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Resumo: O presente trabalho tem por objetivo debater questões acerca da natureza
do Estado no período medieval. Para tanto, partimos da crítica das perspectivas
consolidadas que, ou negam veementemente a existência dessa instituição, ou a
percebem apenas como origem mais ou menos remota do paradigma da Monarquia
Absolutista. Assim sendo, julgamos que assumem pressupostos que, mais do que
esclarecer o tema, o põe sob a sombra da Era Moderna ou mesmo do Império
Romano. Dessa forma, tentamos aqui dar um primeiro passo em direção a uma
tentativa de superação do problema, voltamo-nos para dois contextos bem
diferentes, o do Reino Visigodo e o do Portugal sob o reinado de Afonso III,
atentando em especial para as relações de dominação e para as relações pessoais.
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1
GRUPPI, Luciano. Tudo começou com Maquiavel. Trad. Dario Canali. 5.ed. Porto Alegre: L&PM
Editores, 1986.
2
STRAYER, Joseph R. As Origens Medievais do Estado Moderno. Lisboa: Gradiva, 1969.
3
GUENÉE, B. O ocidente nos séculos XIV e XV: os Estados. São Paulo: EDUSP/Pioneira, 1981.
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Nessa lei é possível claramente a relação estreita do rei com uma nobreza
eclesiástica e com um grupo da aristocracia laica. Mas essa relação evoca uma
tensão, pois o rei é forçado a dialogar com aristocracias locais que em diversos
níveis competem com seu poder, especialmente no que tange ao controle de
patrimônio fundiário e consequentemente o controle sobre a mão-de-obra
camponesa.
4
Lex Visigothorum, original disponível em: http://daten.digitale-
sammlungen.de/~db/bsb00000852/images/index.html?fip=193.174.98.30&seite=70&pdfseitex=,
tradução para o inglês disponível em: http://libro.uca.edu/vcode/visigoths.htm
5
ZEUMER, Karl. Historia de la Legislación Visigoda. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1944,
pp 73.
6
Ibidem, p. 13.
7
L. V.3.5.4
8
L. V. 2.1.4
9
L. V. 6.1.6
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Vemos que a alta nobreza era encarregada de funções que nós, atualmente,
atribuiríamos ao Estado, e por isso historiadores diversos atribuem a essa sociedade
uma extrema debilidade política graças à pulverização estatal cujas funções são
apropriadas privada e localmente. Contudo, olhando por outro ângulo, essa
aristocracia desempenha um papel essencial ao rei fazendo chegar a justiça nas
localidades.
10
L. V. 2.1.5
11
CASTELLANOS, Santiago; MARTIN VISO, Iñaki. The local articulation of central power in the north
of Iberian Peninsula (500-1000). In: Early Medieval Europe, 13 (2005), p. 1-42.
12
L. V. 2.1.25
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13
SOUTHALL, Aidan. The Segmentary State in Africa and Asia. In: Comparative Studies in Society
and History, Vol. 30, No. 1, p. 52-82”. Cambridge: Cambridge University Press: 1988.
14
Idem.
15
THOMPSON, E.A.. Los Godos en España. Madrid: Alianza Editorial, 2007.
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montago segundo os destes no tempo de meu avô, bem como de meu pai e
do meu irmão Rei Dom Sancho(II) e pagá-los-eis muito bem, como se
melhor pagou a rico-homem no tempo do meu avõ ou do meu pai e do meu
irmão o rei D. Sancho e quanto D. Pedro Ponces tiver perdido por vossa
causa desse montado e desse portado, mando-vos que lhe ressarçais
completamente. E que não façais mais outra coisa. Dada em Coimbra 19 de
Agosto, Era de 1262. A mando do rei por seu capelão
João Soares o fez.16
16
VENTURA, Leontina; OLIVEIRA, António Resende de (Eds.). Chancelaria de D. Afonso III. Livro I,
Vols. 1-2, Coimbra, IUC, 2006. Doc. 58.
17
VENTURA, Leontina; OLIVEIRA, António Resende de. Op. Cit.Doc. 70.
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18
VENTURA, Leontina; OLIVEIRA, António Resende de. Op. Cit.Doc. 78.
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Finda essa breve análise, cremos ter deixado bastante claro nosso argumento
de que é a partir das relações e conflitos de classes (e intraclasse) que podemos
compreender o funcionamento do Estado Pessoalizado (Medieval). Dessa forma,
assim como no Portugal Baixo Medieval a aristocracia era base para Afonso III
também o era no período visigodo para Recaredo, e até mesmo para Rodrigo.
Somente assim, é possível entendermos a essência das relações de dominação no
mundo feudal.
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