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ERGONOMIA

Roger Valentim Abdala

1ª Edição |Maio| 2014


Impressão em São Paulo/SP
ERGONOMIA
Coordenação Geral Coordenação de Projetos
Nelson Boni Leandro Lousada

Professor Responsável Revisão Ortográfica


Roger Valentim Abdala Vanessa Almeida
Coordenadora Peda-
gógica de Curso- EAD Projeto Gráfico, Dia-
Roseli Leal gramação e Capa
Ana Flávia Marcheti

1º Edição: Maio de 2014


Impressão em São Paulo/SP
A135e
Abdala, Roger Valentim..
Ergonomia. / Roger Valentim Abdala – São Paulo :
Know How, 2013.
00p. : 21 cm.
Inclui bibliografia
ISBN :
1. Ergonomia. 2. Ergonomia física. 3. Ergonomia
cognitiva. 4. Ergonomia organizacional. I. Título.

CDD – 620.82

Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353


SUMÁRIO
Introdução .5

Unidade 1 .09

Princípios e história da ergonomia


1.1 Disciplinas da ergonomia
1.2 Objetivos da ergonomia
1.3 Tarefa e Atividade
1.4 Observações diretas e indiretas
1.5 Verbalizações
1.6 Metodologia em ergonomia

.53

Gabarito
Referências .57
Introdução
O estudo da ergonomia é abrangente e requer
dos estudiosos uma análise profunda de questões re-
lacionadas ao ser humano e suas interações com o
ambiente. Destacam-se as questões físicas, cogniti-
vas e organizacionais que interagem com o trabalha-
dor, suas potencialidades e capacidades ao realizar
uma tarefa e as limitações de um sistema.
Em vista disso, as organizações têm se esfor-
çado para aumentar a qualidade e produtividade de
seus produtos e serviços levando-se em considera-
ção a saúde, segurança e conforto do ser humano
no ambiente de trabalho. Dores e sobrecargas de
trabalho são riscos à saúde do trabalhador, causam
redução da produtividade e diminuição de qualida-
de de produtos e serviços, ou seja, o custo humano
impacta diretamente nos objetivos organizacionais.
Ao se empregar os princípios da ergonomia
para a redução de não conformidades de trabalho, os
profissionais de saúde e segurança do trabalho, ges-
tores e diretores buscam estudar as possíveis situa-
ções que podem sobrecarregar o trabalhador no que
tange ao seu corpo físico e sua cognição, bem como
as relações de trabalho que possam causar estresse,
monotonia, agressividade, dentre outras consequên-
cias maléficas de ordem psicossocial.
A ergonomia pode contribuir na definição de
métodos de trabalho que permitam uma interação
homem – máquina - sistema saudável, equilibrada e
de acordo com os limites e capacidades de cada um
destes, considerando os aspectos biológicos do ser
humano, tecnológicos das máquinas e ferramentas e
de cultura e política organizacional.
Neste trabalho, abordaremos princípios da
ergonomia, seja ela de correção ou de concepção,
analisaremos também os tipos de ergonomia (física,
cognitiva e organizacional) e por fim abordaremos
assuntos relacionados a Norma Regulamentadora –
17, a norma brasileira de Ergonomia.
Unidade 1
1. Princípios e história da ergonomia
O polonês Wojciech Jastrzebowski é conside-
rado o primeiro estudioso moderno de ergonomia
ao escrever um artigo intitulado “The Science of
Work” (A Ciência do Trabalho). A saber:

“(...) um enfoque científico que nos permitirá conhecer,


em benefício próprio e dos demais, os melhores frutos
do trabalho de toda a vida com o mínimo de esforço e a
máxima satisfação.” (JASTRZEBOWSKI, 1857).

Etimologicamente, o termo “ergonomia” tem


origem das palavras gregas “nomos”, que significa
“norma”, e “ergo”, que significa “trabalho”. Pode-
-se dizer que ergonomia é a “ciência do trabalho”,
ou que desenvolve regras e normas para conceber
um sistema de trabalho. Neste contexto, o termo tra-
balho significa uma atividade no qual um operador
humano busca alcançar um objetivo.
O ser humano é, portanto, o centro do estudo,
ou seja, a ergonomia é uma ciência antropocêntrica,
na qual o trabalho deve ser adequado ao ser huma-
no e não o contrário. Esta é uma das bases da er-
gonomia. Apesar de o ser humano ser adaptável às
condições impostas a ele, ainda assim, há limites a
serem respeitados, pois esta adaptação não é infinita.
“Adaptar o trabalho ao homem” é, portanto, um dos
princípios da ergonomia.
Há pouco mais de um século, as condições de
trabalho eram intoleráveis para a saúde e segurança
dos trabalhadores. Doenças e epidemias, muitas ve-
zes oriundas das condições de saneamento básico das
cidades, potencializadas pelas condições precárias de
higiene no ambiente laboral, obrigaram governos a
criarem leis com foco na proteção ao trabalhador.
Através de leis que estabeleciam limites de ho-
ras diárias de trabalho, restrição do trabalho infantil,
condições sanitárias de trabalho, foram algumas das
bases quanto ao início da atenção aos aspectos de
adaptar o trabalho ao trabalhador, ou seja, pode-se
dizer que à partir daí teve início a ergonomia moder-
na que atualmente conhecemos.
Até a II Guerra Mundial, o desenvolvimento
e aplicação destas leis de proteção ao trabalhador
foram lentos. Isto porque este importante evento
acelerou o desenvolvimento da tecnologia militar,
através da criação e aperfeiçoamento das armas de
guerra, como, por exemplo, os veículos de combate,
aviões, dispositivos de navegação e detecção.
Concomitantemente a estas invenções e me-
lhorias nas armas de guerra, estudiosos, engenhei-
ros, médicos, psicólogos, físicos e sociólogos perce-
beram a importância de adaptar estes instrumentos
tecnológicos às condições de trabalho, aos limites do
usuário militar, levando-se em consideração aspectos
físicos, cognitivos e psicológicos que objetivavam a
redução do erro, a tomada de decisão rápida e eficaz,
ou seja, a confiabilidade de máquinas e pessoas.
O sucesso militar dependia, portanto, não ape-
nas de quem dominasse a melhor tecnologia, levaria
vantagem nos combates as nações que conseguis-
sem adaptar melhor seus instrumentos de guerras
aos seus usuários, os militares pilotos de aviões e de
carros de combate, os soldados e seus fuzis, os co-
mandantes e suas informações de guerra.
A II Guerra Mundial foi impulso para o desen-
volvimento da ergonomia no pós-guerra. A partir de
1950, com o foco e alta demanda das indústrias na
produção (foco na produtividade), a ergonomia teve
um terreno fértil para se desenvolver. Novas leis de
proteção à saúde e segurança do trabalhador foram
criadas principalmente na Europa e Estados Unidos
e posteriormente no Japão e Canadá.
Dez anos depois, a partir de 1960, a energia me-
cânica, de maneira gradual, foi tomando lugar do em-
prego da energia proveniente do esforço muscular do
ser humano para a execução das atividades ocupacio-
nais. Na época, verificou-se que a ocorrência de aci-
dentes de trabalho estava relacionada com o emprego
do trabalho manual, a aplicação de força muscular na
resolução de tarefas laborais e as questões temporais,
como, por exemplo, as demandas temporais relacio-
nadas à busca de alta produtividade.
Esta relação entre os objetivos exclusivamente
de produção industrial e o consequente índice de aci-
dentes de trabalho, somada ao início de preocupações
com a saúde e segurança do trabalhador, exemplifica-
do pelas leis nesta área, fizeram com que os objetivos
da ergonomia gradualmente se voltassem mais para
a segurança do trabalho em vez da produtividade a
qualquer preço. Esta época foi por volta dos anos 60
e o início dos anos 70 nos países desenvolvidos.
No início da evolução histórica da ergonomia,
seus estudos estavam relacionados à ergonomia físi-
ca, ou seja, estudos antropométricos, estudos rela-
cionados à biomecânica, gasto energético, fisiologia
humana, temperatura corporal versus temperatura
ambiente e carga física de trabalho, frequência car-
díaca e respiratória, e outros estudos relacionados às
questões físicas limítrofes do ser humano testadas
em laboratório e em campo.
O foco dos estudos era a contração muscular e
sua relação com as capacidades do ser humano in-
teragindo com um ambiente de trabalho qualquer.
Falando mais especificadamente, os estudos relacio-
navam-se com o esforço muscular realizado, diversi-
dade e amplitudes de movimentos articulares e seus
limites toleráveis. Todos estes estudos num contexto
de busca da produtividade, mas que, gradualmente,
foram mudando para foco em saúde, segurança e
conforto do trabalhador, estes três objetivos últimos
como atualmente a ergonomia se configura quando
se fala em seus objetivos e escopo.
Atualmente, os princípios científicos da ergo-
nomia física são muito bem conhecidos pelos pro-
fissionais da área, como por exemplo, desenhos de
postos de trabalho, estudos antropométricos, ergo-
nomia no uso de computadores e terminais de vídeo,
ergonomia em trabalhos pesados, etc. Sem dúvida
alguma o pós-guerra contribuiu muito para o avanço
da ergonomia física. Outras áreas em que a ergono-
mia também se desenvolveu daquela época até os
tempos atuais foram as áreas da ergonomia cogni-
tiva e organizacional. Estas últimas, porém, ainda
requerem de estudos bem mais aprofundados pelos
pesquisadores e profissionais de saúde e segurança
do trabalho.
A ergonomia física sem dúvida alguma serve de
base para a maioria dos trabalhos atuais de consul-
torias em ergonomia, seus princípios são bem acei-
tos e claramente suas mudanças e intervenções são
identificadas. Configura-se, contudo como um vasto
campo de trabalho estudos ligados à ergonomia cog-
nitiva e ergonomia organizacional, não porque seus
avanços históricos foram nulos, mas porque seu rit-
mo de desenvolvimento foi mais lento comparando-
-se com a ergonomia física.

“ Ergonomia
é uma disciplina científica relacionada ao
entendimento das interações entre os seres huma-
nos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de
teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim
de otimizar o bem-estar humano e o desempenho
global do sistema."
Fontem: International ergonomics association - iea (www.iea.cc)

Além disso, os processos mentais e as relações


sociais no trabalho, muitas vezes, possuem suas ba-
ses em constructos qualitativos, nem sempre de fácil
domínio para validações de achados científicos por
parte da equipe de pesquisa ou pelos profissionais
da área. Somado a isso, como foi informado ante-
riormente, as principais demandas de trabalho da
ergonomia atual no Brasil e no mundo ainda se ba-
seiam em demandas relacionadas aos princípios da
ergonomia física. Desta maneira, entendem-se as
razões que fazem com que a ergonomia cognitiva e
organizacional esteja no palco da maioria das atuais
pesquisas científicas em ergonomia.
1.1 Disciplinas da ergonomia

Não entraremos no mérito dos debates que de-


fendem que a ergonomia é ou não uma ciência e/
ou uma técnica que emprega princípios científicos
de outras disciplinas para uso em seu escopo de tra-
balho, ou seja, o ser humano desempenhando uma
atividade num ambiente qualquer de trabalho. Basta
no momento dizermos que a ergonomia desenvolve
suas técnicas dentro de bases científicas num ponto
que permeia disciplinas relacionadas à engenharia
(físicas e exatas), à medicina, psicologia e sociolo-
gia (humanas e sociais), por exemplo, a solução de
problemas de iluminação, temperatura, ruído e vi-
brações, anatomia, fisiologia, psicologia. A Figura 1
ilustra os domínios da ergonomia quanto a algumas
das disciplinas que a compõe.
A ergonomia é uma disciplina autônoma, mas
não pode viver sem se nutrir das aquisições de várias
disciplinas, aquisições dinâmicas e assimiladas em
um espírito interdisciplinar (WISNER, 2004, .p. 35).
Na Europa, os primeiros pesquisadores tiveram
como foco de estudo as ciências humanas, conce-
dendo à ergonomia uma relação mais forte com a
fisiologia e a psicologia. A importância de uma abor-
dagem nesta área está em estudos que relacionam
a ergonomia aos problemas de consumo energético
do trabalhador, as posturas de trabalho, aplicação de
forças musculares, levantamento de cargas, trabalho
repetitivo, etc. Em relação à psicologia, os estudos
relacionam-se com interações do trabalhador com
os terminais de vídeo, usabilidade de computadores
e equipamentos de forte apelo tecnológico, moti-
vação no trabalho, relações sociais de trabalho etc.
Cabe aqui ressaltar que não se faz intervenções er-
gonômicas sem dar enfoque misto às disciplinas que
compõem a ergonomia, assim dizemos que a ergo-
nomia é uma ciência multidisciplinar.
Nos Estados Unidos os pioneiros em estudos
ergonômicos despenderam seus esforços em assun-
tos relacionados ao campo da psicologia experimen-
tal e engenharia. O termo “engenharia humana” e
“engenharia de fatores humanos” são termos usados
até hoje naquele país e também no Canadá.
A natureza de interdisciplinaridade da ergonomia
é resultado de outra característica importante: a ergo-
nomia é uma ciência antropocêntrica, ou seja, o ser hu-
mano é o centro de atenção de seus estudos e esforços.
E como definir o ser humano? Como medi-lo? Como
elaborar ambiente de trabalho que o comportem com
a máxima de segurança, saúde e conforto?
A amplitude vasta de respostas e de opções de
propostas para as perguntas acima parecem não ter
fim. Em vista disso, parece claro que a ergonomia se
agrega a outras disciplinas para compor e elaborar
respostas para estas e outras perguntas.
O desafio da ergonomia é adaptar o trabalho
às pessoas. Como fazer isso? Primeiramente temos
que definir quem é o ser humano, quem é o traba-
lhador. A partir daí, o ambiente precisa ser definido.
Disciplinas que compõe aspectos biopsicossociais
são ferramentas para fornecer respostas para nossos
questionamentos enquanto profissionais e pesqui-
sadores de saúde e segurança do trabalho, a grande
área da qual a ergonomia faz parte.
Segundo Abrahão et al. (2009), três pressupos-
tos são necessários para compreensão da ação ergo-
nômica e suas metodologias: a interdisciplinaridade,
a análise de situações reais e o envolvimento dos su-
jeitos, conforme Figura 2.
Ainda, segundo os autores, a interdisciplinarida-
de da qual serve de base para a ergonomia, resulta da
importância de se analisar o fenômeno do trabalho
humano sobre diferentes perspectivas (ABRAHÃO
et al, 2009).
Esta relação da ergonomia com outras discipli-
nas e profissionais (médicos, engenheiros, fisiote-
rapeutas, administradores, terapeutas ocupacionais,
psicólogos, enfermeiros, etc.) exige a elaboração de
novos conceitos ao integrar conhecimentos destes
diversos profissionais (CURIE, 2004).
1.2 Objetivos da ergonomia

Antes de discutir os objetivos da ergonomia, é


importante que façamos uma reflexão sobre como a
ergonomia poderá favorecer empregados e empre-
gadores, trabalhadores e organizações empresariais.
Algumas destas vantagens estão relacionadas com a
produtividade e na qualidade do trabalho executado.
Outras vantagens estão relacionadas à saúde e a con-
fiabilidade humana e a satisfação no trabalho.

“ Objetivo da ergonomia [ transformar o trabalhador


de forma a adaptá-lo às caracteristicas e variabilida-
de do homem e do processo produtivo ]
Fonte: Abrahão [et al.] (2009)

Desta forma, a relação de contribuição que a


ergonomia oferece para empresas e empregados, é
a eficiência no alcance de resultados, a redução de
desperdícios de tempo e de recursos, a prevenção
de erros e a proteção a pessoa humana no trabalho.
Falzon (2007) complementa sobre os objetivos da
ergonomia da seguinte maneira:

A especificidade da ergonomia reside em sua tensão


entre dois objetivos. De um lado, um objetivo cen-
trado nas organizações e no seu desempenho. Esse
desempenho pode ser apreendido sobre diferentes
aspectos: eficiência, produtividade, confiabilidade,
qualidade, durabilidade etc. De outro, um objetivo
centrado nas pessoas, este também se desdobrando
em diferentes dimensões: segurança, saúde, confor-
to, facilidade de uso, satisfação, interesse do trabalho,
prazer etc. (FALZON, 2009, p.8).

Para a ergonomia não é aceitável que haja des-


perdícios de energia de maquinários ou humana, ou
de tempo devido, por exemplo, a não conformidade
de layout ergonômico, problemas relacionados aos
espaços de trabalho ou não conformidades relacio-
nadas a sobrecargas cognitivas e assuntos relaciona-
dos à organização do trabalho.
As bases científicas da ergonomia têm como
escopo a adaptação do trabalho ao ser humano com
vistas à sua saúde, segurança e conforto. Apesar do
antropocentrismo da ergonomia é comum que estes
esforços, em contrapartida, gerem benefícios não
apenas ao ser humano no trabalho, mas há uma ten-
dência também de que eles proporcionem à organi-
zação um trabalho mais eficaz, redução de custos e
ganho de produtividade.
Estudos ergonômicos, no meio acadêmico, mas
principalmente no campo da prestação de serviços
de profissionais da área, buscam esta relação de efi-
ciência e ganho mútuo entre empresa e empregados.
Por um lado, o trabalhador se beneficia com a
ergonomia no sentido que poderá exercer suas ativi-
dades laborais com maior segurança, num ambiente
salutar e confortável, ou seja, com um equilíbrio entre
as demandas de trabalho e suas capacidades labora-
tivas. De outro lado, as organizações empresariais se
beneficiam da ergonomia no sentido que ofertam um
ambiente propício para o desempenho, consequente-
mente reduzindo custos relacionados a não confor-
midades na área de saúde e segurança do trabalho.
Os custos diretos e indiretos relacionados com
o gerenciamento de trabalhadores afastados por do-
enças ou acidentes de trabalho e não afastados, mas
com sua capacidade ocupacional reduzida, como no
caso de trabalhadores acometidos de distúrbios os-
teomusculares relacionados ao trabalho (DORT) são
exemplos de situações nas quais ações ergonômicas
visam eliminar.
A relevância da ergonomia está no fato de que
ela melhora situações de trabalho, não apenas com
benefícios para o trabalhador, mas também para as
organizações empresariais. Através de estudos siste-
máticos, como por exemplo, a Análise Ergonômica
do Trabalho (AET), os profissionais de ergonomia
conseguem fornecer dados das características da po-
pulação envolvida, no caso os trabalhadores, bem
como do ambiente nos quais eles desempenham
suas funções. De posse destas informações sistemá-
ticas os profissionais da área de ergonomia elaboram
propostas técnicas, conceitos, diretrizes e procedi-
mentos que à medida que são seguidos e defendidos
a partir da alta direção da organização, gestores ge-
renciais e trabalhadores de nível operacional, contri-
buem para a redução de custos e o desenvolvimento
da eficácia no trabalho.
A ergonomia pode ser dividida em três segmen-
tos distintos:

• Ergonomia de correção: atua de maneira restrita,


modificando elementos parciais do posto de traba-
lho, tais como dimensões, iluminação, ruído, dispo-
sição de salas de trabalho, entre outros (IIDA, 2003);
• Ergonomia de concepção: Ao contrário, inter-
fere amplamente no projeto do posto de trabalho,
dos instrumentos, da máquina ou do sistema de pro-
dução, organização do trabalho, e formação pessoal
(IIDA, 2003);
• Ergonomia de conscientização: Surgiu da ne-
cessidade de orientar os profissionais de diversas
áreas de atuação, com o objetivo de transmitir os
conhecimentos já existentes e fazer com que estes
profissionais os utilizem (IIDA, 2003).
1.3 Tarefa e Atividade

O conhecimento sobre a tarefa e a atividade,


suas definições teóricas, classificações e diferencia-
ções resultam em pressupostos básicos e importan-
tes para ações em ergonomia e o desenvolvimento
de análises ergonômicas do trabalho (AET).
Podemos definir tarefa como o trabalho pres-
crito e a atividade como o trabalho real. A tarefa se
define, portanto, por seus objetivos, suas demandas
e as condições tecnológicas que a empresa disponi-
biliza para a execução das atividades.
Algumas perguntas nos ajudam a ponderar so-
bre o que se deve levar em consideração ao se anali-
sar uma tarefa, ou um trabalho prescrito;

• O que deve ser feito (função, objetivos)?


• Como deve ser feito (procedimentos de trabalho,
instruções, padrões, operações admissíveis, exigên-
cias, segurança)?
• Quais os recursos (tecnologia disponível caracte-
rísticas do posto de trabalho, ambiente de trabalho,
documentação, máquinas, materiais)?
• Qual o tempo disponível (ritmos, prazos)?
• Quais as características do ambiente físico (am-
biente de trabalho)?
• Quais as características do ambiente cognitivo (fer-
ramentas de apoio) e coletivo (presença ou ausência
de colegas, parceiros, da hierarquia, modalidades de
comunicação etc.) (FALZON, 2009)?
• Quais as características sociais do trabalho (modo de
remuneração, controle, sanção etc.) (FALZON, 2009)?
• Quem executa a tarefa (características da po-
pulação trabalhadora, como por exemplo, idade,
gênero, tempo na função, experiências, requisitos
para a função)?

A tarefa (trabalho prescrito) se diferencia da ati-


vidade (trabalho real), por várias razões, entre elas
estão as estratégias dos operadores, as quais variam
de indivíduo para indivíduo, as flutuações do am-
biente de trabalho, ocorrências não programadas,
etc. Além disso, a tarefa é planejada por gestores que
nem sempre possuem um conhecimento adequado
das condições de execução das atividades.
A atividade é definida como um conjunto de
condutas que o trabalhador assume para desem-
penhar um trabalho. Por exemplo, as posturas que
assume, os processos mentais que utiliza para to-
mar uma decisão, os movimentos que executa para
transformar um produto ou realizar um processo. A
forma como pega uma ferramenta, a força e a fre-
quência de contrações musculares que imprime para
realizar uma tarefa.
Em vista disso, é comum que haja adaptações
em tempo real por parte dos operadores. É a máqui-
na que quebrada a ferramenta que falta, ou que está
desgastada, a planilha que está incompleta, a deman-
da de trabalho que foi alterada ou aumentada, etc.
Quando a discrepância entre tarefa e atividade
aumenta, em geral, aumentam também as sobrecar-
gas de ordem física, cognitiva e organizacional dos
trabalhadores, que, muitas vezes, têm que se adaptar
rapidamente às novas condições de trabalho ao exe-
cutar suas atividades.
Por exemplo, um trabalhador necessita fixar um
quadro numa parede de madeira. Para tal, a tarefa é
programada para que ele execute esta atividade com
o uso de um martelo e pregos. Ele é treinado para
tal, possui um tempo disponível bem dimensiona-
do e possui experiência na função. Porém, ao iniciar
sua atividade lhe é informado que não há martelos
disponíveis. Como ele irá realizar este trabalho? As
adaptações que ele realizar poderão gerar mudanças
nas aplicações de forças musculares, mudanças de
posturas, aumento de risco de acidentes, redução da
qualidade do trabalho e outras consequências noci-
vas ao trabalhador e o recebedor do serviço.
O que aconteceria se o trabalhador tivesse que
realizar esta atividade durante toda a sua jornada diá-
ria de 08 horas? E se a falta do martelo se mantivesse
durante toda a semana ou durante todo o mês?
Apesar de ilustrarmos de maneira hipotética
este exemplo, é comum ocorrerem situações reais de
trabalho nas quais faltam materiais para a execução
das tarefas, ou não há tempo hábil disponível, ou o
trabalhador não é treinado para tal. A consequên-
cia quando estas situações ocorrem são o que cha-
mamos de não conformidades. Abismos formados
pela discrepância entre tarefa e atividade são uma
das principais causas de custos humanos que, conse-
quentemente, resultam em custos financeiros para as
organizações empresariais e toda a sociedade.

1.4 Observações diretas e indiretas

“A atividade não se reduz ao comportamento. O


comportamento é a parte observável, manifesta, da
atividade. A atividade inclui o observável e o não ob-
servável: a atividade intelectual ou mental. A ativida-
de gera o comportamento.” (FALZON, 2009, p. 9).

Para se analisar uma atividade é necessário que


se façam observações. Faverge (1972) elaborou uma
forma de observação na qual há quatro tipos de aná-
lise da atividade. São elas:

• Gestos e posturas: neste tipo de observação é dada


atenção às ações realizadas pelo do trabalhador, sua
frequência e duração. Medidas de frequência cardía-
ca e gasto energético são exemplos de dados quan-
titativos a serem levados em consideração neste tipo
de análise.
Na atual ergonomia, a análise dos gestos e posturas
é realizada por vídeos e fotografias, associados à aplica-
ção de ferramentas ergonômicas, programas de compu-
tador e outras ferramentas e instrumentos tecnológicos.

• Aquisição da Informação: neste tipo de obser-


vação realiza-se registro dos movimentos oculares
do trabalhador através de filmagem. Através dis-
so, verificam-se os sinais que o trabalhador utiliza
para buscar informações do ambiente como recurso
para realizar uma tarefa. Pode-se dizer que a análise
da aquisição da informação é um complemento da
análise dos gestos e posturas, pois em geral os mo-
vimentos e as posturas assumidas são respostas de
processos cognitivos.
• Regulação: neste tipo de análise o profissional que
realiza a observação busca identificar os ajustes que
o trabalhador necessita fazer para compensar flutua-
ções do ambiente e de suas próprias condições com
a finalidade de executar e completar o trabalho.

A regulação é um mecanismo de controle que


compara os resultados de um processo com uma
produção desejada e ajusta esse processo em relação
à diferença constatada (FALZON, 2009, p. 10).
• Processos mentais: este tipo de observação é reali-
zado principalmente em postos automatizados e de
inteligência artificial. Requerem do observador um
entendimento profundo da forma de raciocinar do
trabalhador na resolução de problemas. Os processos
mentais levam em consideração o planejamento do
trabalho, a antecipação de ações e diagnóstico. Neste
tipo de análise, não é possível realizar uma observação
direta, mas sim inferência e respostas verbais.

1.5 Verbalizações

Ressaltamos a importância das verbalizações


dos trabalhadores para a realização de uma análise
ergonômica. As verbalizações podem ser classifica-
das em “verbalizações espontâneas” e “verbaliza-
ções provocadas”. As primeiras ocorrem esponta-
neamente, sem que haja pedido do profissional de
ergonomia. Quando há um pedido do observador
para que o trabalhador “pense alto”, chamamos de
verbalização provocada.
As verbalizações contribuem em muito para a
comprovação de achados ergonômicos ou confir-
mação de diagnóstico ergonômico, principalmente
em aspectos cognitivos de análise. Em geral, deve-se
incentivar que as verbalizações sejam feitas em tem-
po real de trabalho.
Outro fato importante sobre as verbalizações
diz respeito ao nível de confiança que o trabalhador
o qual é o interlocutor possui em relação ao pesqui-
sador, ou o ergonomista observador. Verbalizações
poderão ser mascaradas caso o trabalhador não se
sinta seguro sobre os propósitos reais de uma análise
ergonômica, ou dos resultados que suas verbaliza-
ções poderão gerar para ele mesmo.
A sinceridade dos trabalhadores nas verbaliza-
ções é primordial para que o diagnóstico ergonômi-
co seja claro, confiável e real. Caberá ao ergonomis-
ta observador conquistar esta confiança, a qual em
geral é desenvolvida pela frequência e duração das
observações, além das características organizacio-
nais da instituição empresarial local da observação.
Em suma, o observador tem que “entrar na tribo”
antes de buscar informações do trabalho através de
verbalizações dos trabalhadores.

1.6 Metodologia em ergonomia

Como vimos anteriormente, a ergonomia sur-


giu da necessidade de melhoria do desempenho no
trabalho e respostas socioeconômicas a questões re-
lacionadas a situações de trabalho não satisfatórias.
Desta maneira, a ergonomia foi experimentando,
assinalando fortemente uma atitude científica, dis-
tinguindo-se claramente dos que formulavam reco-
mendações com base em preconceitos sociológicos
(WISNER, 1994. p. 87).
Há cerca de 70 anos, os métodos experimentais
de pesquisa em ergonomia permitiram progressos e
melhorias de situações de trabalho que proporciona-
ram avanços tecnológicos e redução de perdas hu-
manas, de tempo e de materiais.
A abordagem metodológica da ergonomia gra-
dativamente foi migrando dos objetivos militares
para os industriais, firmando-se numa abordagem
que demandava fatos, dados quantitativos, conse-
lhos precisos, resultados claramente demonstráveis.
Tudo isso num tempo curto, ou seja, sem atrapalhar
o trabalho industrial (WISNER, 1994). Esta propos-
ta metodológica estende-se até os dias atuais.
A experimentação utilizada para o estudo do ser
humano seguia as mesmas regras para a física e quí-
mica, contribuindo para elucidar fatos indiscutíveis e
permitindo dar conselhos precisos. Porém, este tipo
de abordagem não pertencia nem pertence à pesquisa,
e, sim, a estudos experimentais, ou seja, assim como
nos primórdios da ergonomia, pois, os critérios in-
dustriais não possuíam, tampouco possuem uma base
puramente científica (WISNER, 1994).
Apesar de existirem certas lacunas científicas
de abordagem industrial da ergonomia, ainda assim
esta metodologia possui certos benefícios, os quais
de maneira resumida serão citados. São eles:
• Custo: a contribuição ergonômica é de baixo cus-
to, pois basta recorrer ao saber do especialista, aju-
dado por alguns tratados e por experiências simples
e rápidas (quick and dirty);
• Tempo: o trabalho na indústria não foi pertur-
bado, visto que o ergonomista se contentou com
a descrição do problema feita por seu interlocutor
da direção e eventualmente com uma rápida visita
aos lugares, ou com uma análise sumária da situação
(WISNER, 1994. p. 91).

Alguns profissionais atuam em ergonomia mes-


mo sem possuir o conhecimento necessário para exe-
cutar atividades e serviços nesta área. Estes podem
até obter sucesso mesmo ao executar intervenções
insuficientes e frágeis, pois comumente os recebe-
dores dos serviços desconhecem quase que comple-
tamente sobre o funcionamento do corpo humano,
questões relacionadas à biomecânica e a antropome-
tria e outros assuntos de saúde do trabalhador.

(...) muitos ergonomistas, no mundo, prestam servi-


ços agindo dessas maneiras. A razão desse sucesso se
deve ao fato de que a ignorância do funcionamento
do homem é tão profunda na maioria dos planejado-
res que algumas contribuições ergonômicas, mesmo
modestas e desajeitadas, têm um efeito muito positi-
vo. (WISNER, 1994, p. 91).
Um dos pontos mais importantes a serem le-
vados em consideração é a variabilidade do homem
ao longo do dia (ciclo circadiano) e também a va-
riabilidade de capacidades e competências de pessoa
para pessoa e entre períodos. Alguns exemplos desta
diversidade são:

• Força muscular;
• Idade;
• Estatura;
• Massa corporal;
• Antecedentes de traumas e patologias;
• Nível e grau de instrução;
• Experiência profissional;
• Gênero;
• Etc.

É comum que planejadores de trabalho tenham


fracassado ao tentar projetar demandas de trabalho
para o ser humano, levando em consideração experiên-
cias puramente tecnológicas, ou seja, não se pode com-
parar a variabilidade do homem com a variabilidade de
uma máquina. Há 50 anos este era um erro frequente.
Apesar de variabilidade do homem e também
da tarefa e atividade, há ainda administradores, en-
genheiros de produção e outros gestores fabris que
insistem em se basear no sistema homem-máquina
ao elaborar e dimensionar a produção, ou seja, com-
parar o homem a uma máquina.

1.6.1 Análise Ergonômica do Trabalho

A primeira vez que a Análise Ergonômica do


Trabalho foi proposta foi em 1955, através do livro “A
Análise do Trabalho”, de autoria de Faverge e Om-
bredane. O desenvolvimento desta metodologia pros-
seguiu através dos ergonomistas Güerín, Montmollin,
Wisner, Leplat, e Laville, os quais aprofundaram suas
bases teóricas e diversificaram suas aplicações.
A Análise Ergonômica do Trabalho é definida
como um conjunto estruturado e intercomplemen-
tar de análises situadas, de natureza global e sistemá-
tica, sobre os determinantes da atividade das pessoas
numa organização (GÜERÍN, 2001).
A Análise Ergonômica do Trabalho centra seus
objetivos, métodos e desenvolvimentos teóricos so-
bre a atividade de trabalho, suas dificuldades físicas
e/ou cognitivas e sobre as condições de trabalho en-
contradas nas empresas (GÜERÍN, 2001).
Nas ações ergonômicas demandadas pelas or-
ganizações é importante que o profissional de ergo-
nomia dê atenção não só para as bases científicas
desta disciplina, mas também para os resultados eco-
nômicos que a organização empresarial conseguirá
com esta ação.
Güerín et al (2001) intitula um de seus livros
com a seguinte expressão: “Compreender o Traba-
lho para Transformá-lo” e defende que os objetivos
da ação ergonômica têm estes dois enfoques, um
voltado para os trabalhadores, sua saúde e valoriza-
ção e outro voltado para os objetivos econômicos
da empresa.
A metodologia de Análise Ergonômica do Tra-
balho – AET leva em conta estes dois objetivos ma-
cros e através da AET busca-se resolver problemas
relacionados a situações de adaptação ou concepção
de sistemas de produção nos quais o foco foi pu-
ramente financeiro, técnico ou organizacional, não
favorecendo uma reflexão sobre o a influência dos
meios de trabalho e cuja concepção não leva sufi-
cientemente em consideração as variabilidades dos
trabalhadores e do ambiente (GÜERÍN, 2001).
Segundo Güerín (2001), o objetivo da AET é:

a) Conhecer e explicar as relações entre a saúde dos


trabalhadores e as condições de realização do trabalho;
b) Compreender o trabalho para uma posterior trans-
formação ou concepção de novas situações laborais;
c) Melhorar a organização dos sistemas sociotécni-
cos, a gestão dos recursos humanos e, em consequ-
ência, o desempenho da empresa como um todo.

A Análise Ergonômica do Trabalho - AET pos-


sui cinco componentes estruturais, os quais se confi-
guram como etapas metodológicas introdutórias, de
desenvolvimento e de recomendações.
Esta estruturação da AET promove uma base
crescente de conhecimentos sobre o estudo em
questão. Estas etapas metodológicas são a análise da
demanda (1), a análise da tarefa (2), a análise da ati-
vidade (3), o diagnóstico ergonômico (4) e as reco-
mendações ergonômicas (5). Cada etapa possui suas
características e especificidades e, como tal, reque-
rem uma abordagem específica.
A análise da demanda é a primeira das 05 eta-
pas. Ela é apresentada ao ergonomista pelo dirigente
da empresa ou por um de seus representantes legais,
ou seja, quando o ergonomista é solicitado, em geral,
já se conhece algumas das não conformidades ergo-
nômicas da organização, ou tentativas de tratamento
técnico (FALZON, 2007).
Segundo Falzon (2007), a análise da demanda
tem os objetivos de:

a) Identificar a história da demanda e seu contex-


to, a população envolvida, além do demandante
que entrou em contato, e as tentativas de respos-
ta já realizadas;
b) Identificar os desafios propostos pela demanda,
os quais podem ser diversos, como desafios econô-
micos, de saúde e segurança ocupacional e gestão.
Identificar também os responsáveis pela permissão
para início da intervenção ergonômica;
c) Recolher informações que permitam realizar os
estudos dos problemas demandados, como por
exemplo, consulta ao Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais (PPRA), Programa de Controle
de Médico em Saúde Ocupacional (PCMSO), esta-
tística de acidentes, etc.
d) Identificar as representações e expectativas que os
responsáveis da organização empresarial possuem
do ergonomista;
e) Identificar a cultura organizacional da empre-
sa, os limites de intervenção (sociais, econômi-
cos, temporais);
f) Permitir ao ergonomista verificar sua competência
e pertinência de sua intervenção e possível reformu-
lação dos objetivos e modalidades de ação.

É recomendado que antes da contratação de


um serviço de ergonomia seja possível que o ergo-
nomista realize uma visita para a empresa deman-
dante do serviço. Neste momento, o ergonomista
poderá tomar conhecimento da demanda, caracte-
rísticas do trabalho e da empresa, prazos etc. Um
projeto ou contrato deverá contemplar os seguintes
características e aspectos (FALZON, 2007):

• A demanda reformulada;
• Os prazos;
• A natureza das contribuições que se esperam do
ergonomista, seus prazos e grau de precisão;
• As condições de sucesso da intervenção, como
por exemplo, o acesso às situações de trabalho, do-
cumentos e pessoas, regras da intervenção, recursos
técnicos, modalidades de difusão dos resultados.

Enfim, a análise da demanda visa compreender


bem a natureza e o objetivo do pedido (WISNER,
1994) a qual servirá de base para a sequência do tra-
balho a ser realizado pelo ergonomista.
A análise da tarefa, como discutido anterior-
mente, é parte da prescrição do trabalho, das nor-
mas e dos recursos disponibilizados pela empresa.
A tarefa diz respeito ao que o trabalhador tem que
fazer, segundo determinadas normas e padrões de
qualidade e de quantidade. A tarefa, portanto, abran-
ge as condições de trabalho, pois influenciam as pos-
sibilidades de ação (ABRAHÃO et al, 2009).
A tarefa de maneira geral compõe-se dos se-
guintes elementos a serem analisados:

• Pessoas
• Ações
• Informações
• Entradas e saídas
• Máquinas
• Ambiente
• Condições organizacionais

Em relação às pessoas os elementos de análise


da tarefa são:

Em relação ao ambiente os elementos de análi-


se da tarefa são:

Ainda outros elementos ambientais que devem


ser levado em consideração para a análise da tarefa são:

• Materiais;
• Ferramentas;
• Cargas;
• Dimensões;
• Mobiliário;
• EPI / EPC;
• Dispositivos de informações;
• Controles;
• Substâncias químicas.

Em relação às questões organizacionais os ele-


mentos de análise da tarefa são:

• Jornada;
• Turnos;
• Hora-extra;
• Salário;
• Plano de carreira;
• Relações de trabalho;
• Valorização social do trabalho;
• Trabalho em grupo;
• Rodízios;
• Estilos gerenciais.

A análise da tarefa aborda um conjunto de ob-


jetivos e prescrições dados aos operadores, definida
pelos seus modos operatórios, as instruções, as nor-
mas de segurança e os recursos da empresa dispo-
nibilizados aos operadores para a realização de suas
atividades (GUERIN, 2001).
A análise da tarefa também é considerada como
um princípio que impõe um modo de definição do
trabalho em relação ao tempo. A característica prin-
cipal da tarefa é sua exterioridade em relação ao tra-
balhador envolvido (GUERIN, 2001).
A exterioridade diz respeito ao planejamento
do trabalho por um engenheiro de produção, um ad-
ministrador ou gestor que não participa ativamente
in loco da produção por ele planejada. Frequente-
mente, estes gestores não levam em conta as particu-
laridades dos operadores e muito menos o que eles
pensam sobre as escolhas feitas e impostas (GUE-
RIN, 2001).
Após a abordagem da análise da tarefa a qual
diz respeito às prescrições e regulamentos do traba-
lho, iremos agora discorrer sobre a análise da ativi-
dade, sua natureza e características, seus elementos
de estudo, conceitos e definições.
De maneira introdutória, vimos que a atividade
difere da tarefa da mesma forma que o trabalho real
difere do trabalho prescrito. Variabilidades decor-
rentes da tecnologia, das pessoas e da organização
constituem estas diferenças entre o que é real e o que
é prescrito. Outro fator que contribui para esta dis-
crepância é limitações e fragilidades do planejamen-
to da produção, dificuldades de recursos ofertados
pela empresa e restrições temporais para a produção.
De maneira geral, podemos dizer que a ativida-
de consiste naquilo que o trabalhador faz, suas ações,
suas decisões para atingir os objetivos definidos na
tarefa ou redefinidos de acordo com o trabalho real
(ABRAHÃO et al., 2009).
Há ainda uma dimensão importante da atividade:
a forma como o trabalhador executa para atingir os ob-
jetivos propostos para a tarefa. Esta dimensão contem-
pla o trabalho muscular (força, flexibilidade, controlo
motor, posturas assumidas, etc.), e as atividades cogni-
tivas do trabalhador (ABRAHÃO et al., 2009).
A análise da atividade se faz através da observa-
ção dos comportamentos dos trabalhadores, sua fala,
a direção do olhar, os gestos, os movimentos, desloca-
mentos, etc. A atividade pode ser analisada também a
partir das estratégias operatórias adotadas pelo traba-
lhador para cumprir as metas com as condições for-
necidas pela empresa (ABRAHÃO et al., 2009).
Os elementos analisados devem ser quantificá-
veis através de registros estatísticos, fotografias, ví-
deos, planilhas, softwares, entrevistas, questionários
etc. De maneira resumida, os aspectos a serem defi-
nidos e analisados são:

• Realização do trabalho;
• Percepção do trabalho;
• Gestos e movimentos;
• Posturas e vícios;
• Ritmo de trabalho;
• Pausas e repousos;
• Fatores sociais;
• Técnicas de análise.

As características de resultado em uma Análise


Ergonômica do Trabalho (AET) constam de:

A Figura 5 ilustra as relações entre tarefa e ativi-


dade, suas diferenças e particularidades. Nota-se que
a tarefa está relacionada às condições predetermina-
das e a resultados antecipados e a atividade de traba-
lho às condições reais de trabalho e ao resultado real.

O diagnóstico ergonômico, parte integrante de


uma Análise Ergonômica do Trabalho é resultado de
uma reflexão e avaliação das etapas pregressas ante-
riormente conduzidas.
Não se pode identificar um diagnóstico ergonô-
mico sem antes ter abordado o assunto ou tema em
questão. Por exemplo, não se pode no diagnóstico
identificar uma postura incorreta de um trabalhador
que realiza uma atividade qualquer sem ter registra-
do esta postura por meio de fotografias ou vídeos na
análise da atividade, ser ter registrado a frequência
que o trabalhador assume tal postura.
Além disso, não se pode diagnosticar que a
postura “x” assumida gera riscos de doenças oste-
omusculares sem corroborar esta informação nas
estatísticas de afastamentos ou registros de entrada
no serviço médico da empresa por conta de dores
ou qualquer distúrbio igual ou similar ao identifica-
do, seja pelo trabalhador em questão ou por outros
trabalhadores que realizam o mesmo tipo de tarefa.
O diagnóstico ergonômico resulta da articula-
ção dos dados resultantes das hipóteses iniciais de
pesquisa levantadas durante a análise da demanda,
das observações livres do ergonomista, da comple-
xidade e da variabilidade das situações de trabalho,
das questões relacionadas à organização do trabalho
ou a cultura organizacional e dos conhecimentos do
ergonomista (ABRAHÃO et al., 2009)
A formulação do diagnóstico ergonômico tem
como objetivo a reformulação das questões iniciais
e hipóteses de base, contribuir para desvendar as es-
tratégias usadas pelos operadores para realizar uma
atividade e contribuir para uma mudança das repre-
sentações sobre o trabalho (ABRAHÃO et al., 2009).
Segundo Guerín (2001), o diagnóstico ergonômico
também contribui para a resolução de problemas
micro e macro e identificar sintomas relacionados a
não conformidades, como por exemplo:

• Erros humanos;
• Incidentes críticos;
• Afastamentos;
• Falta de qualidade nos serviços.
Por fim, as recomendações ergonômicas são
o produto do esforço metodológico realizado nas
etapas iniciais e finais de uma AET. Por isso, a er-
gonomia é uma ciência e uma técnica, uma ciência
porque requer uma abordagem de pesquisa científica
e também porque demanda ações transformadoras
de cunho socioeconômico.
Não existe uma ação ergonômica sem a busca
pela transformação do trabalho, a melhoria dos pro-
cessos produtivos, da valorização do profissional na
empresa e sua proteção contra doenças ocupacio-
nais e acidentes de trabalho.
É importante que haja envolvimento de vários
profissionais e representantes da empresa para que
as recomendações ergonômicas sejam mais comple-
tas, menos restritivas e alcancem as expectativas de
todos envolvidos. Não se faz ergonomia sem envol-
vimento dos trabalhadores.
Segundo Guerín (2001), as recomendações er-
gonômicas contemplam uma apresentação do es-
tudo, objetivo, e resultados, o modelo operativo de
ação e os custos das modificações e perspectivas. Al-
guns exemplos de melhorias são:

• Projeto de novos sistemas de trabalho;


• Análise de tempos e movimentos;
• Antropometria;
• Enriquecimento das tarefas;
• Controle do ritmo de trabalho;
• Rodízio das tarefas;
• Pausas energéticas;
• Relaxamento muscular;
• Pequenas melhorias;
• Correção dos vícios.

A Figura 6 ilustra a relação entre as etapas de


uma Análise Ergonômica do Trabalho com a tipo-
logia de recursos de investigação em pesquisa que
devem ser realizados para levantamento de dados,
reflexões analíticas e alcance dos objetivos.

Finalizamos este capítulo ressaltando que o


foco da Análise Ergonômica do Trabalho é contri-
buir para o cumprimento do item 17.1 da NR 17, o
qual informa:
Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer pa-
râmetros que permitam a adaptação das condições de
trabalho às características psicofisiológicas dos tra-
balhadores, de modo a proporcionar um máximo de
conforto, segurança e desempenho eficiente.

Para que se possa atingir o objetivo supracitado,


a NR 17 informa os requisitos mínimos de interven-
ção e análise para o desenvolvimento de uma AET.
Estes requisitos são:

• Levantamento, transporte e descarga individual


de materiais;
• Mobiliário dos postos de trabalho;
• Equipamentos dos postos de trabalho;
• Condições ambientais de trabalho:
• Organização do trabalho:
o As normas de produção;
o O modo operatório;
o A exigência de tempo;
o A determinação do conteúdo de tempo;
o O ritmo de trabalho;
o O conteúdo das tarefas.
A AET trata-se de um documento dinâmico
e por isso deve estar baseado em ações mediatas e
imediatas, ou seja, é necessário que se gerencie os
achados obtidos durante o levantamento das infor-
mações para a melhoria do trabalho.
Exercícios
1) Explique a relação do desenvolvimento da ergo-
nomia com o pós II Guerra Mundial.
2) Explique por que atualmente as principais pesqui-
sas científicas possuem foco na ergonomia cognitiva
e organizacional.
3) Explique por que a ergonomia possui natureza
interdisciplinar.
4) Segundo Abrahão et al. (2009), há três pressupos-
tos para uma compreensão da ação ergonômica e de
suas metodologias
5) Por que empregadores e empregados se benefi-
ciam da ergonomia?
Gabarito
Unidade I
1. A II Guerra Mundial foi impulso para o desenvol-
vimento da ergonomia no pós-guerra porque a partir
de 1950 as economias dos países estavam focalizadas
na produção e possuíam uma alta demanda industrial
para tal. Com os conhecimentos prévios desenvolvi-
dos das interações do ser humano com o ambiente de
guerra e seus respectivos equipamentos, a ergonomia
teve, portanto, um terreno fértil para se desenvolver.

2. Porque os processos mentais e as relações sociais


no trabalho muitas vezes possuem suas bases em
constructos qualitativos, nem sempre de fácil domínio
para validações de achados científicos. Além disso, as
principais demandas de trabalho da ergonomia atual
no Brasil e no mundo ainda se baseiam em demandas
relacionadas aos princípios da ergonomia física.

3. A natureza de interdisciplinaridade da ergonomia é


resultado de uma característica importante: a ergono-
mia é uma ciência antropocêntrica, ou seja, o ser hu-
mano é o centro de atenção de seus estudos e esforços.
E devido à complexidade do ser humano para defini-
-lo, medi-lo, e como elaborar um ambiente de trabalho
para que o comportem com a máxima de segurança,
saúde e conforto requerem estudos interdisciplinares.

4. A interdisciplinaridade, a análise de situações reais


e o envolvimento dos sujeitos.

5. Os empregadores e empregados se beneficiam da


ergonomia porque de um lado o trabalhador poderá
exercer suas atividades laborais com maior seguran-
ça, num ambiente salutar e confortável e de outro, as
organizações empresariais poderão ofertar um am-
biente propício para o desempenho, consequente-
mente reduzindo custos relacionados a não confor-
midades na área de saúde e segurança do trabalho.
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