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FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

DIREITO NOTURNO - TURMA B - 2019.1

CIÊNCIA POLÍTICA

Prof. ÁLVARO BRITO

Discente: RONALDO DOS SANTOS COSTA JUNIOR

Legitimidade e legalidade à luz de Paulo Bonavides


BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10ª Edição. Editora Malheiros.

A questão da legitimação do poder está diretamente ligada ao nascimento das leis, ou


normas, pois ambos buscam a mesma coisa, regular a conduta social e promover a sadia
convivência humana. O autor, Paulo Bonavides, em sua obra Ciência Política, mais
especificamente no capítulo 8, se lança neste debate, e para tanto ele se baseia em vários
filósofos modernos, e dentre tantos, Marx Weber, Karl Marx e Montesquieu ganham destaque.
A legalidade puramente dita não é difícil de se conceituar, pois está baseada no que o
próprio nome diz, em leis, ou seja, a legalidade do poder está no ordenamento das regras
criadas e que são exercidas e aplicadas por este poder, sendo assim, o próprio poder político na
legalidade só existe para esse fim, aplicar e fazer cumprir as leis. Tudo que é legal deve ser
cumprido e o poder é outorgado ao Estado ou governante para garantir isto. Este seria o
princípio da legalidade do poder. Sobre princípio da legalidade do poder Bonavides chega a citar
“O conceito de legalidade se situa assim num domínio exclusivamente formal, técnico e
jurídico.”(pg. 141)
Porém, na prática já não é tão simples, pois nem tudo que é legal é legítimo. O poder, em
qualquer uma de suas formas, inclusive a política, precisa ser reconhecido por aqueles a quem
esse poder exerce influência ou é imposto, senão perde seu sentido e deixa de ser um poder.
Para que esse poder seja exercido ele deve ser legitimado ante a quem ele será exercido.
Entrando na questão da legitimidade, há uma forma bem simplória de descrevê-lo usada
por Bonavides “A legitimidade é a legalidade acrescida de sua valoração.”(pg.141)
Portanto, o processo de legitimação do poder é algo complexo que envolve a cultura, a
ideologia, a época, a geografia, economia e principalmente as crenças da sociedade onde ele irá
atuar. O individuo só aceitará esse poder como legitimo se entre outras coisas ele lhe trouxer,
principalmente, a sensação de segurança e alguma forma de liberdade. Para tanto, as normas,
as leis, devem ser vistas pelo povo como uma expressão do seu modo de vida e uma garantia de
sua manutenção. Para isso, a comunidade aceitará ceder a quem exerce o poder sua liberdade;
liberdade em troca de segurança.
Aristóteles ao afirmar que “As primeiras uniões entre pessoas, oriundas de uma
necessidade natural, são aquelas entre seres incapazes de existir um sem o outro”(Política, I,
1252a e 1252b, 13-4) ele caracteriza o homem como um ser social, com uma tendência natural
a criar sociedades, pois as entende como essenciais para sua existência enquanto espécie. Toda
sociedade necessita, naturalmente, de normas e regras para subsistir, precisa de uma
organização. As normas são oriundas, todas elas, da tentativa do homem de permanecer em
sociedade. Então, na sua gênese, como mostram os vários exemplos do livro, a legalidade e a
legitimidade sempre estão juntas.
Conforme as relações sociais vão se tornando mais complexas, essa mistura de legitimidade
com legalidade precisa deixar de existir, pois será a legitimidade que irá criticar a legalidade e
forçá-la a evoluir para se adequar a sociedade que também muda com os tempos. A
legitimidade é que mostrará se o que é legislado ainda representa os desejos da sociedade onde
o poder é exercido ou se provém da vontade de quem exerce o poder.
Karl Marx, no “manifesto comunista”, comprova que muitas vezes a legalidade é usada
como pretexto de dominação e aí não é legal mas deixa de ser legítima e precisa ser revista. A
Constituição Francesa também preconiza “Não há em França autoridade superior à da lei; o rei
não reina senão em virtude dela e é unicamente em nome da lei que poderá ele exigir
obediência” (Art. 32, do Capítulo II da Constituição Francesa de1791). Com tal poder, conferido
às leis, vem também grandes responsabilidades, e a constante vigilância da legitimação é que
garante que ela estará cumprindo seu papel principal que é o de manter a paz e o bem estar
social. E a Revolução Francesa teve papel crucial nisto como diz Bonavides “fazendo toda a
legitimidade repousar doravante na legalidade e não como dantes a legalidade na
legitimidade.”(pg.143).
E a ascensão do nacional-socialismo na Alemanha tendo como expoente Adolf Hitler e o
partido nazista, são um exemplo indiscutível dos resultados do poder legitimado e legalizado em
prol de ideais pessoais e particulares de uma minoria.
A legitimidade e a legalidade de um poder político precisam passar por quatro crivos, o
filosófico, histórico, sociológico e jurídico, para ser categorizado como uma teoria política, caso
contrário ele se mostrará incapaz de cumprir seu papel social e a balança de equilíbrio entre o
que é legal e legítimo estará em desconformidade.
Isso mostra que um poder precisa estar concernente com a época, com as crenças e
costumes e com a sensação de segurança que o povo tem oriundo de suas leis, caso falte um
destes aspectos a sociedade não o reconhecerá e perderá a confiança.
Weber diz que a legitimação do poder tem três formas básicas: a carismática em que uma
situação adversa, como guerras, acabam transformando fé e crenças em deveres e leis a serem
seguidos, a tradicional, que transporta as regras tradicionais existentes no ordenamento
familiar e social para as regras do poder, e por fim, a legal ou formal, que se baseia na
burocracia, em algo ser legítimo porque está na lei simplesmente.
Ainda sobre nacional-socialismo alemão, sob o âmbito jurídico da legitimidade, a história
mostra que o poder, para ter sua atuação legitimada precisa cumprir um quadro claro de regras
que o qualifiquem para exercer e manter o poder que lhe é dado. Caso isso não aconteça ele se
torna nada mais que uma ideologia imposta ou um conjunto de leis arbitrárias, que por sua vez
deixa de ser legítimo e legal ao mesmo tempo. Quem governa tem que cumprir regras assim
como quem é governado, ninguém está acima do poder das leis.
O marxismo e o anarquismo tem suas semelhanças nas críticas que fizeram ao estado, mas
elas param por aí, não podendo o marxismo ser chamado de anárquico, pois ele defende um
conjunto de regras e normas para o exercício do poder. Também com elementos de legitimação
e legalização deste. “Na produção social de sua vida, os homens constroem determinadas
relações necessárias e independentes de sua vontade, relações de produção que correspondem
a uma determinada fase de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O conjunto
dessas relações de produção formam a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a
qual se levante a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas
de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social,
política e espiritual em geral.” (Marx e Engels, “Obras escolhidas”, volume 1, p.301). Marx não
nega nem refuta a necessidade ou a existência do sistema, ele só o critica no sentido de
utilização como instrumento de manutenção do poder, não que não deva existir.
Por fim, tratar do questionamento da legitimidade do exercício do poder é uma questão
complicada e requer um fundamento jurídico forte que o embase para que não seja tratada
como um desequilíbrio social e uma afronta as regras, as leis, o que seria crime.
Pode ser que um governo seja legítimo e não seja legal, como também pode ser legal mas
não ter legitimidade.
Portanto, o exercício do poder pode ser usado contra o governo constituído para reaver a
legitimação deste mesmo poder, caso este governo deixe de ser legítimo, ou seja, que o povo
sobre quem ele exerce esse poder não se reconheça mais nas regras e normas que ele aplica,
daí então, pode-se usar meios para que esse governo ou indivíduo seja destituído do poder que
lhe foi legalmente atribuído, mas que não tem mais legitimidade ante a sociedade que ele atua,
isto é um ato ilegal, mas que pode ser usado para garantir a retomada da legitimidade do poder
perdido pelo governo deposto.
Percebe-se então, que em nenhum momento nos exemplos do livro, sociedade alguma, age
contra o poder, ela reage a forma como ele é exercido, mas ela sempre irá buscar alguém que
exerça esse poder em benefício dos seus interesses.

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