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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2018.0000456965

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


1002844-48.2016.8.26.0032, da Comarca de Araçatuba, em que é apelante LOMY
ENGENHARIA EIRELI, é apelado GERSON PANINI (JUSTIÇA GRATUITA).

ACORDAM, em 2ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de


São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de
conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ALVARO


PASSOS (Presidente) e GIFFONI FERREIRA.

São Paulo, 19 de junho de 2018.

José Joaquim dos Santos


RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto nº 29989
Apelação Cível nº 1002844-48.2016.8.26.0032
Comarca: 5ª Vara Cível da Comarca de Araçatuba
Apelante: Lomy Engenharia Eireli
Apelado: Gerson Panini
Juiz: Dr. Roberto Soares Leite

APELAÇÃO CÍVEL. Ação de indenização por danos


morais e materiais contra construtora. Queda de faixa
de concreto decorativa que causou o óbito do filho do
autor. Fato ocorrido meses após a entrega da obra.
Legitimidade passiva configurada.

Aplicação do CDC. Construtora/incorporadora que não


se exonera de responsabilidade civil após a entrega da
obra. Responsabilidade objetiva pelo fato do serviço.
Laudo pericial categórico em comprovar a
responsabilidade da ré pelo ocorrido. Dano material e
moral configurados.

Valor da indenização que deve refletir a


reprovabilidade da conduta do ofensor sem, contudo,
servir de estímulo ao enriquecimento sem causa do
ofendido. Montante arbitrado pela r. sentença que não
se mostra exagerado. Sucumbência mantida como
arbitrada. Recurso improvido.

Cuida-se de ação de indenização por danos


morais e materiais julgada procedente para: A) Condenar a ré ao
pagamento de indenização material consistente no ressarcimento do valor
de R$ 2.810,00, com correção monetária desde o desembolso (14 de
março de 2016), e juros de mora de 1% ao mês, contados da citação. B)
Condenar a ré ao pagamento de indenização moral arbitrada em R$
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), com correção monetária desde a
data desta sentença e juros de mora de 1% ao mês, contados do evento

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danoso (08 de março de 2016), conforme Súmula 54 do STJ. Por fim, a ré


foi condenada a arcar com o pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios que foram arbitrados em 10% (dez por cento) sobre
o valor atualizado da condenação.

Inconformada, apela a ré as fls. 424/462,


alegando, preliminarmente, ser parte ilegítima para figurar no polo passivo
da demanda, na medida em que é o condomínio (dono do edifício) quem
deve responder pelos danos que resultarem da ruína do edifício. No mérito
insiste na ausência de responsabilidade pelo corrido e insiste na
inocorrência dos alegados danos morais e materiais. Insurge-se em relação
ao valor da indenização e pugna por sua redução. Por fim, pugna para que
a sucumbência seja considerada recíproca frente ao acolhimento parcial da
pretensão indenizatória.

Contrarrazões as fls. 471/483.

É o relatório.

Presentes os requisitos foi possível o juízo


positivo de admissibilidade, razão pela qual o recurso foi processado e está
em condições de julgamento.

Primeiramente, afasta-se a preliminar de


ilegitimidade passiva arguida.

Isso porque, após a entrega do empreendimento,


perante os consumidores adquirentes e seus sucessores, a
construtora/incorporadora permanece responsável por quais vícios e
defeitos do produto ou serviços prestados. Nesse sentido, o espelho fático
dos autos trata de exemplar de acidente de consumo, nos termos dos
artigos 12 e seguintes do Código de Defesa do Consumidor.

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Neste sentido:

“Responsabilidade civil. Ação de Indenização por


danos materiais. Explosão em empreendimento imobiliário. Aplicação do
CDC. Construtora/incorporadora que não se exonera de responsabilidade
civil após a entrega da obra. Responsabilidade objetiva pelo fato do serviço
(art. 14, do CDC). Laudo técnico categórico em comprovar que o
vazamento de gás decorreu da tubulação que interligava os botijões de gás
armazenados na área comum do condomínio. Lucros cessantes.
Ressarcimento devido apenas para o período que a autora
comprovadamente ficou sem trabalhar. Danos materiais. Valores não
impugnados pela apelante. Danos morais. Lesão à integridade física dos
autores (in re ipsa). Montante arbitrado que comporta redução. Valor que
deve ser fixado em R$ 15.000,00 para a coautora e R$ 10.000,00 para o
coautor. Quantias proporcionais e compatíveis com a extensão do dano
(art. 944 do CC). Sentença parcialmente reformada. Recurso parcialmente
provido.” (AP n. 1001134-56.2014.8.26.0066; Relator(a): Rômolo Russo;
Comarca: Barretos; Órgão julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Data do
julgamento: 21/11/2017; Data de publicação: 21/11/2017; Data de registro:
21/11/2017)

Passa-se a analise do mérito recursal.

Narra o apelado que é pai de Edenilson dos


Santos Panini, falecido em 08 de março de 2016 em decorrência de
acidente do residencial Larissa.

Afirma que o de cujus se sentou nos pavimentos


do mencionado residencial, quando uma parte da faixa decorativa de
concreto caiu do sétimo andar em sua cabeça, matando-o
instantaneamente.

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Neste passo, por ser a apelante construtora do


empreendimento, ingressou o autor com a presente demanda visando a
condenação desta ao pagamento de indenização por danos materiais e
morais, tidos como sofridos.

A r. sentença julgou procedente a demanda.

Insurge-se a ré.

Pois bem.

O recurso não merece ser provido.

A queda do concreto que resultou no falecimento


do filho do autor é hipótese clara de fato do serviço, que gera
responsabilidade objetiva do fornecedor, nos exatos termos do artigo 14 do
CDC.

Assim, ao contrario do que alega a ré, de rigor a


aplicação da legislação consumerista, tratando-se, portanto de
responsabilidade objetiva, a qual independe de prova da conduta culposa.

A apelante cinge-se na tese de que não possui


qualquer responsabilidade sobre o ocorrido, notadamente porque a
responsabilidade pela manutenção do local seria do condomínio.

Ora, restou incontroverso nos autos que o prédio


foi construído pela empresa ré. E, o laudo pericial esclareceu: O Expert
continua: "sob o aspecto técnico, pode-se afirmar que o desprendimento e
queda do trecho da faixa decorativa decorreu de falha"; Não há nos autos
projeto executivo da obra e nos projetos que tive acesso não consta

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previsão sobre faixa/moldura decorativa externa da obra", fls.273; "A


faixa/moldura decorativa externa do edifício da ré que desabou, por ficar
em área externa e exposta a sol e chuva, deveria ter sido projetada,
construída e afixada para suportar intempéries naturais, sem se desprender
da parede do prédio" (fls.274).

Desta feita, ficou demonstrado que a moldura


decorativa, cuja queda causou o falecimento do filho do autor deveria ter
sido projetada para suportar os efeitos do tempo, todavia, não foi o que
ocorreu.

Ademais, como bem salientado pelo I.


magistrado “a quo” : “Além disso, o cabe consignar que o empreendimento
havia acabado de ser entregue, novo, no final de 2015, e aproximadamente
três meses depois, houve o desprendimento de faixa decorativa do sétimo
andar, que veio a vitimar o filho do autor.” (fls. 419).

Portanto, a responsabilidade civil da ré ficou


devidamente evidenciada pela r. sentença, que não merece reformas.

Em relação à indenização também não há


reparos a serem feitos.

Isso porque, configurada a responsabilidade da


ré pelo ocorrido é de rigor a sua condenação em arcar com os danos
materiais e morais sofridos.

Os danos materiais consistem no valor gasto


com o velório do filho do autor e que foi devidamente comprovado nos
autos.

No que tange ao dano moral, é cediço na

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doutrina e na jurisprudência que o valor deve refletir a reprovabilidade da


conduta do ofensor sem, contudo, servir de estímulo ao enriquecimento
sem causa do ofendido.

Em suma, a indenização do dano moral abrange


o aspecto ressarcitório e punitivo, não devendo ser tão branda a ponto de
se tornar inócua, nem tão pesada que se transforme em móvel de captação
de lucro (Caio Mário da Silva Pereira, Responsabilidade Civil, Companhia
Editora Forense, p. 318). E para que ela se dê de maneira justa, deve-se
levar em conta critérios de proporcionalidade e razoabilidade na apuração
do “quantum”, atendidas as condições do ofensor, do ofendido, e do bem
jurídico lesado, bem como a extensão e a gravidade do dano.

Feitas tais considerações, não se mostra


exagerado o arbitramento da verba indenizatória no importe R$ 150.000,00,
a título de danos morais.

Por fim, não há que se falar em sucumbência


reciproca, pois todos os pedidos formulados na petição inicial foram
acolhidos.

Desta feita, a manutenção da r. sentença é


medida que se impõe.

Em razão da fase recursal, majoram-se os


honorários sucumbenciais para o montante de 13% do valor atualizado da
condenação.

Ante o exposto, nega-se provimento ao recurso.

JOSÉ JOAQUIM DOS SANTOS


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