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Aula 34
1. CONCORDÂNCIA NOMINAL
De início, cabe destacar que o advérbio é, sintaticamente, adjunto adverbial. Isso é a morfossintaxe do
advérbio. No entanto, algumas vezes é possível se confundir o advérbio com adjetivo ou com pronomes.
Por exemplo: a expressão “falemos claro!” contém um adjetivo ou um advérbio? Bem, se está se
modificando um verbo, então é um advérbio, mas, no dicionário, a análise da palavra “claro”, assim como
“escuro” a denomina como adjetivo. Nesse caso, se fosse adjetivo, a expressão estaria escrita como “(nós)
falemos claros!”, já que o sujeito é oculto “nós”. Portanto, a palavra “claro” equivale ao advérbio
“claramente”, o que configura, segundo Bechara, um adjetivo adverbializado.
Essa classificação é importante na hora da concordância nominal. Alguns adjetivos funcionam com
autênticos advérbios, ficando invariáveis, como no caso.
No dicionário, a palavra “alerta” pode ser advérbio, como também adjetivo ou substantivo (“o alerta
tocou”). Em vários concursos públicos, “alerta” tem aparecido invariavelmente. Segundo Bechara, “alerta” se
classifica como advérbio, permanecendo imutável.
No dicionário Aurélio, aparece a frase “os soldados alertas voltaram”. O dicionário diz que, nesse caso,
o vocábulo “alertas” estaria modificando ou qualificando “soldados”, sendo adjetivo, portanto. Porém, o mais
comum é aparecer como advérbio, sendo invariável.
Exemplo 3: “A cerveja desce redondo”. Trata-se de mais um caso de adjetivo adverbializado, pois
equivale a dizer que a cerveja desce “redondamente”.
Exemplo 4: “Ela está toda (ou todo) suja”. Nesse caso, o certo seria “toda” ou “todo?” É usual que se
utilize a palavra “toda”, mas, pela definição de advérbio, a utilização dessa palavra começa a ser questionada,
pois o advérbio deve ser invariável. Bem assim, o advérbio modifica verbo, adjetivo (que é a palavra “suja”)
ou um outro advérbio. Porém, nesse caso, os gramáticos costumam afirmar que o advérbio “todo” é o único
advérbio que admite variação.
Quanto à essa questão, o Bechara diz que o vocábulo “toda” é adjetivo, porém é de se estranhar, pois
se estaria diante de um adjetivo que modificaria outro adjetivo. O melhor, então, seria pensar que se trata de
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um advérbio em variação, como uma exceção à regra da invariabilidade. Pensando em provas, caso caísse
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“todo”, remetendo a sua origem adverbial sem a variação, também poderia se dizer como correto.
Exemplo 5: “Ela está meio (ou meia) suja”. Aqui, fica-se evidente que o uso correto seria o uso da palavra
sem variação (“meio”), pois quer dizer “um pouco”. Esse exemplo e o outro acima são parecidos. Ocorre que
o que, antes, era um erro se tornou amplamente difundido com o uso corrente da língua que se passou a
aceitar a variação do vocábulo “todo” quando advérbio.
Hoje, em concursos, a utilização da palavra “meia” é dada como incorreta, muito embora se tenham
linguistas defendendo sua utilização.
Sendo assim, a utilização de “todo” e “toda” estão corretos. Caso haja comparação, faz melhor preferir
pelo uso do vocábulo sem a variação (“todo”). No caso das palavras “meio” e “meia”, deve-se priorizar a
utilização do “meio”.
Foi dito que é possível a variação do advérbio “todo”, porém, quando se parte de uma palavra
composta, que é o caso de “todo-poderoso”, então o advérbio retorna a sua forma padrão, sem a variação. A
frase, portanto, está correta, sendo “todo” um advérbio e “poderosa” um adjetivo. Passando-se a frase para
o plural, teria-se: “Chegaram as todo-poderosas” ou “Chegaram os todo-poderosos”. Tratam-se de casos
atípicos.
Exemplo 1: “Há alimentos bastantes”. Nesse caso, o significado da frase é que existem alimentos
suficientes. Como “bastantes” equivale a “suficientes”, sendo esta palavra adjetivo, aquela também será.
Assim, deve-se concordar com o substantivo “alimentos”.
O professor Sacconi, em seu livro, na página 297, destaca que: “Quando, como, onde e por que são,
respectivamente, advérbios interrogativos de tempo, modo, lugar e causa”.
No exemplo 1 é possível ver que há uma interrogação direta, com o uso do sinal próprio. No segundo
exemplo, trata-se de uma interrogação indireta.
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Cabe destacar, aqui, as locuções adverbiais com os acentos indicativos de crase que são locuções
adverbiais femininas. No entanto, as locuções adverbiais femininas de instrumento há gramáticos que
admitem o uso da crase e outros não. Já houve questão anulada por haver visões distintas entre autores.
Locuções adverbiais de tempo: em breve, nunca mais, hoje em dia, de tarde, à tarde, à noite,
à noitinha, de manhã, de noite, por ora, por fim, de repente, de vez em quando, a tempo, às
vezes, de quando em quando, de vez em vez, de longe em longe, etc.
Locuções adverbiais de modo: à vontade, à toa, ao léu, ao acaso, a contento, a esmo, de bom
grado, de cor, de mansinho, de chofre, a rigor, de preferência, em geral, a cada passo, às
avessas, de enviés, ao invés, às claras, às pressas, a medo, a pique, à uma, às bandeiras
despregadas, de repente, a olhos vistos, num átimo, de propósito, de súbito, de soslaio, por
um triz, etc.
Locuções adverbiais de intensidade: de muito, de pouco, de todo, etc.
Locuções adverbiais de meio ou de instrumento: a pau, a pé, a cavalo, a martelo, a pauladas,
etc.
Locuções adverbiais de afirmação: na verdade, de fato, etc.
Locuções adverbiais de negação: de modo algum, de modo nenhum, em hipótese alguma,
etc.
Locuções adverbiais de dúvida: por certo, quem sabe, com certeza, etc.
Houve uma questão da FGV em que se pedia o mesmo tipo de expressão, quanto à morfologia, cabendo
saber se se tratava de locução adverbial, adjetivo, etc.
Segue o exemplo: “os carros de hoje” pode ser visto como uma expressão adverbial?
Resposta: Não é uma expressão adverbial. Pode-se haver a confusão caso se perceba que o “de” é uma
preposição, enquanto “hoje” é um advérbio. Ocorre que “de hoje” é uma locução que qualifica o substantivo
“carros” e as classes que qualificam ou determinam o substantivo são os artigos, adjetivos, numeral e
pronome. Por isso, não se pode pensar que a locução é adverbial, já que, muito embora contenha um
advérbio, a locução qualifica o substantivo. O certo, portanto, seria dizer que se trata de uma locução adjetiva.
É possível, no caso, trocar a locução adjetiva por “os carros atuais” ou, no aspecto mais gramatical, “os
carros hodiernos”.
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“Elisa anda mais depressa que/do que eu.” (Sacconi). Veja que a palavra “do” está entre parêntesis
porque é uma expressão expletiva ou de realce, que pode ser retirada sem alterar nada.
- Sintético: longíssimo
3. PALAVRAS DENOTATIVAS
São palavras muito próximas ao advérbio, mas que não possuem característica delimitadora semelhante
aos advérbios. Por exemplo: “Só elas voltaram”. Este só é igual a somente. Se significassem “sozinhas”, então
o certo seria falar “sóis elas voltaram”.
Quando “só” é igual a palavra “sozinho” ela é variável, por ser adjetivo. Porém, quando é igual a
“somente”, então é invariável, mas não é advérbio. Segundo Bechara, trataria-se de advérbio, mas haveria o
problema de saber a classificação do advérbio (se de modo, lugar, etc.). Em Portugal, existe a categoria
advérbio de exclusão, mas no Brasil não. Desse modo, o professor Celso Cunha diz se tratar de uma palavra
denotativa de exclusão.
Em algumas bancas pode aparecer como advérbio, enquanto em outras pode aparecer pedindo
meramente o valor semântico de exclusão.
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