão um "distúrbio
mental" - sendo submetidos ao estigma e medicamentos com eficácia não comprovada.
Assim como a compulsão alimentar, outros transtornos que apareciam como sugestão no
DSM-IV-Tr foram validados, como: Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, a TPM e
Transtorno de Acumulação. [8]

Referência Bibliográfica:
[1] American Psychiatris Association (APA). (2012). Diagnostic and Statistical manual of Mental
Disorders. DSM-V Development. Disponível em: http://www.dsm5.org/Pages/Default.aspx. (Acessado
em: 10/02/2013.)
[2] American Psychiatric Association (APA). (1992). Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders DSM-IV-TR. Washington, D.C.
[3] Calazans, R., Guerra, A., Kyrillos Neto, F., Pontes S. & Resende, M. (2012). Manifesto de São João del
Rei em prol de uma psicopatologia clínica. Em: Kyrillos, F. & Calazans, R. (orgs.). Psicopatologia em
debate: controvérsias sobre os DSM’s. Barbacena: EdUEMG.
[4] American Psychiatric Association (APA). (2012). American Psychiatric Association Board of Trustees
Approves DSM-5: Diagnostic manual passes major milestone before May 2013 publication. Disponivel
em: http://www.dsm5.org. (Acessado em: 20/02/2013.)
[5] Darrel A., Regier MD. (2007) Dimensional approaches to psychiatric classification: refi ning the
research agenda for DSM-V: an introduction. International Journal of Methods in Psychiatric Research
Int. J. Methods Psychiatr. Res. 16(S1): S1–S5. Disponível em: http://www.dsm5.org/Research/
Documents/Regier_ Dimensional%20Approaches_An%20Introduction.pdf.
[6] Marsha F.L, Wilson M.C., Bridget F.G.; James P.B., (2007) Dimensional approaches in diagnostic
classification: a critical appraisal. International Journal of Methods in Psychiatric Research Int. J. Methods
Psychiatr. Res. 16(S1): S6–S7
[7] John E.H, Kathleen K.B., Michael G. (2007) A dimensional option for the diagnosis of substance
dependence in DSM-V. International Journal of Methods in Psychiatric Research Int. J. Methods Psychiatr.
Res. 16(S1): S24–S33
[8] Frances, A. (2010). Opening Pandora’s Box: The 19 Worst Suggestions For DSM-5. Psychiatric Times.
Disponível em: http://www.psychiatrictimes.com/print/article/10168/1522341. (Acessado em: 04/05/2012)
[9] Frances, A. (2013) DSM-5 Badly Flunks the Writing Test. Psychiatric Time. Disponível em:
http://www.psychiatrictimes.com/dsm-5-badly-flunks-writing-test
[10] Frances, A. (2013) Psychosis Risk Syndrome Is Back. Psychiatric Time. Disponível em:
http://www.psychiatrictimes.com/dsm-5/psychosis-risk-syndrome-back
[11] Ross J. B., Gianni L. F., Emanuela O., et.al. (2013) “Switching” of Mood From Depression to Mania
With Antidepressants. Psychiatric Time. Disponivel em: http://www.psychiatrictimes.com/bipolar-
disorder/switching-mood-depression-mania-antidepressants#sthash.AxZFNEbj.dpuf
[12] Frances, A. (2013) No Child Left Undiagnosed. Psychiatric Time. Disponível em:
http://www.psychiatrictimes.com/couch-crisis/no-child-left-undiagnosed

Declaração de permissão para publicação do texto nos Anais.


Eu, Marina Silveira de Resende autora do trabalho intitulado Os novos problemas do
diagnóstico em psiquiatria, o qual submeto à apreciação da Comissão Executiva do VI
Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e XII Congresso Brasileiro de
Psicopatologia Fundamental, concordo que os direitos autorais a eles referentes se tornem
propriedade exclusiva da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia
Fundamental - AUPPF, sendo vedada qualquer reprodução total ou parcial, em qualquer
outra parte ou meio de divulgação impressa ou virtual sem que a prévia e necessária
autorização seja solicitada por escrito e obtida junto à AUPPF.

Data: 11/08/2014

Assinatura: ______________________________________
Marina Silveira de Resende

Potrebbero piacerti anche