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Simbolismo das Cores
Na iconografia, as cores têm um papel fundamental. Sua função não é
apenas estética, mas de levar um simbolismo atrelado à imagem que se está
representando. Assim sendo, o iconógrafo tem uma liberdade muito limitada para
escolher as cores, devendo sempre ser fiel aos cânones estabelecidos e à
Tradição.
Por exemplo, a Theotokos deve estar vestida com as cores azul e púrpura
e o Cristo, antes da crucificação, também, apenas invertendo a posição: A túnica
interna (chiton) do Cristo é púrpura, assim como o manto externo (maphorion) da
Virgem, enquanto que o manto externo (himation) do Cristo e a túnica interna da
Virgem serão da mesma cor, azul.
Isso porque o púrpura era o símbolo da realeza, a cor utilizada pelos
imperadores bizantinos e o azul, a cor do céu, é a cor de tudo que vem do
mundo espiritual. Como o Cristo se fez homem, sua vestimenta interna será
púrpura, mas revestida do divino, que é o azul, por fora. E quanto à Virgem, ela
era humana e abrigou dentro de si o divino, gerandoo em seu ventre. Então, o
azul está no interior e o púrpura por fora.
Quando vemos as Madonas todas de azul, aos nossos olhos ocidentais
tão belas, famosas desde a Renascença, devemos entender que houve nesse
caso uma perda do simbolismo. Na verdade, o azul passou a ser cada vez mais
usado para demonstrar poder, pois era pintado com o pigmento mais caro da
época – o lápis lazuli – e aquele que o usava mostrava assim seu poder
econômico. Toda a arte ocidental, ainda que sacra, preocupase muito mais com
o externo, com a estética, perdendo o simbolismo da arte iconográfica. Vale a
pena ressaltar também que, infelizmente, muitos restauradores alteraram as
cores originais de alguns ícones antigos, e por isso encontramos algumas
Virgens antigas de azul.
1. Branco
No mundo pagão, o branco já era visto como uma cor consagrada ao
divino. Pitágoras ordenava aos discípulos que se vestissem de branco para
cantar os hinos sagrados. Mesmo para nós, o branco, por seu efeito óptico, sua
ausência de coloração, nos parece próximo da própria luz. Sua irradiação
transmite pureza e calma.
É a cor do reino dos céus, da luz divina de Deus, da santidade e da
simplicidade. As pessoas justas – aquelas que eram boas, honestas e viveram
pela Verdade são representadas nos ícones com vestes brancas.
Mas o branco também é a cor dos lençóis da morte, do Cristo na
deposição na tumba e de Lázaro. Segundo Dionísio Aeropagita, o branco é cor
da glória e da potência do divino, mas também da destruição do mundo terrestre.
Após a ressurreição, o Cristo é sempre representado de branco.
Diz Salomão: “A Sabedoria é mais móvel que qualquer movimento e, por
sua pureza, tudo atravessa e penetra. Ela é um eflúvio do poder de Deus, uma
emanação puríssima da glória do Onipotente, pelo que nada de impuro nela se
introduz. Pois ela é um reflexo da luz eterna, um espelho nítido da atividade de
Deus e uma imagem de sua bondade.” (Sabedoria, 7:2426).
O Profeta Daniel assim vê a Divindade: “Eu continuava contemplando,
quando foram preparados alguns tronos e um Ancião sentouse. Suas vestes
eram brancas como a neve; e os cabelos de sua cabeça, alvos como a lã. Seu
trono eram chamas de fogo com rodas de fogo ardente.” (Daniel, 7:9).
Como o branco é a unidade de todas as cores, consequentemente, torna
se, simbolicamente, o emblema da Divindade, da Onipotência de Deus, que
encerra em si mesma todas as virtudes. O branco, atribuído a Deus Pai, é o
símbolo da Verdade absoluta de Deus, unidade de tudo que procede, verdade
por essência, verdade imutável.
Na Transfiguração no Monte Tabor, os apóstolos vêem que o rosto de
Jesus “resplandeceu como o sol e as suas vestes tornaramse alvas como a
luz.” (Mateus, 17:2). No Ícone da Paternidade, o Pai é representado vestido de
branco. Os anjos que anunciam a ressurreição do Cristo também são
representados com vestes brancas, fulgurantes. (Mateus 28:3; Marcos 16:5,
Lucas, 24:4, João 20:12) assim como o anjo da Ascensão (Atos 1:20).
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uso. As linhas de ouro (assist) aplicadas às vestes, não correspondem a
quaisquer linhas visíveis, como pregas ou no caso de tronos, às diferenças de
planos. Florensky está convencido de que elas representam o sistema de linhas
potenciais da estrutura energética do objeto, semelhantemente às linhas de força
de um campo magnético. Assim, elas nunca podem ser aplicadas a todos os
objetos representados no ícone. São em número limitado e, na maior parte dos
casos, aplicadas às vestes do Salvador (seja criança ou adulto), à Bíblia, ao
Trono do Salvador, ao assento dos anjos no ícone da Trindade e aos próprios
anjos. De um modo geral, o ouro num ícone representa a luz divina.
Referências
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