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ENRIQUE DUSSEL E PAULO FREIRE: O PENSAMENTO PEDAGÓGICO

LIBERTÁRIO E CRÍTICO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E


ADULTOS

Carolina Leite Cardinale


carolinacardinale@hotmail.com

RESUMO: Sendo a Educação de Jovens e Adultos (EJA) uma ferramenta da inclusão,


torna-se um espaço educativo diferenciado pelas particularidades de seus alunos que
apresentam diversidade na faixa etária, socioeconômica, sociocultural e educacional.
Para tanto o presente artigo pretende apresentar um estudo em torno das produções
teóricas de Dussel e Freire, como foi fundamentado os ideais Freirianos na teoria
Dussiliana e repercussão desses ideais ao longo dos anos. Para nortear o
desenvolvimento da pesquisa o enfoque será na história da educação de jovens e
adultos no Brasil e na pedagogia libertária e crítica, que apresentam pontos de
aproximação entre os pensadores.

PALAVRAS-CHAVE: Freire; Pedagogia Crítica; Educação de Jovens e Adultos.

Introdução

A educação ocupa um lugar estratégico no pensamento e nas práticas


inerentes ao processo de transformação social. A preocupação em formar
homens livres, conscientes e capazes de revolucionar a sociedade é bastante
explicita entre a educação e a luta política. A educação é uma forma de ação
contra a ignorância e a miséria e é instrumento de atuação política e social
contra privilégios, injustiças e formas de opressão e exploração (SILVA, 2004).
Nesse contexto de transformação social a EJA surge no cenário
contemporâneo como modalidade de ensino de grande relevância, pois
apresenta uma alternativa para aqueles cidadãos que por diversos motivos
foram excluídos da escola regular.
Essa modalidade de ensino consolidou-se a partir da Lei de Diretrizes e
Bases (LDB) 9.394/96, Resolução CNE/CEB nº. 01/2000 e do Parecer
CNE/CEB nº. 11/2000. A história da EJA no Brasil é, portanto, uma história
recente, com o desenvolvimento industrial e a reorganização do processo do
trabalho, iniciou-se uma mudança de postura e interesses da elite em relação à
formação do trabalhador.
Este estudo ao apresentar as ideias de Dussel e Freire acerca da
pedagogia libertária e crítica para EJA, busca enfatizar a antecedência e
fundamentação para as metodologias de Paulo Freire assim como a
repercussão de seu trabalho ao longo dos anos.
É proposto um ponto de encontro dos pensamentos Freirianos e
Dussilianos em que será analisado e comparados os ideais do pensador que
antecede Freire, o próprio Paulo Freire e o legado deixado para EJA.
Nesse trabalho, ressaltaremos o pensamento do filosofo Enrique Dussel
comparando ao pensamento de Paulo Freire, num contexto histórico e
geográfico, uma vez que ambos lutaram para uma educação crítica e
libertadora dos povos da américa latina.

1. O pensamento pedagógico libertário e pensamento pedagógico crítico


e a EJA

Na investigação da história da EJA no Brasil, nota-se que a mesma


acompanha o próprio desenvolvimento da educação, que está relacionada
diretamente aos modelos políticos e econômicos em cada período.
Afim de elucidar o contexto histórico da EJA no Brasil, apresenta-se a
trajetória dessa modalidade:
1930 – A EJA começa a delimitar seu lugar na história da educação no
Brasil;
1940 – A EJA é instaurada como política educacional, é criado um fundo
para alfabetização de jovens e adultos e a Campanha Nacional de
Alfabetização de Jovens e Adultos;
1960 – A proposta de Paulo Freire “educação
funcional/profissionalizante” inspira os principais programas de alfabetização do
país. Aprovação do Plano Nacional da Educação, essa proposta foi
interrompida com a Ditadura Militar e o exilio de Paulo Freire;
1970 – Surge o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) com
proposta oposta as ideias Freirianas. Promulga-se a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional e instaurou-se o Ensino Supletivo;
1980 – Chega ao fim o MOBRAL dando lugar a Fundação EDUCAR,
mas foi com a Constituição de 1988 que os jovens e os adultos tiveram
educação básica gratuita garantida;
1990 – Acontece a Conferencia Mundial de Educação para Todos,
estabelecendo diretrizes para educação de crianças, jovens e adultos. A Lei de
Diretrizes e Bases (LDB) dedica os artigos 37 e 38, do Título V, Capitulo II,
Seção V para reafirmar a obrigatoriedade da educação para quem não teve
acesso na idade própria. Extinta a Fundação EDUCAR e criado o Plano
Nacional de Alfabetização e Cidadania (PNAC);
2000 – Aprovado o parecer CEB/CNE nº. 11/200 que trata das diretrizes
curriculares nacionais para EJA. Homologação da resolução CNE/CEB
01/2000. É sancionado o Plano Nacional de Educação (PNE). Decreto 5.478/05
institui o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional a
Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA).
Partindo da análise histórica da EJA no Brasil percebe-se que a mesma
caminha junto ao desenvolvimento da educação brasileira reutilizando
planejamento para ouras faixas etárias conflitando as ideias de Paulo Freire
negando a experiência de vida dos alunos.
Para elucidar ainda as tendências pedagógicas que fundaram
movimentos para educação de jovens e adultos na américa latina apresenta-se
os pensamentos pedagógicos libertários e críticos.
O pensamento pedagógico libertário é crítico as relações de poder no
processo educativo, um de seus princípios centrais é a rejeição a toda e
qualquer forma de autoritarismo, isso significa recusar quaisquer condições que
induzam à obediência cega às autoridades (SILVA, 2004).
Espera-se que a escola exerça uma transformação no sentido de
pensar coletivamente, por isso a pedagogia libertária tem caráter político no
que se refere ao indivíduo ser tratado como produto social e que o
desenvolvimento individual só se dá com o desenvolvimento coletivo. É uma
pedagogia que abrange tendências antiautoritárias em educação, dentre elas, a
anarquista (MATHIEU; BELEZIA 2013).
O pensamento pedagógico crítico provem em grande parte do saber
acadêmico de pensadores como Paulo Freire, teóricos que se envolveram com
questões relacionadas a poder, dominação, opressão, justiça, igualdade,
conhecimento e cultura (VICENTINI; VERÁSTEGUI, 2014).
Busca realizar conexões entre as práticas educacionais e culturais e a
luta pela justiça social e econômica, direitos humanos e uma sociedade
democrática, para que se possa ampliar as compreensões críticas e as práticas
libertadoras, com o objetivo de buscar transformações sociais e pessoais
(SILVA, 2004).
A escola deve contribuir para minimizar a distinção social e se
tornar democrática, garantindo a todos um bom ensino e que o ensino desses
conteúdos reflitam na vida do aluno para transformação de sua realidade e
democratização da sociedade (MATHIEU; BELEZIA 2013).
Então tanto a Pedagogia Libertária quando a Pedagogia Crítica têm
preocupações comuns com os excluídos, tratam de temas comuns e oferecem
um amplo leque de princípios norteadores para as práticas educativas (SILVA,
2004).
A pedagogia libertária como prática educativa somente faz sentido numa
prática social junto ao povo e a pedagogia critica valoriza a ação pedagógica
inserida na prática social, aliadas contribuem para suprir as necessidades da
modalidade EJA.

2. Enrique Dussel, precedente de Paulo Freire

Enrique Dussel, filosofo argentino, tem uma história política, militou em


movimentos estudantis e políticos, exilado político desde 1975 no México e é
no período de exílio que se dedicou ao estudo da filosofia e da teologia
(DUSSEL, 2016).
Se insere na chamada filosofia da libertação que busca desenvolver uma
discussão crítica e impulsionar nos povos da américa latina uma prática
libertadora dando condições para que os periféricos se libertem. Tal perspectiva
buscava independência da américa latina dos moldes impostos pela Europa e
Estados Unidos, influenciando várias áreas de conhecimento como história,
psicologia, sociologia e teologia (DUSSEL, 1973).
A pedagogia de Dussel irrompe para a superação de uma prática de
educação dominadora para a construção de uma prática libertadora (HICKERT,
2005), pois uma educação baseada na submissão o aluno se anula não
desenvolvendo nenhuma perspectiva libertadora.
Para Dussel a passagem do modelo dominador, que gera alienação do
oprimido, para um modelo de liberdade, consciência crítica, só se dá pela
libertação pedagógica (DUSSEL, 1973).

3. Paulo Freire, um precursor


Paulo Freire, educador brasileiro, pernambucano que desde cedo se
compadecia com o sofrimento, injustiça social e miséria do seu povo.
Demonstrava grande preocupação com o índice de analfabetismo, uma vez
que privar o povo de ser alfabetizado se tornou uma forma de controlar a
política e a economia nordestinas pelas famílias tradicionais (DOWBOR, 2001).
Desenvolveu um método de alfabetização baseado nas experiências de
vida das pessoas, ou seja, não basta saber ler e escrever é preciso fazer uso
social e político desse conhecimento (ZAULI, 2013).
Freire pensava na educação para adultos não como “depósito de
conteúdos” mas como um ato de pensar, de associar a teoria ao que se vive,
os processos de aprendizagem da leitura e escrita no pensamento de Freire
são construídos em conformidade ao ato político pois enquanto se aprende a
escrever uma palavra reflete-se sobre seu papel, impulsionando o pensamento
crítico e a transformação. (MIRANDA; BARROSO, 2004).
Segundo Brandão (1981) a educação popular aliada ao método de
Freire, tinha um papel fundamental na década de 60, momento em que o
desenvolvimento industrial e a reorganização do processo do trabalho, iniciou
uma mudança de postura e interesses da elite em relação à formação do
trabalhador.

4. Um ponto de encontro: Enrique Dussel e Paulo Freire

Mostra-se um ponto de encontro para os pensamentos Dussilianos e


Freirianos, o primeiro por adotar a libertação como base de seus estudos
filosóficos-pedagógicos e o segundo por desenvolver a pedagogia para o
oprimido e a pedagogia da autonomia.
Dussel ao expressar suas considerações sobre educação tem como
interlocutor Paulo Freire, pois Freire pensa na educação emancipadora frente
ao opressor um método possível para libertação (FREIRE, 2013).
O pensamento de Paulo Freire segue a mesma direção de Dussel,
Freire insurge contra um modelo social desumano e educacional
narrativo/dissertativo que encerra a relação mestre educando na referência
opressiva do sujeito ativo e objeto passivo (FREIRE, 1983).
De acordo com Freire (2012) apud Costa (1992) como em Dussel, a
intervenção neste modelo opressivo da relação pedagógica, à qual Freire
denomina educação bancária, passa "por uma dupla e interligada ação de
destruição e de reconstrução: destruição dos atuais moldes e, desde suas
ruínas, a construção de moldes efetivamente humanizantes".
As relações propostas por Paulo Freire, em seu modelo, dão-se me pé
de igualdade, segundo Freire (1983) “ninguém educa ninguém, como tão pouco
ninguém educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão,
mediatizados pelo mundo".
O proposito principal é que a educação é um ato coletivo, há sempre
educadores-educandos e educandos-educadores.
Essa relação se pauta em um ideal muito claro: superação da
dominação dos opressores e libertação dos oprimidos.

5. Conclusão

O presente trabalho buscou relacionar a filosofia libertária de Enrique


Dussel com a pedagogia crítica de Paulo Freire e conclui-se que o encontro
dos dois pensamentos tem como objetivo contribuir para a formação do
cidadão, para uma nova sociedade democrática e participativa.
O estudo contribuiu para uma reflexão sobre o trabalho em turmas EJA,
no sentindo de pensar sobre uma prática pedagógica condizente com a
formação desses alunos.
Assim o legado de Paulo Freire para a EJA é o desafio de desenvolve-la
como educação popular e de preparação do cidadão para participação no
processo democrático num mundo onde se está preocupado com o ensino
mais do que com que a aprendizagem.
Finalizando compreende-se que Paulo Freire contribuiu
significativamente para a EJA e colaborou com a construção de uma educação
reflexiva, crítica, libertadora e consciente, entendendo o analfabetismo como
um problema social.

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